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- MARÇO DE 2011 -
SUMÁRIO
(INSERIR SUBTÍTULOS E PÁGINAS)
AGRADECIMENTOS / DEDICATÓRIA
APRESENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
3. ESTUDOS HIDROLÓGICOS
Como mérito especial, deve ser destacada a atuação do Geólogo Armando Mangolim Filho,
que levantou as primeiras contestações a respeito dos critérios tradicionais de
dimensionamento das obras hidráulicas em mineração, sugerindo a necessidade de
aperfeiçoamento das metodologias. Assim, a esse profissional deve ser creditado o
estabelecimento da base conceitual para a caracterização dos problemas, que culminou em
sugestões renovadoras e na percepção da necessidade de adequação dos métodos clássicos
às peculiaridades apresentadas pelo setor de mineração.
A idéia central da elaboração do Documento surgiu a partir de um curso programado pela MBR
com o objetivo de promover a equalização do conhecimento de seus técnicos nas áreas de
Hidrologia e Hidráulica, aplicadas ao dimensionamento das obras em mineração. O curso,
ministrado no primeiro semestre de 2006, teve a duração de 80 horas-aula e foi baseado em
uma ementa especial, combinando teoria com os problemas reais que eram resolvidos pela
empresa.
À
VALE - Companhia Vale do Rio Doce
At. Eng. César Luiz Alves
Departamento de Operações de Ferrosos Sul
Gerência de Geotecnia e Hidrogeologia
Prezados Senhores,
Em razão das diversas inovações que estão sendo apresentadas para os critérios de
dimensionamentos hidrológico e hidráulico, são esperados comentários dos usuários, inclusive
com dúvidas de aplicações metodológicas. Esses comentários deverão ser analisados e
incorporados a uma versão de revisão do presente documento, após o devido
encaminhamento para a POTAMOS.
Atenciosamente,
Qualquer que seja a condição em que a água se apresenta na Unidade Industrial, útil ou
nociva, o seu armazenamento e condução devem ser feitos por meio das obras hidráulicas,
que são estruturas concebidas e dimensionadas especialmente para o escoamento das
vazões, preservando-se a integridade das demais estruturas do empreendimento.
Capítulo 2 - Tipos de Obras em Mineração: apresentação das obras hidráulicas que são
implantadas como suporte às atividades de mineração, incluindo as áreas de minas e de
logística de transportes e embarque.
Capítulo 3 - Estudos Hidrológicos: abordagem dos principais tópicos de Hidrologia que
suportam o dimensionamento das obras e as avaliações das ofertas hídricas nas áreas dos
empreendimentos. Abrange o requerimento de dados básicos, as necessidades de
monitoramento hidrométrico, os métodos de análise e consistência de dados, os cálculos
das características do regime hidrológico dos cursos de água, os critérios de avaliação das
ofertas hídricas, as metodologias de regionalização de vazões e o cálculo de cheias de
projeto.
Capítulo 4 - Estudos de Balanço Hídrico: basicamente reportando e enfatizando a
importância da PRO-DIAT de Procedimentos para Elaboração de Balanço Hídrico,
aplicados às Unidades Industriais da VALE.
Capítulo 5 - Critérios para Dimensionamento Hidrológico: apresentação dos critérios de
cálculo das vazões de dimensionamento para cada tipo de obra hidráulica e dos volumes
notáveis para amortecimento de cheias, retenção de rejeitos e sedimentos e regularização
de vazões de estiagem.
Capítulo 6 - Critérios para Levantamentos Topobatimétricos: constituído praticamente
de uma especificação para os serviços de campo, aplicados aos levantamentos em cursos
de água e reservatórios.
Capítulo 7- Critérios para Dimensionamento Hidráulico: apresentação de roteiros para o
dimensionamento das estruturas hidráulicas, constituídas por vertedouros em lâmina livre,
vertedouros tipo poço-galeria, dispositivos para manutenção de fluxo residual a jusante de
barragens, bacias de dissipação de energia, bueiros e pontes, canaletas de drenagem e
descidas de água e tomadas de água.
Capítulo 8 - Definição de Indicadores para Gestão de Segurança: relacionado aos
métodos de cálculo dos indicadores hidráulicos e hidrológicos do SGBP.
Capítulo 9 - Estudos e Dimensionamentos nas Etapas de Vida Útil: discriminação das
seqüências de estudos e cálculos para dimensionamento das obras em cada etapa da vida
útil da Unidade Operacional, abrangendo a seleção de locais, a viabilidade, o projeto
básico, a implantação, a operação e a fase de desativação.
Capítulo 10 - Apresentação de Memoriais Descritivos e de Cálculo: contendo
recomendações específicas para a montagem de termos de referência e orientações às
empresas projetistas na forma de elaboração de relatórios técnicos.
Capítulo 11 - Considerações Finais: apresentação em destaque do resumo dos critérios
que foram adaptados para as obras de mineração.
Capítulo 12 - Referências Bibliográficas: discriminação de todas as referências citadas
no texto, que constituem parte integrante e agregada a esse documento.
Quadro 1.1 – Listagem dos tópicos de maior interesse e item de localização no texto.
1.4. Definições
Borda Livre
Qualquer captação de água útil que opera diretamente com as vazões naturais do curso de
água, sem regularização de volumes.
Cheia de Projeto
Volume médio escoado no período de 1 ano, calculado pelo produto da vazão MLT pelo
número de segundos do ano (365,25 x 86400 segundos).
Demanda
Valor total de vazão requerido para a operação de uma Unidade Industrial, sem considerar
a recuperação de água que ocorre nas barragens de rejeitos.
Disponibilidade Hídrica
Descarga mínima que deve ser mantida a jusante de uma barragem ou estrutura de
captação de água, visando a preservação da vida aquática, a manutenção de padrões de
qualidade de água e a garantia de suprimento de outros usuários.
Hidrograma
Termo usado para designar as características da bacia hidráulica dos reservatórios que
apresentam volumes de armazenamento relativamente elevados em relação à magnitude
da área da bacia hidrográfica. Quantitativamente, pode-se considerar que um reservatório
Nível de água máximo alcançado pelo reservatório durante a operação de trânsito da cheia
de projeto.
NA Máximo Normal
Obra de engenharia constituída de forma isolada por uma estrutura hidráulica ou por um
conjunto de diversas estruturas hidráulicas, acopladas de forma tal a permitir o escoamento
ou armazenamento de água em consonância com critérios de segurança.
Oferta Hídrica
Vazão passível de ser outorgada em um curso de água, calculada por um percentual das
vazões mínimas de referência Q7,10 ou Q95, em observância à legislação vigente na área da
Unidade Industrial.
Perfil de Escoamento
Reservatório artificial formado por barragem, com volume suficiente para aumentar o fluxo
natural de estiagem dos cursos de água.
Seção Fluvial de Interesse
Seção do curso de água para a qual será desenvolvido o projeto da obra hidráulica, que
incorpora as características físicas da respectiva bacia hidrográfica de contribuição.
Tomada de Água
Estrutura hidráulica de captação de água para aproveitamento de água útil, podendo estar
implantada em reservatórios ou uma seção fluvial.
Unidade Industrial
A seguir são listadas as obras hidráulicas comumente implantadas nas Unidades Industriais da
VALE, com indicação das peculiaridades de cada estrutura que são condicionadoras da fixação
de critérios.
Obras de barramento destinadas à contenção dos sedimentos gerados nas áreas das
Unidades Industriais, geralmente implantadas a jusante de pilhas de estéreis ou de locais com
grandes movimentos de terra. Comumente designadas de Barragens de Contenção de Finos,
essas obras podem requerer manutenção permanente de dessassoreamento dos
reservatórios, durante o ciclo de operação da Unidade Industrial.
Barragem de Água
Tomada de Água
Obra de captação de água para abastecimento da Unidade Industrial, podendo ser implantada
em reservatórios ou diretamente na calha de um curso de água. As captações localizadas em
reservatórios podem ser feitas por meio de balsas com as instalações de bombeamento ou por
meio de torres, conectadas a tubulações de sucção até uma estação elevatória. Nos casos de
localização diretamente nas calhas dos cursos de água, tem-se geralmente uma captação a
fio-d’água, constituída por uma soleira de elevação de NA, canal de adução, desarenador e
estação elevatória.
Diferentemente dos sistemas de drenagem urbana, que podem ser classificados em estruturas
de microdrenagem e de macrodrenagem, segundo o porte das obras de condução das águas
São constituídos pelas obras de desvio de fluxos de reservatórios formados por barragens de
contenção de rejeitos, nos quais o material depositado apresenta propriedades químicas que
impedem o lançamento na rede de drenagem natural.
Nesse item são discriminados os principais tipos de dados básicos requeridos para a
elaboração dos estudos hidrológicos, juntamente com as indicações dos locais onde as
informações podem ser obtidas.
Dados a serem obtidos junto à Unidade Industrial, para suporte à elaboração dos estudos
hidrológicos:
Cartografia
A base cartográfica para elaboração dos estudos hidrológicos consiste das plantas editadas
pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e pelo SGE – Serviço Geográfico do
Exército, em escalas 1:1.000.000, 1:250.000, 1:100.000 e 1:50.000. Na região do Quadrilátero
Ferrífero de Minas Gerais, também estão disponíveis plantas geológicas em base cartográfica
na escala 1:25.000, editadas pelo U.S. Geological Survey.
Os dados de pluviometria podem ser obtidos nos endereços oficiais da ANA – Agência
Nacional de Águas (www.ana.gov.br) ou do INMET – Instituto Nacional de Meteorologia. Os
dados mantidos pela ANA são públicos e podem ser coletados diretamente do banco de dados
da entidade, enquanto os da rede do INMET são fornecidos mediante consulta prévia e
pagamento de uma taxa, proporcional à quantidade de informações coletadas.
A seleção das estações pluviométricas de interesse deve ser feita dentro da Região de
Abrangência da Unidade Industrial, conforme os limites recomendados no Item 3.13. Para cada
estação pluviométrica selecionada, devem ser coletados os registros históricos de alturas
diárias de precipitação, além das informações básicas de localização da estação (coordenadas
geográficas e altitude).
Também devem ser obtidos os dados pluviométricos coletados na Unidade Operacional. Nesse
caso, recomenda-se a visita prévia ao local do ponto de monitoramento, para verificar a
conformidade das instalações.
Para efeito de estudos de chuvas de projeto, deve ser pesquisada a existência de relações
prévias entre as grandezas altura-duração-freqüência, estabelecidas nas chamadas equações
de chuvas intensas. A consulta preliminar deve ser feita no clássico trabalho de Pfafstetter
(1957), que estabeleceu 98 equações de chuvas intensas para diversas estações
pluviográficas, abrangendo todo o território do Brasil. Posteriormente, as equações contidas
nessa publicação foram disponibilizadas na forma de tabelas, para facilitar as aplicações
(CETESB, 1980).
Para o estado de Minas Gerais, recentemente foi publicado um amplo trabalho pela COPASA
MG (2001), ajustando equações de chuvas intensas para 200 estações pluviográficas.
Especificamente para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, recomenda-se a aplicação da
equação regional estabelecida por Pinheiro & Naghettini (1998), que permite o ajuste
diferenciado das relações em função da distribuição isoietal média anual sobre a região.
Para outras regiões do Brasil, relações de chuvas intensas mais atualizadas podem ser obtidas
nos anais dos simpósios bi-anuais da ABRH – Associação Brasileira de Recursos Hídricos
(www.abrh.org.br).
Climatologia
Fluviometria
A rede fluviométrica oficial de monitoramento dos rios brasileiros é operada pela ANA
(www.ana.gov.br) e os respectivos registros são públicos. Na seleção das estações
fluviométricas de referência para cada estudo, devem ser inventariados todos os cursos de
água localizados na região de entorno da Unidade Industrial, buscando uma congruência de
uniformidade hidrológica, baseada nas características de clima, relevo, vegetação e fácies
geológicas.
Para cada estação fluviométrica selecionada, devem ser coletados os registros históricos de
cotas e vazões médias diárias, os resumos de medições de descarga líquida e as fichas
descritivas das instalações. Sempre que possível, as estações fluviométricas mais importantes
devem ser visitadas, para a verificação local das condições operativas e hidráulicas das seções
medidoras. Recomenda-se a verificação da área de drenagem de cada estação, marcando-se
a localização na cartografia disponível e delimitando-se a respectiva bacia hidrográfica de
contribuição.
Também devem ser obtidos os dados fluviométricos coletados na Unidade Operacional (dados
de vertedouros ou de réguas linimétricas). Nesse caso, recomenda-se a visita prévia ao local
do ponto de monitoramento, para verificar a conformidade das instalações. A Figura 3.1.1
mostra um exemplo de seleção de estações fluviométricas em uma Região de Abrangência,
incluindo pontos de monitoramento da ANA e da Unidade Industrial.
Legislação Ambiental
Planos de Bacias
Outra informação de relevância refere-se aos Planos de Bacias Hidrográficas, que devem ser
conhecidos para a bacia de inserção da Unidade Industrial. Os Planos de Bacias, quando
disponíveis, podem ser obtidos nos endereços eletrônicos dos órgãos estaduais de gestão de
recursos hídricos ou da ANA.
Estudos Anteriores
Principais resultados.
As seções medidoras podem ser equipadas com vertedouros ou calhas medidoras, que
apresentam relações unívocas entre cotas e descargas, ou então se constituírem em estações
fluviométricas convencionais, com instalação de réguas linimétricas e provisão para medição
de descarga líquida pelo método área x velocidade.
Nascentes que tenham conexão com os corpos de minério que serão lavrados;
Cursos de água formadores dos reservatórios das barragens de rejeitos, que operam com a
finalidade de regularização de vazões de estiagem;
Seções a jusante das barragens que operam com recuperação de água de polpa de rejeito
ou regularização de vazões de estiagem.
Na seqüência da atividade de consistência dos dados (Item 3.4), são estabelecidas as séries
de vazões médias diárias e as respectivas séries de vazões médias mensais. Quase como
regra, as séries de dados registradas nas estações fluviométricas apresentam-se não
homogêneas no tempo, com históricos de diferentes comprimentos. A visualização dessa não
homogeneidade pode ser vista em histogramas de disponibilidade de dados fluviométricos,
conforme mostrado na Figura 3.4.1.
covx, y
r (3.5.1)
sX sY
x
n
i x yi y
covx.y i
(3.5.2)
n 1
x
1 n
2
sX x (3.5.3)
n 1
i
i
0,5
y
1 n
2
sY y (3.5.4)
n 1
i
i
60.0
50.0
Estação Gulpiara (41160000)
40.0
30.0
20.0
y = 1,83x - 0,157
R² = 0.893
10.0
0.0
0.0 5.0 10.0 15.0 20.0 25.0 30.0
Estação Água Limpa (41151000)
Figura 3.5.2 – Regressão entre vazões médias mensais de duas estações fluviométricas.
O Quadro 3.5.1 mostra a série de vazões médias mensais homogeneizadas de uma estação
fluviométrica, na qual os dados preenchidos figuram em negrito.
