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Universidade de São Paulo

Escola de Engenharia de São Carlos


Introdução ao Projeto e à Manufatura - SEM0407

ROTEIRO DE FABRICAÇÃO DE UM PARAFUSO


SEXTAVADO

Arthur Gabriel Spinelli Delladona N° USP: 4741821


Felipe Queiroz Correa N° USP: 12674738
Gabriel de Souza Gagliardi N° USP: 12546593
Vinicius da Silva Neves N° USP: 12685164

São Carlos
2022
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 3
2. OBJETIVOS 4
3. ESTUDO DE MERCADO 4
3.1. DEFINIÇÃO DE VOLUME 4
4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 5
4.1. DIMENSÕES, MATERIAIS E COMPOSIÇÃO QUÍMICA 5
4.2. DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS 7
4.3. PROJETOS NO CAD 7

5. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO 8
5.1. ROTEIRO BÁSICO DE FABRICAÇÃO 9
5.2. OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS 10
5.2.1. Forjamento a quente 10
5.2.1.1. Aquecimento por indução 11
5.2.1.2. Conformação. 12
5.2.2. Usinagem 13
5.2.3. Tratamento Térmico e Normalização 14
5.2.3.1. Recozimento. 14
5.2.3.2. Normalização. 14
5.2.4. Revestimento 15
5.3. OPERAÇÕES COMPLEMENTARES 16
5.3.1. Lavagem 16
5.4. OPERAÇÕES AUXILIARES 17
5.4.1. Rebarbação 17
5.5. OPERAÇÕES DE INSPEÇÃO 17
5.6. OPERAÇÕES FINAIS DE FABRICAÇÃO 18
6. REFERÊNCIAS 20
1. INTRODUÇÃO
Neste projeto será discutido todo o roteiro de fabricação de um parafuso sextavado
voltado à construção civil, mais especificamente, pontes metálicas, envolvendo desde o
estudo de mercado, volume de produção voltado à aplicação escolhida, especificações
técnicas da peça, como dimensões, material, desempenho e desenho técnico, até os processos
de fabricação, abordando todas as operações fundamentais e secundárias relacionadas ao
processo escolhido, ou seja, o forjamento a quente.
A peça a ser fabricada, como dito anteriormente, é um parafuso sextavado, cujo nome se
dá pelo fato de sua cabeça possuir seis faces, o que proporciona um ótimo torque e garante um
alto grau de fixação ao ser apertado. Este é um dos fixadores mais empregados não apenas em
construção civil, mas também em diversas outras aplicações possíveis, como máquinas,
motores, veículos, móveis de aço, portões, entre outros. O material mais utilizado para o
parafuso sextavado é o aço carbono zincado, pois proporciona alta resistência mecânica e à
corrosão, mas podem ser empregados diversos tipos de aços carbono, aços inox e aços liga
[1].
Os processos de produção destes parafusos, por sua vez, seguem as tendências da 4°
Revolução Industrial, a Indústria 4.0, sendo cadeias produtivas integradas através da troca de
dados, automação e aplicação de Internet das Coisas (IoT), sistemas ciber-físicos e
computação em Nuvem. Dentro deste complexo sistema de produção, ferramentas
computacionais mostram-se cada vez mais fundamentais para uma maior eficiência e
produtividade, otimizando o planejamento, os cálculos, o desenho da peça e o controle do
processo, como o CAPP (Planejamento do Processo Assistido por Computador), CAM
(Manufatura Assistida por Computador), CAD (Design Assistido por Computador) e CAE
(Engenharia Assistida por Computador).
2. OBJETIVOS
Este projeto visa estudar e descrever detalhadamente o roteiro de fabricação de um
parafuso sextavado de aplicação em estruturas de construção civil, cujo processo de
manufatura é o forjamento a quente. Será apresentado o estudo de mercado, apontando uma
aproximação para o volume de produção anual para a aplicação; o desenho da peça 2D e 3D
em CAD seguido das especificações técnicas, tais como as dimensões, propriedades
mecânicas e composição do material utilizado. Por fim, é detalhado o processo de fabricação
do parafuso, desde as operações fundamentais, como o próprio forjamento a quente, até
operações secundárias, como lavagem e secagem das peças.

