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Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica


da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará)

Maura Imazio da Silveira*


Maria Christina Leal Rodrigues**
Christiane Lopes Machado***
Elisangela Regina de Oliveira****
Louis-Martin Losier**

SILVEIRA, M.I.; RODRIGUES, M.C.L.; MACHADO, C.L.; OLIVEIRA, E.R.;


LOSIER, L.-M. Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição
metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará). Revista do Museu de
Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Resumo: O projeto de Prospecção arqueológica na área do Projeto Salobo - PA


foi desenvolvido entre 2003 e 2006 pelo Museu Paraense Emílio Goeldi com a
finalidade de identificar e avaliar os impactos da implantação de atividades
mineradoras da empresa VALE ao patrimônio arqueológico, além de indicar
medidas necessárias para sua preservação ou resgate. O presente artigo tem por
objetivo apresentar a metodologia de levantamento arqueológico utilizada para a
identificação de vestígios arqueológicos na área da Floresta Nacional Tapirapé –
Aquiri (FLONATA), município de Marabá / PA, a qual será afetada pela
implantação deste empreendimento. Esta experiência deverá suscitar discussões
quanto aos alcances e limites da abordagem apresentada, cujo resultado foi a
identificação de 22 sítios e cinco ocorrências arqueológicas.

Palavras-chave: Prospecção arqueológica – Floresta Amazônica – Sudeste do


Pará – Salobo – Metodologia de levantamento arqueológico.

Introdução VALE cujo objetivo é promover a lavra e


beneficiamento da jazida polimetálica do

O Projeto Salobo é um empreendimento


da Salobo Metais S/A (SMSA) –
igarapé Salobo visando ao seu aproveitamento
econômico. Em junho de 2002 o Museu
Paraense Emílio Goeldi (MPEG/MCT)
elaborou o Diagnóstico arqueológico da área do

(*) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de


Ciências Humanas. <maura@marajoara.com>
(**) Pesquisador(a) autônomo(a). <chrislealfr@hotmail.com>
<lmartinl@hotmail.com> (****) Museu Paraense Emílio Goeldi - Coordenação de
(***) Rhea Estudos e Projetos. Ciências Humanas. Pesquisadora visitante.
<arqueologia@rheambiente.com.br> <elisoliveira@yahoo.com.br>

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Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará).
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Projeto Salobo (Silveira & Lopes 2002) e posteri- Contexto ambiental


ormente o Projeto de prospecção arqueológica
(Silveira & Machado 2002) atendendo à A área da pesquisa situa-se entre as coorde-
legislação ambiental e de proteção ao patrimônio nadas UTM 22M 534.000 – 564.000 Leste e
arqueológico (Lei nº 3964 de 1961 e Portaria nº 9.350.000 – 9.370.000 Norte. Está inserida na
230 de 2000), assim como a condicionante Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri (FLONATA),
emitida pelo Instituto Brasileiro do Meio no município de Marabá, sudeste do estado do
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis Pará, aproximadamente 600 km ao sul da
(IBAMA) para o licenciamento do empreendi- capital Belém e integra, por extensão, a chama-
mento em questão (EIA - resolução CONAMA da “região de Carajás” (Fig. 1).
001/86). A “região de Carajás” abrange área de
Para desenvolvimento do projeto Prospecção aproximadamente 80.000 km2 no sudeste do
arqueológica na área do Projeto Salobo foi firmado Pará, apresentando cobertura florestal 48%
em 2002 convênio entre a Salobo Metais S/A, composta de floresta densa e 13% de floresta
o Museu Paraense Emílio Goeldi e a Fundação aberta. Localizada no extremo oriente desta
Instituto para o Desenvolvimento da Amazônia macro-região, a jazida do Salobo está situada na
(FIDESA), cabendo à Salobo Metais o financia- margem esquerda do rio Itacaiúnas, especifica-
mento dos trabalhos, ao Museu Goeldi a mente na área banhada pela micro-bacia de seu
realização das pesquisas e à FIDESA a gestão afluente igarapé Salobo (Silva & Rosa 1989).
dos recursos. O clima na região de Carajás é tipicamente
Os trabalhos de prospecção arqueológica, tropical, quente e úmido, enquadrando-se na
coordenados pelas pesquisadoras Dra. Maura classificação de Köppen como tipo AW. As
Imazio da Silveira e Profa. Christiane Lopes variações termais estão entre 24,3º C e 28,3º C,
Machado entre os anos 2003 e 2006, cobriram sendo que nos platôs o clima é do tipo serrano
todas as áreas a serem diretamente afetadas pela com médias anuais entre 21º C e 23º C
implantação do empreendimento. Os resulta- (Ab’Saber, apud Silva 1989: 34). A umidade
dos foram apresentados em seis relatórios de relativa do ar é superior a 80% (Silva 1992: 81),
pesquisa encaminhados à 2ª Superintendência verificando-se duas estações bem distintas: uma
do Instituto do Patrimônio Histórico e Artísti- seca, de julho a setembro, quando os rios
co Nacional - IPHAN (Silveira et al. 2003a, baixam expondo extensas várzeas utilizadas
2003b, 2004, 2005a, 2005b, 2006). para cultivo pela população ribeirinha que
A pesquisa teve como principais objetivos a habita a região atualmente, e outra chuvosa, de
realização de prospecção para identificação de dezembro a março, quando o nível das águas
sítios arqueológicos, avaliação do estado de dos rios eleva-se permitindo a navegação por
preservação destes, fornecer uma estimativa pequenas embarcações em alguns trechos.
prévia da extensão, profundidade e caracteriza- A hidrografia é caracterizada por fortes
ção primária dos vestígios associados, avaliar os declives e pelo regime torrencial em função do
impactos que serão causados ao patrimônio período das chuvas (CVRD 1981: 25). A maior
arqueológico pela implantação do empreendi- parte da região é drenada pela rede hidrográfica
mento e assim propor a preservação ou o do rio Itacaiúnas, afluente da margem esquerda
resgate dos sítios encontrados. do rio Tocantins, e seu principal tributário o
Este artigo apresenta a metodologia de rio Parauapebas (CVRD 1981: 25).
campo empregada na prospecção arqueológica A principal cobertura vegetal é do tipo
realizada na área do Salobo com o objetivo de Floresta Tropical Pluvial com variações locais, a
detalhar os procedimentos adotados a fim de maioria obedecendo ao relevo acidentado
demonstrar não apenas a viabilidade como (Salomão et al. 1988). De acordo com Silva
também discutir o alcance e limitações de (1992) a vegetação de Carajás pode ser dividida
levantamentos sistemáticos em áreas com densa em dois grandes grupos: o de Floresta Tropical
cobertura vegetal, como as de floresta tropical. Pluvial – onde estão localizados os sítios

