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Área: Aciari
Aciariaa
INTRODUÇÃO AOS
PROCESSOS DE
PREPARAÇÃO DE
MATÉRIAS-PRIMAS PARA
O REFINO DO AÇO
Ernandes Marcos da Silveira Rizzo
Sócio Titular da ABM, Técnico em Metalurgia (CEFETES), Engenheiro
Mecânico (UFES), Mestre em Materiais e Processos de Fabricação
(UNICAMP), Doutor em Materiais e Processos de Fabricação
(UNICAMP e The University of lowa-EUA)
Home-page: www.erct.com.br
Ficha Catalográfica / Cataloguing Card
Bibliografia.
ISBN 85-86778-84-2
CDD 669
SUMARIO
APRESENTAÇÃO 3
1 - INTRODUÇÃO 5
2 - CARGA METÁLICA 7
5 - FERROS-LIGA 41
6-AD
6- ADIÇ
IÇÕE
ÕES
S COMP
COMPLEME
LEMENTAR
NTARES
ES 47
7 - DESSILICIAÇÃO DO FERRO-GUSA 49
8 - DESFOSFORAÇÃO DO FERRO-GUSA 51
9 - DESSULFURAÇÃO DO FERRO-GUSA 55
BIBLIOGRAFIA 69
2 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S.Rizzo
APRESENTAÇÃO
A série de materiais instrucionais denominada Capacitação Técnica em Processos
Siderúrgicos foi elaborada com o intuito de oferecer aos interessados na área de metalurgia e
materiais, informações essenciais, objetivas e atualizadas a respeito dos diversos processos
envolvidos na elaboração, conformação e aplicação dos aços, material este de fundamental
importância para o desenvolvimento
desen volvimento da sociedade.
s ociedade. As publicações podem ser utilizadas para
aperfeiçoamento de profissionais que militam na área da siderurgia, por estudantes interessados
em compreender a siderurgia ou para treinamento de novos funcionários em um determinado
setor da indústria.
Esta série de publicações também pode ser utilizada com o propósito de auxiliar na preparação
dos funcionários das usinas siderúrgicas brasileiras para realização com sucesso das provas de
órgãos certificadores de pessoal. Para atingir tal objetivo, e em consonância com a essência de
um processo de certificação, são feitas descrições objetivas de cada um dos itens de
conhecimentos, em detrimento de análises mais aprofundadas e quantitativas, ou peculiaridades
cos equipamentos ou procedimentos de uma determinada empresa. Equações matemáticas ou
químicas só são utilizadas em casos essenciais para compreensão de um determinado fenômeno
ou processo no grau de exigência típico de provas de certificação.
Por definição, um funcionário certificado é aquele que cumpre as atividades de acordo com os
cadrões operacionais, técnicos e empresariais e sabe explicar ou compreende a importância de
seguir as orientações do padrão, realizando, portanto, as atividades com maior eficácia, eficiência,
autonomia e conscientização.
No caso específico das publicações para a área de aciaria, os seguintes títulos estão disponíveis:
O autor expressa seus agradecimentos aos funcionários das usinas siderúrgicas, da ABM e de
fornecedores de equipamentos e insumos para a siderurgia que forneceram informações vitais
para a elaboração desta publicação, além de terem participação fundamental na revisão ca
mesma. Como todo trabalho que se inicia, este certamente apresentará falhas, seja de conteúdo,
forma ou abrangência, cuja identificação, bem como sugestões para aperfeiçoamento desta
publicação, serão recebidas de bom grado.
O autor também agradece às seguintes empresas e associações de classe que cederam imagens
1 - INTRODUÇÃO
As principais matérias-primas e insumos utilizados para a produção do aço nos fornos
elétricos a arco ou nos convertedores a oxigênio ou nas unidades de refino secundário,
:odem ser subdivididas de acordo com a função no processo, nas seguintes categorias:
- Carga metálica
- Gases industriais
- Fundentes e/ou refrigerantes
- Ferros-ligas e ligas nobres
- Desoxidantes
- Adições complementares (recarburante, aquecimento do aço, isolamento térmico e/ou
químico, absorção de inclusões, dessulfurantes, eliminação de gases, etc).
Para compreender
ferro-esponja como asrecomenda-se
e aço) são obtidas, matérias-primas
queque constituem
o leitor a carga
consulte metálicadenominada:
a publicação (ferro-gusa,
introdução aos Processos Siderúrgicos. Nesta publicação também são feitos comentários
sobre as características e o processamento de alguns materiais minerais que eventualmente
também podem ser utilizados nas aciarias e sobre a produção e utilização dos gases industriais e
de outras utilidades/insumos. Uma importante matéria-prima da aciaria é a cal. Para um
aprofundamento do processo de obtenção da cal a partir do calcário sugere-se a leitura da
publicação de Introdução aos Processos de Calcinação.
exigência de teores mínimos de alguns dos elementos citados, justificando assim o seu emprego
em função do maior valor agregado do aço produzido. Em outras situações, mesmo o custo não
sendo um item preponderante, as condições de sincronismo da produção na aciaria limitam a
possibilidade de aplicação dos citados tratamentos antes do lingotamento do aço.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino
Refino do Aço 7
2 - CARGA METÁLICA
A carga metálica para elaboração do aço nos fornos elétricos a arco ou nos convertedores
pode ser constituída dos seguintes materiais:
- sucata de aço
- sucata de ferro-gusa
- sucata de ferro fundido
-- ferro-gusa
produtos pré-reduzidos
líquido (ferro esponja, briquete HBI ou RDI)
- briquete de resíduos siderúrgicos.
No caso das aciarias elétricas, é digno de nota que se avaliarmos os dados relativos ao
uso das matérias-primas metálicas nas últimas décadas e as previsões para os próximos anos,
nota-se que a geração de sucata não será suficiente para atender a demanda por este material
pelas aciarias, incentivando o uso de ferro-gusa e de materiais pré-reduzidos. Este fato também é
preocupante para as aciarias a oxigênio (convertedores).