3. ESTUDO DE MERCADO
Para o desenvolvimento deste roteiro de fabricação, tomando como critério de escolha
para a aplicação as dimensões da peça, foi escolhido fazer o parafuso estrutural voltado a
pontes de aço segundo a norma ASTM F3125- classe A490.

3.1. DEFINIÇÃO DE VOLUME


Com base nas pesquisas, constata-se que cerca de 1,2 milhão de moradias são
construídas todos os anos. Já que, em média, precisamos de 200 parafusos estruturais de alta
carga por estrutura, a produção anual é de 264 milhões de parafusos, considerando um
aumento de 10% na produção, para eventuais contratempos e imprevistos ao longo da
produção. Tais dados, apesar de não serem diretamente referentes a parafusos destinados
exclusivamente a estruturas de pontes metálicas, são relevantes, uma vez que, além de serem
aplicados para pontes, também podem ser aproveitados para estruturas de construção civil no
geral, como em vigas de aço, já que para ambas aplicações, o padrão de certificação
internacional segue a mesma normalização. Portanto, para essa demanda, é necessário um
modelo de fabricação em série, que se caracteriza por produtos padronizados e por linhas de
montagem.
4. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
As especificações técnicas do parafuso a ser produzido pelo roteiro e operações de
fabricação planejadas, baseiam-se na aplicação almejada a ele, no caso em estruturas de
construção civil, mais especificamente para pontes metálicas, em que parafusos voltados a
esse ramo tem como base a norma ASTM F3125. Tal norma, diz respeito aos requisitos
químicos, mecânicos e físicos para parafusos sextavados estruturais fabricados de aço e ligas
de aço em duas grades, estilos e tipos. Dessa forma, por a aplicação desejada ser pontes
metálicas, a grade trabalhada será a A490, do tipo 3 e estilo de cabeça sextavada, ou seja, o
código final previsto para o parafuso sextavado a ser fabricado é: ASTM F3125-classe
A490-3. Nas subseções seguintes serão apresentadas as dimensões, o material e composição
química, o desempenho mecânico e os desenhos em CAD do parafuso desejado, tudo em
conformidade com a norma supracitada.

4.1. DIMENSÕES, MATERIAIS E COMPOSIÇÃO QUÍMICA


A norma de especificação F3125- classe A490 prevê parafusos cujos diâmetros podem
variar de 1/2" a 1-1/2", em que o tamanho do mesmo interfere diretamente em suas
características mecânicas. Para o presente trabalho, foi escolhido produzir-se parafusos com
diâmetro de 7/8", os quais possuem as seguintes exigências dimensionais previstas na norma:

Diâmetro do Distância entre Distância entre Espessura da Tamanho


Diâmetro do Corpo os lados os vértices cabeça parte roscada
parafuso
Máx. Máx. Mín. Máx. Mín. Máx. Mín. Básico

7/8 0.895 1.438 1.394 1.660 1.589 0.563 0.531 1.50

Tabela 1. Dimensões requeridas para o parafuso. Tabela adaptada e com dados todos em polegadas. Fonte:
https://www.precisionbolts.net/astm-f3125-a490/#:~:text=The%20ASTM%20A490%20specification%20cover,l
engths%20than%20standard%20hex%20bolts