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Fig. 1. Localização da área de pesquisa.

arqueológicos aqui apresentados – e a vegetação Na FLONA Tapirapé-Aquiri a formação


Metalófila ou Campo Rupestre, também florestal encontrada é uma variação da Floresta
chamada Vegetação de Canga, encontrada no Ombrófila Densa, classificada como aberta por
topo dos platôs e nas encostas, onde estão apresentar espécies vegetais que se adaptam
algumas das grutas com vestígios de ocupação mais às condições de luminosidade, como
humana mais antiga, relacionada principalmen- arbustos e lianas. As várias formas desta floresta
te ao período pré-cerâmico (Silveira 1994; são bastante similares em composição, densida-
Magalhães 1995b, 2005). de e tamanho das árvores, sendo diferenciada
Na área da pesquisa a hidrografia inclui a pela presença ou ausência de lianas e palmeiras
bacia do igarapé Salobo, delimitada a norte pelas (BRANDT 2002b).
micro-bacias dos igarapés Mirim e Mano, seus O levantamento florestal realizado por
principais afluentes, e a sul pela barra do rio BRANDT (2002b) demonstrou a predominân-
Cinzento com o rio Itacaiúnas (BRANDT 1998). cia de árvores com altura de 10 m a 16 m, com
No levantamento pedológico foram destaque para a Castanheira, o Breu Preto e o
identificadas duas classes de solo: Latossolos e Tento. Na FLONATA a presença de Castanhais
Podzólicos. Segundo suas características, os é de grande importância, tanto econômica
solos podem ser considerados como argilo- como na constituição da vegetação, apresentan-
arenoso com tendência a arenoso, bem drena- do aproximadamente cinco indivíduos por
do. Nos trechos de aluvião apresentam-se um hectare (BRANDT 1998).
pouco mais úmidos e argilosos, enquanto nas Algumas espécies vegetais registradas na
encostas surgem afloramentos rochosos área do Projeto Salobo (Andiroba, Canela,
esparsos (notadamente de quartzito) e os solos Castanheira, Copaíba, Mucuracaá, Murta,
são nitidamente mais secos (BRANDT 1998, Mutamba e Ucuuba) são utilizadas atualmente
2002a). A cobertura pela serrapilheira ocorre na construção de embarcações, mobiliário,
em algumas áreas, com espessura que varia de 2 moradias, além de uso alimentar, medicinal,
a 5 centímetros. aromático e ornamental (BRANDT 2002b;