Para o caso das aciarias elétricas, o uso de ferro-gusa sólido já é bastante difundido no
Brasil (cerca de 32% contra menos de 5% na média mundial). O uso de materiais pré-reduzidos
(ferro esponja), apesar de em números absolutos corresponder a menos de 5% da demanda
mundial de matérias-primas metálicas na indústria siderúrgica (cerca de 45 Mt), cresce a uma taxa
em torno de 10%, superior a demanda pelas outras matérias-primas metálicas.
Observa-se que o ferro-gusa é uma liga Fe-C produzida nos alto-fornos. ou nos fornos de
fusão redutora1, sendo em alguns casos denominado de ferro de primeira fusão. Esta indicação é
importante para ser feita a distinção em relação à utilização de sucata de peças de ferro-fundido
(blocos de motores, canais de fundição, grelhas, lingoteiras, tubos, cilindros de laminação, etc.),
pois, neste caso, pode ter sido realizada a adição de uma série de elementos de liga para
proporcionar propriedades adequadas à utilização da peça fundida, devendo ser feita a apropriada
separação das peças no pátio de sucata. Além das peças de ferro fundido, também podem ser
utilizados cavacos oriundos do processo de usinagem de peças de ferro fundido.
possível. Uma
ocasionar grande variação
uma operação na composição
mais errática, química
uma vez que ou temperatura
os modelos do carga
de cálculo de ferro-gusa pode
são válidos
geralmente para intervalos mais ou menos restritos das variáveis envolvidas. Uma variação
brusca tem efeitos ainda mais desastrosos, uma vez que o controlador do forno, que normalmente
toma a corrida anterior como referência, tenderá a adotar uma composição de carga em
desacordo com as necessidades.
1
O ferro-gusa também pode ser obtido em fornos verticais do tipo cubilo, normalmente utilizado err
fundíções de peças.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 9
de ferroOusado
teor deno fósforo no Com
alto-forno. ferro-gusa está relacionado
o aumento diretamente
das exigências comaaobtenção
do mercado, qualidade
dedo minério
teores de
fósforo cada vez mais baixos torna-se um dos grandes desafios na produção do aço nos fornos de
refino primário.
Observa-se que os elementos enxofre e fósforo também podem ser incorporados ao aço
líquido nos fornos de refino devido à utilização de sucata de aço, ferro fundido, ferros-liga.
fundentes ou outras adições com altos teores destes elementos.
Como a velocidade de fusão do ferro-gusa é inferior a do aço, existem certos cuidados que
devem ser tomados quanto ao carregamento da sucata de ferro-gusa, pois, a sua utilização pode
aumentar o tempo de refino nos fornos e o uso de fundentes (cal e dolomita). A queima do Si do
ferro-gusa sólido no fundo dos fornos também pode provocar desgastes prematuros do refratário
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 11
Figura 2.2 - Exemplos de sucata de ferro-gusa: pães de ferro-gusa, ferro-gusa de formato irregular
proveniente do basculamento a carga do carro-torpedo no chão (pátio de emergência); Exemplos
de sucata de ferro fundido: sucata de peças fundidas e cavaco de usinagem de peças.
12 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
- composição
baixa liga e química
alta liga);(não ligada comum, não ligada especial, não ligada ressulfurada
- teor de impurezas (limpa e impura);
- preparação (não preparada, prensada, briquetada, tesourada, fragmentada, quebrada,
cortada e recuperada);
- características físicas: dimensões (livre e dimensionada) e densidade aparente (leve,
média e pesada).
Estes critérios podem ser combinados para gerar uma série de tipos de sucatas. A Norma
ABNT NBR 8746 de 1985 (Sucata de Aço - Classificação) pode ser consultada para verificar os
vários tipos de sucata de aço normalizados no Brasil.
No caso dos convertedores a oxigênio, as dimensões da sucata devem ser tais que
permitam a sua completa fusão durante o tempo de sopro e, portanto, a sucata pesada de retorno
(lingotes sucatados, lingotes curtos, sucatas de placas e blocos) deve ser previamente preparada
através do corte com maçaricos ou guilhotinas. Sucata muito pesada também pode danificar o
revestimento refratário dos fornos de refino primário devido ao elevado impacto na operação de
carregamento. No caso de aciarias elétricas, sucatas finas e largas, como pedaços de barras ou
tiras, podem se soldar uma as outras durante a etapa de aquecimento no interior dos fornos,
demorando mais tempo para deslocarem-se para o banho líquido.
A densidade aparente de carga de sucata deve ser tal que possibilite o seu completo
carregamento com o mínimo de aberturas do forno a fim de não prejudicar a produtividade e o
rendimento energético da aciaria. Se a densidade aparente da sucata for baixa, podem ser
necessários vários carregamentos utilizando os cestões ou tamborões no caso dos fornos
elétricos a arco ou de canaletas no caso de convertedores, ocasionado uma série de problemas,
como, por exemplo: perda de tempo, queda de temperatura do refratário do forno ou da carga
metálica já fundida e redução da produtividade da aciaria como um todo. Uma sucata considerada
leve apresenta uma densidade aparente inferior a 600 kg/m 3. A sucata considerada pesada
apresenta uma densidade aparente superior a 1200 kg/m 3. Entre estes dois limites a sucata é
considerada média.
Observa-se ainda que peças de elevada densidade, como lingotes e cortes da área de
lingotamento continuo, exigem um maior tempo para dissolverem-se, aumentando também o
consumo de energia e o tempo necessário para elaboração do aço.
sucata recebida por caminhão quanto aquela recebida por estrada de ferro.
A maioria das fontes de radiação está confinada em containeres de chumbo. Por este
motivo, os únicos aparelhos para trabalhar com mais de 95% de probabilidade de detectar uma
fonte que chega são aparelhos sofisticados, com alta sensibilidade. Detectores mais simples e
baratos são freqüentemente colocados na tampa dos equipamentos de análise química para
checar possível radioatividade da amostra de aço que está sendo analisada.
exigir a instalação e utilização dos citados equipamentos para negociar com uma usina
siderúrgica. Na Figura 2.3 apresenta-se alguns sistemas para detecção de radioatividade.
