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Monólogo 1

Comércio: um ato de intermediação entre a procura e a oferta, ou seja, o comerciante é aquele


que compra produtos para vender, é aquele que corre o risco de comprar e não conseguir vender,
mas corre-o para conseguir o seu lucro ( o lucro consiste na diferença do valor da compra e o
valor depois da venda, descontadas as despesas necessárias).

O comercio existe desde o tempo em que o Homem se fixou, se sedentarizou, percebendo assim
que a divisão do trabalho é lucrativa, podendo especializar-se numa determinada área, mas
obtendo os outros produtos, alheios à sua especialização, através da compra.

Temos vários momentos de viragem:

- Séc. X- no surgimento da moeda, onde entre as trocas diretas surge o intermediário que é a
moeda;

- Descobrimentos- para o comercio da Europa e ,sobretudo, para a forma como se comercializa


Portugal;

- Revolução Francesa- com o surgimento da burguesia, surgindo um novo tipo de produção


social, a produção capitalismo.

O que é, hoje, o Direito Comercial?

O direito comercial é um corpo de normas, conceitos e princípios jurídicos que no direito privado
regem os atos e as relações jurídicas comerciais.

- O direito comercial ainda é um direito privado, ou um ramo híbrido?

- Faz sentido uma autonomia no Direito Comercial?

Para se responder a isto tem de se partir de uma premissa fundamental, que é tentar perceber
para que serve o Direito Comercial, as suas funções, e o que se visa obter através do seu estudo.

Dentro da economia de mercado, há 3 condições que devem assegurar-se, promover-se através


do Direito comercial.

- Promover a concorrência e garantir que a concorrência existe e é saudável;

- Acesso ao credito para facilitar a riqueza;

- Ética nos negócios.

Monólogo 2

Questões postas anteriormente:

- O Direito Comercial ainda é direito privado, ou trata se de uma ramo híbrido?


O Direito Privado é um ramo que se caracteriza por ser uma relação entre iguais, conferindo uma
liberdade contratual às partes.

Agora, será o Direito Comercial de hoje ainda um ramo de Direito Privado?

uma vez que, quando olhamos para o Direito Comercial ele está inundado de Direito Público,
como por ex, são de Direito Público:

- As normas que regulam a concorrência

- As normas que protejam o consumidor

A lógica do Direito Privado como um ramo do Direito Público, esta bem expressa numa celebre
frase, do Presidente de uma companhia americana, que dizia “ o que é bom para a General
Motors, é bom para a América, e o que é bom para a América é bom para a General Motors”

Ou seja, criando riqueza para as empresas, cria-se riqueza para a população.

- Faz sentido uma autonomia no Direito Comercial?


O que se encontra de diferente no Direito Comercial face ao Direito comum?

- Questão formal: de alguma forma o Direito Comercial é diferente do Direito Civil

- Prescrição

- Solidariedade passiva

- Responsabilidade do cônjuge

- Juros

Temos ainda um aspecto inegável, existe uma autonomia histórica, uma autonomia dogmático-
académica no sentido em que há um conjunto de matérias que não sendo especificas dos
comerciantes ou do comercio são, desde há muito, especificamente tratadas pelo Direito
Comercial (ex:cheques, sociedades civis e comerciais, insolvência)

Fontes do Direito Comercial


- Texto constitucional, trata do que é, ou quais os tipos ou modelos de empresas e sublinha-se o
aspecto deste elencar o tipo de atividade comercial, falando de 3 diferentes tipos:

- Setor publico, quando o Estado está por detrás de uma iniciativa económica

- Setor privado, é o centro das nossas matérias

- Setor cooperativo, é um setor que quando se olha para a melhor Europa tem um peso
importante na economia desses países, mas infelizmente em Portugal perdeu-se a
tradição cooperativa, isto é, a tradição de se juntarem várias pessoas com um objetivo
em comum e com o trabalho conjunto se dedicarem a uma atividade económico-
comercial

- Direito comunitário da concorrência, o Tratado da União Europeia debruça-se maioritariamente


sobre aquilo que é a Rainha Mãe do Direito comunitário empresarial, a saber os direitos da
concorrência;temos dois valores que regulam a linha de pensamento
do legislador:

- Permitir a concorrência, abrir mercado, impedir que se criem Concorrência:

monopólios
Quando ha duas entidades a disputar
- Permitir a sã, saudável concorrência, que não haja práticas o mesmo mercado
que sejam de concorrência desleal ou que neguem a própria
concorrência.