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Silveira, Rodrigues et al. 2008). Muitas destas dúvida, todos estes aspectos ambientais favore-
espécies provavelmente foram utilizadas pelas ceram o estabelecimento de contingentes
populações pretéritas que ali viveram, contudo populacionais na área, considerando que o
esta caracterização não objetiva traçar um ambiente na ocasião do estabelecimento dessas
paralelo com o ambiente pré-histórico, apenas populações tenha sido minimamente semelhante.
explicitar a variabilidade aí presente.
O zoneamento ambiental identificou
quatro sub-tipos de Floresta Equatorial Ombrófila Aspectos históricos e as pesquisas arqueológicas
(FEO) aberta: 1) De transição sub-montanha / na região Sudeste do Pará
montanha nos platôs; 2) Sub-montanha em
encostas íngremes, com palmeiras e cipós; 3) As primeiras informações sobre essa região
Sub-montanha em relevo colinoso, com foram escritas pelo padre Manuel da Mota, que
palmeiras e cipós; 4) Terras baixas e aluviões esteve em visita às aldeias indígenas do baixo
com cipós e palmeiras (BRANDT 1998). Itacaiúnas e Parauapebas em 1721. Entre 1895
Observando-se a implantação dos sítios e 1896 Henri Coudreau realizou o levantamen-
arqueológicos na paisagem verificou-se que a to geográfico dos citados rios, reportando-se a
maior parte deles encontra-se próxima a fontes entradas e ocupações de alguns trechos do
de água (igarapés e nascentes), pedrais, pontos baixo Itacaiúnas e Parauapebas (Coudreau 1980).
estratégicos em área plana e, geralmente, livre Na primeira década do século XX relatos
de inundação. Estão situados nas terras baixas e de Manuel Pernambuco da Gama, que esteve
aluviões com cipós e palmeiras, localizadas ao na região mantendo contato com os índios
longo dos rios e igarapés até 170m de altitude Kaiapó-Xikrin do alto Itacaiúnas / Cateté,
com influência de inundações (FEO sub-tipo reportam a existência de populações ribeirinhas
4), e em sub-montanha em relevo colinoso com no alto curso do rio Itacaiúnas. Na década de
altitude abaixo de 400m (FEO sub-tipo 3). 1960 o território Xikrin no alto curso do
Na área de influência do Projeto Salobo o Itacaiúnas foi invadido e saqueado por explora-
monitoramento biológico (BRANDT 1998, dores atraídos pelos grandes castanhais da
2003) identificou grande diversidade faunística, região (Silveira & Lopes 2002).
incluindo representantes dos principais grupos: A partir de 1967 a história da ocupação na
ictiofauna, herpetofauna, avifauna, mastofauna região sudeste do Pará sofreu uma grande
e odonatofauna. A maioria das espécies reviravolta. Nesse ano, com a descoberta casual
inventariadas localiza-se em áreas de aluvião e de minério de ferro na serra Norte, começou a
de matas ao longo dos cursos d’água e no ser evidenciado o grande potencial de recursos
relevo colinoso, sendo alvos de caça e pesca. No minerais, sucedendo-se descobertas de jazidas
topo dos morros e encostas apresentam menor de manganês (1971), bauxita (1974), cobre
frequência, possivelmente por ser uma área (1977), ouro (1980) e níquel (1984) na região
mais seca. Muitas espécies provavelmente de Carajás (Simões 1986).
faziam parte da dieta alimentar dos antigos Por outro lado, o potencial arqueológico
ocupantes desta área, convém ressaltar que não começou a ser revelado em 1963 por Protásio
é coincidência que a maioria dos sítios arqueo- Frikel, antropólogo do Museu Paraense Emílio
lógicos ocorre também nas áreas planas localiza- Goeldi que pesquisou os índios Xikrin do alto
das nas matas ao longo dos rios e igarapés. Itacaiúnas / Cateté. Durante sua estada na
A área da pesquisa apresenta, pois, uma área, Frikel coletou material cerâmico e lítico
extensa malha hidrográfica circundada por nas localidades Aldeia Velha do Cateté, Aldeia
Floresta Aberta Aluvial em contato com Nova Xikrin, Alto Bonito, Carrasco e Encontro
Floresta Equatorial Ombrófila aberta mista, (Frikel 1963, 1968) e percebeu, uma vez que os
este quadro, associado à heterogeneidade Xikrin não produziam cerâmica, que tais
microclimática, propicia o alto índice de vestígios eram provenientes de outras etnias,
diversidade da fauna e da flora registrado. Sem relacionando-os aos Tupis (Frikel 1968). Esta

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coleção de peças arqueológicas, depositada no Neste projeto foram localizados e pesquisados


