Sátira: O ataque, o combate em forma de discurso.

Ironia: Uma das faces através das quais a sátira se manifesta, fazendo rir.
Diferença centrada no caráter antimoralista da sátira. Já a ironia não exige esse
elemento. A ironia é uma figura de linguagem. A sátira é um modo de compor. A sátira
rege a composição.
O ódio sagrado toma a forma da malandragem.
Adão e Eva, Machado – Sátira
Adão e Eva no paraíso, Eça – Ironia.
A sátira retira o telhado das casas.
A sátira enfatiza a evidência do falho.

Centro do debate: as formas de narrar

Diegeses e mimesis são dois temas do Livro 3 d’A república.
Luciano de Samóstata é essencial para se compreender Machado de Assis e Nietzsche.
Por sua vez, Platão é essencial para se compreender Luciano.
Diegeses significa narrativa. Luciano debate com Platão. Naquele, encontramos a primeira
tentativa de inibir aquilo que, para a tradição filosófica, significava uma oposição metafísica, p.
ex., entre mentira e verdade, entre essência e aparência, entre ficcional e real. Essas oposições,
primeiramente postuladas por Platão, encontram em Luciano uma espécie de obstáculo. Mentira
x verdade. Laurence Sterne e Almeida Garret influenciaram Machado de Assis. O campo da
ficcionalidade, em Luciano, é o campo da mentira. Seu propósito é traduzir a “mentira” como
ficção. Para ele, a mentira é a forma estética dominante de qualquer atitude artística. O século
XIX entendeu sobre o que Luciano falava.
(Nietzsche vai criticar a oposição entre verdade e mentira.)
A ficção é realidade, e compreende que ela precisa ser tratada como real para viabilizar a nossa
crença nos objetos que são oriundos e frutos dela.
Ficção: elemento presente nas coisas x realidade. Isso mudou todo o século XIX.
Ao tornar a si mesma realidade, a ficção inaugura um novo momento da cultura. É daí que nasce
o Modernismo. A ficção, pois, reivindica seu estatuto real, tornando-se a própria realidade.
O duplo na ficção. O falso é simplesmente o outro da verdade.
Forma literária como categoria estética e filosófica.
A ficcionalidade da linguagem precisa romper com critérios lógicos de diferenciação.
Platão: noções de aparência e mimesis. A prosa é algo artificial.
Luciano: relação entre pseudos (não como mentira, mas como ficção) e a noção de ficcional
(diegesis = ficcional).
Nietzsche
Machado:
Seminário de filosofia – anotações
Tema central: compreender a prosa dramática de ficção a partir de Luciano de Samósata, Platão,
Nietzsche e Machado de Assis.
Ideia/conceito de narrativa. A narrativa é a tentativa da linguagem de apreensão do tempo, de
captar a temporalidade. A narrativa tem duas matrizes; uma é a épica (Homero) e a outra,
historiográfica (Heródoto, Tucídides). A linguagem gera uma arte que transpõe dados
particulares de alguma coisa, traduzindo-o em algo universal, o que pode ser chamado de
verossimilhança. Transposição de sentidos. Para Aristóteles, a narrativa poética é uma
transposição artificial de sentido. A forma estética tem de ter relação com o universal poético.
Nesse sentido, artificial e artístico querem dizer a mesma coisa. O conceito de artificial em
Platão é o conceito de aparência. O drama consolida o sentido da aparência na linguagem. A
narrativa poética não deve conter um certo sentido natural da linguagem. Forma
estética/artística. A prosa deve ter pretensão de universalidade ao captar a temporalidade.
A república, de Platão:
A justiça como virtude. Em que medida a defesa do injusto ela é um exercício para
compreendermos a formação da narrativa. Ao defender o injusto, o que interessa é que eles
estão exercitando a narrativa, um tipo de fala sobre algo que se justifica pelo pressuposto da
habilidade de transpor sentindo segundo o artifício. Não devo me interessar sobre o que é
narrado, mas como. A verossimilhança, para Aristóteles, é aquilo que é crível pela maioria e é
possível tornar o crível evidente. A aparência da linguagem: o que ela suscita? A forma estética
da aparência. A linguagem gera imagem. Um sujeito por trás da aparência. A aparência é uma
forma sensível; ela gera emoções sensíveis, e é autônoma.
Sexta, 20: 8h
Segunda, 23.
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