Você está na página 1de 28

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA

PARAÍBA
CURSO TÉCNICO EM PETRÓLEO E GÁS

MARIA CAROLINE DO NASCIMENTO SILVA

COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE CORTE DE METAIS: CORTE A


PLASMA E CORTE OXIACETILENO

CAMPINA GRANDE
2021
MARIA CAROLINE DO NASCIMENTO SILVA

COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE CORTE DE METAIS: CORTE A


PLASMA E CORTE OXIACETILENO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao curso de Petróleo e Gás
do Instituto Federal de Educação Ciência e
Tecnologia da Paraíba como requisito para
obtenção do título de Técnica em Petróleo
e Gás.

CAMPINA GRANDE
2021
MARIA CAROLINE DO NASCIMENTO SILVA

COMPARAÇÃO ENTRE PROCESSOS DE CORTE DE METAIS: CORTE A


PLASMA E CORTE OXIACETILENO

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC),


apresentado junto ao curso de Petróleo e
Gás do Instituto Federal de Ciência,
Educação e Tecnologia da Paraíba como
exigência para obtenção do grau técnico
em Petróleo e Gás.

Campina Grande, _____ de _____ de


_____
Nota: _______

_____________________________________________
Orientador (a): Prof. Dr. Marcos Mesquita da Silva

_____________________________________________
Coordenador (a): Clarice Oliveira da Rocha
RESUMO

O corte de metais é um dos processos mais importantes da indústria. Existem


atualmente diferentes processos para o corte desses materiais, como mecânicos, por
fusão e evaporação, por fusão de metal e químicos. O presente trabalho tem como
objetivo comparar dois tipos de corte, o plasma que é um corte por fusão de metal, e
o corte oxiacetileno que é um processo químico, bem como apontar as características
dos métodos com a finalidade de auxiliar na decisão do processo mais adequado e
viável. Para a metodologia foi proposto um método de pesquisa que consistiu na busca
de referências explicativas sobre os tipos de corte abordados no trabalho, por meio
de buscas de palavras chaves no google e google acadêmico. Foram utilizados
critérios para definir as fontes de dados que foram utilizadas, esses critérios são a pré-
análise, exploração do material e o resumo dos resultados. Tópicos como o
funcionamento dos processos, os materiais utilizados e a própria comparação foram
abordados e, a partir da análise das referências e ao cotejar os dois tipos de corte,
pode-se observar que o corte a plasma se sobressai ao oxiacetileno, apresentando
resultados positivos ao comparar aspectos como segurança ao realizar o processo,
facilidade na utilização, variedade de metais que podem ser cortados além de outros
aspectos.

Palavras-chave: corte em metais, corte a plasma, corte oxiacetileno, vantagens e


desvantagens.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6
2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 7
2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 7
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................... 7
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 8
4 METODOLOGIA .................................................................................................. 10
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................... 12
5.1 CORTE A PLASMA ...................................................................................... 12
5.1.1 Equipamentos utilizados ........................................................................ 12
5.1.2 Consumíveis .......................................................................................... 14
5.1.3 Funcionamento ...................................................................................... 16
5.2 CORTE OXIACETILENO .............................................................................. 17
5.2.1 Equipamentos utilizados ........................................................................ 18
5.2.2 Gases utilizados .................................................................................... 19
5.2.3 Funcionamento ...................................................................................... 19
5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS DE CORTE A PLASMA E CORTE
OXIACETILENO .................................................................................................... 20
5.3.1 Segurança ............................................................................................. 21
5.3.2 Facilidade de utilização ......................................................................... 21
5.3.3 Zona Afetada pelo Calor ........................................................................ 22
5.3.4 Custos ................................................................................................... 23
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 24
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Tartaruga para corte oxiacetileno. ................................................................ 9


Figura 2: Máquina de corte CNC. ................................................................................ 9
Figura 3: Tocha de corte a plasma ............................................................................ 13
Figura 4: Máquina de corte a plasma ........................................................................ 13
Figura 5: Consumíveis utilizados no processo de corte ............................................ 14
Figura 6: Processo de funcionamento do corte a plasma ......................................... 16
Figura 7: Componentes básicos no processo de corte oxiacetileno .......................... 18
Figura 8: Borda afetada pelo calor: corte a plasma x corte oxiacetileno. .................. 22
6