Os dois tipos anteriores de sucata são denominados em alguns casos de sucata de aço
de retorno. Este tipo de sucata é constituído principalmente do elemento ferro, não apresentando
de maneira geral, problemas quanto à presença de impurezas. O problema surge apenas no caso
de usinas com fabricação de aços ligados, pois, certos elementos de liga de pequena afinidade
pelo oxigênio, quando presentes na sucata, podem exigir a sua classificação e a não utilização
para aços que não contenham aquele elemento.
A sucata de aço de segunda categoria é obtida a partir do sucateamento de bens de
consumo ou dos processos de fabricação (estampagem, usinagem, forjamento, soldagem,
laminação, etc.) de peças, máquinas ou estruturas de aço nas indústrias mecânicas, construção
civil, naval, ferroviária, etc. Pode conter uma miscelânea de componentes metálicos, não-
metálicos e não-ferrosos, podendo ser fonte importante de contaminantes. Este tipo de sucata
normalmente é adquirido pela indústria siderúrgica no mercado interno (Brasil) ou externo
(importação).
16 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.4 - Exemplos de sucata de aço de primeira categoria.
tratores,
tratores, máquinas agrícolas e rodoviárias, desmontes de navios e má
máquinas
quinas industriais em geral.
A sucata
sucata de obsolescência
obsolescê ncia é geralmente considerada limpa, com exceção da presença de
revestimento
revestimentos
s em alguns casos.
No caso anterior, a sucata é fornecida na forma solta. Porém, a sucata não oriunda da
ria siderúrgica também pode ser fornecida na forma de pacotes utilizando processos de
indústria
indúst
industrialização da sucata, envolvendo operações de prensagem. Estes pacotes podem se
produzid
prod uzidos
os com sucatas originadas tanto de processos de fabricação como
como de obsolescência.
obsolescên cia.
Neste caso, podem ser distinguidos vários tipos de pacotes, desde os formados por sucatas
is
isent
entas
as de impurezas (chaparia de estamparia com ou sem cavacos, latinhas ou chapas
desest
des estanha
anhadas
das)) até sucata com um certo grau de contaminação
contamin ação (chapas pintadas ou e
esmaltada
smaltadas,
s,
latinhas estanhadas, etc). A sucata de obsolescência pode ser fornecida na forma triturada
(shredded).
A sucata composta de retalhos de chapas diversas, provenientes da indústria
automobilística e similar, fornecida solta é denominada
denomin ada de chaparia. Pode
Pode se
serr separada em sucata
de estamparia revestida ou não.
Assim como a sucata de obsolescência, a sucata de aço obtida a partir dos processos
de fabricação ou processamento (estampagem, usinagem, forjamento, soldagem, laminação,
etc.) também pode se
serr fornecida na forma solta ou preparada por prensagem e corte (Figura 2.7).
18 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.6 - Exemplos de sucata de aço de segunda categoria com origem de obsolescência, solta
ou prensada na forma de pacotes.
Figura 2.7 - Exemplos de sucatas de aço de segunda categoria com origem de processos de
fabricação, solta ou prensada.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refin
Refino
o do Aço 19
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 21
Figura 2.9 - Imagens de equipamentos e processos típicos ara preparação ou beneficiamento de
sucata de aço (catálogo Hitachi-Scrap Metal Recycling).
22 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
A contaminação da sucata no que diz respeito ao teor de óleo, umidade, tintas, borracha e
graxas merecem atenção especial, haja vista que sua presença pode ser desastrosa para o
carregamento do ferro-gusa. Em determinadas situações, torna-se necessária a suspensão do
uso de determinada carga sólida no convertedor pelo risco de explosões que isto gera,
principalmente em períodos chuvosos. Alguns tipos de sucata, principalmente de segunda
categoria, são extremamente higroscópicas e seu uso deve ser sempre acompanhado de uma
maior atenção. Além do mais, alguns tipos de sucatas podem reter água devido a reentrâncias e
vazios, gerando também riscos ao processo.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 23
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diversos tipos de sucata no cálculo do balanço térmico durante a etapa de sopro de oxigênio no
processo de elaboração de aço nos fornos de refino primário. Uma outra forma seria através da
utilização de sucata de aço cortada em pequenas partes para ser adicionada na panela contendo
o aço líquido, tanto na etapa de vazamento do aço nos fornos de refino primário quanto no
processo de refino secundário. Para esta finalidade pode ser utilizada a sucata denominada
sucata canivete.
A sucata canivete deve ser adicionada em pequenos pedaços para ser rapidamente
aquecida e fundida, absorvendo calor nesta atividade resfriando, portanto, o aço líquido. Esta
sucata não deve interferir na composição química do aço, razão pela qual, geralmente, faz-se uma
classificação da mesma em função da composição química, principalmente levando-se em conta o
teor de carbono. Este tipo de sucata pode ser adquirido no mercado externo ou as placas de aço
não aprovadas pelo controle de qualidade da usina siderúrgica podem ser aproveitadas para
geração de sucata canivete por serem um material de composição química confiável (Figura
2.12).
Outro recurso utilizado para resfriar uma corrida é sustentar um produto semi-acabado
(tarugo, bloco, placa) sucatado e mergulhá-lo parcialmente na panela de aço líquido para que, no
processo de sua dissolução, promova o desejado decréscimo de temperatura do aço líquido.
A preparação da sucata para ser carregada nos fornos de refino primário envolve etapas
como inspeção, separação da sucata por tipo, corte e compactação da sucata (Figura 2.13) e
carregamento da sucata de aço na canaleta de adição no convertedor a oxigênio (Figura 2.14) ou
s cestões (tamborões) para adição no forno elétrico a arco (Figura 2.15). No caso da utilização
nos
no
de briquete, este material pode ser carregado no convertedor através de silos, não necessitando
estar presente na canaleta de sucata.
No caso dos fornos elétricos a arco a sucata pode ser adicionada nas esteiras que fazem o
carregamento da sucata nestes fornos por aberturas laterais (carregamento quase-contínuo
Figura 2.16) ou em cubas instalados na parte superior do forno para a realização do
preaquecimento da sucata.