Já para o material dele, será utilizado o aço corten (“weathering steel”), o qual é um
subtipo do aço patinável. Tal aço, também enquadrado como um aço de baixa liga, possui
baixo teor de carbono (~0,20% em peso) e um acréscimo de outros elementos em sua
composição, tais quais Cu, Cr, Ni e Mo, que somados não passam de 3 a 5% do peso do
material [2]. Esse material destaca-se por possuir superior resistência à corrosão em
comparação aos aço carbono, em que tal característica é devido a formação, em atmosferas
pouco agressivas, de uma camada de óxido densa e altamente aderente sobre a superfície do
metal, a qual é conhecida como pátina, e atua reduzindo a penetração de umidade, oxigênio e
outros agentes contaminantes [4]. A pátina, além de prover boas propriedades anticorrosivas,
também possui capacidades auto regenerativas [3]. Dessa forma, graças a essa camada de
óxido protetora, o uso de tal material é de grande valia em aplicações estruturais,
principalmente para pontes de aço, as quais estão muitas vezes sujeitas a atmosferas marinhas,
altamente corrosivas e de baixo PH em decorrência da presença de moléculas de ácido
clorídrico e cloreto de sódio dissolvidas em gotículas de água carregadas pelo vento. Para
além, a pátina também confere uma outra vantagem, a não necessidade de pintar-se a
estrutura, já que o óxido formado possui coloração atraente e é altamente aderente, reduzindo
custos e tempo de trabalho [4].
A composição química do parafuso sextavado a ser trabalhado, está expressa na tabela 2
abaixo.
Percentual na
Elemento
composição do aço

Carbono 0.30 - 0.53 máx

Manganês 0.60 min

Fósforo 0.035 máx

Enxofre 0.040 máx

Cobre 0.20 - 0.60 máx

*Níquel 0.20 min

Cromo 0.45 min

*Molibdênio 0.10 min

Tabela 2. Composição química do aço corten segundo a norma


ASTM F3125-classe A490-3. Fonte: Os autores.
*Elementos cujas composições devem ser estritamente
seguidas.
4.2. DESEMPENHO E CARACTERÍSTICAS MECÂNICAS
Dentre os requisitos mecânicos exigidos pela norma ressalta-se a tensão de ruptura, o
limite de escoamento, e também outras propriedades relacionadas a ductilidade do material,
como o alongamento e a redução de área da seção transversal verificada antes da ruptura total
do material, em que tais características são essenciais a ele, inclusive para que seja possível
forjar o parafuso. O detalhamento de tais características estão presentes na tabela 3 abaixo.

Tensão de Limite de Dureza


Alongamento Redução de
ruptura escoamento
(% mín) Área ( % mín) Brinell Rockwell
(GPa) (MPa mín)
HB HRC

1,034-1,192 896 14 40 311-352 33-38

Tabela 3. Requisitos mecânicos do parafuso sextavado segundo a norma F3125- Grade A490- 3.

4.3. PROJETOS NO CAD


Um recurso essencial na Indústria 4.0 é o CAD, ou seja, sistemas computacionais
utilizados pela engenharia para facilitar e acelerar o desenvolvimento do projeto e desenho
técnico. Para elaborar o projeto e desenho do parafuso sextavado, foi empregado o Solid Edge
2021, um software CAD para modelagem sólida em 2D e 3D. Este software também funciona
como CAE, ao simular o funcionamento da peça, apontando possíveis falhas e solicitações.
Assim foram criados os seguintes desenhos, com as devidas dimensões associadas:

Figura 1. Desenho 3D do parafuso a ser fabricado.

Fonte: Os autores.
Figura 2. Vistas 2D do parafuso a ser produzido

Fonte: Os autores.

5. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO

Processo de fabricação é a atividade de construir uma peça de formato e dimensões


desejadas ao projeto. Estes processos podem ser divididos em:
● Processos de fabricação por conformação mecânica: quando não há formação de
cavaco e a peça atinge seu formato desejado pela constante deformação plástica a qual
é submetida durante o processo. Exemplos: Forjamento a frio e a quente, extrusão,
laminação, trefilação, entre outros.
● Processos de fabricação por usinagem: quando há formação de cavaco e a peça
alcança o formato desejado através da remoção sequencial de material da peça
original, normalmente cilíndrica. Exemplos: torneamento, retificação, fresamento,
rosqueamento, polimento, entre outros.
No caso da fabricação deste parafuso sextavado será estudado a aplicação do processo
de fabricação por forjamento a quente. O forjamento a quente baseia-se na aplicação de forças
compressivas sobre uma peça de trabalho a fim de moldá-la em temperaturas altíssimas,
acima da temperatura de recristalização do metal, podendo atingir 1150°C para aços. O
mesmo destaca-se por conferir maior ductilidade às peças, além de ser um processo mais
flexível que o forjamento a frio quanto à modelagem do produto final. O conceito básico é
que a peça metálica original seja deformada plasticamente conferindo maior resistência a
fadiga e dureza.
5.1. ROTEIRO BÁSICO DE FABRICAÇÃO
O roteiro básico de fabricação, assim como o nome sugere, fornece uma visão geral e
simplificada do processo de fabricação do qual a matéria-prima inicial irá ser submetida até
tornar-se no produto final. Para o presente trabalho, tal roteiro encontra-se na figura 3.
Figura 3. Roteiro básico de fabricação de um parafuso sextavado.