Museu Goeldi, foi posteriormente analisada 53 sítios arqueológicos pertencentes a dois
pelo antropólogo Napoleão Figueiredo, que contextos culturais datados em períodos
levantou a hipótese de o material ser relaciona- distintos – um pré-cerâmico e outro cerâmico
do à tradição arqueológica Tupiguarani através (Lopes et al. 1988; Silveira et al. 1985). Destes,
da definição da fase Itacaiúnas (Figueiredo 1965). dois sítios localizados em grutas2 foram datados
Além desses vestígios, Frikel obteve dos no período denominado pré-cerâmico e 51,
Xikrin informações sobre um tipo de moradia localizados às margens dos rios Itacaiúnas,
arcaica dos antigos Kuben Kamrek-ti, ances- Parauapebas e seus afluentes, foram relaciona-
trais dos que habitavam a área do Itacaiúnas / dos ao período cerâmico, cuja ocupação foi
Cateté antes do domínio Kaiapó. Estas datada entre os séculos III e XVI da era cristã
habitações eram buracos cavados na terra em segundo datações radiocarbônicas obtidas à
lugares altos, a salvo de águas e enxurradas época (Lopes et al. 1988; Silveira 1994).
(Frikel 1968). Tais informações podem se O período correspondente à ocupação
referir às grutas e abrigos sob rocha existentes mais antiga na região de Carajás está relaciona-
nas serras da região e que foram utilizadas do a grupos caçadores-coletores que, de acordo
tanto por grupos caçadores-coletores quanto com datações C14, remonta a mais de 8.000
por grupos ceramistas (Silveira 1994; Maga- anos AP (Kipnis et al. 2005; Lopes et al. 1988;
lhães 1995b). Magalhães 2005; Silveira 1994; Silveira,
No início da década de 1980, em decorrên- Rodrigues et al. 2008).
cia da implantação do Projeto Ferro Carajás da Até os anos 1990 o empreendimento Ferro
CVRD, tiveram início as primeiras pesquisas Carajás foi o único a contar com um projeto
arqueológicas sistemáticas no sudeste do Pará. arqueológico sistemático realizado no sudeste
O subprojeto Salvamento Arqueológico em do Pará, sendo que em seu âmbito também
Carajás, coordenado por Mario F. Simões foram desenvolvidos projetos acadêmicos
(Silveira et al. 1985; Simões et al. 1985), foi (Magalhães 1995b; Silveira 1994). No decorrer
desenvolvido no âmbito de um amplo projeto da década de 1990 pesquisas de contrato
de pesquisas ambientais composto por diversos localizaram outros 15 sítios arqueológicos
subprojetos envolvendo botânica, geologia, relacionados ao período pré-cerâmico em
zoologia e arqueologia intitulado “Estudo e diversas grutas na região de Carajás (Magalhães
Preservação de Recursos Humanos e Naturais 1994, 1995a).
da Área do Projeto Ferro Carajás”.1 Vestígios pré-cerâmicos (artefatos líticos
Os trabalhos de arqueologia seguiram a lascados, confeccionados em quartzo, citrino,
metodologia adotada pelo PRONAPABA, ametista, quartzito, silexito etc., como raspadores,
tendo como objetivo o cadastro de novos sítios afiadores, furadores/buris, ponta de flecha e
arqueológicos, definição de fases e tradições lascas) semelhantes aos identificados na Serra
nos contextos identificados, assim como o Norte de Carajás (Silveira & Lopes 1993)
estabelecimento de seqüências seriadas basea- foram encontrados na Serra das Andorinhas e
das na análise dos atributos tempero e decora- Serra Sul de Carajás, indicando a presença de
ção do material cerâmico (Simões 1986; Simões uma possível ramificação do referido contexto
et al. 1973). mais a sul do estado do Pará (Kern et al. 1992;
Kipnis et al. 2005).
A partir de 2000, em consequência da
expansão econômica nesta região, os projetos
(1) Desenvolvido pelo Museu Paraense Emílio Goeldi
(MPEG – MCT) através de convênio firmado entre a
Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), o Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2) PA-AT-69: Gruta do Gavião e PA-AT-70: Gruta do N1,
(CNPq) e a Fundação de Amparo e Desenvolvimento da nos platôs N4 e N1 respectivamente (Silveira 1994;
Pesquisa (FADESP). Magalhães 1995b).

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de contrato para prospecção e salvamento Principalmente na arqueologia da América