1 INTRODUÇÃO

Os metais, amplamente utilizados na indústria em geral, são usados para a


produção de uma grande variedade de produtos, entretanto, em muitos casos é
necessário que esses metais passem por adaptações (receber novas geometrias),
sendo assim foram desenvolvidas técnicas para a transformação de metais, entre
essas técnicas pode-se citar o corte.
Ramalho (2008) afirma que o corte de materiais é uma das etapas mais
importantes na cadeia dos aços, e fala que “Tanto as chapas prontas devem ser
cortadas em peças para seu destino final, como as sucatas devem ser cortadas em
peças de menores dimensões para facilitar seu processamento posterior”.
Os metais podem ser cortados de diversas formas como o corte mecânico,
corte por fusão e o corte químico. O corte mecânico separa as peças através do
cisalhamento e arrancamento, tais processos utilizam guilhotinas ou tesouras e serras
respectivamente. O corte por fusão utiliza o arco elétrico como fonte de calor, e um
dos processos que mais se destaca ao utilizar esse método é o corte a plasma. Já o
corte químico corta a peça através de reações de queima e oxidação do metal de corte
como realiza o corte oxiacetileno ou oxicorte.
O corte oxiacetileno acontece devido a erosão do material por meio do calor, e
possui entre suas vantagens o pequeno valor de investimento inicial, se comparado
aos demais processos, porém o processo torna-se limitado por cortar apenas aço
carbono e baixa liga, por esse motivo, tem sido superado pelo corte a plasma que de
acordo com Marques e Modenesi (2000) é um jato de plasma de alta temperatura e
velocidade que corta metais condutores. Sua velocidade que aliada aos valores dos
equipamentos, que estão cada vez mais baratos, tornam a utilização desse processo
mais viável.
Os processos de corte a plasma e corte oxiacetileno possuem vantagens e
desvantagens, dessa forma, para que seja possível definir o melhor processo é
necessária a comparação entre os dois processos citados.
7

2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo desse trabalho é apresentar uma comparação entre os processos de


corte a plasma e oxiacetileno.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Apresentar as características (equipamentos e mecanismos) do


processo de corte a plasma;
 Mostrar as características (equipamentos e mecanismos) do processo
de corte oxiacetileno;
 Destacar as vantagens e desvantagens do processo de corte a plasma;
 Elencar as vantagens e desvantagens do processo do corte oxiacetileno.
8

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

“O corte de materiais é uma das mais importantes etapas na cadeia dos aços.
Numa manufatura pode existir a necessidade de cortar as chapas prontas em peças
para seu destino final, assim como sucatas devem ser cortadas em peças de menores
dimensões para facilitar seu reaproveitamento” (RIBEIRO; LEITE; VIVAS, 2021)
Esse corte de materiais pode ser explicado como oposto ao processo de
soldagem, sendo dessa forma a separação de determinado material em duas ou mais
peças.
Ramalho (2008) classifica os tipos de corte em mecânicos, por fusão de metal, no
qual se encaixa o corte a plasma, por combinação de fusão e vaporização e por reação
química, como o corte oxiacetileno.

Quadro 1 - classificação, funcionamento e exemplificação dos tipos de corte de acordo com


ramalho.

TIPO DE CORTE FUNCIONAMENTO EXEMPLOS


Mecânico Corte por cisalhamento e remoção de Corte com
cavacos através de serras ou usinagem. tesouras,
guilhotinas.

Por fusão do metal Corte por meio da fusão de fina camada Corte com arco
de material por uma fonte de calor. elétrico,
maçarico ou
corte a plasma.
Combinação de Utiliza o princípio da concentração de Corte por jato
fusão e energia como característica principal de d'água, laser e
vaporização funcionamento, não importando se a fonte algumas
de energia é química, mecânica ou variantes do
elétrica. plasma.
Químico Aquecimento através de chama e reações
exotérmicas, seguido de oxidação de Oxicorte.
metal e expulsão de jato de O2.
Fonte: Adaptado de Ramalho (2008).

É necessário buscar o melhor método de corte para o tipo de material e a


espessura que se deseja cortar, dessa forma Angeli (2011) explica que cada processo
possui uma característica diferente para o processamento da chapa bruta, ou seja,
cada método de corte possui diversas variáveis operacionais.
9

Alguns desses processos de corte podem ser realizados de maneira manual,


ou mecanizada, e Hypertherm (2021) explica que no corte manual a tocha ou a cabeça
de corte é controlada manualmente, e no corte mecanizado são utilizados softwares
e eletrônicos programáveis para direcionar o corte, como exemplo desse tipo de corte,
pode-se destacar o CNC. Explica também que “As máquinas de corte são
equipamentos eletromecânicos cuja principal função é a de movimentar o maçarico
de corte com velocidade constante por uma trajetória definida”. E entre os modelos de
equipamentos mecanizados estão os mais simples chamados de tartaruga até os mais
complexos que são controlados por microprocessadores (CNC).