Fonte: Os autores.
5.2. OPERAÇÕES FUNDAMENTAIS
As operações fundamentais são aquelas indispensáveis ao processo de fabricação, ou
seja, em sua ausência o projeto não pode ser concluído. Para o presente projeto, enquadram-se
as operações descritas nas subseções seguintes.
5.2.1. Forjamento a quente
O forjamento a quente é um processo de manufatura que envolve a moldagem de metais
acima de sua temperatura de recristalização pela aplicação de forças compressivas aplicadas
por martelos, prensas ou moldes. Para a produção dos parafusos sextavados, é empregada uma
máquina chamada “Upsetter”, um equipamento de forjamento, parecido com a prensa
mecânica que, no entanto, aplica a principal energia de conformação horizontalmente na barra
posicionada, ao invés da vertical como nas prensas tradicionais, em que no processo a barra a
ser conformada é mantida presa por ação de matrizes de aperto [5].

Figura 4. Upsetter, máquina de forjamento horizontal.


Fonte:https://www.trueforge.com/View/5-National-Upsetter-with-320kW-P
illar-Induction-Heating-System-Re24872.

A Upsetter apresentada na imagem e usada de referência para o forjamento do


parafuso é a National 24872. Este modelo é capaz de aplicar uma força correspondente a 998
toneladas sobre a cabeça do parafuso ao modelá-lo. Outras propriedades dessa máquina são
mostradas na tabela 4 abaixo.

Força de Abertura Toneladas de N° de


Diâmetro Fabricante
Forjamento máx Aderência referência

127 mm National 998 toneladas 178 mm 499 toneladas 24872


Tabela 4. Principais especificações técnicas da máquina de forjamento a quente Upsetter Nacional
24882.
Fonte:https://www.trueforge.com/View/5-National-Upsetter-with-320kW-Pillar-Induction-Heating-Sy
stem-Re24872.
5.2.1.1. Aquecimento por indução
O processo de aquecimento por indução trata-se de um aquecimento sem contato, no
qual utiliza-se de princípios eletromagnéticos para aquecer-se controladamente o material até
uma dada temperatura desejada. Nele, por meio de um forte campo magnético alternado,
induz-se uma corrente na superfície do material condutor, aquecendo-o por meio do efeito
Joule [6]. Dessa forma, esse é o primeiro passo do forjamento a quente, em que para o
presente projeto a extremidade da barra cilíndrica da matéria prima inicial (aço corten) será
aquecida até 1150 ºC, garantindo assim, boa maleabilidade para os seguintes processos de
conformação e estampagem. Na figura 5, tem-se um exemplo de uma máquina de calor
induzido, a qual é de fabricação indiana e convertendo-se para o real, possui um preço
aproximado de 5500 reais. Já na figura 6, encontra-se uma imagem de um parafuso tendo sua
extremidade aquecida por uma máquina desse tipo.
Figura 5. Exemplo de máquina de aquecimento induzido.

Fonte: https://www.indiamart.com/proddetail/induction-heating-machine-15961802688.html
Figura 6. Aquecimento da extremidade da barra.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=PcUEN5yr10Q&ab_channel=PortlandBolt.
5.2.1.2. Conformação.
Uma vez aquecida pela bobina indutora, a extremidade da barra é posicionada na
entrada da Upsetter, onde a barra é presa por blocos fixadores. Em seguida, um pistão avança
e comprime a extremidade aquecida deformando-a plasticamente e remodelando o volume de
material inserido na entrada da máquina para o tipo de cabeça escolhida, no caso, sextavada.