arqueológicos multiplicaram-se, sendo desenvol- do Sul a falta de discussões a esse respeito se
vidos em áreas adjacentes como Canaã dos torna um contrassenso, uma vez que grande
Carajás (Projeto Sossego), Cobre 118, Serra Sul, parte do continente ainda hoje se encontra sob
Serra Leste e na região do município de densas florestas, que progressivamente estão
Marabá (Caldarelli et al. 2005; Kipnis et al. sendo exploradas pelo avanço da sociedade
2005; Magalhães 1995b, 2001; Pereira 2003a, nestas áreas. Somente no Brasil a implantação de
2003b; Silveira et al. 2003a, 2003b, 2004, empreendimentos mineradores e hidroelétricos
2005a, 2005b, 2006, 2008; Silveira & Rodrigues nestas áreas nas duas últimas décadas mais que
2005, 2006a, 2006b, 2007a, 2007b, entre dobrou a demanda de levantamentos arqueoló-
outros). Nessas áreas foram encontrados gicos contratados nos Estudos de Impacto
vestígios semelhantes aos registrados em Ambiental. Portanto, faz-se necessária a
Carajás, relacionados tanto ao período cerâmico discussão no âmbito acadêmico das estratégias
quanto ao pré-cerâmico. Todavia, apenas utilizadas nestes trabalhos.
recentemente os primeiros resultados e sínteses Este artigo objetiva apresentar o levanta-
destes trabalhos foram publicados (Almeida mento arqueológico realizado na área do
2008; Almeida & Garcia 2007, 2008; Caldarelli projeto minerador Salobo, em cuja investigação
et al. 2005; Garcia & Almeida 2007; Kipnis et foram utilizadas abordagens sistemáticas, por
al. 2005; Silveira, Rodrigues et al. 2008). meio da abertura de transects equidistantes
Em suma, apesar do incremento nos entre si, e oportunísticas através da análise de
estudos recentes, o sudeste paraense é ainda indicadores ambientais como relevo, vegetação,
arqueologicamente pouco conhecido (Kipnis et fontes de água, entre outros. A investigação
al. 2005). Trabalhos nos quais correlações sistemática orientada por critérios ambientais,
espaciais, cronológicas e estilísticas nos contex- aliada a uma estratégia oportunística de
tos de áreas adjacentes ao sudeste paraense, da levantamento de informações, auxiliou na
região Amazônica ou não, foram publicados há identificação de sítios arqueológicos, otimizando
apenas três anos. o tempo em campo.
Contudo, estas incipientes pesquisas Na adequação da metodologia adotada
apontam a importância desta área para o para realização da prospecção arqueológica
melhor entendimento tanto do processo inicial foram consideradas as características ambientais
da ocupação humana da Amazônia (Caldarelli das áreas a serem afetadas pelo empreendimen-
et al. 2005; Kipnis et al. 2005; Silveira, Rodrigues to, assim como a experiência adquirida com
et al. 2008), quanto do desenvolvimento e pesquisas em áreas adjacentes (Simões 1983;
dispersão dos grupos relacionados à tradição Pereira & Machado 2001). Desta forma, foram
Tupiguarani na Amazônia (Almeida 2008; efetuadas tanto análises cartográficas quanto a
Almeida & Garcia 2007, 2008; Garcia & releitura dos procedimentos empregados e dos
Almeida 2007; Pereira et al. 2008). resultados obtidos nas pesquisas arqueológicas
realizadas anteriormente na região.
Para a realização do levantamento arqueo-
Metodologia da prospecção arqueológica lógico na área do Projeto Salobo a equipe foi
dividida em dois ou quatro grupos, nos quais
Araujo (2001) aponta a escassez na biblio- um auxiliar de campo acompanhava um ou
grafia de trabalhos acerca de métodos para o dois arqueólogos. No período de 2003 a 2005
levantamento arqueológico especificamente em foram realizadas nove etapas de campo, totalizando
áreas florestadas. As poucas exceções empreen- 200 dias de trabalho. A área total do empreen-
dem relatos de experiências utilizando, basica- dimento é estimada em cerca de 175 km²,
mente, modelos de levantamento dito sistemáti- contudo foram prospectados os locais das obras
co ou probabilístico (Alexander 1983; Neves de infraestrutura assinaladas segundo a versão
1984; Spurling 1980; Zeidler 1995). atualizada do Plano Diretor fornecido pelo