24 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.10 - Exemplos de materiais considerados como contaminantes da sucata: recipientes
para armazenamento de gases, motores, extintores de incêndio, compressores, peças de aço com
elevados teores de elementos de liga, peças para acondicionamento de materiais radioativos,
terra, pneus, peças de cobre, etc.obrigando por vezes a usina siderúrgica a abrir os fardos de
sucata com maçaricos para realização de uma inspeção.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 25
Figura
Figura 2.1
2.11
1 - Exemplos de sucata de de aço recuperada a partir de cascão de fornos, distribuid
distribuidores,
ores,
panelas de transporte de aço líquido sucata recuperada a partir de escória de refino, basculada no
pátio, resfriada, beneficiada (britamento e peneiramento e separação da parte metálica através de
meios magnéticos) e depois estocada para ser carregada nos fornos de refino primário (fotos
cedidas pelas empresas Belgo Siderurgia S.A. e Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST).
26 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.12 - Placas, tarugos e blocos de aço não aprovadas pelo controle de qualidade da usina
siderúrgica podem ser aproveitadas para geração de sucata canivete por serem um material de
composição química definida.
Figura 2.13 - Sucata de aço considerada leve sendo prensada e cortada para aumento da
densidade aparente através do corte ou da formação de pacotes ou fardos de aço carbono e de
aço inoxidável.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 27
Figura 2.14 - Exemplos dos equipamentos que podem ser utilizados no pátio de sucata, das
etapas de carregamento da sucata de aço nas canaletas no pátio ou galpão de preparação de
sucata e do carregamento de sucata no convertedor (fotos cedidas pela Companhia Siderúrgica
de Tubarão - CST).
28 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refmo do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.15 - Exemplos da etapa de carregamento da sucata de aço no cestão no pátio ou gaipão
de preparação de sucata e etapa adição da sucata no forno elétrico a arco. Exemplo de cestões
ou tamborões utilizados no carregamento de sucata no forno elétrico a arco. (fotos ba e cedidas
pela SMS-DEMAG Ltda).
E.M.S.
E.M .S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 29
Como já foi enfatizado anteriormente, as dimensões da sucata devem ser tais que
permitam a sua completa fusão durante o processo e não causem estragos ao revestimento do
convertedor ou do forno elétrico quando do seu carregamento. Além disto, deve estar
completamente seca
seca,, para evitar o risco de explo
explosões
sões durante o enfornamento do ferro-gu
fe rro-gusa
sa
líquido que sempre precede ao carregamento da carga sólida. Para a preparação da carga sólida,
uns dos itens de maior importância é a disponibilidade de sucata no pátio. O ideal é mesclar uma
carga que atenda aos aspectos operacionais, metalúrgicos, segurança e custo.
No caso dos convertedores, algumas usinas adotam a prática de se trabalhar com uma
carga constante de sucata, variando-se o ferro-gusa líquido é vantajosa porque permite maior
facilidade na área de preparação, visto que possibilita preparar previamente as canaletas além de
evitar enganos na hora do carregamento.
devido
tambémseu
serbaixo custo.
utilizado comoFavore
Favorece
ce arefrigerante
material formação de escória
neste nos convertedores
processo. Na Figura 2.17aapresenta-se
oxigênio e pode
uma
imagem de um briquete.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 31
32 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Figura 2.19 - Exemplos de atividades de formação de cestões/tamborões para o carregamento de
sucata, envio dos cestões/tamborões para o galpão da aciaria, a etapa de carregamento de
sucata seguida da etapa de carregamento de ferro-gusa líquido no forno elétrico a arco (fotos
cedidas pela empresa Belgo Siderurgia S.A.).
E M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 33
Nos processos de refino primário e secundário, utiliza-se oxigênio de elevada pureza, a fim
de produto,
do manter os teores dea nitrogênio
maximizar do aço
produtividade dentro
do forno e ados limites exigidos
capacidade para
de fundir a adequada
a sucata. O valorqualidade
mínimo
de pureza aconselhável é 99,7 a 99,8%, com o restante constituído de argônio e cerca de 50 ppm
de nitrogênio.
Pode ser citado como exemplo que a diminuição da pureza de 99,5% para 98,5% acarreta
um aumento no teor de nitrogênio do metal de 30 ppm para 70 ppm, acima do limite permitido
para uma série de aplicações. O consumo de oxigênio varia com a prática operacional (tipo de
lanca, distância lança-banho, qualidade do ferro-gusa e proporção de sucata na carga).
A quantidade de oxigênio
3 injetado no forno elétrico a arco sofreu um grande incremento,
mais de 35 Nm3/t de aço líquid
passando de cerca de 12 Nm /t na década de 60 para mais líquidoo na década
de 90. No caso dos convertedores a quantidade de oxigênio é normalmente maior.
O argônio e o nitrogênio podem ser empregados para homogeneizar a composição
química e a temperatura do aço nos fornos de refino primário, nas panelas de armazenamento e
transporte do aço líquido na etapa de metalurgia de panela, nas estações de refino secundário ou
mesmo em diferentes posições nas máquinas de lingotamento contínuo. O nitrogênio também
pode ser utilizado como gás de purga (limpeza) de tubulações ou reservatórios (silos). É digno de
nota que embora tenham aplicações semelhantes, o argônio apresenta um custo muito mais
elevado do que o nitrogênio, razão pela qual só é empregado nos casos onde não é tolerável a
absorção do nitrogênio pelo aço em função da deterioração das propriedades mecânicas deste
material.
O consumo de gás oxigênio depende do balanço de materiais e da composição química
da carga. Quanto maior o teor de sucata de aço, menor o consumo de oxigênio. A presença de
compostos que ao se dissociarem no forno elétrico a arco liberam oxigênio também reduz a
necessidade de injeção deste gás pela lança (matérias-primas consideradas oxidantes como
carepa de laminação, minério de ferro, calcário, etc). A presença de elementos facilmente
oxidáveis no ferro-gusa provoca um aumento do consumo de oxigênio. A necessidade de realizar
etapas de ressopro para correção de composição química ou temperatura do aço líquido também
aumenta o consumo de oxigênio.
