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Georges Kaskantzis
Universidade Federal do Paraná
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Características físico-químicas da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis Flavicarpa Degener) obtida por secagem View project
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À minha esposa Maria Edith que mantém sólida a base da nossa família.
Ao meu pai, Nicolas Georges Kaskantzis, que nunca mediu esforços para me
educar, assegurando dessa forma um futuro promissor.
iii
PROLEGÔMENOS
Cada parte da Terra é sagrada. Cada pinha brilhante, cada praia de areia,
cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente é sagrado na memória
do homem.
A energia que flui pela árvore traz consigo a experiência e a vida. A energia
que flui pela água traz consigo memórias dos homens. Os rios limpos saciam a nossa
sede e alimentam a nossas vidas.
Agora, não existe mais um lugar tranqüilo nas cidades dos homens. Não há
onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera e o canto alegre dos pássaros.
Talvez eu seja um selvagem e não entenda como tudo aconteceu, sem que
eu tenha percebido. A confusão parece servir apenas para insultar os meus ouvidos.
Ensinem aos seus filhos o que os nossos pais não nos ensinaram sobre a
Terra, a verdadeira mãe da nossa natureza. Tudo o que acontece na Terra, acontece
para os filhos dela. Se os homens cospem no chão, cospem em si mesmos.
iv
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 Valor nominal dos critérios de avaliação do estado de conservação 17
Figura 1.2 Nível do impacto do acidente nas qualidades ambientais da região 18
afetada
Figura 1.3 Estado de conservação inicial (quadrado) e final (triângulo) da área 19
Figura 4.1 Impacto ambiental em função do tempo, ta = momento antes do 61
impacto, to = momento de ocorrência do impacto, ti = momento do início dos
efeitos do impacto no meio, tf = momento após o impacto e finalização da
ação e tc = momento de interesse considerado
Figura 4.2 Índice do impacto dos grupos de componentes (PC) Físico-Químico, 69
(BE) Ecológico-Biológico, (SC) Sociocultural, (EO) Econômico - Operacional
afetados pela contaminação do solo com óleo derramado no acidente
Figura 4.3 Resultado da simulação da dispersão atmosférica de partículas 71
Figura 4.4 Simulação das populações dos peixes infectados, resistentes e 72
sensíveis à epidemia, originada pelo lançamento de produtos tóxicos.
Figura 4.5 Variação das populações de peixes atingidas em função do tempo 73
Figura 4.6 Imagem de satélite da área atingida pelo óleo derramado 74
Figura 4.7 Área da sombra, vegetação, óleo, solo exposto e das estradas. 76
Figura 4.8 Tratamento e classificação da imagem: (a) original; (b) segmentada; 77
(c) identificação de objeto (óleo); (d) identificação das classes (flora, óleo,
estrada, solo); (e) dados treinamento; (f) imagem classificada.
Figura 4.9 Qualidade ambiental da água em função do O2 dissolvido 79
Figura 4.10 Principais caminhos de exposição dos contaminantes 81
Figura 4.11Técnicas analíticas utilizadas para investigar os contaminantes 81
Figura 4.12 Vista da oficina de impermeabilização de madeiras investigada 86
Figura 4.13 Risco carcinogênico para os receptores individuais 89
Figura 4.14 Índice de perigo para os receptores individuais 90
Figura 4.15 Índice de risco de efeitos não carcinogênicos em função das vias de 91
exposição dos receptores considerados nos cenários estudados. O adulto está
associado à cor verde e a criança, à cor azul das barras mostradas no gráfico
Figura 5.1 Evolução do sistema na presença e ausência do dano com o tempo 93
Figura 6.1. Diagrama do VERA 113
Figura 6.2. Modelos de valoração ambiental 120
Figura 7.3.1 Região da fazenda Alvorada onde ocorreu o dano ambiental 130
Figura 7.3.2 Área desmatada irregularmente 131
Figura 7.3.3 Abertura e corte da mata 131
Figura 7.5.1 Imagem de satélite da região da planta de resina de pinus 138
Figura 7.7.1 Vista aérea da região onde ocorreu o vazamento do petróleo 157
Figura 7.7.2 Imagem das atividades de recuperação do oleoduto 157
Figura 7.8.1 Diagrama do processo HEA de compensação do dano ambiental 165
v
Figura 7.8.2 Nível atual e corrigido dos serviços ambientais afetados pelo dano. 168
Figura 7.8.3 Perda total de serviços ambientais, indicada pela área sob a curva. 168
Figura 7.8.4 Nível dos serviços ganhos com a recuperação das várzeas 169
Figura 7.8.5 Total de serviços ganhos com a recuperação das várzeas 169
Figura 7.8.6 Perda e ganho total de serviços nas várzeas, de 1990 a 2015. 169
Figura 7.8.7 Imagem de satélite da região investigada, obtida em 1999. 173
Figura 7.8.8 Imagem de satélite da região afetada pelo dano, obtida em 2003. 173
Figura 7.8.9 Áreas da vegetação e solo exposto em função do tempo 174
Figura 7.8.10 Situação da vegetação afetada pelo óleo, em 2006. 175
Figura 7.8.11 Nível dos serviços perdidos em função do tempo 176
Figura 7.8.12 Serviços ambientais ganhos com a recuperação da flora 177
Figura 7.8.13 Total dos serviços perdidos (área azul) pela contaminação, e 178
fornecidos (área vermelha) com a recuperação da flora, para compensar o
dano ambiental.
Figura 7.9.1 Poços de monitoramento instalados na área do acidente 179
Figura 7.9.2 Vazão de descarga da solução ácida do tanque durante o acidente 183
Figura 7.9.3 Frente de avanço do ácido no solo, em função da profundidade 184
Figura 7.9.4 Perfil de concentração do ácido, em função da profundidade, (a) 185
7/10/2004; (b) 2/2/2005; (c) 2 e (d) 5 anos após o acidente
Figura 7.9.5 Linhas potenciais do lençol freático ajustadas, a partir do nível da 186
água dos poços de monitoramento, registrado nas campanhas de 2004 e 2005.
Figura 7.9.6 Distribuição de concentração do poluente imobilizado do freático 187
Figura 7.9.7 Pluma de contaminação, 07/10/04. 188
Figura 7.9.8 Pluma 163 dias pós-derrame, 08/03/05. 188
Figura 7.9.9 Pluma de ácido 365 dias pós-derrama 188
Figura 7.9.10 Situação da contaminação 2,7 anos após o vazamento do HCl 188
Figura 7.12.1 Vista geral da igreja histórica afetada pelo terremoto do Peru 204
Figura 7.12.2 Detalhe da igreja afetada pelo terremoto do Peru 204
Figura 7.14.1 Ajuste linear dos dados coletados com as entrevistas 217
vi
LISTA DE TABELAS
vii
matérias-primas e produtos de consumo derivados dos recursos naturais
Tabela 5.3 Nível do estado de conservação dos recursos, com o tempo. 100
Tabela 5.4 Dados para estimativa dos benefícios perdidos em função do nível 101
de alteração do estado de coservação dos recursos, em função do tempo.
Tabela 5.5 Valores para estimativa da perda de proteção e segurança no 102
abastecimento futuro de bens e serviços ambientais, fornecidos pelos
recursos naturais à população
Tabela 5.6 Valores para estimativa dos custos de gestão e manutenção dos 102
serviços para a recuperação dos recursos naturais, em função do tempo.
Tabela 5.7 Valores para estimativa do beneficio perdido, relativo à saúde da 104
população, provocado pela alteração dos recursos naturais.
Tabela 5.8 Valor dos custos de prevenção de enfermidades da população 105
Tabela 5.9 Valor dos custos de controle das pragas e das ações de mitigação 105
Tabela 5.10 Dados para estimativa dos custos da perda dos serviços de 106
espairecimento e desenvolvimento espiritual que desfrutava a população,
devido ao dano do recurso.
Tabela 5.11 Estado de conservação do recurso em função do tempo 107
Tabela 6.1 Métodos diretos e indiretos de valoração ambiental pela VERA 114
Tabela 6.2 Indicadores de dano ambiental, em função do tipo de poluição. 119
Tabela 7.2.1 Peso do critério volume derramado no modelo CETESB 126
Tabela 7.2.2 Fator de ponderação do critério vulnerabilidade da área afetada 127
Tabela 7.2.3 Fator de ponderação para o critério toxicidade do produto 127
Tabela 7.2.4 Fatores de ponderação dos critérios persistência, deletério e 128
mortalidade
Tabela 7.2.5 Valores de ponderação do fator de reincidência do acidente 128
Tabela 7.3.1 Critérios usados para qualificar os agravos do do dano à flora 132
Tabela 7.3.2 Fatores de multiplicação dos índices dos critérios de agravo 132
Tabela 7.4.1 Propriedades físicas dos produtos derivados da cana-de-açúcar 135
Tabela 7.4.2 Emissões de CO2 equivalentes na produção de cana-de-açúcar 137
Tabela 7.5.1 Dados da estação de tratamento fornecidos pela empresa para 143
análise da descarga do efluente no corpo hídrico
TABELA 7.5.2 Valores médios mensais estimados dos parâmetros da unidade 144
de tratamento de efluentes
Tabela 7.5.3 Custo anual e do período de 17 de dezembro a 17 de janeiro da 144
planta de tratamento de efluentes da indústria de PINUS
Tabela 7.5.4 Custo anual de tratamento e unitário da carga evitada do 142
período do dano
Tabela 7.5.5 Custo para evitar o excesso de lançamento de DQO no período 145
do dano
Tabela 7.6.1 Indicadores do estado de conservação do recurso antes do dano 148
viii
Tabela 7.6.2 Indicadores de impacto (alteração) dos recursos naturais 148
Tabela 7.6.3 Critérios para estimar o tempo máximo de recuperação dos 150
recursos
Tabela 7.6.4 Quantidade e preços dos insumos requeridos nos primeiros 151
quatro anos,
Tabela 7.6.5 Quantidade e preços dos insumos requeridos a partir do quinto 151
ano
Tabela 7.6.6 Gastos financeiros com o replantio da vegetação queimada 151
Tabela 7.6.7 Custos das infra-estruturas adicionais de proteção e segurança 152
Tabela 7.6.8 Custos do monitoramento das áreas queimadas 152
Tabela 7.6.9 Componentes dos custos da recuperação do dano ambiental 152
Tabela 7.6.10 Componentes do custo social do dano ambiental 153
Tabela 7.6.11 Resultados da valoração econômica do dano ambiental 154
Tabela 7.7.1 Qualificação dos fatores de agravo da multa do dano ambiental 156
Tabela 7.7.2 Investimentos para obras geotécnicas, evitados pela empresa. 158
Tabela 7.7.3 Correção monetária dos investimentos evitados pela empresa 159
Tabela 7.7.4 Correção dos custos evitados de manutenção e operação 159
Tabela 7.7.5 Custos evitados para a remoção dos escombros, em 2003. 160
Tabela 7.7.6 Custo total para remoção dos escombros, evitado pela empresa. 160
Tabela 7.7.7 Trabalhos utilizados para a transferência de valores, visando a 164
obteção do valor econômico do dano ambiental do acidente.
Tabela 7.7.8. Valor do dano e análise de sensibilidade paramétrica do fator D 161
Tabela 7.7.9 Valor dos fatores de agravo, utilizados para calcular o fator A. 163
Tabela 7.8.1 Parâmetros para estimar o tamanho do hábitat de reposição 166
Tabela 7.8.2 Características do impacto utilizadas no modelo HEA 167
Tabela 7.8.3 Parâmetros do habitat de compensação do dano ambiental 167
Tabela 7.8.4 Service loss at injury area (Serviços perdidos) 170
Tabela 7.8.5 Service gain at the compensatory area (serviços ganhos) 171
Tabela 7.8.6 Parâmetros do modelo HEA utilizados para valoração do dano 172
Tabela 7.8.7 Parâmetros do projeto de remediação do dano ambiental 172
Tabela 7.8.8 Resultados da análise das imagens, em função do tempo. 174
Tabela 7.8.9 Área da vegetação e nível dos serviços, em função do tempo 175
Tabela 7.8.10 Serviços ambientais perdidos pela contaminação da vegetação 176
Tabela 7.8.11 Serviços ambientais restituídos com a recuperação da flora 177
Tabela 7.9.1 Cotas e nível da água dos poços de monitoramento 180
Tabela 7.9.2 pH da água subterrânea dos poços de monitoramento, em 2004 180
Tabela 7.9.3 pH da água subterrânea dos poços de monitoramento, em 2005 180
ix
Tabela 7.9.4 Características do solo da região do vazamento de HCl. 181
Tabela 7.9.5 Concentrações de referência para avaliar a contaminação 181
Tabela 7.9.6 Parâmetros para simular o fluxo do lençol freático, MODFLOW. 182
Tabela 7.9.7 Parâmetros para simular a dispersão do ácido clorídrico, M3DT. 182
Tabela 7.9.8 Balanço de massa do ácido clorídrico derramado no acidente 183
Tabela 7.9.9 Valores do pH da água subterrânea, calculados pelo modelo e 184
registrados nos poços de monitoramento instalados na área do acidente
Tabela 7.9.10 Valor teórico e experimental do nível de água dos poços 185
Tabela 7.9.11 Concentração dos ácidos na água subterrânea calculada pelo 187
modelo MT3D, registrados nos poços de monitoramento e desvio relativo
entre os mesmos.
Tabela 7.11.1 Fator de relação dos danos ambientais diretos (d) e indiretos (i) 198
Tabela 7.12.1 Fatores corretivos do valor cênico do bem cultural 203
Tabela 7.13.1 Grau de alteração em função do tipo de dano, área e nível de 211
proteção do bem lesado, para grandes áreas (acima de 500 ha)
Tabela 7.13.2 Grau de alteração em função do tipo de dano, área e nível de 212
proteção do bem lesado, para pequenas áreas (até 500 ha)
Tabela 7.14.1 Dados coletados dos visitantes pela administração do Parque 217
Tabela 7.15.1 Intervalo das séries de disposição a pagar médias, número de 221
entrevistas e população da praia do Cassino na alta temporada (2001).
Tabela 7.16.1 Ponderação das variáveis intangíveis do modelo de valoração 224
Tabela 7.18.1 Descrição e qualificação dos agravos associados à tipologia do 232
dano e aspectos ambientais estabelecidos no método
Tabela 7.18.2 Índices de qualificação dos agravos para a valoração do dano 231
x
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1 Benefícios e serviços ambientais derivados do capital natural 08
Quadro 1.2 Qualidades intrínsecas dos recursos naturais 09
Quadro 1.3 Indicadores para avaliação do estado de conservação dos 12
recursos naturais
Quadro 1.4 Ações que causam danos ambientais nos recursos naturais 21
Quadro 5.1. Insumos necessários para recuperar os recursos danificados 95
Quadro 7.13.1 Valores para ponderação dos critérios de valoração de dano 213
obre bens culturais
Quadro 7.18.1. Custos financeiros de recuperação da área degradada 244
xi
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS, ii.
PROLEGÔMENOS, iii.
LISTA DE FIGURAS, iv.
LISTA DE TABELAS, vi.
SUMÁRIO, xi.
INTRODUÇÃO
1 RECURSOS NATURAIS
1.1 Classificação dos recursos naturais, 01.
1.2 Benefícios sociais dos recursos naturais, 06.
1.3 Qualidades intrínsecas dos recursos naturais, 06.
1.4 Valoração das qualidades ambientais dos recursos naturais, 10.
1.5 Avaliação do potencial ecológico dos recursos naturais, 10.
1.6 Estado de conservação dos recursos naturais, 11.
1.7 Ações que causam danos nos recursos naturais, 19.
2 DIREITO AMBIENTAL
2.1 Legislação nacional, 22.
2.2 Princípios fundamentais, 22.
2.3 Meio ambiente na constituição federal, 23.
2.4 Política nacional de meio ambiente (PNMA), 25.
2.5 Órgãos e competências legais, 25.
2.6 Esferas de responsabilidade ambiental, 27.
2.7 Outras leis e normas ambientais, 28.
2.8 Ação civil pública, 29.
2.9 Dano ambiental na legislação nacional, 30.
2.10 Conceitos legais sobre dano ambiental, 30.
2.11 Base legal para avaliação do dano ambiental, 31.
xii
4.5 Importância e magnitude dos impactos ambientais, 65.
4.6 Método de Pastakia para avaliação dos impactos ambientais, 65.
4.7 Avaliação de impactos ambientais pela modelagem e simulação, 69.
4.8 Outros métodos para avaliação de impactos ambientais, 78.
Avaliação de risco toxicológico à saúde, 80.
xiii
7.3 Modelo VERA – valoração dos danos para derrubada de florestas, 130.
7.4 Modelo VERA – valoração do dano para queima da palha de canavial, 134.
7.5 Modelo Custos evitados – valoração do dano da contaminação de corpo hídrico, 138.
7.6 Modelo Custos de recuperação – valoração dos danos para incêndios florestais, 147.
7.7 Modelo OSINERG – valoração do dano para derrame de petróleo, 155.
7.8 Modelo HEA – valoração do dano para perda de serviços ambientais, 165.
7.9 Modelo MOD – valoração do dano - contaminação de solo e água subterrânea, 179.
7.10 Modelo IBAMA – valoração do dano para unidades de conservação, 190.
7.11 Modelo CATE – valoração dos danos para recurso florestal e outros, 197.
7.12 Modelo VGB – valoração dos danos para bens do patrimônio cultural, 201.
7.13 Modelo CONDEPHAAT – valoração do dano para bens de valor cultural, 207.
7.14 Modelo Custo Viagem – valoração do dano para parque natural e recreação, 216.
7.15 Modelo DAP – valoração do dano pela análise contingente (VU + VE), 219.
7.16 Modelo CARDOZO – valoração do dano - componente mensurável e intangível, 222.
7.17 Modelo FAMB – valoração do dano para degradação de fator ecológico, 225.
7.18 Modelo DEPRN – valoração do para bens naturais com valor de exploração, 230.
8 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS, 247.
ANEXO I – PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE AMOSTRAS AMBIENTAIS, 252.
ANEXO II – FICHA PARA REGISTRO DE AMOSTRAGEM AMBIENTAL, 256.
ANEXO III – QUESITOS FORMULADOS NAS PERICIAS AMBIENTAIS, 261.
ANEXO IV – LISTA DA CETESB SOLO E ÁGUA SUBTERRÃNEA E OUTRAS, 266.
CURRICULUM VITAE DO AUTOR
xiv
INTRODUÇÃO
Os aspectos técnicos da perícia ambiental são descritos no capítulo três. São discutidas
as funções do perito e do assistente técnico, as etapas da perícia ambiental, a elaboração do
plano de perícia, a constituição da equipe de trabalho, a metodologia de coleta de amostras, a
interpretação dos resultados, análise e as respostas de quesitos, elaboração do laudo pericial e
do parecer técnico e um estudo de caso.
No capítulo quatro são apresentadas as técnicas usuais e mais avançadas para avaliar
impactos negativos que causam danos ambientais. As licenças ambientais são discutidas sob o
ponto de vista da perícia ambiental. Em seguida são descritas as tipologias dos impactos e a
metodologia de Pastakia para sua avaliação. O uso da modelagem ambiental e a classificação
de imagens de satélite para avaliar impactos ambientais são demonstrados com casos reais.
No final, constam conceitos sobre avaliação de riscos toxicológicos à saúde e um estudo de
caso sobre o assunto.
xv
O capítulo seis apresenta conceitos de economia ambiental e a diferença entre os bens
e serviços econômicos e ambientais. Apresenta a Norma NBR 14653–6, proposta pela ABNT
para valoração econômica de recursos naturais e ambientais. Esta Norma estabelece os termos
da expressão VERA (Valoração Econômica de Recursos Naturais) e os métodos para determiná-
lo. Visando o entendimento e aplicação desta Norma, inicialmente, discutimos a relação entre
as preferências individuais pela utilização, preservação ou conservação dos recursos naturais
com os termos da expressão da VERA.
xvi
1. RECURSOS NATURAIS
Os recursos naturais têm uma série de características que permitem avaliar seu estado
de conservação. Não é pertinente examinar todas as características dos recursos para
fazer a sua valoração, basta escolher as que indicam sua condição antes e depois do
dano. Os critérios de seleção das características que devem ser avaliadas dependem do
impacto e do recurso que foi afetado.
A. GEOLÓGICOS
Recursos minerais
Solo e Subsolo
B. HÍDRICOS
A água livre do planeta constitui a hidrosfera, estando presente na atmosfera, nos rios
e lagos, nos mares e oceanos, nas geleiras, no subsolo e na atmosfera. Trata-se de um
elemento vital para a sustentação da vida de todos os seres do planeta.
1
Águas superficiais
Águas subterrâneas
Águas marinhas
Trata-se de recurso natural que envolve a maior superfície do planeta e forma a maior
parte da hidrosfera. As águas marinhas têm elevadas concentrações de sais minerais,
cloreto de sódio, cloro, magnésio, sulfatos, cálcio, bromo, iodo e outros. Este recurso é
de grande importância para os ecossistemas marinhos e o homem. Estes ecossistemas
costeiros possuem grande fecundidade e biodiversidade em relação aos terrestres.
C. ATMOSFÉRICOS
Ar
Recurso natural constituído por gases, dentre os quais, o nitrogênio, oxigênio, vapor de
água, óxidos de carbono e nitrogênio, etc. Contém também partículas, cargas elétricas
e microorganismos em suspensão. É a principal fonte de oxigênio do homem e atua na
regulação do clima, conforto térmico e na dispersão de poluentes gasosos.
2
Vento
D. ENERGÉTICOS
Recursos naturais com potencial de produzir energia. As formas usuais de energia são a
potencial e cinética. Estes recursos estão relacionados ao desenvolvimento humano e,
na maioria dos casos, a degradação do meio ambiente (GOLDEMBERG, 1998).
Recurso natural originado por combustão da biomassa (árvores, lenha, carvão, etc.) e
da decomposição natural de dejetos e organismos.
Energia eólica
Energia obtida por aproveitamento do movimento que produz a água do mar. Esse tipo
de energia é gerado nos locais onde ocorrem marés altas (acima de três metros).
Energia solar
Energia geotérmica
Energia obtida do interior da terra, em zonas onde o magma quente está relativamente
próximo da superfície. Águas termais (líquida e vapor) confinadas estão, geralmente,
associadas com atividade vulcânica.
Energia hidráulica
Hidrocarbonetos e derivados
Recurso natural esgotável, cuja exploração deve ser cuidadosa, porque pode causar
desastres sérios e danos significativos ao meio ambiente.
3
E. BIOLÓGICOS
Vegetal (Flora)
Animal (Fauna)
Fungos
Recursos genéticos
Oceânicos
Marinos e litorâneos
Estuarinos
Lacustres / Lénticos
Ribeirinhos / Lóticos
Áreas úmidas onde pode ou não existir vegetação localizada a poucos metros de
profundidade, e os valores de salinidade do meio se mantém abaixo de 0,5 partes por
litro de solução.
Bosques
Savanas e Pradarias
Formações gramíneas. Savana: Ecossistema de terras baixas que tem regime climático
estacionário nas épocas de seca e chuva, das zonas tropicais e subtropicais. Região
formada de gramíneas, arbustos lenhosos dispersos ou em grupos.
E.3 ARTIFICIAIS
Barragens
Grandes depósitos artificiais construídos nas regiões de vale, onde existem diques para
represar as águas de um rio ou lagoa para segurança, irrigação ou geração de força.
Plantações florestais
Plantação: terreno onde são cultivadas plantas de uma mesma classe. Plantações
florestais são áreas com árvores de uma espécie plantadas para uma determinada
finalidade.
5
Agrossistema
Área de cultura criada artificialmente pelo homem no meio ambiente para explorar os
recursos do solo, ou seja, para desenvolver plantas ou animais para uso imediato ou na
agroindústria. Áreas onde são manipulados diversos produtos naturais e artificiais para
controle de pragas e para o aproveitamento e o tratamento dos resíduos orgânicos.
F. PAISAGEM
Regiões onde o hábitat não é homogêneo. Existe uma grande diversidade de habitats
entrelaçados que variam em tamanho, forma e distribuição relativa de espécies.
G. ELEMENTOS ESTÉTICOS
6
1.3 QUALIDADES INTRÍNSECAS DOS RECURSOS NATURAIS
Os recursos naturais têm qualidades intrínsecas que determinam seu potencial para
realizar funções ecológicas. No Quadro 1.2 estão indicadas as qualidades intrínsecas
dos recursos naturais. As qualidades também estabelecem o potencial que o recurso
tem para fornecer serviços ambientais à sociedade. As qualidades ou indicadores são:
1) Escala;
2) Elasticidade;
3) Representatividade;
4) Complexidade;
5) Componente chave.
Espiritual
Consumo
desastres
Benefícios
Seguridade
Proteção aos
Matéria-prima
Proteção à saúde
x
x
x
x
Recursos minerais
x
x
Materiais de construção
x
x
x
x
Subsolo
x
x
x
x
x
x
x
Águas superficiais
Água
x
x
x
x
x
Freático
Aqüífero
x
Hídricos
x
x
x
x
x
x
Águas marinhas
x
x
x
x
x
Atmosfera
x
x
x
x
x
Clima
x
x
x
x
x
x
Vento
Atmosféricos
x
x
Energia eólica
x
x
Energia solar
x
x
Energia geotérmica
Energéticos
x
x
x
Energia hidráulica
x
x
x
Hidrocarbonetos e derivados
x
x
x
x
x Vegetal (Flora)
x
x
x
Animal (Fauna)
x
x
x
Recursos naturais
Fungos
x
x
x
Unicelulares
Biodiversidade
x
x
x
Recursos Genéticos
x
x
x
x
x
x
Oceânicos
x
x
x
x
x
x
Marinos / Litorâneos
x
x
x
x
x
x
Estuarinos
Quadro 1.1 Benefícios e serviços ambientais derivados do capital natural
x
x
x
x
x
x
Lacustres / Lénticos
Biológicos
Alagados
x
x
x
x
x
x
Ribeirinhos / Lóticos
x
x
x
x
x
x
Marismas e pântanos
x
x
x
x
x
x
Bosques e florestas
Ecossistemas
x
x
x
x
x
x
Savanas e pradarias
x
x
x
x
x
Culturas
x
x
x
x
Plantações Florestais
x
x
x
x
Domésticos
Sistemas agrícolas
x
x
x
x
Vistas panorâmicas
x
x
x
x
x
Mosaicos de hábitat
Paisagem
x
x
x
x
Elementos estéticos
8
Quadro 1.2 Qualidades intrínsecas dos recursos naturais (BARRANTES, 2001)
Qualidades Comentário Exemplos
Dimensão. Magnitude do efeito Uma represa afetada com produtos tem um
temporal e espacial do recurso. efeito em escala maior que em área de
Segundo a escala espacial, pode pastagem. A magnitude do efeito da
ser de Macroescala: escalas evaporação da água superficial da lagoa de
Escala
amplas km ou mais; Mesoescala: Itaipu no microclima é maior que o efeito
escalas de alguns ha; sobre a lagoa do Parque Barigui.
Microescala: escalas de poucos
metros quadrados
Taxa que a população afetada Os pólipos coral morrem com pisoteamento; a
Fragilidade ecológica (pouca capacidade
9
1.4. VALORAÇÃO DAS QUALIDADES DOS RECURSOS NATURAIS
Além do potencial ecológico do recurso natural é possível também avaliar o seu estado
de conservação. Tal avaliação é realizada utilizando as características ou qualidade do
recurso. A avaliação do estado de conservação do recurso é geralmente realizada por
especialistas que atribuem valores, escala numérica ponderada, para as características
investigadas. Este processo permite estimar o estado de conservação dos recursos
naturais em seu estado máximo de fornecimento de bens e serviços ambientais, assim
como após uma determinada intervenção negativa ou positiva. Dessa forma é possível
conhecer o estado de conservação do recurso antes e depois do dano ambiental.
Para estimar o potencial ecológico dos recursos naturais, admite-se que existe uma
relação direta entre as qualidades intrínsecas (características) e o potencial ecológico.
Esta hipótese é justificada considerando as funções ecológicas e a capacidade máxima
de os recursos fornecerem bens e serviços ambientais. Em termos matemáticos pode-
se escrever,
Onde:
= potencial do recurso natural (%);
= qualidade i do recurso (0 < w < 10);
= ponderação da qualidade i (%).
10
Tabela 1.2 Classificação do potencial ecológico dos recursos naturais
Categoria Faixa (%)
Muito baixo 0 – 20
Baixo 21 – 40
Regular 41 – 60
Alto 61 – 80
Muito Alto 81 – 100
Existe uma série de indicadores ou critérios que se deve identificar para poder avaliar o
estado de conservação dos recursos. No Quadro 1.3 estão os indicadores ou critérios
geralmente usados para se avaliar o estado de conservação dos recursos naturais. Para
utilizá-los, em cada caso particular, é feita a seleção prévia dos indicadores específicos
e a sua ponderação. A ponderação de um critério selecionado deve levar em conta a
sua relação com a valoração global do recurso natural analisado.
