Ter para “pertenser”: o consumo de novas mídias e a
projeção da identidade na contemporaneidade
Cenários da Comunicação, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 125-131, 2007.
Cíntia Dal Bello
O artigo da autora, especialista da área de comunicação,
explana a temática das mídias enquanto influência decisiva na vida do jovem hi-tech, enfatizando a mídia cibernética e o avanço das tecnologias como principais causadores da euforia juvenil pelo “pertenser”. Nas páginas correspondentes ao artigo, o questionamento é dividido em cinco sub-títulos, que abordam desde a introdução até as fases correspondentes ao processo de pertencimento através da posse de produtos midiáticos, conforme propõe o título do trabalho. A autora questiona a necessidade do “ter” diante de todo aparato tecnológico que a cada dia se renova, que resulta numa espécie de dependência necessária, tornando imprescindível a discussão sobre a percepção do indivíduo enquanto participante da sociedade. O comparativo diante de uma possível resposta ao que é veiculado pela publicidade e as transformações decorrentes da globalização, leva a crer que não só pelas campanhas de massa mas sim pela organização da sociedade que exige cada vez mais padrões para que participar de um determinado grupo. Nesse contexto, o jovem busca a qualquer custo, a aquisição de aparelhos sempre mais sofisticados ou mesmo equipamentos de última geração, acreditando que dessa forma terá a sua permanência na sociedade. Essa condição cria identidades variáveis assumidas em diferentes momentos. O indivíduo voltado para si mesmo desenvolve um nível de admiração e consumo dessas novas tecnologias para, ao tempo que quer pertencer ao grupo, também alveja diferenciar-se, ou até destacar-se através da posse de algum produto. Como também destaca a formação de uma identidade semelhante e diferente ao mesmo tempo, observa-se a constituição de culturas variadas, porém centradas no consumismo assoberbado. Ao cabo da conclusão, a autora afirma que esses objetos são essenciais para acessos cada vez mais constantes à uma existência que ora é desapercebida e ora necessita de popularidade, sendo essa última a chave de toda necessidade do ter para pertencer. O texto apresenta um olhar comparativo diante do papel da publicidade na formação de identidades, principalmente, juvenis. É importante destacar que essa busca pelo melhor produto, de última geração não alcança apenas a fase estudantil, como também o adulto independente, que vê a porta para o “ter” quando passa a sustentar- se pelo seu próprio salário. É evidente que a mídia desenvolve um papel considerável na indução ao consumo, porém, a demanda de cada objeto, seja celular, laptops, televisões são oferecidas conforme a resposta da sociedade diante de cada linha lançada. Os celulares de ontem apenas eram extensões dos telefones residenciais e atualmente é possível assistir TV ou mesmo usar como localizador GPS nos pequenos aparelhos portáteis.