Monólogo 3

Professor Pedro Pais Vasconcelos, quando questionado sobre como definir Direito comercial,
este ensina que o Direito Comercial, tem por fundamento a atividade económica privada,
produtiva, especulativa de intermediação e de prestação de serviços. Ainda continua excluindo de
toda a atividade económica privada:

- Agricultura não empresarial;

- Atividade artística, literária, empresarial;

- Profissões liberais.

ART 2º ensina que são atos de comercio todos aqueles que se acharem especialmente regulados
neste código e alem dele todos os contratos e obrigações dos comerciantes que não forem de
natureza exclusivamente civil, se contrario do próprio ato não resultar.

Este art. é uma das mais importantes normas do ainda vigente código comercial de 1888.

Ainda nor oferece uma importantíssima distinção entre ato de comercio objectivos e subjetivos
(uma das distinções de atos de comércio).

Atos de comercio objetivos: são todos aqueles que estão previstos no código comercial (ex:
sociedades comerciais, empresas comerciais, operações de bolsa, seguros, transporte)

ART. 230º este qualifica determinadas atividades como comerciais, é esta a sua razão de ser,
sendo profundamente importante, porque se atividades de comercio são aquelas que estão
previstas no Código Comercial então temos que procurar ao código comercial quais são estas
atividades que estão la especialmente reguladas.

Começando uma analise deste art.

- O Nº 1º diz-nos que serão atividades comerciais por meio de maquinas ou manufacturas


matérias primas empregando para isso ou só operários ou operários e maquinas.(Ex: industria
transformadora). Para o direito comercial, para o jurista, industria é comercio, mas nem toda,
como verificamos no §1, deste mesmo art, vai excluir a atividade transformadora quando
acessória à atividade agrícola e a atividade transformadora ligada à arte individual de quem
pratica determinado factos;

- O Nº 2º fala-nos em fornecer em épocas diferentes, géneros (será que hoje podemos dar a
mesma leitura originaria de 1888 ou é necessária uma atualização no art para concluir nele as
novas atividades comerciais dos últimos 140 anos. Será licito recorrer à analogia ou apenas no
estado disponível recorrer à interpretação extensiva ?)

- O Nº3 fala no agenciamento de negocio por contra de outrem. Ou seja, a atividade mediadora,
os intermediários.

- O Nº4 tem que ver com a exploração de espetáculos públicos. Tem de se entender o que é a
exploração

- O Nº5º fala-nos em editar, publicar ou vender obras cientificas, literários ou artísticas. Trata-se,
portanto de um contrato de edição. É deste art o que nos levanta menos questões

- O Nº6 trata da construção de casas, a questão aqui a entender é o que são casas hoje em
dia? Será que só é subsumivel a este art a construção de imóveis para a construção ou
também aqui se exige o alargamento da noção de casas a algo maior

- O Nº7º fala nos transportes regulares e permanentes, ou seja o transporte que não é ocasional
ou pontual, mas transporte terrestre/ marítimo. Porque não transporte aéreo ?

Monólogo 4

Quem é comerciante?

ART 13º, nº1º- são comerciantes as pessoas que tendo capacidade para praticar atos de
comercio, fazem disso profissão

Temos aqui 4 elementos:

- Pessoas: ha dois tipos de pessoas:

- Pessoas singulares: Há uma relação direta entre quem é a pessoa física e pessoa para o
direito, em principio todas os seres humanos são pessoas jurídicas;

- Pessoas coletivas/jurídicas.

Quando aqui se fala em pessoas fala-se em pessoas singulares ou coletivas?