Para facilitar a ponderação inicial dos critérios, pode-se considerar uma distribuição
uniforme, onde todos os indicadores adotados têm o mesmo peso ou importância no
processo de avaliação do estado de conservação dos recursos ambientais investigados.
Nos casos em que os indicadores não têm pesos iguais, é necessário avaliar a
importância de cada indicador para depois atribuir os pesos.
Onde:
Fragmentação de hábitat
interconexão
Grau de
Relações ecológicas mais O ecossistema está definido por elementos bióticos e abióticos,
importantes do sistema mas, sua importância está nas relações existentes entre os fatores.
A abundância e distribuição de espécies são variáveis indicativas
Condição da população,
das condições das populações e fornecem a clara indicação do seu
densidade, distribuição
estado de conservação.
Qualidade Qualidades disponíveis no âmbito local e regional.
Quantidade Quantidades disponíveis no âmbito local e regional.
Fonte: (BARRANTES, 2001)
12
Fazendo a ponderação j para o indicador j, a avaliação global do recurso natural será,
Onde:
= estado de conservação inicial do recurso (%);
= ponderação atribuída para o indicador j.
Uma vez avaliado o estado de conservação inicial dos recursos, é necessário estimar o
estado de conservação após o dano ambiental. Isto significa que é necessário estimar o
nível das alterações ocorridas nos recursos afetados. Para tanto, os mesmos critérios
escolhidos para avaliar o estado inicial dos recursos são analisados pelos especialistas,
para qualificar o nível da alteração provocada pelo impacto, mediante a atribuição de
valores e pesos de uma escala numérica, como o que é realizado para Avaliar o estado
de conservação inicial do recurso afetado. Em termos matemáticos, temos:
Onde:
= valor atribuído pelo especialista i para o grau de alteração do indicador j;
= valor médio do nível de alteração do indicador j;
= Índice de alteração do recurso natural.
EC inicial x
EC final = EC inicial * (1 - )
13
EXEMPLO
Tabela 1.3 Ponderação de critérios para avaliar o potencial ecológico dos recursos
Qualidade Ponderação (%)
Elasticidade 26,1
Complexidade 18,8
Escala 17,2
Representatividade 15,6
14
Os especialistas avaliaram o grau de importância de cada critério, considerando a sua
relação com o potencial ecológico dos recursos afetados, atribuindo valores de 0 a 100
(Tabela 1.3). Na seqüência, atribuíram valores de 0 a 10, para qualificar o estado de
conservação dos critérios analisados.
Os dados da Tabela 1.4 indicam o valor nominal médio das qualidades dos recursos,
determinado a partir dos valores individuais atribuídos pelos especialistas, bem como
o valor real (ponderados) médio das qualidades selecionadas para estimar o potencial
ecológico dos recursos ambientais investigados.
Os resultados indicam que o valor estimado para o potencial ecológico da região foi de
75,3%. Utilizando as categorias de potencial ecológico da Tabela 1.2 pode-se observar
que a região afetada apresenta um alto potencial ecológico. O valor real do potencial
ecológico também pode ser determinado a partir da relação:
= (0,261 x 7,4) + (0,209 x 7,8) + (0,188 x 8,4) + (0,172 x 6,4) + (0,156 x 8,3) = 7,53 (75,3%)
O resultado indica que a região do acidente apresenta alto potencial ecológico, 75% do
máximo, considerando os critérios de avaliação adotados.
1. Beleza cênica;
2. Biomassa e abundância;
3. Diversidade de espécies;
4. Redes tróficas;
5. Reservas ecológicas e pesqueiras;
6. Qualidade da água superficial;
7. Estado dos mangues;
8. Qualidade dos sedimentos.
A escolha desses critérios foi realizada pelos especialistas, utilizando algumas bases de
informações técnicas e científicas, entrevistas de campo, durante 1 ano. A partir das
informações coletadas, os critérios de avaliação foram ponderados, sendo analisada
sua importância no ecossistema. Em seguida, os especialistas utilizaram uma escala de
de 1 - 10, onde dez significa o estado ótimo de conservação, para qualificar os critérios
para estimar o estado de conservação da região, antes e após o dano. Na Tabela 1.5
estão os critérios e os pesos. A qualificação nominal e real do estado de conservação
dos recursos atingidos pelo acidente está apresentada na Tabela 1.6.
15
Tabela 1.5 Critérios ponderados de avaliação do estado de conservação
Critério Ponderação (%)
Beleza cênica 4,4
Biomassa e abundância 17,4
Diversidade de espécies 13,3
Redes tróficas 13,2
Reservas ecológicas e pesqueiras 17,9
Qualidade da água superficial 17,5
Estado dos mangues 8,1
Qualidade dos sedimentos 8,3
Total 100,0
Tabela 1.6 Qualificação nominal e real das qualidades ambientais dos recursos
Critérios Ponderação Qualificação Qualificação real
(%) nominal (1-10) (ponderada)
Beleza cênica (BC) 4,4 8,0 0,35
Biomassa e abundância (BA) 17,4 7,8 1,35
Diversidade de espécies (DE) 13,3 8,2 1,09
Redes tróficas (RT) 13,2 8,4 1,11
Res. ecológicas e pesqueiras (RS) 17,9 7,9 1,42
Qual. da água superficial (QA) 17,5 7,3 1,27
Estado dos mangues (EM) 8,1 8,5 0,68
Qualidade dos sedimentos (QS) 8,3 6,8 0,56
Estado de Conservação Inicial (j) (Yj) 7,83
= (0,044 x 8,0) + (0,174 x 7,8) + (0,133 x 8,2) + (0,132 x 8,4) + (0,179 x 7,9) +
(0,081 x 8,5) + (0,083 x 6,8) = 83 (78,3%)
Os resultados mostraram que o estado de conservação inicial da região era 78,3%. Isto
significa que o estado de conservação não era ótimo, ou seja, antes do dano a região já
estava alterada em torno de 21,7%, em relação ao ponto ótimo. A situação do estado
de conservação inicial da região está ilustrada na Figura 1.1.
16
(BC)
10
8 8,0
(QS) (BA)
6,8 6
7,8
4
2
(EM)
8,5 0 (DE)
8,2
7,3
(QA) 8,4 (RT)
7,9
(RS)
Com os critérios ponderados e valores dos níveis de impacto, obteve-se o índice global
do dano ambiental do acidente. Na Tabela 1.7 estão os dados da qualificação nominal
e ponderada do impacto, obtidos com a relação:
= (0,044 x 4,7) + (0,174 x 9,0) + (0,133 x 8,5) + (0,132 x 9,0) + (0,179 x 9,0) + (0,175 x
9,2) + (0,081 x 3,5 ) + (0,083 x 6,3) = 8,1 (81,0%)
A partir dos resultados da Tabela 1.7, pode-se afirmar que o nível do impacto negativo
causado pelo acidente foi de 81%. Isto significa que o impacto do evento causou uma
redução quase total dos benefícios. O índice global do impacto pode ser utilizado para
avaliar o dano ambiental total. Na Figura 1.2, pode-se observar a situação e os valores
dos critérios de avaliação do impacto negativo do evento. O gráfico mostra que o nível
de impacto máximo é 10.
17
Tabela 1.7 Nível de impacto do acidente sobre as qualidades ambientais da região
Critérios Ponderação Qualificação Qualificação real do
(%) nominal do impacto (Ponderada)
impacto (1-10)
Beleza cênica (BC) 4,4 4,7 0,20 = (0,044 x 4,7)
Biomassa e abundância (BA) 17,4 9,0 1,57
Diversidade de espécies (DE) 13,3 8,5 1,13
Redes tróficas (RT) 13,2 9,0 1,19
Res. ecológicas e pesqueiras (RS) 17,9 9,0 1,62
Qual. da água superficial (QA) 17,5 9,2 1,60
Estado dos mangues (EM) 8,1 3,5 0,28
Qualidade dos sedimentos (QS) 8,3 6,3 0,52
Índice global do impacto (j) (NAj) 8,1
(BC)
2,5
(EM)
5,5 0,8 0,8 (DE)
0,6 1,2
0,8
(QA) (RT)
(RS)
Figura 1.2 Nível do impacto do acidente nas qualidades ambientais da região afetada
Considerando que o estado de conservação inicial não era ótimo, o nível de impacto
negativo real deve ser determinado com em função do nível nominal do impacto e do
estado de conservação do recurso antes do acidente, aplicando a relação:
Assim, o índice de impacto real é 63,42%. Considerando que o dano ambiental causado
é igual à diferença do estado de conservação inicial e final da região afetada, deve-se
estimar o valor do estado de conservação final do ambiente, a partir da relação
18
EC final = EC inicial x (1 - )
(BC)
10
(QS) 8 (BA)
6
4
2
(EM) 0 (DE)
(QA) (RT)
(RS)
(1) Contaminação
Agentes tóxicos ou infecciosos que prejudicam a vida, a saúde e bem-estar do
homem e da biodiversidade. Degradam a qualidade ambiental do ar, da água e
terra, afetam o equilíbrio ecológico, bens particulares e públicos. Ações de
lançamento de substâncias químicas, gases e materiais, ruídos e agentes
biológicos que ultrapassam a capacidade de assimilação do sistema ambiental.
(2) Introdução de organismos exóticos
Introdução de espécies externas ao ecossistema conhecida como contaminação
biológica. Provoca a eliminação das espécies nativas como, por exemplo: a
introdução de peixes com trutas e tilápias tende a eliminar os peixes nativos.
19
(3) Derrubada de florestas
(5) Extração
(9) Construções
20
Quadro 1.4 Ações que causam danos ambientais nos recursos naturais (BARRANTES, 2001)
Recursos Naturais
Geológicos Hídricos Atmosféricos Energéticos Biológicos Paisagem
Biodiversidade Ecossistemas
Hidrocarbonetos e derivados
Energia calórica combustão
Úmidos Domésticos
Materiais de construção
Marinhos e Litorâneos
Ações que causam
Plantações florestais
Savanas e pradarias
Recursos Genéticos
Ribeirinhos / Lóticos
Águas subterrâneas
Lacustres / Lénticos
Mosaicos de hábitat
Energia maremotriz
Vistas panorâmicas
Energia geotérmica
Elementos estéticos
danos ambientais Recursos minerais
Agro- ecossistema
Águas superficiais
Energia hidráulica
Águas marinhas
Animal (Fauna)
Vegetal (Flora)
Energia eólica
Energia solar
Unicelulares
Oceânicos
Estuarinos
Pântanos
Bosques
Aqüífero
Subsolo
Fungos
Vento
Clima
Solo
Ar
Contaminação x X x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Introdução de organismos
x x x x x x x x x x x x x
exóticos
Desflorestamento x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Queimadas e incêndios x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
Extrações e perfurações x x x x x x x x x x x x
Modificação da paisagem x x x x x x x x x x x x x x x x
Modificação do regime
x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
hídrico
Construções x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x x
21
2 DIREITO AMBIENTAL
O Direito existe pelo homem e para o homem. Dessa forma, todo o disciplinamento
intentado pelo legislador no âmbito de resguardar os recursos naturais, vivos ou não,
deve ser feito, através da lente da equidade social. Enfim, é preciso saber os diversos
aspectos ou os vários sentidos, em que se fala de Direito Ambiental. Um dos aspectos
é o do meio ambiente, propriamente dito, isto é, os recursos naturais existentes (ar,
água, flora, fauna, etc.).
22
b) Princípio da Cooperação: Significa dizer que todos, o Estado e a Sociedade, através
dos seus organismos, devem colaborar para a implementação da legislação ambiental,
pois não é só papel do governo ou das autoridades, mas, de cada um e de todos nós.
A Constituição de um país é a sua Lei Maior. O Direito Ambiental que integra o Sistema
Jurídico Nacional se apóia na Carta Magna. O Legislador Constituinte de 1988 dedicou
especial atenção ao tema, reservando um capítulo da Constituição, para tratar do meio
ambiente. O Capítulo VI do Título VIII, no art. 225, cuja transcrição é obrigatória, diz:
23
Tabela 2.1 Análise comentada dos parágrafos e incisos do art. 225 da Magna Carta
24
2.4 POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE (PNMA)
O mais importante diploma legal brasileiro na área ambiental é a Lei no 6.938/81, com
regulamentação no Decreto no 99.274/90. Essa lei materializa a tradução jurídica da
Política Nacional do Meio Ambiente.
A organização do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA) foi traçada nesta Lei,
como os órgãos superiores (Conselho de Governo); os órgãos consultivo e deliberativo
(CONAMA); órgão central (Ministério do Meio Ambiente); órgão executor (IBAMA);
órgãos setoriais (federais); órgãos seccionais (estaduais) e locais (municipais).
25
Tabela 2.2 Competência dos órgãos que tratam das questões ambientais
Órgão do poder
Ente da Órgão administrativo
judiciário, polícia civil, Ministério público
federação e ambiental
militar, ambiental
Ministério do Meio Justiça Federal Ministério Público
Ambiente (MMA) Polícia Federal Federal
SISNAMA (Procuradores.
UNIÃO CONAMA Matérias: índios,
IBAMA águas federais e
subterrâneas,
energia nuclear,
praias, parques
nacionais e fauna
Conselho Estadual de Justiça Estadual Ministério Público
Meio Ambiente Polícia Judiciária (Promotores de
Secretarias de M.A. Polícia Militar Justiça). Matérias:
ESTADO Órgãos Ambientais Polícia Florestal Todas que não são
(CETESB, FEMA) interesse da União
26
- Interditar
Art. 23 Constituição
Zoneamento
SUPLEMENTAR COMUM Plano Diretor
Interesse local, - Poder de Polícia Distrito Industrial
Plano Diretor, - Multar Parcelamento do
MUNICÍPIO (Câmara Municipal), - Licenciar Solo Urbano
Art. 30, II da Constituição - Fiscalizar Poluição sonora
- Embargar Edificação
- Interditar Trânsito
Lixo
Art. 23 Constituição
27
Quanto à responsabilidade penal da pessoa jurídica, a Lei de Crimes Ambientais não
exclui a responsabilidade penal das pessoas físicas associadas, que sejam autoras, co-
autoras ou participantes do mesmo fato. O Art. 7º dessa Lei permite ainda substituir as
penas de prisão de até 04 anos por penas alternativas, como a prestação de serviços à
comunidade. Observa-se que os produtos e instrumentos apreendidos com o infrator
podem ser doados, destruídos ou vendidos.
- FLORA
- FAUNA
- LEI DE PATENTES
28
Finalmente, a Lei no 9.605/98 – a lei de crimes ambientais, ressaltou alguns aspectos
importantes: a) o crime ocorre por ação ou omissão; b) a responsabilidade é pessoal
(física) e também jurídica; c) sanções alternativas; d) o funcionário público responde na
medida do dano (co-responsabilidade por omissão). Além de reafirmar outras: a)
sanções; b) agravantes e atenuantes; c) os crimes em espécie; d) o cálculo das multas.
Um grande avanço foi o advento da Lei de Ação Civil Pública – Lei No 7.347 de 1985,
que atribui legitimidade ao Ministério Público e às Entidades Civis (ONG’s) para ajuizar
ações contra os infratores da legislação ambiental e dos outros direitos e interesses
chamados difusos e coletivos.
Antes da Lei 7347/85, se uma empresa estivesse, por exemplo, poluindo o ar, somente
os vizinhos-confrontántes poderiam pensar em promover uma ação. Hoje, a sociedade
tem o poder de ação através do Ministério Público ou associação criada para proteger
o meio ambiente.
Essa lei tem objetivo principal disciplinar a Ação Civil Pública de Responsabilidade por
Danos Causados ao Ambiente, ao Consumidor, aos Bens de Direito de Valor Artístico,
29
Estético, Histórico, Turístico e Paisagístico. Inovação que também merece destaque é a
instituição do Inquérito Civil Público, previsto no art. 8º, da Lei 7347/85, que pode ser
instaurado pelo Ministério Público para apuração e investigação de qualquer denúncia
relativa à ofensa a direitos e interesses difusos e coletivos, como a lesão ambiental.
O Inquérito Civil Público é sempre presidido por um Promotor de Justiça. Para tanto,
ele pode requisitar informações e documentos de qualquer entidade pública e privada,
assim como notificar pessoas físicas ou jurídicas para prestarem declarações sobre
fatos de que se tenha conhecimento. O referido instrumento, de natureza inquisitória,
serve como base para o ajuizamento da Ação Civil Pública ou de outras medidas
judiciais cabíveis para a prevenção ou a reparação do dano ambiental.
a) Valor
b) Avaliação Ambiental
30
O procedimento da estimativa do valor de mercado tem como objetivo, por
exemplo, orientar atos de compra e venda, decisões quanto à escolha entre
alternativas, avaliações comparativas, avaliações fiscais, análises de garantias,
estimativas de prejuízos, indenizações e determinação da importância de setor.
a) Lei No 6.838 de 31 de agosto de 1981 – Lei que dispõe sobre a Política Nacional
de Meio Ambiente;
Art 2º
A PNMA tem por objetivo a preservação e recuperação da qualidade
ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições ao
31
desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança e à
proteção da dignidade humana, atendidos os seguintes princípios:
Degradação Ambiental
Poluição Ambiental
Inc V do Art. 3º
Recursos ambientais
32
Parágrafo 1o do Art 14º
Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o
poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a
indenizar ou reparar os danos causados ao ambiente e a terceiros,
efetuados por suas atividades. O Ministério Público da União e dos
Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e
criminal por danos causados ao meio ambiente.
Art 3º
A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o
cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer (recuperação
ambiental)
Art 4º
Ação cautelar
Evitar e prevenir os danos ambientais, bem como aos demais
interesses difusos ou coletivos.
Art. 6º
Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a
iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre
fatos que constituam objeto de ação civil e, indicando-lhe os elementos
de convicção.
Art. 10º
Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos,
mais multa de ..., a recusa, o retardamento ou a omissão de dados
técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando
requisitados pelo Ministério Público.
Art. 13º
Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado
reverterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos
33
Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e
representantes da comunidade, sendo seus recursos destinados à
reconstituição dos bens lesados.
Art. 18º
Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má fé, em
honorários de advogado, custas e despesas processuais.
Parágrafo 3o
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos
causados.
Art 192º
A execução de obras, atividades, processos produtivos e a exploração
de recursos naturais de qualquer espécie, quer pelo setor público, quer
pelo privado, serão admitidas se houver o resguardo do meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Art. 193º
O Estado, mediante lei, criará um sistema de administração da
qualidade ambiental, proteção, controle e desenvolvimento do meio
ambiente e uso adequado dos recursos naturais, para organizar,
coordenar e integrar as ações de órgãos e entidades da administração
pública direta e indireta, assegurada a participação da coletividade, com
o fim de:
...
XIV – promover medidas judiciais e administrativas de
responsabilização dos causadores de poluição ou degradação
ambiental;
...
34
XX – controlar, fiscalizar obras, atividades, processos produtivos
e empreendimentos que, direta ou indiretamente, possam
causar degradação do ambiente, adotando medidas preventivas
ou corretivas e aplicando sanções administrativas pertinentes;
Art 195º
As condutas e atividades lesivas ao ambiente sujeitarão os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, com
aplicação de multas diárias e progressivas no caso da continuidade da
infração ou reincidência, incluídas a redução do nível de atividade e a
interdição, independe da obrigação dos infratores de reparação aos
danos causados.
Art. 15º
São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou
qualificam o crime:
...
a) para obter vantagem pecuniária;
b) ...
c) afetando ou exposto a perigo, de maneira grave, a saúde
pública ou o meio ambiente;
...
35
Art 17º
A verificação da reparação a que se refere o parágrafo 2o do art. 78 do
Código Penal será feita mediante laudo de reparação do dano
ambiental, e condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-
se com a proteção do meio ambiente.
Art 19º
A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível,
fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de
fiança e cálculo de multa.
Parágrafo único
A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser
aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório.
Art 79º - A
Para o cumprimento do disposto nesta Lei, os órgãos ambientais
integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e
projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das
atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam
autorizadas a celebrar, com força de título executivo extrajudicial,
termo de compromisso com pessoa física ou jurídica responsáveis por
construção, instalação, ampliação e operação de estabelecimentos e
atividades utilizadoras de recursos naturais, considerados efetiva ou
potencialmente poluidores (vide, também, art. 19 da Lei da ACP).
Parágrafo único
36
3. ASPECTOS TÉCNICOS DA PERÍCIA AMBIENTAL
A perícia ambiental tornou-se uma área técnica específica de atuação profissional. Tem
por objetivo esclarecer a existência ou não de ameaça ou dano ambiental. É realizada
por profissional de nível superior com requisitos morais e éticos inerentes ao trabalho.
O perito deve ser capacitado na área ambiental específica a ele designada. Deve estar
apto para esclarecer dúvidas apresentadas nos quesitos, na fase processual específica,
e preencher os requisitos do Código de Processo Civil (art. 145 e §s).
Designado pelo juiz, o perito ambiental atua como auxiliar da Justiça, assessorando o
juiz na formação de seu convencimento. Pessoa da confiança do magistrado, cabendo-
lhe produzir, ao final do trabalho, o laudo pericial. A fundamentação técnica do laudo e
a responsabilidade do perito sobre as informações são tratadas, respectivamente, no
art. 429 e 147 do Código Processual Civil (CPC).
No laudo ou parecer técnico, o que importa é a fundamentação técnica, que deve ser
calcada em elementos objetivos, analisados e interpretados por métodos adequados,
que conduzam a conclusões técnicas irrefutáveis. São inúteis considerações de ordem
jurídica, sendo esta tarefa exclusiva dos advogados. Ocorre, porém, que alguns peritos
produzam laudos e pareceres esquecendo sua missão, que é essencialmente técnica.
37
Então, como deve atuar um assistente técnico?
Sabe-se que a prova pericial deve ser produzida com atenção, zelo e competência, sob
pena, após ser enviada ao juízo, ver o trabalho perdido e interesses comprometidos,
provocando assim, prejuízo material e a insatisfação do cliente. A assistência técnica
requer competência, interesse, trabalho investigativo, ética, comprometimento com a
causa e, o mais importante: vontade de vencer. Sempre se diz diante da discussão de
matéria técnica: consulte um perito da área.
1.
2.
3.
3.1
3.2 ETAPAS DA PERÍCIA AMBIENTAL
As principais etapas de uma perícia ambiental são a nomeação do perito pelo juiz ou
indicação de assistentes pelas partes, análise inicial do caso, elaboração do orçamento,
petição dos honorários, formação da equipe, elaboração do plano de trabalho, análise
documental, visitas de campo, entrevistas, coleta de amostras, análises de amostras no
laboratório, análise de resultados, respostas aos quesitos, conclusões, recomendações
e a elaboração do laudo pericial.
38
Após o recebimento da intimação da sua nomeação, o perito se dirige ao Foro, mais
precisamente, ao cartório ou secretaria onde corre o processo, fazendo carga em seu
nome para estudá-lo, para apresentar a proposta de honorários.
É recomendado que o perito faça a proposta de honorários após o conhecimento dos
quesitos das partes, para conhecer melhor a extensão do trabalho que será realizado e
calcular o valor dos honorários. A proposta de honorários será feita por uma petição.
Na perícia ambiental é preciso formar equipe multidisciplinar de especialistas. Para
tanto, estuda-se o processo e os quesitos, para estabelecer a equipe dos especialistas,
os materiais, métodos e horas necessárias para fazer a perícia. É importante também
incluir os custos das análises das amostras que serão coletadas. No anexo, encontra-se
uma planilha para elaboração do orçamento inicial das perícias ambientais.
O planejamento das atividades é uma das etapas mais importantes da perícia. Deve ser
sistemático e criterioso, para a obtenção de resultados consistentes que sejam aceitos
pela comunidade científica. Os recursos e os prazos para executar a perícia devem ser
estabelecidos de forma adequada, no sentido de atender objetivos estabelecidos no
tempo disponível. Os itens considerados na elaboração do plano de perícia ambiental
são: caso investigado, objetivos, materiais e métodos, planos de amostragem, ensaios
analíticos, equipe, cronograma e orçamento. O plano de amostragem deve considerar
a pesquisa documental, as entrevistas e coleta de amostras no campo.
Serão coletadas amostras de água nos dez poços de monitoramento, instalados para o
diagnóstico, mais especificamente, 4 em torno do local onde ocorreu o derrame, e nos
6 poços instalados na direção do lençol freático. Nos primeiros poços, serão coletadas
amostras do solo para investigar a taxa de infiltração do óleo derramado. Nas amostras
de água serão avaliados os componentes do óleo, pH, temperatura, condutividade e O2
dissolvido, além de outros parâmetros indicadores de qualidade da água subterrânea.
Para condições favoráveis de clima, estima-se que para coletar as trinta amostras de
água serão necessários oito dias de trabalho. Além disso, mais vinte oito dias para
análises de laboratório e quatro dias para avaliar resultados e responder ao quesito.
Portanto, serão necessários 20 dias úteis de trabalho.
Para que as amostras possam ser relacionadas aos pontos de coleta é preciso que as
caixas e os frascos sejam identificados com etiquetas adesivas. Nas etiquetas indicam-
se: local (rio, mar); ponto de coleta (montante, jusante); data e hora. Todos os frascos
de amostras coletadas no mesmo ponto são considerados como uma única amostra.
Assim, devem ser afixadas etiquetas iguais na caixa de coleta e nos frascos.
42
por exemplo, ponto do acidente, produtos, peixes e animais mortos visíveis. No anexo,
está uma ficha de coleta de amostras ambientais para auxiliar nos trabalhos de campo.
A caixa térmica deve ser preenchida com gelo, dentro de sacos plásticos, após a
conclusão da amostragem. Os frascos devem ser bem tampados e arranjá-los de forma
correta no interior da caixa de coleta para não virarem, caso o gelo derreta.
Os quesitos são perguntas que as partes ou o juiz fazem ao perito, para esclarecer os
fatos que constam no processo. Os quesitos formulados estão sujeitos à aprovação do
juiz. Para responder aos quesitos da perícia ambiental utilizam-se dados técnicos das
normas, fotografias, referências bibliográficas, modelos de simulação, questionários e
respostas de entrevistas, visitas de campo, resultados de laboratório, entre outros.
O perito deve responder aos quesitos apresentados pelas partes da lide, elucidando da
melhor forma possível o objeto da perícia, mas não se restringindo ao teor deles para
tornar claros os fatos reclamados nos autos. Observa-se que, se o perito apenas
responder aos quesitos do réu, dependendo da forma com que foram escritos, corre o
risco de tornar o laudo incompleto ou até favorecer indevidamente uma das partes
A. EXAME DO LOCAL
11. Área de Preservação: Avaliar se o local está inserido em área protegida por lei
(Parque, Estação Ecológica, Reserva Biológica, etc.).
44
12. Atividades previstas, ocorridas e existentes: Relatar as tecnologias utilizadas nas
fases da implantação e operação do empreendimento.
15. Uso atual da terra: Constatar o uso atual da terra, dar o percentual utilizado pela
agropecuária.
16. Uso atual da água: Constatar o uso da água, bem como obras de engenharia
(canal, dique, barragem, drenagem). Verificar se ocorrem fontes poluidoras.
20. Perspectivas da evolução ambiental da área: Inferir sobre qual seria a evolução
da área com ou sem o empreendimento.
C. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
45
As conclusões devem ser claras e sucintas. As ocorrências importantes devem também
ser consideradas, para concluir-se sobre o dano e a perspectiva da evolução do estado
de conservação . Nas conclusões também podem ser apresentadas as recomendações
sobre as ações de segurança e de compensação que devem priorizadas e realizadas.
1. APRESENTAÇÃO
2. PRELIMINARES
3. PERÍCIA
A perícia se caracteriza como uma vistoria no âmbito do direito legal, nível de precisão normal.
Em 12/10/1995: Movida ação ordinária de indenização por perda e dano contra o Município...
Área avaliada: 20 ha (hectare), Registro de Imóvel no197722 a 197729, Comarca de...
Motivos:
Proliferação de odores, moscas e ratos que alteram a qualidade de vida, a fauna e a flora,
no mínimo no entorno de 1000 metros de distância do local em análise;
Alega a Autora que a PM..., instalou a usina na propriedade dos autores, sem as cautelas legais
necessárias da desapropriação direta, resultando nas condições descritas na peça inicial. Alega
que na referida usina nunca foi feita reciclagem e a correta compostagem, sendo o lixo
depositado em valas positivas, ou seja, acima do nível da terra, gerando um imenso depósito
de lixo. Alega a desvalorização das terras adjacentes, a que seria inevitável independente em
qualquer propriedade que fosse instalada a usina de lixo. Ratifica o pedido de nomeação de
PERITO, indica o Assistente Técnico da Autora e apresenta os Quesitos.