34 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino
Refino do Aço 35
Cal Calcítica
A cal calcítica é utilizada no processo de elaboração de aços nos fornos de refino primário
principalmente com os seguintes objetivos:
- Acelerar a formação da escória reduzindo assim a projeção de aço durante o sopro de
oxigênio e para absorção de impurezas oriundas do processo de refino do aço.
- Proporcionar uma boa dessulfuração e desfosforação devido a presença do CaO na
escória.
- Conversão da escória ácida em uma escória básica, reduzindo o desgaste do refratário
básico dos fornos de refino primário.
Deseja-se que a dissolução da cal seja a mais rápida possível, de maneira a manter a
trajetória de composição da escória em condições de alta basicidade a maior parte do tempo.
Essa basicidade é determinada em função da qualidade da cal e das condições operacionais dos
36 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizz
Rizzo
o
Uma análise constante da cal destinada aos fornos de refino primário é importante para a
manutenção de uma prática controlada de adição de fundentes. Particularmente, os teores de
sílica e enxofre deverão ser os menores possíveis a fim de diminuir o volume de escória e a
contaminação de enxofre. A presença de sílica diminui o teor de CaO disponível para neutralizar
os óxidos ácidos do processo. No caso da cal calcítica, a presença de um elevado teor de MgO
atrasa a dissolução da cal e a formação da escória, diminuindo a sua fluidez e dificultando as
reações químicas no processo de refino do aço. A presença de Al2O3 na cal também torna a
escória mais viscosa, dificultando também a saída de gases.
Cal Dolomítica
Apesar de a cal dolomítica cumprir em parte as funções citadas anteriormente para a cal
calcítica, a utilização da cal dolomítica é efetuada primordialmente a fim de neutralizar os óxidos
ácidos formados nas reações de oxidação principalmente do silício contido na carga metálica do
forno elétrico a arco que, de outra maneira, atacariam violentamente o revestimento básico do
forno. A cal dolomítica é formada em sua maior parte pelo óxido binário CaO-MgO. Sua adição
visa fornecer para a escória uma quantidade de óxido de magnésio suficiente para aumentar a
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 37
basicidade da escória. A utilização da cal dolomítica também tem ação favorável sobre a
dissolução da cal calcítica.
A utilização da cal dolomítica foi iniciada em torno de 1962-1963 e o seu consumo varia de
z e r o a mais de 50% do peso de cal carregado. Na maioria
maioria das aciarias, a cal dolomítica
dolomítica é util
utilizada
izada
em substituição a uma parcela da cal calcítica. A prática mais geral é a adição necessária para a
cbtenção de teor de MgO na escória de fim de sopro de 6 a 10%, mantendo-se constante a
basicidade, aumentando-se
falta deste elemento portanto,
na escória, o peso dos
o equilíbrio de cal carregado
óxidos e o volume deprovocando
fica comprometido, escória. Ema caso de
procura
do MgO em outras fontes que, neste caso, será o revestimento refratário.
Fluorita
A adição de fluorita deve ser parcelada, não devendo ser feita ao final do refino, pois neste
caso ela perderia parte da sua eficiência, visto que a escória até este momento está grossa,
dificultando as reações de dessulfuração e desfosforação.
O principal composto é o CaF 2, que é uma substância neutra com baixo ponto de fusão. As
impurezas
impurezas mais comuns são a SiO 2 e o CaCO3 sendo o SiO2 a mais prejudicial.
O uso excessivo de fluorita acelera o desgaste do refratário dos fornos de refino primário e
das panelas para transporte e armazenamento do aço líquido e, em alguns casos, dos tubos,
válvulas e distribui
distribuidores.
dores.
Calcário
<CaCO3> + calo
calorr <-> <CaO
<CaO>>+ (CO 2)g (a1)
ou
A liberação de bolhas do gás CO2 promove uma agitação do banho metálico que
proporciona uma maior homogeneização do banho metálico, um aumento da interação do metal
líquido com a escória facilitando as reações químicas entre os componentes destes dois sistemas
e resfriando o banho metálico devido à absorção de calor para reação e devido de calcinação e
devido à agitação mecânica. O calcário resfria o banho metálico cerca de 10% a mais do que a
sucata de aço.
Dunito
O dunito é um mineral utilizado nos fornos de refino primário para ajuste da basicidade da
escória e como fornecedor de MgO. Sua quantidade varia em função do balanço térmico no sopro,
pois promove o resfriamento do banho.
Carbeto de Silício
Minério de Ferro
Sua utilização nos fornos de refino primário pode ter duas funções: acelerador da
dissolução da cal, quando adicionada no inicio do sopro ou agente refrigerante, sendo então
adicionada em qualquer etapa, mas principalmente no final de sopro para controle de temperatura.
Sendo o seu poder refrigerante bastante elevado o seu consumo deve ser o menor possível para
se obter um maior rendimento térmico do forno e um maior consumo de sucata (quando assim for
desejável).
Uma atenção especial deve ser tomada na escolha do minério de ferro, pois ele deve ter
teores baixos de impureza, principalmente P e S. A granulometria (40 a 70 mm) e a porosidade
são também fatores importantes que influem sobre a absorção de calor e a velocidade de reação.
Sínter
Minério de Manganês
O minério de manganês resfria o banho metálico cerca de 2,5 vezes mais do que a sucata
de aço. O minério de Mn é utilizado durante o sopro para fornecer, no final deste, um teor de Mn
mais elevado no aço. Isto implica evidentemente em uma menor necessidade de adição de ferro-
liga, cujo custo é elevado. Implica ainda, em uma menor oxidação do banho metálico. A redução
do consumo de fluorita pode ser obtida, adicionando-se minério de manganês no início do sopro.
