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Apostila de Economia A Evolução Do Pensamento Econômico - 1º Sem 2017
Apostila de Economia A Evolução Do Pensamento Econômico - 1º Sem 2017
HISTÓRIA DA ECONOMIA
Entretanto, foi Smith quem escreveu o tratado mais completo sobre economia, que
mais tarde deu lugar ao que se denominou ‘Escola de Economia Política Inglesa’.
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Entre a publicação dos Principles of Economics (1890; Princípios de economia) de
Marshall e o crash de Wall Street de 1929, as três escolas foram se aproximando até
a criação de uma única corrente de pensamento: a neoclássica, liderada por
Marshall e Walras.
A teoria de Marshall foi desenvolvida por Alfred Pigou, fazendo uma distinção entre
custos privados e custos sociais e definindo as bases para a formulação da teoria do
bem-estar.
Criada sobre as novas idéias que começaram a surgir durante a década de 1930, a
teoria da concorrência imperfeita ou monopolista é até hoje uma teoria polêmica. Os
primeiros economistas haviam se voltado para o estudo de duas estruturas de
mercado extremas: o monopólio e a concorrência perfeita.
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História do pensamento econômico
Tanto a teoria neoclássica dos preços como a teoria keynesiana da receita tem sido
desenvolvida de forma analítica por matemáticos, utilizando técnicas de cálculo,
álgebra linear e outras sofisticadas técnicas da análise quantitativa. Na
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especialidade denominada econometria, a ciência econômica se une com a
matemática e a estatística.
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As considerações que se seguem no texto apresentam um resumo dos autores (Ver Screpanti e Zamagni, 1997).
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o "preço justo" é medido, não há dúvida de que ele é uma propriedade intrínseca às
mercadorias e deve corresponder a preceitos comunitários.
"(...) o preço justo deve ser tal para garantir a justiça commutativa a saber, o
intercâmbio geral , de modo que nada pudesse obter-se mediante a troca de
mercadorias mais do que lhe é dado (...)"
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condição das classes sociais que vivam das rendas fixadas pelo "costume" - como o
clero e a aristocracia. Por outro lado, aumentava os ganhos da burguesia mercantil
cujas rendas originavam-se dos lucros comerciais. Nesse mesmo período, a
atividade dos comerciantes se diversificava, com objetivo de garantir a estabilidade
do fornecimento de produtos manufaturados, sobretudo na indústria têxtil.
De outro lado, afirma-se o surgimento de uma classe de trabalhadores que,
despojados dos meios de prover sua própria subsistência, passaram a depender a
venda da força de trabalho no mercado para sua sobrevivência.
Dois últimos aspectos devem ser ressaltados: 1) o aparecimento dos Estados
Nacionais, sobretudo na Inglaterra, França e Espanha e, 2) uma revolução cultural
chamada Renascimento, que afirmava a condição do homem como o centro do
universo, emancipava o pensamento ocidental da escolástica e afirmava o primado
da razão para o conhecimento da sociedade e das leis do universo; no tocante a
vida espiritual, a Reforma Protestante, movimento em oposição ao catolicismo,
afirmava a fé como o fundamento do ato livre dos indivíduos e legitimava a riqueza
como conseqüência legítima do trabalho. No plano científico, entre os séculos XVI e
XVII dá-se uma forte expansão das universidades livres, ou seja, fora do controle
intelectual da Igreja. Os cursos de filosofia moderna ganham proeminência cada vez
maior sobre os cursos tradicionais de teologia, direito e medicina e, com ela,
desenvolve-se a investigação científica. Os resultados podem ser observados,
sobretudo na física e na matemática e os nomes de expressão nesse período são
Copérnico, Kepler, Galileo, Bacon, Leibniz, Descartes e, sobretudo, Newton.
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ação humana deveria coincidir com os ideais divinos que moldavam a espécie
humana. Daí, como bem pontuam Screpanti e Zamagni, "todas as ações das células
sociais individuais se restringiam, ou bem à ética, ou bem a política; e as que não
pudessem se encaixar em uma ou outra não seriam dignas de estudo científico.
Outras palavras, a economia não era uma "ciência", porque não era nem política
nem ética “2
Desta forma, a economia, para definir um objeto, teria que fazê-lo no âmbito
de uma dimensão pública. Para tanto, explicitava-se que, enquanto a ciência política
se ocuparia do poder, a economia se ocupa da acumulação e gestão da riqueza
a partir do comportamento dos agentes sociais coletivos subordinados a
nação. Posto que a legitimação do poder estatal passará a se dar fora do campo
eclesiástico e imperial, a teoria econômica passa a ser formalizada com a finalidade
de dar sentido às ações visassem o bem-estar público.
O segundo ponto importante consistiu no abandono da metafísica escolástica,
que afirmavam que o conhecimento se fundava no processo de especulação
mediante um processo de abstração da realidade, pela qual se alcançariam
princípios ordenadores da realidade com a atividade da razão. Com o aparecimento
do empirismo inglês (...), os princípios essenciais da realidade não eram universais,
já que nasciam não da razão, mas da experiência - e dado que essa não se
constituía como uma atividade universal, os filósofos empiristas passam a buscar o
conhecimento nos aspectos individuais e particulares das coisas.