5. QUESITOS E RESPOSTAS
47
Da Ré
Um aterro sanitário bem projetado, conforme apresentado pela técnica ambiental Senhora,...
na....., é uma das possibilidades de destino final para o lixo urbano, embora como descrito
acima nas preliminares, esta técnica está sendo gradualmente abandonada devido ao fato do
aterro ter uma vida útil curta, ser de difícil operação e a resistência da população vizinha.
Um aterro sanitário, por melhor operado que seja sempre causa dano ao meio ambiente.
Logicamente que quando bem operado, o dano é tolerável. Mas o levantamento de pó, certo
odor e poluição sonora são impactos que não podem ser de todo eliminados. Isto significa que
em parte, a qualidade ambiental é diminuída pela redução das amenidades ambientais, isto
ocorre através da redução do bem estar, um dos fatores de dano indireto na avaliação
ambiental e de alguma contaminação esporádica da água do lençol freático. Esta avaliação
somente poderá ser feita após a entrada definitiva em operação e deverá ficar entre 2 a 5% a
queda da qualidade ambiental dos parâmetros acima. Adiciona-se ao dano de pequena monta
acima, os danos ainda remanescentes do impacto intermitente que são os danos continuados,
mesmo após a eliminação do elemento fonte. Este dano ocorre após muitos anos (veja
metodologia CATE).
Até a data da primeira vistoria, em 17/08/2000, praticamente o aterro era um lixão a céu
aberto. Na segunda visita, em 19/12/2000, a situação continuava a mesma. Já na última visita,
em 08/02/2001, a situação era de construção de lagoas de tratamento do “chorume”. As obras
se encontravam concluídas. Existia no local, na data de 08/02/2001, placa indicativa de
financiamento através do..., com contrapartida da Prefeitura.
Quesito 04 – Trará alguma vantagem a coleta seletiva de lixo com relação às alegações do
Autor?
Sim muitas, pois a coleta seletiva serve para reduzir o volume de lixo e diminuir os espaços
onde possam instalar as colônias de bactérias, com isto a carga orgânica responsável pela
formação do “chorume’ e do odor diminui um pouco, pois as bactérias levarão mais tempo
para se multiplicarem. Isto será vantagem no caso de uma camada de argila ser aplicada sobre
a de lixo depositado diariamente. Cabe salientar que este processo diminuirá em muito o risco
de contaminação e redução do bem estar da população. Por outro lado, a matéria orgânica
degradada ocupará o mesmo volume, portanto, se a coleta e tratamento do chorume não
forem feita de forma adequada, como está sendo feita agora, então para a água não trará
nenhum benefício. Saliento que o projeto apresentado à... contempla a coleta e posterior
tratamento do “chorume” em lagoas. A eficiência deste sistema somente será avaliada quando
em operação.
48
Quesito 05 – Para melhor avaliação dos fatos e uma análise mais apurada não seria
necessária, a realização de uma perícia feita por esperto, mais específico do assunto de meio
ambiente?
Este laudo está sendo elaborado dentro do estado da técnica atual de meio ambiente e com
conceitos internacionais, ser ferir os diplomas legais a cerca do assunto no Brasil, ou seja, CF
art. 255, MP 1570-1.
Quesito 06 – Existe próximo ao local qualquer tipo de cultivo agrícola dos Autores? Em caso
positivo quais? E a que distância da sede da Usina de Lixo?
Sim existia próximo ao local da data da vistoria uma plantação de milho de mais ou menos
30.000 m2 e um parreiral de aproximadamente 40.000 m2. O início das plantações estava a
menos de 200 metros da sede da usina de lixo.
Quesito 08 – Como a usina operando dentro dos projetos de município, causará ao meio
ambiente, inclusive aos Autores algum dano?
Dos Autores
Quesito 01 – Qual a data que o Município instalou o depósito de lixo nas terras dos Autores?
O depósito de lixo foi instalado em 29 de novembro de 1992; oito anos, três meses e dias.
49
Não, o que existiu foi a Licença de Instalação acima referida, emitida em 1996 e, como não
foram tomadas todas as medidas necessárias, inclusive o pedido de Licença de Operação, a
mesma caducou um ano depois. É de salientar que a Usina só pode operar depois de ter o
Licenciamento de Operação, o que não existe. Em 23 de fevereiro de 2000, com a área já
degradada, foi feito um Termo de Compromisso Ambiental (TCA), processo No..., entre a
Prefeitura de... e, a.........., para a implementação de medidas para a recuperação da área
degradada e uso para um Aterro Sanitário. A Prefeitura não cumpriu o prazo acordado e, em
13 de fevereiro de 2001 foi acertado um aditivo, com prazo final em 30 de maio de 2001.
Todos os prazos deverão estar cumpridos conforme o aditivo nesta data.
A área licenciada não é definida com clareza na Licença de Instalação da,..., conforme
informação da técnica... Deveria ser definido com clareza no pedido de Licenciamento, o que
não aconteceu. Claro que o pedido de licenciamento inicial foi para as terras da viúva..., e que
as terras dos..., bem como as terras de... e, esposa, compradas posteriormente pela Prefeitura,
não fazem parte da Licença de Instalação pedida, nem do TCA acordado. Portanto, a Prefeitura
em hipótese nenhuma poderia estar lançando lixo nestas áreas.
O mapa da figura 23 configura a situação atual, onde parte do depósito de lixo da Prefeitura
avança nas terras de..., e outros tomando uma área de 140 metros por 110 metros, na parte
que faz fronteira com as terras de..., e Esposa, que foram adquiridas pela Prefeitura
posteriormente para expansão do depósito de lixo.
A Prefeitura pediu licenciamento em 1996, como já jogava lixo no local, o licenciamento foi de
instalação. Como não cumpriu o prazo, a Licença de Instalação caducou. Continuou irregular e,
após muitos problemas, inclusive incêndios no local, poluição, reclamações da comunidade, foi
notificada pelo Ministério Público. Chegou novamente a um acordo e assinou um TCA, que por
sua vez também não cumpriu. Novamente, em 13 de fevereiro de 2001, foi dada prorrogação
com prazo final em maio de 2001 para que todas às ações a serem tomadas sejam encerradas.
A não observância aos requisitos legais sempre traz danos à natureza, alguns irreversíveis,
principalmente, os serviços ambientais afetados. As áreas contíguas ao lixão são as mais
50
afetadas, pois a pluma de contaminação é mais intensa nas áreas próximas, diminuindo a
medida que nos afastamos da fonte de contaminação. A água é mais afetada em propriedades
de nível inferior a fonte e a contaminação aérea pela direção predominante dos ventos.
Quesito 08 – Quanto tempo seria necessário para a recuperação da área onde está o
depósito de lixo seguindo o procedimento exigido pela... ?
Todo o tipo de atividade agrícola é prejudicado com o depósito de lixo em sua vizinhança,
principalmente, se o depósito está localizado acima do nível da terra na qual a cultura está
sendo avaliada.
Houve maiores gastos de custeio devido às pragas originadas pelo depósito de lixo, isto está
calculado no item 06.
Quesito 11 – Quais as variedades frutíferas cultivadas pelos Autores nas terras próximas ao
aterro?
Viníferas 4,0 ha, milho 3,0 ha e culturas variadas para consumo próprio.
Quesito 12 – Poderia o perito estimar em quanto a menor foram às colheitas dos Autores,
por força da instalação do aterro, face à eventual presença de insetos ou outras pragas e
moléstias dele oriundas?
O cálculo apresentado no item 06 do laudo foi baseado no custo direto ambiental para os 4 ha
plantados de viníferas e no custo de oportunidade para os demais hectares plantados,
baseado-se no princípio que existe a oportunidade de rendimento no restante das terras com
a cultura que família e a comunidade dos arredores tem maiores conhecimentos. Este custo é
recomendável para desapropriações de áreas florestais e danos ambientais. O proprietário
perde a oportunidade de produzir por externalidades, às quais lhe impõem prejuízos sem lhe
dar nenhum benefício.
Quesito 13 – As áreas dos Autores estão num plano mais alto que as abrangidas pelo
depósito de lixo?
Sim, a água da propriedade dos Autores sofre de contaminação devido ao depósito de lixo
conforme laudo do laboratório..., em anexo.
51
Quesito 14 – Existiria a possibilidade de através da força da gravidade, os detritos e/ou
líquidos (chorume) escorrerem para a propriedade dos Autores? Em caso positivo, qual a
extensão da área atingida?
Conforme literatura, a pluma de um depósito de lixo pode atingir até 1.500 metros de
distância da fonte na direção predominante. Como foi comprovada por análise, a
contaminação atinge inclusive a água corrente da propriedade dos Autores.
Quesito 15 – A que distância está localizada a área dos Autores em relação à edificação
central do depósito de lixo?
Num raio de 1000 metros. Sendo que a edificação central não é o centro de contaminação do
depósito de lixo e sim a área localizada atrás do depósito de lixo, ou seja, as pilhas formadas.
Quesito 16 – Qual a profundidade até o nível de água existente no lençol freático do subsolo?
É passível de contaminação?
A água existente no lençol freático tem profundidade variável dependendo da época. Á água
do lençol freático é passível de contaminação já que é alimentada pela absorção da água da
chuva pelo solo. Como a área do depósito de lixo está acima das terras dos Autores, toda a
lixívia resultante da pilha do depósito é infiltrada pelo solo, contaminando a água do lençol
freático que é o mais sensível à contaminação.
O dano ambiental foi dividido em Dano as Viníferas e Dano à Água. Para efeito de
desvalorização do terreno supõe-se que o dano ambiental calculado inclui as Perdas de
Desvalorização já que a propriedade perde em amenidades e produção. Para efeito de
produção, foi considerada a perda de produção por oportunidade ou Custo de Oportunidade,
pelo fato de não poder fazer.
6.1. METODOLOGIA
O método utilizado para o cálculo dos danos ambientais à produção agrícola foi feito para o
dano à produção vinífera existente e para o custo de oportunidade de produção de viníferas.
Salienta-se que o custo de oportunidade é passível de cálculo neste caso, pois a região é de
aptidão para o cultivo de viníferas.
O valor médio de produção é de 1.698,83 kg/ha, baseado nos dados do município. O valor
encontrado é a divisão de produção média de 43.300.000 kg/ano pela área do município que é
de 254,88 km2.
52
6.2.1 PLANTAÇÃO EXISTENTE:
Custo de produção: 50% preço venda + diferença por uso do defensivo agrícola;
Custo de formação: 0,07 R$/kg x 1,4 (aumento de custo) = 0,098 R$/kg (foi
considerado o aumento de 40% no custo de formação pelo uso de defensivos agrícolas
e mão de obra na aplicação);
Diferença entre o custo normal de formação e manutenção e o custo de formação e
manutenção após a instalação do aterro de lixo = 0,098 – 0,070 = 0,028 R$/kg.
Não foram consideradas as outras culturas, devido ao fato de ter sido calculado o Custo de
Oportunidade para a área onde não existem viníferas plantadas. Observa-se que o CO e o dano
as viníferas foram calculados baseados em índices de produtividade média por hectare, que
normalmente é abaixo do que uma propriedade produz. Isto se deve ao fato de que, da área
do município, deveria ser descontado a área urbana, estradas, galpões, residências rurais,
florestas, etc. Portanto, o valor é bastante conservativo.
53
6.3. CÁLCULOS DO DANO AMBIENTAL À ÁGUA
VPM – Valores máximos permissíveis; GWQ – A Guide to Water Quality – Agência EPA Canadá,
1979; Classe 1 – RESOLUÇÃO CONAMA
54
CÁLCULO DO ÍNDICE DE QUALIDADE PARA ÁGUA POTÁVEL E DESSEDENTAÇÃO ANIMAL
55
- CALCULO DO IMPACTO AMBIENTAL (UIA)
Por definição,
UIA = (UPI) x (I Q A)
Os resultados acima indicam que a qualidade da água para potabilidade é de 65,85%, portanto,
o dano para a água é igual a,
Como os índices de Nitrogênio amoniacal e de Coliformes Fecais foram maiores que os valores
máximos permitidos, a água é considerada não potável, embora, o seu índice de qualidade
tenha sido de 65,85%. Portanto, o dano neste caso é total, pois a propriedade não dispõe de
sistema de tratamento da água contaminada.
56
Para a faixa de consumo de 42 m3 / mês, o custo é de R$ 1,77 / m3, conforme a referência da
Companhia de Água, portanto o dano direto a água será de,
Dano Direto Água Dessedentação: 96,725 m3 / ano x R$ 1,77/ m3 = 171,20 R$/ ano
Custo do dano direto anual = 47,56 R$ / ano x 4 + 214,67 R$ / ano x 16 + 902,77 R$ / ano + 171,
20 R$ / ano = R$ 4.698,93/ano
Custo do Dano Indireto: Conforme valores apresentados na Tabela 2.4.6 do método CATES,
(Fi/d) = 2 é um índice razoável, considerando a redução do bem estar da população em relação
apenas a custo de dano da água.
Custo Ambiental Total = Custo do Dano Total as Viníferas + Custo Total Dano Água
57
DANO AMBIENTAL À PROPRIEDADE ATÉ O MOMENTO
Supondo que a partir de maio não haverá mais degradação significativa do sitio, ou seja, a
usina irá funcionar dentro dos padrões com impacto tolerável, com taxa de juros 4% ao ano e
n = 25 anos (uma geração) temos,
(Vd C d Fi / d ) (1 j ) n
CATE = (5.772,90 R$ / ano x 2,6658) / 1,6658 = R$ 9.238,44
(1 j ) n 1
Supondo que a partir de maio não entre em operação a usina de lixo, teremos,
(VC C d Fi / d )[(1 j ) n 1]
CATE = (5.772,90 R$ / ano) x 1,6658 / 0,1066 = R$ 90.211,03
j (1 j ) n
A PM de..., mantém em sua administração uma área degradada pela disposição de lixo durante
oito anos e quatro meses. O dano ambiental é muito maior que o calculado conforme os
quesitos acima. O balanço social não foi calculado e incluído por não ter sido solicitado.
A propriedade avaliada sofreu uma externalidade ambiental, o que significa que alguém tem
um benefício e outro sofre um dano. No caso o benefício foi adquirido pela comunidade e o
dano foi imposto às pessoas que moram no entorno do aterro de lixo. É importante salientar
que este cálculo de dano ambiental foi realizado exclusivamente para a propriedade dos
Autores. O dano foi, portanto tratado tecnicamente de interesse individual homogêneo, e por
isso passível de direito ambiental com a formulação matemática para dano ambiental. Por isto
todas as desvalorizações da propriedade já estão inclusas. Devido a este fato, conclui-se que o
dano ambiental total de origem ambiental causado à propriedade dos Autores é o seguinte:
8. CONCLUSÃO
O depósito de lixo da Prefeitura..., está trazendo um dano ambiental à área localizada em... Os
benefícios auferidos pela comunidade de..., não foram avaliados, mas sim o dano no caso
existente à propriedade dos autores. A metodologia usada é bastante conservadora, pois foi
calculado o dano ambiental sem considerar a valoração de bens de serviço ambiental
realizados pela flora e fauna local, que indiretamente beneficiam o ecossistema. Portanto,
pode-se com certa segurança afirmar que estes danos seriam os de menor custo. É importante
afirmar que o dano calculado à propriedade dos Autores é parte do dano total e não pode ser
usado como base para outras propriedades vizinhas e de diferentes variáveis ambientais.
59
4. AVALIAÇÃO SISTEMÁTICA DOS IMPACTOS AMBIENTAIS
com Impacto
ta to ti tf tc
Figura 4.1 Impacto ambiental em função do tempo, ta = momento antes do impacto, to =
momento de ocorrência do impacto, ti = momento do início dos efeitos do impacto no meio, tf
= momento após o impacto e finalização da ação e tc = momento de interesse considerado.
61
4.3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Essa licença é solicitada após a licença prévia. Nessa fase são apresentados os planos e
os programas ambientais tais como: Planos de Controle Ambiental, Programas de
Recuperação Ambiental, Projeto das Unidades de Tratamento dos Efluentes Industriais
e os Programas de Gerenciamento de Risco. Os documentos são semelhantes aos
apresentados anteriormente, porém, adequados a essa fase do licenciamento. Após
obtenção dessa licença, o interessado poderá iniciar a implantação da atividade.
No caso da Perícia Ambiental é obrigatório verificar todas as licenças. Por outro lado, a
análise sistemática do EIA - RIMA permite obter informações importantes para realizar
a perícia e responder aos quesitos. Portanto, caso exista um EIA já desenvolvido para a
empresa ou atividade investigada não se deve deixar de solicitá-lo, ele certamente será
bastante útil. A partir desse ponto, as técnicas utilizadas para avaliação de impactos
ambientais serão descritas e aplicadas para a prática da pericia ambiental.
62
A caracterização dos impactos ambientais é realizada considerando seus elementos e
suas possibilidades. É importante identificar, classificar, analisar e avaliar os impactos
ambientais negativos decorrentes da lesão ambiental (ITGE, 1998).
O meio inerte inclui os fatores ambientais ar, solo, água e processos do meio inerte; o
meio biótico engloba os fatores vegetação, fauna, processos do meio biótico; o meio
perceptual inclui os fatores paisagísticos e singulares. No componente população são
considerados fatores culturais, nível de renda, atividades econômicas da comunidade.
No componente infra-estrutura são consideradas as atividades e elementos urbanos.
63
A partir da classificação do ambiente são analisadas as características dos impactos
ambientais. A importância do impacto é medida qualitativa do mesmo, obtida a partir
do grau de incidência (intensidade) da alteração produzida e caracterização do efeito,
verificada por uma série de atributos preestabelecidos. Os atributos para valoração da
importância do impacto ambiental estão na Tabela 4.2
Esse método emprega cinco critérios, divididos em dois grupos, para calcular o índice
de impacto (ES) dos componentes ambientais com uma matriz. O índice ES classifica os
impactos ocorridos nos componentes em escala numérica e alfabética. Os critérios do
primeiro grupo avaliam a importância e a magnitude da condição estabelecida pelo
impacto no componente, em função de benefícios, prejuízos, interesses da população
local e fronteiras (PASTAKIA, 1998).
(B1) – PERMANÊNCIA
Define se a condição estabelecida é
(1) = não-aplicável / sem mudança permanente ou temporária no tempo.
(2) = temporária
(3) = permanente
(B2) – REVERSIBILIDADE
Define se a condição estabelecida pode ser
(1) = não-aplicável / sem mudança revertida e indica também o nível de
(2) = reversível controle sobre o efeito da condição
(3) = irreversível estabelecida.
(B3) – ACÚMULO
A1, A2, B1, B2 e B3 - são os valores dos critérios de avaliação do impacto ambiental
atribuído a partir dos dados da Tabela 4.4.
67
ANÁLISE DOS RESULTADOS
A partir dos resultados obtidos podemos concluir que os componentes do grupo Físico-
Químicos foram os mais afetados e causaram as maiores alterações dos componentes.
Os dados da Tabela 4.5 indicam que a contaminação do riacho e do banhado foram os
mais relevantes. Os dados da Figura 4.2 indicam que os impactos negativos da
contaminação do solo estão no centro da escala de valores do ES, ou seja, podem ser
considerados como impactos de muito pouco a modernamente negativos.
Com a aplicação desse método foi possível avaliar os impactos ambientais provocados
pelo vazamento de óleo, identificar de forma sistemática os componentes ambientais
mais afetados, determinar os índices de impacto ES, para comparar e determinar os
impactos mais relevantes do acidente investigado.
68
SOLO
12
10
-E -D -C -B -A N A B C D E
PC BE
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
-E -D -C -B -A N A B C D E -E -D -C -B -A N A B C D E
SC EO
6 6
5 5
4 4
3 3
2 2
1 1
-E -D -C -B -A N A B C D E -E -D -C -B -A N A B C D E
Figura 4.2 Índice de impacto ES dos grupos de componentes (PC) Físico-Químicos, (BE)
Ecológico-Biológicos, (SC) Sócio-Culturais, (EO) Econômico-Operacionais afetados pela
contaminação do solo com óleo derramado no acidente
EXEMPLO
2 Q 10
6 xn 2 2 x v
2
exp y
1
C( x y ) H 1
2 2 n 2 u 1 n H u
3.14 D u x D 1 2
2 x v
x0 10 m x1 1500 m
y0 50 m y1 50 m
1.6 10
5
256 1.781·10 -5
307 1.893·10 -5
1.836·10 -5 1.4 10
358 5
409 1.708·10 -5
460 1.558·10 -5
1.2 10
5
511 1.409·10 -5 C (mg/Nm3)
562 1.271·10 -5
1 10
5
613 1.147·10 -5
664 1.038·10 -5
8 10
6
715 9.41·10 -6
766 8.561·10 -6
6 10
6
817 7.816·10 -6
868 7.159·10 -6
919 6.58·10 -6
4 10
6
970 6.066·10 -6
1.021·10 3 5.61·10 -6
2 10
6
1.072·10 3 5.203·10 -6
1.123·10 3 4.839·10 -6
1 10
14
1.174·10 3 4.511·10 -6 0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500
distância axial (m)
71
EXEMPLO
Figura 4.4 Simulação das populações dos peixes infectados, resistentes e sensíveis à
epidemia, originada pelo lançamento de produtos tóxicos
Os resultados obtidos indicam que nos primeiros meses o número de peixes sensíveis
reduz, enquanto, as populações dos peixes contaminados e resistentes aumentam.
Revelam também que, durante um ano, os efeitos do acidente afetam as populações
de peixes (comportamento oscilatório); após esse período espera-se que o
ecossistema retorne ao equilíbrio, mas ainda com a presença de peixes contaminados.
Isto significa que, no mínimo durante este período, a pesca deve ser proibida.
72
Figura 4.5 Número de peixes das populações atingidas pelo acidente
73
EXEMPLO
Um vazamento de petróleo atingiu o solo e vegetação de uma região industrial. Para
estabelecer a área que foi contaminada pelo petróleo foi empregada uma imagem de
satélite, obtida no dia do acidente. Com um Sistema de Informações Geográficas (SIG),
a imagem foi georeferenciada, identificadas as feições de interesse, e classificada pela
técnica da Máxima Verossimilhança e Segmentação de Objetos. Após a classificação
foram determinadas as dimensões das áreas afetadas pelo acidente.
Na Figura 4.6 está indicada a região atingida pelo óleo no acidente. A classificação da
imagem pela Máxima Verossimilhança foi realizada em várias etapas. Inicialmente
foram determinados os componentes principais da imagem para identificar as classes
de interesse (cinco). Em seguida, foi realizada a classificação não-supervisionada para
obter as classes de treinamento.
Com os resultados da etapa anterior foi realizada uma classificação mais refinada da
imagem pela Máxima Verossimilhança. Para melhorar os resultados foram obtidos os
dados de declividade e orientação geográfica do terreno, através do SIG. Na Figuras de
(a) - (f) estão indicados, respectivamente, os componentes principais; a declividade; os
aspectos; as classes, os dados integrados e resultados da classificação da imagem.
74
(a) Componentes Principais (d) Classes identificadas na imagem
75
Os resultados indicam que a soma das áreas de classes identificadas na imagem é igual
a 129.338,90 m2 (13 ha). Deste total, 3,5 ha correspondem à vegetação; 2,2 ha ao
solo, 1,1ha às estradas; 2,9 ha à sombra e 3,3 ha à superfície coberta com óleo. Logo, a
superfície afetada por óleo corresponde, aproximadamente, a 25,4% da área total na
imagem analisada. Na Figura 4.7 estão os resultados obtidos.
Figura 4.7 Área da sombra, vegetação, óleo, solo exposto e das estradas
Os resultados obtidos indicam que a soma das áreas de todos os objetos classificados é
igual a 38,5 ha. Desta área total, 8,4 ha são do solo; 16,8 ha da flora; 9,5 ha da região
com óleo, 2,4 ha das estradas e 1,4 ha superfície da sombra. Neste caso, a área coberta
com óleo representa, aproximadamente, 24,68% da área total dessa região analisada.
As áreas das classes na 1ª e 2ª região, respectivamente, são: solo (17 e 21,28%); flora
(27,1 e 43,64%); óleo (25,4 e 24,68%), estradas (8,5 e 6,23%) e sombra (22,3 e 3,64%).
Assim, na segunda região da imagem existe mais vegetação que na primeira e menos
sombra, mas, para as outras classes das feições analisadas, as áreas são semelhantes.
76
(a) Imagem de satélite (d) Identificação das classes
Figura 4.8 Tratamento e classificação da imagem: (a) original; (b) segmentada; (c) identificação
de objeto (óleo); (d) identificação das classes (flora, óleo, estrada, solo); (e) dados treinamento;
(f) imagem classificada
77
4.8 OUTROS MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
A técnica da Matriz de Interação é uma lista bidimensional que faz o cruzamento das
condições e características dos fatores ambientais com as ações prejudiciais. As
interações destes elementos são analisadas pela magnitude e importância. A
magnitude representa a extensão das interações entre características ambientais e
ações prejudiciais. Na Tabela 4.8 está um exemplo da Matriz de Interação.
MÉTODO BATELLE
O método também emprega uma série de curvas dos elementos para definir a relação
de pertinência entre o valor numérico do elemento a sua qualidade ambiental. Um
ponto crítico da técnica é que nem sempre a escolha dos melhores componentes de
qualidade é óbvia. Outro ponto crítico é a designação da Importância Relativa dos
componentes. Caso não seja adequada para fazer a avaliação, tanto os componentes
biofísicos como os socioeconômicos perdem ênfase.
0.8
Calidad Ambiental
0.6
0.4
0.2
0 2 4 6 8 10
Oxigeno Disuelto (mg/l)
79
4.9 AVALIAÇÃO DE RISCO TOXICOLÓGICO À SAUDE
80
ABSORÇÃO HUMANA
VIAS DIRETAS
ÁGUA POTÁVEL ALIMENTOS
SOLO
Onde:
I = ingresso (mg/kg dia);
C = concentração da substância no meio de contato (mg/L de água);
CR = taxa de contato (ex: litros/dia);
EF = freqüência da exposição (dias/ano);
ED = duração da exposição (anos);
BW = massa corpórea (kg);
AT = tempo médio (dias).
81
Tabela 4.9 Valores de exposição de contaminantes, em função do uso do solo
Uso do solo Via de exposição Taxa
Residencial Ingestão de água 2 litros / dia
Comercial Ingestão de água 1 litro / dia
Inalação (exterior) 20m3/dia
Residencial
Inalação (interior) 15m3/dia
Comercial Inalação 20m3/dia
Ingestão de solo (criança) 100mg/dia
Residencial
Ingestão de solo (adulto) 50mg/dia
Comercial Ingestão de solo 50mg//dia
Nos estudos de doses críticas é necessário obter o valor do Menor Nível Efeito Adverso
Observado (MNEO). O MNEO é determinado nas curvas de Dose-Resposta e indica o
ponto da curva onde ocorre o primeiro efeito adverso a saúde.
A partir do MNEO é determinado o Maior Nível Efeito Adverso não Observado (MNEN).
Dessa forma, a RfD pode ser obtida a partir do MNEO ou MNEN para efeitos tóxicos
críticos considerando a aplicação de Fatores de Incerteza (UF) e Fatores de
Modificação (FM).
Os valores do Fator de Incerteza (UF) geralmente são múltiplos de 10. A aplicação dos
valores de FI está relacionada com:
82
UF = 10 é utilizado para quantificar variações nas populações consideradas
no estudo, visando à proteção de outras populações mais sensíveis;
Onde:
RfD = Dose de ingresso (mg/kg dia) (p/ex: água contaminada);
MNEM = Maior nível de efeito adverso não observado (mg/kg dia);
MNEO = Menor nível do efeito observado (mg/kg dia);
UFI = Fator de incerteza (adimensional);
FM = Fator de modificação.
83
AVALIAÇÃO DOS RISCOS TOXICOLÓGICOS
Onde:
HQ = quociente de perigo não carcinogênico;
In = dose de ingresso para o cenário de exposição n (mg/kg dia);
RfDi = dose de referência para a via de ingresso i (mg/kg dia).
∑
Onde:
HI = índice de perigo;
In = dose de ingresso para o cenário de exposição n (mg/kg dia);
RfDi = dose de referência para a via de ingresso i (mg/kg dia).
Onde:
HIET = índice de perigo não carcinogênico total;
HI caminho i = índice de perigo do caminho de exposição do caminho i.
84
Riscos para efeitos carcinogênicos
Para compostos químicos que gerem efeitos carcinogênicos, o risco é estimado a partir
do fator de carcinogenicidade (SF), como um incremento da probabilidade de um
indivíduo desenvolver câncer ao longo do tempo de sua vida, como resultado de um
evento de exposição a um composto químico de interesse que potencialmente gere
câncer. Por se estar tratando com baixas doses de ingresso de contaminantes, pode-se
assumir o SF na porção linear da curva de Dose-Resposta, ou seja, porção da curva
onde é possível assumir uma relação linear para quantificação do Risco Carcinogênico,
como apresentado no Quadro 9600-1.