Figura 1: Tartaruga para corte oxiacetileno.

Fonte: Mercado livre (2019).

Figura 2: Máquina de corte CNC.

Fonte: TRIMAQ equipamentos e serviços (2021).


10

4 METODOLOGIA

Este trabalho de conclusão de curso enquadra-se como um método de


pesquisa de natureza explicativa e descritiva.
Para sua elaboração – tratando-se de uma revisão de literatura - foram
utilizadas diversas fontes de pesquisa, tais como livros, teses e sites de buscas como
o Google Acadêmico e, as principais palavras chaves utilizadas nas bases de dados
Google Acadêmico foram: corte, metais, corte mecânico de metais, corte plasma,
oxicorte.
As principais referências empregadas neste trabalho são apresentadas na
Tabela 1.

Tabela 1 - Principais referências utilizadas neste trabalho.

Título da Referência Tipo Ano de Publicação


Corte a Plasma – Revista
Revista 2006
da Soldagem
Processo Oxicorte Artigo 2008
Benefícios do corte a
Artigo 2014
Plasma versus Oxicorte
Fonte: Autoria própria (2021).

Para uma melhor localização e acomodação dos termos a serem pesquisadas


e analisadas nesse trabalho de conclusão de curso, algumas palavras-chave foram
imprescindíveis, tais como: corte, metais, corte mecânico de metais, corte térmico,
químico.
Na seleção das fontes de dados, foram-se utilizados alguns critérios, ao todo 3
(três), que na sequência serão citados e explicados:
Pré-análise: consistiu em verificar se os conteúdos das fontes de dados estão
de acordo com os objetivos desse trabalho.
Exploração do material: foi a leitura completa das fontes pesquisadas, a
verificação das referências e a análise aprofundada sobre os conceitos abordados.
11

Resumo dos resultados obtidos: de modo sucinto, essa terceira e última etapa
foi a síntese com os pontos e conceitos principais das fontes de dados selecionados
que se enquadravam nos objetivos desse trabalho.
Com essas fontes de pesquisa, as palavras-chave certas e a seleção do correto
material, foi possível então, a elaboração desse TCC seguindo com um levantamento
bibliográfico.
12

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 CORTE A PLASMA

Casa Serralheiro (2021) afirma que se o desejo do usuário é unir precisão e


velocidade no corte, o corte a plasma é a melhor opção, visto que tal processo através
de aperfeiçoamentos tecnológicos tornou-se o maior crescimento da indústria e é uma
excelente ferramenta para o corte de metais principalmente aço inoxidável e alumínio.
Tal corte é um processo que utiliza um gás de alta temperatura que é eletricamente
condutor, o plasma, que, de acordo com Santiago (2004) é definido como “um gás que
foi aquecido suficientemente a uma alta temperatura até tornar-se ionizado. Muitos
equipamentos que utilizam um arco elétrico para aquecer o gás até o estado de
plasma” (apud Weller and Haavisto, 1984). Esse gás é usado para conduzir a energia
negativa que é fornecida pela fonte plasma para o material a ser cortado.
Segundo Marques et al. (2011) “o jato plasma funde e expulsa o metal de base
com grande eficiência, o que resulta em uma superfície com ótimo acabamento,
precisão dimensional, pouca ou nenhuma distorção e pequena zona afetada pelo
calor”
O processo de corte a plasma permite a usinagem em altas
velocidades de corte e menor tempo de inércia. Ademais, permite também
cortes com espessuras de 0,5 a 160 mm, utilizando unidades de plasma até
1000A. O corte a plasma também permite que o aço estrutural usinado possa
ser chanfrado com até 30 milímetros. (CASA SERRALHEIRO, 2021)

O processo de corte pode ser realizado manualmente ou de maneira


mecanizada em qualquer material metálico que seja condutor, (aço estrutural,
inoxidável e metais não ferrosos), e corta peças com espessuras entre 3 e 40mm.

