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A mensagem que vou pregar hoje, não vou pregar porque quero, mas porque
preciso. Considero minha responsabilidade trazer uma visão bíblica que oriente nosso
posicionamento quanto à política, especialmente diante de uma eleição tão
importante. Então, vou falar sobre A IGREJA E A POLÍTICA.
Juízes 9:7-15
Política é necessária, é parte importante de nossas vidas. Graças a Deus por
podermos escolher nossas autoridades aqui no Brasil. Mas não podemos errar.
Erros que não podemos cometer:
1. Confundir o reino de Deus com política
Para muitos pastores, o Brasil será salvo quando tivermos um presidente
evangélico. Goiânia será do Senhor Jesus quando tivermos um prefeito evangélico.
Muitos pastores e igrejas têm direcionado seus esforços no sentido de eleger homens
de Deus em cargos políticos. Proclamam e exigem a unidade em torno de um projeto
político, com muito pouca oração. Muitos pastores têm abandonado o ministério para
exercerem cargos políticos. Olhando para a Bíblia, todos os servos de Deus que
foram colocados em posições de poder, foram postos pelo Senhor, através de
circunstâncias, não de campanhas.
Discursos que já ouvi em reuniões de pastores: “vamos tomar esta cidade!”
“vamos reinar, vamos tomar as rédeas, dar as cartas. Chega de amassar barro para o
faraó. Deus tem o homem escolhido. A prefeitura virá para nossas mãos e não sairá
mais. Goiânia faz 70 anos, é o fim do cativeiro.” Soa bem terrorista, não? Que
ignorância! O reino de Deus virá pelo poder do Evangelho transformando vidas, não
por atos políticos cristãos!
Olhe para os países muçulmanos e veja o que acontece quando uma religião é
imposta a todos pela força da lei. Olhe para a história, para todas as vezes em que a
igreja tomou o poder (Constantino, a idade média, as cruzadas...) e veja que quadro
bonito!
Há também o risco da incompetência e da vergonha; frequentemente somos
envergonhados ao ver políticos evangélicos envolvidos em escândalos de corrupção,
incluindo pastores e bispos. Como os brasileiros tem memória curta para este tipo de
coisa, sugiro que você faça uma pesquisa sobre o assunto.
O pastor deve orientar o exercício da cidadania, se possível, pode orientar o povo até
mesmo na escolha de candidatos, dentro dos limites da lei, da ética e do bom senso.
Mas deve ser imparcial.
Não conheço pastor político cujo ministério não tenha sido afetado. Também não
conheço nenhum que tenha se destacado como político.
Um pastor político vincula a igreja que representa a quaisquer ações que
desenvolver como político.
Terceiro, o risco de governar só para os crentes, ou só para uma denominação. Isto
não é democracia, é taleban gospel. É a volta da idade média.
Ouça o que diz Philip Yancey, no livro Encontrando Deus nos lugares mais
inesperados:
“...uma confusão entre os reinos visível e invisível. Na época das eleições, os
cristãos discutem se este ou aquele candidato é o ‘homem de Deus’ para a Casa
Branca.”
“O apóstolo Paulo se preocupa profundamente com as igrejas individuais na Galácia,
em Éfeso, em Corinto e em Roma, mas não encontro nenhum indício de que ele
tenha dado qualquer atenção a um Império Romano ‘cristianizado’. O
Apocalipse de João mantém o padrão: esse livro registra mensagens específicas a 7
igrejas, mas descarta a entidade política de Roma como ‘Babilonia, a grande, a mãe
das meretrizes e das abominações da terra’.
“Alguns historiadores alegam que a igreja perde de vista sua missão original à
medida que se aproxima da sede do poder. Basta observar a era de Constantino, a
idade média e a Europa pouco antes da reforma.
“O evangelho de Jesus não era basicamente uma plataforma política.”
“Como é fácil ingressar na política da polarização e me ver gritando com o ‘inimigo’
do outro lado em meio a piquetes.”
“um movimento político por natureza estabelece limites, faz distinções, emite
julgamentos; por outro lado, o amor de Jesus ultrapassa os limites, transcende as
distinções e distribui graças. Se o meu ativismo repelir esse amor, traio o seu reino.”
“uma grande mudança ocorreu com o imperador Constantino, que legalizou o
Cristianismo, transformando-o em uma religião subsidiada pelo estado. Na época, seu
reino parecia ser o maior triunfo da fé: o imperador estava agora usando as verbas do
estado para construir igrejas e patrocinar conferências teológicas, e não para
perseguir cristãos que não o venerassem. Infelizmente, o triunfo teve seu custo. O
estado começou a nomear bispos e preencher cargos eclesiásticos, desenvolvendo-se
uma hierarquia que era a cópia fiel do próprio império. Os bispos cristãos logo
começaram a impor a moralidade sobre a sociedade como um todo.
Ao refletir sobre a vida de Jesus percebo como nos afastamos do equilíbrio
divino que ele estabeleceu para nós. Ouvindo os sermões e lendo os escritos da igreja
contemporânea nos Estados Unidos, às vezes detecto mais traços de Constantino do
que de Jesus. O Homem de Nazaré era um amigo imaculado dos pecadores, um
padrão que deveria nos condenar em ambas as instâncias.”
3. Omitirmo-nos.
O povo brasileiro está decepcionado com política, e muitos apelam para o voto
nulo ou em branco. Apesar de tudo o que já foi exposto, não podemos nos omitir.
Devemos assumir nosso papel na sociedade, e isto inclui exercer política. Mas
com decência, por favor! Sem cometer os dois erros anteriores. Cito novamente
Philip Yancey:
“Apóio totalmente o direito e, na verdade, a responsabilidade de envolvimento dos
cristãos na política. Nas cruzadas morais como a da abolição, os direitos civis e da
política anti-aborto, os cristãos assumiram a liderança.”
Então isto nos leva a pensar no que devemos fazer em relação à política
27/08/2006