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Um pouco sobre o Sal

Origens
Desde a Antiguidade que o sal é utilizado pelos homens e é considerado um bem
muitíssimo precioso. Consideravam eles que era uma dádiva dos Deuses, e associaram-na
tanto á religião, quanto á bruxaria. Além disso, o seu valor monetário e econômico era
comparável ao do ouro, da seda e das especiarias.
A palavra sal vem do vocabulário grego “hals” e “halos”, que tanto significam sal como mar.
Da mesma raiz se deriva a palavra “halita”, dada ao Cloreto de Sódio encontrado em
depósitos naturais, que é o sal gema.

Na Roma Antiga, a principal via de transporte chamava-se “Via Salaria” ou “estrada do sal”.
Era por essa via que chegavam as caravanas que traziam o sal para a capital do Império, era
por ela que os centuriões transportavam os cristais preciosos para a cidade. Como pagamento
eles recebiam o “salarium”, que significava “dinheiro para comprar sal” e recebiam
igualmente umas medidas de sal como pagamento de parte dos
seusemolumentos. O sal tinha assim um valor econômico como unidade monetária. O uso da
palavra “salarium” perdurou ao longo dos tempos, reconhecendo-se o seu nome na raiz
etimológica da palavra “salário” (do latim “salariu”, ou “ração de sal”, “soldo”).
Desde 2000 a. a. que o sal é usado como forma de preservar os alimentos, carne, peixe… Se
nos nossos dias encaramos o sal como um alimento perfeitamente comum, tão comum que a
generalidade das pessoas nem lhe dá a mínima importância (a não ser para dizer que
a comida está salgada ou sem sal!), as coisas nem sempre foram assim...

O uso do sal ao longo dos tempos e culturas


Na antiguidade, era oferecido aos deuses, era usado pelos sacerdotes tanto em liturgias
religiosas como em cerimónias mágicas, como para afastar os demônios. Os assírios
utilizavam-no nos cultos religiosos.
No antigo Egito, o sal foi considerado matéria sagrada e era usado como produto sagrado,
sendo feitas oferendas de sal aos Deuses.
Os Egípcios usavam igualmente o sal para desidratar e embalsamar o corpo dos faraós.
Os romanos consideravam o sal um símbolo de sabedoria, e por isso usavam-no num ritual
aos recém-nascidos: derramavam sal sobre eles para que não lhes faltasse a sabedoria.
Os Romanos e os Gregos nos seus sacrifícios aos deuses do lar, deitavam Sal na cabeça do
animal, para purifica-lo. Para eles o sal simbolizava igualmente a destruição e a infertilidade,
daí a pratica dos romanos espalharem sal nas terras conquistadas: para elas se tornarem
estéreis para sempre.
Era um sinal de perpétua desolação. Os Romanos tinham uma expressão para exprimir a
infidelidade a uma amizade que era “trair a promessa e o sal”. Assim desde aqueles tempos a
ausência de um saleiro sobre a mesa representava um presságio, tanto quanto o sal
derramado.
Da prática ritualística destes povos, bem como do povo hebreu, de salgar os sacrifícios
oferecidos aos Deuses, nasce uma superstição muito comum na Antiguidade. Se o sal era
derrubado na hora do sacrifício, prenunciava má sorte.
Para os hebreus, o sal era um elemento purificador. O sal sempre teve um grande simbolismo,
sendo o símbolo da perenidade da aliança entre Deus e o povo de Israel.
No cristianismo, mantem-se a crença judaica do sal como purificador, assim no ritual de
batismo era colocado sal nos lábios dos recém-nascidos.
Na Idade Média, os alquimistas usavam o sal como elemento entre o mercúrio e o enxofre,
sendo essencial á transmutação de metais. O sal continuava sendo indispensável para afastar
os maus espíritos, os demônios e as bruxas. Assim, deitava-se sal na chaminé da
casa para impedir os demónios de nela entrarem. E o facto de alguém comer alimentos sem
sal era considerado altamente suspeito! Proliferaram igualmente as superstições relativas ao
sal, mantendo-se a superstição de que desperdiçar sal era mau agouro, era sinal de malefício.
Nesta época, o Sal separava senhores e servos, os que tinham dinheiro e os que não tinham...
Na obra de Leonardo da Vinci (1452-1519), “A última ceia” retrata um saleiro derrubado
diante de Judas e apontando na sua direção. Já naquela época dizia-se, que alguém que
entornasse sal deveria pegar nalgum do que foi derramado e lançá-lo para trás do ombro
esquerdo, lado que representava o mal. Os árabes citam recomendações de Maomé para:
“começar pelo sal e terminar com o sal; porque o sal cura numerosos males”.