Alumínio
É o desoxidante mais poderoso da siderurgia devido a sua alta reatividade química com o
oxigênio. A sua utilização também resulta em um aquecimento da corrida devido à elevada
geração de calor resultante da sua oxidação. Também atua como refinador de grãos durante a
solidificação ou tratamento térmico do aço. É utilizado em todos os tipos de aço acalmado como
desoxidante e/ou fornecedor de Al. Se o alumínio entrar em contato com a escória durante a sua
adição ele transformará o P2O5 em Al2O3 revertendo o fósforo para o aço líquido, o que é um
fenômeno extremamente prejudicial para a qualidade do aço produzido.
40 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Ferro-Silícío (Fe-Si)
O silício é três vezes menos desoxidante que o Al. A sua utilização se dá apenas em
corridas AS (desoxidada com Si) e AC (desoxidada com Si e Al) como desoxidante e fornecedor
de Si. O silício aumenta a dureza e a tenacidade do aço, evita porosidades e concorre para a
remoção de gases e óxidos do aço. É considerado um elemento purificador.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 41
5 - FERROS-LIGA
Os ferros-liga são materiais usados primordialmente para acerto da composição química
do aço
aço sendo adicionados no forno elétrico a arco ou na panela durante o vazamento. É
necessário que seu rendimento seja o mais estável possível e que possuam menor porcentagem
de impurezas. Na Tabela 5.1 apresenta-se os principais ferros-liga utilizados nos fornos elétricos a
arco com composições químicas típicas.
A primeira vista poderia parecer mais interessante se os elementos de liga fossem
adicionados no seu estado puro (grau comercial de pureza) de modo a reduzir a quantidade
mássica adicionada, simplificando assim os métodos ou instalações de adição, reduzindo o
espaço necessário para armazenamento de materiais e facilitando a dissolução e
homogeneização das ligas no aço líquido. Porém, alguns dos elementos de liga devem ser
adicionados
de na forma
liga apresentam umdeelevado
ferro-liga devido
ponto de afusão
uma no
série de fatores.
estado Por exemplo,
puro, como é o casoalguns
do Nb elementos
(2468°C),
V (1900°C), Ti (1675°C), Cr (1890°C), B (2300°C), os quais não seriam fundidos ou demandariam
um longo tempo para fundir na temperatura reinante no banho metálico no momento do
vazamento do aço do convertedor para a panela, dependendo é claro do tamanho das partículas
adicionadas.
Além disso, outros elementos apresentam um baixo ponto de ebulição, como é o caso do
P (280°C) e o S (444,6°C), sendo portanto evaporados no momento da adição no banho, podendo
causar inclusive problemas ambientais e toxicológicos. Em ambos os casos a mistura dos
elementos de liga como ferro para formar os ferros-ligas reduz o ponto de fusão ou aumenta o
ponto de ebulição, bastando para isto adequar-se a porcentagem relativa entre ferro e um ou mais
elementos de liga. A título de ilustração apresenta-se na Figura 5.1 o diagrama de fases binário
em equilíbrio Fe-V para demonstrar como a utilização deste ferro-liga permite a incorporação do
elemento de liga V ao aço.
Em algumas empresas pode-se utilizar um forno a indução para efetuar a fusão de alguns
ferros-ligas, Fe-Cr e Fe-Mn, por exemplo, para evitar um superaquecimento do aço líquido para
efetuar a fusão destes ferros-liga.
42 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Riz
Rizzo
zo
Figura 5.1 - Diagrama de fases em equilíbrio Fe-V. Os outros elementos de liga que compõem o
ferro-liga Fe-V também afetam na temperatura de fusão (provavelmente reduzindo-a), mas não
estão representados neste diagrama binário.
E.M.S.. Rizzo
E.M.S Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino
Refino do Aço 43
44 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino
Refino do Aço E.M.S. Rizzo
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 45
46 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizz
Rizzo
o
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas
Matérias-Primas para o Refino
Refino do Aço 47
6 - ADIÇÕES COMPLEMENTARES
Os principais materiais considerados como adições complementares utilizados em um
convertedor a oxigênio são listados a seguir:
- Madeira
- Coque Moído
- Escórias Sintéticas
Madeira
Utilizado in natura na fase finai do sopro de oxigênio para promover a redução do volume
da escória na panela de aço, através da promoção do desprendimento das bolhas de CO da
emulsão. Pode gerar problemas no sistema de tratamento de efluentes se a madeira for fornecida
com casca.
Coque Moído
Adicionado como recarburante na panela de aço. Isto pode ser necessário porque o teor
de carbono obtido no forno elétrico a arco pode ser menor do que o especificado, devido a
necessidade de injeção de uma quantidade de oxigênio para aquecimento da corrida através da
oxidação do carbono, através de reações químicas que geram calor formação e também para
redução do teor de fósforo no banho através da formação de P 2O5.
Escórias Sintéticas
7 - DESSILICIAÇÃO DO FERRO-GUSA
A etapa de dessiliciação pode ser efetuada no canal de corrida do alto-forno ou no
próprio carro-torpedo, através da adição de fluxantes a base de óxido de ferro. São normalmente
empregados materiais gerados na própria usina siderúrgica, como por exemplo, carepa de
laminação ou lingotamento contínuo, pós dos sistemas de desempoeiramento do alto-forno,
sinterização ou convertedor. Neste caso, o processo de dessiliciação ocorre principalmente
através da consumação da seguinte reação exotérmica:
No caso da usina siderúrgica operar com o alto-forno em condições tais que um elevado
teor de silício estiver sendo produzido, pode ser necessário realizar uma etapa de dessiliciação
em larga escala no próprio convertedor. Nesta situação, o processo de elaboração do aço é
interrompido para basculamento do convertedor e retirada da escória formada no início do sopro
de oxigênio, que devido às condições termodinâmicas reinantes, é constituída de um elevado teor
de SiO2.
No caso de usinas que operem em condições normais com um alto teor de silício, podem
ser utilizados dois convertedores, um para a realização da etapa de dessiliciação e, a seguir, o
aço líquido seria adicionado em um outro convertedor para as operações de descarburação e
correção dos outros elementos químicos. Esta opção permite uma seleção dos refratários dos
convertedores que possibilita uma redução do consumo deste importante item de custo da aciaria.
