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Direito Cambiário
e Títulos de
Crédito
Prof. Caio Ribeiro da Costa
DIREITO CAMBIÁRIO
Conceito
Chama-se de direito cambiário ou direito cambial o sub-ramo do direito
empresarial que disciplina todo o regime jurídico aplicável aos títulos de
crédito. Trata-se de regime jurídico recheado de regras, princípios e
características especiais, criados especialmente para que os títulos de
crédito consigam desempenhar de forma eficiente e segura a sua principal
função, que é a circulação de riqueza. (SANTA CRUZ, 2018)
Breve evolução histórica
Os títulos de crédito começam a surgir na Idade Média - juntamente
com os conceitos do Direito Comercial. A época era marcada pelo
comércio marítimo em países polo, como Itália e França.
Nos anos de 1650 a 1930 surgiram os primeiros desenhos de Títulos de
Crédito e conceitos basilares, como a letra de câmbio, nota
promissória, cláusula à ordem, bem com leis basilares.
Breve evolução histórica
Em 1930 surgiu uma nova fase do Direito Cambiário, chamada de fase
de uniformização. Foi chamada assim em razão da edição de normas
como a Lei Uniforme das Cambiais e a Lei Uniforme dos Cheques,
que uniformizavam regras para todos os países que aderiram às
normas, facilitando, assim, a sua circulação.
Breve evolução histórica
Superada a fase de uniformização, a doutrina categoriza a fase atual
como a fase do comércio eletrônico (e-commerce), dado o desuso de
títulos de crédito comuns, como o cheque, dando espaço para
méteodos de circulzação de riqueza como os pagamentos em cartões
de crédito e débito, e até mesmo criptomoedas.
Assim, em 1912 foi realizada a Conferência de Haia, de onde surgiu o Regulamento uniforme
relativo à letra de câmbio e à nota promissória.
Posteriormente, em 1930 foi realizada a Convenção de Genebra, onde fora aprovada a Lei
Uniforme das Cambiais e, no ano seguinte, a Lei Uniforme dos Cheques. O Brasil, país
integrante das convenções, aderiu aos normativos formalmente em 1966, promulgando as leis
no ordenamento jurídico pátrio.
Breve evolução histórica
O Decreto nº 57.663/1966 ficou conhecido com a Lei Uniforme de
Genebra (LUG). Insta frisar que, apesar da promulgação do decreto,
no país já havia uma legislação robusta que tratava de normas do
direito cambial. Era o Decreto 2.044/1908, conhecido como Lei
Saraiva.
Nesta esteira, o Código Civil de 2002 tem um título específico que
trata acerca dos títulos de crédito. Contudo, o art. 903 dispõe que
somente são aplicáveis as determinações do código em caso de
omissão das leis específicas, em razão do princípio da especialidade.
TÍTULOS DE CRÉDITO
Conceito
Título de Crédito é o documento necessário ao exercício do direito, literal
e autônomo, nele mencionado. Também é conhecido como cártula.
Assim, entende-se que a posse do devedor do título de crédito presume a satisfação do crédito, bem como
somente é possível protestar e executar um título se este for apresentado.
Insta salientar a relativização deste princípio basilar no que tange à desmaterialização dos títulos de
crédito, que ocorre principalmente em virtude do crescimento tecnológico. É o exemplo das duplicatas
virtuais, que podem ser executadas sem sua existência física, sendo apresentado somente o protesto
indicativo e o comprovante de entrega das mercadorias.
Princípios dos Títulos de Crédito
Literalidade: Basicamente, o título de crédito vale para o que nele está escrito. Nem mais, nem menos. O
princípio assegura às partes da relação cambial a exata correspondência entre o teor do título e o direito
que ele representa. Em caso de quitação parcial, esta deve ser formalizada no título para ter validade,
seguindo as formalidades necessárias.
Autonomia: O princípio versa que o título de crédito é desvinculado da relação que o deu origem. Ou
seja, o legítimo portador do título pode exercer seu direito de crédito sem depender das demais relações
que o antecederam, estando completamente imune aos vícios ou defeitos que eventualmente as
acometeram.
Princípios dos Títulos de Crédito
Exemplo: “A” compra um carro de “B”, sendo esta compra instrumentalizada por meio da emissão de uma nota promissória no valor
de R$ 10.000,00 (dez mil reais). “B”, por sua vez, tem uma dívida perante “C” no valor aproximado de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
Nesse caso, “B” poderá quitar a dívida que tem perante “C” utilizando-se da nota promissória dada por “A”, endossando-a (ato
cambial próprio para transferir um título de crédito) para “C”, que se torna o titular dessa nota, podendo cobrar o seu respectivo
valor de “A” na data do vencimento.
Nessa hipótese, “A” poderá recusar-se ao pagamento do título alegando, por exemplo, eventual nulidade da venda que “B” lhe fez,
venda essa que, como dito acima, originou a emissão da nota promissória? A resposta é negativa, e a justificativa está exatamente na
aplicação do princípio da autonomia dos títulos de crédito. Ora, se as relações representadas naquele título são autônomas e
independentes, os eventuais vícios que maculam a relação de “A” com “B” não atingem a relação de “B” com “C” nem a relação deste
com “A”.
Princípios dos Títulos de Crédito
O princípio da autonomia é considerado o principal dos princípios dos títulos de
crédito uma vez que este reforça a qualidade de instrumento de circulação de riqueza e
negociabilidade, visto que a autonomia dos títulos proporciona maior segurança ao seu
portador e às relações cambiais como um todo.
O princípio ainda pode ser subdividido em dois outros subprincípios, que são os
princípios da abstração e da inoponibilidade de exeções pessoais perante a terceiros de
boa-fé.
Princípios dos Títulos de Crédito
Abstração: Quando o título circula, ele se desvincula da relação que lhe deu origem. Assim, no exemplo
dado anteriormente, quando “B” endossou o título para “C”, fazendo-o circular, tal título se desvinculou
da operação que lhe deu origem – a compra e venda do carro.
Título Abstrato: Não existe condição para a emissão do título, como por exemplo, o
cheque, que é título de crédito apto a documentar qualquer relação negocial.
Para reforçar!