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empreendedor, perfazendo um total de 80 km² utilizados quando não havia vestígios arqueológi-
distribuídos em 30 áreas de impacto, o que cos na superfície do terreno.
corresponde a 45% da área total do Projeto. Todos os sítios identificados foram plotados
No decorrer do trabalho foi observado que os no mapa do Plano Diretor e em mapas topográfi-
sítios arqueológicos identificados estão distribuí- cos detalhados, com curvas de nível de 5 m ou 1
dos em três sub-bacias hidrográficas. A sub-bacia m. Efetuou-se ainda o registro na Ficha de Cadas-
com maior área e quantidade de sítios arqueológi- tro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA) do
cos registrados foi a do igarapé Salobo, com 12 IPHAN onde são anotadas também informações
sítios em 11 km², em seguida está a do rio sobre o ambiente em que o sítio está inserido.
Cinzento com cinco sítios arqueológicos em uma
área de 7 km² e por último a do igarapé Mirim,
com cinco sítios arqueológicos em 3 km². Prospecção sistemática
A análise dos dados cronológicos, de
implantação na paisagem, bem como a caracte- A prospecção sistemática consistiu na
rização da cultura material dos 22 sítios investigação do terreno de forma padronizada
arqueológicos localizados têm possibilitado a através da abertura de transects, ou picadas, na
identificação da organização do espaço intra- mata em intervalos regulares de 50 metros,3 nas
sítio e de áreas de atividades específicas, assim quais foram observadas a superfície e sub-
como dos sistemas de assentamento dos grupos superfície através de tradagens realizadas a
humanos que ocuparam esta área ao longo de intervalos de também 50 m. O solo retirado foi
6000 anos. Estas informações, em processamento vistoriado com o auxílio de colher de pedreiro
final, serão publicadas brevemente (Fig. 2). na busca de vestígios arqueológicos. Em fichas
Diversos autores têm-se dedicado a estudar específicas (Fig. 3) foram registradas característi-
a eficiência das técnicas de investigação para cas do solo tais como textura, compactação,
localização de sítios arqueológicos (Chartkoff granulometria e coloração, descrito a partir da
1978; Krakker et al. 1983; Lightfoot 1986; carta de cores para solo Munsell (1964) (Fig. 6).
Kintigh 1988). Os resultados alcançados por As características do solo foram relaciona-
eles, assim como a experiência em diversos das com a compartimentação topomorfológica
projetos que utilizaram essas técnicas (Araújo observada localmente e nos mapas detalhados.
Costa & Caldarelli 1988; Guapindaia 2000, Convencionou-se utilizar os termos “topo”,
2001; Machado 2004, 2005; Pereira 2001, entre “alta vertente”, “média vertente” e “baixa
outros), atestam sua eficácia. vertente” para descrição do relevo associado ao
A metodologia adotada para prospecção na solo. Essas informações possibilitaram uma
área do Salobo teve a preocupação de interferir avaliação preliminar do entorno em caso de
o mínimo possível nos sítios arqueológicos, ocorrência de vestígios arqueológicos.
preservando-os para investigações detalhadas O registro fotográfico procurou ser o mais
futuras. Uma vez identificado, a localização do completo possível, mostrando o ambiente onde
sítio foi georreferenciada através de GPS – se inserem os vestígios observados na superfí-
posicionamento tridimensional (3D), anotan- cie, coloração do solo, perfis, entre outros. Nas
do-se a margem de erro (o DATUM utilizado fichas de tradagens, além das informações
foi o South America’69). mencionadas acima, foram feitas anotações em
Também foram efetuados registros fotográfi- relação aos indicadores de limites naturais
cos e de informações como dimensões prováveis, percebidos na paisagem. Os mapas topográficos
tipo de material arqueológico e sua ocorrência com a localização das obras, em curvas de nível
em superfície e em sub-superfície em fichas de
campo especialmente elaboradas para o registro
das informações de forma padronizada (Figs. 3 a (3) O intervalo entre os transects variou em algumas áreas,
5). Cabe destacar que os métodos de investiga- aproveitando picadas já existentes para outros fins, tais
ção de sub-superfície, como tradagens, só foram como topografia e levantamento florestal.

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Fig. 2. Plano Diretor do Projeto Salobo com as áreas prospectadas.

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Fig. 3. Ficha para registro das tradagens.

de 1 m, possibilitaram análise prévia do relevo de forma a cobrir áreas potencialmente propíci-


e da hidrografia desses locais e auxiliaram no as à ocorrência de sítios arqueológicos. Tam-
estabelecimento dos transects (Fig. 7). bém foram prolongadas nos locais planejados
Posteriormente esses dados foram sintetizados para implantação de outras obras de infraestrutura
em tabelas elaboradas no programa Excel a fim de próximas, de forma a cobrir integralmente as
agrupar e quantificar informações como numera- áreas diretamente afetadas.
ção dos transects e das tradagens, tipo e quantida- As estradas foram integralmente cobertas,
de de vestígios arqueológicos registrados, colora- enquanto para o TCLD e a LT houve seleção
ção do solo, relevo/compartimentação topográfi- amostral, com base na análise de mapas
ca, cursos d’água mais próximos, além de observa- topográficos e no conhecimento da área, de
ções específicas de cada local investigado. trechos para realização da prospecção uma vez
Para a prospecção sistemática em obras que a maior parte dessas obras está em áreas
lineares, como as Estradas, o Transportador de bastante acidentadas, como encostas muito
Correia de Longa Distância (TCLD) e a Linha íngremes. Para o levantamento do TCLD foi
de transmissão (LT), foram abertos transects selecionado trecho com 1 km de extensão e
equidistantes em 50 metros transversais ao eixo para a LT dois trechos, um com 600 metros e
traçado. Estes transects tiveram no mínimo 50 outro com 1200 metros.
metros de extensão para cada lado do eixo Para a prospecção sistemática na área
prospectado, cobrindo assim uma faixa mínima planejada para a Barragem de Rejeitos do
de 100 metros de largura. Nestes foram realiza- Mirim o intervalo entre os transects foi de 80
das tradagens também a cada 50 metros, ou metros, com tradagens a cada 50 metros ao
seja, no eixo da estrada e nas extremidades, longo de cada transect, cuja extensão variou
formando assim uma malha de 50 x 50 metros. conforme o alcance do lago a ser formado.4 Na
Nos trechos em que o traçado das obras
passa próximo a rios e igarapés as picadas
foram prolongadas até as margens dos mesmos, (4) Considerando o espelho d’água a ser formado em 26 anos.