Figuras 7 e 8 . Conformação e estampagem da cabeça do parafuso, respectivamente, em que o pistão debaixo é


responsável por dar o formato de cabeça desejada, enquanto o de cima atua na estampagem do parafuso. Fonte:
https://www.youtube.com/watch?v=PcUEN5yr10Q&ab_channel=PortlandBolt.

Figura 9. Resultado do forjamento a quente na Upsetter.


Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=PcUEN5yr10Q&ab_channel=PortlandBolt.
5.2.2. Usinagem
5.2.2.1. Torneamento
O processo de torneamento pode ser definido como um processo de geração de perfis
arredondados e cilíndricos por meio da passagem de uma aresta de corte, em que a peça
permanece em rotação contínua enquanto a ferramenta é mantida estacionária. Nisso, diversas
são as operações possíveis de se realizar no torno, tais quais: faceamento e torneamento
longitudinal, em que ao variar a operação pretendida, altera-se o ferramental, os dados de
corte e a operação, deixando-a mais específica e eficiente [7]. No presente projeto, o torno
será responsável por produzir a parte roscada do parafuso. Algumas especificações gerais do
processo de usinagem estão expressas abaixo:
● Tipo de pastilha: O tipo de pastilha escolhida foi a de metal duro e perfil completo. A
mesma possui vantagens como: assegurar a profundidade de corte, não necessidade de
rebarbar o perfil da rosca, propiciar desempenho de rosqueamento produtivo, enquanto
sua principal desvantagem consiste na necessidade de haver uma pastilha diferente para
cada passo e perfil de parafuso. Entretanto, por a produção do parafuso em questão ser
em massa, tal desvantagem é contornada pelo alto volume de produção de um mesmo
perfil em específico de parafuso [7].

Figura 10. Ilustração de uma pastilha de perfil completo.


Fonte:https://www.sandvik.coromant.com/pt-pt/knowledge/threading/thread-turning/how-to-choose-threa
d-turning-insert-and-shim

● Geometria da pastilha: A geometria da pastilha também consiste em um importante


parâmetro de torneamento, em que a mesma influencia diretamente em aspectos como
desgaste da pastilha, controle de cavaco e qualidade da rosca. Dessa forma, a geometria
escolhida foi a geometria de quebra cavaco, a qual possui uso designado a materiais
com cavaco longo, como aços liga e baixo carbono, o qual é o caso do aço corten. Para
além, tal geometria também propicia uma usinagem contínua e sem monitoramento, o
que aumenta a produtividade do processo [7].
5.2.3. Tratamento Térmico e Normalização
As peças forjadas são submetidas a tratamentos térmicos posteriores com as seguintes
finalidades: remoção das tensões internas introduzidas durante o forjamento e o esfriamento
do forjado, homogeneização da estrutura da peça forjada e melhoria de sua usinabilidade e de
suas propriedades mecânicas.
Os principais tratamentos térmicos empregados em produtos de aços forjados são o
recozimento e a normalização.
5.2.3.1. Recozimento.
O processo de recozimento consiste no aquecimento de um aço a uma temperatura
entre 550 °C a 650 °C, variando de acordo com sua porcentagem de carbono, seguido de um
lento resfriamento ao ar ou no forno. O recozimento permite refinar o grão e eliminar tensões
internas durante o processamento a quente do aço, provocando amolecimento.
Consequentemente, algumas das propriedades mecânicas e também a usinabilidade do aço
forjado são melhoradas, em desfavorecimento da dureza do mesmo.
5.2.3.2. Normalização.
A normalização, por sua vez, consiste no aquecimento do aço forjado em um forno,
assim como no recozimento, seguido por resfriamento ao ar livre. Dessa forma se obtém uma
estrutura refinada em grau bem maior que a obtida no recozimento. As propriedades
mecânicas também são melhoradas e as tensões internas removidas.
Para o parafuso sextavado em questão, por a composição de carbono na microestrutura
do material estar entre 0,30 e 0,51, a faixa de temperaturas indicadas para a normalização é
entre 810 e 850 ºC, já que trata-se de um aço hipoeutetóide, no qual sugere-se que a
normalização ocorra em 30 ºC acima da linha A3 do diagrama Fe-C. Um diagrama
esquemático que ilustra tal tomada de decisão referente a temperatura de normalização está
expresso na figura 11.
Figura 11. Diagrama Fe-C com referência para temperaturas de diferentes
tratamentos térmicos.
Fonte: https://slideplayer.com.br/slide/10409665/.

