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XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática

A sala de aula de Matemática e suas vertentes


UESC, Ilhéus, Bahia de 03 a 06 de julho de 2019

DESENHO UNIVERSAL PARA A APRENDIZAGEM:


UMA ABORDAGEM TEÓRICA PARA A EDUCAÇÃO MATEMÁTICA INCLUSIVA

Frank Presley de Lima Neves


Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
frankneves78@hotmail.com

José Lucas Matias de Eça


Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
lucasceeft@hotmail.com

Jurema Lindote Botelho Peixoto


Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC
jurema@uesc.br

Resumo: O presente minicurso tem como objetivo apresentar a proposta do Desenho


Universal para a Aprendizagem (DUA), na perspectiva da atenção à diversidade e inclusão,
no campo educacional e, especificamente, do ensino da Matemática. Além disso, visa
promover um diálogo com os professores desta área de conhecimento, de modo a contribuir
com a formação continuada destes profissionais, oferecendo, por meio do DUA, estratégias
metodológicas e reflexões sobre a situação atual do ensino e as potencialidades de estratégias
pedagógicas inclusivas. Face aos desafios postos para a educação na contemporaneidade, é
inevitável não abordar temas como a diversidade e a inclusão nos espaços escolares. Tais
desafios demandam, dos profissionais docentes, novos modos de ensinar e de promover
efetivamente a aprendizagem em sala de aula, de modo que todos os estudantes possam
apropriar-se do conhecimento veiculado no contexto da escola, e o professor de Matemática
não está isento disto. O minicurso dispõe de 25 vagas para profissionais da Educação, de
forma geral, e de modo especial, aos docentes de Matemática que atuam na educação básica
de ensino. A avaliação será feita através de narrativas orais ou escritas durante o minicurso.

Palavras-chave: Inclusão. Diversidade. Formação continuada de professores. Desenho


Universal para a Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

2019. In: Anais do XVIII Encontro Baiano de Educação Matemática. pp.xxx. Ilhéus, Bahia.
XVIII EBEM. ISBN:
Título do trabalho

No Brasil, começou-se a falar de inclusão educacional e a construir uma base para que
esse discurso começasse a ser tratado com mais intensidade, a partir de alguns eventos
ocorridos no exterior, cujo objetivo comum era promover a equalização social. Por exemplo, a
Conferência Mundial da Criança em 1988, a Declaração de Jontien, na Tailândia, em 1990 e,
por fim, em 1994, com a publicação da Declaração de Salamanca que contou com a
participação ativa do Brasil na elaboração de princípios visando o estabelecimento de
políticas e práticas de educação inclusiva no âmbito escolar. Este último documento é de
fundamental importância para garantir o direito de acesso irrestrito à educação formal, por
parte de toda a população.
A proposta da inclusão está no fato de que todas as crianças, considerando a
heterogeneidade que possuem, possam ter as mesmas oportunidades de acesso à educação,
junto com outros estudantes.
Em 1996, o Brasil, a partir da luta dos movimentos sociais, dos sindicatos dos
professores, e inspirado nas discussões propostas em Salamanca, conseguiu atualizar a Lei de
Diretrizes e Bases (LDB), com o intuito de ampliar as concepções e práticas no que dissessem
respeito à democratização da educação. De acordo com a LDB (Capítulo V. Art. 59), os
sistemas de ensino assegurarão, às pessoas com deficiência, “currículos, métodos, técnicas,
recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades”. Além
disso, devem assegurar professores com especialização adequada em nível médio ou superior
para o atendimento especializado e orientação para os professores da sala regular.
Com a implementação das políticas públicas de inclusão, a partir da década de 90,
houve um aumento nas matrículas, de estudantes com deficiências, na escola básica: entre
“2008 a 2014, verificou-se o crescimento de 84% das matrículas dos estudantes público alvo
da educação especial, na faixa etária de 04 a 17 anos, nas escolas comuns da rede
regular de ensino, passando de 337.640 para 633.042 matrículas” (BRASIL, 2015, p. 45).
Em decorrência desse fato, aumenta-se a preocupação com a formação do professor,
seja ela inicial ou continuada. Apesar dos investimentos na implantação de Salas de Recursos
Multifuncionais para o Atendimento Educacional Especializado 1 e na formação de
professores especializados para atender nestas salas, os demais professores da escola que
atendem na sala comum, ainda se sentem despreparados para atender estudantes com

1
É um serviço da Educação Especial (na perspectiva inclusiva) que identifica, elabora e organiza recursos
pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando as
suas necessidades específicas. Complementa e/ou suplementa a formação do aluno com vistas à autonomia e
independência na escola e fora dela, conforme Ministério da Educação e Cultura (BRASIL, 2011).