O Iluminismo, ao conceber a razão o papel para a condução da vida social,
concebe a economia como um elemento de transformação da natureza conforme a
vontade humana.
Mas, como dar o passo na direção da construção de um objetivo público para
a legitimação da economia enquanto ciência? Como definir o "bem público"? As
primeiras respostas a essas questões seriam dadas pelas teorias políticas e
comerciais mercantilistas.
O Mercantilismo
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do século XVIII. É possível apontar a existência de um núcleo teórico comum e uma
política econômica homogênea entre os vários Estados Absolutistas ao longo
daquele período.
O núcleo teórico consistia na tese de que a riqueza residia no acúmulo de
metais preciosos, mais particularmente, do ouro. A moeda, única riqueza que tinha
um valor em si mesma, era um meio para aumentar a riqueza e o poder. Aumentar a
riqueza seria produzir saldos positivos na balança comercial, na qual se vendia mais
ao exterior do que dele se comprava. Porque os mercantilistas se fixavam nesses
objetivos? Para Screpanti e Zamagni, a explicação provinha do fato de que os
economistas mercantilistas, quando não eram comerciantes, eram administradores
das finanças privadas dos reis mais do que funcionários públicos. O mercantilismo
expressa uma conjunto de argumentações em que o interesse de uma classe
particular, os comerciantes, deixa de ser doméstica (gestão privada dos negócios) e
torna-se política ou, como seja, uma questão da administração pública. A nação
seria uma grande companhia comercial.
Do ponto de vista das políticas, em consonância com aquele núcleo teórico, o
receituário mercantilista implica num forte protecionismo, privilégios as companhias
de navegação e o reforço das marinhas mercantes (por exemplo, em 1651, a
Inglaterra proibia a importação de produtos se estes não fossem desembarcados em
navios ingleses). Havia uma política de fomento a indústria através da concessão de
privilégios monopolistas, subvenções estatais e isenções de impostos, quando não a
criação de indústrias estatais. E, finalmente, uma política expansionista agressiva
com a finalidade de garantir um fluxo constante de matérias-primas a baixo custo e
metais, além de garantir um mercado cativo para exportações das metrópoles.
A importância do pensamento mercantilista acompanhava as controvérsias
sobre a economia e a política econômica, sobretudo entre os séculos XVII e XVIII,
mas se importância deve-se menos a sistematização de um corpo teórico coerente
do que ao fato de explicitarem as discussões em torno dos preços, do comércio
exterior, da moeda e das finanças públicas, "pano de fundo para o posterior
desenvolvimento da reflexão sistemática em economia" (Coutinho; 1993; p.99).
Os Fisiocratas
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Os fisiocratas (de fisiocracia, ou seja, "governo da natureza") constituíram-se
em uma verdadeira escola, cujo centro de propagação era a França, país com
desenvolvimento industrial atrasado em relação à Inglaterra, e seu principal
representante, François Quesnay (médico). O livro de maior divulgação, Table
Économique (1757).
A compreensão dos fisiocratas sobre o universo social deriva de um forte
naturalismo, isto é, "as leis naturais, instituídas por Deus, forma um arcabouço
abrangente para a ação humana. A legislação positiva deveria ater-se a fixar regras
adequadas a elas. Bem governar consistiria em deixar a sociedade fluir livremente,
no ritmo das leis naturais" (Coutinho; 1993; p.60).
Nesse sentido, os erros do governo, não sintonizados com a razão e a ordem
natural, seriam capazes de promover desacertos da "máquina econômica". As teses
liberais defendem um espaço próprio para a ação livre dos indivíduos e, do ponto de
vista do Estado, caberia a esse zelar pelas leis naturais. Conforme as palavras do
próprio Quesnay:
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eqüivalendo o valor dos produtos transformados pela indústria em dois custos
fundamentais, salários e matérias-primas, o seu preço será exatamente a
composição desses dois elementos (salários+matérias-primas), não acrescentando
nenhuma riqueza ao estoque de riqueza existente.
Nesse aspecto, as classes produtivas seriam aquelas cujos gastos fossem
reprodutivos, enquanto as "classes estéreis" seriam as que dispõem de capacidade
para transformar a matéria em produtos, mas não contribuem para a reprodução ou
expansão do sistema econômico. Nesse sentido, essas dependeriam dos gastos da
classe produtiva e do gasto de uma outra classe: a "classe distributiva", que seria
composta pelos proprietários, que receberiam a renda da terra, pela Igreja, pelo
Estado e outros.
