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Traumatismos cranianos: conceito,

causas, sinais e sintomas, diagnóstico,


tratamento, evolução e complicações
possíveis
sexta-feira, 05 de setembro de 2014

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O que são traumatismos cranianos?

O crânio é uma caixa óssea não distensível, de grande resistência, no interior


da qual fica o cérebro. Ele apenas se comunica com o exterior através
do forame magno, situado na base do crânio e que liga o cérebro com
a medula espinhal. Embora protegido por membranas que o envolvem, o
cérebro é constituído por um tecido frágil, que sofre lesão com facilidade
quando atingido por algum agente agressor. Chama-se traumatismo craniano a
toda pancada ou abalo violento sobre essa caixa óssea, com repercussões no
cérebro, quer os ossos que a constituem sejam ou não fraturados ou
perfurados. O cérebro pode ser afetado mesmo que o impacto ocasionado não
frature ossos e não penetre dentro do crânio. Muitas lesõespodem ser causadas
por um simples impacto violento que faça o cérebro chocar-se contra as
paredes cranianas como, por exemplo, nas acelerações ou desacelerações
bruscas. O cérebro pode ser afetado tanto no ponto do impacto do trauma
quanto no polo oposto, que se choca contra a parede craniana contralateral.
Além disso, um traumatismo craniano pode também produzir ruptura de
nervos e de vasos sanguíneos, agravando suas consequências.

Os traumatismos cranianos podem ser de três tipos:


1. Traumatismo craniano fechado.

2. Fratura com afundamento do crânio.

3. Fratura exposta do crânio.

Quais são as causas dos traumatismos cranianos?

As causas mais comuns de traumatismos cranianos são todas aquelas


condições que implicam num choquemecânico (pancada) com a caixa
craniana, como os acidentes automobilísticos, atropelamentos,
quedas, lesõescortocontusas, perfurações, fraturas de crânio, movimentos
bruscos de aceleração e desaceleração, etc.

Quais são os principais sinais e sintomas dos traumatismos cranianos?

Mais comumente, os sinais e sintomas dos traumatismos cranianos são


desmaio, perda da consciência, dor de cabeça intensa, sangramento
pela boca, nariz ou ouvido, diminuição da força muscular, sonolência,
dificuldade da fala, alterações da visão e da audição, perda da memória, coma.
Estes sintomas podem demorar até vinte e quatro horas para aparecer e, por
isso, o indivíduo deve ser observado atentamente dentro deste período, de
preferência em um hospital. Mesmo que a caixa craniana não seja rompida, os
abalos intensos podem ocasionar interrupção das vias
nervosas, hemorragia ou edema de graves consequências. O edema e
o sangue aumentam a pressão intracraniana e isso pode forçar o cérebro a se
herniar através do forame magno, o que compromete o tronco cerebral, parte
do cérebro que controla funções vitais como a frequência cardíaca e a função
respiratória, podendo levar à morte.

Os traumatismos cranianos fechados em que não há lesão estrutural


do encéfalo são chamados de concussão cerebral. Neles pode
ocorrer contusão, laceração, hemorragias e/ou edema,
com lesão do parênquima cerebral. Nos afundamentos, o fragmento ósseo
fraturado e afundado comprime e lesa o tecido cerebral adjacente e a
gravidade do quadro dependerá do grau de lesão do tecido encefálico. Nos
traumatismos abertos ocorre laceração dos tecidos cranianos e lesão da
massa encefálica por fragmentos ósseos. Neste tipo de lesão há grande
possibilidade de complicações infecciosas intracranianas.

Como o médico diagnostica os traumatismos cranianos?

O diagnóstico das características e da extensão dos traumatismos cranianos


pode ser feito por meio de radiografia de crânio, tomografia
computadorizada e ressonância magnética. A angiografia cerebral é reservada
para avaliar lesões vasculares no pescoço ou na base do crânio.

Como o médico trata os traumatismos cranianos?

A primeira providência a ser tomada com um paciente


com traumatismo craniano consiste em verificar suas funções vitais:
frequência cardíaca, pressão arterial e respiração. Pode ser necessário
promover uma ventilação por aparelhos para pessoas que não possam respirar
por si mesmas. Em seguida, o médico deve proceder à avaliação do estado de
consciência e de memória do paciente, o tamanho e reatividade das pupilas, a
sensibilidade ao calor e às picadas e a capacidade de movimentos.
Uma tomografia computadorizada ou uma ressonância magnética podem
ajudar a avaliar possíveis lesões cerebrais. As radiografias simples podem
identificar se há ou não fraturas no crânio, mas nada revelam acerca
da lesão cerebral.

Se depois de um traumatismo craniano observa-se sonolência crescente,


aumento da pressão arterial e uma pulsação cada vez mais lenta, com
confusão mental e coma, isso pode ser indicativo de que está havendo um
crescimento do volume do cérebro com aumento da pressão intracraniana.
Nestes casos, o cérebro pode ser rapidamente lesado e devem ser prontamente
administrados medicamentos destinados a reduzir o inchaçocerebral.

Como evoluem os traumatismos cranianos?


A evolução de um traumatismo craniano pode variar desde a recuperação total
até a morte. Quase sempre ele lesa o cérebro de maneira importante,
deixando sequelas sobre o movimento, a sensibilidade, o equilíbrio, a
memória, a fala, os olhos ou os ouvidos, na dependência da área afetada e da
extensão da lesão, podendo levar à morte em cerca de 50% dos pacientes.

Algumas vezes, mesmo pacientes que tenham sofrido


um traumatismo craniano leve desenvolvem uma síndromepós-concussão e
podem continuar a sentir dores de cabeça e a apresentar problemas de
memória durante muito tempo depois do trauma.

Quais são as complicações possíveis dos traumatismos cranianos?

A complicação mais grave de um traumatismo craniano não mortal é o


estabelecimento de um estado vegetativo persistente, podendo o indivíduo
manter-se vivo por muitos anos, embora tenham sido destruídas as funções
intelectuais mais sofisticadas.

Outras complicações, por vezes irreversíveis, podem ser: crises epilépticas,


alterações motoras, hidrocefalia(aumento do volume de líquor nas cavidades
cerebrais), disfunções autonômicas, lesão de nervos cranianos, alterações
cognitivas e neuropsicológicas, alterações de comportamento, etc.

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