A resposta é complexa, a maioria da doutrina defende que aqui se fala em pessoas jurídicas com
capacidade;

- Capacidade: o código civil fala em dois tipos de capacidade:

- Capacidade de gozo

- Capacidade de exercício

Será que aqui quando se referem a capacidade, se fala em capacidade de exercício ou de gozo?
A capacidade de gozo é inerente ao ser humano, mas a capacidade de exercício,
tendencialmente adquire-se ao 18 anos (16 anos em caso de emancipação no casamento) ou em
caso de demência, existem alguns casos onde não se adquire.

Tendencialmente, o código fala em capacidade de exercício, ou seja, para alguém poder ser
comerciante tem de ter capacidade por si só de poder atura juridicamente.

E se um incapaz (ex: um menor) adquirir um estabelecimento comercial por doação ou por


herança (ex:morte dos pais) não permitir que este se possa qualificar como comerciante (dizer
isto não é dizer-lhes vamos permitir que ele, pessoalmente, pratique atos de comercio. É permitir
que se mantenha em funcionamento esse estabelecimento comercial) leva-nos a abrir uma
exceção para esta capacidade de exercício, dizer que em determinadas circunstancias pode ser
bastante a capacidade de gozo.
O ART 127º CC, Nº1º coloca nos perante este dilema: poderá o menor, emancipado aos 16 anos,
ser autorizado a praticar atos de comercio e como tal depois considerado comerciante ? Não se
devera permitir a um menor o exercício de uma atividade comercial, porque é uma atividade
exigente e que não se enquadra com o principio excecional de em determinadas situações
permitir ao menos exercer uma atividade comercial;

- Atos de comercio: objetivos. Para que alguém se torne comerciante tem de ser uma pessoa
que tenha capacidade e que pratique atos de comercio (quaisquer);

- Que se faça disso profissão: é procurar obter o lucro desses atos, sendo que se exige uma
pratica habitual, reiterada. Ou seja, não é uma atividade esporádica, é algo que se faz
habitualmente, como modo de vida, procurando obter rendimentos dessa atividade. O que se
exige é que esta não seja esporádica, não quer dizer que esta seja a única atividade, não quer
dizer que seja a atividade de onde se obtém a maioria do rendimento, nem que se realize todo
o ano (pode ser uma atividade sazonal, e por isso não deixa de ser habitual e reiterada).

Se estes são os comerciantes, quem não é comerciante?


- Quem é pessoa singular;

- Quem não tem capacidade jurídica;

- Quem não pratica atos de comercio objetivos;

- Quem não faz disso a sua profissão.

Monólogo 5

Sociedades comerciais
ART. 13º Nº2º ensina que as sociedades comerciais são comerciantes, aquilo que se chamam
comerciantes natos, percebe-se estão expressão quando contrapomos o Nº1º com o Nº2 deste
mesmo art.

O Nº1 exige a pratica de atos de comercio, exige uma atividade, é preciso fazer qualquer coisa
para ser comerciante.

No caso das sociedades, Nº2º, não se exige isto, não se exige que efetivamente haja uma pratica
de atos, mas a mera intenção de os fazer, ou seja, a sociedade desde que exista enquanto
pessoa coletiva é um comerciante.

Está historia encontra-se no século. XV/XVI aqui procurava-se contornar proibições legais de
cariz mais religioso que não entendiam como algo impróprio, errado o juro, os rendimentos do
capital. E ai que surgiram em forma de sociedades comerciais que visava, sobretudo, contornar
essa proibição.

Será no século XIV, com o desenvolvimento pós revolução industrial que surge esta figura, sendo
uma figura similar ao que hoje entendemos como sociedades comerciais.

O que caracteriza a sociedade comercial?


- Congregação de esforços, ou seja, é o reconhecimento que a complexidade da vida comercial
não se compadece com o empreendimento de um Homem só, com a solidão do comerciante
individual, sendo preciso congregar outros, juntar-me a outros para em conjunto desenvolver
uma atividade económica.

