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Orivaldo Savassi
SGS – Minnovex
unit 6 1140 Sheppard Ave West - M3K 2A2
orivaldo.savassi@sgs.com
RESUMO
FLEET é um simulador para flotação desenvolvido pela SGS-Minnovex com o apoio de sete das maiores
empresas de mineração do mundo, entre elas a CVRD. O simulador inclui modelos para células mecânicas e
colunas de flotação. Um ensaio padrão em bancada, denominado MFT, é realizado com o objetivo de levantar
os parâmetros cinéticos de flotação. As propriedades do minério (teor, distribuição granulométrica,
parâmetros cinéticos, etc) e as propriedades do equipamento (volume, geometria, condições operacionais, etc)
são alimentadas ao simulador, que, uma vez calibrado, é capaz de simular os resultados de recuperação
metalúrgica e teor de concentrado sob diferentes condições operacionais e circuitos de flotação. Serão
apresentados os resultados da campanha de amostragem do circuito de flotação do Sossego, incluindo balanço
de massa da planta, resultados dos testes de bancada utilizados para calibração do simulador FLEET, bem
como um estudo de simulação para otimização do circuito.
1. INTRODUÇÃO
FLEET é um simulador para flotação desenvolvido pela SGS-Minnovex com o apoio de sete das maiores
empresas de mineração do mundo, entre elas a CVRD. O simulador inclui modelos para células mecânicas e
colunas de flotação.
A CVRD escolheu a planta do Sossego para a campanha de Benchmark do Fleet. O objetivo principal desse
trabalho foi prover uma avaliação detalhada do desempenho metalúrgico da flotação do Sossego, visando
otimizar a configuração do circuito. Em termos específicos, este objetivo se traduz em:
As amostragens do circuito foram realizadas no período entre 28 de Abril e 06 de Junho de 2005. Os dados
metalúrgicos coletados durante as campanhas de amostragem (vazão mássica da alimentação, percentagem de
sólidos e teores dos principais fluxos do circuito) foram balanceados utilizando-se o programa Bilmat.
O teste padrão de bancada MFT permite a medida de parâmetros cinéticos por meio de flotação em
laboratório. Após a realização do MFT, uma metodologia de cálculo baseada em modelos fenomenológicos é
utilizada para a análise dos resultados, incluindo: a) balanço de massa de teores globais; b) balanço de massa
de teores por faixa; c) reconciliação dos teores globais e por faixa; d) ajuste da distribuição de cada mineral de
acordo com o modelo de Rosin-Rammler; e) estimativa do grau de arraste mecânico durante o teste; f)
estimativa dos paramêtros cinéticos; g) estimativa do efeito de mudanças na granulometria sobre os
parâmetros cinéticos.
O objetivo da calibração do Fleet é obter o valor dos parâmetros que representem o desempenho metalúrgico
do circuito de flotação do Sossego durante a amostragem. Os estudos de simulação visaram o melhoramento
do desempenho metalúrgico do circuito de flotação do Sossego.
2. PLANTA DO SOSSEGO
A planta industrial do Sossego entrou em operação em Junho de 2004. Localiza-se ao norte do Brasil, no
estado do Pará. É a única usina de beneficiamento de cobre da CVRD e caracteriza-se pela utilização de um
circuito típico de concentração de minérios de cobre.
A Tabela II apresenta as dosagens dos coletores (amil xantato de potássio - A350 e ester xântico - A3320) e
espumantes (MIBC e álcool poliglicólico – A65) utilizados durante as amostragens. As dosagens se referem
aos reagentes puros, exceto para o xantato, o qual era diluído a 20%. Os valores para o rougher incluem
adição na alimentação bem como adição nos moinhos de bolas e adição estagiada. Não houve diferença
significativa nas dosagens médias entre os minérios de super alto e alto teor.
XXII ENTMME / VII MSHMT – Ouro Preto-MG, novembro 2007.
Rougher Cleaner
Amostragem Data
A350 A3302 A65 MIBC A3302
S1 29-04-05 5 17 6 8 5
S2 02-05-05 15 15 16 17 15
S3 03-05-05 3 10 15 15 3
S4 04-05-05 5 10 13 14 5
S5 05-05-05 12 30 18 18 12
S6 06-05-05 18 30 22 22 18
Media (S1 e S2) 10 16 11 12 0
Media (S3, S4 e S6) 9 17 17 17 2
Durante as amostragens foram ainda reportadas as condições operacionais das células de flotação, tais como:
vazão de ar, altura da camada de espuma e vazão da água de lavagem, no caso das colunas. Essas informações
foram adicionadas ao Fleet.