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Fig. 4. Ficha para registro da abertura de sondagens.

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Maria Christina Leal Rodrigues
Christiane Lopes Machado
Elisangela Regina de Oliveira
Louis-Martin Losier

Fig. 5. Ficha para cadastro fotográfico.

Fig. 6. Registro das características do solo.

área mais próxima ao Dique da Barragem as Já a prospecção sistemática na área dos


picadas foram abertas a intervalos de 40 metros alojamentos e dos Diques de Contenção de
e as tradagens realizadas a cada 50 metros. Finos I e II do igarapé Salobo e do rio Cinzen-

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Fig. 7. Mapa de área prospectada com transects.

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Maria Christina Leal Rodrigues
Christiane Lopes Machado
Elisangela Regina de Oliveira
Louis-Martin Losier

to foi feita em transects transversais abertos a áreas de relevo muito acidentado ou alagado e
intervalos de 50 metros nos quais foram outras em que o solo foi exposto naturalmente
efetuadas tradagens também a cada 50 metros. por buracos de árvores e animais e também por
A prospecção abrangeu os locais previstos para atividades antrópicas, como antigas trilhas de
construção dos alojamentos e dos diques assim garimpeiros, poços de sondagem geológica,
como a área de inundação prevista para os perfis de estradas, áreas de empréstimo, picadas
mesmos. abertas pelo levantamento topográfico.
Na área das Pilhas de Minério Temporário, Esta abordagem foi igualmente utilizada
Estéril e Rocha Sã e na Pilha de Minério Margi- em locais a princípio não diretamente afetados
nal a metodologia empregada na prospecção pela implantação do empreendimento, mas
também seguiu o espaçamento de 50 metros com potencial para ocorrência de vestígios
para abertura dos transects paralelos, onde arqueológicos. A investigação de áreas propícias
foram efetuadas tradagens equidistantes para habitação a partir da observação de
também em 50 metros. Nestas áreas houve indicadores ambientais aproveitou a exposição
seleção para prospecção sistemática, uma vez do solo pela ação de elementos naturais como
que se observa um relevo bastante acidentado barrancos fluviais, buracos de animais e
com encostas muito íngremes, desfavorável ao árvores, formações rochosas junto aos cursos
estabelecimento de qualquer tipo de moradia d’água (pedrais) e abrigos, assim como locais
ou acampamento. Dessa forma, foram cobertas com intervenção antrópica anterior (estradas,
as áreas próximas aos cursos d’água e de relevo poços, trilhas de garimpeiros etc.).
mais suave, ou seja, com potencial arqueológi- A prospecção oportunística também
co. Já na área contígua, Diques I e II do considerou informações orais de possíveis
Cinzento, a prospecção cobriu integralmente a vestígios arqueológicos obtidas com terceiros,
área a ser afetada pela implantação dos mesmos. como funcionários das empresas e antigos
A prospecção na área planejada como moradores.
alternativa atual de implantação da Usina e
Administração aproveitou picadas existentes
para o levantamento geofísico. Essas picadas Sítios e ocorrências arqueológicas
foram abertas a intervalos de 150 metros
cobrindo o topo da serra e, desta forma, Foram definidos como sítios arqueológicos
vertentes bastantes íngremes além do platô. As locais com vestígios de Terra Preta Arqueológi-
tradagens seguiram o espaçamento de 50 ca (TPA), fragmentos de peças cerâmicas e
metros nas linhas transversais e linha base, que líticas (lascadas e/ou polidas) em quantidade
corta o topo da serra como um transect. Dessa suficiente para caracterizar uma ocupação
forma, essa área foi vistoriada em uma combina- humana de longa duração. O critério utilizado
ção das abordagens sistemática e oportunística, foi a existência de ao menos 15 fragmentos
uma vez que a localização dessas obras ainda cerâmicos ou vestígios líticos em contexto de
não estava completamente definida na ocasião deposição primária. No caso de vestígios em
da pesquisa. suportes fixos, como polidores, afiadores ou arte
rupestre, esse quantitativo não foi considerado.
As ocorrências arqueológicas, por sua vez,
Prospecção oportunística são locais em que foram identificados vestígios
arqueológicos em quantidade insuficiente para
Aliada à prospecção sistemática foram caracterizar de imediato um sítio arqueológico.
adotadas abordagens oportunísticas. Em locais O critério utilizado para sua definição foi a
com baixa probabilidade de serem encontrados existência de uma concentração de vestígios
vestígios arqueológicos, porém com previsão de inferior a 15 fragmentos cerâmicos ou líticos e/
implantação de obras do empreendimento, esta ou de estes terem sido identificados em contex-
estratégia foi adotada. Nestes casos incluem-se to de deposição secundária.