5.1.1 Equipamentos utilizados

Os materiais essenciais utilizados no processo de corte do plasma são a tocha


e a fonte de energia.
A tocha tem a função de servir como sustentação para os demais consumíveis
como o difusor, o bico e o eletrodo” e trabalha de acordo com as características do
material que será cortado ela é responsável pelo alinhamento e resfriamento correto
dos consumíveis para o corte a plasma.
13

Figura 3: Tocha de corte a plasma

Fonte: Nascimento e Soares (2016).

Já a fonte é utilizada para fornecer a energia que mantém o arco plasma depois
da ionização, a corrente de saída do corte a plasma e quilowatts da fonte de
alimentação determinam a velocidade e a capacidade de espessura de corte do
sistema.
Figura 4: Máquina de corte a plasma

Fonte: Record Electric (2021)


14

5.1.2 Consumíveis

Os consumíveis utilizados na tocha são o distribuidor de gás, o eletrodo, o bico,


a capa e bocal.
VVindustria (2011) explica que:
O distribuidor é responsável por dar sentido rotacional ao gás, o
eletrodo conduz a corrente até um inserto de háfnio que emite os elétrons
para geração do plasma. O bico constringe o plasma e o guia para o metal a
ser cortado. A capa tem como função manter os consumíveis alinhados e
isolar a parte elétrica do bocal frontal. O bocal frontal guia o fluxo de jato de
ar coaxial. Por ser refrigerado e isolado, o bocal pode ser apoiado à chapa.
(VVINDUSTRIA, 2011).

Figura 5: Consumíveis utilizados no processo de corte

Fonte: Nascimento e Soares (2016).

5.1.2.1 Gases Plasma

De acordo com Manágas (2021) o corte a plasma funciona com um fluxo de


gás pressurizado e aquecido eletricamente, que é escoado pela tocha em alta vazão
por meio de um bocal de pequenas dimensões, esse fluxo é capaz de derreter e soprar
com facilidade grande parte dos metais.
Antes de dar início ao processo é necessária a seleção de gases que serão
utilizados, tal seleção se baseia na qualidade e velocidade que se deseja alcançar,
15

assim como depende da espessura do metal que será cortado. Entre os gases
utilizados no processo, estão o ar que é comprimido, oxigênio, nitrogênio e o argônio-
hidrogênio.

5.1.2.2 Ar comprimido

O ar é o gás mais versátil do segmento, de acordo com Megaplasma (2021),


que também explica que ele oferece velocidade e qualidade no corte de aço carbono,
inoxidável e alumínio. Entretanto, é necessário que o ar possua pureza, fazendo
necessário adquirir um compressor de ar, além de secador refrigerado e um banco de
filtro para retirar partículas.

5.1.2.3 Oxigênio

O Oxigênio é utilizado quando exige corte de alta qualidade no aço-carbono, a


face cortada é lisa e a escória de fácil remoção, além de oferecer melhor qualidade e
maior velocidade durante o corte. O gás não é recomendado para o corte de aços
inoxidáveis e alumínio, devido ao fato de serem materiais de fácil corte, não
necessitando de alto investimento, já que de acordo com Manágas (2021) o oxigênio
tem valor elevado e diminui a vida útil dos consumíveis.

5.1.2.4 Nitrogênio

É utilizado desde o surgimento do gás a plasma, e é considerado excelente


quando aplicado em cortes de aço inox e alumínio, devido a qualidade e velocidade
do sistema, além de proporcionar maior vida útil dos consumíveis.

5.1.2.5 Argônio-hidrogênio

Megaplasma (2021) explica que esse gás é utilizado em cortes de aço


inoxidável e alumínio com espessuras acima de ½ polegada, visto que a mistura 65%
argônio e 35% hidrogênio garante um plasma mais quente, atingindo capacidade
máxima de corte.
16

5.1.3 Funcionamento

O processo do corte manual se inicia na fixação de um grampo de polo positivo


na peça a ser cortada para que ocorra a transferência do arco, que é formado a partir
de alta voltagem e alta pressão do ar estabelecendo uma corrente direta na qual o
eletrodo é conectado ao polo negativo, a alta voltagem eleva o nível de energia e
transforma o gás utilizado em plasma, o arco derrete o metal e a velocidade elevada
do gás remove o material que foi derretido, em seguida posiciona-se o bico da tocha
em posição vertical em relação a peça e inicia-se o corte a partir da borda.

Figura 6: Processo de funcionamento do corte a plasma

Fonte: Vvindustria (2011).