Risco = In x SF
Onde:
Risco = risco carcinogênico;
In = dose de ingresso para o cenário de exposição n (mg/kg dia) e;
SF = fator de carcinogenicidade (mg/kg dia) -1.
Onde:
Risco total = risco carcinogênico total;
Risco i = risco carcinogênico estimado para o composto i.
O risco carcinogênico total deve ser obtido para cada caminho de exposição descrito
no modelo conceitual da área investigada, considerando todos os compostos químicos
carcinogênicos que potencialmente possam ocorrem no evento de exposição.
EXEMPLO
85
Figura 4.12 Vista da oficina de impermeabilização de madeiras investigada
AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE
c) Receptores
Crianças da comunidade;
Adultos da comunidade;
Trabalhadores da oficina.
d) Vias de exposição
i. Superfície do solo
Contato com a pele;
Ingestão de vegetais.
86
ii. Água subterrânea
Inalação no banho;
Ingestão de vegetais;
Contato com a pele.
87
Tabela 4.14 Parâmetros de exposição das crianças residentes na comunidade
Máxima Exposição
Parâmetros Unidades
exposição típica
Comum para todas as rotas
Peso corporal kg 15 15
Expectativa de vida anos 70 70
Tempo de exposição anos 6,0 6,0
Freqüência de exposição dias/ano 350 350
Contato dermal no banho
Tempo de exposição horas/dia 0,2 0,12
Área superficial dermal cm2 7280 6800
Inalação durante o banho
Tempo de exposição diário no banho horas/dia 0,2 0,12
Taxa de inalação no banho m3/h 0,6 0,6
Volume do banheiro m3 3,0 5,2
Vazão da água do banho L/minuto 10 8,0
o
Temperatura da água do chuveiro C 48 45
Contato dermal com o solo
Freqüência de exposição dias/ano 350 130
Fração da área dermal exposta com o solo cm2/cm2 0,55 0,13
Fator de aderência da pele com o solo mg/cm2 0,2 0,2
Ingestão de solo
Freqüência de exposição dias/ano 350 130
Taxa de ingestão mg/dia 200 90
Bioavaliabilidade no solo fração Específico Específico
Contato dermal com água de irrigação
Freqüência de exposição dias/ano 150 20
Tempo de exposição horas/dia 2,0 0,5
Área total da superfície da pele cm2 7280 6800
Fração da área dermal em contato com a água fração 0,5 0,1
Ingestão da água de irrigação
Freqüência de exposição dias/ano 150 20
Tempo de exposição horas/dia 2,6 0,5
Taxa de ingestão ml/horas 50 10
Ingestão de vegetais
Taxa de ingestão de vegetais acima do solo g/dia 5,8 55,8
Taxa de ingestão de raízes de vegetais g/dia 48,5 48,5
Fração de vegetais acima do solo ou água afetados g/g 0,25 0,1
88
RESULTADOS
Os resultados acima indicam que para ambos os receptores considerados não existe
risco carcinogênico associado à exposição dos contaminantes presentes nos meios.
89
2) Riscos para efeitos não carcinogênicos
90
Figura 4.15 Índice de risco de efeitos não carcinogênicos em função das vias de
exposição dos receptores considerados nos cenários estudados. O adulto está
associado à cor verde e a criança à cor azul das barras mostradas no gráfico
Os dados do gráfico indicam que o risco de exposição pelo contato da pele com água
durante o banho é o maior de todos para ambos os receptores, seguido pela ingestão
de vegetais e pela inalação de vapores no banho. Para a criança existe também risco
pelo contato da pele com água freática contaminada durante a irrigação de culturas,
que não existe para o indivíduo adulto.
91
5. VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL
5.1 CONCEITOS
O dano ambiental acontece quando uma determinada ação ou atividade produz uma
alteração desfavorável no meio ou em algum componente. O dano ambiental pode ser
analisado através de quatros aspectos: (1) manifestação; (2) efeitos; (3) causas e (4)
agentes implicados. Estes aspectos ou componentes são empregados como referência
para avaliar as implicações ecológicas e econômicas decorrentes do dano ambiental.
80
f1 = Evolução do Sistema sem o Dano
70
60
QA (%) 50
Dano Ambiental
40
30
10
0 20 40 60 80 100 120 140 160
(tempo)
93
A valoração econômica de danos causados nos recursos naturais engloba a análise das
implicações biofísicas e sociais. As implicações sociais do dano referem-se à perda dos
benefícios que derivam dos recursos afetados e aos custos adicionais que incidem na
população dos efeitos adversos decorrentes de alteração do meio natural, tais como:
tratamentos de saúde, perda de renda, salários, visitação, entre outros. No caso de
atividades extrativas, é necessário também quantificar os valores associados ao preço
e a quantidade dos produtos extraídos na área afetada (BARRANTES, 2001).
É importante enfatizar que o dano pode afetar mais de um recurso. Isso significa que,
para restaurar todos os recursos naturais alterados, deve-se calcular o custo total pela
soma dos custos individuais. Para realizar esse cálculo é necessário determinar em
unidades físicas a magnitude dos danos, de modo que se possa inferir o valor dos
custos de restauração por unidade de medida.
94
∑∑∑ ( )
Onde:
EXEMPLO Um bosque sem atividades extrativas e um corpo hídrico foram danificados.
Os especialistas concluíram que o tempo necessário para recuperar a água é dois anos
e, para o bosque, três. Para recuperar os recursos naturais afetados serão necessários
insumos e mão-de-obra. Foi adotada uma taxa de desconto anual de 12%. Os preços e
as quantidades dos insumos necessários, em cada ano, estão indicados na Tabela 5.1.
Os dados do quadro acima indicam que, para recuperar os recursos naturais afetados
pelo dano, são necessários dois insumos principais: materiais e mão-de-obra. O custo
da mão-de-obra é $300/h e dos materiais $1200/unidade.
95
∑∑∑ ( )
Os resultados indicam que os custos para a recuperação dos recursos danificados são
2650h de mão-de-obra e 1650 unidades de materiais ao longo de três anos. Assim, o
custo global de recuperação dos recursos é $2.604.700. Deste total, $786.390 para o
corpo hídrico e $1.818.310 para o bosque.
As alterações que o dano ambiental causa no ambiente afetam o meio físico e o social.
O dano social causa a perda de benefícios fornecidos pelos recursos naturais. O capital
natural fornece à sociedade uma série de serviços ambientais, fluxos de matérias e de
energia que garantem e melhoram o bem-estar da população.
96
Por exemplo, o corte da mata do bosque afeta a quantidade e qualidade das águas do
ecossistema, altera a paisagem que beneficia a população, deteriora a biodiversidade,
além de outros danos. Além da perda dos benefícios também ocorrem outras
alterações indiretas que prejudicam a saúde da população, as atividades econômicas e
turísticas, entre outras.
Qualquer das alternativas acima significa a perda do bem-estar social, portanto, devem
ser compensadas da forma mais adequada. O capital natural oferece à sociedade uma
série de valores que podem ser de Uso Atual (direto e indireto) ou de Uso Potencial
(opção ou de existência). Assim, o valor integral do capital natural disponível inclui os
valores de uso atual e de uso potencial.
A estimativa desses valores é complexa para um determinado recurso natural, uma vez
que grande parte dos valores de uso potencial dos recursos ainda é desconhecida e a
maioria dos valores de uso atual dos recursos não tem valor estabelecido no mercado.
Para contornar tais dificuldades é necessário realizar uma estimativa indireta dessas
variáveis, com critérios razoáveis, que permita comparar a condição do recurso natural
com a oferta dos fluxos que ele fornece à sociedade.
A quantidade e qualidade dos fluxos fornecidos pelo recurso natural dependem do seu
estado de conservação. Esse fato permite estabelecer a hipótese da existência de uma
relação entre o estado de conservação e os fluxos fornecidos pelo recurso natural. Esta
relação pode ser utilizada para estimar as conseqüências decorrentes da alteração do
estado de conservação sobre os fluxos do recurso natural que beneficiam a sociedade.
97
5.6 MÉTODO DIRETO PARA VALORAÇAO DO CUSTO SOCIAL – PERDA DE BENEFÍCIOS
Para determinar o custo do dano social decorrente da alteração dos recursos afetados,
analisam-se quatro grupos de benefícios fornecidos pelos recursos naturais:
Essa análise deve ser realizada em função do tempo necessário para restituir o estado
inicial de conservação dos recursos alterados. É necessário conhecer as informações
sobre preços e quantidades dos produtos. Assim, quando as informações existem, a
Perda dos Benefícios pela Redução das Matérias-Primas e Produtos Finais de Consumo,
(BP1) pode ser estimada a partir da expressão:
∑ ∑ ∑( )( )
Onde:
PB1 = perda de benefício por redução de matérias-primas e produtos ($);
= preço da matéria-prima i fornecida pelo recurso j ($/unidade);
= quantidade de matéria-prima i fornecido pelo recurso j (unidade);
= preço do produto i fornecido pelo recurso j ($/unidade);
= quantidade do produto i fornecido pelo recurso j (unidade) e;
r = taxa de desconto anual (%).
EXEMPLO
Suponha que no exemplo anterior ocorre uma redução da produção dos produtos não
madeiráveis do bosque (palmito, frutas) e dos produtos pesqueiros no corpo hídrico
(peixes e minerais). A partir do levantamento dos dados foram obtidas as informações
sobre quantidades e preços desses bens, indicados na Tabela 5.2.
98
Tabela 5.2 Dados para estimativa da perda de benefícios pela redução das matérias-
primas e produtos finais, derivados dos recursos naturais
Bosque Corpo hídrico
Ano Variável Unidade
Palmito Frutas Peixes Minerais
Preço ($/kg) 200 600 1500 1000
0 Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
Redução (%) (%) 35 35 40 40
Redução (kg/ano) 1050 157,5 120 200
Preço ($/kg) 200 600 1500 900
01 Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
Redução (%) (%) 25 25 15 15
Redução (kg/ano) 750 112,5 45 75
Preço ($/kg) 200 600 1500 900
02 Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
Redução (%) (%) 1,0 1,0 1,0 1,0
Redução (kg/ano) 30 4,5 3,0 5,0
PB1 = (P11 Q011 + P12 Q012 + P21 Q021 + P22 Q022) x (1 + 0,12)0 +
(P11 Q111 + P12 Q112 + P21 Q121 + P22 Q122) x (1 + 0,12)-1 +
(P11 Q111 + P12 Q112 + P21 Q121 + P22 Q122) x (1 + 0,12)-2
PB1 = [(200 * 1050) + (600 * 157,5) + (1500 * 120) + (1000 * 200)] (1 + 0,12)0 +
[(200 * 750) + (600 * 112,5) + (1500 * 45) + (1000 * 75)] (1 + 0,12)-1 +
[(200 * 30) + (600 * 4,5) + (1500 * 3) + (1000 * 5] (1+0,12)-2 = $ 1.020.437
Nesse caso o dano ao bosque e ao corpo hídrico causou a redução da produção das
matérias-primas e dos produtos finais de consumo. Os resultados indicam que o custo
social deste dano, devido à perda desses benefícios, foi $ 1.020.437.
Em alguns casos não é possível fazer uma quantificação direta da perca de fluxos das
matérias-primas e produtos finais derivados dos recursos naturais afetados pelo dano.
Nesses casos, pode-se fazer a estimativa proporcional ao consumo atual de benefícios,
a partir do estado de conservação dos recursos afetados. Dessa forma, a redução anual
de todos os bens (matérias-primas e produtos), pode ser estimada com as expressões
99
para, t = 1, 2..., T j = 1,2..., n i = 1,2..., m
≤α≤ j = 1,2..., n
Onde:
EXEMPLO
Caso não existam os dados indicados na Tabela 5.2, adota-se que a perda de produção
de produtos está relacionada à mudança do estado de conservação do recurso natural,
ao longo do tempo. Isso significa que, à medida que ocorre a recuperação do recurso,
o seu estado de conservação e os fluxos de matérias-primas e produtos aumentam.
Na Tabela 5.3 está o nível do estado de conservação dos recursos afetados ao longo do
tempo. Na Tabela 5.4 está a relação entre perda de produção dos bens fornecidos e o
nível do estado de conservação dos recursos danificados, em função do tempo.
Com os dados da Tabela 5.4 e taxa de desconto de 12%, pode-se estimar o custo social
dos benefícios perdidos, devido à mudança do estado de conservação dos recursos. Os
resultados indicam que esse valor é igual a $ 692.474.
PB1 = (P11 Q011 + P12 Q012 + P21 Q021 + P22 Q022) (1 + 0,12)0 +
(P11 Q111 + P12 Q112 + P21 Q121 + P22 Q122) (1 + 0,12)-1 +
(P11 Q111 + P12 Q112 + P21 Q121 + P22 Q122) (1 + 0,12)-2
100
PB1 = [(200 * 900) + (600 * 135) + (1500 * 75) + (1000 * 125)] (1+0,12)0 +
[(200 * 300) + (600 * 45) + (1500 * 36) + (1000 * 60)] (1 + 0,12)-1 +
[(200 * 30) + (600 * 4,5) + (1500 * 3) + (1000 * 5] (1+0,12)-2 = $ 692.474
Tabela 5.4 Dados para estimativa dos benefícios perdidos em função do nível de
alteração do estado de coservação dos recursos, em função do tempo
Bosque Água
Ano Variável Unidade
Palmito Frutas Peixes Minerais
Preço ($/kg) 200 600 1500 1000
Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
0
Decréscimo (%) (%) 30% 30% 25% 25%
Decréscimo (kg/ano) 900 135 75 125
Preço ($/kg) 200 600 1500 900
Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
1
Decréscimo (%) (%) 10% 10% 12% 12%
Decréscimo (kg/ano) 300 45 36 60
Preço ($/kg) 200 600 1500 900
Quantidade (kg/ano) 3000 450 300 500
2
Decréscimo (%) (%) 1% 1% 1% 1%
Decréscimo (kg/ano) 30 4,5 3 5
∑( ) ∑( )( )
Onde:
101
= perda de benefício por redução do nível de proteção fornecido pelo
recurso;
= custo do insumo i usado para estabelecer medidas de proteção
(R$/unidade);
= custo do insumo i usando para estabelecer medidas substitutivas e
garantir o abastecimento futuro de produtos ($/unidade);
= quantidade do insumo i requerido para estabelecer medidas de
proteção (unidade);
= quantidade do insumo i requerido para estabelecer medidas
substitutivas para garantir abastecimento futuro de produtos (unidade);
= Gastos de gestão e administração no ano t ($/ano);
= Gastos de manutenção no ano t ($/ano).
EXEMPLO
Suponha que no exemplo anterior ocorra uma alteração do grau de vulnerabilidade da
população a desastres naturais e do nível de segurança no abastecimento futuro de
produtos. A mão-de-obra e materiais necessários para o estabelecimento das medidas
de proteção para o abastecimento futuro de bens e serviços estão na Tabela 5.5.
Tabela 5.5 Valores para estimativa da perda de proteção e segurança no abastecimento futuro
de bens e serviços ambientais, fornecidos pelos recursos naturais à população
Medida para proteção à Medidas substitutivas para garantir
desastres naturais o abastecimento futuro de produtos
Insumo Preço ($/Unid.) Quantidade Preço ($/Un.) Quantidade
Mão-de-obra (h) 1200 15.000 1200 8500
Materiais (unidade) 800 250.000 1400 60.000
Tabela 5.6 Valores para estimativa dos custos de gestão e manutenção dos serviços para a
recuperação dos recursos naturais, em função do tempo
Gestão Manutenção
Ano
Mão-de-obra Materiais Mão-de-obra Materiais
00 1.200.000 350.000 500.000 275.000
01 1.200.000 350.000 500.000 275.000
02 1.200.000 350.000 500.000 275.000
102
Além de insumos, também são necessárias a gestão e manutenção das infra-estruturas
e serviços para a recuperação do recursos naturais, até retornarem ao mesmo nível de
serviços fornecidos, antes do dano. Na Tabela 5.6 estão indicados os valores dos custos
de gestão e manutenção das atividades para recuperação dos recursos. Aplicando os
dados da Tabelas 5.5 e 5.6 na expressão de cálculo do custo social obtém-se
O custo social do dano ao bosque e ao corpo hídrico é $ 61.904.368. Deste valor global,
$38.000.000 são para infra-estrutura de proteção aos desastres, $17.650.00 são para
estabelecer medidas substitutivas para garantir o abastecimento futuro dos benefícios;
e $6.254.368 são para gestão e manutenção das ações e atividades para a recuperação
dos recursos.
103
∑( )( )
∑ ∑( )( ) ∑
Onde:
= Benefício perdido pelo dano à saúde devido à alteração do recurso natural ($);
= custo de tratamento da enfermidade para o ano t ($/pessoa);
= custo das medidas de prevenção da população no ano t ($/pessoa);
= custo do insumo i para o controle de pragas no tempo t ($/unidade);
= custo do insumo i para a substituição da infra-estrutura afetada ($/unidade);
= custo do produto i para mitigar em t o dano à infra-estrutura básica ($/unidade);
= quantidade de pessoas enfermas p/ alteração do recurso no tempo t (unidade);
= quantidade de pessoas submetidas à prevenção, alteração do recurso no tempo t
(pessoas);
= quantidade de produto i para mitigar efeitos do dano à infra-estrutura (unidade);
= quantidade do insumo i requerido para o controle de pragas no tempo t
($/unidade);
= quantidade de insumo k para estabelecimento da infra-estrutura ($/unidade).
EXEMPLO
Devido ao aparecimento das pragas foi realizada uma campanha de prevenção junto à
população, na área direta e de influência do dano.
104
Na Tabela 5.8 estão os valores de custos da ação preventiva. Foram também realizados
programas para o combate às pragas durante um tempo, assim como ações de
mitigação para a infra-estrutura. Os custos dessas ações estão indicados na Tabela 5.9.
Tabela 5.9 Valor dos custos de controle das pragas e das ações de mitigação
Controle de pragas Mitigação Infra - estrutura
Custo Custo Custo
Quantidade Quantidade Quantidade
($/und.) ($/unid.) ($/unid.)
t=0
Mão-de-obra 1200 250 1200 125 850 600
Materiais 700 500 450 400 550 3000
t=1
Mão-de-obra 1200 100 1200 30 850
Materiais 700 125 450 75 550
O custo social da perda de benefícios relativos à saúde foram obtidos com os dados da
Tabela 5.9 e taxa de desconto de 12%. Os resultados indicam que os gastos associados
à saúde são $65.850.441, dos quais $40.900.446 para tratamentos de enfermidades;
$21.562.500 para às medidas de prevenção; e $ 3.387.544 para programas de controle
das pragas e reposição da infra-estrutura básica. Aplicando os dados das Tabelas 5.8 e
5.9 na equação do cálculo do custo social, relativos a perda de benefícios associados à
saúde da população, obtêm-se
(1200*250+1200*125+700*500+450*400) (1 + 0,12)0 +
(1200*100+1200*30+700*125+450*75) (1 + 0,12)-1 +
(850*600+550*3000) =$ 61.904.368
Nos recursos naturais afetados pelo dano, geralmente, ocorre uma modificação da
paisagem que reduz o espairecimento e o desenvolvimento de espírito das pessoas. As
pessoas podem aceitar o convívio com essas alterações, ou seja, perder o bem-estar
por desfrutar do espairecimento e o desenvolvimento do espiritual, que recebiam dos
recursos naturais antes da alteração.
105
As pessoas também podem substituir os serviços afetados pela implantação de outras
áreas próximas de características ecológicas similares, onde se pode obter o bem-estar
pelo espairecimento e o desenvolvimento do espírito.
A segunda opção representa custos adicionais que incorrem sobre a população, como,
exemplo, transporte, alimentação, hospedagem e outros que devem ser considerados.
Para a estimativa desses custos considera-se tanto a população no interior da área de
influência direta como da área de influência indireta. A relação para estimativa deste
custo tem a forma
∑ ( )
Onde:
EXEMPLO
Tabela 5.10 Dados para estimativa dos custos da perda dos serviços de espairecimento
e desenvolvimento espiritual que desfrutava a população, devido ao dano do recurso
Ano Custo unitário (R$/unidade) População (pessoas)
0 5000 2500
1 5000 1800
2 5000 500
Aplicando os dados da Tabela 5.10 na expressão PB4, com uma taxa anual de desconto
de 12%, pode-se calcular o custo associado à perda dos benefícios pela alteração do
espairecimento e desenvolvimento espiritual da população da vizinhança. O resultado
obtido foi $ 22.528.698.
106
5.7 MÉTODO INDIRETO DO CUSTO SOCIAL-MUDANÇA DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO
Nesse caso, a compensação é determinada pela redução dos benefícios que poderiam
resultar do recurso danificado. A quantificação equivalente à compensação social em
virtude do dano provocado pela alteração do recurso pode ser estimada com um fator
() que estabelece uma proporcionalidade entre o valor financeiro da compensação e
os custos de restauração dos recursos afetados pela relação
( )
∑∑∑
( )
CS é a compensação social pelo dano causado com a alteração do recurso natural ($).
EXEMPLO
Para exemplificar, será usado o caso do dano ao bosque e à água. O acidente provocou
a mudança de 30% no estado de conservação do bosque e 25% da água. As medidas de
recuperação do bosque e da água restabeleceram os fluxos de benefícios que foram
perdidos e, assim, o grau de alteração dos recursos foi reduzindo ao longo do tempo.
Na Tabela 5.11 estão os dados de recuperação dos recursos em função do tempo.
Utilizando a relação do custo social em conjunto com os dados das Tabelas 5.9 e 5.10,
obtém-se o custo social total do dano de $ 3.295.745. Desse montante, $ 2.328.452 é
custo social pelo dano ao bosque, e $ 967.294 é referente à água.
107
CS = {(P1 Q011 + P2 Q012) (1+0,12)0 /(1 - 01)} + {(P1 Q021 + P2 Q022) (1+0,12)0 /(1 - 02)} +
{(P1 Q111 + P2 Q112) (1+0,12)-1 /(1 - 11)} + {(P1 Q121 + P2 Q122)(1+0,12)-1 / (1 - 12)} +
{(P1 Q111 + P2 Q112 ) (1+0,12)-2 /(1 - 21)} + {(P1 Q121 + P2 Q122) (1+0,12)-2 /(1 - 22)}
Onde:
= valor de produção total extraída ($);
= valor unitário do recurso s ($/unidade);
= quantidade extraída do recurso s (unidades).
Quando não existe preço de mercado para o produto extraído, realizam-se estimativas
indiretas baseadas em bens substitutivos ou nos custos de extração.
EXEMPLO
O custo total (CT) do dano é a soma do custo biofísico, dado pelo custo de restauração,
do custo social e valor da perda de produção extraída. Em termos matemáticos têm-se,
108
CT=2.604.700 + 1.020.437 + 65.850.491 + 61.904.368 + 22.528.698 + 365.000 =
CT = $ 154.273.694
CT = 2.604.700 + 3.295.745
CT = $ 5.900.445
5.10 CONCLUSÕES
109
6. MÉTODOS DE VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL
6.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados alguns modelos para valoração econômica dos danos
ambientais disponíveis na literatura. É importante observar que não existe um modelo
general para valorar todos os fatores ambientais. Fato justificável, se considerarmos a
quantidade e a diversidade de elementos que existem no meio ambiente, assim como
a complexidade de suas relações funcionais.
A maioria dos elementos físicos, biológicos do sistema ambiental ainda não tem valor
comercial estabelecido. Isso significa que o estado do conhecimento sobre a valoração
econômica de recursos e danos ambientais precisa avançar através da investigação. Os
modelos apresentados neste capítulo foram obtidos na literatura e são aplicados para
valorar danos ambientais provocados pela contaminação do solo, lençol freático, águas
superficiais, derrubada de vegetação, vazamentos de produtos químicos, queimadas e
incêndios florestais, destruição de patrimônio histórico e cultural, entre outros.
A economia ambiental é uma área recente e não existe absoluta concordância quanto
ao significado dos conceitos e aplicação das metodologias de valoração dos recursos
naturais e dos danos ambientais. Antigamente, o meio ambiente era considerado uma
fonte inesgotável de recursos e um receptáculo de resíduos de inesgotável capacidade.
A ciência econômica seguia a mesma linha, os recursos naturais e a energia estavam
aliados ao trabalho e ao capital para produzir bens e serviços solicitados pelo mercado,
que desapareciam no consumo ou investimento.
Os bens econômicos são regulados em grande parte pelo mercado e preço. Em geral, a
oferta e a demanda de bens são equilibradas. No entanto, bens e serviços ambientais
não estão sujeitos às leis de mercado. Até pouco tempo, os bens e serviços ambientais
eram considerados bens livres, ou seja, inexauríveis, portanto, de preço zero.
Estudos econômicos indicam que o Valor de um bem ou serviço pode ser estabelecido
113
através da preferência individual pelo Uso, Preservação ou Conservação dos mesmos.
Assim, cada indivíduo terá um conjunto de preferências que será utilizado para valorar
economicamente os bens ou serviços, inclusive os ambientais (MOTTA, 1998).
Os atributos dos recursos naturais são fluxos de bens (matéria prima, produtos finais)
e serviços que derivam através do seu consumo. Existem outros atributos de consumo
associados à própria existência dos recursos, que não depende do fluxo atual e futuro
de bens e dos serviços apropriados pelo Uso. Assim, o Valor Econômico do Recurso
Ambiental (VERA) é função do Valor de Uso (VU) e do Valor de Não-Uso (VNU).
VERA = VU + VNU
O Valor de Uso do Recurso Natural (VU) pode ser desmembrado em duas parcelas: o
Valor de Uso Direto (VUD) e o Valor de Uso Indireto (VUI). O VUD é o valor atribuído
em função do bem-estar que proporciona por uso direto na atividade de produção ou
no consumo, como, por exemplo, na extração e na visitação, respectivamente.
O Valor de Uso Indireto do Recurso Natural (VUI) é o valor atribuído pelo bem-estar
que ele proporciona através de funções ecossistêmicas, como, por exemplo, proteção
do solo, estabilidade climática, estoque de carbono pela preservação das florestas.
Na Figura 6.1 estão bens e serviços ambientais relacionados com a equação do VERA.
114
VERA
116
Os métodos de valoração são classificados em:
Identifica o valor do recurso ambiental por sua contribuição como insumo ou fator
de produção para obtenção de um produto. Aplica-se aos casos em que é possível
associar os recursos ambientais à produção dos recursos privados e, geralmente,
assumem a hipótese simplificadora de que variações na oferta pontual de recursos
não alteram preços de mercado agregado. Um exemplo desse caso é a valoração
da alteração da qualidade hídrica de um rio pela redução de produto na atividade
pesqueira ou de outros setores, tais como bebidas, energia, etc.
É utilizado nos casos em que a variação da produção, embora afetada pelo recurso
ambiental, não oferece preços observáveis de mercado, ou estes são de difícil
mensuração. Nesses casos, os preços de mercado podem ser adotados com base
nos bens substitutos para o produto ou para o recurso natural.
117
Para aplicação no mercado imobiliário fará parte do modelo as suas características
quantificáveis que expressam indiretamente a disposição a pagar ou a receber dos
indivíduos pelo recurso e a sua influência específica na formação do preço do bem
Pi . Estas características podem ser agrupadas em:
( )
A taxa de visitação da zona z ao patrimônio p(Vzp), por exemplo, visitas por cada
mil habitantes, de cada zona até o patrimônio natural pode ser correlacionada
estatisticamente com os dados amostrais do custo médio de viagem da zona CVzp
tarifa de entrada ao patrimônio TEp e outras variáveis socioeconômicas zonais,
através da seguinte expressão:
( )
118
Essa função permite estimar o impacto do custo de viagem na taxa de visitação,
através da derivada parcial em relação a CV, que corresponde à curva de demanda
para cada zona. Assim, a curva de demanda geral pelas atividades recreacionais no
patrimônio natural será estimativa da relação entre o número de visitas esperado
e a disposição a pagar dos indivíduos para o conjunto de zonas. O benefício gerado
pelo patrimônio natural ao visitante é o excedente do consumidor, ou seja, a área
abaixo da curva de demanda geral, líquido do preço cobrado.
Este método identifica a disposição a pagar dos indivíduos pelo uso, preservação
ou recuperação do recurso, ou a disposição a receber como compensação pela
perda ou redução da qualidade ambiental do recurso. Os valores que expressam
essa disposição são estimados com base em mercados hipotéticos, simulados por
intermédio de pesquisas de campo, que indagam diretamente o entrevistado
sobre sua verdadeira disposição a pagar ou a receber pelas variações quantitativas
ou qualitativas no recurso ambiental.