Os teores de calcopirita, óxido de ferro e do restante da ganga podem então ser calculados a partir dos teores
de Cu e Fe medidos experimentalmente:
100
Calcopirita % = ⋅ Cu %
34.7
100 30.5
FeOx % = ⋅ Fe% - ⋅ Calcopirita %
71 100
A simplicidade deste modelo permite o cálculo dos teores minerais sem a necessidade de métodos de medida
mais sofisticados.
mineralógico. Esta metodologia garante o balanço da ganga não sulfetada, NSG, o que não ocorreria
necessariamente se os teores metálicos fossem balanceados diretamente.
A Figura 2 apresenta os resultado do balanço de massa dos teores minerais. Cada ponto no gráfico representa
um teor em um determinado fluxo durante uma determinada amostragem (162 teores minerais no total). Estes
resultados evidenciam a qualidade dos dados experimentais, uma vez que o balanço de massa resultou em
mínima alteração nos teores minerais.
100
Minerais
80
40
Calcopirita %
20
FeOx %
NSG %
0
0 20 40 60 80 100
É importante enfatizar que, no caso da flotação do Sossego, mesmo um pequeno acréscimo na recuperação de
FeOX e NSG tem um forte impacto sobre o teor do concentrado final. Por exemplo, na amostragem S3
apresentada na Figura 3, uma recuperação de pouco mais de 1% destes minerais de ganga foi suficiente para
baixar o teor de cobre no concentrado final para 26,7% em comparação com o teor máximo teórico de 34,7 %.
Quatro concentrados individuais foram coletados após 30 sec, 2 min, 10 min and 18 min de flotação (tempo
cumulativo). As amostras da alimentação, concentrado combinado e rejeito foram divididas em quatro faixas
granulométricas (-53, -75+53, -212+75 e +212 µm) de modo a obter os teores de Cu, Fe e S por faixa. O nível
da polpa na célula foi mantido por adição de água de processo.
A tabela III apresenta os paramêtros cinéticos estimados para a alimentação do rougher. Os minerais de ganga
(óxido de ferro e NSG) no minério de super alto teor apresentam maior Rmax do que no minério de alto teor
(amostragens S3 a S6). Isso se deve ao fato de que a ganga recuperada por flotação real não o faz diretamente,
mas sim por meio de partículas mistas com a calcopirita. Neste caso, para um mesmo P80 e mesma dosagem
de coletor (Tabela II), quanto maior o teor de cobre na alimentação, maior a quantidade de partículas mistas e
maior o Rmax da ganga.
Alimentação do Rougher
Calcopirita FeOX NSG
Amostragem Data P80
Rmax Kavg Alpha Rmax Kavg Alpha Rmax Kavg Alpha
S1 29-04-05 109 97.7 2.4 2.1 1.6 0.3 10 2.1 0.2 10
S2 02-05-05 83 97.9 3.6 3.9 1.8 0.3 10 2.8 0.2 10
S3 03-05-05 86 98.3 3.6 3.9 0.8 0.4 10 1.4 0.3 10
S4 04-05-05 87 98.5 3.7 4.1 0.6 0.3 10 1.2 0.2 10
S5 05-05-05 123 98.3 4.0 4.5 1.3 0.3 10 1.8 0.2 10
S6 06-05-05 88 98.8 4.4 5.5 0.9 0.4 10 1.6 0.3 10
Media (S1 e S2) 96 97.8 3.0 3.0 1.7 0.3 10 2.4 0.2 10
Media (S3, S4 e S6) 87 98.5 3.9 4.5 0.7 0.3 10 1.4 0.3 10
A Tabela IV apresenta os paramêtros cinéticos estimados para a alimentação das colunas. Infelizmente, o erro
experimental nos dados do MFT da amostragem S1 impediu um balanço de massa confiável, sendo portanto
os dados daquele MFT descartados. Nos demais testes os valores Rmax e Kavg da ganga nas amostras da
alimentação das colunas é muito maior do que nas amostras da alimentação do rougher. Isto se deve ao fato
da ganga ser proveniente dos concentrados do rougher e do cleaner scavenger, após a maior parte das
partículas hidrofílicas terem sido eliminadas no rejeito daqueles bancos. Os paramêtros apresentados na
Tabela IV foram utilizados para a calibração do modelo modificador, de modo a representar a cinética média
da alimentação das colunas.