ANO JAN FEV MAR ABR MAIO JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ MÉDIA MÁXIMA MíNIMA
1926 7.69 13.08 6.80 7.76 4.51 3.68 3.22 3.08 2.84 3.65 4.71 6.09 5.59 13.1 2.84
1927 6.50 6.16 6.23 3.88 3.29 3.07 3.96 3.45 3.85 3.87 2.37 2.32 4.08 6.50 2.32
1928 2.26 2.11 2.68 3.01 6.60 3.30 3.05 2.96 3.79 4.06 4.48 7.48 3.81 7.48 2.11
1929 5.92 9.44 5.72 4.25 3.25 3.15 2.73 2.56 2.44 2.41 6.59 6.46 4.58 9.44 2.41
1930 6.50 5.76 5.94 4.91 4.46 2.39 2.21 2.05 2.00 2.37 4.48 5.99 4.09 6.50 2.00
1931 4.74 7.53 6.68 5.54 3.60 2.94 2.53 2.33 2.33 2.78 2.75 3.58 3.94 7.53 2.33
1932 6.15 4.98 3.57 2.67 2.54 2.47 2.05 1.84 1.80 2.63 3.19 7.06 3.41 7.06 1.80
1933 7.54 4.42 3.95 3.76 3.17 2.89 2.95 2.93 2.77 3.15 3.06 5.61 3.85 7.54 2.77
1934 5.38 3.47 3.43 3.12 2.89 2.58 2.45 2.35 2.38 2.47 2.69 3.53 3.06 5.38 2.35
1935 5.32 6.64 4.74 4.04 2.99 2.60 2.41 2.31 2.35 2.56 2.43 3.08 3.46 6.64 2.31
1936 3.15 4.04 4.58 3.84 2.59 2.17 1.98 1.91 1.85 1.90 3.48 5.01 3.04 5.01 1.85
1937 7.28 6.71 3.89 3.24 3.35 2.60 2.23 1.87 1.81 2.52 3.39 7.25 3.84 7.28 1.81
1938 4.21 3.62 3.25 3.60 3.01 2.33 2.07 2.13 2.10 2.12 2.62 5.25 3.03 5.25 2.07
1939 6.40 5.06 3.92 3.53 2.75 2.25 2.11 1.93 1.98 2.12 2.18 3.23 3.12 6.40 1.93
1940 4.34 4.77 5.33 3.20 2.30 1.99 1.83 1.66 1.70 2.01 4.40 4.99 3.21 5.33 1.66
1941 5.92 4.01 4.72 4.53 2.62 2.34 2.21 1.95 2.12 2.16 2.96 3.97 3.29 5.92 1.95
1942 5.13 3.76 5.60 3.10 2.48 2.29 1.36 1.16 1.15 1.78 2.77 7.29 3.16 7.29 1.15
1943 9.04 6.45 8.01 4.79 3.18 3.03 2.24 1.88 1.63 1.97 1.89 6.07 4.18 9.04 1.63
1944 3.83 7.32 5.40 4.14 3.04 2.19 1.85 1.64 1.40 2.11 2.45 4.20 3.30 7.32 1.40
1945 7.56 6.28 7.34 7.51 4.99 3.94 2.98 2.23 1.94 2.20 2.86 7.65 4.79 7.65 1.94
1946 9.41 5.19 4.98 4.29 2.80 2.23 1.95 1.74 1.78 1.67 3.44 3.23 3.56 9.41 1.67
1947 4.95 3.57 6.20 3.99 3.27 2.36 1.77 1.57 1.53 1.67 2.70 8.20 3.48 8.20 1.53
1948 4.42 5.35 5.49 3.36 2.80 2.79 2.54 2.26 2.16 2.19 3.12 12.65 4.09 12.65 2.16
1949 22.1 18.0 6.12 4.25 3.16 3.01 2.66 2.50 2.39 2.69 2.79 5.20 6.24 22.1 2.39
1950 4.07 4.22 3.71 3.00 2.67 2.51 2.35 2.18 2.41 2.26 3.80 4.41 3.13 4.41 2.18
1951 4.45 6.24 8.92 5.80 4.04 3.58 3.31 3.18 3.20 3.10 2.56 2.98 4.28 8.92 2.56
1952 4.65 7.13 7.54 4.16 3.26 3.05 2.77 2.74 2.43 3.40 3.78 4.38 4.11 7.54 2.43
1953 3.00 4.66 4.02 3.77 2.94 2.65 2.34 2.35 2.26 2.73 2.96 5.05 3.23 5.05 2.26
1954 3.32 3.53 2.72 2.85 2.44 2.09 1.96 2.02 1.92 2.22 3.11 3.37 2.63 3.53 1.92
1955 9.06 4.23 3.33 3.07 2.38 2.19 1.99 1.93 1.92 3.21 2.62 5.25 3.43 9.06 1.92
1956 3.86 2.46 3.07 2.01 1.94 1.58 1.39 1.28 1.20 1.12 1.99 6.23 2.35 6.23 1.12
1957 3.92 4.16 5.94 3.29 2.56 2.11 1.87 1.70 1.86 1.55 5.35 6.97 3.44 6.97 1.55
1958 5.22 5.43 3.45 3.24 2.54 2.16 2.29 1.86 1.99 2.38 1.92 2.46 2.91 5.43 1.86
1959 2.56 2.65 4.43 1.92 1.61 1.45 1.35 1.27 1.38 1.76 2.35 2.71 2.12 4.43 1.27
1960 3.98 3.52 4.66 2.18 1.90 1.66 1.53 1.35 1.32 1.45 1.70 4.48 2.48 4.66 1.32
1961 10.4 7.93 4.78 3.10 2.59 2.34 2.04 1.80 1.60 1.55 2.04 2.85 3.58 10.4 1.55
1962 4.17 5.69 2.78 2.04 1.81 1.58 1.47 1.33 1.46 1.86 2.03 8.78 2.92 8.78 1.33
1963 3.43 3.00 1.99 1.65 1.49 1.43 1.34 1.32 1.11 1.47 2.56 1.54 1.86 3.43 1.11
1964 5.73 7.22 3.38 2.76 1.73 1.52 1.38 1.15 1.06 2.67 5.08 7.00 3.39 7.22 1.06
1965 13.7 10.7 7.41 3.31 2.88 2.05 1.87 1.70 1.34 2.50 3.85 3.31 4.55 13.7 1.34
1966 6.11 2.18 4.42 2.57 2.46 2.11 2.02 1.79 1.64 2.35 3.94 4.18 2.98 6.11 1.64
1967 4.83 7.30 3.83 2.50 2.36 2.20 1.83 1.91 0.653 1.22 2.39 2.77 2.82 7.30 0.653
1968 3.32 3.09 3.29 2.72 1.28 0.793 0.764 1.71 1.45 1.65 1.98 4.15 2.18 4.15 0.764
1969 3.60 2.85 2.59 1.99 1.79 1.74 1.73 1.41 1.24 1.83 3.38 3.85 2.33 3.85 1.24
1970 4.96 3.16 3.33 2.72 1.72 1.54 1.64 1.69 2.86 3.27 3.05 2.72 2.72 4.96 1.54
1971 2.37 2.19 1.99 1.85 1.55 1.82 1.49 1.31 1.58 2.00 3.20 3.52 2.07 3.52 1.31
1972 2.86 4.30 4.69 3.41 2.19 1.94 2.10 1.81 1.86 2.50 3.36 5.39 3.03 5.39 1.81
1973 5.36 4.22 5.25 3.72 2.78 2.41 2.17 2.05 1.95 2.50 3.37 4.83 3.38 5.36 1.95
1974 4.33 3.02 4.03 3.56 2.88 2.40 2.10 1.88 1.64 1.98 1.92 3.14 2.74 4.33 1.64
1975 4.69 4.41 2.49 2.47 2.01 1.77 1.70 1.50 1.53 1.51 3.33 2.55 2.50 4.69 1.50
1976 1.77 2.33 1.88 1.65 1.47 1.24 1.33 1.36 1.81 2.32 3.41 3.39 2.00 3.41 1.24
1977 6.80 4.42 2.96 2.83 2.05 1.85 1.71 1.53 1.76 1.74 2.90 3.17 2.81 6.80 1.53
1978 7.69 4.14 3.32 2.87 2.80 2.04 1.99 1.67 1.76 2.19 3.74 3.89 3.17 7.69 1.67
1979 7.78 27.7 7.99 5.14 3.98 3.33 2.97 2.65 2.70 2.11 4.03 7.29 6.47 27.7 2.11
1980 10.3 5.32 3.46 5.30 3.36 2.98 2.65 2.39 2.11 2.21 3.30 6.21 4.13 10.3 2.11
1981 5.77 3.66 4.03 3.26 2.59 2.49 2.15 2.11 1.84 2.60 5.70 6.40 3.55 6.40 1.84
1982 10.4 5.00 9.14 5.13 3.76 3.14 2.74 2.52 2.30 2.84 2.65 5.35 4.58 10.4 2.30
1983 9.32 6.40 5.95 5.19 3.57 3.08 2.70 2.27 3.01 4.40 4.05 6.70 4.72 9.32 2.27
1984 4.69 3.31 3.43 2.93 2.40 2.16 1.99 2.14 2.21 2.03 2.89 4.85 2.92 4.85 1.99
1985 14.0 8.63 8.58 5.43 3.87 3.11 2.87 2.62 2.62 3.04 3.67 7.36 5.48 14.0 2.62
1986 9.11 5.27 4.66 3.14 2.99 2.55 2.50 2.42 2.12 1.87 2.49 6.19 3.78 9.11 1.87
1987 4.24 2.90 5.93 3.29 3.30 3.32 2.36 1.88 2.19 1.77 2.08 5.25 3.21 5.93 1.77
1988 3.45 5.54 4.33 4.04 2.69 2.63 2.35 2.17 2.00 2.06 2.26 2.57 3.01 5.54 2.00
1989 3.38 3.41 3.36 1.99 1.63 1.68 1.54 1.48 1.51 2.57 2.27 9.66 2.87 9.66 1.48
1990 3.42 2.57 2.52 1.98 1.88 1.59 1.57 1.67 1.52 1.48 2.14 2.38 2.06 3.42 1.48
1991 10.6 4.88 5.43 3.53 2.69 2.33 2.09 1.89 2.06 2.42 2.71 3.02 3.64 10.6 1.89
1992 13.8 13.0 4.03 3.53 2.75 2.34 2.18 1.84 2.72 3.48 6.62 9.37 5.47 13.8 1.84
1993 6.59 4.20 3.89 3.82 2.87 2.52 2.13 2.02 1.99 2.11 2.29 3.20 3.14 6.59 1.99
1994 5.24 2.58 4.56 2.91 2.45 2.16 1.92 1.75 1.59 1.72 2.31 3.35 2.71 5.24 1.59
1995 2.51 3.67 3.12 2.39 1.96 1.71 1.58 1.40 1.37 1.72 2.38 6.44 2.52 6.44 1.37
1996 5.84 3.59 4.00 2.81 2.54 1.67 1.63 1.51 1.88 1.94 5.55 5.96 3.24 5.96 1.51
1997 13.40 5.52 6.01 4.28 3.08 2.72 2.28 1.96 1.90 2.33 2.48 4.37 4.19 13.4 1.90
1998 5.09 4.06 2.85 2.37 2.20 2.05 1.86 1.78 1.48 2.00 2.75 2.50 2.58 5.09 1.48
1999 3.10 2.48 4.42 1.89 1.45 1.33 1.23 1.10 1.14 1.20 2.84 3.00 2.10 4.42 1.10
2000 6.28 4.47 3.43 2.29 1.80 1.56 1.50 1.54 1.82 1.40 3.04 3.25 2.70 6.28 1.40
2001 3.67 1.84 2.02 1.43 1.37 1.26 1.15 1.11 1.27 1.27 3.30 5.94 2.14 5.94 1.11
2002 5.48 6.39 3.35 2.37 2.00 1.71 1.59 1.52 2.00 1.50 2.57 4.13 2.88 6.39 1.50
2003 9.00 2.97 3.19 2.67 2.05 1.80 1.67 1.65 1.63 1.50 2.02 2.54 2.72 9.00 1.50
2004 3.70 3.68 3.31 3.15 2.09 1.99 1.85 1.60 1.37 1.50 1.59 4.40 2.52 4.40 1.37
2005 5.56 3.31 5.33 2.40 2.15 1.91 1.72 1.53 1.71 1.51 2.61 4.88 2.89 5.56 1.51
2006 2.83 2.35 3.85 2.35 2.01 1.75 1.62 1.50 1.52 2.25 3.48 4.88 2.53 4.88 1.50
2007 6.24 5.27 2.67 2.27 2.01 1.87 1.68 1.53 1.92 2.22 3.11 4.89 2.97 6.24 1.53
Características do Período
Mínima 1.77 1.84 1.88 1.43 1.28 0.793 0.764 1.10 0.653 1.12 1.59 1.54
Máxima 22.1 27.7 9.14 7.76 6.60 3.94 3.96 3.45 3.85 4.40 6.62 12.6 QMLT (m³/s) QESP(l/s.km²)
Média 6.0 5.3 4.51 3.37 2.67 2.28 2.06 1.91 1.92 2.22 3.11 4.89 3.35 19.4
Q
1
MLT i (3.6.1)
n i
A vazão MLT tem um significado importante nos estudos de avaliação de ofertas hídricas, por
representar a capacidade máxima teórica passível de fornecimento de um manancial. A Figura
3.6.1 ilustra, graficamente, o conceito da vazão MLT, comparativamente com o fluviograma das
vazões médias mensais. No período histórico disponível, a vazão MLT, ocorrendo
hipoteticamente de forma constante, produziria o mesmo deflúvio acumulado que a somatória
das vazões médias mensais que compõem o fluviograma.
100
Vazão (m³/s)
10
QMLT
1
02/12/73 16/04/75 28/08/76 10/01/78 25/05/79 06/10/80 18/02/82 03/07/83 14/11/84
Data
10
Vazão Média Mensal (m³/s)
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Permanência (%)
A partir da vazão MLT, pode-se calcular o deflúvio médio anual D (m³), pela multiplicação
MLT x número de segundos do ano.
O regime de estiagem de um curso de água pode ser caracterizado por meio de análise
estatística de vazões mínimas ou por percentis da cauda direita da curva de permanência. As
vazões de estiagem assim caracterizadas, com associação a uma probabilidade de excedência
(ou respectivo período de retorno) ou a uma determinada permanência no tempo, indicam uma
condição de prognóstico de ocorrência no futuro, em um ano qualquer.
TR QM,TR
1
PQM QM,TR
(3.7.1)
QM,TR
PQM QM,TR f x dx
X (3.7.2)
0
A Figura 3.7.2 mostra a distribuição teórica Gumbel III ajustada à amostra dos mínimos anuais
de vazão média mensal da série de vazões homogeneizadas do Quadro 3.5.1. Desse ajuste
teórico, são calculados os quantis de vazão mínima anual, para períodos de retorno notáveis,
geralmente com 2, 5, 10, 25 e 50 anos, obtendo-se, respectivamente, as vazões Q M,2, QM,5,
QM,10, QM,25 e Q M,50.
2.00
1.50
Q7 (m³/s)
1.00
0.50
0.00
1 10 100
Tempo de Retorno (Anos)
Nos casos de utilização da curva de permanência para cálculo de vazões índices do regime de
estiagem (Figura 3.6.2), é comum a utilização dos percentis de 50% (Q50), 90% (Q90), 95%
(Q95) e 98% (Q98).
Outro índice do regime de estiagem largamente utilizado é a vazão Q7,10 (vazão mínima anual
com 7 dias de duração e 10 anos de período de retorno). Se a estação fluviométrica de
referência apresentar um histórico relativamente longo de vazões médias diárias, o valor da
vazão Q7,10 pode ser calculado a partir da análise de freqüência da amostra dos mínimos
anuais de vazão com 7 dias de duração, com ajuste de uma distribuição de probabilidade
teórica.
( t t 0 )
Qt Q 0 e k (3.7.3)
A constante de recessão k que figura na Equação 3.7.3 pode ser calculada com base na série
histórica de vazões das estações fluviométricas de referência. Conforme mostrado na Figura
3.7.4, os trechos de escoamento mantidos exclusivamente pelo fluxo de base normalmente
aparecem em trechos retilíneos nos fluviogramas, se as ordenadas forem expressas em escala
logarítmica. Isolando os trechos retilíneos das recessões dos hidrogramas, pode-se calcular o
valor da constante k entre intervalos de tempo pré-selecionados. Para o intervalo de tempo Δt
(t2 - t1) selecionado na Figura 3.7.4, com vazões Q 1 e Q2 respectivamente no início e fim do
intervalo, a constante k pode ser calculada pela inversão da Equação 3.7.3, obtendo-se:
t
k (3.7.4)
ln Q1 - ln Q 2
As cheias nos cursos de água são caracterizadas pelos respectivos hidrogramas de cheias,
que apresentam o aspecto típico mostrado na Figura 3.8.1. As cheias naturais nos rios
brasileiros são causadas pelas precipitações, que aumentam a vazão nos cursos de água em
decorrência das componentes dos escoamentos superficial e subsuperficial. Nos rios de regime
perene, o hidrograma de cheias desenvolve-se com a soma das componentes de vazão
subterrânea (QB) e de escoamento superficial e subsuperficial (Q S). Conforme mostrado na
Figura 3.8.1, os hidrogramas de cheias apresentam um ramo de subida, até atingir a vazão de
pico, a partir da qual inicia a descida na chamada curva de recessão.
Ve
Chuva efetiva: Pe (3.8.1)
A
Pe
Coeficiente de escoamento superficial: C (3.8.3)
P
Nas relações acima, Pe representa a chuva efetiva que contribui para o escoamento superficial,
P é a chuva total e A é a área de drenagem da bacia.
Os elementos componentes dos hidrogramas de cheias, indicados na Figura 3.8.1, são mais
representativos das bacias que apresentam escoamento do tipo hortoniano (CHOW et al.,
1988), isto é, nas quais há uma nítida separação entre o volume de água da chuva que infiltra e
aquele excedente que escoa pelas superfícies dos terrenos (escoamento superficial). Nas
bacias densamente florestadas, como na Região Amazônica, praticamente não ocorre
escoamento superficial e as enchentes são resultado da componente de escoamento
subsuperficial que infiltra e deságua pelo horizonte superior do perfil de solo.
10
QMLT
QMLT
QREG
QREG
VDi = (QA-QREG).dt
1
01/10/77 19/04/78 05/11/78 24/05/79 10/12/79 27/06/80 13/01/81 01/08/81
Data
O cálculo dos volumes de déficit VDi é processado pelo balanço hídrico do reservatório, com
incorporação das variáveis de precipitação e evaporação direta sobre a superfície do lago,
segundo o esquema mostrado na Figura 3.9.2. O balanço hídrico é processado de forma
seqüencial, em passos de tempo mensais, empregando a equação:
Do processamento da Equação 3.9.2, são obtidos tantos valores de VDi quantos forem os anos
disponíveis do histórico de vazões afluentes. Como critério para o setor de mineração,
recomenda-se a adoção do volume útil do reservatório como sendo VU=max(VD i). No processo
de cálculo, para a determinação da incógnita ΔV é necessário o conhecimento das variáveis
QA(t), P e E0, além das relações auxiliares representadas pelas curvas cota-área e cota-volume
do reservatório a ser formado.
1000.00
100.00
Volume Útil Requerido (106 m³)
10.00
1.00
0.10
0.01
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de Regularização
Para os mananciais de água subterrânea, a oferta hídrica está relacionada à determinação das
reservas permanentes e renováveis das unidades aqüíferas. O limite de outorga para
explotação de água subterrânea pode ser fixado em função de percentuais das reservas
renováveis, ainda carecendo de definições mais precisas por parte da legislação pertinente.
Em geral, as atividades de desaguamento das cavas das minas podem vir a retirar água
subterrânea das reservas renováveis e permanentes, sendo uma atividade inerente ao
processo de avanço das frentes de lavra. Nesses casos, toda a água bombeada pode ser
Nas áreas de implantação dos projetos de mineração, é comum a existência de cursos de água
com regimes condicionados, fortemente, pelas características geológicas locais, não
apresentando assim nenhuma homogeneidade com a região de entorno. Nesses casos,
qualquer inferência de regime hidrológico para esses cursos de água deve ser feita com base
em dados reais de monitoramento, não valendo os critérios correntes de regionalização. Deve-
se destacar que as nascentes apresentam condições peculiares de desaguamento de água
subterrânea, para as quais também nem sempre se podem aplicar as metodologias de
regionalização hidrológica.
Para o caso da inferência do regime hidrológico de cheias em bacias não monitoradas, existem
métodos consagrados de cálculo indireto de vazões, que estão abordados com maiores
detalhes no Item 5.6.
A vazão média de longo termo (MLT) sintetiza a característica mais relevante do regime
hidrológico dos cursos de água, por representar o limite superior da oferta hídrica (Item 3.6).
Uma estimativa confiável da MLT agrega segurança aos estudos hidrológicos, podendo até ser
usada como vazão índice no processo de generalização regional.
Nessa equação, a vazão MLT é dada em mm, sendo PREC a precipitação média anual
sobre a bacia (mm) e ETP a evapotranspiração real (mm).
Nas regiões hidrologicamente homogêneas, pode-se obter uma correlação aderente entre a
vazão específica média de longo termo (em L/s.km²) e a área de drenagem, conforme
mostrado na Figura 3.11.1. Nesses casos, pode-se aplicar a correlação para estimar a vazão
MLT com base no conhecimento do parâmetro área de drenagem da seção fluvial de interesse.
Ressalta-se que a aplicação dessas correlações deve ser evitada em extrapolações para áreas
de drenagem muito inferiores às menores bacias das estações fluviométricas de referência,
pois o resultado obtido pode resultar pouco plausível, tendendo a superestimar a vazão MLT.
100
Capivari
Vazão Específica Média de Longo Termo (l/s.km²)
Braço Norte
Povoamento
10
100 1000 10000
Área (km²)
Figura 3.11.2 – Regionalização da curva de permanência de vazões com base na área de drenagem.
Figura 3.11.3 – Regionalização da curva de permanência de vazões com base na vazão MLT.
Estação 1
Estação 2
Estação 3
Estação 4
Mediana
Qmín.esp (l.s/km²)
10
1
1 10 100
Período de Retorno (anos)
Figura 3.11.4 – Regionalização da curva de freqüência de vazões mínimas com base na área de
drenagem.
Estação 1
Estação 2
Estação 3
Estação 4
Mediana
QMÍN/QMLT
0.10
1 10 100
Período de Retorno (anos)
Figura 3.11.5 – Regionalização da curva de freqüência de vazões mínimas com base na vazão MLT.
O processo inicia-se com o cálculo das curvas de regularização de vazões de estiagem (Figura
3.9.3) para cada uma das estações fluviométricas de referência. Em seguida as curvas são
adimensionalizadas, dividindo-se as vazões regularizadas no eixo das abscissas pelas
respectivas vazões MLT e os volumes úteis no eixo das ordenadas pelos respectivos deflúvios
médios anuais (Item 3.6). A Figura 3.11.6 mostra uma curva de regularização de vazões de
estiagem adimensionalizada por esse procedimento.
1.0000
0.1000
Vu / D
0.0100
0.0010
0.0001
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de Regularização
1.0000
0.1000
Curva Mediana
Vu/D
0.0100
0.0010
0.0001
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Percentual de Regularização
Figura 3.12.1 – Região de Abrangência para avaliação das ofertas hídricas do Projeto Gongo Soco-MG.
Sendo a bacia hidrográfica a unidade geográfica básica dos estudos hidrológicos, na seqüência
da delimitação de sua superfície devem ser calculadas as seguintes características físicas:
área de drenagem, comprimento axial, traçado do perfil longitudinal, declividade média
equivalente, tempo de concentração, tipologia de uso e ocupação do solo, cobertura vegetal e
geologia. Essas são as características físicas mais relevantes para os estudos hidrológicos
aplicados ao dimensionamento das obras hidráulicas em mineração. Para informações sobre
outras características e parâmetros, recomenda-se a consulta ao livro de Singh (1992).