Trata-se da estimava do valor do recurso ambiental por meio dos gastos evitados
ou a serem evitados com as atividades defensivas, substitutas ou complementares
que podem ser consideradas como uma aproximação monetária das variações de
bem-estar no recurso natural. Exemplo desse caso são gastos com tratamentos de
saúde que seriam evitados como forma de valorar a melhoria da qualidade do ar
ou o custo de aquisição de equipamentos de proteção contra ruídos exteriores.
Método utilizado para valorar danos ambientais por meio da estimativa dos gastos
necessários que foram evitados para controlar e minimizar as atividades ofensivas
ao meio ambiente. O método não mede diretamente a perda econômica revelada
pelos indivíduos, pois assume que esses custos seriam uma estimativa mínima da
perda de bem-estar associado ao dano. Alguns exemplos do método são os gastos
para o controle de poluição hídrica (efluentes industriais, domésticos ou agrícolas)
ou atmosférica (de qualquer fonte) não realizados para prevenir o dano ambiental.
120
6.6 SELEÇÃO E APLICAÇÃO DOS MÉTODOS DE VALORAÇÃO AMBIENTAL
Tarefa difícil para o perito é decidir quais danos devem ser considerados na valoração.
Na verdade, não existe uma estratégia predeterminada para essa tarefa. Inicialmente,
consideram-se os danos de maior magnitude que são facilmente identificados, através
de técnicas de Avaliação de Impactos Ambientais. Em seguida, emprega-se o diagrama
da Figura 6.2 para escolher os métodos mais adequados para a valoração do dano.
Tabela 6.2 Indicador de dano ambiental em função do tipo de poluição (DIXON, 1994)
Tipo de Poluição Dano Indicador do Dano
Para a saúde Doenças, faltas, aposentadorias, invalidez, etc.
121
IMPACTO/DANO AMBIENTAL
Sim
Hábitat Qualidade Ar, Água, Solo Recreação
e Água
Custo de Oportunidade Custo de Viagem
Existem preços não Custo de Prevenção
distorcidos de mercado?
Sim Não
Valor da Propriedade
Ativos Estéticos,
Custos de Realocação Genéticos, Culturais
Busca-se encontrar, para o indivíduo afetado, sua disposição a pagar (DAP) para evitar
o dano ambiental, ou a sua disposição de aceitar (DAA) uma compensação quando o
mesmo já tenha ocorrido. Portanto, deseja-se estimar quanto os indivíduos valoram,
em termos monetários, a redução do risco de mortalidade e da incidência das doenças
(morbidade) associadas com o dano. Os métodos de valoração de danos apresentados
na Tabela 1 também são podem ser classificados em função da produção ou demanda.
A avaliação para uma mudança no risco que ameaça a vida e a saúde é dada pela soma
dos valores que “um indivíduo em risco associa a sua saúde e suas chances de vida,
que os outros indivíduos estariam dispostos a pagar para evitar o risco daquele
indivíduo, e os custos que a sociedade incorre, e que, de outro modo, não incorreria se
aquele indivíduo não sofresse os efeitos do risco em questão”.
Uma vez estimada a disposição a pagar (DAP) por uma mudança no risco de morte em
alguma atividade, pode-se obter o Valor de uma Vida Estatística (VVE) definido por
Estimado o VVE associado a uma atividade com risco de morte para um indivíduo
morador de uma região, pode-se multiplicá-lo por uma variação no risco de vida por
outra atividade e estimar a DAP para evitar mortes por essa outra atividade.
Outra forma de avaliar este mesmo impacto fatal é utilizar a abordagem da Produção
Sacrificada dos Anos de Vida Perdidos. Essa abordagem está baseada na teoria do
capital humano, que, no presente contexto, admite, por hipótese, que o valor de uma
vida para a sociedade equivale ao valor presente da produção futura (VPPF) que seria
gerada pelo indivíduo. Nesse sentido, pode-se aplicar a expressão proposta em estudo
similar por Mendes e Seroa da Motta (1995), escrita como
∑ [( ) ] [( ) ] [( ) ] [ ( ) ]
Onde:
124
= valor de uma vida estatística;
= taxa de desconto.
Os custos de saúde associados, por exemplo, com a poluição atmosférica, podem ser
classificados em quatro categorias:
Dadas as dificuldades de estimar as parcelas dos últimos dois itens, pode-se calcular,
por exemplo, os custos de saúde associados à poluição atmosférica somando os gastos
hospitalares totais (por faixa etária e por evento) com o valor dos dias de trabalho
perdidos devido à doença, calculado com base nos salários médios na região.
125
7. MODELOS PARA A VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO
7.1. INTRODUÇÃO
Neste capítulo são apresentados dezoito modelos para valoração econômica de danos
ambientais obtidos pela pesquisa da literatura especializada nacional e internacional,
bancos de dados técnicos, órgãos de fiscalização e controle ambiental, promotorias e
órgãos de justiça, secretarias estaduais e municipais de meio ambiente, bibliotecas,
acervos e arquivo morto público, entre outros.
É importante observar que, dependendo do caso, podem-se utilizar dois, três ou vários
modelos para valorar o dano. Nestes casos, recomenda-se utilizar todos os modelos e
comparar os resultados. A comparação dos valores econômicos dos danos (resultados)
dos modelos empregado e análise de sensibilidade paramétrica, conforme ilustrado no
exemplo apresentado na seção 7.7, permitem obter a melhor opção.
124
7.2 MODELO CETESB - VALORAÇÃO DO DANO PARA VAZAMENTOS DE PETRÓLEO
MARCELINO, A.; Haddad, E.; Aventurato, H.; Campos, M. V.; Serpa, R. R.; “Proposta de
critério para valoração monetária de danos causados por derrames de petróleo ou de
seus derivados no ambiente marinho”; São Paulo, CETESB; 1992. 22 p.
INTRODUÇÃO
Este trabalho apresenta uma proposta de critérios para a valoração de danos causados
por vazamentos de petróleo e seus derivados no ambiente marinho. Esta proposta foi
elaborada pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, CETESB, do Estado
de São Paulo, atendendo à solicitação do Ministério Público Federal.
A poluição causada pelos derrames de óleo traz prejuízos decorrentes dos distúrbios
causados às espécies citadas, como perda de biodiversidade, além de prejuízos indiretos
decorrentes da paralisação de atividades pesqueiras e queda da movimentação turística.
Apesar de a indústria do petróleo ser fundamental para o desenvolvimento de qualquer
país, na atual matriz energética mundial, os vazamentos de petróleo causam grandes
prejuízos à população em geral, pelos problemas causados à biodiversidade marinha e,
particularmente, às comunidades pesqueiras que dependem deste ambiente para sua
sobrevivência ou aqueles ligados ao turismo costeiro.
METODOLOGIA
Este modelo do tipo função exponencial relaciona o valor dos danos ambientais com o
cinco aspectos e respectivos graus de importância. Os aspectos considerados relevantes
no derrame de petróleo no ambiente marinho são o volume de óleo derramado, o grau
de vulnerabilidade da área atingida, a toxicidade do produto, a persistência do produto
no meio ambiente e a mortalidade de organismos. O grau de importância é atribuído
aos critérios na forma de um peso, que varia na faixa de 0 a 0,5.
PARÂMETROS DO MODELO
Por conta da complexidade que envolve a quantificação dos danos ambientais causados
pelos derramamentos de petróleo no ambiente marinho, aliada aos inúmeros casos que
125
vêm ocorrendo no litoral de São Paulo, a CETESB desenvolveu uma metodologia própria
para quantificar os danos. A metodologia considera os principais aspectos do acidente
ambiental, enfocando basicamente os aspectos visíveis passíveis de provocar danos, não
contemplando aqueles que requerem maiores estudos ou acompanhamentos para a
constatação do impacto biológico. A proposta foi idealizada para atingir os objetivos de
praticidade e aplicabilidade em curto período de tempo.
Esse aspecto está relacionado à capacidade de assimilação do óleo pelo corpo receptor.
A capacidade de assimilação varia de acordo com o local do derrame, estações do ano e
com as condições meteorológicas. Os pesos atribuídos para este item estão baseados no
volume ou quantidade de produto derramada no corpo receptor. Os pesos atribuídos
em função da massa ou volume do produto derramado estão na Tabela 7.21.
126
Tabela 7.2.2 Fator de ponderação do critério vulnerabilidade da área afetada
Vulnerabilidade do Ambiente Atingido Fator de Ponderação
Costão rochoso 0,05
Terraço de abrasão 0,10
Praia arenosa de granulometria fina 0,15
Praia arenosa de granulometria grossa 0,20
Baixios compactos expostos pela maré 0.25
Praias mistas de areia e cascalho 0,30
Praia de cascalho 0,35
Costas rochosas abrigadas 0,40
Regiões entre marés 0,45
Marismas e manguezais 0,50
Para avaliar os efeitos dos agentes químicos sobre a biota aquática têm-se realizado os
testes de toxicidade com organismos aquáticos. Através dos testes é possível conhecer a
concentração do produto que causa efeitos adversos na sobrevivência, crescimento e na
reprodução de organismos aquáticos. A atribuição dos pesos para este item segue dois
critérios. O primeiro é baseado na toxicidade aguda da fração hidrossolúvel do petróleo
derramado. O segundo critério está na detecção de toxicidade em organismos teste. Na
Tabela 7.2.3 estão os pesos atribuídos para este critério.
A persistência do produto é agravante dos danos causados. Em geral, quanto menor for
o valor do peso específico de uma substância, menor será a sua persistência. Neste item,
os produtos derramados são classificados de acordo com as suas propriedades físicas.
Na ausência dessas informações, todos os tipos de petróleo e seus derivados escuros
são considerados persistentes e todos os derivados claros, como não persistentes.
127
Mortalidade de organismos (S6)
A biota marinha pode ser afetada tanto por processos de natureza física (recobrimento,
asfixia), quanto pelos componentes químicos do produto derramado (efeitos tóxicos).
Como são necessários estudos de acompanhamento para a avaliação de efeitos sobre os
organismos plantônicos e bentônicos, para este critério são avaliados os efeitos sobre a
mortalidade de peixes, aves e mamíferos, de fácil observação. Na Tabela 7.2.4 estão os
pesos dos critérios persistência, mortalidade de organismos e para efeitos deletérios.
Este parâmetro do modelo da CETESB representa a penalidade por causar o mesmo tipo
de acidente mais de uma vez. O fator de ponderação do parâmetro está na Tabela 7.2.5
X = (S1 + S2 + S3 + S4 + S5 + S6)
128
EXEMPLO
COMENTÁRIO
Esse método visa a estimar os custos financeiros para compensar os danos ambientais
causados pelos vazamentos de petróleo em ambientes marinhos A valoração total dos
danos não foi realizada, porque foram incluídos critérios para valorar o custo do dano
social. Os pesos adotados para os parâmetros do modelo não apresentam uma base
científica e, provavelmente, foram arbitrados a partir da experiência prática dos autores.
129
7.3 MODELO VERA - VALORAÇÃO DO DANO PARA DERRUBADA DE FLORESTAS
RESUMO
INTRODUÇÃO
A valoração econômica do dano ambiental pode ser utilizada para analisar situações de
conflito relacionadas ao uso e a conservação dos recursos naturais. Pode-se também
valorar os custos e recursos necessários para a recuperação do ambiente, assim como
estimar a disposição a pagar da comunidade para a manutenção da floresta.
DESCRIÇÃO DO DANO
130
Figura 7.3.2 Área desmatada irregularmente Figura 7.3.3 Abertura e corte da mata
O modelo utilizado neste caso foi do Valor Econômico de Recursos Ambientais (VERA).
Para obter a perda do valor de uso indireto da floresta desmatada foram considerados
os estoques de carbono. O valor de uso direto da floresta foi relacionado aos produtos
madeiráveis. O valor de opção da floresta afetada foi a partir da disposição a pagar da
comunidade para conservar a floresta.
131
Tabela 7.3.1 Critérios usados para qualificar os agravos do dano à flora
Critério Índice Subtotal
Localização em relação às áreas protegidas
Totalmente inserido 3,0
Parcialmente inserido 2,0 2,0
Ocorrência de espécies ameaçadas de extinção
Comprovada 3,0 5,0
Suposta 2,0
Favorecimento à erosão
Comprovado 3,0
Fortes indícios 2,0
Suposto 1,0 6,0
Objetivando a comercialização
Atividade principal 2,0 8,0
Atividade secundária 1,0
Morte ou dano à fauna decorrente do dano à flora
Comprovado 3,0
Fortes indícios 2,0
Suposto 1,0 9,0
Alteração nos nichos ecológicos
Comprovada 3,0
Fortes indícios 2,0
Suposta 1,0 10,0
Previsão de re-equilíbrio
Longo prazo 3,0 13,0
Médio prazo 2,0
Curto prazo 1,0
Soma dos índices = 13,0
Aplicando o valor da soma (=13,0) dos índices dos critérios da Tabela 7.3.1, na Tabela
7.3.2, obtemos o fator (=3,2) que deverá multiplicar o valor de exploração calculado a
seguir, para determinarmos o valor da perda dos produtos madeiráveis.
132
Valor das toras: 490m³/ha x 93,44 ha x R$ 150,00/m3 = R$ 6.867.840,00
Valor Exploração 1 = R$ 6.867.840,00 x 3.2 = R$21.977.088,00
O valor de opção está associado com a disposição que a população de Passos Maia
teria de contribuir mensalmente para a recuperação e preservação da área degradada.
O resultado da aplicação do questionário revelou que:
88% dos entrevistados não estão dispostos a contribuir com qualquer valor
para a proteção dos remanescentes da Floresta Ombrófila Mista;
4% estariam dispostos a contribuir com R$ 1,00 mensal;
4% estariam dispostos a contribuir com R$ 5,00 mensais e;
4% estariam dispostos a contribuir com R$ 10,00 mensais.
Dessa forma teríamos uma arrecadação mensal de R$ 12.828,40 (doze mil oitocentos e
vinte e oito reais). Considerando agora um período igual 30 anos de contribuições,
como necessário e suficiente para assegurar a manutenção da floresta, temos que o
valor da disposição a pagar total é igual a R$ 4.618.224,00 (quatro milhões, seiscentos
e dezoito mil, duzentos e vinte e quatro reais).
133
7.4 MODELO VERA - VALORAÇÃO DO DANO PARA QUEIMA DA PALHA DE CANAVIAL
Mattos, M., e Mattos, A., “Valoração Econômica do Meio Ambiente – Uma abordagem
Teórica e Prática”, Ed. RIMA, FAPESP, São Carlos, São Paulo, 2004.
INTRODUÇÃO
Na esfera legal a queima da cana são consideradas agressões ao meio ambiente. Desse
modo, os responsáveis por queimadas em suas propriedades devem ser compelidos a
reparar os danos provocados, sendo necessário determinar o valor da indenização
pecuniária pelo dano ambiente. Nesse sentido, uma ação civil pública associada às
queimadas de plantações de cana-de-açúcar deve conter ao menos esse dois pedidos.
O valor econômico total do dano decorrente da queima da palha de uma área de cana-
de-açúcar pode ser estimado a partir da relação
134
A) CÁLCULO DO VALOR DE USO DIRETO (VUD)
O valor de uso direto é determinado pela soma do valor de uso da palha, ou seja, do
potencial energético, economia de água de irrigação e no uso de herbicidas, economia
de plantio e utilização do bagaço da cana-de-açúcar.
Custo de plantio
A palha residual da colheita mecanizada da cana crua que permanece sobre o terreno
favorece o controle das ervas invasoras e reduz o uso de herbicidas. Portanto, uma
folha a mais, ou seja, uma economia da ordem de R$400,00/ha
Custo do bagaço
VUD = R$ 8.201,80 / ha
Os dados da tabela indicam que o balanço líquido das emissões da indústria canavieira
com o uso do etanol é bastante favorável, uma vez que, se pode evitar a emissão de
12,74 x 106 toneladas de carbono por ano, o que representa 46,7x106 t de CO2, ou seja,
aproximadamente, 20% de todas as emissões de combustíveis fósseis no Brasil. O valor
da tonelada de carbono no mercado internacional varia de US$5,00 a 165,00.
Assim, pode-se considerar que o valor do uso indireto está diretamente relacionado
com os 5.521 litros de álcool equivalentes ao potencial energético da queima da palha
seca não efetivada, mais o valor do seqüestro de carbono. Assim, temos
VUI = (5.521 litros de álcool x preço do litro do álcool + valor do seqüestro de C)/ha
VET = R$ 14.561,80 / ha
D) CONCLUSÃO
137
7.5 MODELO CUSTOS EVITADOS - VALORAÇÃO DO DANO PARA CONTAMINAÇÃO DE
CORPO HÍDRICO
ESPINOZA, S., et. al. “Valoración Económica del Daño Ambiental Ocasionado por el
Proyecto Cooperativa de Productores de Leche Dos Pinos”, Coyol de Alajuela,
Expediente Administrativo 0421-98-SETENA”, março, Costa Rica, 2001.
INTRODUÇÃO
A cooperativa de produtores de resina de pinus fica localizada em Coyol de Alajuela, na
Costa Rica, na região da Bacia de Quebrada Siquiares, próxima do rio Alajuela, que é
efluente do rio Grande, nas coordenadas 959'41.29"N e 8415'38.43"W. Na imagem
de satélite da Figura 7.5.1 pode-se observar a região em questão.
I. ANTECEDENTES
138
O lançamento dessa carga afetou as características físico- químicas do rio por acúmulo
de graxas, sólidos decompostos, espumas e outros contaminantes. Além do mais, foi
observado um aumento dos problemas relacionados com as pragas de dípteros, ente
os quais larvas de mosca e outros insetos.
A determinação do dano poderia ser realizada pela comparação da situação inicial das
variáveis afetadas com a situação estabelecida após o impacto, mas, infelizmente, os
dados não estavam disponíveis. Foi acordado então, estimar o valor econômico do
dano ambiental utilizando os custos de tratamento do efluente.
a) Impacto social
A partir desta análise pode-se concluir que as principais variáveis afetadas foram à
saúde, a proliferação de pragas e a percepção de maus odores. Com relação aos maus
odores, foi constatado que estes, nos meses da ocorrência do dano eram percebidos
principalmente à noite.
b) Fauna
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental não existe fauna aquática na região de
influência da planta; nessa região também não foi observada a presença de anfíbios,
larvar e insetos aquáticos. Com relação à fauna terrestre existem insetos, aves, ratos e
139
lagartos. No EIA não foi indicada a área analisada, portanto, se pode supor a existência
de fauna nos setores não investigados.
c) Flora
De acordo com o EIA não existem nascentes na região de influência da planta. Porém,
de acordo com o SETENA (órgão ambiental), na zona de proteção da bacia hidrográfica
existem cinco nascentes que fornecem água potável para as comunidades vizinhas. As
nascentes podem ter sido contaminadas por infiltrações difusas ou aumento da vazão.
140
anuais. Assim, é importante conhecer a condição inicial e final do recurso (quantidade
e qualidade) para avaliar se houve depreciação, melhoria ou permanência da condição.
No caso de uma empresa com potencial para degradar o recurso, é necessário investir
na infra-estrutura, equipamentos, materiais, mão-de-obra, produtos químicos para
restabelecer a situação original do recurso natural ou no tratamento dos despejos para
não degradar o recurso. A metodologia dos custos evitados se baseia neste princípio.
A rigor, a metodologia adotada não valora o dano ambiental ocasionado, mas valora a
contaminação produzida. Essa metodologia aproxima o valor do dano com os custos
financeiros para realizar ações necessárias para que a fonte do dano não seja originada
(contaminação acima dos valores permitidos). Portanto, é um valor mínimo aplicável.
Nesse sentido, foi acordado entre as partes da lide que o custo social da contaminação
icluisse o custo evitado, o custo do dano e o custo de gestão dos recursos humanos
necessários para realizar essa valoração. Assim, tem-se
Conforme citado, o custo de tratamento das águas residuais indica o quanto custaria
para a sociedade evitar a contaminação gerada. Para tanto, é necessário considerar o
nível de contaminação que entra no sistema de tratamento e o nível de contaminação
lançado no corpo hídrico. Além do mais, é necessário obter o custo de tratamento da
diferença entre o que entra e sai. Algebricamente, pode-se escrever
( )
Onde:
= custo de tratamento da contaminação ($/m3 ou $/kg de carga evitado);
= custo total para tratar a diferença do que entra e sai do sistema (R$).
= nível de contaminação que entra no sistema (g/m3 de DQO);
= nível de contaminação que sai do sistema (g/m3 de DQO);
141
( )
Caso não fosse realizado o tratamento, o valor do dano seria calculado considerando
CU. Observa-se que nesse caso não está sendo considerado o dano ocorrido à fauna,
redução do bem-estar da população, perda de biodiversidade, etc. Portanto, o valor do
dano está subestimado. Para aplicar as relações acima foram utilizados os dados
fornecidos pela empresa, com limitação, devido ao tempo requerido para a resposta. A
empresa forneceu os dados da estação de tratamento dos períodos de 20 a 31 de
dezembro, 2 a 21 de janeiro e de 1 a 17 de fevereiro. Os dados estão na Tabela 7.5.1.
Para obter o valor do Custo Unitário (CU) e Custo Adicional (CA) é necessário calcular o
Custo de Tratamento. Na Tabela 7.5.3 estão o custo do investimento e de operação do
unidade de tratamento do período de 17 de dezembro a 17 de fevereiro. A partir do
custo anual do sistema de tratamento é possível obter os custos para os meses de
operação em que ocorreu o dano. Na Tabela 7.5.4 estão os custos anual e unitários da
unidade de tratamento de efluentes da empresa.
Tabela 7.5.4 Custo anual de tratamento e unitário da carga evitada do período do dano
Item Valores unitários (US$) Custo anual (US$)
Custo Anual --- 296.232,00
Custos dos dois meses --- 49372,00
Custo médio diário --- 823,00
Carga Evitada Média 6.496,62 ---
Custo Unitário (CU) ($/kg) 0,1267 = (823,00/6.496,62)
142
Tabela 7.5.1 Dados da estação de tratamento fornecidos pela empresa para análise da descarga do efluente no corpo hídrico
Vazão DQO entrada DQO saída Carga disposta Carga vertida Carga evitada Carga legal Carga vertida
Mês
(m3/dia) (g/m3) (g/m3) (kg/d) (kg/d) (kg/d) (kg/d) Excesso (kg/d)
Agosto 418,50 --- --- --- --- --- --- ---
Setembro 847,94 --- --- --- --- --- --- ---
Outubro 818,33 --- --- --- --- --- --- ---
Novembro 976,57 --- --- --- --- --- --- ---
Dezembro 597,03 13.346,00 5.889,00 7.967,96 3.515,91 4.452,05 447,77 3.068,14
Janeiro 924,49 13.383,00 4.795,00 12.372,45 4.432,93 7.939,52 693,37 3.739,56
Fevereiro 847,93 7.309,00 1.090,00 6.197,52 924,24 5.273,28 635,95 288,30
Média ponderada 11.595,67 3.916,53 9.727,22 3.230,60 6.496,62 629,96 2.600,24
Valor legal de lançamento do efluente tratado no corpo hídrico = 750 (mg/L) = 0,75 (kg/m3)
Carga disposta = 13.346,00 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 7.967,96 (kg/d)
Carga vertida = 5,89 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 3.515,91 (kg/d)
Carga evitada = 7.967,96 – 3.515,91 = 4.452,05 (kg/d)
Carga legal = 0,75 (kg/m3) * 597,03 (m3/d) = 447,77 (kg/d)
Carga vertida em excesso = 3515,91 – 447,77 = 3.068,14 (kg/d)
143
TABELA 7.5.2 Valores médios mensais estimados dos parâmetros da unidade de tratamento de efluentes
Mês Vazão DQO entrada DQO saída Carga disposta Carga vertida Carga evitada Carga legal Carga vertida
3 3 3
(m /dia) (g/m ) (g/m ) (kg/d) (kg/d) (kg/d) (kg/d) excesso (kg/d)
Média 647,00 13.400,00 5.183,00 8.669,80 3.353,40 5.316,40 485,25 2.868,15
Agosto 418,50 8.667,54 3.352,53 3.627,37 1.403,03 2.224,33 313,88 1.089,16
Setembro 847,94 17.561,66 6.792,69 14.891,24 5.759,80 9.131,44 635,96 5.123,84
Outubro 818,33 16.948,41 6.555,49 13.869,39 5.364,56 8.504,84 613,75 4.750,81
Novembro 976,57 20.225,72 7.823,13 19.751,83 7.639,83 12.112,00 732,43 6.907,40
Tabela 7.5.3 Custo anual e do período de 17 de dezembro a 17 de janeiro da planta de tratamento de efluentes da indústria de PINUS
Item Custos (US$) Custo (US$) Vida Útil Custo Anual (taxa 10%) US$
1. Aquisição do sistema de tratamento da empresa --- 1.170500,00 10 anos 190.493,00
2. Custo de operação do sistema de tratamento --- 105.688,00 --- 105.688,00
Reativos (polímero, ácido, soda, etc.) 1.347.003,80 --- --- ---
Salários + encargos sociais 1.907.466,00 --- --- ---
Manutenção e reposição 1.104.448,60 --- --- ---
Análises de laboratório 490.385,60 --- --- ---
Serviços de consultoria 805.000,00 --- --- ---
3. Obras de infra-estrutura 100.000,00 312,00 40 51,00
Custo Anual Estimado 296.232,00
144
Tabela 7.5.5 Custos para evitar o excesso de lançamento de DQO no período do dano
Carga Vertida Carga Vertida em Custo p/ evitar o Custo p/ evitar
Período
Excesso (kg/d) excesso (kg /mês) excesso ($/d) excesso ($/m)
Agosto 1.089,16 15.248 138,00 1.931,00
Setembro 5.123,84 153.715 649,00 19.470,00
Outubro 4.750,81 142.524 602,00 18.052,00
Novembro 6.907,40 207.222 875,00 26.247,00
Dezembro 3.068,14 92.044 389,00 11.658,00
Janeiro 3.739,56 112.187 474,00 14.210,00
Fevereiro 288,30 4.901 37,00 621,00
Total 727.842 92.189,02
Conforme estabelecido pelas partes envolvidas, o custo total do dano inclui o custo do
tratamento, o custo do dano propriamente dito mais o custo de gestão. O custo do
dano representa os diversos impactos sobre o sistema ambiental e sobre a população.
Nesse caso, devido ao curto período de tempo disponível para elaborar este laudo, foi
adotado que o custo do dano é diretamente proporcional ao custo de tratamento
Não foi possível obter informações exatas sobre a data de início de operação da planta
de Pinus e unidade de tratamento dos efluentes. Os registros iniciaram em agosto. Foi
suposto que a unidade de tratamento iniciou a operação em 17/08/00 e no dia 17 de
fevereiro emitiu o último relatório, o que representa seis meses de operação. Não
foram registrados dados sobre o tratamento e o lançamento dos efluentes antes de
dezembro. Foi suposto que nesse período a planta teve um comportamento similar ao
145
registrado no período de dezembro a fevereiro, ou seja, lançando efluentes sempre
acima do limite estabelecido pela legislação.
Finalmente, para determinar o valor social do dano foi utilizada uma constante de
proporcionalidade seguindo o Princípio In Dúbio pro Natura para assegurar um valor
econômico razoável que compense os danos que não foram incluídos na valoração.
VI. CONCLUSÕES
De acordo com a perícia realizada foi comprovado que houve a contaminação da bacia
Quebrada e rio Siquiares. Essa contaminação originou outros impactos negativos nas
comunidades, odores, pragas e dano à saúde. Houve alteração da qualidade da água, e
os impactos subseqüentes prejidicaram o bem-estar das comunidades. Os resultados
analíticos mostram que os parâmetros analisados estavam acima dos valores máximos
estabelecidos. Isso significa que a contaminação continua. A empresa deve restituir o
estado de consevação dos recursos, e caso a normalidade não seja restabelecida logo,
uma nova valoração deve ser realizada e o custo deve ser internalizados pela empresa.
VII. RECOMENDAÇÕES
US$ 92.189,00 (noventa e dois mil cento e oitenta e nove dólares) sejam
destinados às comunidades afetadas pelo dano ambiental;
US$ 92.189,00 (noventa e dois mil cento e oitenta e nove dólares) sejam
destinados ao SETENA (órgão ambiental) para a compra de equipamentos e
materiais, de acordo com a necessidade.
Ações imediatas, por parte da empresa, perante o Ministério da Saúde para minimizar
os impactos causados pela proliferação de insetos e larvas de moscas nas comunidades
afetadas pelo problema.
146
7.6 MODELO CUSTOS DE RECUPERAÇÃO - VALORAÇÃO DO DANO PARA INCÊNDIOS
FLORESTAIS
INTRODUÇÃO
O objetivo foi calcular os custos do dano dos incêndios florestais. Os danos causados
pelos incêndios florestais manifestam-se no clima, uso do solo (matéria orgânica,
microorganismos, umidade), fauna, flora, qualidade da água (sedimentos, compostos
dissolvidos e temperatura), bens produzidos e saúde da população.