Este procedimento evita que o excesso de escória gerada, devido à produção do SiO 2 e a
necessária adição de cal para neutralização deste óxido ácido, provoquem indesejáveis projeções
de escória na boca ou na coifa do convertedor. Pelos mesmos motivos, o consumo de cal e a
deterioração do refratário do convertedor também podem ser reduzidos com a prática de dupla-
escória. A desfosforação do aço também seria prejudicada se este procedimento não for efetuado.
No caso de uma rota de produção que inclua uma etapa de desfosforação do ferro-gusa
líquido, deve-se realizar previamente o processo de dessiliciação, pois, a reação do silício com o
oxigênio é preferencial à reação do fósforo como o oxigênio 3, o que causaria uma baixa eficiência
no processo de desfosforação.
3
Na faixa de temperatura em que o ferro-gusa ou o aço est
estão
ão no estado líquido.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 51
8 - DESFOSFORAÇÃO DO FERRO-GUSA
Por outro lado, o ferro-gusa obtido utilizando-se alto-fornos a carvão vegetal apresenta
normalmente um teor mais alto de fósforo oriundo deste combustível.
A desfosforação prévia do ferro-gusa líquido antes de seu carregamento convertedor é
mais utilizada nas usinas siderúrgica japonesas, que nos anos 70 e 80 desenvolveram esses
processos com o objetivo de atender especificações mais rigorosas em termos de teor de fósforo
residual e reduzir o volume de escória nos convertedores. Usinas siderúrgicas
Como já foi dito anteriormente, no caso da desfosforação do ferro-gusa líquido no carro-
torpedo, é necessário realizar em primeiro lugar a etapa de dessiliciação do ferro-gusa, pois, a
reação do silício com o oxigênio é preferenciai à reação do fósforo como o oxigênio, o que
causaria uma baixa eficiência no processo de desfosforação. Nota-se que esta é uma situação
oposta à desfosforação do ferro-gusa ou do aço no convertedor.
A utilização de um carregamento de ferro-gusa previamente desfosforado, permite reduzir
a contaminação com fósforo no convertedor e a quantidade de oxigênio injetado pelas lanças.
Estas condições possibilitam uma maior estabilização do sopro. Além disso, não é necessário
reduzir muito o teor de carbono no final de sopro, prática corrente para atender as especificações
do teor de fósforo exigido para o aço, e que exige a adição de recarburante na etapa de
metalurgia de panela. Lembra-se que a operação de adição de recarburantes (coque moído, por
exemplo) pode levar a uma espumação da escória durante o vazamento do aço, exigindo uma
desoxidação prévia do mesmo com alumínio, aumentando os custos e a complexidade da
operação de vazamento do aço. A menor necessidade de desfosforação na operação dos
convertedores, permite redução no consumo de cal nos convertedores para valores abaixo de 20
A reação
reação p1 é altamente exotérmica. Portanto, tende a ocorr
ocorrer
er na primeira etapa do sopro,
quando as condições de baixa temperatura e elevado teor de FeO (elevado potencial de oxigênio)
na escória favorecem a reação de oxidação do P,
O pentóxido de fósforo formado tem uma reatividade muito alta, de modo que a reação
(p2) ocorre também em sentido contrário (reação reversível).
(P2O5) -» 2[P] + 5[O] (p3)
Isto corresponde à estabilização da dissolução da cal calcítica, o que faz com que a
reação de desfosforação indicada pela equação p2 seja interrompida, ou mesmo invertida, com
o aumento do teor de P do metal (refosforação).
Na terceira etapa de sopro a temperatura está mais elevada, o que em conjunto com o
aumento da oxidação da escória e da dissolução da cal, cria condições favoráveis à remoção do
fósforo, que prossegue atingindo taxas elevadas. O teor de fósforo do aço no final do sopro
dependerá, para dadas condições operacionais, da composição química da carga metálica, do
teor em ferro (FeT) da escória, do consumo de cal e da temperatura da escória.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 53
Uma alternativa para reduzir o teor de fósforo no refino primário é procurar vazar o aço
com uma baixa temperatura de final de sopro, utilizando-se as estações de refino secundário
para efetuar o aquecimento do aço necessário para a realização sem problemas da etapa de
lingotamento
lingotamento contínuo. A título de referência, alguns autores indicam que uma redução de
aproximadamente 50ºC na temperatura de fim de sopro, permite obter uma redução de fósforo em
torno de 50 ppm.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 55
9 - DESSULFURAÇÃO DO FERRO
FERRO-GU
-GUSA
SA
A presença do elemento enxofre apresenta aspectos benéficos e maléficos às
propriedades dos aços. De forma mais freqüente o enxofre4 é um elemento indesejável nos aços
por ser prejudicial às propriedades mecânicas, reduzindo os valores de tenacidade à fratura,
prejudicando a obtenção de uma determinada textura de laminação, consumindo elementos de
liga que formariam carbonetos (por exemplo, o titânio) para formar sulfetos reduzindo o limite de
escoamento, introduzindo anisotropia de propriedades mecânicas nas chapas laminadas com o
alongamento dos sulfetos de manganês na direção de laminação, requerendo a adição de
elementos que modifique a morfologia dos sulfetos formados (como por exemplo, a adição de Ca),
dificultando o processo de elaboração dos aços.
Em certos
é o aumento casos a presença
da penetração da soldadonoenxofre
caso depode
açosser benéfica. com
inoxidáveis Um primeiro
um mínimocaso
dea0,010%
ser citado
de
S, sem ultrapassar muito este valor (máximo em torno de 0,050%S) para não prejudicar a
resistência à corrosão destes aços. Uma situação mais comum do benefício da presença de
enxofre
enxo fre é o aumento d da.
a. usinabilidade dos aços, devido ao efeito de quebra dos cavacos
provocado pela presença de sulfeto de manganês (MnS).
Por maior que seja a eficiência do alto-forno, os teores obtidos de enxofre no ferro-gusa
líquido não conseguem atender os valores máximos normalmente exigidos atualmente, da ordem
de 0,015% para aços carbono e de 0,001% a 0,003% no caso de aços especiais.