5.2.4. Revestimento
O processo de revestimento é um processo do qual as peças são submetidas a um
tratamento de revestimento, para que tenham maior resistência à corrosão e,
consequentemente, maior durabilidade no seu uso, tal processo é importante para esse projeto,
pois para o caso de pontes, muitas vezes as mesmas são utilizadas para tracer-se trajetos
acima de regiões marítimas, cuja atmosfera é altamente corrosiva. Segundo a norma ASTM
F1136, o revestimento do parafuso pode ser feito através de algumas formas principais,
porém, para fins deste projeto, utilizar-se-á o processo de revestimento por dip-spin, no qual o
parafuso é revestido por meio de uma máquina (dip-spin coating machine), a qual é
apresentada na figura 12. Além disso, utiliza-se, também, o zinco e o alumínio para melhor
revestir o parafuso, pensando nas propriedades anticorrosivas ditas anteriormente. De acordo
com a norma ASTM F3125, um dos únicos tipos de revestimento permitidos para o parafuso
desejado é o de Zinco/Alumínio de Grade 3, sendo essa uma grade que confere maior
proteção contra corrosão que a Grade 2, conforme descrito pela norma ASTM F1136,
estando suas principais características expressas na tabela 5.
Figura 12. Dip-spin coating machine.
Fonte: http://www.ronci.com/pages/Home.cfm.

Revestimento Espessura média Peso médio do Horas mínimas Horas mínimas


superior do revestimento revestimento de SST (h) de SST (h)
(mil) (g/m²) (Cromo) (Sem cromo)

Selante 0,24 a 0,47 22 a 34 1000 720


transparente
Tabela 5. Propriedades do revestimento e SST-Salt Spray Test.
Fonte: Norma ASTM F1136.

5.3. OPERAÇÕES COMPLEMENTARES


As operações complementares são aquelas executadas em decorrência das operações
fundamentais, ou como resultado ou como requisito da aplicação destas durante a manufatura
do parafuso. São elas:
5.3.1. Lavagem
Lavagem é uma operação que é empregada nos seguintes casos específicos:
● Antes do acabamento final dos dentes de engrenagem, através do processo de
rasqueteamento rotativo (shaving), com o objetivo de eliminar cavacos e corpos
estranhos que possam danificar os dentes a serem acabados.
● Antes da entrada da peça para o tratamento térmico, por conta da alteração provocada
pelo óleo de corte na atmosfera carburante do forno, com diminuição ou eliminação da
camada cementada em aços de baixo carbono.
● Após a finalização da peça, a lavagem é utilizada para armazenagem ou montagem. Já
em peças de aço ou ferro fundido, também é realizado um “banho” de óleo
antioxidante.
5.3.2. Decapagem - Jateamento
Jateamento é um processo empregado na limpeza de superfícies, retirando qualquer
camada de impureza, como cascas de fundição, poeiras, tintas, entre outros, evitando a
oxidação nas peças ou preparando a superfície. É semelhante ao uso de lixa para polir uma
superfície, mas o uso de um jato de areia garante mais uniformidade e resistência.

5.3.3. Estampagem / marcação da peça.


Na Upsetter, uma segunda posição nas barras fixadoras é usada para estampar a cabeça
do parafuso com o logo da fábrica e o código correspondente ao material e dimensões da
peça. Esta operação pode ser vista na figura 8, em que para o caso desse projeto deve ser
estampada a codificação A490-S, conforme previsto na norma ASTM F3125 .

5.4. OPERAÇÕES AUXILIARES


As operações auxiliares são aquelas usadas para aprimorar, corrigir, ou possibilitar
uma melhor aplicação das operações fundamentais, não sendo de crucial importância para o
processo de fabricação. Para o caso do deste projeto estará presente a:
5.4.1. Rebarbação
Rebarbação é o processo empregado para a remoção do excesso de material decorrente
do forjamento da peça, melhorando e aprimorando o acabamento. É realizado pela
rebarbadora e corrige possíveis falhas resultantes do processo.

