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GESTÃO DE SISTEMAS
de
ENERGIA ELÉCTRICA
2013 -2014
2012/2013 Apresentação I 1
Universidade de Cabo Verde
Departamento de Engenharia e Ciências do Mar
•Reestruturação
•Privatização
Terminologia associada à evolução dos modelos
•Regulação
de gestão dos SEEs, um pouco por todo o Mundo
•Desregulação
•Re-regulação
“modelo tradicional do sector eléctrico”
“vertically integrated regulated monopoly companies”
Produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade
concentradas numa só empresa nacional ou regional, pública ou privada.
O Estado exerce um papel de Regulador Técnico e Económico
aprovando tarifas, controlando a qualidade de serviço técnico, controlando o
planeamento dos centros produtores (faseamento e tecnologias) e da rede de
transporte e impondo regras técnicas a serem seguidas obrigatoriamente no projecto
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de instalações de produção, transporte, distribuição e utilização.
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Esta intervenção regulatória do Estado é feita em nome da estratégia nacional de cada
País para satisfazer a procura crescente de electricidade e da defesa do equilíbrio dos
interesses das empresas monopolistas e dos consumidores.
A Indústria de Electricidade é, nesta fase assumida como sendo um monopólio natural.
• Estas empresas que prestam um serviço público essencial ou, que prestam um
serviço de interesse geral, se usarmos a mais recente terminologia, no caso de se
tratar de empresas de capitais privados, são geralmente designadas por “utililities”,
mesmo fora dos países de língua inglesa.
• Os conceitos de serviços públicos essenciais (aplicáveis ao abastecimento de água,
energia eléctrica, gás, e serviço de telefone, serviços postais, serviço de comunicações
electrónicas, serviços de recolha e tratamento de águas residuais, serviço de gestão de
resíduos sólidos urbanos) e de serviços de interesse geral coincidem quando se trata
do abastecimento dos serviços mencionados, embora formalmente sejam definidos de
diferente maneira. Importa também introduzir o conceito de serviço universal
(conjunto de princípios e obrigações que determinados serviços deverão cumprir por
forma a serem acessíveis a todos os cidadãos a preços razoáveis). É pois corrente3 que
os serviços públicos essenciais contenham algumas exigências de serviço universal.
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É a partir dos anos 90 do Século XX que as empresas verticalmente
integradas, de capitais públicos ou privados, são reestruturadas numa
nova lógica, em nome da defesa da concorrência e dos interesses do
consumidor final de electricidade, lógica que inclui normalmente a
privatização das empresas de capitais públicos Tem sido um processo
evolutivo que está longe de estar concluído. Esta reestruturação muita
vezes feita sob a bandeira da desregulação tem consistido
fundamentalmente na procura de processos que possam permitir a
criação de mercados de electricidade regidos pela lei da oferta e da
procura à semelhança dos já existentes para outro tipo de bens.
Ao contrário do que o termo desregulação possa parecer querer dizer as
reestruturações levadas a cabo não implicaram o abandono de procedimentos
regulatórios e em muitos casos implicaram o seu reforço, mas agora, quase sempre, a
regulação é assegurada por um Regulador independente do Estado e dos actores4 que
intervêm no sector eléctrico.
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OS PRIMEIROS PASSOS DA INDÚSTRIA DE ENERGIA ELECTRICA:
A exploração comercial da electricidade só se tornou economicamente viável após o
início do fabrico industrial da lâmpada incandescente, de filamento de carvão,
desenvolvida por Thomas Edison que, em 1880, já é competitiva face aos custos da
iluminação a gás, comercializada desde 1812, e aos custos da iluminação por
lâmpadas de arco voltaico.
É também Edison que configura a estrutura típica, até há poucos anos, dos Sistemas de
Energia Eléctrica (SEE) quando estabelece o conceito de “estação central” geradora
de energia eléctrica abastecendo uma rede de distribuição de electricidade que
alimenta todos os utilizadores públicos e privados, numa área, com centro na “estação
central” e raio até um milha.
Em 1882, a Edison Electric Iluminating Company inaugurou a primeira central eléctrica
dos Estados Unidos em Pearl Sreet, Brooklyn, Nova Iorque, alimentando uma rede de
iluminação pública e particular com 400 lâmpadas de 83 Watt cada, dentro de uma área
com cerca de 1,5 km de raio.
O ano de 1882 marca o início da era da indústria de energia eléctrica, isto é, da
utilização de tecnologias de produção e distribuição que permitem 6 a
comercialização da electricidade com viabilidade económica.
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Este novo negócio que, como vamos ver, é de capital intensivo (long term equity,
em inglês) vai crescer rapidamente por todo o Mundo, principalmente depois da
descoberta do transformador por Ferranti e do motor de indução por Tesla, passando
então a geração de electricidade a ser feita em corrente alternada.