- Pessoas coletivas, olhando para o CC ART. 157º e ss, vemos que ali se fala de uma nova
figura, de uma nova pessoa para o direito: As Sociedades Comerciais. Temos dois tipos de
pessoas coletivas:

- Fundações: caracterizam-se por ser uma acervo patrimonial, um conjunto de bens afetos
a uma atividade

- Associações: conjunto de pessoas. Sem tiverem fins altruístas fogem ao âmbito desta
disciplina, se tiverem fins egotistas, no sentido de procurarem o lucro, então entramos na
Sociedade (ART. 980º CC):

- Civil
- Comercial
Da analise do ART.980º sobressai a existência de 4 elementos nas sociedades:

- Pessoal, ou seja, se a sociedade é uma congregação de pessoas em conjunto para


uma atividade económica, exigem-se pessoas no plural (2 ou mais). Mas ha
exceções, no caso em que uma sociedade pode existir ou subsistir com apenas um
sócio (ex: unipessoalidade super niet: uma sociedade com dois sócios, mas um deles
vem a falecer; a sociedade pode ser originariamente unipessoal ou sociedade
unipessoal por quotas, ART 488º CSC);

- Patrimonial, ou seja para o tal exercício da tal atividade exige-se contribuição com
bens ou serviços. Bens não significa, necessariamente, dinheiro. O que se exige é
que os sócios contribuam para a sociedade com algo (ex: imóvel; automóvel; peças
de arte; mercadorias; computadores; ou com direitos);

- Teleologico, exige-se que haja um exercício em comum de uma atividade que não
seja de mera fruição, ou seja, que não se limite a recolher rendimentos de uma
qualquer realidade, o que se exige aqui é uma postura dinâmica que os sócios
queiram fazer algo;

- Finalista, o que leva aquelas pessoas a reunirem-se para exercerem uma atividade
económica que não seja de mera fruição contribuindo com bens, é obter um
acréscimo, lucro.

Monólogo 6

Sociedades Comerciais
Que características tem de ter uma sociedade para que se possa chamar Sociedade Comercial?
ART 1º do código das sociedades comerciais- ter objecto e tipo comercial. Ter objecto comercial
é dedicar-se a uma atividade catalogada como comercial, ou seja, uma sociedade é comercial se
praticar atos de comercio objectivos. Tipo comercial, recorre ao principio da tipicidade, ou seja,
se eu quero criar uma sociedade comercial tenho que escolher um dos, alegadamente, quatro
tipos de sociedades. Contrariamente à lei, o Professor considera não quatro, dois tipos de
sociedades:

- Sociedade de quotas
- Sociedade anónimas
Porque a realidade ensina-nos que na pratica apenas adotam estes dois tipos, isto porque,
historicamente havia dois tipos de sociedades:

- Sociedade de responsabilidade ilimitada


- Sociedade de responsabilidade limitada
Isto significa que, nas sociedades de responsabilidade ilimitada todo o património, afeto à
sociedade ou não, responde pelas dividas da sociedade. Nas sociedades de responsabilidade
limitada só responde pelas dividas da sociedade o património afeto à sociedade.

Hoje, ensina-nos a pratica que, só é escolhido pelos comerciais o modelo da responsabilidade


limitada.

Mas, a verdade dos factos é que apesar da responsabilidade da sociedade ser limitada, a
responsabilidade dos sócios, ou daqueles que atuam em nome da sociedade é, tendencialmente,
ilimitada, por força da lei e do contrato. (Ex: regime de responsabilidade por incumprimento fiscal/
fiança).

- As sociedades têm personalidade jurídica, ou seja, têm direitos e obrigações; têm todos os
direitos ou só alguns? (Direitos de personalidade das pessoas coletivas jurídicas);

- As sociedades têm capacidade jurídica de exercício - ART 5º e 6º do CDS - esta


capacidade esgota-se na sua necessidade, ou seja, podem as sociedades comerciais todos os
atos que entendam desde que sejam necessários ou convenientes para a prossecução da sua
atividade;

- O contrato de sociedade tem, hoje, uma forma escrita, que admite-se no Código das
Sociedades Comerciais, possa ser substituída por outros formalismos, nomeadamente, através
de declarações electrónicos.