ESTUDO DE CASO
Para valorar o dano causado pelos incêndios foi necessário determinar o estado de
conservação inicial da região afetada, estimar o grau da alteração ocorrida no estado
de conservação do ambiente. Foram realizadas as estimativas do estado de
conservação dos recursos afetados e a valoração econômica dos danos ambientais. O
valor total do dano foi determinado através dos custos de recuperação, custo social e
custos de atendimento à emergência. Assim tem-se,
147
Nas tabelas estão os parâmetros adotados para avaliar o estado de conservação dos
recursos naturais antes e depois do dano, os valores de poderação dos parâmetros e
dos estados de conservação dos recursos afetados pelos incêndios.
Os dados indicam que o estado de conservação das florestas atingidas era 64% do
máximo antes do dano. Isto indica a preexistência de um dano equivalente a 36% não
associado com o dano atual. Os dados indicam que os incêndios causaram a alteração
de 44,4% do estado de conservação dos recursos. Portanto, o estado de conservação
dos recursos atingidos pelo fogo variou 28,42% e o valor final foi 35,58%.
148
Ponderação de indicadores de avaliação do estado de conservação do recurso
∑
∑
∑
∑
∑
∑
∑∑∑ ( )
Onde:
149
CR = custo da restauração do recurso natural afetado ($/unidade do fator);
P i = preço do insumo i usado na restauração do recurso j ($/unidade de insumo);
Q t, j, i = quantidade do insumo i para restauração do recurso j (unidade de insumo);
r = taxa de desconto anual (%);
t = tempo (unidade de tempo);
T = tempo máximo para restaurar o dano ambiental (unid. de tempo);
m = número de insumos necessários para restaurar o recurso i;
n = número de recursos afetados pelo dano.
Antes do Dano
Qualidade da água
Após o Dano
6,5
Visitação turística Aspecto da água
6,1 6,3
4,1 2,6
3,4
O tempo máximo para a recuperação das florestas foi estimado pelos especialistas
pela análise crítica do período de tempo necessário para restabelecer o nível de cada
fator adotado para avaliar o potencial ecológico e a condição ambiental dos recursos.
A partir dos resultados foi estabelecido o tempo máximo para recuperar o ambiente.
Na Tabela 7.6.3 estão indicados os resultados dessa etapa.
Tabela 7.6.3 Critérios para estimar o tempo máximo de recuperação dos recursos
Critério Tempo de restauração (anos)
Qualidade da água 2,5
Espelho da água 4,0
Vegetação de banhado Yolillal 42,0
Vegetação de Banhado Marillal 46,7
Riqueza biológica 12,1
Sitio de valor espiritual 23,7
Visitação turística 1,7
Situação socioeconômica da população 3,3
Mudança climática 2,7
Tempo máximo de recuperação 46,7
150
O tempo máximo para a recuperação dos recursos estimado foi igual a 46,7 anos. Os
custos da recuperação associados com as medidas para controle e proteção das áreas
queimadas, durante os quatro primeiros anos após o dano, estão na Tabela 7.6.4. Na
Tabela 7.6.5 estão os custos requeridos a partir do quinto até o último ano. Na Tabela
7.6.6 estão os gastos requeridos para a revegetação das áreas queimadas.
Tabela 7.6.4 Quantidade e preço dos insumos requeridos nos primeiros quatro anos
Insumos Unidade Quantidade Preço ($) Vida Útil Custo Anual ($)
Operários Funcionário 9 7.214 --- 64.926
Chefe de setor Funcionário 1 7.386 --- 7.386
Operação --- 10 3.314 --- 33.140
Equipamento Unidade 10 400 5 anos 800
Lanchas Unidade 1 4.000 5 anos 800
Motores Unidade 1 2.938 5 anos 588
Veículos Unidade 1 20.000 7 anos 2.857
Combustíveis Galões/ano 5031 0,60 --- 3.019
Manutenção --- 1 1.347 --- 1.347
Total anual 114.862
Total em 4 anos --- --- ---- --- 364.098
151
Nas Tabelas 7.6.7 e 7.6.8 estão os valores dos custos da infra-estrutura de proteção e
monitoramento das áreas queimadas, respectivamente. O somatório dos custos dos
insumos, mão-de-obra e atividades fornece o custo total de recuperação do dano das
áreas afetadas pelos incêndios, indicado na Tabela 7.6.9.
Os resultados da Tabela 7.6.9 mostram que o valor total do custo de recuperação dos
danos causados pelos incêndios florestais é $ 842.329,00. Na seqüência, determina-
se o custo social do dano ambiental, pela avaliação das perdas dos bens e serviços
ambientais dos recursos naturais que foram prejudicados.
Para estimar o custo social do dano é preciso determinar, da melhor forma possível,
os bens e os serviços ambientais que derivam das florestas afetadas. Em geral, os
152
benefícios perdidos são matérias-primas e produtos finais de consumo; proteção e
segurança no abastecimento futuro de bens e serviços; danos à saúde da população,
e perca do espairecimento e desenvolvimento espiritual. As alternativas da sociedade
em relação à redução da oferta ou perda desses benefícios são:
Neste estudo de caso foi utilizado o método indireto. A equação para estimar o custo
social do dano pelo método indireto é
( )
∑∑∑
( )
O nível do estado de conservação dos recursos antes do dano, estimado pela equipe
de especialistas foi 64%. Considerando que o nível do impacto foi de 44%, pode-se
estimar que o nível de alteração do estado de conservação dos recursos foi 28,42%.
O nível do estado de conservação dos recursos após o dano ficou 35,84% do máximo.
Atribuindo o valor do estado de conservação final dos recursos à variável α(= 0,2842),
e utilizando esse parâmetro em conjunto com o custo total de recuperação, pode-se
obter o custo social do dano pelo método indireto. Os resultados dessa etapa estão
na Tabela 7.6.10.
153
CUSTO DE ATENDIMENTO DA EMERGÊNCIA (OUTROS)
CONCLUSÕES
Através da aplicação desta metodologia foi possível estimar de forma técnica o valor
do dano ambiental do incêndio de 907ha de áreas florestais. O valor total do dano foi
estimado considerando três componentes: o custo de restauração, o custo social e o
custo de atendimento à emergência. O custo social foi determinado indiretamente a
partir do nível de alteração do estado de conservação dos recursos. O valor total do
dano foi $2.097.525,15. Deste montante, 40,2% são os custos de recuperação, 56,1%
são relativos ao custo social e 3,7% são custos do atendimento da emergência.
154
7.7 MODELO OSINERG – VALORAÇÃO DO DANO PARA DERRAME DE PETRÓLEO
INTRODUÇÃO
O método da Transferência de Valores é aplicado nos caso em que não é possível fazer
um estudo de valoração específico e particular para um caso de interesse. O método
utiliza as informações e resultados de estudos realizados para casos similares ao que se
pretende analisar, a fim de estimar o dano para o contexto específico em lide.
∑
( )( )( )
Onde:
155
Tabela 7.7.1 Qualificação dos fatores de agravo da multa do dano ambiental
F1 - Antecedentes de cumprimento da legislação ambiental Qualificação
O infrator atende as condicionantes do licenciamento atualizadas, as normas e a legislação ambiental -4
O infrator foi autuado pelo não cumprimento legal de outra sanção consciente desta possibilidade 1
O infrator foi autuado pelo não cumprimento legal da mesma sanção consciente desta possibilidade 4
F2 – Resposta no atendimento da emergência
Resposta imediata e completa execução do plano de contingência -4
Resposta tardia e/ou parcial execução do plano de contingência 0
Sem resposta 4
F3- Grau de colaboração da empresa com os órgãos de controle e fiscalização ambiental
Colaboração plena na investigação dos problemas -2
Atitude indiferente, não colabora com a fiscalização 0
Dificulta a fiscalização dos órgão ambientais 2
F4- Motivo de ocorrência do acidente
Apresenta procedimentos internos de trabalho que foram realizados 0
Erro de operação 2
Negligencia ou dolo 5
F5 – Volume de vendas anual da empresa (US$ - dólares americanos, ano 2005)
Até 300.000 0
Mais de 300.000 até 15.000.000 3
Mais de 15.000.00 até 50.000.00 6
Mais de 50.000.000 10
F6 – Danos às comunidades
Nenhuma comunidade foi afetada 0
Uma comunidade foi afetada 3
Mais de uma comunidade foi afetada 5
F7 – Sistema de gestão ambiental
Existe SGA com certificação vigente -5
Não existe SGA 0
F8 – Danos às reservas naturais
As reservas naturais foram afetadas 0
As reservas naturais não foram afetadas 20
EXEMPLO DE APLICAÇÃO
156
Figura 7.7.1 Vista aérea da região onde ocorreu o vazamento do petróleo
157
Como conseqüência do acidente, 113m3 do óleo derramado contaminaram 500m3 de
solo e 7.700m2 de bosque A região também foi atingida pelas ações de atendimento da
emergência, causando a perda de 2000m2 de solo. A empresa destinou 300m3 de terra
para o aterro. Nos corpos hídricos, foi contaminada uma área superficial de 15.000m2
pela depositação de uma película de 0,05m de óleo na água. Foram observados peixes
mortos na água e a contaminação do aqüífero. A empresa indenizou as comunidades
ribeirinhas afetadas pelo acidente com US$ 165.270,00.
∑
( )( )( )
CÁLCULO DO FATOR B
Para o cálculo do fator B serão utilizados os custos evitados pela empresa infratora que
provocou o dano ambiental, os quais são divididos em dois tipos: a) custos evitados de
investimento para a execução e manutenção de obras geotécnicas; b) custos evitados
associados à remoção dos escombros existentes na região do acidente.
Para estimar o valor do benefício “oculto” que a empresa obteve por não ter cumprido
a leislação, foi analisado um cenário hipotético de cumprimento da legislação no qual a
empresa realiza as medidas necessárias para evitar o impacto negativo que ocorreu.
Na Tabela 2 estão os investimentos evitados pela ALA relativos aos custos de operação
e manutenção. Para valor os investimentos no prazo de 10 anos foi utilizada a taxa de
inflação de 2,4%.
Os valores dos investimentos evitados foram corrigidos pela projeção do fluxo de caixa
ao longo de 10 anos (período de tempo utilizado nos estudos de viabilidade econômica
de projetos), considerando dois ciclos. O ciclo inicial de operação do capital e o ciclo de
reposição do ativo. Para tanto, foi adotada uma taxa linear de depreciação, uma taxa
de desconto anual de 10,15% e uma taxa de 30% para o imposto de renda. A relação
empregada para obter o valor presente do montante de investimentos foi
∑( )
( )
Onde:
158
VAN = valor presente líquido ($);
FCN t = fluxo de caixa líquido ($);
n = período (anos);
r = taxa de desconto anual (%)
Os valores presente dos investimentos evitados pela ALA ao longo do ciclo inicial e de
reposição do ativo, no período de 10 ano cada, estão apresentados na Tabela 7.7.3. A
partir destes valores calcula-se o fator B somando o valor presente dos investimentos,
dos gastos não depreciados e dos custos de operação e manutenção. Os valores dos
custos de operação manuteção corrigidos estão apresentados na Tabela 7.7.4.
159
- Custos evitados pela não remoção dos escombros
Tabela 7.7.6 Custo total para remoção dos escombros, evitado pela empresa
Custos evitados (em 2003) US$ 297.876
Imposto de renda (30%) 89.363
FCN - Fluxo de caixa líquido (em 2003) 208.513
Taxa do custo de oportunidade (hipotéca) (%) 10,56
Valor Futuro (2005) US$ 240.575
Os resultados da Tabela 7.7.6 mostram que os custos evitados pela empresa pela não
remoção dos escombros foram U$$ 240.575. Finalmente, pode-se obter o fator B
somando os custos evitados dos investimentos de operação e manutenção e os custos
evitados de remoção dos escombros do acidente:
160
CÁLCULO DO FATOR αD
Para ajustar os valores transferidos desses estudos fonte, deve-se incluir a elasticidade
da DAP com respeito à renda real. A elasticidade mede a redução percentual da DAP,
por um benefício particular, para cada redução percentual na renda real das pessoas.
A hipótese mais usada para o valor da elasticidade é a unidade, mas, a literatura indica
que para países da América Latina e do Caribe a elasticidade é igual a 0,54.
Para transferir os valores dos estudos fonte para o caso analisado utilizá-se a equação
( ) ( )
Onde:
- valor dos bens e dos serviços ambientais na moeda local para o lugar de
aplicação da transferência dos valores (policy site), no instante de tempo t;
- valor dos bens e serviços ambientais para o lugar de aplicação (study site),
para o período em que foi realizado o estudo fonte (t=0), na moeda utilizada
para valorar os bens e serviços ambientais;
161
- índice de preços ao consumidor no período em que foi realizado o estudo
fonte (t=0) e na moeda utilizada para valorar os bens e serviços ambientais;
– taxa de câmbio no período “t” entre a moeda local e que foi utilizada para
valorar os bens e serviços ambientais no estudo fonte;
Os resultados da tabela acima indicam que o valor total do dano foi US$ 2.410.761. Na
tabela constam também os resultado da sensibilidade paramétrica para ± 10% e ± 56%
do valor da multa do dano ambiental. Fazendo a comparação do valor médio do dano
(US$ 2.960.942), obtido com os valores dos extremos do intervalo (-10%; +56%), e do
valor da multa (R$2.410.761), obtem-se o desvio médio de 19%. Adotando um valor de
5% para α, seguindo a metodologia proposta pela OSINERG, obtém-se o valor do fator
(αD) da equação da multa igual a R$ 120.538.
FATOR αD = R$ 120.538,00
CÁLCULO DO FATOR A
162
[ ( )] ( )
∑
( )( )( )
( )
163
Tabela 7.7.7 Trabalhos utilizados para a transferência de valores, visando a obtenção do valor econômico do dano ambiental do acidente
2
Ajuste PBI-PPP 3 4
US$ US$ US$ US$ VAN (5%) Soles
Tipo de valor Bem ou serviço ambiental Técnica de valoração do estudo fonte 1 (Brasil-Peru) US$
(1990) (1996) (2003) (2005) US$ (2005)
(1990)
Produção de madeira
Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 9.369,0 10.024,8 104.053,9 343.939,6
comercial
Produção madeira não
Valor de Uso Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 5.308,5 5.680,1 58.957,7 194.878,7
comercial
Direto
Valor da produção agrícola Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 1.697,0 1.815,8 18.847,3 62.297,8
Exploração da fauna Produtividade Marginal (Custos de Mercado) -- -- -- 272,0 291,0 3.020,9 9.985,3
Regulação hídrica Produtividade Marginal (Custos de Mercado) 61,0 -- 45,3 63,9 68,4 710,0 2.346,9
Controle de erosão e bacias Bens Substitutos - Custos Evitados 3,0 -- 2,2 3,1 3,4 34,9 115,4
Controle de incêndios Produtividade Marginal (Custos de Mercado) 6,0 -- 4,5 6,3 6,7 69,8 230,8
Valor de Uso Regulação de nutrientes Bens Substitutos – Custos Evitados 3.480,0 -- 2.586,7 3.647,2 3.902,5 40.506,7 133.890,9
Indireto
Valor da biodiversidade
Calibração de Modelo de Competência com
(plantas medicinais para a -- 363,0 -- 424,7 454,4 4.716,9 15.591,3
Produtos da Indústria Farmacêutica
indústria farmacêutica)
Valoração Contingente e Produtividade
Fixação de carbono 3.080 -- -- 4.342,8 4.646,8 48.232,2 159.426,6
Marginal (Benchmark Internacional)
Valoração Contingente e Produtividade
Valor de Opção Proteção da biodiversidade 31,0 -- 23,0 32,5 34,8 360,8 1.192,7
Marginal (Benchmark Internacional
Valor Existência Preservação ambiental Valoração Contingente 6,4 -- 4,8 6,7 7,2 74,5 246,2
VAN / ha (e = 0,54) (ano, 2005) 924.142
1 – ano; 2 – ajuste cambial da moeda; 3 – valor do dano ambiental (VAN); 4 – moeda peruana (soles)
164
7.8 MODELO HEA - VALORAÇÃO DO DANO PARA PERDA DE SERVIÇOS AMBIENTAIS
INTRODUÇÃO
Na Figura 7.8.1 estão ilustrados os serviços perdidos pelo hábitat afetado e fornecidos
pelo compensatório. Essa técnica utiliza taxa de desconto anual, em geral de 3%, para
corrigir o valor dos serviços ao longo do tempo. Caso a área de compensação continue
fornecendo serviços por muito tempo (100 anos) em relação ao tempo de recuperação
(15 anos), seu tamanho será menor que o habitat afetado pelo dano ambiental.
Serviços (%)
tamanho da área
de compensação
Área 1 Área 2
serviços perdidos serviços fornecidos
tempo
t0 t1 t2 t3
(impacto) (início recuperação) (área recuperada) (serviço máximo)
165
I. PARÂMETROS DO MODELO HEA
[∑ ( ) ]
[∑ ( ) ]
Variáveis de Entrada
Vj Valor por área-tempo dos serviços fornecidos pelo hábitat afetado
Vp Valor por área-tempo dos serviços fornecidos pelo hábitat de reposição
x jt Nível dos serviços fornecidos pelo hábitat afetado no final do tempo t
bj Linha base do nível do serviço (pré-dano)/unidade área do hábitat afetado
p
x t Nível dos serviços fornecidos pelo hábitat de reposição no final do tempo t
p
b Nível inicial dos serviços / unidade de área do hábitat de reposição
ρt Fator desconto, ρ t = 1 / (1 + r) t - C, e r é a taxa de desconto no tempo
J Número de unidades de área afetadas pelo dano
P Tamanho do projeto de compensação (reposição)
Variáveis de Tempo
Quantidades Calculadas
A equação HEA estabelece que o tamanho do projeto de compensação deve ser igual à
razão dos serviços perdidos (numerador) e fornecidos (denominador), por unidade de
área-tempo do hábitat de compensação, multiplicada pelo valor relativo dos serviços
166
fornecidos por unidade de área do hábitat afetado e de compensação, multiplicado
pelo número de unidades de área do hábitat afetado, caso o tamanho das áreas dos
hábitats seja diferente. Os parâmetros da equação HEA estão decritos na Tabela 7.8.1.
EXEMPLO
O vazamento de óleo diesel de um acidente contaminou 100 acres de várzeas. O óleo
derramado causou a redução de 50% dos serviços ambientaisfornecidos pelas várzeas.
Os especialistas estimam que o tempo para a recuperação das várzeas seja cinco anos,
considerando taxa linear ao longo do tempo. Nas Tabelas 7.8.2 e 7.8.3 estão indicados
os dados do impacto e os parâmetros do projeto de compensação, respectivamente.
Os dados indicam que o acidente ocorrido em 1999 reduziu os serviços ambientais das
várzeas em 50%. Os especialistas estimam que o tempo de recuperação das várzeas é
cinco anos e, o custo é US$3000/acre. O projeto de recuperação das váreas iniciou em
2009, e, o fornecimento dos serviços iniciou em 2010, atingindo o máximo em 2014.
167
Assim, de 1990 a 2009 (19 anos) o hábitat impactado com óleo fornecerá apenas 50%
dos serviços. A partir de 2010, os serviços fornecidos aumentam progressivamente até
atingir o máximo em 2014. Os resultados numéricos estão nas Tabelas 7.8.4 e 7.8.5.
120
Perda bruta
80
60
40
20
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Ano
Figura 7.8.2 Nível atual e corrigido dos serviços ambientais afetados pelo dano
60
50
Serviços ambientais (%)
40
30
20
10
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Ano
Figura 7.8.3 Perda total de serviços ambientais, representado pela área sob a curva
168
Os resultados indicam que, desde a época do acidente até a recuperação do hábitat, os
100 acres de várzeas deixaram de fornecer serviços ambientais equivalentes a 785,16
acres. Os dados indicam também que durante a recuperação serão fornecidos serviços
ambientais equivalentes a 931,50 acres de várzea. Nas Figuras 7.8.4 a 7.8.6 estão os
níveis dos serviços ganhos e perdidos no período de recuperação do hábitat alterado.
60
50 Ganho bruto
Nível dos Serviços (%)
40 Ganho corrigido
30
20
10
0 Ano
1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Figura 7.8.4 Nível dos serviços ganhos com a recuperação das várzeas
30
25
Nível dos Serviços (%)
20
15
10
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Ano
Figura 7.8.5 Total de serviços ganhos com a recuperação das várzeas
60
50 Perda de
Serviços Ambientais (%)
Serviços
40
30
20
10
0
1990 1995 2000 2005 2010 2015
Ano
Figura 7.8.6 Perda e ganho total de serviços ambientais nas várzeas, de 1990 a 2015
169
RESULTADOS NUMÉRICOS DO MODELO
170
Tabela 7.8.5 Service gain at the compensatory area (serviços ganhos)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Year %Services Gained Raw Discount Discounted
Beginning End Mean SAYs gained factor SAYs gained
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
1990 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 1,000 0,000
1991 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,971 0,000
1992 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,943 0,000
1993 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,915 0,000
1994 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,888 0,000
1995 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,863 0,000
1996 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,837 0,000
1997 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,813 0,000
1998 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,789 0,000
1999 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,766 0,000
2000 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,744 0,000
2001 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,722 0,000
2002 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,701 0,000
2003 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,681 0,000
2004 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,661 0,000
2005 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,642 0,000
2006 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,623 0,000
2007 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,605 0,000
2008 50,00% 50,00% 0,00% 0,000 0,587 0,000
2009 50,00% 65,00% 7,50% 7,500 0,570 4,277
2010 65,00% 80,00% 22,50% 22,500 0,554 12,458
2011 80,00% 95,00% 37,50% 37,500 0,538 20,158
2012 95,00% 100,00% 47,50% 47,500 0,522 24,790
2013 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,507 25,335
2014 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,492 24,597
2015 100,00% 100,00% 50,00% 50,000 0,478 23,880
-----------------------------------------------------------------------------------------------------
Total discounted SAYs gained = 931,50;
Discounted SAYs gained per unit area = 9,32;
Replacement habitat size (acre): 1 x 785,63/ 9,315 = 84,290.
Os resultados indicam que durante o período necessário para recupar o dano (14 anos)
os serviços perdidos nas várzeas contaminadas com óleo são equivalentes aos serviços
fornecidos por 785,16 acres de várzeas descontaminadas e, nesse período o projeto de
recuperação fornecerá com taxa constante 9,32 acre-ano de serviços. Assim, após a
recuperação, terão sido fornecidos o equivalente a 931,50 acres de serviços, portanto
o projeto de compensação do dano que deve ser implatado é 84,29 acres de várzeas.
171
Os resultados obtidos pelo HEA são razoáveis na maioria dos casos, mas ainda existem
alguns pontos críticos no modelo, como, por exemplo o estabelecimento do tempo e a
forma constante da taxa de recuperação do dano.
172
ESTABELECIMENTO DO NÍVEL DOS SERVIÇOS AMBIENTAIS
As áreas da cobertura vegetal e do solo exposto das imagem foram determinadas pela
classificação supervisionada; não-supervisionada e segmentação com análise orientada
por objetos. Nesse exemplo, apresenta-se apenas os dados da classificação manual das
imagens. Nas Figuras 7.8.7, 7.8.8 e 7.8.10 estão indicadas as áreas ocupadas pela flora
em 1999 (antes do acidente), 2003 e 2006, respectivamente.
Figura 7.8.8 Imagem de satélite da região afetada pelo dano, obtida em 2003
173
2500
2368,00
1920,47
1603,14 1774,60
1500
Área (m2)
Área Flora
Área Solo
1000
766,86
449,53
500
595,40 519,01 365,02 285,13
2,00
0
1998 2000 2002 2004 2006 2008
Ano
Figura 7.8.9 Áreas de vegetação e solo exposto em função do tempo
Os dados das Tabelas 7.8.2, 7.8.3 e 7.8.9 foram aplicados na equação do modelo HEA
para determinar o tamanho da área de compensação equivalente a perda dos serviços
ambientais que deixaram de ser fornecidos pela floresta afetada, durante o período de
recuperação, de 2000 a 2010. A partir dessa área equivalente, foi calculado o valor
econômico do dano ambiental do acidente.
Os dados das tabelas estão apresentados nos gráficos da Figuras 11, 12 e 13. Na Figura
13, estão indicadas as áreas correspondentes à perda e ao ganho dos serviços
ambientais, associadas ao impacto e a remediação do dano, em função do tempo.
175
RESULTADOS DO MODELO HEA
90%
80%
Perda de Serviços
70%
60%
Serviços Ambientais
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012
Ano
176
Tabela 7.8.11 Serviços ambientais restituidos pela recuperação da flora
Serviços ganhos (%) Ganho Fator de Ganho
Ano
Início Final Média Bruto Desconto Corrigido
2000 68,00 25,00 -3,50 -82,95 1,00 -82,95
2001 25,00 22,00 -26,50 -628,05 0,97 -609,76
2002 22,00 19,00 -29,50 -699,15 0,94 -659,02
2003 19,00 15,00 -33,00 -782,10 0,92 -715,73
2004 15,00 51,50 -16,75 -396,98 0,89 -352,71
2005 51,50 88,00 19,75 468,08 0,86 403,77
2006 88,00 88,50 38,25 906,53 0,84 759,20
2007 88,50 89,00 38,75 918,38 0,81 746,72
2008 89,00 89,50 39,25 930,23 0,79 734,33
2009 89,50 90,00 39,75 942,08 0,77 722,02
2010 90,00 90,00 40,00 948,00 0,74 705,40
Ganho total de serviços ambientais 1651,28
Ganho de serviços corrigidos / unidade de área 0,697
2
Tamanho da área de compensação (m ) = 1,00 x 15.520,356 / 0,697 22.275,63
50%
30%
20%
Serviços Ambientais
10%
0%
-10%
-20%
-30%
-40%
1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010
Ano
Os resultados, apresentados nas Tabelas 7.8.10 e 7.8.11 e nas Figuras 7.8.11 a 7.8.12,
indicam que o acidente afetou 2380m2 da floresta e causou danos na flora, solo e nos
serviços ambientais fornecidos pelo recurso natural.
177
100%
80%
Perda de
Serviços
60%
Serviços Ambientais
40%
20%
0%
2000 2002 2004 2006 2008 2010
-20%
-40%
Figura 7.8.13 Total dos serviços perdidos (área azul) pela contaminação, e fornecidos
(área vermelha) pela recuperação da flora, para compensar o dano ambiental
Os resultados obtidos indicam que, durante quatro anos após o acidente, ocorreu uma
perda de 84,60% da flora e, conseqüentemente, redução do fornecimento dos serviços
ambientais. Esse resultado foi obtido por análise e classificação das sete imagens de
satélite de alta resolução utilizadas no trabalho.
178
7.9 MODELO MOD - VALORAÇÃO DO DANO PARA CONTAMINAÇÃO DO SOLO E ÁGUA
SUBTERRÂNEA
INTRODUÇÃO
DESCRIÇÃO DO ACIDENTE
180
METODOLOGIA
C C 2C C
v D 2 R (1)
t z z t
DFick
D (2)
R
solo k
R 1 (3)
C(0,t) = Co (4)
C
, t 0 (5)
t
C0 z vt zv z vt
C ( z, t ) (erf ( ) exp( )erfc ( )) (6)
2 (4Dt ) 0,5 D (4Dt ) 0,5
182
RESULTADOS
Balanço de Massa
2.50
Nivel do Tanque (m)
2.00
1.50
1.00
0.50
0.00
0 1000 2000 3000 4000
Tempo (s)
Os resultados apresentados na Tabela 7.9.9 e Figura 7.9.2 foram obtidos pela aplicação
dos parâmetros das Tabelas 7.9.4 e 7.9.7 na Equação (6). O desvio médio entre o valor
calculado do pH da água e observado nos poços, nos dias 5 e 7/10 é, respectivamente,
igual a 17,7 e 16,2%. Na Figura 7.9.2, perfil do ácido infiltrado, observa-se o retardo no
avanço da concentração inicial (384mg/L), ao longo da profundidade do solo. Na Figura
7.9.3 estão ilustrados os perfis de concentração do produto derramado, em função do
tempo e direção vertical, a partir da superfície do terreno.