Área de Drenagem: A
Representa a superfície plana da bacia hidrográfica, delimitada pelo divisor de águas, medida
nas unidades km² ou hectares (ha).
Comprimento Axial: L
1200
1000
800
Cota (m)
Rio do Carmo
600
400
200
0
0 50 100 150 200 250 300
Distância (km)
2
Li
Se i (3.13.1)
Li
i
S i
Tempo de Concentração
O tempo de concentração pode ser definido como o tempo gasto para as águas do
escoamento superficial percorrerem toda a extensão longitudinal da bacia, a partir do início de
uma precipitação efetiva; de outra forma, pode ser definido como o tempo necessário para o
escoamento superficial percorrer toda a extensão longitudinal da bacia, desde as cabeceiras
até a seção fluvial de referência.
O tempo de concentração pode ser calculado por meio de fórmulas empíricas, que
incorporam as características físicas das bacias hidrográficas, ou pelo método cinemático,
baseado na velocidade de escoamento pelos canais.
Os resultados obtidos pela aplicação das fórmulas empíricas podem se apresentar bastantes
divergentes, sendo importante a avaliação das condições de desenvolvimento de cada um dos
métodos. A seguir são apresentadas as fórmulas empíricas mais usuais, podendo ser
encontrada uma referência mais ampla no trabalho de Silveira (2005).
0,385
L2
t C 0,39
(3.13.2)
Se
0,61 L
tC (3.13.3)
A 0,11
S 0e,20
Li
tC v
i i
(3.13.4)
Para o cômputo final do tempo de concentração, devem ser somados os tempos individuais
calculados para o escoamento difuso e para o escoamento em canais, conforme a Equação
3.13.5. Em bacias de grande porte, o tempo de escoamento difuso pode ser desprezível,
perante o tempo mais longo do escoamento ao longo do talvegue principal.
Cobertura Vegetal
O conceito mostrado na figura acima se aplica para as condições médias de longo termo das
variáveis de entrada e de saída e para fluxos em regimes permanentes. De maneira genérica,
em curtos intervalos de tempo podem ocorrer armazenamentos positivos ou negativos no
sistema, representando-se a equação de balanço hídrico da seguinte forma:
VOL
(FLUXO ENTRADA) – (FLUXO SAÍDA) = (4.1)
t
Nessa equação, a grandeza ΔVOL representa a variação de volume do sistema, que pode ser
positiva (+) ou negativa (-), no intervalo de tempo Δt considerado.
Por ser um balanço de massas, as variáveis de entrada e de saída do sistema podem ser
expressas diretamente em unidades de peso (ton), em unidades de volume (m 3) ou de vazão
(m3/h).
O sistema pode ser definido como quaisquer componentes da Unidade Industrial que
armazenem ou conduzam fluxos de água, tais como linhas adutoras, britadores, unidades de
peneiramento, espessadores, unidades de concentração de minério e barragens de contenção
de rejeitos. Em muitas aplicações, o balanço pode ser feito de forma global para toda a unidade
industrial, devendo sempre ser diferenciado para as obras hidráulicas de intervenção nos
cursos de água, tais como estruturas de captação a fio-d’água, reservatórios de regularização e
barragens de contenção de rejeitos.
Na maior parte das aplicações, o balanço hídrico das bacias hidrográficas é feito para as
condições médias de longo termo das variáveis de entrada e saída, aplicando-se a Equação
Em uma bacia com lençol freático estanque, sem comunicação com os reservatórios de água
subterrânea das bacias adjacentes, considera-se como única variável de entrada a precipitação
(P) e como únicas variáveis de saída a evapotranspiração real (ETP) e a vazão média de longo
termo (MLT). A Figura 4.1.1 ilustra esse conceito de balanço hídrico simplificado.
(PERDAS + CONSUMO) = (ROM + ÁGUA BRUTA + ÁGUA RECUPERADA) – (REJEITO + DESCARGAS + PRODUTO)
A variável (DESCARGAS) indicada na figura acima representa todos os fluxos de água e rejeito
que são liberados nas ocasiões das paradas da Unidade Industrial. Mesmo podendo ocorrer
com certa freqüência, as descargas não representam, necessariamente, uma variável a ser
incluída no balanço, porque a água purgada deve ser reposta antes da entrada em operação
da unidade, para a sua condição operativa em regime permanente. Portanto, a inclusão das
descargas em um balanço deve ser analisada em cada caso. Em muitas unidades, as
descargas são encaminhadas para as barragens de contenção de rejeitos e retornam como
água recuperada.
A quantidade de água contida no ROM, no produto e no rejeito pode ser determinada com base
nas medidas dos índices físicos teor de umidade e percentagem de sólidos.
Genericamente, o balanço hídrico de um reservatório formado por uma barragem pode ser
representado pelo esquema da Figura 4.3.1. A componente de vazão afluente representa o
fluxo natural da bacia hidrográfica, que aporta ao reservatório através dos cursos de água,
enquanto a vazão defluente se compõe de todos os fluxos que saem do sistema (vazão a ser
utilizada, fluxo residual mínimo para jusante e percolação pelo maciço). As componentes de
precipitação e evaporação atuam diretamente sobre a superfície do reservatório, com
balanço positivo no período chuvoso e negativo na época de estiagem.
Diferentemente dos casos das unidades industriais, a maioria das barragens é implantada em
vales de cursos de água, aparecendo assim no balanço uma variável adicional relacionada à
vazão afluente natural da bacia hidrográfica, muitas vezes de difícil quantificação. Também há
que se considerar que o sistema opera quase sempre em regime não permanente, com
efetivas variações de volume no reservatório. Assim, a equação do balanço hídrico pode ser
traduzida da seguinte forma:
VOL
(ÁGUA NO REJEITO + VAZÃO AFLUENTE + DEMAIS ENTRADAS + PRECIPITAÇÃO) – (ÁGUA RETIDA NO
t
REJEITO + EVAPORAÇÃO + ÁGUA RECUPERADA + DEMAIS SAÍDAS + VERTIMENTO + FLUXO RESIDUAL +
PERCOLAÇÃO)
A equação de balanço hídrico de reservatórios pode ser usada tanto para o dimensionamento
do volume útil requerido para a regularização de uma descarga, quanto para a operação em
tempo real durante a vida útil do empreendimento.
O termo de variação de volume na equação de balanço hídrico (ΔVOL) pode ser calculado
diretamente, a partir da curva cota-volume do reservatório, ou de forma indireta, se todas as
demais variáveis indicadas na equação forem conhecidas. Na determinação direta com base
na curva cota-volume é necessário o conhecimento da variação do nível de água do
reservatório no intervalo de tempo considerado, conforme mostrado de forma esquemática na
Figura 4.3.3.
NA
VOL
Volume (m³ )
Figura 4.3.3 – Cálculo da variação de volume com base na variação de nível de água.
Existem também barragens que são construídas a meia encosta, fora dos cursos de água, nas
quais não existe a componente da vazão natural da bacia hidrográfica.
A equação de balanço hídrico de reservatórios pode ser adequada para barragens que
recebem fluxos de rejeitos e não têm recuperação de água e para aquelas obras com
finalidade específica de regularização de vazões.
Nas Unidades Industriais onde existe aproveitamento de reservas de água subterrânea, torna-
se necessária a montagem de um modelo hidrogeológico conceitual, para a estimativa das
reservas renováveis e permanentes dos aqüíferos, além da estimativa da recarga. A Figura
4.3.4 ilustra um esquema de modelo conceitual, ressaltando-se as componentes de recarga e
de bombeamento, que são as variáveis de maior relevância para o balanço hídrico.
Na figura acima, pode-se inferir que as nascentes dos cursos de água e, de uma forma geral, o
fluxo de base nos meses de estiagem, são abastecidos pelas reservas renováveis, havendo
um equilíbrio entre essas variáveis e a recarga, em condições médias de longo termo.
Normalmente, a utilização de água subterrânea deve-se restringir a parcelas das reservas
renováveis, para não afetar o equilíbrio do sistema ou reduzir de forma sensível o fluxo de base
dos cursos de água.
Pela complexidade dos sistemas aqüíferos, sugeridas pelas representações das Figuras 4.3.4
e 4.3.5, os cálculos de balanço hídrico devem ser feitos com base em criteriosos estudos
Atenção especial deve ser dada para os aqüíferos localizados em zonas costeiras ou bacias
insulares, onde o bombeamento das reservas pode provocar intrusão da cunha salina e
contaminar os estoques de água doce. A Figura 4.3.6 ilustra as variáveis a serem consideradas
no balanço hídrico de aqüíferos costeiros.
O balanço hídrico (c) permite a determinação das demandas do empreendimento (f), para
serem cotejadas com as disponibilidades hídricas (g). Estas, por sua vez, são avaliadas (e)
com base em estudos hidrológicos (a) e hidrogeológicos (b), que fornecem as estimativas dos
potenciais de explotação dos mananciais de superfície e subterrâneos.
A Figura 4.4.2 mostra uma forma de integração entre os balanços hídricos das Unidades
Industriais (usinas de beneficiamento de minério) e os reservatórios formados pelas barragens.
Pode-se definir como demanda à soma de todos os fluxos de água que entram na Unidade
Industrial e que são fundamentais para a sua operação. Ainda dentro da Unidade Industrial, o
balanço negativo entre as entradas e as saídas representa o consumo efetivo que ocorre no
sistema, geralmente associado às perdas por evaporação e à umidade incorporada ao produto.
No caso dos reservatórios das barragens de água, o consumo é representado pela vazão
efetivamente regularizada, enquanto para as barragens de rejeitos o consumo é calculado em
função da diferença entre a vazão bombeada e o retorno de água na polpa do rejeito. Nessas
barragens, o consumo deve-se, em larga escala, à parcela da água retida nos vazios do rejeito.
Pela regra quase geral de não haver disponibilidade de dados de monitoramento hidrométrico
no local da obra de captação, as vazões de referência devem ser estimadas com base em
aplicação de metodologias de regionalização hidrológica (Item 3.11), que utilizam séries de
vazões médias mensais homogeneizadas. Para o caso da vazão de referência Q7,10, o quantil
obtido da análise estatística com as amostras dos mínimos anuais de vazões médias mensais
deve ser multiplicado por um fator de redução (COPASA / HIDROSISTEMAS, 1993), que varia
de acordo com as características de regime dos cursos de água. Esse fator pode ser calculado
para ser representativo de uma dada Região de Abrangência (Item 3.12), com base nas
informações contidas nas séries de vazões médias diárias das estações fluviométricas de
referência. Nesse caso, procura-se estabelecer uma relação entre as vazões mínimas anuais
com 7 dias de duração e as respectivas vazões médias mensais, para a posterior
generalização regional.
As Portarias que regulamentam os pedidos de outorga para uso de água adotam percentuais
dessas vazões mínimas de referência para definir o limite máximo de derivação nas captações
a fio-d’água, condicionando a localização das tomadas de água. Na verdade, a localização das
estruturas em uma seção fluvial depende do cotejo entre a disponibilidade hídrica e a demanda
a ser atendida (Item 3.10). A Tabela 5.1.1 apresenta os critérios de outorga nos estados nos
quais a VALE possui Unidades Industriais.
Quando a demanda de água de uma Unidade Industrial for maior que os limites legais
outorgáveis para captações a fio-d’água, a solução clássica consiste na construção de
reservatórios para regularização das vazões de estiagem. Os volumes úteis requeridos para a
regularização das vazões podem ser alocados em Barragens de Rejeitos ou em Barragens de
Água, construídas especificamente para esse fim.
O volume útil para a regularização de vazões pode ser determinado por meio da operação
simulada do balanço hídrico do reservatório, conforme explicado no Item 3.9. A vazão total a
ser regularizada, que aparece no esquema de balanço hídrico da Figura 3.9.2, corresponde à
soma da demanda da Unidade Industrial (deduzida da parcela de água recuperada no caso
das Barragens de Rejeitos) com o fluxo residual mínimo a ser mantido a jusante, fixado pelas
Portarias de regulamentação dos pedidos de outorga (Tabela 5.1.1). Definida a vazão a ser
regularizada, o volume útil pode ser obtido da curva de regularização (Figura 3.9.3).
Como sugestão genérica, que não deve ser tomada como regra, recomenda-se que a vazão
total a ser regularizada não ultrapasse o percentual 60% da vazão MLT, para evitar a alocação
de volumes úteis de grandes magnitudes, que impliquem em operações plurianuais do
reservatório. Essa recomendação não se aplica para os reservatórios que operam com balanço
hídrico em circuito fechado, como nos casos das barragens de disposição de rejeitos tóxicos. A
razão de se evitar a operação plurianual nos reservatórios implantados nas áreas de mineração
deve-se aos seguintes fatores: (i) recomendação de minimizar o volume de água armazenado
das barragens de contenção de rejeitos e (ii) dificuldade atual de manter um esquema
permanente de operação em tempo real, condição importante para gerenciar as incertezas
inerentes à previsão de vazões afluentes aos reservatórios.
A densidade da polpa varia com o tempo de disposição, função do adensamento dos depósitos
no interior do reservatório. Assim, recomenda-se que a densidade da polpa seja fornecida em
função de ensaios de adensamento feitos em laboratório, para a obtenção de valores mais
realísticos dos depósitos no interior do reservatório.
Tabela 5.4.1 – Classificação do porte de reservatórios em função de seu volume e do deflúvio médio
anual.
O método mais exato para cálculo da produção de sedimentos em uma área ou bacia
hidrográfica decorre da aplicação dos princípios da hidrossedimentologia aos dados de
monitoramento de uma estação sedimentométrica. Dentre os diversos compêndios que tratam
desse tema, destacam-se os livros de Carvalho (1994) e Morris & Fan (1997).
Nas áreas ocupadas por atividades de mineração, o EPA (1976) apresentou valores de
contribuição específica de sedimentos variando entre 300 m³/ha.ano a 600 m³/ha.ano, em
empreendimentos dos Estados Unidos. No Brasil, tem sido prática a adoção do limite superior
dessa faixa para cálculo da contribuição de sedimentos em áreas de mineração.
80
Sedimentos Retidos em %
60
40
20
0
1.00E-03 1.00E-02 1.00E-01 1.00E+00 1.00E+01
Relação Capacidade / Volume Afluente Anual
100
Sedimento Efluente do Reservatório (%)
10
1
1.00E+05 1.00E+06 1.00E+07 1.00E+08 1.00E+09 1.00E+10 1.00E+11
Índice de Sedimentação x Aceleração da Gravidade
Segundo o EPA (1976), as barragens de pequeno porte devem ser dimensionadas com uma
vida útil de 1 a 3 anos. Devido à redução da eficiência de retenção com a perda progressiva
dos volumes de acumulação, os reservatórios devem ser dessassoreados, quando a
capacidade de armazenamento já estiver reduzida para 40% a 50%.
Para que um reservatório possa reter toda a faixa granulométrica das contribuições de
descargas sólidas, é necessário que o volume disponível seja de grande porte relativo, acima
de VT/D > 0,50. Na prática, muitos reservatórios não se apresentam com essa configuração de
grande porte, retendo apenas parcialmente o espectro da curva granulométrica. Para avaliar o
limiar da faixa de retenção, pode-se utilizar o ábaco de Hjulström, reproduzido na Figura 5.4.4.
O ábaco define as zonas de erosão, transporte e sedimentação (deposição), pelo cruzamento
dos dados de velocidade média do escoamento (ordenadas) com o diâmetro das partículas da
descarga sólida (abscissas). A linha tracejada que separa as zonas de sedimentação e de
transporte no ábaco pode ser usada para estimar a velocidade de sedimentação das partículas
A Tabela 5.4.2 apresenta os diâmetros médios das partículas por faixas granulométricas, para
auxílio na utilização e interpretação do ábaco (Referência: USACE, 1977).
EROSÃO
100
Velocidade (cm/s)
10
TRANSPORTE
1
SEDIMENTAÇÃO
0.1
0.01
0.001 0.01 0.1 1 10 100 1000
Diâmetro (mm)
A velocidade média do escoamento ( v ) ao longo do reservatório pode ser estimada com base
na aplicação da seguinte fórmula, na qual Q é a vazão média afluente (m³/s), L o comprimento
longitudinal do reservatório (m) e V T o volume total armazenado (m³):
Q L
v (5.4.1)
VT
Tempo de Residência
O dimensionamento do volume morto das barragens de água pode ser feito de diversas
formas, dependendo das condições de contorno que são impostas. Existem duas condições
gerais mais amplas, que norteiam os passos de cálculo, a saber:
Para o caso de ser fixado o horizonte de vida útil do reservatório, como critério de projeto:
Para o caso de ser fixado o valor do volume morto, como critério de projeto:
As barragens de retenção de sedimentos devem ser dimensionadas para reter pelo menos a
faixa granulométrica das areias, equivalente a considerar a retenção de todas as partículas de
descarga sólida com diâmetro D50 > 0,1 mm.
Q
L b (5.4.2)
vS
A outra variável que figura na Equação 5.4.2 é a velocidade de sedimentação v S, que para o
caso limiar das areias muito finas pode ser aproximada por vS=0,009 m/s, conforme indicado
pelo diagrama da Figura 5.4.4.
Nesse documento, o termo Bacia de Decantação está sendo aplicado para designar os
reservatórios de pequeno porte que são implantados como estrutura auxiliar dos sistemas de
drenagem superficial de pilhas de estéril, cavas e estradas de acesso, com a finalidade
Pode-se considerar que a diferença entre uma bacia de decantação e um reservatório para
retenção de sedimentos reside na duração dos eventos hidrológicos: enquanto os reservatórios
para retenção de sedimentos são dimensionados para ciclos anuais, as dimensões das bacias
de decantação resultam de eventos de chuva de curta duração, geralmente inferiores a 24
horas. Por conta desse critério de dimensionamento, as bacias de decantação exigem
manutenção periódica, principalmente após a ocorrência de chuvas de alta intensidade.
A cheia de projeto pode ser definida como o hidrograma de cheia (Item 3.8) que é calculado
com a finalidade específica de dimensionamento das obras hidráulicas, estando associado à
capacidade limite das estruturas de condução (canais, bueiros, vertedouros) ou à altura
atingida pelos perfis de escoamento (diques, tomadas de água).
Existem duas classes de métodos para o cálculo das cheias de projeto: (i) método direto, que
utiliza os dados de vazões registradas em uma estação fluviométrica e (ii) métodos indiretos,
baseados no cálculo dos hidrogramas a partir de dados de chuva precipitada sobre a bacia
hidrográfica.
O método direto de cálculo de cheias de projeto baseia-se na análise estatística das vazões
registradas em uma estação fluviométrica, normalmente utilizando amostras de valores
máximos anuais de vazão média diária ou de vazão de pico. Assim, as amostras disponíveis
para a análise estatística (análise de freqüência) são formadas por tantos pontos quantos
forem os anos hidrológicos disponíveis no histórico de medições da estação.
Quanto à recomendação de tamanho mínimo da amostra que forneça uma análise estatística
confiável, não existe um critério específico para essa definição, embora alguns autores
recomendem comprimentos mínimos de 20 anos, ou então um comprimento mínimo de n anos
para estimar quantis com até 2n anos de período de retorno (NAGHETTINI & PINTO, 2007).
De qualquer forma, devem-se evitar extrapolações para probabilidades de excedência muito
superiores àquelas calculadas pela freqüência dos pontos amostrais.