O consumo final a nível mundial cresceu extraordinariamente e podemos ver nos
gráficos seguintes da IEA-International Energy Agency, a sua evolução entre 1971 e
2010 (39 anos):
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Recordando que uma Tonelada Equivalente de Petróleo vale 11.630 GWh, estamos na presença
dum consumo, em 2010, de 18.864 mil milhões de kWh, 3,5 vezes maior em 2010 do que em
1973, o que corresponde a um crescimento médio anual de 6,75%.
É evidente que este crescimento do consumo de electricidade se deve não só à comodidade da
sua utilização, mas também ao crescimento da população Mundial cuja evolução se pode
examinar no gráfico seguinte em que os valores indicados a partir de 2005 são previsões, que
até hoje se confirmam:
Mas, infelizmente, em 2003, havia ainda uma fracção significativa de seres humanos que não
tinha tido o privilégio de usufruir da comodidade possibilitada pelo uso da energia eléctrica
(17,9% da população mundial – 1.600 milhões, com 35,8% na África subsariana e 24% na Ásia
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- Japão não incluído, segundo Brian Min da Universidade da Califórnia).
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Com este crescimento das áreas de consumo surge uma outra actividade, a do
transporte (suportada fisicamente na rede de transporte incluindo
Subestações e Linhas de Transporte e a sua operação). A actividade
transporte, assegura também a gestão de interligação de SEEs pré-
existentes, quer no plano regional, quer no plano nacional, quer, mais tarde, no
plano internacional.
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Necessariamente a gestão da Produção, do Transporte do Distribuição e da
Comercialização torna-se mais complexa, quer porque aumenta o número de
utilizadores de energia eléctrica e o espaço geográfico onde se situam, quer
porque aumenta o consumo individual, quer porque o investimento necessário
para responder ao aumento da procura, também aumenta significativamente.
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Nesta fase os Despachos eram geridos por uma estrutura com representantes
de todas as empresas privadas públicas ou de capitais mistos que
asseguravam o equilíbrio dos interesses dos diferentes produtores. o que nem
sempre correspondia à solução de menor custo de produção.
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As empresas desenvolvem as actividades de Produção e, ou, Transporte e,
ou, Distribuição e também necessariamente a actividade de Comercialização
que inicialmente assegurava a colecta da remuneração dos distribuidores
devida pelos utilizadores de energia eléctrica e também a colecta da
remuneração entre os actores intervenientes na Produção, Transporte e
Distribuição, actividade que hoje em dia sofreu considerável ampliação como
veremos mais tarde.
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A evolução da organização do
sector de energia eléctrica em
Cabo Verde
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O SECTOR ELÉCTRICO CABOVERDIANO APÓS A CONSTITUIÇÂO DA LECTRA E ANTES DA INTEGRAÇÃO SERVIÇOS ELÉCTRICOS MUNICIPAIS
1982/1999
Câmara Municipal da Ribeira Grande
Câmara Municipal do Porto Novo Direcção Geral de Energia
S.Vicente ELECTRA
S.Nicolau Câmara Municipal de S. Nicolau (SEEs Ribeira Brava e Tarrafal)
Sal ELECTRA
Boavista Câmara Municipal da Boavista => Concessionada à ELECTRA
Maio Câmara Municipal do Maio
PRODUÇÃO Santiago ELECTRA (SEEs da Praia, Porto Mosquito e Barce-Barce)
Câmara Municipal de S. Domingos
Câmara Municipal de Sta Cruz
(A Concessão à ELECTRA dos Câmara Municipal de Sta Catarina (SEEs Assomada e Ribeira da Barca)
Câmara Municipal de S. Miguel
Serviços de Produção e Câmara Municipal do Tarrafal
Distribuição de electricidade Fogo Câmara Municipal de S. Filipe
Câmara Municipal de Mosteiros
e água pela Câmara da Brava Câmara Municipal da Brava
• Paúl:
1º Escalão: (até 70 kWh) : 15$00/kWh
2º Escalão: (>70kWh) : 20$00/kWh
• S. Nicolau:
1º Escalão: (até 40 kWh) : 18$00/kWh
2º Escalão: (>40kWh) : 20$00/kWh
• Maio:
1º Escalão: (até 35 kWh) : 16$00/kWh
2º Escalão: (>35<60kWh) : 18$00/kWh
3º Escalão: (>60 kWh) : 20$00/kWh
• Sta Cruz:
1º Escalão: (até 40 kWh) : 24$00/kWh
2º Escalão: (>40kWh) : 24$00/kWh
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• Tarrafal (Santiago):
1º Escalão: (até 50 kWh) : 15$00/kWh
2º Escalão: (>50<75kWh) : 17$50/kWh
3º Escalão: (>75kWh) : 20$00/kWh
• Sta Catarina:
1º Escalão: (até 40 kWh) : 17$00/kWh
2º Escalão: (>40kWh) : 17$00/kWh
• Praia Rural:
1º Escalão: (até 60 kWh) : 500$00/mês
• São Domingos:
1º Escalão: (até 40 kWh) : 20$00/kWh
2º Escalão: (>40kWh) : 20$00/kWh
• São Miguel:
1º Escalão: (até 50 kWh) : 15$00/kWh
2º Escalão: (>50<75kWh) : 17$50/kWh
3º Escalão: (>75kWh) : 20$00/kWh