Monólogo 7

Responsabilidade social das empresas


Na década de 50, nos EUA, colocou-se a questão fundamental:

O que se deve esperar de um Homem de negócios, que tipo de comportamento é expectável de


um Homem de negócios?
Parte-se de 3/4 premissas fundamentais:

- Postura ética, postura social e ambiental, ou seja, que haja uma preocupação com o
ambiente, com a comunidade, e sobretudo, um agir corretamente como imperativo categórico;

- Ousar pensar a longo prazo;


- Perceber que a propriedade não se esgota, ou não se pode esgotar nos interesses egoistas
dos proprietários;

- Defesa e promoção do desenvolvimento sustentável;


RSE define, a Comunidade Europeia, como a integração voluntária de preocupações sociais,
ambientais por parte das empresas nas suas operações.
Dito assim, parece que se fala de uma mera filantropia, logo esta é uma visão errada de olhar
para a Responsabilidade Social das Empresas, tem que ser muito mais do que isto, desde logo
perceber que ha dois níveis desta responsabilidade:

- Externo, ex: defesa dos direitos humanos, relação com os fornecedores e com a comunidade
interessante, transparência na informação, é a ética como imperativo;

- Interno, tem a ver com as relações da empresa com os seus empregados, aqui exige-se o
recrutamento responsável, têm de haver regras claras e transparentes, oferecer formação
profissional, equilibro entre a vida pessoal e a vida profissional, saúde e segurança no local de
trabalho, mecanismos de participação dos trabalhadores quer na gestão da sociedade quer,
sobretudo, nos resultados da sociedade.

O que é que eu empresário tenho a ganhar com a responsabilidade social das empresas?
Uma empresa que investe na responsabilidade social, que tem funcionários motivados, tem a
peça fundamental do sucesso da sociedade. A boa responsabilidade social melhora a imagem
das empresas, melhora a capacidade atrativa das empresas (não apenas no recrutamento, mas
também aumenta a sua credibilidade no mercado)

Monólogo 8

Obrigações especiais dos comerciantes


ART 18º Código Comercial, prescreve 3 obrigações:

- Obrigação do registo comercial, tem como função dar a conhecer a situação jurídica dos
comerciantes, ou seja, o que é determinante para os comerciantes encontra-se no registo
comercial;

- Obrigação de ter escrituração mercantil, nunca se deve confundir com contabilidade comercial,
embora essa confusão seja recorrente, confundido-se a parte geral com o todo, uma vez que a
parte geral da escrituração mercantil é a contabilidade comercial, mas ha mais escrituração
para alem da contabilidade;

- Obrigação de adotar firmas, para o nosso direito, a firma é um sinal que identifica o
comerciante, é o nome que o comerciante utiliza na sua atividade comercial. Quando se fala na
firma, não se fala do local, mas sim da pessoa, do comerciante.

A marca ou o logotipo diferenciam-se da firma, mas também são sinais identificativos do


comerciante.

A firma é o nome que identifica o comerciante, e para a sua válida composição devemos
respeitar um conjunto de princípios:

- Principio da obrigatoriedade, a firma é obrigatória. Os comerciantes são obrigados a ter uma


firma

- Principio da verdade, ART 32º do registo nacional de pessoas coletivas, proíbe as firmas
enganosas, ou que induzam em erro o consumidor, ou seja, não se exige que a firma seja
verdade, no sentido em que dê pelo seu nome a atividade económica ligada àquela firma, mas
sim é que a firma crie uma convicção errada no consumidor, levando-o a acreditar que
estamos perante uma diferente realidade.

- Principio da novidade, exige-se que a firma seja diferente daquelas que ela existam na mesma
atividade, no mesmo âmbito, defende-se que o consumidor não seja ludibriado pela parecença
das firmas.

