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Escritores da Liberdade:

Deus está nos detalhes


( e o Diabo também)

Odiei este filme.

Poderia ficar neste cometário sucinto, aliás, melhor seria nem tecer qualquer comentário.
Porém, se assim o fizesse sei que lembraria dessa omissão no suspiro final da vida, naquele
momento em que passamos em revista nossa vida e já fazemos o auto julgamento dessa vida,
o quê demostra a inutilidade de esperar um Deus julgador, posto que mesmo esse Deus
psicotico, vingativo e sádico das religiões monoteístas não seria mais severo juiz que nossa
propria conciência.Então para que não tenha duvida para o promotor que habita minha mente
reafirmo com convicção: “Odiei esse filme com toda energia do meu fisico e com toda força
dos interiores da minha alma e com todos os conceitos do meu intelecto!

Provavelmente vocês podem estar pensando a altura da leitura, “ o quê além do fato desse
cara ser um pertubado babaca e melancolico misantropo, pode motivar uma pessoa
minimamente merecedora de se chamar ser humano, a não gostar de um filme que tem no
elenco a oscarizada Hilary Swank, o belo e simpatico galã da consagrada Grey's Anatomy,
Patrick Dempsey, uma história baseada em fatos reais e edificante, pois narra como uma
professora conseguiu livrar um grupo de alunos a escaparem da marginalidade e violência
atraves da pratica da leitura e do exercicio de pensar...como pode não gostar?

Filmes (principalmente os de hollywood) precisam ser analizados além de seus aspectos


tecnicos e sua mensagem mais aparente.Precisam ser visto sob a analise de qual são suas
mensagens subliminares, aquelas que acabamos concordando sem perceber, para podermos
nos identificar com as personagens e seus atos. Vou tentar demostrar as duas mensagens
ideologicas que o filme tenta passar por de trás da heroica professorinha:

Conflitos raciais e a politica de Ação afirmativa

Ok, ok. Os Estados (Des)Unidos mesmo tendo o simpatico e sedutor Obama como presidente
e, até por conta de sua eleição, só agora parece começar a sair daquela guerra civil começada
pelos caipiras conterrâneos do debil mental do Bush e pelos nortistas representados por
lincoln. A eleição de Barack é mostra que somente agora, passados 235 anos da declaração de
independência , que os WASPs (White, Anglo-Saxon and Protestant), os donos do país,
começam a perder a supremacia de poder politico e influência midiática na nação. O que não
quer dizer, que as teses dos novos sócios da “big corporation”, tem que serem tacitamente
aceitas.É verdade que Los Angeles pós conflitos dos protestos pela absolvição dos torturadores
de Rodney King, quase iniciaram uma 2ª guerra civil, mas as tintas excessivamente fortes
pintadas para demostrar as animosidades e intolerância dos grupos etnicos na classe beira a
narração em coro do datena, ratinho e o finado alborguetti. A cena em que sugerem que todos
tiveram caros amigos assassinados, sendo a maioria terem em conta mais de quatro
cadaveres, só seria verossímil num desastre de proporções como o do terremoto do Haiti,
nem no genocidio de ruanda se encontraria uma amostragem com tal grau estatistico de
homicidios!Seria realmente necessário reforçar tanto a dificuldade que a Homerica professora
teria de vencer a intolerância racial?O que se pretende realmente afirmar é uma das mais
caras bandeiras politicas dos democratas; a ação afirmativa.

Posta em pratica e idealizada pelo presidente/galã/midiático Jonh Kennedy e sendo


assentada desde então pelos igualmentes democratas e presidentes/galãs/midiáticos bill
Clintom e Barack Obama, essa bandeira politica só consegue aceitação dentro da sociedade
americana utilizando-se da ameaça de convulsão social convenientemente mostrada no filme.

Não vou nem entrar no merito de bandeiras do partido democrata americano serem
recortadas e reinventadas como pautas fundamentais pro Brasil, porque aí já sairia por demais
do foco principal desse texto , que é a analise de um filme, e não da canastrice programatica
do Partido dos Trabalhadores.