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• S. Filipe:
1º Escalão: (até 20 kWh) : 22$00/kWh
2º Escalão: (>20<40 kWh) : 28$00/kWh
3º Escalão: (>40<70 kWh) : 30$00/kWh
4º Escalão: (>70 kWh ) : 34$00/kWh
• Mosteiros:
1º Escalão: (até 40 kWh) : 22$00/kWh
2º Escalão: (>40kWh) : 22$00/kWh
• Brava:
1º Escalão: (até 25 kWh) : 20$00/kWh
2º Escalão: (>25<50kWh) : 23$00/kWh
3º Escalão: (>50<70 kWh) : 25$00/kWh
4º Escalão: (>70 kWh ) : 30$00/kWh
(Com efeito aos consumos de Janeiro de 2000, em todos os serviços eléctricos municipais
integrados na ELECTRA as tarifas foram uniformizadas para a tarifa da ELECTRA, em vigor
desde 1985. Só S. Filipe e Sta Cruz ficaram fora da ELECTRA até 01.01. 2001 e
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01.03.2002 respectivamente)
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2000/2010
Sto Antão ELECTRA
Direcção Geral de ARE - Agência de
S.Vicente ELECTRA
Energia Regulação Económica
S.Nicolau ELECTRA
Sal ELECTRA
PRODUÇÃO Boavista ELECTRA
Maio ELECTRA
Santiago ELECTRA
Fogo ELECTRA
Brava ELECTRA
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O SECTOR ELÉCTRICO CABOVERDIANO após 1 de Julho de 2013
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O quadro jurídico de base do Sector Eléctrico
em Cabo Verde
A legislação de base do sector eléctrico cabo-verdiano assenta em três
Decretos-lei:
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De que trata o DL 54/99 (com as modificações que lhe
foram introduzidas pelo DL 14/2006 e DL 4/2013) que
estabelece as bases do Sistema Eléctrico
O DL 54/99 num Capítulo I - Disposições Gerais, começa por definir os Objectivos e Princípios
Gerais a que deve obedecer o Sistema Eléctrico , define depois genericamente num Capítulo II –
Estrutura e funções relacionadas com o Sistema Eléctrico a articulação entre as diversas
entidades que intervêm no sector, onde o Consumidor fica esquecido e num Capítulo III -
Sistema Eléctrico e Regulação caracteriza o os princípios a que devem obedecer os serviços
regulados ou seja os princípios que devem balizar os normativos e a acção reguladora.
Num Capítulo IV – Concessões/Princípios definem-se os serviços objecto de Concessão
(transporte e distribuição), determina-se a necessidade dum Contrato de Concessão outorgado
pelo Estado, que se caracteriza sumariamente, define as regras a seguir para a atribuição de
Concessões, as regras base do relacionamento entre o Concedente e o Concessionário e os
procedimentos a adoptar para resolução de conflitos.
Num Capítulo V – Licenças Operacionais definem-se os serviços objecto de Licença Operacional
(Produção e Distribuição de pequena dimensão em zonas geograficamente isoladas) e atribui
à DGIE o poder de conceder essas licenças, ouvido Agência de Regulação. E define
genericamente critérios para a atribuição de licenças e o relacionamento do Estado com os39
Licenciados.
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O Capítulo VI – Licença de Construção , aplica-se ao licenciamento para construção de
instalações (produção, transporte e distribuição) é um capítulo que está pouco claro e faz pouco
sentido ou está pouco especificado.
O Capítulo VII – Questões legais, fiscais, técnicas e sociais é também pouco claro e visa
minimizar impactos construtivos da construção de instalações.
O Capítulo VIII – Produção de Electricidade define a forma como se deve processar a obtenção
de licenças operacionais para produção e distribuição isolada, incluindo os auto-produtores e as
limitações a impor pelo Regulador à potência a instalar em cada central.
O Capítulo IX – Serviços de Transporte define fundamentalmente a obrigatoriedade da
Concessionária do Transporte conceder livre acesso dos produtores, incluindo os auto-
produtores à rede de transporte.
O Capítulo X – Distribuição define as formas de concessão e de licença (em zonas isoladas), o
livre acesso de produtores incluindo auto-produtores e consumidores com micro-geração se
ligarem à rede e também as condições de prestação e remuneração dos serviços de IIuminação
Pública.
O Capítulo XI – Outros Serviços de energia Eléctrica abre espaço para o aparecimento de
empresas que permitam a terciarização de alguns serviços nomeadamente na área da
comercialização. 40
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O Capítulo XXII – Condições Finais e Interinas define a forma de transição que as entidades
que em 1999 actuavam no Sector Eléctrico deviam seguir para ficarem enquadradas nas
regras definidas pelo DL 54/99.
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De que trata o DL 30/2006 (com as modificações que lhe
foram introduzidas pelo DL 61/2010) que rege a produção
de energia eléctrica com recursos não renováveis;
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