O sal na bíblia:
Na Bíblia, as primeiras referências ao sal estão no Antigo Testamento, no Livro de Jó, com
data estimada de 300 anos a.c., sendo que o A.T. o menciona com frequência, seja no
contexto prático da vida, seja simbolicamente (significa nomeadamente pureza,
incorruptibilidade, fidelidade). Em contrapartida no N.T. a referência ao sal torna-se
metafórica. No sermão da Montanha, Jesus diz aos apóstolos “vós sois o sal da terra”. Os
Livros de Mateus e Marcos fazem alusão ao sal como dádiva da terra.

Algumas passagens bíblicas:


No A.T., o Livro dos Reis vangloria as qualidades purificadoras do sal.
Mas, o sal também trazia desgraça - um salmo relata que Deus podia transformar rios em
desertos e terra fértil em pântano de sal, como castigo pela crueldade dos seus habitantes.

E em Juízes, 9:44, Albimilech capturou a cidade de Shechem, matou as pessoas que ali se
encontravam, arrasou a cidade e semeou-a de sal. E, ainda transformou a mulher de Lot em
estátua de sal porque olhou para trás ao fugir de Sodoma e Gomorra, cidades destruídas pela
ira divina.
No A.T., o sal era um símbolo importante da relação com Deus. Assim, o sal devia ser
colocado em todas as ofertas e os manjares oferecidos a Deus deviam todos ser salgados com
sal:

“E todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperados com sal; e não deixarás faltar á tua
oferta o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal” – A.T.Levitico
2:13.

Na Bíblia encontra-se o termo “aliança de sal” designando uma relação com Deus que não
pode ser rompida (aliança perpétua de sal) - Números, 18,11; Crônicas, 13,5.

“Todas as ofertas sagradas, que os filhos de Israel oferecerem ao SENHOR, dei-as a ti, e a
teus filhos, e a tuas filhas contigo, por direito perpétuo; aliança perpétua de sal perante o
SENHOR é esta, para ti e para tua descendência contigo.” - Números 18:19.
“A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis
responder a cada um.” - Colossenses 4:6

“Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada
mais presta senão para, lançado fora, ser pisado pelos homens.”- Mateus 5:13

A atualidade do sal:
Foi e tem sido usado no esoterismo, magias e bruxaria para afastar as energias ruins e os
maus espíritos.
No sec. XVI, o sal foi abolido por Lutero no ritual de batismo da religião protestante.
No entanto, uso do sal perdurou no batizado católico até 1973. Foi usado na liturgia religiosa
dos batizados de forma a simbolizar a expulsão do demónio (purificação), sendo igualmente o
sinal de sabedoria sobre o recém-nascido.
Ainda hoje, na Páscoa Judaica, no Pessach, as batatas e os ovos cozidos são regados com
água salgada. Tal simboliza as lágrimas derramadas pelos judeus na travessia do deserto,
durante a fuga do Egito.
Para os gregos, hebreus e árabes o sal é considerado o símbolo da amizade e
hospitalidade, sendo que na Arábia comer sal acompanhado, é considerado uma ação sagrada.

No médio oriente acredita-se que quando duas pessoas comem sal juntas, formam um
vínculo. Por isso, usa-se sal para selar um contrato.
Em Marrocos deita-se sal nos lugares escuros para espantar os maus espíritos.
Em Laos e Sião, as mulheres grávidas lavam-se diariamente com água e Sal, para proteger-se
contra as maldições.
Nos países Nórdicos, coloca-se Sal junto ao berço das crianças, para as proteger.
No Havaí, a pessoa que volta de um funeral, polvilha sal sobre si mesma para garantir que
maus espíritos que rondassem o defunto não a acompanhem em casa.
No Japão, o sal “shio” é considerado um purificador. Os Japoneses têm a seguinte lenda: o
grande Kami Izanakino-Mikoto, desejou que sua mulher fosse levada para um lugar distante,
sentindo a falta dela e arrependido por ter feito aquele pedido, foi purificar-se nas águas do
mar. Os japoneses têm o costume de deitar sal na soleira da porta de suas casas
depois de alguém não desejado ter saído. Os lutadores de sumo, para a luta ser leal, deitam sal
no ringue. Também se espalha sal no palco antes de uma apresentação para evitar que os
maus espíritos joguem pragas sobre os atores.
O sal é amplamente utilizado no esoterismo, em vários rituais de magia, pois tem uma função
purificadora, seja ele usado sozinho seja em conjunto com outros produtos.

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