17

5.2 CORTE OXIACETILENO

Ramalho (2008) define o corte oxiacetileno como “um processo de


seccionamento de metais pela combustão localizada e contínua devido à ação de um
jato de O2 de elevada pureza, agindo sobre um ponto previamente aquecido por uma
chama oxi-combustível”, esse oxi-combustível pode ser o Acetileno ou o GLP (gás
liquefeito de petróleo). Esse tipo de corte é utilizado desde a antiguidade por ter um
custo de investimento considerado inferior aos demais processos além de ser
considerado um processo rápido.
Marques, Modenesi e Bracarense (2011) explicam o funcionamento do
processo do corte, a alta temperatura necessária pelo corte é atingida com a utilização
de uma chama de oxigênio e gás combustível, o metal que será cortado é pré-
aquecido com uma chama até a temperatura na qual o metal e o oxigênio reagem,
conhecida como temperatura de ignição, a oxidação produz o calor necessário para
fundir o oxido que se formou e é expulso pelo jato de oxigênio, dessa forma acontece
o corte.
Condor (2021) explica que “como o processo é baseado na oxidação com
oxigênio, metais com baixa reatividade ao oxigênio não podem ser manipulados por
este. Ele é amplamente aplicado a todos os aços. Entretanto não pode ser aplicado a
outros metais não oxidantes”.
No corte oxiacetileno a energia é gerada pela mistura de oxigênio com algum
gás combustível, entre os gases que podem ser utilizados estão o hidrogênio, butano,
propano e acetileno, que se destaca pela alta potência de sua chama e a alta
velocidade de inflamação.
18

5.2.1 Equipamentos utilizados

Na configuração mais simples, de acordo com Ramalho (2008) os


componentes necessários para o corte são:
 Cilindros ou instalações centralizadas para o gás combustível e para o
O2;
 Mangueiras para a condução dos gases até o maçarico (a quantidade
de mangueiras é variável dependendo do tipo de maçarico utilizado);
 Maçarico de corte. Portal São Francisco (2021) explica que maçaricos
podem ser injetores e misturadores onde “Os injetores utilizam o
oxigênio a média pressão e o gás combustível a baixa pressão. Os
misturadores utilizam o oxigênio e o gás combustível à mesma pressão.
No corte usam-se os injetores”;
 Reguladores de pressão para O2 e para o gás combustível;
 Dispositivos de segurança como válvulas unidirecionais e anti-
retrocesso.

Figura 7: Componentes básicos no processo de corte oxiacetileno

Fonte: Portal São Francisco (2021)


19

5.2.2 Gases utilizados

Ramalho (2008) esclarece que “Para a obtenção da chama oxi-combustível,


são necessários pelo menos 2 gases, sendo um deles o oxidante (O 2) e o outro o
combustível, podendo este ser puro ou mistura com mais de um gás combustível. ”

5.2.2.1 Oxigênio (O2)

Ramalho (2008) explica que apesar do Oxigênio por si só não ser inflamável
ele pode sustentar a combustão ao reagir de maneira violenta com materiais
combustíveis. O autor também explica que no corte oxiacetileno o O 2 tem função de
oxidar e expulsar os óxidos fundidos no processo.

5.2.2.2 Gases para a chama de pré-aquecimento

Foi explicado anteriormente que gases como acetileno, propano, entre outros
gases, poderiam ser utilizados na chama de pré-aquecimento.
O acetileno é de grande interesse da indústria devido a sua temperatura de
chama (3.160 °C) e é estável a temperatura e pressão ambiente, mas seu uso não é
recomendado a pressões maiores que 1,5 kg/cm2. É um gás inodoro, sendo assim,
tende a possuir aditivos para que possa ser detectado pelo olfato.
O Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no Brasil tem como composição quase que
totalmente uma mistura de 2 gases: propano e butano que são hidrocarbonetos
saturados. (RAMALHO, 2008). O GLP também é inodoro e incolor e leva aditivos para
facilitar sua detecção, e por ser mais pesado que o ar, é utilizado como combustível
de queima em fornos industriais, aquecimento e oxicorte.

5.2.3 Funcionamento

O funcionamento do processo do corte oxiacetileno é relativamente simples,


sendo necessário seguir alguns passos. Inicialmente coloca-se o bico de corte
apropriado para a espessura do material a ser cortado, em seguida abre-se as
válvulas dos cilindros de O2 e do oxi-combustível faz-se o ajuste da pressão para que
se possa acender a chama utilizando um acendedor apropriado.
20

5.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS PROCESSOS DE CORTE A PLASMA E CORTE


OXIACETILENO

Assim como qualquer processo, os cortes em estudo possuem vantagens e


desvantagens em relação a fatores em comum como segurança, facilidade de
manuseio.
Reunindo informações sobre os processos em estudo foi feito um quadro
comparativo levando em consideração aspectos como o tipo de material que é
cortado, a qualidade do corte, produtividade entre outros (HYPERTHERM, 2021;
MESSER CUTTING SYSTEMS, 2021). Alguns desses aspectos serão melhor
discutidos nos tópicos seguintes.