- Absoluta: algo novo, totalmente diferente de tudo aquilo que já exista, ou seja, é a
criatividade no seu esplendor, conseguir criar algo que seja diferente com o que já existe
(não se exige isto através deste principio)

- Relativa

- Principio da exclusividade, decorre do principio da novidade, se eu tenho uma firma


validamente construída, se é nova, eu tenho o direito de uso exclusivo, ou seja, eu posso
usar proibindo todos os outros de usar a mesma firma

- Principio da licitude, ART 32º do registo nacional de pessoas coletivas, aqui proíbe-se as
firmas ofensivas, as firmas que desrespeitem valores religiosos, culturais, históricos que
mereçam ser protegidos. Proíbe-se as firmas ofensivas da moral, dos bons costumes.

- Principio da unidade, ART 38º do registo nacional de pessoas coletivas, cada comerciante só
pode ter 1 firma.

Monólogo 9

Falências ou insolvências
O que é que acontece quando uma pessoa não está em condições de pagar as suas dividas?
Falência é um anacronismo, o termo correto é insolvência.

Falar de um empresário insolvente não é falar de uma pessoa incompetente. Há quem dê o


melhor de si em prol das suas empresas, mas um infortúnio do mercado, tornaram aquela
empresa incapaz de fazer face às suas obrigações.

Quem propositadamente prova insolvências pode ganhar muito dinheiro com isso. Pois, rouba
para si, aquele que seria o património da empresa para fazer face às legitimas expectativas dos
seus créditos

O que é o processo de insolvência?


ART 1º do Código da Insolvência, o processo de insolvência é um processo de execução
universal do património social para satisfação dos credores.

Quando é que uma empresa está insolvente?


ART 3º do Código das Insolvências

Na insolvência não ha uma relação entre débitos e créditos, ou seja não se exige que uma
empresa tenha um passivo superior ou muito superior aos ativo. É plausível que uma empresa
tenha muitos mais ativos do que passivos, mas ainda assim esteja insolvente.

Por exemplo, no caso de um hotel onde os terrenos e o edifício valem 1M, mas se aquela
empresa tem 100.000€, ou seja, 10% do seu património de dividas e a sua atividade é
insuficiente para gerar lucros, se cada mês que passa, aquela empresa está a aumentar o seu
passivo porque não consegue produzir riqueza para fazer face aos seus compromissos, então
esta empresa esta insolvente.

Logo, pode alguém ter um grande património e estar insolvente.

A insolvência é terrível para o empresário, porque é uma sensação de fracasso, uma vez que em
muitos casos são dedicados anos e ate mesmo gerações àquela empresa, mas também é terrível
para os trabalhadores porque estes perdem o seu ganha pão, a sua capacidade de trazer para
casa dinheiro no final do mês. Esta é também uma tragédia para a economia local, por exemplo:
numa aldeia, quando à roda daquela aldeia se desenvolve uma mina, e quando essa mina
termina, quando vai à falência, é toda aquela aldeia que finda.

Por vezes, a insolvência de uma empresa é uma inevitabilidade, pois se eu tenho uma empresa
que não paga as suas dividas, que não tem capacidade para continuar no mercado de forma
saudável acaba por arrastar as outras, quer os seus fornecedores, quer os seus correntes, que
são vitimas da concorrência desleal daquele que não paga as suas dividas.

Olhando para o regime legal das insolvências, percebemos que terá de ser o insolvente a iniciar o
processo, mas esta é uma tarefa complicada, pois a maioria das vezes o empresário não tem
lucidez para entender que a sua empresa está falida.

Havendo um processo de insolvência, quais são as consequências daí decorrentes?


Aqui temos de olhar quer para os negócios do insolvente, quer para o património, quer para a
pessoa que é insolvente.

Monólogo 10

Estabelecimento Comercial
A expressão empresa é um sentido subjectivo, a empresa refere-se ao empresário, refere-se a um
comerciante. Há um outro sentido de empresa enquanto atividade, e este para muitos autores é
o sentido. Um outro sentido possível é a empresa enquanto instituição, no sentido institucional.
O que nos interessa, é o sentido objetivo da empresa, ou seja, interessa-nos a empresa enquanto
objecto de determinada realidade, ou configuração jurídica. A expressão empresa pode usar-se
em sinonimia de estabelecimento comercial. Logo, sem estabelecimento comercial não pode
haver comerciante.

O que é para nos um estabelecimento comercial?