183
Tabela 7.9.9 Valores do pH da água subterrânea, calculados pelo modelo e registrados
nos poços de monitoramento instalados na área do acidente
Dia 05/10/04 Dia 07/10/04
PM z (m)
pH exp pH cal pH exp pH cal
01 6,42 5,77 3,63 5,64 3,26
04 7,98 3,52 4,42 4,42 3,87
06 8,58 5,23 4,78 4,83 4,13
09 8,79 3,91 4,90 4,19 4,23
08 8,91 3,73 4,97 4,12 4,29
05 9,17 4,40 5,12 4,75 4,42
07 9,27 5,09 5,20 4,63 4,46
03 9,74 5,07 5,52 4,73 4,71
02 12,87 5,50 ---- 4,96 6,61
z (m)
184
c)
a
M M
d
b )
M M
Figura 7.9.4 Perfil de concentração do ácido em função da profundidade, (a) 7/10/2004; (b)
2/2/2005; (c) 2 e (d) 5 anos após o acidente
185
Figura 7.9.5 Linhas potenciais do lençol freático ajustadas, a partir do nível da água dos
poços de monitoramento, registrado nas campanhas de 2004 e 2005
Nas Figuras 7.9.5 a 7.9.7 estão ilustradas as plumas da contaminação na água em datas
diferentes. As concentrações de referência do ácido estão representadas pelas cores. A
situação, dois anos pós-derrame dos compostos adsorvidos na fase imobilizada está na
Figura 7.9.4. A inspeção da Figuras 7.9. 5 indica que dias após o derrame, em 07/10/04,
a concentração do ácido na água subterrânea estava acima dos valores de referência.
Os dados da Figura 6 indicam que em 08/03/05, 163 dias pós-derrame, a concentração
do poluente na água estava menor, mas continuava acima dos valores de referência.
Na Figura 7.9.7 está apresentada a pluma contaminação após 365 dias do acidente. Os
dados indicam que nesse período a concentração, provavelmente, era igual ou menor
que 0,04mg/L e, a pluma ocupava 335célula x 10 x 10m = 33500m2, que multiplicada
pela profundidade do freático fornece o volume de água contaminada de 328.300m3.
186
Tabela 7.9.11 Concentração dos ácidos na água subterrânea calculados pelo modelo
MT3D, registrados nos poços de monitoramento e desvio relativo entre os mesmos
C HCl Cal C HCl Exp Desvio
Poço
(mg/L) (mg/L) (%)
PM 01 0,03024 0,02594 -16,58
PM 02 0,16574 0,17200 3,64
PM 03 0,36790 0,30580 -20,31
PM 04 1,38051 1,33800 -3,18
PM 05 0,27876 0,28100 0,80
PM 06 0,24024 0,23440 -2,49
PM 07 0,39126 0,36340 -7,67
PM 08 1,19253 1,16400 -2,45
PM 09 0,13914 0,13300 -4,62
CONCLUSÕES DA MODELAGEM
188
VALORAÇÃO ECONÔMICA DO DANO AMBIENTAL
A valoração econômica do dano à água subterrânea foi realizada pelo modelo CATEs,
descrito nesta obra. O valor adotado para a água foi R$2,00/m3. Observa-se que esse
valor correponde ao preço médio de um metro cúbico de água tratada, fornecida pelas
maioria das companhias de tratamento e abastecimento de água do país.
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
O valor dos danos irreversíveis (DAI) ocorridos em dois anos, após o acidente são:
189
7.10 MODELO IBAMA – VALORAÇÃO DO DANO PARA UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
I. INTRODUÇÃO
190
Nas áreas e locais onde há equipamentos dos serviços de telecomunicação, radiodifusão
e atividades afins, constata-se poluição sonora provocada pelos geradores de energia
elétrica, veículos, mão-de-obra operacional e de manutenção dos equipamentos.
No caso das áreas onde são encontradas cisternas também ocorre poluição hídrica por
esgotos não tratados observados nas instalações. Além da poluição hídrica, há também
poluição causada pela deposição de resíduos sólidos do lixo gerado pelos funcionários
dos empreendimentos, podendo, inclusive, contaminar lençóis freáticos e corpos d’água
próximos aos locais das instalações.
O modelo, inicialmente, estabelece o valor total dos impactos ambientais causados pelo
empreendimento pela seguinte relação:
Onde:
VT: Valor total do dano;
P1: Impacto de perda de área;
P2: Impacto sobre perda de visitação;
P3: Impacto sobre perda de produção de bens;
P4: Impacto sobre recursos hídricos;
P5: Impacto sobre perda de serviços ambientais;
R: taxa de desconto oficial.
A taxa de desconto a ser aplicada, será definida pela Taxa de Juros de Longo Prazo–TJLP
estabelecida pelo Tesouro Nacional. Por exemplo, uma porcentagem de 12% que será
convertida para 0,12. A divisão por R faz com que o somatório dos valores atribuídos ao
impacto ambiental, calculados em termos anuais, seja expresso como a totalidade do
valor dos impactos associados à permanência do dano a longo prazo.
191
A partir do valor total (VT) obtém-se o percentual da compensação, definido pelo art. 36
da Lei 9985/2000, sobre o custo de implantação do empreendimento (CEMP). O valor da
compensação ambiental (VCEMP) é expresso pela seguinte equação:
( ) ( )
sendo que VCOMP ≥ 0,5.
( )
Onde:
AEMP = área de influência do empreendimento;
F = faixa de influência do impacto, a partir da cerca edificada;
A E = área edificada.
192
com solo, clima, fauna e flora semelhantes, é adequada. Para tanto, multiplica-se o valor
da área de influência do empreendimento pelo valor venal da área do entorno, que
pode ser obtido dos cadastros de ITR ou IPTU, conforme a área do entorno seja rural ou
urbana, respectivamente. O valor de fato da área do entorno que possa ser adquirida
para esse propósito é o valor de mercado.
Assim, o valor dessa parcela é o produto da área do empreendimento (AEMP) pelo valor
venal médio das propriedades do entorno da unidade de conservação (Vv), praticado no
período da compensação. O valor da parcela é dado pela equação:
Onde:
AEMP = área de influência do empreendimento;
Vv = valor venal médio dos terrenos do entorno.
Seja pela beleza cênica ou possibilidade de contato direto com a natureza, as unidades
de conservação que permitem o uso público são bastante freqüentadas pela população.
Em virtude dessa característica, algumas UCs auferem recursos financeiros através da
cobrança de ingressos para visitação, o que em alguns casos se constitui em significativa
parcela do orçamento da unidade.
( )
Onde:
AEMP = área de influência do empreendimento;
AUP = área de uso público da UC, de acordo com seu Plano de Manejo;
VI = valor do ingresso para visitação da área;
VM = visitação média anual com base nos últimos cinco anos.
193
e comercialização de bens naturais (Lei 9985/2000), como madeira, pescado e essências
vegetais, constituindo-se um percentual importante da receita dessas unidades.
Para calcular essa parcela, utilizam-se os valores dos produtos potenciais que podem ser
obtidos na UC (ex: potencial de produção madeireira sob manejo sustentável), quando
houver informações sobre as quantidades e preços destes bens, utiliza-se a equação:
( )
Onde:
AEMP = área de influência do empreendimento;
Ap = área de produção de bens, segundo o plano de manejo da UC;
Pp = potencial produtivo estimado dos bens na UC.
No caso da não existência das informações, pode-se utilizar o somatório da receita anual
obtida com todos os bens produzidos e comercializados na UC, tendo em vista que a
presença do empreendimento pode afetar indiscriminadamente o potencial produtivo
dos bens que são obtidos na área de produção da unidade. Assume-se, dessa forma, o
princípio da precaução extraído do art. 225 da Constituição e da Lei da Política Nacional
do Meio Ambiente (Lei 6.983/1981). Nesses casos utiliza-se a equação:
( ) ∑( )
Onde:
qi = quantidade produzida do bem i;
pi = preço de venda do bem i;
n = quantidade de bens produzidos /comercializados, nos últimos cinco anos;
i = 1..., n (n = número de bens produzidos).
194
A valoração desses serviços prestados pelas UCs depende de informações sobre área da
bacia hidrográfica afetada pelo empreendimento; preço cobrado para abastecimento e
vazão d´água captada; se não houver captação de água na UC considerada, essa parcela
assume valor nulo. O cálculo desta parcela se dá através da seguinte relação:
( )
Onde:
AEMP = área de influência do empreendimento;
AB = área da bacia hidrográfica impactada dentro da UC;
P = preço do metro cúbico da água cobrado para abastecimento;
V = vazão anual da água captada para abastecimento.
Alguns desses serviços são facilmente reconhecidos pela população, como o suprimento
de água das florestas e a regulação térmica fornecidas pelas áreas verdes nos ambientes
urbanos. No entanto, inúmeros outros serviços prestados pelos ecossistemas fogem à
percepção imediata, mas são importantes para a sociedade, como, por exemplo, refúgio
de hábitat para espécies migratórias, base de cadeias tróficas em ecossistemas abertos,
sumidouro de carbono em ecossistemas florestais, etc.
Nessas situações, devem-se somar os valores dos serviços ambientais considerados, que
constituirão o valor do fator VE (valor anual dos serviços ambientais). Este fator deve ser
multiplicado pela área de influência do empreendimento (AEMP), resultando no valor da
parcela.O valor dessa parcela do impacto total é determinada com a relação:
Onde:
VE = valor anual dos serviços ambientais da UC;
AEMP = área de influência do empreendimento.
195
7.11 MODELO CATES- VALORAÇÃO DE DANO PARA RECURSO FLORESTAL E OUTROS
INTRODUÇÃO
O modelo foi desenvolvido Dr. Luiz César Ribas, em 1996, para o sistema florestal. Trata-
se de um método simples e direto para valoraração de danos ambientais irreversíveis. O
método Custos Ambientais Totais Esperados (CATE) representa uma renda perpétua que
a sociedade estaria disposta a receber na forma de indenização (pecuniária ou não) pela
ocorrência de determinada degradação ambiental. A referida metodologia considera a
possibilidade de existência de duas situações:
O modelo CATE estabelece o valor presente dos custos ambientais esperados para um
determinado tipo de dano ambiental intermitente ou contínuo, para, então, determinar
o valor econômico dano ambiental irreversível.
(Vd Cd Fi / d ) (1 j ) n
CATE I
(1 j ) n 1
196
DANO AMBIENTAL CONTÍNUO (CATE II)
O modelo CATE II é aplicado para valoração econômica dos danos ambientais contínuos.
Os danos contínuos são ações prejudiciais que degradam o ambiente de forma periódica
(repetitiva) apresentando riscos ambientais contínuos. Por exemplo, a emissão diária de
poluente atmosférica no meio ambiente. Analiticamente tem-se:
(VC Cd Fi / d )[(1 j ) n 1]
CATE II
j (1 j ) n
Onde:
CATE I/II = Valor presente dos custos ambientais esperados para determinado
dano ambiental intermitente ou contínuo, a partir dos fluxos de caixa produzidos
por uma série infinita de vidas úteis de n anos ou, de outra forma, valor presente
dos custos ambientais totais esperados de um determinado processo ambiental
degradativo, em unidade monetária por unidade de área;
197
O fator Fi/d relaciona os custos ambientais diretos e indiretos de determinado processo
de degradação ambiental (consideração dos valores ambientais diretos e indiretos). Esse
fator relaciona os danos diretos e os danos indiretos decorrentes de uma ação negativa,
utilizando os valores de correspondência apresentados na Tabela 7.11.1.
Tabela 7.11.1 Fator de relação dos danos ambientais diretos (d) e indiretos (i)
FATOR (F i/d) Significado
1 relação de predominância inexistente de i sobre d
3 pequena predominância de i sobre d
5 significativa predominância de i sobre d
7 predominância forte de i sobre d
9 predominância absoluta de i sobre d
2,4,6,8 valores intermediários
onde:
198
EXEMPLO
Vc = R$ 3.042.600,00
199
Cd = A x R$ = 5 hectares (50.000 m2) x R$ 10.695,30 / hectare = R$ 53.476,50
(Custos Ambientais para reparação dos danos). O valor R$ 10.695,30 incluí mão-
de-obra, equipamentos e produtos utilizados para recuperar o dano.
Cd = 53.476,50
200
7.12. MODELO VGB - VALORAÇÃO DO DANO PARA BENS DO PATRIMÔNIO CULTURAL
INTRODUÇÃO
Por muitos anos, o conceito de patrimônio cultural no Brasil era associado apenas ao
patrimônio material, edificações e objetos. Na atualidade, este conceito está associado
à noção de continuidade da trajetória de um povo representada pelo aporte material e
imaterial da cultura. Assim, pode-se escrever:
O Art. 216, do Capítulo III da Constituição Federal de 1988, define Patrimônio Cultural
Brasileiro como bens de natureza material e não materiais, individuais ou em conjunto,
que são portadores de referência à identidade, à ação e à memória de diferentes
grupos formadores da nossa sociedade nos quais se incluem:
– As formas de expressão;
– Os modos de criar, fazer e viver;
– As criações científicas, artísticas e tecnológicas;
– As obras, objetos, documentos, edificações e os espaços destinados às
manifestações artísticas e culturais;
– Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico;
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
DEFINIÇÕES
A) PATRIMÔNIO HISTÓRICO
PATRINÔNIO ARQUEOLÓGICO
B) PATRIMÔNIO ARTÍSTICO
201
C) PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO
MODELO DE VALORAÇÃO
O valor inicial representa o valor da terra ou da edificação construída afetada que está
diretamente associada ao patrimônio cultural, desconsiderando a sua singularidade. O
valor cênico ou de singularidade do bem é atribuído a partir dos atributos de raridade,
atratividade e fatores externos e internos, associados ao patrimônio cultural material
de interesse popular. Assim, pode-se escrever:
VG = VI + VC (1)
Onde:
VG = valor global;
VI = valor inicial (somente material);
VC = valor cênico (de singularidade).
202
CÁLCULO DO VALOR CÊNICO (VC)
VC = VI x RA x FC (3)
onde:
VI = valor inicial;
RA = coeficiente de raridade / atratividade do bem;
FC = fator corretivo.
O fator corretivo FC é obtido a partir dos fatores externos e internos associados com o
patrimônio material, considerando de quatro variáveis principais: Acessibilidade (AC);
Reputação turística (RT); Facilidade de uso (FU) e Visual Paisagístico (VP), que,
dependendo do caso, recebem os pesos apresentados na Tabela 7.12.1.
203
A inclusão dos fatores corretivos na equação do valor cênico fornece:
A partir das relações apresentadas para o cálculo do valor inicial e do valor cênico do
bem, considerando os atributos de raridade, atratividade e fatores corretivos indicadas
pelas equações (2) a (5), obtém-se a expressão geral (6) para estimar o valor do dano.
EXEMPLO
Figura 7.12.1 Vista geral da igreja histórica afetada pelo terremoto do Peru
204
CÁLCULO DO DANO
VI = V REPARAÇÃO = U$ 25.000,00
VC = VI x RA x FC
Cálculo de RA
Cálculo de FC:
A partir dos pesos dos fatores externos e internos da Tabela 7.12.1 obteve-se:
- Cálculo de VC
VC = US$ 70.000,00
205
C) Cálculo do Valor Global (VG)
VG = VI + VC = 25.000,00 + 70.000,00
CONCLUSÕES
A partir dos resultados desse modelo de valoração pôde-se concluir que o terremoto
causou um dano de US$ 95.000 ao patrimônio histórico da comunidade. Deste total,
US$ 25.000 são referentes aos danos materiais, e US$ 70.000 são relativos ao valor
cênico do bem afetado pelo terremoto.
206
7.13 MODELO CONDEPHAAT - VALORAÇÃO DO DANO PARA BENS DE VALOR CULTURAL
(ARQUITETÔNICOS E NATURAIS)
INTRODUÇÃO
Esse método estabelece que o dano é proporcional à degradação do bem de valor cultural.
Para efeito de aplicação da metodologia, apresenta a definição do bem de valor cultural e suas
tipologias. A valoração econômica do dano aos bens de valor cultural é realizada considerando
os seguintes critérios:
I. TIPO DE PROTEÇÃO
Refere-se ao tipo de proteção administrativa sob o qual o bem se encontra tutelado ou poderá
se encontrar, após o reconhecimento do seu valor cultural.
c) Protegido pela Lei de Uso e Ocupação do Solo: situação em que o bem, embora não
necessariamente tombado, está enquadrado, do ponto de vista administrativo, em
legislação de uso e ocupação do solo, conferindo-lhe determinadas restrições.
207
II. GRAU DE ORIGINALIDADE
Esse critério refere-se às características dos bens de valor cultural e a freqüência com que elas
podem ser verificadas, considerando-se o universo dos demais bens, protegidos ou não por
instrumentos de preservação reconhecidos. Este conceito aplica-se somente aos bens naturais
tombados e respectivas áreas envoltórias.
a) Único: atribuído para áreas naturais que, em seu plano de manejo ou plano sistemático
de tombamento, são definidas como de restrição máxima quanto ao uso ou ocupação.
b) Raro: atribuído para áreas naturais que, ainda não têm plano de manejo ou sistemático
de tombamento, ou, possuindo-os, não são neles definidas como de restrição máxima
no que diz respeito ao seu uso e ocupação.
Somente será aplicado às áreas naturais tombadas, estando excluídos os bens arquitetônicos.
Refere-se ao estado de conservação em que a área se encontrava antes da ocorrência do dano
ocasionado, considerando os critérios de degradação e de recomposição da área afetada.
208
IV. GRAU DE ALTERAÇÃO
Esse item configura a gravidade da ação cometida sobre o bem. Em função das características
individuais dos bens arquitetônicos e áreas naturais, é necessário analisá-los individualmente.
Para os bens arquitetônicos, adota-se como referência o conjunto das características avaliadas
no processo de tombamento.
Para bens naturais, grau da alteração Tabelas 7.13.1 e 7.13.2, conforme a extensão da área.
Para fins de aplicação da Tabela 7.13.1, entende-se por “grandes áreas” extensões acima de
500ha, revestidas por vegetação natural ou destinadas à sua recuperação. Na aplicação da
Tabela 7.13.2, entende-se por “pequenas áreas” as extensões de até 500ha revestidas por
vegetação expressiva, usualmente econtradas em zonas urbanas.
d) Pequeno: para bens arquitetônicos - alteração das folhas das portas internas sem
alteração de vãos correspondentes; alteração de materiais de revestimento interno
ou externo (piso, paredes, forros, etc.); alteração do aspecto cromático dos diversos
elementos que compõem a construção
Observa-se que, para áreas naturais atribuição desse critério deve ser realizada utilizando as
Tabelas 7.13.1 e 7.13.2.
V. CAUSA DO DANO
Nesse item, identifica-se o motivo do dano, pelo efeito e características. Se comprovado que o
dano aconteceu devido a causas fortuitas ou de força maior, ação indenizatória não é cabível,
dada a inexistência da culpa e a inevitabilidade do evento.
Na hipótese de não ser possível identificar o causador do dano, entende-se que caberá ao
proprietário, público ou privado, ou até mesmo à administração da tutela, arcar com os
encargos da reparação. Cada caso deverá ser analisado individualmente, para que se julgue
possível e conveniente a reparação.
a) Por ação – caracteriza-se por ato ou atitude dolosa ou culposa, que provoque, direta
ou indiretamente, a lesão do bem.
209
b) Por omissão – caracteriza-se por ato ou atitude não praticadas, acarretando dano ao
bem, quer por ausência de comunicação do proprietário, poder público ou da empresa
privado à administração, quer pela ausência de ação dos órgãos responsáveis.
Para bens arquitetônicos, adota-se como referencial para avaliação da recuperação o conjunto
de características determinado pelo tipo de proteção; para áreas naturais, é possível contar
com a ação regeneradora do tempo, como elemento de avaliação desse critério.
b) Parcial: atribui-se apenas às áreas naturais, quando for possível a recuperação dos
elementos afetados, por processos naturais, induzidos, ou por ambos.
c) Integral: para bens arquitetônicos, quando a recuperação do bem for possível de forma
total. Pressupõe-se o domínio completo do conhecimento sobre como restituir o refazer
a parte afetada, tanto em termos técnicos quanto no tocante a materiais empregados.
Para áreas naturais, quando a recuperação do bem for possível em um grau muito
próximo à situação anterior ao dano, pelos próprios processos naturais.
Esse item refere-se ao registro dos reflexos negativos nas atividades e processo considerados,
decorrentes da lesão. A pontuação pode ser cumulativa, computando-se, no mínimo, o valor
atribuído ao subitem “e”, pois sempre estará presente o prejuízo à pesquisa.
210
c) Alteração de atividades culturais: perda, limitação ou impedimento das atividades de
cultura, tais como museologia, exposições, apresentações públicas, hábitos e costumes
de comunidades e etnias.
Tabela 7.13.1 Grau de alteração em função do tipo de dano, área e nível de proteção do bem
lesado, para grandes áreas (acima de 500 ha)
Tipo de Areolares Pontuais Lineares Difusos ecológicos ou
dano - área (1) (2) (3) ecossistêmicos (4)
Nível de
> 1 ha 1 a 0,1ha < 1000m2 Estreitos Largos Ocasional Sistemático
proteção
P1 S G M G S G S
P2 G M P M G M G
Tipo de dano
(1) Areolares: derrubada expressiva de glebas para implantação de roça, pasto, obtenção
de lenha, construções, cortes, aterros e represamentos;
(2) Pontuais: abertura de pequenas parcelas de área para as mesmas finalidades do
areolar;
(3) Lineares-largos: construção de rodovias, ferrovias, dutos, sistemas de transmissão,
etc.; Lineares-estreitos: abertura de pequena trilha, vias simples, assoreamento de
canais, etc.;
(4) Difusos: prejudiciais para a cadeia trófica, biodiversidade e para o equilíbrio do
ecossistema:
a. Ocasionais: quando ocorridos de forma eventual;
b. Sistemáticos: quando ocorridos de forma planejada e contínua.
Nível de proteção
P1: proteção integral;
P2: proteção parcial.
Grau de alteração
S: severo;
G: grande;
M: médio;
P: pequeno.
211
Tabela 7.13.2 Grau de alteração em função do tipo de dano, área e nível de proteção do bem
lesado, para pequenas áreas (até 500 ha)
Tipo de Areolares Pontuais Lineares Difusos – ambientais
dano - área (1) (2) (3) (4)
Nível de
>1000m2 10 - 1000m2 < 10m2 Estreitos Largos Ocasional Sistemático
proteção
P1 S G M G S G S
P2 G M P M G M G
Tipo de Dano
Nível de Proteção
Grau de Alteração
S: severo
G: grande
M: médio
P: pequeno
212
Quadro 7.13.1 Valores para ponderação dos critérios de valoração de dano sobre bens culturais
ASPECTO PONTOS OBSERVAÇÕES
A – QUANTO A CARACTERIZAÇÃO DO BEM
I – TIPO DE PROTEÇÃO
a) Tombado 1,0
b) Em processo de tombamento 0,8
c) Através da lei de uso e ocupação solo 0,6
d) Integrante de área envoltório de bem 0,4
e) Inventariado/ cadastrado/ passível 0,2
II – GRAU DE ORIGINALIDADE Válido apenas para áreas naturais e
a) Único 0,8 tombadas e respectivas áreas
b) Raro 0,6 envoltórias
c) Recorrente 0,4
III – GRAU DE CONSERVAÇÃO Válido apenas para áreas naturais e
a) Bom 0,8 tombadas e espectivas áreas
b) Regular 0,4 envoltórias
c) Precário 0,2
B – QUANTO AO DANO CAUSADO AO BEM
IV – GRAU DE ALTERAÇÃO
a) Severo 2,0
b) Grande 1,5
c) Médio 1,0
d) Pequeno 0,5
V – CAUSA DO DANO
a) Por ação 1,0
b) Por omissão 0,5
VI – POTENCIAL DE RECUPERAÇÃO
a) Nulo 1,0
b) Parcial 0,6
c) Integral 0,2
VII – EFEITOS ADVERSOS DECORRENTES Atribuição pode ser cumulativa, caso
a) Alteração de atividade de lazer 0,5 os danos ocasionados repercutam
b) Alteração de atividade econômica 0,5 em mais de um dos itens
c) Alteração de atividade cultural 0,5 considerados
d) Alteração de processo natural 0,5
e) Prejuízos para pesquisa 0,5
Uma vez obtida a pontuação alcançada pela situação verificada, a mesma será aplicada na
expressão matemática apresentada abaixo, que definirá o valor monetário do dano causado.
( )
( )
onde:
213
R = coeficiente de reincidência (¼ para o primeiro evento; ½ para a primeira
reincidência; 1 para segunda reincidência; 2 para terceira reincidência, progressão
geométrica de razão 2);
a) Para bens imóveis arquitetônicos rurais, igual ao custo local de uma construção
com as mesmas características técnicas e arquitetônicas da que foi danificada, a
ser apurado na fase pericial no curso da ação;
c) Para bens imóveis naturais rurais, igual ao valor de mercado da área, a ser apurado
na fase pericial no curso da ação;
d) Para bens imóveis naturais urbanos, igual ao valor venal do imóvel, como o item b.
Nos casos onde esse índice não for apurado, o valor da área será calculado a partir do valor do
metro quadrado do setor fiscal onde localiza-se o bem, conforme estabelecido anualmente
pela administração municipal, por planta genérica de valores ou instrumento semelhante.
Assim como no item b, esse valor deverá ser corrigido mensalmente
EXEMPLO
Contaminação de 10ha de uma área natural localizada em região urbana-industrial. Houve a
contaminação do solo, flora, água superficial e subterrânea, fauna terrestre e aquática. A
região envoltória, apesar de descaracterizada em relação ao estado original, é constituída por
um mosaico de paisagens onde existem banhados, florestas e corpo hídrico de boa qualidade.
A região, conforme a lei de uso do solo, apesar de antropizada, presta serviços ambientais
para a fauna local. O valor comercial da área que foi contaminada com produto tóxico, obtido
por pesquisa do mercado imobiliário, é igual a R$50,00/m2.
VALORAÇÃO DO DANO
214
B) Quanto ao dano causado
C) Atribuição da pontuação
( )
( )
215
7.14 MODELO CUSTO VIAGEM - VALORAÇÃO DO DANO PARA PARQUES NATURAIS E
ÁREAS RECREAÇÃO
DIXON, J. A., et. al., “Analisis Economico de Impactos Ambientales”, 2ª Ed., Banco
Asiático de Desarrollo e Banco Mundial, Costa Rica, 1994
INTRODUÇÃO
EXEMPLO
Um parque natural recebe anualmente visitantes de cinco diferentes regiões. Para cada
região foi determinada a população, o número de visitantes (NV) e os custos da viagem
para visitar o parque (CV), sendo utilizandos formulários de perguntas. Os dados
coletados na área estudada estão apresentados na Tabela 7.14.1. Na Figura 7.14.1 está
apresentada a curva de demanda ajustada por regressão linear das variáveis número de
visitantes em função do custo da viagem ao parque valorado.
216
APLICAÇÃO DO MÉTODO
Os passos para estimativa do valor-de-uso do Parque pelo método do Custo Viagem são
os seguintes:
Curva de Demanda
35
30
1,5; 30
25
3,0; 25
20
4,5; 20
15
6,0; 15
10
7,5; 10
5
0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0
217
RESULTADOS
∑∫ ( ) ∑( )
218
7.15 MODELO DAP - VALORAÇÃO DO DANO POR ANÁLISE CONTIGENTE (VU + VE)
INTRODUÇÃO
Em alguns casos de valoração de recursos ambientais, os mercados de bens e serviços
ambientais não existem, não estão bem desenvolvidos e tampouco existem mercados
alternativos, que resulta na impossibilidade de valorar os efeitos de projeto ou impacto.
Uma alternativa viável nesses casos é usar os métodos de valoração contingentes (MVC).
A idéia básica dos MVC é que as pessoas têm diferentes graus de preferência ou gosto
pelos bens ou serviços, e isso se manifesta quando vão ao mercado e pagam quantias
específicas por eles; isto é, ao adquiri-los, expressam sua disposição a pagar (DAP) por
esses bens ou serviços. A estimativa do valor econômico a partir de funções de utilidade
também pode ser realizado pelo conceito da disposição a receber compensação (DAC).
219
EXEMPLO DE ESTIMATIVA DO VALOR DE OPÇÃO DA PRAIA DO CASSINO
INTRODUÇÃO
Segundo citado por Seroa da Motta, a estimativa do valor de opção (DAPT) de uma área
de recreação na forma aberta de pesquisa de opinião, pode ser obtida multiplicando-se
a disposição a pagar média (DAPMi) dos entrevistados pela população presente no local,
no período da pesquisa. A proporção é baseada na percentagem dos entrevistados que
se mostram dispostos a pagar um valor dentro do intervalo i correspondente a DAPMi.
Com base nesse conceito, a relação funcional empregada no estudo para obter o valor
de opção da Praia do Cassino foi
∑ ( ) ( )
Onde:
RESULTADOS
Dos 234 questionários obtidos, 173 apresentaram resposta positiva quanto à disposição
a pagar pela preservação-conservação de bens e serviços gerados na praia do Cassino, e
61 apresentaram resposta negativa, isto é, não se dispuseram a pagar pela preservação
da amenidade ambiental, conforme mostra a Tabela 7.15.1.