Alimentação do Cleaner
Calcopirita FeOX NSG
Amostragem Data P80
Rmax Kavg Alpha Rmax Kavg Alpha Rmax Kavg Alpha
S1 29-04-05 NA NA NA NA NA NA NA NA NA NA
S2 02-05-05 26 99.6 2.1 10 24.5 1.4 10 10.4 0.5 10
S3 03-05-05 43 99.6 2.5 10 51.9 1.4 10 55.0 0.9 10
S4 04-05-05 32 99.7 1.9 10 37.0 0.7 10 38.9 0.6 10
S5 05-05-05 38 99.5 1.8 10 38.4 0.6 10 28.8 0.4 10
S6 06-05-05 39 99.6 3.0 10 30.7 1.3 10 32.1 0.9 10
Nominal (S1 e S2) 26 99.6 2.1 10 24.5 1.4 10 10.4 0.5 10
Media (S3, S4 e S6) 38 99.6 2.5 10 39.9 1.1 10 42.0 0.8 10
Tabela V – Teores metálicos na alimentação do circuito de flotação e nos concentrados rougher, cleaner e
cleaner scavenger
CuT % Fe% S%
Amostragem Data Alim Conc Conc Conc Alim Conc Conc Conc Alim Conc Conc Conc
Planta Rgh Scav Col Planta Rgh Scav Col Planta Rgh Scav Col
S1 29-04-05 2.94 24.7 14.8 33.3 15.0 25.0 18.6 29.4 2.96 24.8 14.9 33.5
S2 02-05-05 3.08 19.9 11.5 28.9 19.5 24.1 16.8 28.7 3.09 20.1 11.5 29.0
S3 03-05-05 1.44 21.5 5.3 26.6 21.7 24.8 13.8 27.6 1.45 21.6 5.3 26.8
S4 04-05-05 1.76 23.0 15.2 29.5 20.7 26.5 20.8 29.5 1.77 23.1 15.3 29.7
S5 05-05-05 1.92 21.4 17.4 30.5 14.5 22.4 22.6 29.0 1.94 21.5 17.5 30.7
S6 06-05-05 1.53 19.1 8.3 29.6 17.7 23.9 16.3 29.8 1.54 19.2 8.4 29.8
Media (S1 e S2) 3.01 22.3 13.2 31.1 31.1 24.6 17.7 29.0 29.0 22.4 31.3 31.3
Media (S3, S4 e S6) 1.58 21.2 9.57 28.6 28.6 25.1 17.0 29.0 29.0 21.3 28.8 28.8
Apenas uma pequena parte do ferro no concentrado está associada aos óxidos de ferro, o restante advém da
calcopirita. Por essa razão é também conveniente apresentar os teores minerais como na Tabela VI, a qual
mostra que o minério de alto teor continha uma quantidade significativamente maior de óxido de ferro na
alimentação (26,6% contra 20,9% do minério de super alto teor) e, conseqüentemente, um maior teor de óxido
de ferro no concentrado final (5,5% contra 2,5% do minério de super alto teor). O teor da ganga não sulfetada
no concentrado final é também significativamente maior para o minério de alto teor (12% contra 7,9%).
A Tabela VII mostra a recuperação dos vários minerais, total na planta e por estágio. A recuperação média da
calcopirita na planta foi de 95,6% para o minério de super alto teor e de 94,7% para o minério de alto teor,
enquanto que a recuperação dos minerais de ganga foi de cerca de 1% apenas nos dois casos. Entretanto,
mesmo um pequeno valor para a recuperação da ganga tem um forte impacto no teor do concentrado final,
devido ao simples fato de mais de 90% da alimentação do rougher ser constituída por ganga. Pode-se
facilmente demonstrar que, se a recuperação dos minerais de ganga fosse reduzida para 0.5%, o teor de cobre
no concentrado final aumentaria para 32,7% no caso do minério de super alto teor e para 31,3% no caso do
minério de alto teor.
