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CHAUÍ, M. Merleau-Ponty Da Constituição À Instituição
CHAUÍ, M. Merleau-Ponty Da Constituição À Instituição
Marilena Chaui
mchaui@ajato.com.br
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
I.
Não há quem não se recorde da dureza das palavras escritas por Merleau-
Ponty em “Le philosophe et son ombre”, quando de sua leitura da obra
de Husserl:
II.
III.
Isto significa, por um lado, que as verdades são de mesma ordem que as
percepções, ou seja, feitas de pressupostos que não podemos explicitar até
o fim para obter uma evidência sem lugar e sem tempo, e, por outro, que
a reflexão ou o pensamento de pensar não está mais às voltas com o
dogmatismo ou com o criticismo, mas com a descoberta de sua “espes-
sura temporal” e de seu “engajamento corporal”, com o fato de que não
somos nenhum de nossos pensamentos particulares e, todavia, só nos
conhecemos através deles.
A Phénoménologie de la Perception descreve ek-stases e não operações
reflexivas. Por isso a chegada ao cogito não só inverte a fórmula cartesiana,
exprimindo-se como “sou, logo penso”, pois a consciência está atada por
dentro à existência, como ainda desemboca no cogito tácito. O Cogito não
é inerência psicológica nem imanência transcendental, não é unidade
IV.
V.
1 Podemos observar, assim, porque Husserl fala da fenomenologia transcendental como neo-
cartesianismo, uma vez que o projeto husserliano da filosofia como ciência rigorosa, é, como
Referências bibliográficas
HUSSERL. 1950. Idées directrices pour une phénoménologie.Tome I. Paris :
Gallimard.
_________. 1953. Méditations cartésiennes. Paris :Vrin.
_________. 1976. La crise des sciences européennes et la phénoménologie
transcendantale. Paris : Gallimard.
MERLEAU-PONTY, M. 1945. Phénoménologie de la perception. Paris :
Gallimard.
___________________. 1960. Éloge de la philosophie et autres essais.
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___________________. 1994. La nature. Notes. Cours de Collège de
France. Paris : Seuil.