4
Enxofre em latin é escrito como sulphurium e em inglês como sulfur, daí o termo dessulfuração para o
fenômeno de redução do teor deste elemento no aço.
56 Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço E.M.S. Rizzo
Observa-se a importância da presença da cal (CaO) para que a reação se processe. Esta
reação é mais provável devido ao excesso de carbono reinante no alto forno. Quanto maior for o
teor de cal mais favorecida é a realização desta reação. Entretanto, o maior teor de cal no alto-
forno demandaria o consumo de uma maior quantidade de coque para promover a fusão deste
escorificante, aumentando o custo de produção desta unidade.
5
Nas equações representando reações químicas apresentadas neste texto, os seguintes símbolos são
usualmen
usualmente
Outros te emprega
empregados:
autores
autores prefe dos:utilizar
preferem
rem < > - outra
sólido,simbologia:
( )g - gás, { solut
} - lílíquido
soluto oquido,
, ( )metálic
na fase - escór
escória,
aia,
metálica [m
e sem
se ] - sím
soluto
soluto na
símbolo
bolo ffase
paraase me
metáli
gás. tálica.
ca.
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 57
Os compostos citados são utilizados na forma de mistura com ativadores como calcário e o
coque e com aditivos aluminosos. Exemplos da formação desta mistura são apresentados na
Tabela 4.1. As misturas são elaboradas em função da disponibilidade e custo das matérias-
primas, do teor inicial e final de enxofre do ferro-gusa, do saldo de ferro-gusa disponível na aciaria
(define o tempo disponível para realização da dessulfuração) e da quantidade de escória que
pode ser gerada na etapa de dessulfuração sem comprometimento do grau de limpeza do carro-
torpedo.
O baixo preço da cal e sua farta disponibilidade em grandes siderúrgicas integradas, tem
sido o grande atrativo na sua utilização como dessulfurante. Como o teor de oxigênio no ferro-
gusa líquido é muito baixo, a reação inicial ocorre rapidamente, formando sulfeto de cálcio e
liberandoinjetado
carbono oxigênio,
na que reage
mistura com ode
(coque), carbono
acordoou silício
com dissolvidos
as seguintes no ferro-gusa líquido, além do
reações:
A baixa eficiência da mistura a base de cal, pode ser explicada pelo aumento do potencial
de oxigênio, que é liberado na reação apresentada acima. A utilização de aditivo aluminoso
aumenta a eficiência da mistura dessulfurante à base de cal, porque atua como um desoxidante
do meio. Esta desoxidação também reduz a formação de orto-silicato de cálcio, que possui alto
ponto de fusão (2130°C) e é formado
for mado na superfície
super fície dos grãos de cal,
ca l, o que reduz a eficiência
eficiên cia de
dessulfuração.
Figura 9.1 - Representação gráfica do cálculo termodinâmico da relação teórica entre o teor de
enxofre em equilíbrio no ferro-gusa líquido e a temperatura do mesmo.
Como o alumínio é um forte desoxidante, ele retira o excesso de oxigênio surgido após a
reação do CaO, evitando o oxigênio livre no ferro-gusa, deixando o Ca livre para reagir com o S.
Isto se processa através da reação:
E.M.S. Rizzo Introdução aos Processos de Preparação de Matérias-Primas para o Refino do Aço 59
Tanto na utilização do CaC2 como da Ca(CN)2 pode haver o problema da formação do gás
acetileno ou do gás cianeto, no caso de haver contato com a água, exigindo que o recebimento,
estocagem e injeção seja feito de forma isolada da atmosfera, prevendo-se inclusive a purga das
tubulações ou recipientes com o nitrogênio e o monitoramento constante do teor de acetileno. A
injeção de nitrogênio também previne a deterioração e solidificação da mistura dessulfurante. A
reação básica de formação do acetileno é:
a) Recebimento
certificar e Inspeção
se a quantidade do carro-torpedo
ferro-gusa —> No
está na faixa ideal pararecebimento do carro-torpedo
ser dessulfurado. deve-se
Se o peso de ferro-
gusa líquido no carro-torpedo estiver abaixo do limite mínimo permitido, deve-se retorná-lo ao alto-
forno e se estiver acima do limite máximo, envia-se o mesmo à aciaria ou ao pátio de emergência
para que se possa vazar uma quantidade de ferro-gusa que possibilite um nível adequado à
dessulfuração. Também deve-se certificar se o carro-torpedo está parado na posição do ângulo de
dessulfuração especificado (70s ou 110s). O nível de ferro-gusa pode ser também verificado
através da medição da distância entre o nível do ferro-gusa e o refratário da abóbada do carro-
torpedo. Verifica-se a existência e a localização de cascão na boca do carro torpedo. Se for
detectada a existência de cascão, deve-se quebrá-lo com aríete ou cortá-lo com lança de
oxigênio. Caso os procedimentos citados acima não resolvam o problema do cascão, pode-se
ainda mudar o ângulo de injeção, de forma que não haja cascão na região de imersão da lança.
através de líquido,
ferro-gusa um amostrador de a
mantendo imersão que é conectado
extremidade a uma
superior do lança, sendo
amostrador esta
fora do introduzida
ferro-gusa aténoa
conclusão da amostragem. Após um certo tempo, deve-se recolher a lança com o amostrador do
carro torpedo e retirar a amostra do interior do amostrador. Em seguida a amostra deve ser
mergulhada no interior de um tanque água corrente para o seu total resfriamento.
j) Reparo e troca de lança de injeção —• Deve-se inspecionar a lança após cada dessulfuração
para decidir se haverá reparo ou troca da mesma. Para realizar o reparo adiciona-se a massa
retratária nos pontos identificados para reparo ao longo da lança de injeção, dando o acabamento
ideal para operação. A troca da lança é realizada cortando-se a lança com problema em duas
partes, para facilitar o vazamento do ferro-gusa na panela de ferro-gusa. Após o corte é feita a
inclinação na horizontal onde é retirada a sobra da lança de injeção e instalada uma nova lança.