Tabela VII – Recuperação por estágio e recuperação total no circuito de flotação do Sossego
Recuperação Calcopirita % Recuperação FeOX % Recuperação NSG %
Amostragem Data
Rgh Col Scav Total Rgh Col Scav Total Rgh Col Scav Total
S1 29-04-05 95.1 56.2 99.4 94.7 3.1 1.0 68.6 0.1 3.7 3.2 74.9 0.4
S2 02-05-05 96.8 85.0 97.9 96.4 5.8 26.8 32.2 2.0 7.4 16.4 40.9 1.8
S3 03-05-05 94.8 86.3 96.7 94.3 1.9 29.1 68.7 1.1 2.8 18.6 73.7 1.3
S4 04-05-05 95.7 74.0 98.8 95.3 2.4 27.3 52.5 1.1 2.7 15.7 58.2 0.8
S5 05-05-05 93.2 58.0 98.9 92.5 2.4 15.7 75.5 1.0 3.7 9.2 56.0 0.7
S6 06-05-05 95.2 83.4 97.2 94.6 3.3 21.7 45.9 1.1 3.7 9.5 49.1 0.6
Media (S1 e S2) 95.9 70.6 98.7 95.6 4.5 13.9 50.4 1.1 5.5 9.8 57.9 1.1
Media (S3, S4 e S6) 95.2 81.1 97.6 94.7 2.5 25.9 56.0 1.1 3.0 14.4 60.7 0.9
XXII ENTMME / VII MSHMT – Ouro Preto-MG, novembro 2007.
5. CALIBRAÇÃO DO MODELO
O objetivo da calibração é obter o valor dos parâmetros que representem o desempenho metalúrgico do
circuito de flotação do Sossego, durante a campanha de amostragem. É também importante criar dois
conjuntos distintos de parâmetros, uma vez que as condições operacionais e a cinética do minério de alto teor
foram significativamente diferentes daquelas do minério de alto teor.
Conforme demonstrado por Savassi (2005), os parâmetros a serem calibrados para as células mecânicas são:
A Tabela VIII apresenta a comparação entre as recuperações minerais obtidas por balanço de massa e após a
calibração do simulador FLEET. A forte correlação entre os valores balanceados e os resultados do modelo
demonstra que o desempenho metalúrgico do circuito de flotação do Sossego foi simulado com alta precisão
por meio de um número reduzido de parâmetros.
Tabela VIII – Comparação da recuperação mineral obtida por balanço de massa e pelo Fleet
Serão apresentados apenas os resultados da opção 1 (tabela IX), que foi a implementada na planta industrial.
Os resultados da Tabela IX indicam que um aumento na vazão da água de lavagem em 10 m3/h resultaria em
um aumento de 2,9% no teor de cobre do concentrado obtido com o minério de super alto teor, mantendo-se
constante a recuperação total de cobre. O efeito não foi tão significativo para o minério de alto teor.
A alteração da água de lavagem nas colunas foi implementada na planta industrial do Sossego e os resultados
encontram-se resumidos na figura 4.
XXII ENTMME / VII MSHMT – Ouro Preto-MG, novembro 2007.
29.9
29.7
29.5
29.3
29.1
28.9
28.7
28.5
5
6
05
06
5
05
06
6
l- 0
l- 0
-0
-0
-0
-0
-0
-0
p-
p-
n-
n-
ov
ov
ay
ay
ar
ar
Ju
Ju
Ja
Ja
Se
Se
M
M
N
N
M
Mês
Cu concentrado (%)
A partir de dezembro de 2005, data em que a alteração na vazão da água de lavagem foi realizada, houve um
aumento de ~1% no teor do concentrado final, enquanto a recuperação metalúrgica manteve-se inalterada.
Isso resultou num aumento significativo de faturamento.
A partir de fevereiro de 2006 foi alterado o coletor da flotação, o éster xântico foi substituído pelo ditiofosfato
de sódio. Não se sabe exatamente o efeito do novo coletor no teor do concentrado final.
7. CONCLUSÕES
- Os dados coletados são de alta qualidade, resultando em mínima alteração após o balanço de massa;
- O Fleet foi capaz de simular com precisão o circuito de flotação do Sossego, utilizando um número
reduzido de parâmetros;
- Os resultados da simulação foram comprovados industrialmente, o que comprova a eficácia da
ferramenta Fleet na otimização de circuitos industriais de flotação.
8. REFERÊNCIAS
Savassi, O . N., A compartment model for the mass transfer inside a conventional flotation cell. In: Int. J.
Min. Process., 77 (2005) 65-79