220
Tabela 7.15.1 Intervalo das séries de disposição a pagar média, número de entrevistas e
população da praia do Cassino na alta temporada (2001)
*
Intervalo (R$/mês) Média (DAP/ni) Pessoas (ni) % (ni/N) População Total
COMENTÁRIO
221
7.16 MODELO CARDOZO - VALORAÇÃO DO DANO PARA COMPONENTE VALORÁVEL E
INTANGÍVEL
CARDOSO, A., R., A., “A Degradação ambiental e seus valores econômicos associados”,
Editor Sérgio Antonio Fabris, Porto Alegre, Brasil, 2003.
INTRODUÇÃO
Cardoso refere que o valor econômico de um dano ambiental pode ser obtido com duas
parcelas. A primeira, diz respeito às variáveis quantificáveis do dano ambiental (q). A
segunda, está relacionada às variáveis intangíveis (i) do dano ambiental.
As variáveis do modelo são todas aquelas que têm valor econômico mensurável, como,
por exemplo, os investimentos não realizados para a prevenção dos danos, os custo das
licenças ambientais e outras. As variáveis intangíveis são todas aquelas sem valor de
mercado estabelecido, como, por exemplo, o custo da morte de microorganismos, como
fungos e bactérias.
As variáveis intangíveis (i) são ponderadas com escala numérica de valores, no intervalo
de zero a quatro, em função da intensidade e tempo de duração dos impactos. Os pesos
dessa variável do modelo são:
Sem impacto = 0;
Baixo impacto = 1;
Médio impacto = 2;
Alto impacto = 3.
α α
VERD q i
n1
n
n1
n
onde:
VERD = valor econômico de referência do dano ambeintal;
qn = somatório das variáveis economicamente quantificáveis;
in = somatório das variáveis intangíveis ponderadas na escala de 0 a 4;
n = número de variáveis consideradas na valoração, variando de 1......
222
Para estabelecer as variáveis intangíveis, o sistema ambiental é divido em componentes
físicos, bióticos e respectivas subclassess. As classes e as subclasses adotadas no modelo
de Cardoso são:
I. Multa da infração:
Aplicada pelo órgão florestal pelo corte de 56m3 de lenha (R$10,00/m3);
Valor da multa administraiva: q1 = 56m3 x R$10,00/m3 = R$560,00.
223
Substituindo os valores das variáveis quantificáveis na equação VERD tem-se:
B. Variáveis Intangíveis
Para avaliação das variáveis intangíveis utiliza-se a matriz apresentada na Tabela 7.16.1
RESULTADO
Os dados da tabela indicam que foram identificadas 15 variáveis intangíveis, mas apenas
11 foram consideradas no cálculo do dano ambiental; 6 de baixo impacto e 5 de impacto
mais significativo. Assim, o valor do somatório das variáveis intangíveis é 26. A partir dos
resultados obtidos, obtém-se estimativa do valor econômico do dano ambiental
VERD q n in = R$ 5.740,00 x 26 = R$ 149.240,00
n 1 n 1
224
7.17 MODELO FAMB - VALORAÇÃO DO DANO PARA DEGRAÇÃO DE FATOR ECOLÓGICO
ROMANÓ, E., N., L., “Avaliação Monetária do Meio Ambiente”, Caderno do Ministério
Público Paraná, Curitiba, Paraná, v.2, n.5, p. 143 – 147, junho, 1999.
INTRODUÇÃO
Elma Romanó considera que a degradação do meio ambiente é a alteração adversa das
características sistema, e que a sua valoração é bastante complexa. Ela refere que, para
se avaliar os danos ambientais, deve-se considerar as variáveis impactadas para restituir
o estado original dos elementos ambientais que foram alterados pelo dano.
Romanó refere que o preço da natureza é um conceito abstrato, mas de alguma forma
deve ser incluido na valoração do dano ambiental. Para tanto, no modelo proposto pela
autora, associa o “valor da natureza” ao parâmetro “Fator Ambiental’, que por definição
é igual ao valor dos custos de recuperação do dano.
Assim, no modelo de valoração proposto por Romanó, o valor econômico total do dano
ambiental é duas vezes o valor dos custos de recuperação do meio afetado, incluíndo o
valor do “Fator Ambiental”. Assim, a equação do modelo proposto tem a forma:
AV = (X + Y + Z + .....N) + FA
onde:
AV = avaliação do dano ambiental (em unidades monetárias);
(X, Y, Z, ...., n) = somatório dos custos das n atividades de recuperação do dano;
FA = Fator Ambiental (valor de FA = valor dos custos de recuperação do dano).
Assim tem-se
AV = (X + Y + Z + ... + n) + (X + Y + Z + ... + n) * 100%
225
Na perícia ambiental requerida nas ações judiciais deve-se considerar eminentemente a
avaliação econômica de forma objetiva. O Fator Ambiental visa inclusão da relevância
ecológica do dano ambiental sobre a natureza.
ESTUDO DE CASO
a. Cálculo da área: 6 ha
1 ha ------ 10.000 m2
6 ha ------- x x = 60.000 m2 (área quadrada)
(60.000)1/2 = 244,94 m
244,94 m x 4 = 979,79 m de cerca.
226
5 x 979,79m = 4.898,95 m de arame farpado.
1 rolo ------ 500 m
X ------ 4.898,95 m x = 9,79 = l0 rolos.
e. Quantidade de palanques:
1 palanque = R$ 1,61
1,61 reais x 490 = R$ 788,90
227
j. Custo da mudas:
15.000 mudas x R$ 0,25 = R$ 3.750,00
228
b. Plantio das mudas: (Y)
Y= R$ 10.750,00
Z = R$ 16.000,00 (mão-de-obra)
AV =(R$28.422,70) + 100%
IX. Conclusão
229
1
7
7.1
7.2
7.3
7.4
7.5
7.6
7.7
7.8
7.9
7.10
7.11
7.12
7.13
7.14
230
7.15
7.16
7.17
7.18 MODELO DEPRN - VALORAÇÃO DO DANO PARA BENS NATURAIS COM
VALOR DE EXPLORAÇÃO
GALLI, F. “Valoração de Danos Ambientais – Subsídio para Ação Civil”, Série Divulgação e
Informação, 193, Companhia Energética de São Paulo, CESP, São Paulo, 1996.
I. INTRODUÇÃO
II. METODOLOGIA
231
INDENIZAÇÃO = (Fator de multiplicação) x Valor de Exploração
Nesse caso, o perito deverá estudar e indicar a técnica mais adequada de recuperação,
(controle de poluição atmosférica, recuperação de área desmatada, terraplanagem, etc.)
e, a partir dessa recomendação, estimar os custos financeiros de recuperação do dano.
232
Tabela 7.18.1 Descrição e qualificação dos agravos associados à tipologia do dano e aspectos ambientais estabelecidos no modelo
ASPECTO TIPO DE DANO DESCRIÇÃO E QUALIFICAÇÃO DOS AGRAVOS
233
III . CRITÉRIOS DE QUALIFICAÇÃO DOS AGRAVOS
1) AR
Os agravos descritos na linha Impacto na dinâmica atmoférica da Tabela 1, têm os seus
valores multiplicados por 1,5.
Comprovado = 2
Suposto = 1
234
Alteração da qualidade do ar
Estado de emergencia = 3
Estado de alerta = 2
Estado de atenção ou péssimo = 1
Curto prazo = 1
Médio prazo = 2
Longo prazo = 3
2) ÁGUA
Comprometimento do aqüífero
Comprovado = 3
Fortes indícios = 2
Suposto = 1
235
Morte ou dano à flora, decorrente do dano à água
Comprovado = 2
Suposto = 1
Comprovado = 2
Suposto = 1
Comprovado = 3
Curto prazo = 1
Médio prazo = 2
Longo prazo = 3
3) SOLO E SUBSOLO
236
Totalmente inserido = 2
Parcialmente inserido = 1
Comprovado = 2
Suposto = 1
Comprovado = 2
Suposto = 1
Objetivando a comercialização
Atividade principal ou secundária = 1
Ocorrido = 3
Grande risco = 2
Pequeno risco = 1
237
ordem: baixo custo (menor que o da exploração) = 1; médio custo (equivalente
ao da exploração) = 2; alto custo (maior que da recuperação) = 3
Curto prazo = 1
Médio prazo = 2
Longo prazo = 3
4) FAUNA
Comprovada = 3
Suposta = 2
Ocorrência de fêmeas
Prenhas ou ovadas = 3
Comprovada = 2
Suposto = 1
Objetivando comercialização
Atividade principal = 3
Atividade secundária = 2
Importância relativa
Espécie que não de reproduz em cativeiro = 3
Espécie que se reproduz em cativeiro = 2
Espécie criada comercialmente = 1
238
Morte ou dano à flora, decorrente do dano à fauna
Comprovado = 3
Fortes indícios = 2
Suposto = 1
Longo prazo = 3
Médio prazo = 2
Curto prazo = 1
5) FLORA
Totalmente inserido = 3
Parcialmente inserido = 2
Comprovada = 3
Suposta = 2
239
Favorecimento à erosão
Comprovada = 3
Fortes indícios = 2
Suposta = 1
Comprovado = 2
Suposto = 1
Objetivando a comercialização
Atividade principal = 2
Atividade secundária = 1
Comprovada = 3
Fortes indícios = 2
Suposto = 1
Longo prazo = 3
Médio prazo = 2
Curto prazo = 1
240
6) PAISAGEM
Os agravos descritos na alínea dano ao patrimônio cultural, histórico, artístico e turistico
(legalmente constituído, tombado pelo CONDEPHAAT ou SPHAN), da Tabela 1 têm seus
valores multiplicados por 1,5.
Reversão do dano
Alto custo = 3
Médio custo = 2
Baixo custo = 1
241
IV. ESTUDO DE CASO
A curadoria de meio ambiente de São José dos Campos moveu a ação civil pública por
dano ambiental contra uma empresa de empreendimentos imobiliários, que desmatou
25ha de mata Atlântica remanescente, para a implantação de um loteamento, com área
superior a 100ha, sem licença ambiental.
Previsão de reequilíbrio
- longo prazo ........................................... 3 x 1,5 = 4,5
242
Alteração da capacidade de uso da terra
- na mesma classe de uso .......................... 1 x 1,5 = 1,5
Dano ao relevo
- grande risco ............................................. 2 x 1,5 = 3,0
Previsão de reequilíbrio
- longo prazo .............................................. 3 x 1,5 = 4,5
Previsão de reequilíbrio
- longo prazo .............................................. 3 x 1,5 = 4,5
Importância relativa
- área até 10 x maior que a degradada .......... 1 x 1,5 = 1,5
Previsão de reequilíbrio
- longo prazo ................................................. 3 x 1,5 = 4,5
243
Proximidade de centro urbano
- centro urbano (sup. 60.000 hab.)
distante até 10km ..................................................... 3,0
Reversão do dano
- alto custo .................................................................. 3,0
Comprometimento do aquífero
- diretamente relacionado ........................................... 2,0
Índice numérico = 3,0 + 3,0 + 3,0 + 2,0 + 2,0 + 2,0 + 2,0 = 17,0
Fator de multiplicação (Tabela 2) = 6,4
244
III. VALOR DE RECUPERAÇÃO E CÁLCULO DO DANO
IV. CONCLUSÕES
A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que o valor do dano é R$ 1.352.774,08.
245
CAPÍTULO 8 CONCLUSÕES
Com base nas idéias veiculadas no segundo capítulo, pode-se concluir que no direito
ambiental o interesse social está acima do individual. É possível inferir que o principio
da prevenção é o mais importante ordenamento jurídico, e quando uma pessoa física
ou jurídica prejudica o ambiente deve ser responsabilizada nas esferas administrativa,
civil e penal. Conclui-se que as leis de crimes ambientais e de responsabilidade objetiva
foram avanços significativos da legislação ambiental no país.
245
Apesar da equação VERA ser a expressão mais utilizada para a valoraração de recursos
ambientais, os métodos para determiná-la, para certos casos de perícia ambiental, não
são viáveis, considerando os recursos financeiros e tempo disponíveis para executar a
perícia. Pode-se concluir que a relação VERA proposta pela ABNT para a valoração de
recursos, provavelmente, será a metodologia mais utilizada nas perícias ambientais,
mas, dependendo do caso, outros modelo poderão ser aplicados para esta finalidade.
246
ANEXOS
251
ANEXO I – PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE AMOSTRAS AMBIENTAIS
Além dos 3 pontos de coleta obrigatória, recomenda-se também coletar amostras em outros
trechos do corpo hídrico afetado. Os parâmetros analisados são: pH, oxigênio dissolvido (OD),
condutividade e a temperatura do meio e da amostra. Para acidentes com óleo, não se pode
medir o pH e OD, o produto danifica o equipamento. A medição da temperatura é obrigatória.
Realizar a coleta da amostra com balde descartável previamente enxaguado duas vezes com a
água do próprio corpo hídrico que será investigado. Caso o acesso ao corpo hídrico seja difícil,
utilizar uma corda na alça do recipiente (balde). Coletar a amostra a 20 cm de profundidade,
imergindo balde ou frasco em contra- corrente ou provocando o efeito movendo lentamente o
frasco em contracorrente. Uniformizar o conteúdo com agitação e encher os frascos.
Utilizar um recipiente novo (balde) para cada amostra para evitar a contaminação da amostra
seguinte com os resíduos da anterior. No final da coleta, furar os recipientes antes de
encaminhá-los para descarte. Na falta de baldes descartáveis, coletar a amostra com o próprio
frasco. Nunca deixar os recipientes contaminados intactos ou perto da população, para não
serem utilizados no transporte e consumo de água.
Para que as características das amostras não sofram alterações é necessário preservá-las de
forma adequada. Isto é feito com adição de reagentes químicos (o reagente depende do
parâmetro que se quer preservar para análise) e refrigeração (conservando amostras em gelo).
De acordo com as normas, todos os efluentes de uma atividade devem ser lançados num só
ponto do corpo receptor. Antes da coleta, deve ser verificado o atendimento dessa condição,
isto é, se não há pontos de lançamento clandestinos. Todos os pontos de lançamento
(clandestinos ou não) devem ser amostrados e devidamente identificados nos frascos e fichas.
Para avaliação das características do efluente final a amostra deve ser coletada pouco antes de
atingir o corpo receptor. Se for necessária a determinação do impacto do efluente sobre o
corpo receptor, coletar outras duas amostras, uma a montante do lançamento e outra a
jusante.
252
AMOSTRAGEM DO SOLO
O reconhecimento do solo contaminado por produtos líquidos é feito pela alteração da cor ou
presença de odor. Cuidado para não se intoxicar. Os produtos sólidos são evidentes. Os locais,
profundidade e a quantidade de amostras são variáveis.
Profundidade de Amostragem
Quantidade de Amostras
O número de amostras depende do tamanho da área contaminada. Nas áreas muito extensas
faz-se necessária a realização de um plano de amostragem. Para se determinar do número de
amostras, o procedimento mínimo é o seguinte:
Coletar amostra de solo testemunha antes da coleta do solo contaminado. O solo testemunha
deve apresentar as mesmas características, como cor e textura, do solo contaminado. Dar
preferência a solos não cultivados, sem ação antrôpica, distante de qualquer influência de
estradas ou de uso de agrotóxicos. O material para coleta de solo testemunha deve ser
utilizado somente para esta finalidade e a coleta da amostra testemunha deve ser realizada na
mesma profundidade das demais.
AMOSTRAGENS DE ANIMAIS
No caso de acidentes com óleo deve-se evitar a limpeza dos indivíduos, pois esta medida pode
acarretar problemas para as aves. Estas devem ser envolvidas em panos ou mesmo em jornal
(que é um excelente isolante térmico) e encaminhadas imediatamente em caixas de papelão,
ou outra forma disponível de transporte, para o hospital veterinário conveniado para o
253
atendimento em acidentes ambientais ou centro de reabilitação preparado para receber
animais nestes casos.
Devem ser observadas as aves vivas que estejam freqüentando o local do acidente e
adjacências, os aspectos do seu comportamento e aquelas que se encontram manchadas com
óleo ou outro produto. O porte, tamanho aproximado, coloração, forma e tamanho do bico,
enfim, características que possam ser usadas para uma possível distinção da espécie ou grupo
taxonômico também devem ser registradas.
Os invertebrados que devem ser coletados são os anelídeos (minhocas), insetos (besouro,
mosquito, louva-a-deus), crustáceos (siri, caranguejo), moluscos (ostra, mexilhão, berbigão),
nematódeos (vermes do solo). Eles podem ser acondicionados em vidros, separados em sacos
plásticos e colocados todos em um mesmo frasco.
Os frascos devem ser devidamente identificados com local de coleta, data e nome do coletor
para serem posteriormente encaminhados para o órgão competente. É interessante que seja
descrita a forma como foram encontrados os espécimes.
Nos casos de acidentes ambientais, inclusive aqueles com óleo, é raro encontrar mamíferos de
médio e grande porte mortos ou moribundos. Porém, se encontrados, devem ser colocados
em sacos plásticos (sacos de 100L de lixo que servem para este propósito), envolvidos em
jornal e acondicionados em caixas de isopor compatíveis com o seu tamanho.
Coletar os peixes ainda vivos ou moribundos, nunca os mortos, devido à rápida decomposição
das suas vísceras, adotando os seguintes procedimentos:
254
Coletar, no mínimo, três exemplares por espécie em cada ponto amostrado;
Sacrificar o peixe com um corte no dorso para destruição do centro nervoso e abri-los
ventralmente da papila anal até a mandíbula, tendo o cuidado de não danificar órgãos
internos, que serão levados para histologia;
Para acidentes com pesticidas colocar os peixes em frascos de vidro de boca larga,
envoltos em papel alumínio e saco plástico;
Nos demais casos, colocá-los diretamente em saco plástico;
Colocar os peixes em frasco de vidro com boca larga, em formol a 10%; na falta de
formol, preservar os peixes com gelo que deve estar acondicionado em sacos plásticos
e colocado em uma caixa de isopor.
O tipo de frasco, volume mínimo de amostra, acondicionamento para transporte e prazo para
análise de amostras de materiais biológicos segue o Procedimento Técnico 01-PT-0174-DEA. A
preservação, somente aplicável só para exame ictiopatológico, é feita com formol 10%.
255
ANEXO II – FICHA PARA REGISTRO DE AMOSTRAGEM AMBIENTAL
DADOS GERAIS
Perito:
Município: Estado:
ALTITUDE: metros
Tipo de Área:
256
LOCAL DE COLETA DE AMOSTRA OU MEDIDA DE CAMPO
257
Descrição do Procedimento de Coleta e/ou de Medida Realizada no Campo:
01
02
03
04
05
Equipamentos
Materiais
258
IDENTIFICAÇÃO E CONDICIONAMENTO DAS AMOSTRAS COLETADAS
1) Identificação da Amostra:
Conservante
Comentários adicionais:
259
CONCLUSÕES
Nome:
Instituição:
Endereço:
Telefone: Celular:
e-mail:
Curitiba ____/_____/_____
Assinatura: ________________________________________________________
260
ANEXO III – QUESITOS FORMULADOS NAS PERICIAS AMBIENTAIS
6. Qual a situação da área de várzea dos rios próximos a empresa? Estas áreas
estão alteradas?
10. Quais as reações que podem ocorrer com os metais pesados em contato com
os ácidos húmicos e fúlvicos da matéria orgânica, bem como com os minerais
que compõe o solo? E na presença de ambiente como a área de várzea, o que
poderá acontecer?
13. Com relação à pesca, existem pessoas que utilizam a pesca artesanal nas
regiões afetadas pela poluição? Existe um pesque-pague vizinho a uma das
áreas?
14. O que acontece com o metabolismo dos peixes, quando entram em contato
com produtos químicos (borras de tinta, borras galvânicas, solventes e
orgânicos) como os armazenados nas áreas da empresa? Existe metodologia de
análise para peixes, para saber se os mesmos podem estar contaminados por
estes produtos? Como esta contaminação atinge a população que consome
este peixe?
15. Quais os danos causados a flora? Relacionar todas a espécies da flora típicas
dos ecossistemas direta e indiretamente impactados.
18. Quais os danos causados a população que vive no município local da empresa?
24. Quais os danos à saúde humanos, causados por intoxicação por produtos
como: borras, solventes, resinas, borras galvânicas, e outros que estavam
armazenados no local?
262
25. Houve casos de doença, intoxicações ou óbito de funcionários da empresa ou
vizinhos das áreas da empresa? Há registros de atendimento medico nos
postos de saúde localizados próximos a estas áreas?
30. O que pode acontecer com espécies vegetais na presença de um longo período
de exposição e contato com os produtos estocados nos locais? Pode alterar o
metabolismo das mesmas?
31. Existe metodologia de análise de vegetais para saber se os mesmo podem estar
contaminados pelos produtos químicos, se existe estas análises foram
efetuadas?
32. Qual a vazão que atinge os rios próximos à empresa na época de maior cheia?
34. Existe rede de água da SABEPAR, nas propriedades existentes a jusante das
áreas da empresa?
36. Proceder a coleta de amostra de sedimentos dos rios, seguindo-se análise sob
os seguintes parâmetros: metais pesados e outros componentes dos produtos
armazenados na empresa. Em anexo, deverá ser apresentada, comparação com
art.21 da Resolução do CONAMA no 20 de 1986.
40. Além dos danos causados ao meio ambiente, há outras conseqüências danosas,
como por exemplo: risco aos moradores locais com inundações sazonais,
vizinhos as áreas da empresa?
41. Qual a localização e extensão da área atingida pelo evento, objeto da perícia?
(elaborar croquis ou mapa).
47. Que medidas preventivas deveriam ser ter sido implantadas para evitar os
vazamentos e derramamentos de produtos armazenados nos depósitos da
empresa e os danos ambientais?
49. Juntar as análises de água da companhia de águas do começo do ano até a data
da perícia onde são realizadas ao longo do trecho atingido.
264
50. Qual a destinação final que foi dada ao material (resíduo) contaminado,
retirado das áreas?
52. Quais os impactos ambientais decorrentes da lavagem por água das barrancas
do rio contaminadas pelos químicos oriundos do aterro?
265
ANEXO IV – LISTAS DA CETESB SOLO E ÁGUA SUBTERRÃNEA E OUTRAS REFERÊNCIAS
Dispõe sobre a aprovação dos Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São
Paulo – 2005, em substituição aos Valores Orientadores de 2001, e dá outras providências.
Parágrafo Único – Os Valores Orientadores aprovados por este artigo deverão ser revisados em até 4
(quatro) anos, ou a qualquer tempo, e submetidos à deliberação da Diretoria Plena da CETESB.
0
Artigo 2 – No prazo de 6 (seis) meses, contado da publicação desta Decisão de Diretoria, as áreas
técnicas competentes deverão submeter à Deliberação da Diretoria proposta de Norma Técnica CETESB,
dispondo sobre a atualização do Relatório “Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas
Subterrâneas no Estado de São Paulo”, de que trata a Decisão de Diretoria nº 014-01-E.
0
Artigo 3 – Os Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas -2005 deverão ser adotados, no
que couber, em todas as regras pertinentes da CETESB e nas Normas Técnicas, já editadas ou a serem
publicadas, especialmente as Normas Técnicas P 4.230 (agosto de 1999) e P 4.233 (setembro de 1999)
com alterações posteriores, que dispõem, respectivamente, sobre a “Aplicação de Lodos de Sistemas de
Tratamento Biológico em Áreas Agrícolas – Critérios para Projeto e Operação” e “Lodos de Curtumes –
Critérios para o Uso em Áreas Agrícolas e Procedimentos para Apresentação de Projetos”, que utilizem
Valores Orientadores para a fixação de limite de concentração de substâncias no solo ou nas águas
subterrâneas por elas estabelecido
Artigo 4º – As áreas contaminadas somente serão reclassificadas nos casos em que todos os Valores de
Intervenção (VI) das substâncias responsáveis pela contaminação tenham sofrido alteração.
Artigo 5º – A Diretoria de Controle de Poluição Ambiental, no prazo de 160 (cento e sessenta) dias,
contado da publicação desta Decisão de Diretoria, deverá fixar procedimento técnico-administrativo
adequando as suas ações de controle aos novos Valores de Intervenção (VI).
Artigo 6º – Esta Decisão de Diretoria entra em vigor na data de sua publicação, surtindo seus efeitos na
seguinte conformidade:
I – a partir de 1º de junho de 2006 – aplicação dos Valores de Intervenção (VI) para as substâncias que,
em relação aos publicados em 2001, tenham sofrido alteração para valores mais restritivos;
II – a partir da publicação desta Decisão – aplicação dos Valores de Intervenção (VI) para as substâncias
que, em relação aos publicados em 2001, tenham mantidos os valores anteriores ou que tenham sofrido
alteração para valores menos restritivos, bem como dos Valores de Intervenção para as novas
substâncias relacionadas no Anexo Único que integra esta Decisão de Diretoria.
266
ANEXO ÚNICO
267
VALORES ORIENTADORES PARA SOLO E ÁGUA SUBTERRÂNEA NO ESTADO DE SÃO PAULO
(1)
Solo (mg . kg-1 de peso seco) Água (µg.L-1)
269
Estabelecimento de valores orientadores para solo e águas subterrâneas no Estado de São Paulo. CETESB. 2001; 2) Canadian Soil Quality Guidelines for the Protection of Environmental and
Human Health – Summary Tables, Update 2002; 3) padrões de potabilidade P0- 518/2004-MS; 4) Lista Holandesa de valores de qualidade do solo e água subterrânea – Valores de Intervenção.
Valor de Intervenção da Lista Valor de Intervenção da CETESB para Valores Orientadores do IAP para Portaria Federal n
Meio Parâmetro
Holandesa áreas agrícolas áreas agrícolas 518/2004
THP 5000 mg/kg ----- -----
(1)
Benzeno 1 mg/kg 0,6 mg/kg 0,6 mg/kg -----
(1)
Tolueno 130 mg/kg 30 mg/kg 30 mg/kg -----
(2)
Solo Etilbenzeno 50 mg/kg ----- 0,1 mg/kg -----
(1)
Xilenos 25 mg/kg 3 mg/kg 3 mg/kg -----
Naftaleno ----- 15 mg/kg ----- -----
HPA ----- 40 mg/kg ----- -----
THP 600 µg/L ----- ----- -----
(3)
benzeno 30 µg/L 5 µg/L 5 µg/L -----
(3)
tolueno 150 µg/L 170 µg/L 170 µg/L -----
(3)
xilenos 1000 µg/L 300 µg/L 300 µg/L -----
(3)
Etilbenzeno ----- ----- 70 µg/L
(3)
naftaleno 70 µg/L 100 µg/L 300 µg/L -----
(4)
antraceno 5 µg/L ----- 5 µg/L -----
Água (4)
fenantreno 5 µg/L ----- 5 µg/L -----
Subterrânea (4)
fluoranteno 1 µg/L ----- 1 µg/L -----
(4)
benzo(a)antraceno 0,5 µg/L ----- 0,5 µg/L -----
(4)
criseno 0,2 µg/L ----- 0,05 µg/L -----
(4)
benzo(a)pireno 0,05 µg/L ----- 0,05 µg/L -----
(4)
benzo(ghi)perileno 0,05 µg/L ----- 0,05 µg/L -----
(4)
benzo(k)fluoranteno 0,05 µg/L ----- 0,05 µg/L -----
(4)
indeno(1,2,3-cd)pireno 0,05 µg/L ----- 0,05 µg/L -----
Lista Holandesa: Ministry of Housing, Spatial Planning and Environment (VROM) 2000. Circularvalores almejados e de intervenção para a remediação do solo. DBO/1999226863. VROM,
Holanda. HPA: antraceno + benzo(a)antraceno + benzo(k)fluoranteno + benzo(a)pireno + criseno + fenantreno + fluoranteno + indeno(1,2,3-cd)pireno + naftaleno + benzo(ghi)perileno.
CETESB: CETESB, 2001 Relatório de Estabelecimento de Valores Orientadores para Solos e Águas Subterrâneas no Estado de São Paulo. CETESB, São Paulo.
CONAMA: Resolução CONAMA n° 20, de 18 de junho de 1986. Estabelece a classificação das águas superficiais no país. Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal, BR
Portaria n° 518: Portaria Ministerial de 25 de março de 2004. Estabelece procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e
padrão de potabilidade, e dá outras providências: Ministério da Saúde, Brasil. [Revoga a Portaria n° 1469/2000]
IAP – Instituto Ambiental do Paraná: (01) – Relatório de estabelecimento de valores orientadores para solos e águas subterrâneas no estado de São Paulo. CETESB. 2001; (02) – Canadian Soil
Quality Guidelines for the Protection of Envirunmental and Human Health – Summary Tables, Update 2002; (3) padrões de potabilidade Segundo a Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde;
(4) Lista Holandesa de valores de Qualidade do Solo e de Água Subterrânea – valores de Intervenção.
270