Um estabelecimento comercial é uma organização do empresário mercantil, o conjunto de


elemento unidos pelo empresário para através destes elementos realizar uma qualquer atividade
económica, desde que comercial.

Elementos do Estabelecimento comercial:

- Elementos corpóreos, ou seja, as coisas corpóreas que fazem parte do estabelecimento. Por
exemplo, as matérias-primas, maquinas, decoração, moveis, dinheiro em caixa, utensílios, etc.

- Elementos incorpóreos, isto é, o conjunto de direito que circunda um estabelecimento


comercial. Falamos de, por exemplo, contratos de arrendamento, contratos de trabalho,
credito sobre clientes, direitos industriais, etc.

- Clientes, ha dois tipos:

- Fixa:

- Habitual

- Ligada ao estabelecimento por vínculos contratuais, por exemplo: contratos de


fornecimento

- Virtual, clientes aparentes, os que aparecem e depois deixam de o fazer

- Aviamento, é a capacidade lucrativa daquele estabelecimento. Resulta da organização e é a


capacidade que aquele estabelecimento tem para atrair clientes. É a qualidade dos produtos, a
imagem e marca, a existência de patentes de direitos industriais, é a localização.

Monólogo 11

Trespasse do Estabelecimento Comercial


O Trespasse é um qualquer negócio jurídico inter-vivos, pelo qual se transmite, definitivamente, a
propriedade de um estabelecimento comercial. Dito de outra forma, o trespasse é a venda de um
estabelecimento comercial. Nunca confundir trespasse (em que o objecto é o estabelecimento
comercial) com contratos que versam sobre o imóvel onde esta alojado um estabelecimento
comercial.

Quando se trata de um trespasse aquilo que eu vou transmitir/alienar é o estabelecimento, a tal


organização onde se encontram englobados todos os seus elementos, ou seja, o negócio.

Pode ser feito por uma imensidão de diferentes contratos sejam onerosos ou gratuitos, porque se
a regra é um trespasse ser um contrata oneroso (seja por compra e venda, ou troca, etc), também
pode ser gratuito (pode ser por doação).

Este é um contrato atípico, porque não esta tipificado na lei, esta apenas um aspecto
relativamente a isto, nomeadamente, a situação jurídica do contrato de arrendamento quando há
trespasse.

Porque regula o legislador apenas uma parte deste contrato?


Regula-o porque há uma importante ambiguidade neste contrato, que é quando os
estabelecimento está situado num imóvel arrendado vamos assistir a uma possibilidade de
transmissão do contrato de arrendamento sem cuidar de ouvir a posição do senhorio, ou seja, ha
a possibilidade de uma das partes transferir a sua posição contratual sem que a outra tenha que
concordar ou que discordar.

Porque o legislador permite esta transferência unilateral, que é excecional no nosso direito?
Permite-o porque entende que os interesses da economia deve permanecer face aos interesses
daquele senhoria em concreto, e para que se possa manter uma empresa a facturar, então vai-se
permitir que haja uma transmissão do estabelecimento que inclui a transmissão do contratos de
arrendamento nas condições que o mesmo possuía.

Há um outro direito do senhorio (não em todos os contratos de trespasse, mas quando o


trespasse é desde logo de compra e venda) é o direito de preferencia, ou seja, permitir ao
senhorio que, em igualdade de condições, perante uma proposta concreta, o senhorio exerça a
sua possibilidade de ficar com o estabelecimento. Se não for permitido ao senhorio o exercício
do seu direito de preferencia, existe uma ação de preferencia, prevista no art 1410º que pode
permitir ao senhorio, que após o deposito do dinheiro, ficar com os direitos decorrentes do
contrato de trespasse.

Este é celebrado, obrigatoriamente, por escrito.


Há a possibilidade de realizar um contrato de trespasse parcial? Ou seja, eu posso alienar a
propriedade de parte do meu estabelecimento?
É possível que o contrato de trespasse não inclua o direito de utilizar o imóvel?
O que acontece ás dividas? Transmitem-se ou não?
A cláusula implícita da não concorrência existe ou é uma ficção?

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