Uma outra limitação do método direto refere-se ao fato de a maioria das estações
fluviométricas disponibilizarem apenas dados de vazão média diária, quando, na realidade, as
vazões de projeto devem corresponder aos respectivos valores instantâneos de pico. Em
bacias com áreas de drenagem de pequena magnitude, como nos casos das bacias
abrangidas pelas obras hidráulicas em mineração, pode haver uma diferença significativa entre
a máxima vazão média diária (registrada na estação fluviométrica) e a vazão de pico (vazão de
projeto). Uma das formas de resolver esse problema consiste em aplicar relações de correção
entre as máximas vazões médias diárias e as vazões de pico, como a fórmula de Füller, dada
abaixo:
Por conta dessas limitações, o método direto de determinação de cheias de projeto tem pouca
aplicabilidade no dimensionamento das obras hidráulicas em mineração. Além disso, para o
dimensionamento de vertedouro de barragens é necessária a determinação do hidrograma
completo da cheia de projeto, que não se define pelo método direto.
Como os eventos de chuva são caracterizados pela altura precipitada com uma certa duração,
torna-se necessária a definição das relações altura-duração-freqüência (Item 5.6.4), nas quais
essas grandezas características são associadas aos respectivos períodos de retorno. Também
é necessário definir a distribuição temporal das alturas precipitadas (Item 5.6.5) e a forma de
distribuição espacial dos eventos (Item 5.6.6).
Além desses métodos de cálculo tradicionais, deve ser mencionada a crescente aplicação de
modelos matemáticos de simulação hidrológica mais sofisticados, que podem resultar em
valores mais confiáveis para as cheias de projeto nos casos de haver disponibilidade de dados
para calibração.
Nos subitens seguintes são apresentados os passos de cálculo para a aplicação dos métodos
indiretos, que abrangem:
a TR b
i (5.6.1)
t 0 c
Uma variação do tipo da Equação 5.6.1 foi estabelecida por Pinheiro & Naghettini (1998) para a
Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), onde se inserem várias Unidades Industriais
da VALE, tais como as Minas Fábrica, do Pico, Tamanduá, Capitão de Mato, Capão Xavier,
Mar Azul, Córrego do Feijão, Jangada e o Complexo ITM Vargem Grande. A equação
incorpora uma variável componente de regionalização hidrológica, que permite a aplicação em
qualquer área da RMBH, sendo dada pela seguinte expressão:
A componente que permite a generalização regional é a precipitação média anual (P), que
pode ser estimada pelo mapa isoietal da Figura 5.6.1.
Uma das metodologias mais clássicas de desagregação aplicada no Brasil é a do método das
isozonas, definida por Taborga (1974). Suportado pelo clássico trabalho de Pfafstetter (1957),
a base do método das isozonas decorreu da constatação de que havia uma certa uniformidade
regional entre as alturas de chuva de 6 min com 24 horas (P6min/P24) e de 1 hora com 24 horas
(P1/P24), configurando as chamadas isozonas de igual relação entre as precipitações de
diferentes durações. O mapa das isozonas aparece reproduzido na Figura 5.6.2 e a os
quocientes entre as chuvas de 6 min e 1 hora, relativamente à chuva de 24 horas, estão
listados na Tabela 5.6.1. Para qualquer outra duração, as alturas de chuva podem ser obtidas
por interpolação, empregando o gráfico da Figura 5.6.3.
Tabela 5.6.1 – Relações entre as alturas de chuvas de 6 min e 1 hora com a chuva de 24 horas
(Referência: TABORGA, 1974).
Nas aplicações do Método do Hidrograma Unitário (Item 5.6.10) para cálculo de vazões de
cheias, é necessário discretizar a altura da chuva de projeto, com uma certa duração, em
blocos justapostos de menor duração, compondo o chamado ietograma de chuva de projeto.
Usualmente, recomenda-se a adoção do intervalo de discretização (Δt) igual a 20% do tempo
de concentração da bacia (Δt=tC/5), como forma de se obter uma relação matemática
compatível com a fórmula de cálculo do Método do Hidrograma Unitário.
Uma vez estabelecido o intervalo de discretização Δt, existem diferentes formas de distribuição
temporal dos blocos de chuvas resultantes, dentro da realidade de que a chuva não apresenta
uma distribuição uniforme ao longo do tempo. Uma das formulações que pode ser empregada
Figura 5.6.4 – Critérios de Huff para distribuição temporal dos blocos de precipitação.
o
Figura 5.6.5 – Ietogramas montados a partir da distribuição de Huff no 2 quartil.
50
45
40
35
Precipitação (mm)
30
25
20
15
10
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Duração (dias)
Além da variação ao longo do tempo, os eventos de chuva apresentam também uma grande
variabilidade espacial. Para a maioria das aplicações, o interesse está focado no cálculo da
altura de chuva média sobre a bacia hidrográfica. Como os cálculos das relações altura-
duração-freqüência são feitos para um determinado ponto de monitoramento pluviométrico,
considera-se que os resultados obtidos sejam representativos da chamada altura de chuva
pontual.
Selecionar a isoieta envoltória na Figura 5.6.8, com o limite de área imediatamente superior
à área da bacia hidrográfica;
Para cada duração de interesse, obter o fator de abatimento k na Figura 5.6.7,
considerando a área da isoieta envoltória;
Definir a forma da isoieta envoltória da bacia sabendo que a área da elipse é dada por
A=πab;
Calcular o valor da altura da isoieta envoltória PC por meio da equação:
25 A 25 P0 PC
P0 k P0 (5.6.3)
A A 2
Quando se aplica a distribuição isoietal padrão, a altura da chuva média em cada sub-bacia
pode ser calculada pelo Método das Isoietas, que emprega a formulação:
Ai
P P
i
INT
A
(5.6.4)
Nessa fórmula, PINT representa a média das alturas de chuvas entre isoietas
consecutivas e Ai é a área abrangida entre as isoietas consecutivas.
Destaca-se que a maioria das bacias hidrográficas de contribuição para as obras hidráulicas
em mineração abrange áreas de pequena magnitude, para as quais se aplica a hipótese de a
altura da chuva média equivalente ser igual à altura da chuva pontual P 0.
A precipitação efetiva é definida como aquela que resulta do excedente de chuva em relação
às abstrações hidrológicas (infiltração, interceptação, retenção e evapotranspiração),
representando a parcela que contribui para o escoamento superficial ou subsuperficial que
formata os hidrogramas de cheias (Item 3.8). De forma gráfica e conceitual, o cálculo da
precipitação efetiva pode ser feito conforme o esquema mostrado na Figura 5.6.9, com
indicação das principais grandezas envolvidas: P e precipitação efetiva, Fa volume infiltrado e I a
outras abstrações (retenção e interceptação).
P Pe Ia Fa (5.6.5)
Fa Pe
(5.6.6)
S P Ia
25.400
S 254 (5.6.7)
CN
Ia 0,2 S (5.6.8)
Pe
P Ia 2
(5.6.9)
P Ia S
S P Ia
Fa (5.6.10)
P Ia S
Existem outros métodos de cálculo da chuva efetiva, tais como o da fórmula de Horton e o de
Green-Ampt. As aplicações práticas desses métodos ficam restringidas pelo fato de possuírem
mais parâmetros e assim agregar incertezas nas estimativas.
Independente do método aplicado para cálculo da chuva efetiva, o resultado fica sensível à
distribuição temporal assumida para os blocos de chuva do ietograma. Conforme indicado no
Subitem 5.6.5, recomenda-se a adoção da distribuição temporal decorrente do Método de Huff,
no 2o quartil e com 50% de probabilidade de ocorrência (ver Figura 5.6.5, ietograma do centro).
QP 0,278 C i A (5.6.11)
Embora o Método Racional seja aplicado, essencialmente, para o cálculo da vazão de pico Q P,
a sua formulação resulta em um hidrograma de cheia simétrico, com tempo de base igual a 2 x
tC, conforme mostrado na Figura 5.6.10.
O método tem como limitação a aplicabilidade apenas para pequenas bacias hidrográficas,
com área de drenagem A < 1,0 km². Entretanto, existem adaptações para aplicação em bacias
com áreas de até 10 km², empregando a formulação abaixo, na qual se insere um coeficiente
de retardo Φ:
QP 0,278 C i A (5.6.12)
1
(5.6.13)
n
A
Nessa equação, a área de drenagem A é dada em hectares (ha) e n é um parâmetro que pode
assumir os seguintes valores:
- n = 4 para bacias com talvegue principal com baixas declividades, inferiores a 0,5%
- n = 5 para bacias com talvegue principal com declividades entre 0,5% e 1,0%
- n = 6 para bacias com talvegue principal com declividades superiores a 1,0%
Sob o enfoque puramente teórico, o hidrograma unitário pode ser calculado a partir de registros
simultâneos de chuva e de vazão, considerando dados de monitoramento contínuo (pluviógrafo
e linígrafo) na bacia hidrográfica. Essa condição de monitoramento simultâneo praticamente
não existe nas pequenas bacias de interesse para as obras hidráulicas implantadas nas áreas
de mineração, devendo assim ser aplicado o conceito de hidrograma unitário sintético.
Nessa variação do método, o hidrograma unitário é sintetizado de forma indireta para a bacia
hidrográfica, com base em parâmetros físicos, que podem ser determinados em plantas
cartográficas. Dentre os parâmetros físicos de maior utilização citam-se a área de drenagem e
a declividade média equivalente do talvegue principal, definidores do tempo de concentração
da bacia.
Como existe a possibilidade de adaptação do Método Racional para bacias de até 10 km² de
área de drenagem, recomenda-se a aplicação do Método do Hidrograma Unitário para as
bacias maiores, sempre que o interesse estiver focado apenas na vazão de pico. Quando for
necessária a determinação do hidrograma de cheias para o dimensionamento de vertedouros
de barragens, o método deve ser aplicado para quaisquer bacias, com A > 1,0 km².
O intervalo de tempo unitário a ser adotado nos cálculos de síntese de hidrogramas unitários
deve ser de Δt = tC/5, sendo tC o tempo de concentração da bacia. Esse mesmo intervalo
unitário deve ser adotado para a discretização da chuva de projeto e composição de
ietogramas, conforme indicado no Subitem 5.6.5. A duração total da chuva de projeto deve ser
maior que o tempo de concentração da bacia, sendo recomendado o teste com diversas
durações, até a obtenção da condição mais crítica, em termos da magnitude da vazão de pico
obtida. A essa condição denomina-se a duração crítica da chuva de projeto.
Ainda para as durações de chuvas superiores a 2 dias, o método do hidrograma unitário deve
ser substituído por um modelo distribuído (Subitem 5.6.12), ou por hidrogramas de vazões
médias diárias, calculadas a partir da aplicação de um índice Φ de infiltração aos ietogramas
de chuvas diárias. Essa adequação metodológica está associada ao fato de que o balanço
hídrico dos reservatórios com inércia volumétrica não é sensível aos picos dos hidrogramas de
cheias, processando apenas os blocos de volumes afluentes diários.
Os modelos distribuídos simulam eventos de mais longa duração e contêm elementos que
permitem incorporar a descarga do fluxo de base do escoamento, além de características mais
abrangentes dos reservatórios naturais de água da bacia. Normalmente, os modelos
As simulações com modelagem hidrodinâmica podem ser feitas com o utilitário UNET
(BARKAU, 1996), incorporado recentemente ao modelo HEC-RAS.
O cálculo do volume de espera pode ser processado por meio da equação geral de balanço
hídrico (Equação 4.1), que pode figurar na seguinte forma de resolução numérica por
diferenças finitas:
A Figura 5.7.1 representa, de forma esquemática, a variação ao longo do tempo das grandezas
envolvidas no processo de cálculo. Entre os instantes t 1 e t2, a vazão afluente QA mantém-se
com valores maiores que a vazão vertida QV, acarretando a sobrelevação do NA do
reservatório e o aumento do volume de água acumulado V acima da soleira do vertedouro. No
instante t2, quando se igualam as vazões QA e QV, ocorrem os valores máximos de
sobrelevação de NA (NA1) e de acúmulo de volume no reservatório, que corresponde ao valor
do volume de espera (VESP). A partir do instante t 2, a vazão vertida QV permanece com
valores maiores que a vazão afluente QA, ocorrendo assim o esvaziamento progressivo do
reservatório, até a recuperação do nível de água inicial NA 0.
O primeiro passo para o cálculo do volume de espera VESP consiste na determinação da cheia
de projeto do vertedouro (variável QA), segundo os procedimentos descritos no Item 5.6. No
caso das barragens construídas em áreas de mineração, a aplicação dos métodos indiretos de
cálculo de cheias de projeto apresenta-se como regra geral, pelos fatos de não haver registros
O critério a ser adotado na determinação da cheia de projeto do vertedouro deve ser fixado em
função da dimensão da barragem e do nível de risco a jusante, em caso de acidente com
rompimento do maciço. Para o setor de mineração, recomenda-se a adoção dos critérios
definidos pelo USACE (1979) e citados pelo ICOLD (1992). Na realidade, esses critérios foram
ajustados pelo CBDB e efetivamente recomendados para aplicação no caso das barragens
brasileiras (ELETROBRÁS, 1987). A Tabela 5.7.1 apresenta a classificação das barragens
segundo a dimensão, e o Quadro 5.7.1 segundo o nível de risco a jusante. Em função da
combinação dessas classificações, o Quadro 5.7.2 resume os critérios recomendados pelo
CBDB.
Grande 1 CMP
Média 1 CMP
ALTO
Grande 1 CMP
Por definição, a CMP – Cheia Máxima Provável representa o hidrograma de cheia gerado pela
transformação chuva-vazão do evento da PMP – Precipitação Máxima Provável, distribuído na
área da bacia hidrográfica de contribuição (Subitem 5.6.7). Devido à carência de estudos de
PMP pontual no Brasil, especialmente nas áreas dos projetos de mineração, tem sido prática
corrente o cálculo da CMP a partir do evento de chuva decamilenar. De qualquer forma, existe
uma incerteza nas estimativas dos limites superiores dos eventos de chuva, que deve ser
criteriosamente analisada em cada caso de aplicação. No estado do conhecimento atual, tem
havido uma convergência dos resultados dos estudos de estimativas de chuvas extremas, com
indicativos dos seguintes valores para a altura de chuva de 24 horas:
Algumas estimativas convergem para valores de altura maiores que 400 mm, para o evento da
chuva de 24 horas, nas aplicações do processo de cálculo da PMP pelo método estatístico.
Nos registros das estações pluviométricas da rede oficial da ANA, os máximos valores desses
eventos têm sido da ordem de 250 mm (Região Sudeste) ou de 200 mm (Região Amazônica).
Barragens em Cascata
Condições de Contorno
Na Figura 5.7.3 são mostrados, de forma esquemática, os elementos de cálculo que funcionam
como condições de contorno para a resolução numérica da equação de amortecimento de
cheias em reservatórios.
Condição Inicial
Em suma, os seguintes critérios podem ser recomendados para a definição das condições
limiares para cálculo de VESP:
Planta
223
222
221
Legenda
Cota (m)
Fase Inicial
Fase Intermediária
220
Fase Final
219
Soleira do Vertedouro
218
217
0 2,000,000 4,000,000 6,000,000 8,000,000 10,000,000 12,000,000 14,000,000
Volume (m³)
Figura 5.7.5 – Comparação das curvas cota-volume para a condição limiar de assoreamento.
A localização ideal das barragens de rejeitos deve ser nas cabeceiras dos cursos de água, de
sorte a formar reservatórios com grande inércia volumétrica (ver definição introduzida no Item
1.4). Os reservatórios de grande porte apresentam condições mais favoráveis de tempo de
residência, importante no processo de clarificação da água decantada da polpa do rejeito, além
de resultarem em maiores espaços para a alocação do VESP, reduzindo as dimensões do
sistema de extravasamento. O critério de implantar as barragens de rejeitos em bacias de
pequeno porte aparece como recomendação do ICOLD (1989), principalmente nos casos de
rejeitos que geram efluentes tóxicos.
Segundo Vick (1990), citado em EPA (1994), a área da bacia hidrográfica de contribuição deve
ser de 5 a 10 vezes menor que a área da superfície do reservatório, resultando nas seguintes
relações:
A RESERVATORIO
0,200 para ABACIA < 5 x ARESERVATÓRIO (5.7.2)
A BACIA
A RESERVATORIO
0,100 para ABACIA < 10 x ARESERVATÓRIO (5.7.3)
A BACIA
A observação desse critério torna-se particularmente importante para evitar que as cheias
concentradas nos talvegues desmontem os depósitos de rejeitos consolidados nas cabeceiras
e provoquem turbulência nas águas do reservatório, fatores que podem reduzir a eficiência em
promover a clarificação da água decantada da polpa do rejeito.
Na verdade, os limites indicados nas equações acima representam a altura de chuva efetiva ou
o deflúvio de escoamento superficial que podem ser amortecidos ou armazenados em cada
metro de elevação do NA do reservatório. Em alguns projetos, já foram observadas condições
satisfatórias de dimensionamento até para situações limites da equação abaixo:
A RESERVATORIO
0,050 (5.7.4)
A BACIA
A seguir são listados os passos de cálculo seqüenciais para a simulação do trânsito de cheias
nos reservatórios das barragens de rejeitos, para determinação do VESP.
Para facilitar a convergência dos passos de cálculo, pode-se estabelecer como critério
adicional de projeto a fixação prévia da borda livre máxima entre a cota de coroamento da
barragem e o NA máximo normal. Como recomendação genérica, tem sido prática no
dimensionamento dos vertedouros das barragens de rejeitos a fixação da borda livre máxima
em 3,00 m, sendo 2,00 m para alocação de VESP e 1,00 m como a borda livre propriamente
dita, para absorver recalques do maciço e arrebentação de ondas eólicas. Ressalta-se que
esse critério não deve ser tomado como recomendação estrita, pois existem outros
condicionantes para a fixação da borda livre máxima, tais como condições geotécnicas dos
alteamentos e geometria da calha do vertedouro.
As barragens de rejeitos que operam em circuito fechado devem ser dimensionadas para
acomodar dois tipos de volumes de espera (Item 5.8):
No caso, o VESP para amortecimento de cheias deve ser fixado para a condição inicial da
morfologia do reservatório, sem a consideração das frentes de assoreamento. Excetuando
essa consideração e o fato de as barragens de água serem construídas em uma única etapa,
todos os demais passos de cálculo estabelecidos para o dimensionamento das barragens de
rejeitos podem ser seguidos. O volume útil deve ser calculado em conformidade com os
requerimentos de regularização, seguindo os conceitos apresentados no Item 3.9.
O volume morto pode ser calculado seguindo os passos indicados no Item 5.4, referendo à
determinação de volumes para a contenção de sedimentos.
Para os pequenos diques, que podem assorear em períodos de apenas um ano hidrológico,
recomenda-se configurar o reservatório para a hipótese de total assoreamento, resultando em
valores nulos para o volume de espera.
Os passos de cálculo para dimensionamento são semelhantes aos recomendados para o caso
das barragens de rejeitos, diferenciando-se apenas o fato de que as barragens de contenção
de sedimentos, normalmente, são construídas em uma única etapa, sem previsão de
alteamentos.
Para o caso dos diques, pode-se dimensionar o vertedouro sem volume de espera, adotando-
se a vazão de pico do hidrograma da cheia de projeto.
NA máximo normal: nível de água máximo normal do reservatório, que em geral coincide
com a cota das soleiras dos sistemas de extravasamento, correspondendo à condição de
reservatório cheio;
NA mínimo operativo: nível de água mínimo que pode ser alcançado pelo reservatório,
sem comprometer as estruturas de captação existentes, correspondendo à condição de
reservatório vazio;
NA máximo maximorum: máxima sobrelevação atingida pelo nível de água de um
reservatório, correspondente à condição simulada pelo trânsito da cheia de projeto.
