Você está na página 1de 3

CATEGORIAS DA NARRATIVA – QUADRO-SÍNTESE

Num texto narrativo, a história – conjunto de ações, descrições, diálogos – é chamada diegese.

AÇÃO
Conjunto de sequências narrativas que detém maior importância ou relevo. É a
Principal (central)
história principal de que se fala.

Relevo Relata acontecimentos de menor relevo e é constituída por sequências


narrativas consideradas marginais, relativamente à ação principal, embora
Secundária
geralmente se articule com ela. Permite caracterizar melhor os contextos
sociais, culturais, ideológicos em que a ação principal se insere.

Quando revela o destino final das personagens ou se houver consequências


Aberta
diretas da ação principal que não são solucionadas.
Delimitação
Fechada Quando terminar com a diegese (história) completamente solucionada.

Situação inicial Introdução da narrativa

Estrutura da Peripécias e ponto


Desenvolvimento da narrativa
ação culminante (clímax)

Desenlace Conclusão da narrativa


As sequências narrativas sucedem-se umas às outras de acordo com a
sua ordenação cronológica; as ações são ordenadas temporalmente.
Encadeamento

Duas ou mais histórias são contadas de forma intercalada e uma


Organização das sequência é interrompida para dar lugar a outra, revezando-se assim
sequências Alternância sequências de origem diversa.
narrativas e/ou
das ações

As sequências surgem inseridas no interior de outra sequência que as


engloba, correspondendo geralmente a narradores diferentes.
Encaixe

PERSONAGENS
Desempenha um papel central; a sua atuação é fundamental para o
Principal (protagonista,
desenvolvimento da ação. São as personagens principais que modelam e fazem
central)
avançar a intriga.

Relevo (papel) Assume um papel de menor relevo que o do protagonista, sendo ainda relevante
Secundária
para o desenrolar da ação. Pode participar na intriga, mas não a determina.

Tem um papel irrelevante no desenrolar da ação, cabendo-lhe, no entanto, o


Figurante
papel de ilustrar um ambiente ou um espaço social de que é representante.

Física São abordadas as características físicas, corporais da personagem.

São referidas as características de personalidade, de maneira de ser, de valores


Psicológica
Caracterização morais e estéticos da personagem.

São identificadas as características da vida social da personagem, em termos de


Social profissão, de vida em sociedade, de relação com os outros e com as
circunstâncias políticas.
As características (atributos, qualidades, informações)
Autocaracterização da personagem são apresentadas direta e
explicitamente pela própria personagem.
Direta
As características (atributos, qualidades, informações)
Processos de Heterocaracterização da personagem são apresentadas por outras
caracterização personagens ou pelo narrador.
As personagens são caracterizadas a partir do que fazem e de como agem. Não
Indireta há a indicação explícita das suas características. O leitor deduz a caracterização
da personagem a partir das suas atitudes, comportamentos e ações.
Personagem dinâmica, dotada de densidade psicológica, capaz de alterar o seu
Redonda (ou
comportamento e, por conseguinte, de evoluir ao longo da narrativa. Sendo
modelada)
dinâmica, pode ter comportamentos inesperados.
Personagem estática, sem evolução, nem grande vida interior, que se comporta
Plana da mesma forma previsível ao longo de toda a narrativa, possuindo um conjunto
Composição limitado de traços que se mantêm inalterados ao longo da narração.
(conceção)
Representa um grupo profissional ou social, sendo-lhe atribuídas as qualidades
Tipo
e/ou defeitos dessa classe ou grupo.

Representa um grupo de indivíduos que age como se os animasse uma só


Coletiva
vontade; atuam em grupo e como se fossem um.

Personagem ou entidade empenhada na procura ou consecução de um objetivo,


Sujeito
representado no objeto. Aquele que quer obter alguma coisa (o objeto).

Personagem, entidade ou o que o sujeito procura obter ou atingir. Aquele ou


Objeto
aquilo que é desejado e procurado.

Personagem, entidade ou o que quer que facilite a obtenção do objeto por parte
Adjuvante
do sujeito. Aquele (ou aquilo) que favorece a busca que o sujeito faz do objeto.
Funções
actanciais Personagem, entidade ou o que quer que dificulte a obtenção do objeto por
Oponente parte do sujeito. Aquele (ou aquilo) que dificulta a busca que o sujeito faz do
objeto.
Personagem, entidade ou força superior que decide a favor ou contra a
Destinador
obtenção do objeto pelo sujeito. Aquele que permite ao sujeito obter o objeto.
Personagem ou entidade sobre quem recai a decisão favorável ou desfavorável
Destinatário do destinador. Aquele(s) que é(são) atingido(s) pela conquista (ou não) que o
sujeito faz do objeto.

ESPAÇO
Refere-se a localizações, interiores, decorações, objetos, etc. É o cenário físico (que se pode ver), o espaço
Físico
real, interior ou exterior, onde se movimentam as personagens e se sucedem os acontecimentos.