Quadro 2 - Comparação entre o corte a plasma e o corte oxiacetileno

Processo de corte Plasma Oxiacetileno


A maioria dos metais
que apresentam
condutividade elétrica
Materiais indicados Aço-carbono e baixa liga
como aço estrutural,
aços inoxidáveis e
metais não ferrosos.
Espessura 0,5 mm até 75 mm de
5 mm até 1000 mm
espessura
Varia de qualidade ruim até
Qualidade excelente muito boa dependendo da
Qualidade de corte
com alta tolerância habilidade do operador e da
espessura da peça
Baixa, mas pode ser melhorada
Alta produtividade em
Produtividade utilizando várias tochas
materiais mais finos
simultaneamente
Velocidade de corte baixa,
Velocidade Média várias tochas podem ajudar a
aumentar a produtividade
Possui HAZ em menor
quantidade se Possui HAZ em maior
comparada ao corte profundidade, já que sua
Zona afetada pelo calor
oxiacetileno. existência e profundidade estão
(Depende dos gases ligadas a velocidade de corte.
usados).

Pulverização e remoção de
Pulverização às vezes
Operações secundárias oxidação da superfície é quase
é necessária
sempre necessária

Fonte: Adaptado de Hypertherm (2021) e Messer Cutting Systems (2021)


21

5.3.1 Segurança

Em relação à segurança, o processo de corte a plasma se sobressai devido ao


fato de utilizar apenas ar comprimido, enquanto o oxicorte utiliza gases inflamáveis
como o acetileno sendo necessário cuidados adequados na armazenagem e
manuseio dos mesmos.
Além de possuir a chama exposta da tocha que oferece perigo ao usuário e ao
ambiente em que o corte ocorre, Brine (2014) elucida que “Durante a operação, após
a tocha a oxicorte ser acesa, a chama permanecerá ligada até os botões de ajuste do
gás serem ajustados manualmente para interromper a vazão de gás. Isso oferece
muitos riscos antes e depois do corte” diferente do arco plasma que ao distanciar a
tocha do metal é desligado automaticamente.
Entretanto, Brine (2014) também esclarece que o corte a plasma também
precisa de proteção adequado devido ao calor e da chama durante a operação, visto
que tal chama é mais quente comparada a do corte oxiacetileno.

5.3.2 Facilidade de utilização

É de grande importância avaliar a facilidade de uso dos processos de corte


antes de decidir qual método será utilizado, visto que o mais simples diminuirá no
tempo de treinamento e melhora os resultados, contribuindo para o aumento da
rentabilidade.
Para Brine (2014) o corte a plasma prevalece nas considerações quanto a
facilidade de uso, ele explica que o plasma é de fácil operação devido ao uso de ar
comprimido, que implica na ausência de gases para misturar ou regular, sendo o
oposto do corte oxiacetileno, que envolve ajustes de válvulas o mantimento da
química da chama entre outras situações que que exigem tempo e prática para serem
dominados. O autor também compara a versatilidade dos processos discutidos,
afirmando que o plasma corta tipos e espessuras variadas de materiais e pode fazer
cortes chanfrados ou cortar metais expandidos, que são difíceis de cortar com o corte
oxiacetileno.
22

5.3.3 Zona Afetada pelo Calor

A zona afetada pelo calor (ZAC) está diretamente ligada a qualidade do corte,
“O calor intenso modifica a estrutura química do metal, desbotando a borda afetada
pelo calor e entortando-a. Isto torna a peça potencialmente inadequada para
operações secundárias de solda até que a borda afetada pelo calor seja removida.”
(BRINE, 2014).
Tanto o corte a plasma como o corte oxiacetileno utilizam fontes de calor, sendo
assim ambos processos produzirão bordas afetadas, entretanto, Brine afirma que o
plasma produzirá em menor profundidade, já que o corte oxiacetileno é um processo
mais lento e a ZAC está relacionada à velocidade do corte, quanto maior sua
velocidade, menor a zona afetada pelo calor.

Figura 8: Borda afetada pelo calor: corte a plasma x corte oxiacetileno.