Os níveis operativos notáveis delimitam ou são delimitados por volumes característicos que
são alocados nos reservatórios, conforme as definições apresentadas no Item 1.4. Os
principais volumes característicos são:
Os níveis operativos notáveis são estabelecidos em função das finalidades de cada barragem,
que podem ser: (i) barragem de água para regularização de vazões de estiagem, (ii) barragem
de rejeito em circuito aberto, (iii) barragem de rejeito em circuito fechado, (iv) barragem de
rejeito com múltiplas finalidades e (v) barragem de contenção de sedimentos.
Barragem de Água
Reservatório operando com volume útil para regularização de vazões de estiagens e volume
morto para retenção de assoreamento ou afogamento das estruturas de tomada de água
(Figura 5.8.1).
Uma barragem de rejeitos opera em circuito aberto se a água liberada pela polpa pode ser
incorporada à vazão natural do curso de água e verter para jusante sem comprometimento dos
padrões de qualidade estabelecidos para o curso de água. Nessas barragens, pode-se
recircular toda a água liberada pela polpa do rejeito para utilização industrial, mantendo-se o
reservatório permanentemente no NA máximo normal, vertendo a vazão afluente natural do
curso de água (Figura 5.8.2).
Como a maioria das barragens de contenção de rejeitos é construída por etapas sucessivas, os
níveis operativos notáveis acompanham a dinâmica dos alteamentos.
Uma barragem de rejeitos opera em circuito fechado se a água liberada pela polpa, juntamente
com todo o deflúvio de escoamento gerado na bacia hidrográfica de contribuição, deve ser
armazenada para utilização como água industrial. Essa característica é típica das barragens de
contenção de rejeitos tóxicos ou com padrões de qualidade que impedem a liberação da água
da polpa para jusante.
O reservatório dessas barragens opera com um volume útil para a regularização das vazões de
estiagem e com dois níveis de volume de espera, a saber (Figura 5.8.3):
VESP1: volume de espera para retenção de cheias ou deflúvios gerados por eventos de
chuva de longa duração, recomendando-se o período máximo de 12 meses (ano hidrológico
completo);
VESP2: volume de espera para amortecimento da cheia de projeto do vertedouro de
emergência, determinada a partir da PMP de duração crítica para o sistema.
A sobreposição dos volumes de espera condiciona a existência de dois NA’s máximos normais
(NA1 e NA2 na Figura 5.8.3), sendo que a soleira do vertedouro de emergência fica implantada
na cota do NA2.
Representa o caso particular de uma barragem de rejeito que opera em circuito aberto com um
volume útil para regularização de vazões de estiagem (Figura 5.8.4). Nesses casos, a cota do
NA mínimo operativo é fixada em função do volume útil para regularização e dos requisitos de
afogamento ou de posição das tomadas de água.’
Figura 5.8.4 – Níveis operativos notáveis de Barragem de Rejeito com múltiplas finalidades.
A Borda Livre das barragens é definida como o espaço que deve ser alocado entre o NA
máximo maximorum e a cota de coroamento do maciço, com a finalidade de absorver a
arrebentação de ondas formadas por ventos ou agregar segurança adicional para eventuais
recalques na elevação da crista.
Para as barragens de terra ou enrocamento, o valor da borda livre a ser adotado deve ser igual
a 1,4 x h0, sendo h0 a altura significativa da onda calculada pela Equação 5.9.1.
Por razões de segurança, a borda livre mínima a ser adotada nas barragens de mineração é
de 1,00 m, conforme recomendação do USBR (1977).
As estruturas hidráulicas de desvio de cursos de água são obras provisórias construídas para
secar trechos fluviais e permitir a implantação de obras hidráulicas definitivas, tais como
barragens e canais. Assim, as estruturas de desvio são concebidas e projetadas para operar
durante a construção da obra definitiva, sendo constituídas por ensecadeiras, tubos e canais. O
dimensionamento hidrológico das estruturas de desvio consiste em determinar a cheia de
projeto para o dimensionamento hidráulico.
Condicionantes e critérios de projeto: (i) dar preferência para a construção da obra durante o
período seco, (ii) definir a duração da obra – somente durante o período seco, abranger um
período chuvoso ou previsão de durar N anos, (iii) definir o período de retorno da cheia de
projeto ou o risco hidrológico admissível durante o período de duração da obra.
Passos de cálculo para obra de desvio durante o período chuvoso, considerando um ano
hidrológico completo:
N
1
R 1 1 (5.10.1)
TR
max VOL
0,010 (5.10.2)
A
Consideram-se como estruturas hidráulicas de travessia as pontes e bueiros, que são as obras
de drenagem transversal dos sistemas viários (rodovias, ferrovias, estradas de acesso em
áreas de minas).
Critério de projeto para pontes: vazão com período de retorno de 100 anos.
Dados básicos requeridos: Plano Diretor da Mina, com indicação do arranjo geral e localização
dos principais componentes (cavas, pilhas de estéril, pátios de estocagem, pátios de embarque
ou desembarque, estradas), planta topográfica da área e planta cartográfica com a hidrografia
regional.
Lançar em planta topográfica o arranjo geral de cada etapa do Plano Diretor, abrangendo o
avanço das frentes de lavra e os projetos conceituais das pilhas de estéril;
Destaca-se que na NBR 13028 (ABNT, 2006) são feitas as seguintes recomendações para o
cálculo da chuva de projeto:
Período de retorno mínimo de 100 anos para os dispositivos de pequenas vazões, tais
como canaletas de berma e descidas de água;
Período de retorno mínimo de 500 anos para os dispositivos de grandes vazões, tais como
canais de coleta e condução final das águas de drenagem.
Como as áreas de cavas podem ser trabalhadas em desenvolvimento de pits fechados, deve-
se conceber o sistema de drenagem de forma tal a escoar por gravidade o máximo possível
das contribuições de escoamento superficial, distinguindo a área aberta e a área fechada,
Figura 5.12.1 – Esquema de delimitação de área fechada e área aberta nas cavas das minas.
No processo de cálculo das vazões de pico para dimensionamento das estruturas em áreas
abertas, deve-se montar o diagrama unifilar de cada ramal do sistema de drenagem, conforme
esquema sugerido na Figura 5.12.2. A vazão de dimensionamento de um trecho k genérico
qualquer deve ser feita segundo os passos de cálculo:
k 1
L k 1,k
tk t
i1
i
v k 1,k
(5.12.1)
C A i i
CK i1
k
(5.12.2)
A
i1
i
k
Qk 0,278 CK ik A i (5.12.3)
i1
Para o trecho do extremo de montante k=1, o tempo de concentração t 1 deve ser calculado
pela soma do tempo de escoamento difuso e do tempo de escoamento no talvegue até o ponto
P1 (Item 3.13).
No processo de cálculo dos volumes a serem bombeados das áreas fechadas dos pits, os
seguintes passos devem ser observados:
São estruturas constituídas por canais de contorno periférico aos reservatórios das barragens
de rejeitos, dimensionados com a finalidade de desviar o fluxo do escoamento superficial das
águas pluviais e das contribuições de base dos cursos de água afluentes, visando dar
flexibilidade à operação e minimizar o contato dos depósitos com as vazões naturais da bacia
hidrográfica. Aplicam-se em casos de rejeitos que agregam padrões de qualidade abaixo dos
parâmetros de enquadramento dos cursos de água, tais como rejeitos tóxicos ou com elevados
níveis de turbidez. A Figura 5.13.1 mostra um arranjo típico de drenagem periférica.
Dados básicos requeridos: Plano Diretor da Mina, balanço hídrico do reservatório da barragem
de rejeitos, qualidade dos rejeitos, estudos de qualidade da água do reservatório.
Seqüência do dimensionamento:
Calcular as vazões de cheias dos cursos de água afluentes: não existe um critério
específico para a definição do período de retorno das cheias de projeto. Deve-se considerar
que toda a vazão excedente à de projeto dos canais afluirá ao reservatório e será
incorporada ao balanço de qualidade das águas, com eventual vertimento. Dada a analogia
dessas estruturas com a drenagem de cavas e pilhas, pode-se recomendar o mesmo
critério contido na NBR 13028 (Item 5.12), com períodos de retorno variando entre 100 e
500 anos;
Definir o projeto conceitual das estruturas, com a locação dos canais, diques e barragens
de desvio;
Efetuar o dimensionamento hidráulico das estruturas, considerando as recomendações
específicas do Capítulo 7. Avaliar a necessidade de revestir os canais periféricos, em razão
das características do solo local, como forma de evitar infiltração e reduzir as linhas de fluxo
na direção do reservatório.
O trecho fluvial selecionado deve ter um comprimento pelo menos 75 vezes a profundidade
média do escoamento das vazões em análise;
O número mínimo de seções batimétricas no trecho deve ser 5 (cinco);
O espaçamento entre seções deve ser tal que o desnível do perfil longitudinal ou do perfil
de escoamento entre seções seja inferior a 0,60 m;
As seções batimétricas devem ser estendidas pelas margens até os pontos de alcance do
NA correspondente à máxima vazão a ser simulada;
Os levantamentos de campo devem ser feitos em seções transversais ao escoamento,
tanto na calha menor, quanto nas planícies de inundação das margens esquerda e direita;
O engenheiro encarregado de fazer as especificações deve proceder a uma visita prévia de
campo, para observar as características do trecho fluvial de interesse e tirar fotografias
representativas para possibilitar as estimativas dos coeficientes de rugosidade de Manning;
Mesmo excedendo o limite do comprimento mínimo do trecho fluvial de interesse, a
existência de uma seção de controle hidráulico a jusante deve ser necessariamente
levantada.
Destaca-se nesse ponto a diferença entre as variáveis VDISP e VESP, considerando que
ambas se referem ao volume reservado acima do NA máximo normal para o amortecimento de
cheias:
VESP é o volume de espera calculado como critério de projeto, considerando uma condição
limite de assoreamento ou de avanço da praia de rejeito (Subitem 5.7.2);
VDISP é o volume efetivamente disponível para o amortecimento de cheias, obtido pelo
procedimento de topobatimetria indicado a seguir;
Nas barragens em operação, os levantamentos devem ser feitos a cada 6 meses, ou pelo
menos uma vez por ano. Preferencialmente, nas datas dos levantamentos o nível de água
deve estar no NA máximo normal. Os serviços de campo devem ser feitos com equipamento
ecobatímetro, sendo fundamental a anotação da cota do nível de água nas data dos
levantamentos.
756.00
Cota de Coroamento
754.00
NA máx. maximorum
752.00
NA máx. normal
750.00
Cota (m)
748.00
SOLEIRA VERTENTE
NA mínimo
746.00
BATIMETRIA TOPOGRAFIA
744.00
VU VDISP
742.00
740.00
0 500000 1000000 1500000 2000000 2500000 3000000
Volume (m³)
Entende-se por dimensionamento hidráulico a definição das dimensões das estruturas e obras
de condução ou acumulação de água. Na via normal do dimensionamento, parte-se do
pressuposto de que já foram concluídos os estudos hidrológicos, definidores das vazões de
projeto (Capítulo 5), bem como se encontram disponibilizados os levantamentos de campo
requeridos, definidores das condições de contorno para o desenvolvimento longitudinal das
obras (Capítulo 6). Eventualmente, as obras hidráulicas podem introduzir alterações
significativas na morfologia dos canais fluviais e nas características físicas das bacias
hidrográficas, suficientes para demandar uma análise retrospectiva dos estudos hidrológicos,
que leva a um processo de cálculo iterativo até que seja obtida a compatibilidade entre os
elementos das disciplinas Hidrologia e Hidráulica. A Figura 7.1 ilustra a seqüência de cálculo
convencional do dimensionamento hidráulico, quando são determinadas as dimensões das
estruturas a partir do conhecimento prévio de uma vazão de projeto.
As obras hidráulicas são compostas por conjuntos de estruturas hidráulicas, que são
conectadas nos projetos de forma a não resultar em alterações bruscas ou sobrelevações nos
perfis de escoamento que impliquem no colapso das obras. Dentre as estruturas hidráulicas
utilizadas nas obras de mineração, citam-se: canais, vertedouros, orifícios, condutos afogados,
bacias de dissipação de energia, canais de restituição, descidas de água, caixas de passagem,
estruturas de emboques, estruturas de desemboques e transições.
7.1.1. Canais
São estruturas destinadas à condução da água entre duas seções com cotas ou cargas
hidráulicas diferenciadas, podendo ter diversas formas geométricas simples ou compostas:
retangular, triangular, circular, trapezoidal. Os canais podem ser construídos com diversas
formas de revestimento, sendo as principais o concreto, gabião, enrocamento, pedra
argamassada, terramesh, solo cimento e grama.
Equações de Dimensionamento
2
1
Q AR 3 S 0 (7.1.1)
n
Existem diversos aplicativos computacionais para o cômputo da Equação 7.1.1, podendo ser
citado o Programa HIDROwin, encontrado no endereço eletrônico do Departamento de
Engenharia Hidráulica e Recursos Hídricos da UFMG (Referência: www.ehr.ufmg.br). Diversos
autores (CHOW, 1959; BAPTISTA & LARA, 2006) apresentam os elementos geométricos
básicos das seções prismáticas usadas no dimensionamento dos canais, com as formulações
matemáticas para o cálculo da área molhada (A), perímetro molhado (P), raio hidráulico
(R=A/P) e profundidade hidráulica (D=A/T), sendo T a largura de topo da seção molhada.
Nos aplicativos computacionais que processam a Equação 7.1.1, além do cálculo das variáveis
do dimensionamento são também determinados os seguintes elementos subsidiários:
Q
v (7.1.2)
A
v
F (7.1.3)
gD
Variáveis de Dimensionamento
Todas as grandezas que figuram no termo do lado direito da Equação 7.1.1 podem ser
consideradas como variáveis de dimensionamento. Normalmente, o coeficiente de rugosidade
de Manning (n) é definido em função da premissa adotada quanto ao tipo de revestimento do
canal, enquanto a declividade longitudinal (S 0) decorre da condicionante imposta pelas cotas
de início e fim do canal, indicadas respectivamente por El. 1 e El. 2 no croqui da Figura 7.1.1.
Para o dimensionamento de canais revestidos com enrocamento solto, tipo rip-rap, existem
critérios específicos que relacionam o diâmetro mediano do material com a profundidade e a
tensão de cisalhamento crítica (Item 4.13 de STURM, 2001).
Normalmente, a altura máxima do canal é fixada com um valor maior que a profundidade do
escoamento (y), acrescentando uma borda livre para a segurança do dimensionamento. A
borda livre pode ser calculada com base nas seguintes formulações:
BL y K (7.1.4)
Fórmula recomendada pelo U.S. Bureau of Reclamation, na qual BL é a borda livre (m), y
a profundidade do escoamento (m) e K um fator variando entre K=0,40 para baixos
valores de vazão de projeto (limite inferior de 0,500 m³/s) e K=0,80 para altos valores de
vazão de projeto (limite superior de 80,0 m³/s). A recomendação básica de aplicação
dessa fórmula é que a borda livre fique situada entre 0,30 m e 1,20 m.
7.1.2. Vertedouros
São estruturas que têm a finalidade básica de interpor uma seção de controle hidráulico ao
escoamento por meio da profundidade crítica, sendo aplicadas nos sistemas de
extravasamento das barragens e como medidores de descarga.
Croquis do Dimensionamento
Equações de Dimensionamento
3
2
Q 2g C d L e H 2 (7.1.6)
3
Le L KL (7.1.7)
L H H
Cd f , , (7.1.8)
b L P
3
Q Cd L H2 (7.1.9)
Para o caso específico do perfil tipo Creager, existe uma formulação detalhada para o desenho
da geometria da ogiva, conforme mostrado na Figura 7.1.5. Nota-se que todas as grandezas
estão definidas em função da variável Hd, denominada carga de projeto. Segundo o critério
recomendado pelo USBR, citado por Gupta (1989), o valor de Hd deve observar a relação
Hmax/Hd ≤ 1,33 sendo Hmax a máxima sobrelevação do NA do reservatório, obtida da operação
simulada de trânsito da cheia de projeto (Item 5.7 e Figura 5.7.1).
Na aplicação da Equação 7.1.9, a largura L deve ser corrigida para o seu valor efetivo L e,
incorporando os efeitos de contração lateral do fluxo e da eventual existência de pilares no vão
da soleira vertente. A Figura 7.1.9 ilustra a análise que deve ser feita para aplicação da
equação de cálculo da largura efetiva:
L e L 2K a N K p H (7.1.10)
Os valores que podem ser assumidos pelos coeficientes K a e Kp podem ser consultados em
USBR (1977).
Variáveis de Dimensionamento
A variável básica do dimensionamento dos vertedouros é a largura da soleira vertente (L), que
efetivamente é a grandeza geométrica principal que figura no termo da direita das Equações
7.1.6 e 7.1.9. Secundariamente, a sobrelevação do nível de água (H) também pode ser
considerada como uma variável do dimensionamento, obtida da operação simulada de trânsito
da cheia de projeto (Item 5.7 e Figura 5.7.1).
Figura 7.1.10 – Curva de descarga de um vertedouro. Corrigir Qv, linha tracejada para H, indicar
elevação da soleira e a cota altimétrica no gráfico, hachura da soleira, destacar perfil de linha de água
7.1.3. Orifícios
Os orifícios são estruturas de controle hidráulico que operam afogadas, sendo aplicadas em
sistemas de extravasamento de barragens e emboques de bueiros. Apresentam geometria
bem definida, geralmente em formato circular, retangular ou quadrada
Croquis do Dimensionamento
Para que ocorra o afogamento, a carga hidráulica H sobre a geratriz inferior deve satisfazer
a relação H > 1,2 h (sendo h a altura da seção do orifício);
O contato da lâmina de água com a geratriz superior da estrutura deve ocorrer em um
trecho relativamente curto, para que a perda de carga seja decorrente apenas da contração
da veia líquida;
Dessa premissa anterior decorre a condição de o escoamento ser livre a jusante do orifício.
Equações de Dimensionamento
Equação de descarga para pequenos orifícios: para a condição de carga hidráulica H > 3 h.
Q C d A 2gH (7.1.11)
Equação de descarga para grandes orifícios: para a condição de carga hidráulica H < 3 h.
2 H1,5 H12,5
Q C d A 2g 1
(7.1.12)
3 H1 H2
Para obter informações mais detalhadas sobre a hidráulica dos orifícios, recomenda-se
consultar o livro de Azevedo Netto et al. (1998), que apresenta informações importantes
relativas aos tópicos:
Variáveis de Dimensionamento
A variável básica do dimensionamento dos orifícios é a área da seção (A), que efetivamente é
a grandeza geométrica principal que figura no termo da direita das Equações 7.1.11 e 7.1.12.
Secundariamente, a sobrelevação do nível de água (H) também pode ser considerada como
uma variável do dimensionamento, obtida da operação simulada de trânsito da cheia de projeto
(Item 5.7 e Figura 5.7.1), nos casos de aplicação dos orifícios como estruturas de
extravasamento de vazões de cheias em barragens, ou da operação em regime permanente de
um bueiro com afogamento a montante e nas tomadas de água. Em qualquer aplicação,
supõe-se a fixação prévia do valor do coeficiente de descarga Cd.
São estruturas de condução de água, com geometria circular ou celular, que operam
totalmente afogadas, com cargas hidráulicas a montante e a jusante. Geralmente as obras
hidráulicas compostas por estruturas de condução fechada não são dimensionadas para operar
em condição afogada, sendo essa uma situação limite para teste de operação ou definição de
curvas de descarga de bueiros ou sistemas de extravasamento.