5.5. OPERAÇÕES DE INSPEÇÃO


As operações de inspeção são aquelas realizadas a fim de verificar a qualidade das
peças em fases importantes do processo, como antes do tratamento térmico, após o tratamento
térmico, inspeção final e teste estrutural do parafuso.
Para esse projeto:
● Verificação de descontinuidades internas e superficiais, por meio de ensaio por
ultra-som, método não destrutivo no qual um feixe sônico de alta freqüência é
introduzido no material a ser inspecionado com o objetivo de detectar
descontinuidades internas e superficiais
Figura 13. Ensaio de ultrassom no parafuso

● Inspeção final após a peça pronta, feita por inspeção magnética, na qual os parafusos
são atraídos por cada resíduo que estiver no parafuso (seja em rachaduras ou trincas),
com o auxílio de uma sonda circular, como na figura abaixo.

Figura 14. Sonda circular

5.6. OPERAÇÕES FINAIS DE FABRICAÇÃO


Explicadas todas as etapas e operações dentro do processo de fabricação de um
parafuso sextavado, desde a preparação da peça para o forjamento até a inspeção final, foi
possível criar uma tabela descrevendo o roteiro completo de fabricação ordenando as etapas e
classificando-as de acordo com seus tipos de operação. A tabela resultante é apresentada
abaixo:

Ordem Tipo de Operação Processo Máquina

10 F Aquecimento por indução Máquina de aquecimento


induzido

20 F Forjamento a quente Upsetter

30 C Marcação da peça Upsetter

40 F Usinagem e fabricação do Torno mecânico


corpo roscado

50 I Inspeção de descontinuidades Leitor de ultrassom


internas e superficiais

60 F Recozimento e Normalização Forno Industrial

70 A Rebarbação Rebarbadora

80 C Lavagem Lavadora

90 C Revestimento Dip-spin coating machine

100 C Jateamento Máquina de jateamento de


areia

110 I Inspeção final Sonda circular

120 C Lavagem final/ passagem de


Lavadora
óleo antioxidante
Tabela 6. Roteiro de Fabricação.
6. REFERÊNCIAS
[1] CASA DOS PARAFUSOS FRANCA. Parafusos: Sextavado. [S. l.]. Disponível em:
https://www.casadosparafusosfranca.com.br/fixadores/parafusos/sextavado. Acesso em: 14
dez. 2022.
[2] T. Murata. Weathering Steel. R.W. Revie (Ed.), Uhlig’s Corrosion Handbook, J. Wiley &
Sons, New York (2000).
[3] M. Morcillo, B. Chico, I. Díaz, H. Cano, D. de la Fuente, Atmospheric corrosion data of
weathering steels. A review, Corrosion Science, Volume 77, 2013, Pages 6-24, ISSN
0010-938X, https://doi.org/10.1016/j.corsci.2013.08.021.
[4] Assessment of weathering steel bridge performance in Iowa and development of
inspection and maintenance techniques. 2013-02-01. Disponível em:
https://rosap.ntl.bts.gov/view/dot/26348
[5] TRENTON FORGING. Forging machine (upsetter or header). [S. l.]. Disponível em:
https://trentonforging.com/glossary/forging-machine-upsetter-or-header/. Acesso em: 14 dez.
2022.
[6] Lozinskii, Mikhail Grigorevich (1969), Industrial Applications of Induction Heating,
Pergamon Press, ISBN 0-08-011586-1.
[7] SANDVIK COROMANT. Torneamento Geral. [S. l.]. Disponível em:
https://www.sandvik.coromant.com/pt-pt/knowledge/general-turning. Acesso em: 15 dez.
2022.
[8] Santos, Altair, Brasil precisa construir 1,2 milhão de moradias por ano,
<https://www.cimentoitambe.com.br/massa-cinzenta/brasil-precisa-construir-12-milhao-de-m
oradias-por-ano/>

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