Referência do trabalho
Título do trabalho

deficiência, além de outras especificidades e complexidades que a sala de aula lhes apresenta
(NASCIMENTO; CORREIA; PORTELA, 2014).
Recentemente, a lei 13.146/15, conhecida como Lei Brasileira da Inclusão/Estatuto da
Pessoa com Deficiência (LBI), reforça a responsabilidade da sociedade na inclusão dessas
pessoas em todos os setores. O objetivo da LBI é garantir os direitos, equiparar as
oportunidades sociais e garantir acessibilidade plena. Em relação à educação, o Art. 28, dessa
lei, indica que o poder público deve “assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar,
acompanhar e avaliar” vários aspectos na área da educação, dos quais destacamos o
desenvolvimento de “pesquisas voltadas para o desenvolvimento de novos métodos e técnicas
pedagógicas, de materiais didáticos, de equipamentos e de recursos de tecnologia assistiva”
(BRASIL, 2015, p. 07).
Essas leis enfatizam a busca de novos métodos de ensino e a adoção de práticas
pedagógicas inclusivas na formação continuada de professores. Nessa direção, a abordagem
do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA) pode fornecer subsídios para promover o
debate da inclusão no que se refere à organização do trabalho pedagógico em Matemática.
O conceito do DUA é geralmente atribuído a David Rose, Anne Mayer e seus colegas
do Center for Applied Special Technology (CAST), refere-se à princípios e estratégias
relacionadas com o desenvolvimento curricular. De acordo com Nunes e Madureira (2015, p.
07), relaciona-se “com práticas de ensino a desenvolver junto de alunos com e sem
deficiência, centrando-se na dimensão pedagógica. Trata-se, portanto, de uma abordagem
curricular que procura reduzir os fatores de natureza pedagógica”.
A estrutura do DUA é fundamentada em três princípios básicos, denominados de redes
de reconhecimento, estratégias e afetividade (ROSE, MEYER, 2002). As redes são definidas
da seguinte forma:
Rede afetiva - o “porquê” da aprendizagem. Consiste na utilização de múltiplas formas
de envolver o aluno, apresentando o conteúdo a partir do contexto analisado pelo professor,
ao quais os estudantes estão inseridos, e, desse modo, diversificar as possibilidades de
engajamento dos estudantes nas aulas e no acesso ao aprendizado.
Redes de reconhecimento - o “quê” da aprendizagem. Significa oferecer múltiplos
meios de representação do conteúdo, isto é, apresentar o mesmo conteúdo de forma variada,
seja através de vídeo aula, slide, jogos, pesquisa, entre outras representações, e, nesse aspecto,
observamos que a Matemática é rica em representações, pois podemos abordar os diversos
conteúdos, a partir de representações gráficas, mapas, jogos, materiais manipuláveis, entre
outros.

Referência do trabalho
Título do trabalho

Rede estratégica - o “como” da aprendizagem. Significa oferecer para o estudante


múltiplas maneiras de ação e expressão, ou seja, permitir quo o aluno demonstre a
compreensão do que foi aprendido de forma variada: escrita, falada, gravação de áudio, mapa
conceitual, esquemático, entre outras formas que demonstrem a assimilação.
Nesse contexto, propomos o presente minicurso com o objetivo de discutir/refletir
aspectos teóricos e práticos sobre a abordagem do DUA na perspectiva da educação inclusiva
no campo da Matemática.

METODOLOGIA

O minicurso será destinado para professores de Matemática e Pedagogos. Utilizaremos


uma metodologia de exposição dialogada usando recursos variados (datashow, textos
impressos, dinâmicas de grupo, estudo de caso e exemplos). O trabalho será desenvolvido
após uma breve apresentação dos participantes, para uma maior interação do grupo, depois
escutaremos os relatos de suas expectativas sobre a temática proposta e as informações das
áreas de conhecimento de cada participante. Em seguida, faremos uma dinâmica de grupo
abordando os mitos e realidades sobre algumas especificidades das pessoas com deficiência.
Em um segundo momento, apresentaremos um panorama geral sobre a educação
inclusiva, concepções e legislação a exemplo da Lei Brasileira de Inclusão 2015. No terceiro
momento, discutiremos a proposta do Desenho Universal para a Aprendizagem (DUA), com
alguns exemplos na Educação Matemática. No quarto e último momento, iremos propor aos
participantes uma situação hipotética a partir de uma abordagem inclusiva para a análise da do
grupo, assim, os participantes poderão refletir ou mesmo apresentar novas possibilidades para
a aula sugerida, utilizando-se da proposta teórica do DUA.
A avaliação será feita através de narrativas orais ou escritas durante o minicurso.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9394, 20 de dezembro de


1996. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília,
DF, 1996.

______. Decreto nº 7611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o


atendimento educacional especializado e dá outras providências. Presidência da República,
Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, DF, 2011. Disponível em:

Referência do trabalho
Título do trabalho

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em:


10 jan. 2017.

______. Lei Brasileira da Inclusão nº. 13.146, de 06 de Julho de 2015. Presidência da


República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília, DF, 2015. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso
em: 16 mar. 2017.

CAST, UDL Book Builder. Massachusetts Department of Elementary & Secondary


Education, NEC Foundation of America. The John W. Alden Trust, and the Pinkerton
Foundation, 2013. Disponível em: <http://bookbuilder.cast.org/> Acesso em: 10 de out. 2018.

NASCIMENTO, E. de S.; CORREIA, P. C. da H.; PORTELA, C. P. de J. Dialogando com a


Inclusão II. Curso de Formação de Professores. 2ed. Salvador: UFBA, 2014, v. 2, p. 8-15

NUNES, C.; MADUREIRA, I. Desenho Universal para Aprendizagem: Construindo práticas


pedagógicas inclusivas. Da investigação às práticas, v. 5, n. 2, p. 126-143, 2015.

ROSE, D. H.; MEYER, A. Teaching every student in the digital age: Universal design for
learning. Alexandria: ASCD. 2002.

ZERBATO, A. P. Desenho universal para aprendizagem na perspectiva da inclusão


escolar: potencialidades e limites de uma formação colaborativa. 2018. 298 f. Tese (Programa
de Pós-graduação em Educação Especial) - Universidade Federal de São Carlos. São Carlos,
2018.

Referência do trabalho

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