Croquis do Dimensionamento
Para haver escoamento no sentido do fluxo indicado na Figura 7.1.12, deve ocorrer a
relação NA1 > NA2;
Comprimento L do conduto suficiente para prevalecer a perda de carga ao longo de seu
perímetro molhado;
Equações de Dimensionamento
As equações que definem a vazão escoamento através de um conduto afogado são dadas por:
Q2
H K
2g A 2
(7.1.13)
19,62 n 2 L
K K E K S K L
(7.1.14)
R4 / 3
Nessas equações, Q é a vazão conduzida pelo conduto (m³/s), A é a área da seção do conduto
(m²), KE a perda de carga na entrada (KE 0,50), KS a perda de carga na saída (KS 1,00), KL
representa perdas localizadas (por exemplo, em comportas e válvulas), n é o coeficiente de
rugosidade de Manning do conduto e R o raio hidráulico (m).
Diversas combinações de cálculo podem ser feitas com a aplicação das equações de
dimensionamento de condutos forçados, sendo mais corrente as seguintes combinações:
Dimensionar a seção do conduto A para escoar uma vazão de projeto Q, dados os níveis
de montante e jusante NA1 e NA2;
Determinar a capacidade de escoamento Q de um conduto com área A, conhecidos os
níveis de montante e jusante NA1 e NA2;
Determinar a sobrelevação do nível a montante NA1, induzida pelo escoamento forçado de
uma vazão Q através de um conduto de área A.
Existem vários tipos de bacias de dissipação de energia, sendo as estruturas mais utilizadas
aquelas que se baseiam nos conceitos de ressalto hidráulico e de salto de esqui, cujos critérios
de dimensionamento são apresentados nesse subitem. As referências mais completas para o
dimensionamento das bacias de dissipação podem ser encontradas em Peterka (1984) e
Khatsuria (2005), onde aparecem outros tipos de estruturas, tais como caixas de impacto e
rampas dentadas, muito úteis para implantação no extremo de jusante de tubulações e em
descidas de água com baixas vazões específicas.
Croquis do Dimensionamento
Figura 7.1.13 – Croquis básicos para dimensionamento de bacias de dissipação por ressalto hidráulico.
Na zona de impacto do jato lançado pelo salto de esqui, deve ser prevista uma fossa de
erosão;
A fossa de erosão deve ser escavada, preferencialmente, em rocha sã;
Equações de Dimensionamento
y1 1
1 F12 1 (7.1.15)
y2 2
v1
F1 (7.1.16)
gy 1
L R 6,9 y 2 y1 (7.1.17)
Existem vários tipos de bacias de dissipação por ressalto (PETERKA, 1984), cujos
comprimentos LR podem ser reduzidos em relação ao valor fornecido pela Equação 7.1.17.
x2
y x tan
K 4d h v cos2 , K=0,90 (7.1.18)
Essas equações definem a trajetória horizontal x e vertical y do jato de água, sendo o ângulo
de lançamento do salto de esqui, d e v0 respectivamente a profundidade e a velocidade na
seção do lançamento.
A profundidade da fossa de erosão (he) depende da altura de queda do jato (H) e da vazão
específica por metro linear de largura do canal de descarga (q), valendo os seguintes valores
máximos e mínimos (ELETROBRÁS & CBDB, 2003):
Variáveis de Dimensionamento
Para as bacias com ressalto hidráulico: altura conjugada, comprimento do ressalto, cota do
fundo.
Para as bacias por salto de esqui: ângulo do defletor, alcance do jato, profundidade da fossa de
erosão. O comprimento da fossa de erosão deve ser maior que o alcance do jato x.
Estrutura de canal de tipo especial, com a função básica de conectar o fluxo da bacia de
dissipação ao canal natural do curso de água. Além dessa função básica, tem como finalidade
mais importante promover o afogamento da altura conjugada ou NA equivalente das bacias de
dissipação.
Em uma definição mais ampla, pode-se denominar canal de restituição a qualquer estrutura de
canal que faça a conexão da seção de jusante de uma obra hidráulica com o leito natural do
curso de água.
Equações de Dimensionamento
Não existe uma equação básica de dimensionamento dos canais de restituição, devendo ser
aplicado um modelo de simulação de perfis de escoamento, em regime permanente e
gradualmente variado (por exemplo, o modelo HEC-RAS). O dimensionamento do canal deve
ser feito com base no seguinte procedimento de cálculo:
Variáveis de Dimensionamento
Além das variáveis básicas do dimensionamento que são o tipo e a seção do canal, aparecem
graus de liberdade para ajuste na declividade longitudinal, nas profundidades do perfil de
escavação e no tipo de revestimento. Normalmente, os canais de restituição são revestidos
com enrocamento de proteção, gabião ou rip-rap.
Equações de Dimensionamento
Para a condição de escoamento em quedas sucessivas (nappe flow), são válidas as equações
de degraus, apresentadas no Subitem 7.1.10 (Equações 7.1.25 a 7.1.29). O pressuposto desse
tipo de escoamento é a ocorrência de ressalto hidráulico em cada degrau, embora essa
condição não seja condicionante, podendo as quedas sucessivas ocorrem com escoamento
supercrítico.
q
d (7.1.23)
v max
O valor da velocidade teórica corresponde à situação que ocorreria para um fluido ideal, sem
perdas por atrito ou resistência ao escoamento. Na prática, a velocidade real v a deve ser
corrigida com base no gráfico da Figura 7.1.19, que se aplica para rampas lisas ou em
degraus. A redução da velocidade ocorre em parte pela aeração da lâmina de escoamento,
fator que contribui também para a dissipação parcial da energia. No referido gráfico, a
grandeza yC é a profundidade crítica do escoamento, dada pela equação:
q2
yC 3 (7.1.24)
g
Variáveis de Dimensionamento
A estrutura de uma caixa de passagem é constituída pelas seções de deságüe das vazões
afluentes, pela caixa propriamente dita e pelas seções de saída, que podem ser frontais (caixa
de passagem operando como dissipador de energia) ou laterais (com mudança de direção do
fluxo).
Variáveis de Dimensionamento
Toda estrutura hidráulica de canal (Item 7.1.1) deve ter a montante uma estrutura de emboque,
com a finalidade de absorver a perda de carga na entrada e evitar transbordamentos
localizados. Geralmente, as estruturas de emboque devem ser dimensionadas nas transições
de cursos de água naturais para canais artificiais, não existindo um padrão específico para o
seu desenho. Na verdade, uma estrutura de emboque pode ser constituída por quaisquer
paramentos que confinem o perfil de escoamento a montante das canalizações, tais como
muros de ala ou ensecadeiras, evitando o transbordamento para as áreas adjacentes de
montante.
Condição 1: não existe restrição para a elevação da carga hidráulica induzida a montante e
a altura do paramento de proteção deve confinar toda a carga H (Figura 7.1.21), geralmente
em casos de o canal ser construído em galeria fechada com possibilidade de operar
controle hidráulico de orifício no emboque;
Condição 2: existe limitação da cota de transbordamento a montante e a estrutura de
emboque deve ser ajustada com uma geometria que promova o abatimento da carga
hidráulica, por meio do aumento da largura da seção de controle (Figura 7.1.22).
Figura 7.1.21 – Croquis de dimensionamento de estruturas de emboque sem restrição para a carga
hidráulica a montante.
Figura 7.1.22 – Croquis de dimensionamento de estruturas de emboque com limite para a carga
hidráulica a montante.
Equações de Dimensionamento
Para a Condição 2 mostrada na Figura 7.1.22, deve ser desenhada uma estrutura de
alargamento, semelhante a um vertedouro com soleira em arco. O conceito dessa estrutura
consiste em acelerar progressivamente o escoamento, para evitar a perda de carga localizada
na transição para o trecho canalizado. Nota-se que ocorre fluxo lateral ao longo da soleira da
estrutura de emboque.
Variáveis de Dimensionamento
Nos canais com escoamento em regime subcrítico, pode ser necessário implantar mudanças
bruscas no perfil longitudinal, para vencer desníveis localizados ou promover transições em
desemboques para leitos naturais. Dentre as estruturas convencionais para promover o
acomodamento dos desníveis, sem causar erosões, podem ser usados os degraus verticais e
as calhas inclinadas com blocos dissipadores (CETESB, 1980).
Croquis do Dimensionamento
A vazão unitária no canal de aproximação deve observar a relação q < 5,58 m³/s.m;
As condições ideais de operação ocorrem para vazões unitárias no intervalo q (2,0 – 3,0)
m³/s.m;
A velocidade no canal de aproximação deve observar a relação v 3 g q 1,52 .
Equações de Dimensionamento
Todas as dimensões dos degraus verticais, indicadas na Figura 7.1.23, são definidas em
função parâmetro adimensional D (número de queda):
q2
D (7.1.25)
g h3
L1
4,30 D 0,27 (7.1.26)
h
y1
0,54 D 0,425 (7.1.27)
h
y2
1,66 D 0,27 (7.1.28)
h
L 2 6,9 y 2 y1 (7.1.29)
Para as calhas inclinadas, todas as dimensões são fixadas em função da grandeza a=0,8 x yC,
sendo yC a profundidade crítica do canal de aproximação. Não existe limite para o comprimento
total da calha, devendo ser prevista uma extensão adicional para que o extremo de jusante
permaneça abaixo das cotas de fundo do canal de restituição. .
7.1.11. Transições
As transições são entendidas como quaisquer alterações no traçado em planta dos canais,
com mudanças de seções em estreitamentos e alargamentos, ou no traçado do perfil
longitudinal, nas chamadas concordâncias verticais. Conforme definição do FHWA (2006), as
transições são consideradas como quaisquer mudanças na seção transversal dos canais,
projetada para implantação em curtas distâncias e de forma tal a causar o mínimo de
perturbação no perfil de escoamento.
Equações de Dimensionamento
Entre as curvas A e B, destacadas na metade inferior da Figura 7.1.27, pode ou não ocorrer
ondas de choque, mas à direita da curva B certamente ocorrerão ondas de choque. Como
critério de dimensionamento, recomenda-se definir um ponto à esquerda da curva A para a
fixação do ângulo .
b2
Coeficiente de expansão: re (7.1.30)
b1
1 1 x
3/2
z
Equação da curva divergente: 1 (7.1.31)
b1 2 4 b1 F1
LP
Equação para cálculo de LP: 0,7 re (7.1.32)
b1 F1
z zP x LP
Equação da curva reversa: sin 90 o (7.1.34)
b 2 / 2 zP L T LP
7.1.12. Desarenadores
Croquis do Dimensionamento
O desarenador deve ser eficiente para remover todas as partículas sólidas com velocidade
de sedimentação vS > 2,1 cm/s, basicamente representadas pela fração acima das areias
médias;
O comprimento do desarenador, calculado teoricamente, deve ser aumentado em 1,50
vezes, por razões de aumento de eficiência;
Recomenda-se a adoção de uma borda livre de 0,40 m sobre a profundidade mínima do
desarenador;
A velocidade horizontal v H no interior do desarenador deve ser vH < 0,30 m/s;
Equações de Dimensionamento
Q
AD (7.1.35)
vS
Q
L CALC (7.1.36)
B vS
min H
Q
(7.1.38)
B vH
Variáveis de Dimensionamento
Preferencialmente, deve-se evitar o projeto de canais com curvas horizontais, pois o desvio de
fluxo pode resultar em ondas transversais, propagando-se para jusante, e na sobrelevação do
nível de água, aumentando o perfil transversal no lado externo da curva. Quando as condições
de contorno impuserem a necessidade de implantar curvas nos canais, devem ser adotados
critérios que minimizem os problemas das ondas e sobrelevações.
Em geral, nas condições de escoamento em regime subcrítico os problemas das curvas são
facilmente contornados, com adoções de critérios simplificados de fixação de raios de
curvatura ou de proteções para as sobrelevações resultantes. Os problemas tornam -se mais
complexos para o escoamento supercrítico, em função da geração de ondas transversais.
Para escoamento em regime subcrítico, a curva pode ser simples, com um único raio R,
observando a condicionante básica R>3T, sendo T a largura de topo do canal (CETESB, 1980).
Para escoamento em regime supercrítico, a curva deve ser composta, com transições a
montante e a jusante da curva principal de raio R. As transições podem ser circulares ou
espirais, observando a condicionante básica (HAESTAD METHODS, 2003):
4 v2 T
R (7.1.39)
gy
Equações de Dimensionamento
v2 T
z (7.1.40)
2g R
RT 2 RC (7.1.41)
B / tan
arctan (7.1.42)
R T 0,5 B
1
arcsen (7.1.43)
F
Nas equações acima, B é a largura de topo do canal, R T o raio das transições, RC o raio da
curva central, o ângulo central das transições, o ângulo da onda na curva central e F o
Número de Froude do escoamento.
Variáveis de Dimensionamento
As variáveis básicas do dimensionamento das curvas são os raios centrais (R C) e raios das
transições (RT), bem como a sobrelevação do nível de água (z). Para proceder ao
dimensionamento, deve-se primeiramente determinar o regime de escoamento, em função do
Número de Froude.
Nas curvas em regime subcrítico, não são esperadas as formações de ondas transversais,
desde que seja observada a relação de raio mínimo R>3T. Nas curvas em regime supercrítico,
o problema da formação das ondas transversais pode ser minimizado pela intercalação das
transições.
O problema da sobrelevação do nível de água no lado externo das curvas pode ser
solucionado com o alteamento unilateral da parede do canal ou com o rebaixamento do fundo
no lado interno. O rebaixamento não deve ser construído de forma brusca, sendo recomendada
uma transição antes e depois da curva, com o seguinte comprimento:
15 v 2 B
L (7.1.44)
gR
7.1.14. Sifões
Os sifões são constituídos por tubulações que têm a finalidade de conduzir o escoamento de
uma certa elevação para outra localizada em cota mais baixa, passando por uma elevação
intermediária mais alta. Podem ser utilizados para transpor o fluxo sobre o maciço de uma
barragem ou de uma ensecadeira de desvio de rio.
Croquis do Dimensionamento
A Figura 7.1.29 mostra o croqui de dimensionamento de um sifão, que deve estar previamente
cheio de água, para funcionar. O trecho AB, de comprimento L AB, chama-se ramo ascendente,
e o trecho BC, ramo descendente e tem comprimento L BC. O comprimento total do sifão será
LAC = LAB + LBC.
Conforme destacado por Silvestre (1979), o início de funcionamento do sifão ocorre a partir da
escorva do vértice (ponto B), que pode ser executada aspirando a água pela extremidade A,
por meio de indução de uma pressão negativa no vértice B.
Equações de Dimensionamento
2g z A
vC (7.1.45)
19,62 n 2 L AC
1 K L
4/3
R
Nessa equação, KL é o somatório das perdas de carga localizadas ao longo de todo o
comprimento do sifão (perdas na entrada, na saída e nas curvas), n é o coeficiente de
rugosidade de Manning da tubulação e R o raio hidráulico.
v B2 19,62 n 2 L AB
zB 1 KL 10,33 (7.1.46)
2g R4/ 3
Nessa equação, KL é o somatório das perdas de carga localizadas no ramo ascendente
AB (perdas na entrada e nas curvas).
Variáveis de Dimensionamento
Normalmente, dimensiona-se um sifão com diâmetro D para escoar uma determinada vazão Q,
tendo um desnível máximo zB até o ponto mais alto e um comprimento total L ABC. Na maioria
dos casos, o desnível zB e o comprimento LABC figuram como condicionantes de projeto, ficando
como variável de dimensionamento o diâmetro D, que é determinado por tentativas até se obter
a convergência para a vazão de projeto Q. Mesmo nesse processo de tentativas, as
possibilidades de seleção de tubulações ficam restritas aos diâmetros comerciais, disponíveis
para o tipo de material selecionado.
Na prática, Lencastre (1979) ressalta que o desnível zB não deve ultrapassar 6 metros, para
evitar a pressão negativa no vértice B.
Canal de aproximação;
Soleira vertente;
Canal de descarga;
Em projetos com canais de descarga muito longos, pode-se obter uma economia por redução
da seção de escoamento, interpondo uma transição entre a soleira vertente e o trecho de
montante do canal. Como essa transição ocorre em regime de escoamento supercrítico, devem
ser observados os critérios de dimensionamento apresentados no Subitem 7.1.11.
Existem variações de arranjo em relação à configuração típica mostrada na Figura 7.2.1, tais
como o vertedouro lateral e vertedouros tipo labirinto e com soleira em arco. Para esses
arranjos, as adequações requeridas em relação aos critérios apresentados nesse subitem
retingem-se, normalmente, ao controle hidráulico exercido pela soleira vertente. Os detalhes
dessas adequações podem ser consultados na bibliografia de Sentürk (1994) ou de Vischer &
Hager (1998).
Nesse passo inicial, definem-se uma geometria e o tipo construtivo da soleira vertente (Figura
7.1.3), com a respectiva equação de descarga, condição essencial para a execução do Passo
2.
O escoamento no canal deve ser subcrítico, com velocidades bastante baixas, para reduzir
as perdas de carga;
As velocidades médias máximas não devem exceder a 3,0 m/s;
A profundidade P entre o fundo do canal e a elevação da soleira vertente deve ser a maior
possível, preferencialmente maior que 1/5 da carga de projeto H d;
Estabelecer um passo de discretização para a carga hidráulica H, por exemplo, a cada 0,20
m, gerando valores de H=0,00; 0,20; 0,40; 0,60; 0,80; 1,00; 1,20; .....; H max;
Para a carga de projeto Hd=H0 calcular o valor de referência C0 para o coeficiente de
descarga, em função da relação P/H0, empregando o ábaco da Figura 7.1.6;
Para cada carga hidráulica H simular o perfil de escoamento pelo canal de aproximação e
obter a carga hidráulica efetiva He acrescida pela perda de carga;
Para cada carga hidráulica He calcular a largura efetiva da soleira vertente Le, aplicando a
Equação 7.1.10;
Para cada carga hidráulica He determinar o coeficiente de descarga corrigido C em função
da relação He/Hd (Figura 7.1.8);
Aplicar a Equação 7.1.9 e obter a relação Q xHe (vazão vertida versus sobrelevação do NA
do reservatório) que é a curva de descarga da soleira vertente.
Para soleiras vertentes de outros tipos, o dimensionamento pode ser feito para apenas um
valor médio de coeficiente de descarga, devendo-se observar os limites de funcionamento
entre uma soleira espessa e uma soleira delgada. Segundo Azevedo Netto et al. (1998), para
valer o coeficiente de soleira espessa, a espessura da soleira (e) deve satisfazer à relação e >
0,66xH, sendo H a carga hidráulica induzida a montante.
x2
y x tan 0
K 4y 1 h v cos2 0 (7.2.1)
y x tan 0
tan 1 tan 0 x 2 (7.2.2)
2L T
As curvas no canal de descarga devem ser evitadas, pois o escoamento ocorre em regime
supercrítico. Em caso extremo de necessidade de implantação de uma curva, devem ser
observados os critérios de dimensionamento apresentados no Subitem 7.1.13.
Ao final do canal de descarga, deve ser implantada uma bacia de dissipação de energia,
devendo ser aplicados os critérios apresentados no Subitem 7.1.5, tendo como variável de
dimensionamento a profundidade y1 na entrada da estrutura e o respectivo número de Froude
F1 .