A professora imaculada e o american way of life

É nesse dois aspectos, que ficam as mais claras manipulações ideologicas em detrimento da
propria verrossimilhança do filme:

Aqui na terrinha da bunda e dos bundões, nós viviamos a era da chamada retomada do cinema
brasileiro, esta tal retomada, já se tornou a era de ouro do cinema brasileiro, por conta da da
venda de ingressos recorde, superando qualquer outra epoca do cinema no país.
Especialmente o ano passado, com o maravilhoso” tropa de elite 2”, cuja bilheteria quebrou
um recorde que parecia inalcansável desde” dona flor e seus Dois Maridos”. Mas nem tudo são
flores, tivemos já grandes produções com bilheterias ridiculas como o comentado e odiado
“Lula, o filho do Brasil”...Agora o leitor que ainda não desistiu desse texto, deve estar
pensando que quem desistiu do texto foi o seu autor: “Mas não tava falando de um filme
americano?o que que o nosso cinema brazuca tem haver com isso? Será que esse senhor além
de babaca toma drogas?

Ainda não surtei totalmente, quero mostrar que tanto aqui, como lá cinema de qualidade
difere de cinema panfletário: Se aqui no Brasil o filme do poder falhou, lá também ninguém
engoliu o filme, posto que sua bilheteria envergonha a carreira dos artistas e do estudio
envolvidos em sua produção.Maso quê os une além do fracasso de renda? Dois filmes
“baseados em fatos reais” que parecem ficção, posto que os protagonistas são apresentados
como verdadeiros santos, proximos nomes da lista de canonização do papa Bento VXl!Tudo e
todos são contra eles, não nada nem ninguém que colaborem em suas odisséias. A nossa
santinha combate a desconfiança dos alunos, o odio do proprios colegas professores, o
colégio, o pai, o marido, o mecanisismo ignorante do sistema educacional, o Kadafi, o hugo
CHavez, o inferno , o capeta,etc...Nunca alguém ou qualquer coisa soma-se a ela em sua via-
crucis, mesmo os alunos depois de devidamente conquistados, comportam-se como meras
ovelhas a seguirem a sua pastora, as iniciativas dos alunos aparecem somente como um
enfeite do poder messianico da professora, em nada acrescentam a trama. A professora
encara as maiores agressões e humilhações com um passividade que torna o filme de gandhi e
o de São Francisco de Assis* na biografia de dois punks minutos antes da overdose dentro de
uma suruba.

E agora eu volto ao cinema ficção, que mais parece real; tanto nosso blockbuster tupiniquim,
quanto os grandes indicados do oscar de 2010, contam estórias de personagens que não
obstante suas grandiosas realizações, são apresentados com as mais cruas e serias
pertubações de carater. Se em “A rede social” o mais jovem bilionário do mundo cria o
facebook, o roteiro não foge de mostrá-lo como um aproveitador e nerd babaca. Em cisne
negro , a dedicada e doce bailarina não deixa de se revelar como uma surtada esquizofrenica
homicida.E o “discurso do Rei’, maior premiado da temporada, nos mostra um frágil e inseguro
gago rei sendo treinado por um vulgar (a pedagogia do chingamento já entrou pra história do
cinema) professor. E o nosso maior herói de todos os tempos que não existem , o coronel
Nascimento, acaba com o trafico de drogas, milicias e a corrupção na politica, sendo mostrado
com ataques de sindrome do panico, destratando a esposa, brutalizando o filho e cometendo
erros que levam seus amigos á morte.

Porque diabos então, esse tal “escritores da liberdade” apresentam uma heroina tão eterea?
A razão é que a motivação não é mostrar essa professora, o motivo é afirmar o chamado
“American way of life”. É mostrar o especial, aquele dentre todos, vai acreditar “no direito a
busca da felicidade”sempre sem coletivizar os sonhos ou seus resultados, é sempre o espirito
indomito e anti governamental que salvará e manterá o império americano.É o panfleto do
“make yourself” se a sociedade não fizer, não precisa a transformar, faça você mesmo que ela
lhe seguirá. É o americano como o topo da evolução, ele evolui e aqueles que forem fortes
como ele evoluem. E aí é maquiavelicamente, se reafirma a perfeição da civilização americana,
o sistema no fim é perfeito, pois sempre acaba por valorizar seu revolucionário e corrigir seus
pequenos desvios ...

Enfim, perigoso, demagogico, panfletário e mentiroso e deformador filme, peqa uma bela e
pungente história e a regurgita como uma propaganda americana de fazer lembrar dos filmes
do tempo da guerra fria.
cjhb

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