Fonte: BRINE (2014).


23

5.3.4 Custos
O custo é um dos fatores decisivos na escolha do processo a ser utilizado, e
Brine (2014) fez uma análise comparativa entre os valores gastos nos processos de
corte em estudo, por hora.
Tabela 2: Comparação do custo operacional

Plasma Oxiacetileno
Custo do corte/hora (US$)
Consumíveis US$ 16,77 US$ 0,06
Alimentação US$ 4,00 US$ 0,00
Gás US$ 7,90 US$ 6,20
Custo total/hora US$ 28,67 US$ 6,26
Número de peças
222 25
produzidas/hora
Custo por hora dividido pelo
número de peças em US$ US$ 0,13 US$ 0,25
Fonte: BRINE (2014)

Nesse estudo pode-se observar que o corte a plasma se mostrou mais oneroso,
isso se dá principalmente devido aos consumíveis. Os custos de alimentação no corte
oxiacetileno são inexistentes enquanto no plasma mostra um pequeno custo, e nos
custos de gás o plasma também possui valores mais elevados que o oxicorte. Porém,
o estudo também aponta o número de peças produzidos por hora e mostra que
enquanto o corte a gás produz 25 peças/h o corte a arco plasma produz 222 peças/h,
dividindo então o custo total/hora pelo número de peças produzidas/hora o corte
plasma oferece melhor custo benefício.
24

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho propôs como objetivo geral explicar os processos de cortes plasma
e oxiacetileno, com a intenção de facilitar na escolha do processo mais adequado e
com melhor custo benefício, pesquisando e explicando o funcionamento de cada
processo, além de fazer comparação entre os mesmos, levando em consideração
aspectos como segurança ao realizar o processo, a facilidade de execução, zona
afetada pelo calor e uma estimativa dos custos necessários durante uma hora de
corte.
Na pesquisa relacionada a segurança dos processos, obteve-se o resultado de
que o corte a plasma apesar de possuir uma chama mais quente, possui um
mecanismo que ao distanciar a tocha do metal apaga a chama automaticamente,
enquanto no corte oxiacetileno o operador precisa manualmente ajustar os botões
para interromper a vazão do gás, tal situação do botão no oxicorte, está ligada também
a facilidade de execução do corte, já que no corte a gás o operador precisa ajustar
válvulas e manter a química da chama enquanto realiza o corte. Na zona afetada pelo
calor, o corte a arco plasma também apresenta resultados positivos, devido a sua
velocidade que é inversamente proporcional a zona afetada, ou seja, quanto maior a
velocidade, menor será ZAC0. Em relação aos custos operacionais, embora o valor
do processo a plasma seja maior, sua velocidade permite que mais cortes sejam
realizados no intervalo de uma hora, a divisão entre o custo por hora e o número de
peças produzidas, mostra que o custo benefício no processo de corte a plasma é
maior.
Deve-se levar em consideração que ambos processos possuem limitações, como
os materiais que podem ser cortados por cada um, investimento inicial e outros
aspectos, entretanto, levando em conta a pesquisa feita dos itens pontuados acima,
pode-se afirmar que o corte a plasma se sobressai se comparado ao corte a gás.
25

REFERÊNCIAS

ANGELI, Luís Leonardo Packer. Comparação de características do processo de


corte a plasma com o oxicorte. 2011. 77 f. TCC (Graduação) - Curso de Engenharia
Mecânica, Escola de Engenharia de Piracicaba, Piracicaba, 2011. Disponível em:
https://brasil.fumep.edu.br/~phlbiblio/10023478.pdf. Acesso em: 23 mar. 2021.

BRINE, Erik. Benefícios do Corte a Plasma Versus Oxicorte. 2014. Disponível


em: https://www.cimm.com.br/portal/artigos/12183-beneficios-do-corte-a-plasma-
versus-oxicorte. Acesso em: 17 maio 2021.

CASA DO SERRALHEIRO. Corte a plasma: saiba tudo sobre o processo. saiba


tudo sobre o processo. Disponível em: https://casaserralheiro.com.br/corte-a-plasma-
saiba-tudo-sobre-esse-processo/. Acesso em: 19 maio 2021.

CONDOR. O que é oxicorte? Entenda de uma vez as características deste


processo. Disponível em:
https://www.condornet.com.br/condor/pt/education/blog/oxicorte-sepracao-de-
metais.cfm. Acesso em: 18 maio 2021.