Nas barragens de rejeito alteadas pela linha de centro ou por jusante, é comum a implantação
de sistemas de extravasamento a superfície livre com deflexões no canal de descarga, que se
ajustam ao alinhamento final do canal de descarga do extravasor de desativação, conforme
mostrado na Figura 7.2.5. Em cada deflexão entre os canais de descarga das etapas
intermediárias de alteamento e o canal de descarga de desativação, deve-se projetar uma
soleira, para absorver as incertezas das complexas condições de contorno que se apresentam,
com todos os fluxos escoando em regime supercrítico.
O arranjo proporcionado por esse tipo de estrutura apresenta-se pouco convencional para os
padrões das obras hidráulicas, por não existirem avaliações do funcionamento por meio de
testes em modelos reduzidos e critérios específicos para o acoplamento dos componentes.
Controle hidráulico no topo da torre: exercido pelo vertedouro tipo soleira delgada, que
opera pelo galgamento do topo da comporta ensecadeira, com a carga hidráulica induzida
H1 (ver Figura 7.3.1 para a referência das variáveis). Aplica-se a Equação 7.1.9, com o
coeficiente de descarga C=1,81 m 0,5/s. Como em geral a largura da soleira vertente é
bastante estreita, deve-se aplicar a largura efetiva decorrente da contração dos filetes
fluidos, empregando a Equação 7.1.10.
Para o dimensionamento de comportas, considera-se que o controle das descargas seja feito
por equações de orifício (Equações 7.1.11 e 7.1.12), na hipótese de o escoamento a jusante do
A Figura 7.4.3 mostra uma típica curva de descarga de comporta, para diversas aberturas,
limitada à direita pela curva contínua que representa a curva de abertura total do dispositivo.
Figura 7.4.3 – Típica curva de descarga de comporta tipo gaveta em soleira de vertedouro.
Para o dimensionamento das válvulas, a determinação da curva de desc arga é feita com
aplicação das equações de tubulação forçada (Subitem 7.1.4), inserindo na Equação 7.1.14 um
coeficiente de perda de carga proporcional à abertura do dispositivo. A Tabela 7.4.1 reproduz
os valores característicos dos coeficientes de perdas de carga, conforme apresentados por
Lencastre (1983). Remetendo-se à Figura 7.4.2, a curva de descarga de uma válvula pode ser
calculada aplicando-se uma seqüência de passos semelhante ao caso das comportas,
observando-se os intervalos de aberturas dados na Tabela 7.4.1.
a/D 0,181 0,194 0,208 0,250 0,333 0,375 0,417 0,458 0,500 0,583 0,667 1,000
K 41,21 35,36 31,35 22,68 11,89 8,63 6,33 4,57 3,27 1,55 0,77 -
Coeficientes de perda de carga para válvula gaveta circular.
a/h 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00
K 193 44,5 17,8 8,12 4,02 2,08 0,95 0,39 0,09 0,00
Coeficientes de perda de carga para válvula gaveta retangular.
2a/D 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90
K 30 9,0 4,0 2,2 1,3 0,92 0,69 0,67 0,67
Coeficientes de perda de carga para válvula dispersora tipo Howell-Bunger.
Tomada de água em torre ou por caixa submersa, com tubulação de descarga implantada
na fundação ou em canal escavado na ombreira;
Sifão;
Em qualquer tipo de arranjo adotado, o controle do fluxo deve ser feito por meio de uma válvula
reguladora, normalmente colocada na extremidade de jusante da tubulação. Dependendo do
arranjo, devem ser também instaladas, a montante, comportas para manutenção, tipo
comportas ensecadeiras ou válvulas gaveta, que operam apenas nas posições aberta ou
totalmente fechada.
A tomada de água para o dispositivo deve ser colocada em elevações inferiores ao NA mínimo
operativo, de forma a manter o fluxo remanescente legal mesmo nas condições mais extremas
de operação do reservatório. Essa situação extrema de operação representa o condicionante
básico de projeto, ou seja, o dispositivo deve ter dimensões que permitam a liberação do fluxo
mínimo para jusante com o nível do reservatório na posição NA mínimo.
Definir vazão de projeto, em função dos estudos de vazão mínima, aplicados ao eixo de
implantação da barragem (Item 5.1);
Definir o fluxo da drenagem interna através do maciço da barragem;
7.6. Bueiros
São obras hidráulicas destinadas a promover travessias de talvegues sob aterros de qualquer
natureza, geralmente construídos como componentes de drenagem transversal de ferrovias e
estradas. Os bueiros devem ser construídos em qualquer tipo de talvegue cortado pela obra
viária, independentemente do regime de escoamento existente (perene, intermitente ou
efêmero), podendo ter geometria circular (bueiro tubular), quadrada ou retangular (bueiro
n2
S CR 32,82 (7.6.1)
3
D
4
2,6 n 2 4H 3
S CR 3 (7.6.2)
3
H B
Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros tubulares em regime de escoamento tipo
(a):
5
max Q 1,533 D 2 (7.6.3)
Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros celulares em regime de escoamento tipo
(a):
3
max Q 1,705 B H 2 (7.6.4)
Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros tubulares em regime de escoamento tipo
(b), funcionando com lâmina de água a 0,80 do diâmetro D:
8
max Q
0,305 3
D S0 (7.6.5)
n
Máxima vazão admissível [max(Q)] para bueiros celulares em regime de escoamento tipo
(b), funcionando com lâmina de água a 0,80 da altura H:
1
0,80 B H5 3 S0
max Q 2
(7.6.6)
B 1,6 H n
Os bueiros devem ser dimensionados para a vazão de pico dos hidrogramas de cheias (Figura
3.8.1), sendo comum a fixação de períodos de retorno de 25 a 50 anos, dependendo da
importância da obra viária.
Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.1.11 ou 7.1.12.
Calcular as dimensões básicas do bueiro (D para bueiro tubular; B e H para bueiro celular)
empregando as Equações 7.1.13 ou 7.1.14.
Nos passos de cálculo indicados acima, foram apresentados critérios para o dimensionamento
de bueiros em condições limites de escoamento da vazão de projeto, assumindo as condições
de contorno que diferenciam os tipos de escoamento mostrados na Figura 7.6.2. Para bueiros
existentes ou para condições de carga hidráulica HW distintas dos limites dados acima, pode
ser necessário o cálculo da vazão escoada, não mais valendo a aplicação das Equações 7.6.3
a 7.6.6. Nesses casos, recomenda-se a aplicação dos ábacos constantes da publicação do
DNIT (2006), que fornecem relações entre descargas e cargas hidráulicas HW para diversos
tipos de bueiros, incluindo aqueles de aço corrugado, com seções elípticas e lenticulares.
Para a condição de escoamento mostrada na Figura 7.6.2a, para bueiro tipo celular, a relação
entre descarga e carga hidráulica pode ser calculada pela equação abaixo, desde que seja
observada a condição HW < 1,2 H:
2 2
Q Cd B HW g HW (7.6.7)
3 3
Nessa equação, pode-se adotar o valor do coeficiente de descarga Cd=0,90. Destaca-se que
essa equação pode ser aplicada também para o dimensionamento de estruturas de emboque
de canais em regime supercrítico (Subitem 7.1.9), que apresentam conexão com canais em
leito natural e regime subcrítico a montante.
Levantar os dados cadastrais do bueiro: tipo (celular, tubular, lenticular, elíptico), material
construtivo (concreto, aço corrugado), comprimento e declividade de implantação (S 0);
Preferencialmente, proceder ao levantamento de seções batimétricas a montante e a
jusante, conforme procedimentos listados no Capítulo 6;
Verificar a condição do regime de escoamento ao longo da estrutura, pela aplicação das
Equações 7.6.1 e 7.6.2;
Determinar a curva-chave na seção de jusante, estabelecendo a relação Q x H T;
Como condicionante adicional de projeto, as velocidades máximas no interior dos bueiros não
devem ultrapassar 4,5 m/s e 6,0 m/s, respectivamente para as estruturas de concreto e de aço
corrugado. Em qualquer condição, devem ser verificadas as condições de erosão no canal a
jusante (Tabela 7.1.1), para identificar a necessidade de implantação de bacias de dissipação
de energia.
As pontes e travessias são obras hidráulicas que cruzam os talvegues para permitir a
implantação de sistemas viários (estradas e ferrovias) e de sistemas de condução de minério
(minerodutos e correias transportadoras). No contexto da drenagem transversal das obras
rodo-ferroviárias, as pontes são consideradas como obras-de-arte especiais, pois requerem
projetos específicos, não padronizados, próprios para a travessia de grandes vãos.
A Figura 7.7.1 mostra o arranjo típico de uma ponte, caracterizado pelo estreitamento de fluxo
promovido pelos encontros dos aterros e pelos pilares fundeados no leito fluvial. Em alguns
casos, geralmente em condições de vales estreitos e profundos entalhados em rocha sã, as
pontes e travessias podem ser construídas sem pilares e aterros nos encontros.
A perda de carga localizada nos estreitamentos das pontes pode ser calculada pela Equação
de Yarnell, dada pela expressão:
y
y3
k F32 k 5F32 0,6 15 4 (7.7.1)
b2
1 (7.7.2)
b1
De maneira prática e também pela observação dos termos da Equação de Yarnell, pode-se
deduzir que a perda de carga será diretamente proporcional ao estreitamento forçado do
escoamento, dado pela relação b2/b1. Assim, uma questão básica que se coloca no cálculo
refere-se à qualificação da planície de inundação como área de escoamento ou simplesmente
como zona de armazenamento. No segundo caso, de armazenamento na planície, as
velocidades ficam reduzidas ou nulas e assim se pode concluir que a perda de carga induzida
pelo estreitamento será bastante reduzida.
As perdas de carga nos estreitamentos das pontes também podem ser calculadas via
simulação dos perfis de escoamento, empregando o modelo HEC-RAS. O esquema da Figura
7.7.3 mostra o requerimento de dados para a simulação, basicamente constando de seções
batimétricas da calha fluvial e dos locais de travessia, bem como da geometria do vão das
pontes. A aplicação do modelo HEC-RAS fornece também perfis de velocidade de escoamento
em todas as seções, tendo assim elementos para definir obras de proteção dos taludes dos
aterros contra erosão.
Enfim, o cerne do problema relacionado ao estreitamento dos vãos das pontes consiste em
determinar a perda de carga localizada e avaliar a propagação do efeito para montante, pelo
efeito induzido de remanso.
Os estudos hidrológicos podem ser feitos por aplicação de métodos diretos, quando existe
disponibilidade de dados de monitoramento fluviométrico, ou por métodos indiretos, baseados
em transformações chuva-vazão.
Os pilares e encontros das pontes podem causar erosões localizadas, demandando análises
detalhadas para adoção das medidas adequadas de proteção (FHWA, 2001). Para os
encontros, são adotadas proteções estruturais de concreto ou enrocamento (rip-rap), enquanto
os pilares devem ser projetados com perfis hidrodinâmicos para reduzir as perdas de carga
localizadas e a formação de vórtices.
A drenagem das estradas e ferrovias é feita pelos sistemas de drenagem transversal (pontes
e bueiros) e de drenagem longitudinal (canaletas de crista e de berma, descidas de água,
sarjetas, caixas de passagem, bueiros de greide e dissipadores de energia). Essa classificação
dos sistemas de drenagem é apresentada pelo DNIT (2006), que também descreve os critérios
para os dimensionamentos hidrológico e hidráulico das estruturas componentes.
A seguir serão tratados os conceitos básicos das drenagens de cavas e pilhas, que também
podem ser aplicados para áreas industriais e terraplenos em geral.
A implantação dos sistemas de drenagem deve ser precedida pela elaboração do Projeto
Conceitual, definidor do plano geral de escoamento das águas de escoamento superficial e dos
tipos de estruturas a serem empregadas. Para o desenvolvimento do Projeto Conceitual, é
necessária a disponibilidade do Plano Diretor de ocupação da área do empreendimento ou a
planta do projeto de implantação de alguma estrutura componente, tais como plano de lavra ou
geometria de pilhas de estéril.
Os estudos hidrológicos, definidores das vazões de projeto (Item 5.12), são esgotados na
etapa do Projeto Conceitual. As estruturas hidráulicas componentes são apresentadas por
meio de detalhes típicos, com as dimensões básicas de cada peça, considerando o
dimensionamento em regime uniforme para os canais e as equações de controle hidráulico
para as peças especiais, aplicando as equações listadas nos itens precedentes desse capítulo.
Obtenção da planta dos terraplenos, com taludes e cortes, larguras e declividades das
bermas;
Inserção da planta na rede hidrográfica natural, por sobreposição com a cartografia
disponível;
Identificação de todos os pontos de entradas concentradas e difusas de água superficial de
origem externa, gerada na bacia hidrográfica, bem como os pontos de lançamento na rede
de drenagem natural;
Identificação dos caminhos preferenciais do escoamento das águas pluviais, através (i) dos
talvegues naturais, (ii) das linhas de maior declividade dos taludes de cortes e aterros e (iii)
das laterais das bermas e bancadas em geral;
Lançamento, de forma esquemática, das estruturas recomendadas para cada trecho
(canaletas, descidas, bacias de dissipação, caixas de passagem, bacias de detenção e de
contenção de sedimentos), adotando-se uma convenção de traço para cada tipo de
estrutura;
Identificação das áreas que podem ser drenadas por gravidade, conforme o esquema
mostrado na Figura 5.12.1;
Identificação das áreas de contribuição que deverão ser drenadas para o interior das cavas
das minas, nos casos de projetos em lavras;
Identificação das seções de referência para o cálculo das vazões de projeto, geralmente
nas caixas de passagem, compondo diagramas em conformidade com o esquema da
Figura 5.12.2;
Nos casos de drenagens de cavas de minas, devem ser tratadas de forma separada as águas
superficiais e as águas subterrâneas. Normalmente, os sistemas de drenagem são separados
entre essas duas componentes, sendo a drenagem das águas subterrâneas tratada no âmbito
do desaguamento das cavas, aplicando os conceitos da disciplina Hidrogeologia.
Nos projetos de drenagem das pilhas de estéril, também são distinguidos os sistemas de
afastamento das águas superficiais e de drenagem interna do maciço, este dimensionado com
conceitos geotécnicos de fluxo subterrâneo em meios não saturados. Em função do arranjo
geral da estrutura, a drenagem interna do maciço pode ter pontos de descarga no sistema de
drenagem superficial, que passaria a ter dimensões adequadas para o escoamento das águas
superficiais e subterrâneas.
A Figura 7.8.1 mostra um típico arranjo geral de Projeto Conceitual de Drenagem de cava de
mina, com indicação esquemática das estruturas componentes.
As canaletas de drenagem são implantadas nas bermas, com a finalidade de coletar as águas
do escoamento superficial geradas nos taludes dos cortes e aterros e nas áreas das próprias
bermas. A Figura 7.8.2 mostra detalhes típicos das canaletas de drenagem, destacando-se a
Critérios de dimensionamento:
A dimensão da canaleta deve ser aquela com capacidade para escoar a vazão de projeto
calculada na seção de referência;
Preferencialmente, os elementos básicos do dimensionamento (área de contribuição,
comprimento crítico, seção da canaleta) devem ser padronizados, fixando-se os respectivos
valores previamente;
A dimensão máxima da seção transversal da canaleta deve atender a uma solução de
compromisso entre custos, facilidade de implantação e flexibilidade operativa para permitir o
trânsito de veículos sobre a superfície da berma;
A declividade transversal da berma deve variar entre 5% e 10%;
O tempo de concentração deve ser calculado pelo método cinemático, tendo valor mínimo
de 5 ou 6 minutos, compatível com a precisão das relações intensidade-duração-freqüência
das chuvas de projeto;
O comprimento crítico da canaleta corresponde àquele no qual a vazão atinge o limite da
seção de escoamento;
As seções das canaletas podem ser retangulares, triangulares ou semi-circulares (meia cana),
tendo como materiais construtivos o concreto armado, a pedra argamassada e peças de aço
corrugado. Também pode ser utilizada a própria superfície da berma, com seção triangular de
lados assimétricos, recomendando-se, no caso, o revestimento da superfície com solo laterítico
compactado.
Os canais periféricos são estruturas de coleta e condução das águas superficiais geradas em
torno das áreas de implantação de cavas de minas e pilhas de estéril, tendo as finalidades de
evitar erosões no contato dos aterros com os terrenos naturais e de reduzir o afluxo de
enxurradas para os taludes e bermas. A Figura 7.8.3 ilustra um arranjo típico de canal
periférico a uma pilha de estéril.
Nas obras de drenagem, as descidas de água são implantadas com a finalidade de escoar as
águas coletadas nas canaletas e canais periféricos em perfis longitudinais de altas
declividades, com desenvolvimento transversal às bermas ou acompanhando talvegues
íngremes de escoamento efêmero. Por escoarem fluxos em regime supercrítico, com elevadas
velocidades, as descidas de água devem ser necessariamente revestidas, com seções tipo
canal em rampa lisa ou em degraus. Dentre os materiais empregados, citam-se o concreto
armado, a pedra argamassada, os degraus em gabião, as calhas inclinadas com blocos
dissipadores (Figura 7.1.24), os tubos de PVC, as canaletas meia cana de aço corrugado e as
células de material geossintético preenchidas com concreto.
Nas descidas de água que cortam várias bermas, devem ser previstas estruturas de coleta das
águas escoadas pelas respectivas canaletas, geralmente constituídas por caixas de passagem.
A travessia das bermas sempre representa um problema para a implantação das descidas de
água, devido à mudança brusca no perfil longitudinal. Deve-se evitar a formação de ressalto
hidráulico nas bermas, pela dificuldade de conter o perfil do escoamento das elevadas alturas
conjugadas, além de não acrescentar ganho na dissipação de energia geral do sistema. A
Pode-se notar que, em ambas as soluções, a superfície da berma fica liberada para o tráfego
de veículos.
Em obras mais definitivas, sem bermas intercaladas e para o escoamento de vazões elevadas,
uma alternativa para a descida de água é a calha inclinada com blocos dissipadores (Figura
7.1.24), que apresenta desempenho hidráulico confiável. Entretanto, essa estrutura somente
deve ser implantada em casos de escoamento de água sem elevadas taxas de sedimentos,
O dimensionamento hidráulico das descidas de água deve seguir os critérios apresentados nos
Subitens 7.1.5, 7.1.7, 7.1.8 e 7.1.10.
Uma alternativa de baixo custo, para descidas de água escavadas em terreno natural ou
implantadas na linha de contato de aterros, é a proteção do canal com blocos de enrocamento
(principalmente estéril de mineração). Não existe um critério hidráulico específico para o
dimensionamento dessa solução, devendo-se, entretanto, adotar dispositivos de proteção
contra erosões no contato do enrocamento com o terreno natural, por meio de membranas
geossintéticas e material de granulometria graduada.
As caixas de passagem (Subitem 7.1.8) devem ser implantadas em todas as seções onde
ocorrem mudanças de direção ou junções de fluxos, tais como extremidades de comprimentos
críticos de canaletas de berma, travessias de descidas de água sobre as bermas.
Além das funções e elementos básicos das caixas de passagem, descritos no Subitem 7.1.8, a
aplicação nas junções de canaletas de berma podem ter adaptações na parte superior, para
receber os escoamentos de canaletas adjacentes.
Como variação construtiva dos tipos clássicos de bacias de dissipação, descritos no Subitem
7.1.5, é comum a colocação de blocos de estéril nos pontos de lançamento, que atuam na
redução das velocidades do escoamento, forçando a passagem para o regime subcrítico. Não
existe um critério específico para o dimensionamento desse tipo de dispositivo, que pode ter o
desempenho avaliado empiricamente, com base na experiência operativa de cada empresa
Nas obras de drenagem, as bacias de detenção podem operar com as finalidades de (i)
amortecer os picos dos hidrogramas de cheias, (ii) coletar e armazenar temporariamente as
águas drenadas em fundos de cavas, para posterior bombeamento ou (iii) promover a
infiltração em áreas de recarga.