Diz respeito à recriação de uma envolvência cultural, social e económica da época ou local onde decorre a
Social história. Retrata hábitos, valores, ambientes sobretudo através de símbolos, de personagens-tipo ou de
figurantes.

O espaço interior das personagens que corresponde aos pensamentos, reflexões, divagações, sentimentos
Psicológico
e emoções.

TEMPO
(Da) história
Corresponde à sucessão cronológica dos acontecimentos.
(cronológico)

Histórico Diz respeito à época ou ao momento histórico em que decorre a ação.

Refere-se à vivência do tempo pelas personagens, ao modo como elas o experimentam, sentem, vivem e
recordam. É a perceção subjetiva e individual, em consonância com o seu estado de espírito, do tempo da
Psicológico
história (por exemplo, um dia pode ter sido longo e penoso para uma personagem e ter sido breve e radioso
para outra).
(Do) discurso Resulta do tratamento ou elaboração do tempo cronológico pelo narrador. Este, normalmente, rearranja, a
ordem e a extensão temporal dos acontecimentos históricos de forma a construir uma narrativa mais
apelativa e estruturada.
No processo de reordenação das sequências narrativas, o narrador pode optar por:

As sequências narrativas seguem a sua ordem histórica, não havendo lugar a


Ordem linear alterações da linha sequencial do tempo. Os acontecimentos mais antigos são
narrados primeiros. Os mais recentes, por último.

Anacronia Recuo na linha do tempo a momentos já passados e anteriores ao


Sempre que há Analepse tempo do discurso. O narrador recorda ou evoca acontecimentos
alteração à ordem que pertencem ao passado do momento da enunciação.
temporal, realizando-se Avanço no tempo. Há uma antevisão ou a antecipação de eventos
Prolepse
através de: que são posteriores ao presente da ação.
Já no que se refere à coincidência entre o tempo do discurso e o tempo da história, ao ritmo narrativo, o
narrador pode optar por:
O tempo do discurso tende a ser rigorosamente igual ao tempo da ação. O
exemplo mais perfeito são os diálogos reproduzidos sem qualquer intervenção
Isocronia
do narrador – nesse caso, o tempo de duração da narração é igual (tanto quanto
possível) ao tempo em que decorreu a ação.
Há uma clara condensação dos acontecimentos, conferindo um
Resumo / ritmo muito rápido à narração. O tempo da história aparece
Anisocronia sumário reduzido no discurso (uma noite pode ser referida numa simples
A duração do tempo do frase; três meses podem passar num parágrafo).
discurso difere muito da Ocorre quando há uma supressão, a omissão completa do tempo
Elipse
duração do tempo das cronológico.
ações narradas e é Sucede quando o narrador estende o tempo do discurso,
conseguida através de: tornando-o mais longo que o tempo histórico. Acontece isso com
Pausa
as descrições longas e pormenorizadas, com as reflexões, com as
divagações do narrador.

NARRADOR
Convém distinguir o autor e o narrador.
O autor é uma pessoa real que, num determinado momento histórico, escreveu a narrativa.
O narrador é uma invenção do autor, uma entidade fictícia, de natureza textual, a quem cabe realizar o ato de narrar a história.
Heterodiegético Não participa na narrativa.
Participa na história como personagem secundária ou mero figurante, relatando-
Presença Homodiegético a de acordo com as informações que lhe são facultadas por essa sua situação
na narrativa.
Participa direta e ativamente na história sendo a personagem principal
Autodiegético
(protagonista).
O narrador revela uma capacidade de conhecimento praticamente ilimitada em
relação ao universo da história, sabendo tudo sobre as personagens (interior e
Omnisciente
exteriormente), e os acontecimentos ocorridos e a ocorrer. É uma perspetiva só
possível a um narrador heterodiegético.
O narrador limita a narrativa à representação das características superficiais e
Focalização exteriormente observáveis de uma personagem, de um espaço ou de certas
Externa
(ponto de vista ações, ou seja, ele não detém um ponto de vista privilegiado, só «vê» o que um
ou ciência) espectador hipotético veria.
O narrador adota o ponto de vista de uma personagem inserida na ficção, o que
normalmente resulta na redução da quantidade dos elementos informativos que
Interna pode relatar. É a perspetiva dos narradores homodiegéticos e autodiegéticos
mas pode, também, ser adotada por um narrador heterodiegético, por motivos
de estratégia narrativa
O narrador assume, face àquilo que narra, uma atitude neutra, não tomando
Objetivo partido, não revelando simpatias ou antipatias, não exprimindo juízos de valor: é
imparcial e isento na forma como conta a história
Posição
O narrador toma um partido a propósito daquilo que narra, declarando ou
Subjetivo sugerindo a sua posição face aos acontecimentos e intervenientes narrados e
comentando-os de forma parcial.

Você também pode gostar