HYPERTHERM. Visão geral do processo de corte. Disponível em:


https://www.hypertherm.com/pt/learn/cutting-education/cutting-process-
overview/#:~:text=Um%20processo%20t%C3%A9rmico%20usa%20calor%20para%
20cortar%20ou,%C2%BAF%29%20que%20o%20metal%20amolece%2C%20e%20
depois%20derrete. Acesso em: 17 maio 2021.

MARQUES, Paulo Villani; MODENESI, Paulo José; BRACARENSE, Alexandre


Queiroz. Soldagem: fundamentos e tecnologia. 3. ed. Belo Horizonte: Editora Ufmg,
2011. 362 p.

MEGAPLASMA. Ar, oxigênio, nitrogênio e argônio-hidrogênio: qual gás escolher


para o corte a plasma? Disponível em: https://megaplasma.com.br/blog/ar-oxigenio-
nitrogenio-e-argonio-hidrogenio-qual-gas-escolher-para-o-corte-plasma/. Acesso em:
18 maio 2021.
MEGAPLASMA. QUAIS SÃO OS COMPONENTES BÁSICOS DO CORTE A
PLASMA? Disponível em: https://megaplasma.com.br/blog/quais-sao-os-
26

componentes-basicos-corte-
plasma/#:~:text=A%20fun%C3%A7%C3%A3o%20principal%20da%20fonte,espessu
ra%20de%20corte%20do%20sistema. Acesso em: 11 maio 2021.

MERCADO LIVRE (São Paulo). Máquina De Corte Oxicorte Tartaruga Ômega - 2


Trilhos. Disponível em: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1217258386-
maquina-de-corte-oxicorte-tartaruga-mega-2-trilhos-_JM. Acesso em: 28 maio 2021.

MESSER CUTTING SYSTEMS. Corte a oxicorte: o processo mais economico. o


processo mais economico. Disponível em: https://www.messer-
cs.com/index.php?id=21433&L=1. Acesso em: 19 maio 2021.

MIGUEL GIL. Manágas. Guia de referência para seleção de gases para Corte
Plasma. Disponível em: https://www.managas.com.br/blog/corte-e-solda/guia-de-
referencia-para-selecao-de-gases-para-corte-plasma/. Acesso em: 17 maio 2021.

MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.. Soldagem I: introdução aos processos
de soldagem. In: MODENESI, Paulo J.; MARQUES, Paulo V.; SANTOS, Dagoberto
B.. Introdução à Metalurgia da Soldagem. Belo Horizonte, 2012. p. 1-209

PORTAL SÃO FRANCISCO. Oxicorte: o que é. o que é. Disponível em:


https://www.portalsaofrancisco.com.br/quimica/oxicorte. Acesso em: 28 maio 2021.

PROCESSO de corte de metais: Relatório de tecnologia e metalurgia da soldagem.


Piracicaba: Escola de Engenharia de Piracicaba, 2011. 27 p.

RAMALHO, José. Processo oxicorte. 2008. Disponível em:


https://infosolda.com.br/artigos/processos-de-corte/461-processo-oxicorte. Acesso
em: 17 maio 2021.

RECORD ELETRIC. HYPERTHERM - EQUIPO DE CORTE Y PLASMA. Disponível


em: https://www.recordelectric.com/powermax85-xp. Acesso em: 28 maio 2021.
27

RIBEIRO, Julliano Falcão; LEITE, Gustavo Sampaio Abreu; VIVAS, Renato de


Castro. Aplicação de CAD/CAE/CAM no processo de Oxicorte. Disponível em:
https://www.academia.edu/9439685/Aplica%C3%A7%C3%A3o_de_CAD_CAE_CAM
_no_processo_de_Oxicorte. Acesso em: 17 maio 2021.

SANTIAGO, Valter Augusto. Corte com arco plasma. 2004. Disponível em:
https://simpep.feb.unesp.br/anais/anais_11/copiar.php?arquivo=470-
santiago_va_cortecomarcoplasma.pdf. Acesso em: 11 maio 2021.

TRIMAQ EQUIPAMENTOS E SERVIÇOS. Corte plasma CNC. Disponível em:


https://trimaq.com.br/index.php/servicos/corte-a-plasma-cnc. Acesso em: 28 maio
2021.

VVINDUSTRIA. Processo de soldagem. 2011. Disponível em:


https://valeriavilmaindustria.blogspot.com/2011/09/preparacao-do-metal-soldar-
introducao.html. Acesso em: 28 maio 2021.

Você também pode gostar