Para a etapa de Projeto Básico já foram feitos todos os cálculos relacionados aos estudos
hidrológicos e dimensionamentos hidráulicos preliminares, empregando as fórmulas do
escoamento uniforme e as equações de controle hidráulico. Procede-se, então, à verificação de
desempenho operativo das estruturas, simulando os perfis de escoamento para a hipótese de
As tomadas de água são obras hidráulicas destinadas à captação de águas úteis para as
atividades de mineração, podendo ser implantadas diretamente nos cursos de água ou nos
reservatórios das barragens de água e de rejeito.
Muitas das obras hidráulicas implantadas em projetos de mineração podem ser qualificadas
como especiais, no sentido de apresentarem desenhos não convencionais, sem passar por
testes em modelos físicos de laboratório. Nesses casos, o dimensionamento deve ser
conduzido com maior cuidado, para a correta identificação das seções de controle hidráulico
que podem surgir no acoplamento das estruturas. Pode-se considerar que a chave do correto
dimensionamento das estruturas hidráulicas especiais reside na identificação das seções de
controle e na adoção de dimensões que evitem o transbordamento dos perfis de escoamento.
Ao longo do Capítulo 7, foram apresentadas algumas estruturas hidráulicas que podem receber
a qualificação de especiais, destacando-se:
Em alguns tipos de barragens com maciços alteados com rejeitos, a necessidade de manter o
reservatório distante da linha de crista pode exigir a implantação de sistemas de
extravasamento com longos canais laterais, escavados no contato da praia de rejeitos com o
terreno natural. O aspecto não convencional desse tipo de arranjo reside na natureza do
controle hidráulico que define a curva de descarga, geralmente associado ao controle de canal
com escoamento em regime uniforme, antes de alcançar uma seção crítica que pudesse ser
determinadora da curva de descarga. Nesse tipo de arranjo, a simulação dos perfis de
escoamento com o modelo HEC-RAS é altamente recomendada, por apresentar resultados
confiáveis e realísticos.
As barragens constituem uma das obras hidráulicas que mais dependem da junção de
estruturas isoladas, além de seus dimensionamentos demandarem cálculos iterativos entre as
disciplinas Hidrologia e Hidráulica, agregando assim alguma complexidade ao processo. Ao
longo do texto desse Documento de diretrizes de projeto, foram apresentados diversos critérios
para dimensionamento de barragens, que serão resumidos a seguir, com remissões para os
tópicos específicos que trataram de cada assunto.
Nota-se, pela seqüência de cálculo dada acima, que o elemento básico do dimensionamento é
constituído pela curva cota-volume.
Na seqüência de montante para jusante, as declividades dos terrenos e dos cursos de água
ficam reduzidas, apresentando menor potencial erosivo, mas alta capacidade de transporte dos
sedimentos gerados nas cabeceiras. Essa porção da bacia identifica-se como Zona de
Transporte, já ocorrendo alguns depósitos aluviais e tendências de formação de meandros. Os
cursos de água inseridos nessa área apresentam condições de equilíbrio morfodinâmico,
essencialmente balanceado pelos volumes de sedimentos que entram e saem dos trechos
fluviais.
Por conta dessa característica morfogenética das bacias hidrográficas, resulta que a produção
de sedimentos não aumenta na mesma proporção que a magnitude da área de drenagem, ao
se progredir de montante para jusante, no sentido do perfil longitudinal do curso de água
principal. Assim, ocorre uma redução na taxa produção de sedimentos / área de drenagem
(produção específica, em ton/km².ano ou em m³/km².ano), indicando uma relação típica com a
área de drenagem, conforme mostrado na Figura 5.4.1.
O equilíbrio ocorre por conta do balanço e conservação de massas, indicando que o volume de
sedimentos que aporta à seção de montante de um trecho fluvial tende a se igualar com o
volume que sai no extremo de jusante, para as condições médias de longo termo. Essas
condições de equilíbrio fluvial, representadas de forma qualitativa pelo esquema da Figura
7.12.2, que traduz a chamada Equação de Lane, podem ser equacionadas pela expressão:
QL S 0 QS D50 (7.12.1)
A modelação da calha menor para escoar as enchentes ordinárias não ocorre necessariamente
nos cursos de água localizados na Zona de Deposição, onde predomina a ação do controle
hidráulico de jusante. Assim, pode acontecer de uma enchente ordinária transbordar para a
planície de inundação, sob o efeito de remanso do rio de jusante ou da influência das marés.
Qualquer que seja a posição relativa dos rios que escoam pelas planícies aluviais, ao longo
das margens forma-se uma linha de diques naturais, conferindo um contorno peculiar à
geometria da calha menor. Essa linha de cotas mais elevadas em relação aos terrenos da
planície de inundação é denominada diques marginais, que é quebrada somente nas seções
onde entram os cursos de água afluentes ou os canais de ligação com as lagoas adjacentes.
Em qualquer intervenção antrópica ou alteração natural que possa modificar uma das quatro
variáveis da equação de equilíbrio de Lane, instala-se uma nova condição morfodinâmica, na
qual as outras variáveis irão se alterar de maneira a se restabelecer o equilíbrio.
Assim, caso seja instalado um barramento em uma seção de um rio, os níveis de água irão se
elevar, reduzindo a declividade do escoamento. Alterado o equilíbrio, deverá haver deposição
de sedimentos a montante de maneira a se restabelecer a declividade original. Em
contrapartida, a jusante do barramento, devido à redução do volume de sedimento disponível
para ser transportado, deverá se estabelecer um cenário de erosão do leito, formando um leito
mais sinuoso do que o original (CHANG, 1988).
As relações acima descritas são explicadas por Schumm (1969) através das seguintes
relações qualitativas:
Aumento da vazão:
↑Q ~ ↑B ↑D ↑F ↑λ ↓S
↑Qs ~ ↑B ↓D ↑F ↑λ ↑S ↓P
Redução da vazão:
↓Q ~ ↓B ↓D ↓F ↓λ ↑S
↓Qs ~ ↓B ↑D ↓F ↓λ ↓S ↑P
Vazão aumenta e descarga sólida reduz (exemplo: aumento da umidade em uma zona antes
pouco úmida):
Vazão reduz e descarga sólida aumenta (exemplo: aumento no consumo de água combinado
com aumento da ocupação da bacia):
As variáveis que figuram nas equações acima são definidas como: Q – descarga líquida; Qs –
descarga sólida; B – largura da calha; D – profundidade; F – raio hidráulico; λ – comprimento
de onda dos meandros; S – declividade; P – sinuosidade.
O SGBP – Sistema de Gestão de Barragens e Pilhas foi implantado pela VALE com a
finalidade de manter uma operação segura dessas estruturas em suas Unidades Industriais,
estando calcado em uma série de indicadores, que são associados a faróis de segurança
(VERDE), atenção (AMARELO) e alerta (VERMELHO). Nas áreas das disciplinas de Hidrologia
e Hidráulica, foram fixados os seguintes indicadores, que serão detalhados nos itens desse
capítulo: Indicador Hidrológico, Indicador de Capacidade de Água e Indicador de Capacidade
para Rejeitos.
Objetivo
A importância desse indicador deve-se ao fato de ocorrer uma perda progressiva dos volumes
de amortecimento de cheias, em razão dos avanços das frentes de assoreamento de rejeitos
ou de sedimentos. Essencialmente, o indicador aplica-se somente para as barragens cujos
reservatórios acomodam avanços progressivos de sedimentos, função da disposição de
rejeitos ou da retenção do material sólido gerado pelas atividades de mineração (Barragem de
Contenção de Rejeito, Barragem de Contenção de Sedimentos e Barragem de Múltiplas
Finalidades, com os níveis operativos notáveis descritos no Item 5.8).
Formulação do Indicador
VDISP
IHD 100 (8.1.1)
VESP
Metodologia de Cálculo
Reportando-se à Figura 6.2.3, o cálculo da variável VDISP deve ser feito na seqüência:
A obtenção do parâmetro VESP (Figura 5.7.1) pode ser feita por um dos seguintes
procedimentos:
Critério de Avaliação
O cálculo do indicador IHD somente pode ser feito com base na disponibilidade da
documentação do projeto da barragem, sendo que as informações podem não estar
sintetizadas nos formatos mostrados na Figura 5.7.1. Assim, pelo menos para o cálculo do
parâmetro VESP, pode ser necessário um maior dispêndio inicial de análise, que poderá ser
omitida nas iterações futuras de cálculo do indicador. O cálculo do indicador deverá ser
repetido na freqüência em que forem feitos os levantamentos topográficos e batimétricos do
reservatório, sendo recomendada a recorrência de 6 meses. Essa freqüência poderá ser
ampliada para prazos maiores, nos casos de reservatórios com grande inércia volumétrica.
Objetivo
Formulação do Indicador
Metodologia de Cálculo
Reportando-se às Figuras 6.2.3 e 5.8.4, o cálculo da variável VUdisp deve ser feito na
seqüência:
A obtenção do parâmetro VUproj pode ser feita por um dos seguintes procedimentos:
Critério de Avaliação
Considerações Adicionais
Entretanto, o aumento da pressão sobre o uso dos recursos hídricos nas Áreas de
Abrangência das Unidades Industriais pode resultar na necessidade crescente de alterar o
critério de operação das barragens de rejeitos, incluindo a alocação de volume útil para
regularização de vazões de estiagem.
Objetivo
Avaliar o tempo de vida útil restante para o reservatório de uma barragem de disposição de
rejeito, sendo importante na decisão de alteamento do maciço, considerando o tempo
necessário para a execução de projetos, contratação da obra e cumprimento dos processos de
licenciamento ambiental.
Formulação do Indicador
VRdisp
ICR (8.3.1)
TDR anual
O volume anual de polpa de rejeitos deve ser calculado com base em medições locais ou a
partir de dados de produção da Usina de Beneficiamento, considerando a média dos últimos 12
meses.
Metodologia de Cálculo
Reportando-se às Figuras 5.8.2 a 5.8.4 e 6.2.1 a 6.2.3, o cálculo da variável VRdisp deve ser
feito na seqüência:
Critério de Avaliação
Para a composição do tema recurso água nas análises do GAT, são elaborados estudos
hidrológicos de qualificação e quantificação preliminar do regime dos cursos de água na região
de interesse, envolvendo determinação de vazões características médias e mínimas.
Basicamente, são empregadas metodologias de regionalização hidrológica, utilizando a base
de dados das estações fluviométricas disponíveis ou registros de monitoramento nas Unidades
Industriais.
Definição da bacia hidrográfica de interesse, geralmente cobrindo uma extensão maior que
a Região de Abrangência de cada Unidade Industrial. Destaca-se que os estudos do GAT
são aplicados para uma determinada bacia hidrográfica, abrangendo mais de uma Unidade
Industrial;
Seleção dos dados básicos disponíveis, segundo o elenco discriminado no Item 3.1 (dados
da Unidade Industrial, cartografia, pluviometria, fluviometria, climatologia, legislação
ambiental, planos de bacias e estudos anteriores);
Definição das seções de referência para a avaliação de ofertas hídricas;
Com base nos preceitos da legislação de regulamentação de outorga para uso de água,
definir o conceito a ser aplicado para o cálculo do fluxo residual mínimo para jusante;
Aplicar os passos de cálculo recomendados no Item 9.1, até o ponto de definir curvas
regionais de vazões médias e mínimas e de características de regularização de vazões de
estiagem;
Selecionar eixos que tenham viabilidade técnica para a implantação das obras de captação,
podendo abranger aproveitamentos a fio-d’água ou com reservatório de regularização;
Executar visitas de inspeção de campo aos eixos selecionados, para observação de
aspectos locais relacionados à topografia, geologia e restrições ambientais;
Para cada eixo selecionado de captação a fio-d’água, determinar as vazões características
mínimas para o cálculo do fluxo residual mínimo para jusante e cotejo com a demanda a ser
atendida (Item 5.1);
Identificar e destacar a rede hidrográfica natural na área de implantação das obras, para
identificação de pontos de lançamentos e de implantação de barragens de contenção de
sedimentos (Item 5.4);
Lançar em planta o traçado conceitual dos elementos da rede de drenagem, destacando
por convenções de traços diferenciados as estruturas de canaletas de berma, descidas de
água, canais periféricos, caixas de passagem e bacias de dissipação de energia (Item
5.12);
Delimitar as bacias de contribuição e calcular as vazões de projeto (Item 5.12 e Figura
5.12.2);
Apresentar seções típicas de cada estrutura hidráulica componente;
Nos projetos de barragens, para quaisquer finalidades, também são esgotadas as aplicações
de dimensionamento hidrológico, avançando-se nos dimensionamentos hidráulicos até o ponto
de indicar elementos básicos da dimensão das obras, em uma análise conjunta de seleção de
eixos. Os seguintes passos de cálculo são recomendados:
Definir os níveis operativos notáveis (Item 5.8) e fixar a cota de coroamento do maciço da
barragem, adotando-se uma borda livre padrão de 1,00 m;
Proceder ao dimensionamento preliminar do sistema de extravasamento, basicamente a
dimensão e tipo da seção de controle (soleira vertente ou sistema poço-galeria).
Levantamento topográfico detalhado dos locais de implantação das obras, bem como
traçado de seções batimétricas nos locais de restituição de vazões à rede hidrográfica
natural (Item 6.1);
Para o caso de projeto de barragens, proceder ao cálculo detalhado da bacia hidráulica do
reservatório, com base em levantamento topográfico específico ou planta de restituição
aerofogramétrica com eqüidistância de 1 m ou 2 m entre curvas de nível;
Revisão dos dimensionamentos hidrológicos, em um processo iterativo com o detalhamento
do dimensionamento hidráulico e de arranjo geral da obra. Esse procedimento aplica-se
para o caso do cálculo da cheia de projeto dos vertedouros, com base no maior
detalhamento da geometria do reservatório e das restrições impostas por outras disciplinas,
tais como geotecnia e materiais de construção;
9.6. Operação
Na fase de Operação das obras hidráulicas, a atividade mais importante relaciona-se com o
monitoramento hidrométrico dos cursos de água e das estruturas hidráulicas. Recomendam-se
as seguintes ações permanentes de operação:
Acompanhamento da recessão dos ramos de estiagem dos fluviogramas (Item 3.7), com
vistas à elaboração de previsões de vazões afluentes a captações a fio-d’água ou a
reservatórios de regularização;
Na etapa de operação de uma obra hidráulica, é importante a aplicação dos preceitos contidos
no SISGERH – Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, desenvolvido especialmente
para implantação nas Unidades Industriais da VALE.
9.7. Desativação
Para alguns tipos de obras, tais como captações a fio-d’água, pode-se prever o desmonte e
demolição total das estruturas, visto que as interferências com a morfologia dos cursos de água
e características físicas das bacias hidrográficas são de pequena monta.
Para as obras de drenagem de pilhas, a desativação das estruturas está relacionada ao plano
de revegetação dos taludes e bermas. Para as pilhas implantadas em talvegues, que
demandaram a implantação de canais de desvio do fluxo natural do vale, devem ser adotados
procedimentos especiais, uma vez que será impossível restituir as condições naturais de
escoamento. Deve-se considerar que as estruturas implantadas apresentam uma vida útil
determinada, em função do desgaste natural dos materiais empregados.
Definição do estado final de assoreamento do reservatório, com avanço total da praia até a
soleira do vertedouro ou a alocação de reservatório em frente ao vertedouro;
Incorporação do efeito de amortecimento do reservatório assoreado, empregando modelos
hidrodinâmicos de simulação de trânsito de cheias (Subitem 5.6.12).
No presente capítulo, discorre-se sobre uma itemização básica para a montagem dos relatórios
relacionados aos estudos hidrológicos e dimensionamentos hidráulicos aplicados às obras de
mineração. Os relatórios devem constar de memoriais descritivos e de cálculo dos estudos e
dimensionamentos realizados. Os roteiros e recomendações dados a seguir têm como
finalidade a padronização dos textos, com a idéia focal de facilitar as análises por parte dos
contratantes e gerentes das Unidades Industriais.
Como conceito geral, o memorial descritivo contido nos relatórios deve apresentar os estudos
de forma objetiva, procurando-se evitar a explicação de metodologias que já são consagradas
e que podem ser facilmente encontradas na bibliografia pertinente. As figuras, gráficos e
documentações fotográficas devem ser limitados a exemplos tipo, devendo ser remetidos para
anexos, quando em reprodução repetitiva. Assim, os anexos aos relatórios, que podem
também ser constituídos de volumes especiais, se em grande quantidade que dificulte o
manuseio dos textos, devem conter os seguintes tópicos:
Memória de Cálculo, que pode ser manuscrita ou mesclada com textos digitalizados,
contendo o roteiro dos cálculos efetuados e cópias de croquis de estruturas hidráulicas
padronizadas;
Saídas Numéricas e Gráficas de Modelos Computacionais, com os impressos padrões
dos arquivos de saída dos modelos. Esse tipo de informação deve ser evitado, sempre que
possível, nos casos onde essa informação não for de relevância para a análise do relatório.
Também se deve evitar a colagem direta de saídas gráficas dos modelos como figuras nos
textos do memorial descritivo, optando-se por gráficos mais resumidos editados no utilitário
Excel.
Documentação Fotográfica, contendo detalhes mais minuciosos dos levantamentos de
campo, que se tornariam exaustivos no texto do relatório de memorial descritivo;
Levantamentos de Campo, quando feitos exclusivamente para o serviço em tela, não se
constituindo em base de dados fornecida de trabalhos anteriores. Incluem-se nesses
levantamentos as topografias de detalhes para a implantação de obras hidráulicas, o
traçado de seções batimétricas, os nivelamentos de RN’s (referências de nível), a
implantação de marcos topográficos e as fichas descritivas de implantação de medidores de
vazões ou de estações fluviométricas.
- vazão Q < 1 adotar 3 algarismos decimais depois da vírgula: Ex. 0,248 m³/s,
- vazão 1 ≤ Q < 10 adotar 2 algarismos decimais depois da vírgula: Ex. 2,48 m³/s,
- vazão 10 ≤ Q < 100 adotar 1 algarismo decimal depois da vírgula: Ex. 24,8 m³/s,
- vazão Q ≥ 100 sem algarismo decimal depois da vírgula: Ex. 248 m³/s ou 2480 m³/s.
Precipitação: para a grandeza altura expressa em mm, adotar 1 algarismo decimal depois
da vírgula para os valores com duração de até 30 dias (Ex. 24,8 mm para a chuva ocorrida
em 1 dia) e sem algarismo decimal para totais mensais ou anuais (Ex. 248 mm para o total
mensal).
Para cada tipo de obra hidráulica, procurou-se apresentar uma sequência de passos de
dimensionamento, no intuito de reduzir muitos equívocos que ocorrem nos projetos, quando se
aplicam fórmulas convencionais sem a devida análise do funcionamento da obra. Atualmente,
percebe-se que os erros de projeto estão aumentando na mesma proporção em que se
evoluem as ferramentas computacionais. Cuidados especiais devem ser tomados na utilização
dos levantamentos topográficos digitalizados e na aplicação dos modelos de simulação
hidrológica e hidráulica, que possuem rotinas sugestivas de inteligência artificial, quando, na
realidade, devem ser manuseados com todo critério pelo projetista.
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