Vale apontar a importância das classes proprietárias: apesar do trabalho
produtivo ser oriundo da atividade de agricultores que arrendam as terras e
produzem um excedente, é a classe de proprietários entretanto que, auferindo um
renda provinda da posse da terra, ordenaria o processo de reprodução social com
seus gastos de duas maneiras:
a) Sendo o primeiro ato de reprodução do sistema o pagamento de renda ao
proprietário esses, desprovidos da necessidade de bancar a própria subsistência,
acionam os gastos para a compra de mercadorias necessárias para seu modo de
vida. Esses gastos, nesse sentido, se convertem em receita para quem vende
essas mercadorias (tecidos, roupas, móveis, utensílios, alimentos etc.) quer
dizer, fonte de ganho para classe estéril e para a classe produtiva. Nesse último
caso, o gasto dos proprietários com a produção agrícola garantiria os preços dos
produtos comercializados e estimulariam um círculo virtuoso de crescimento
econômico: maiores gastos dos proprietários maior demanda melhores
preços maior produção agrícola maior renda transferida para os
proprietários maiores gastos dos proprietários ...
b) Dado que os proprietários poderiam optar por destinarem parte da renda
fundiária para obras de drenagem e transporte, esses investimentos teriam papel
fundamental para acelerar o crescimento econômico ao possibilitarem a
incorporação de novas terras ao processo de produção agrícola.
Outro elemento fundamental para o crescimento são as medidas do governo
na área comercial (garantindo o livre comércio) e tributária (impostos que não
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comprimissem a renda fundiária), capazes de criar um quadro favorável para o
desenvolvimento nacional se motivadas pela intenção de beneficiar a produção
agrícola
Considerando o que foi colocado até agora, os fisiocratas foram importantes
por pelo menos quatro aspectos:
1. Generalizam a utilização a idéia de excedente como um conceito central
para o funcionamento do sistema econômico
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possibilidades de crescimento através do entendimento dos elementos dinâmicos do
sistema econômico e das possibilidades de retrocesso advindas dos equívocos na
condução da política econômica.
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poder coercitivo sobre o outro, seria capaz de se beneficiar do trabalho alheio. A
divisão do trabalho seria altamente favorável para o aumento da produtividade:
melhoria a destreza pessoal; economia de tempo; aprendizado; condições mais
favoráveis para o aperfeiçoamento das máquinas e ferramentas de trabalho etc.
No primeiro capítulo das riquezas das nações, Adam Smith ilustra a
virtuosidade da divisão do trabalho com o exemplo de uma fábrica de alfinetes. O
trecho citado é extenso, mas vale ser transcrito na íntegra.
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Smtih (1983; pp.41-42)
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extensão dos mercados, mais intensificação da divisão do trabalho e assim
sucessivamente.
Mas se é a divisão do trabalho que põe em marcha o crescimento, é a
acumulação de lucros que o alimenta. E a acumulação depende de como as
classes se apropriam do excedente e como gastam suas rendas. Em Smith, a
sociedade se dividiria em trabalhadores, latifundiários e capitalistas e o elemento
central deste triângulo no processo de acumulação seria o capitalista. Por quê?
Os trabalhadores gastam tudo que ganham no processo de subsistência,
portanto não tem excedente para fomentar seus negócios. Os latifundiários, para
Smith, gastam sua renda no consumo conspícuo e tem uma propensão nula para
investir e acumular, sobrevivendo das rendas como proprietários e das
transferências do Estado (pensões, regalias etc.). Os capitalistas, dispondo de
capital produtivo, seriam os únicos que, desejando a acumulação, teriam motivação
para investir, contribuindo para o aumento da riqueza nacional.
Neste esquema, os segmentos produtivos seriam aqueles alocados na
indústria e, os improdutivos seriam aqueles vinculados, sobretudo ao setor de
serviços (médicos, padres, professores, escritores). Atenção: improdutivo não
significa que estes segmentos não eram úteis, mas sim que não seriam capazes de
promover o crescimento do excedente diretamente.
Diferentemente dos fisiocratas, a produção da riqueza vincula-se a indústria,
pois a divisão do trabalho se aplica com mais profundidade nos setores
responsáveis pela transformação dos bens manufaturados
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perdiam força como elemento de coesão social, sua teoria do mercado apontava um
caminho original frente à filosofia moral e política de Maquiavel até Hume. Nos
marcos do liberalismo, a viabilidade da vida social no funcionamento do mercado
dada por Smith criava "uma solução superior à do contrato e da à economia uma
possibilidade de resolução da política e da regulação social".
É o interesse privado e o amor próprio dos indivíduos que desejam progredir
que cumpre papel essencial na construção da ordem social, e não normas
comunitárias baseado em ações cooperativas voltadas para o bem comum. Nas
palavras do próprio Adam Smith
Funções do Estado
Proteger a sociedade contra agentes externos
Garantir a justiça e os contratos
Emissão de moedas e controle da taxa de juros
Empreender obras não lucrativas
nenhuma delas pode viver. Já não é a substância separada, abstrata, do espírito; oferece o espírito como um todo,
em sua verdadeira função, no modo específico de suas investigações e de seus problemas, em seus métodos, no
próprio curso do saber. Passaram da condição de objetos prontos e acabados para a de forças atuantes, da
condição de resultados para a de imperativos. Tal é o sentido verdadeiramente fecundo do pensamento
iluminista" (1997; Prefácio).
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