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Verificação das ocorrências e delimitação Uma vez encerrada a escavação da sonda-


preliminar dos sítios arqueológicos gem, as quatro paredes foram fotografadas com
escala e indicação do Norte, sendo geralmente
Concluído o levantamento em uma área duas paredes selecionadas para desenho do
pesquisada, a equipe retornou aos locais onde perfil. Nos perfis foram definidas e descritas as
foram registrados vestígios arqueológicos a fim camadas estratigráficas através da descrição da
de verificar, com uma investigação mais espessura, características do solo e vestígios
intensiva, se estes serão registrados como sítios associados. Efetuou-se também a correlação dos
arqueológicos ou como ocorrências isoladas. níveis escavados com as camadas estabelecidas.
Em cada local de ocorrência foram realiza- O estudo dos perfis serviu de base para compre-
das varreduras com a utilização de forquilhas ensão da estratigrafia de cada sítio, bem como
para identificação da distribuição de material planejamento de futuras escavações (Figs. 8 e 9).
em superfície. Para observação de sub-superfí- Em todos os sítios registrados, após exame
cie foram realizadas tradagens equidistantes a cuidadoso da superfície, foi verificada prelimi-
intervalos variáveis conforme cada caso específi- narmente a dispersão dos vestígios arqueológi-
co (20 m, 10 m ou 5 m). Foram também cos em sub-superfície, assim como a espessura
abertos transects intermediários para varredu- das camadas arqueológicas. Foram abertas
ras e tradagens a espaçamentos menores, linhas radiais ou paralelas a partir do ponto de
delimitando de forma mais precisa a área de maior concentração de material e realizadas
dispersão dos vestígios. No caso em que o novas tradagens a cada 5 m ou 2 m. Também
número de vestígios se manteve inferior a 15 foram elaborados croquis com a distribuição
fragmentos e sem outros indicativos, o registro dos vestígios observados, das tradagens,
foi mantido como ocorrência arqueológica. sondagens (quando efetuadas), além de anota-
Após essa investigação, quando caracteriza- ções, em fichas padronizadas, marcando-se,
do como sítio arqueológico, foi realizada ao sempre que observados, os indicadores de
menos uma sondagem para verificação da limites naturais percebidos na paisagem. Dessa
estratigrafia, ocorrência de material em profun- forma foi possível estabelecer uma delimitação
didade e, se possível, coleta de material in situ preliminar das dimensões e profundidade dos
para datação. As sondagens foram abertas com sítios arqueológicos localizados. As informações
dimensões de 50 x 50 cm ou 1 m x 1 m e registradas nos croquis, sobrepostas aos mapas
escavadas com colher de pedreiro por níveis topográficos, permitiram avaliação e planeja-
naturais. Após o término da ocorrência de mento mais precisos para os trabalhos de
evidências arqueológicas foram escavados outros salvamento (Fig. 10).
20 cm e finalmente, por medida de segurança, Para cada sítio realizou-se também uma
realizou-se uma tradagem na base alcançando avaliação do seu estado de conservação e do
mais 50 cm na camada estéril. O solo retirado de impacto a que estava sujeito com a implantação
cada nível foi peneirado separadamente em do empreendimento. A partir daí foram
peneira de malha 5 mm a fim de que pudessem indicadas para cada caso as medidas apropriadas
ser coletados vestígios eventualmente não a serem adotadas: preservação, o monitoramento
percebidos durante a escavação. ou salvamento (resgate).
Todas as informações foram registradas em
fichas de sondagem (Fig. 4) nas quais foram
anotadas as características do solo (composição, Resultados
compactação, granulação, umidade e coloração
Munsell), dados como o georreferenciamento A metodologia adotada na prospecção
(GPS), tipos de vestígios arqueológicos encon- realizada na área do Projeto Salobo possibilitou
trados, quantidade e espessura dos níveis a localização de 22 sítios arqueológicos e cinco
escavados, definição de camadas, entre outras ocorrências, distribuídos em três sub-bacias: rio
informações. Cinzento, igarapé Salobo (tributários da

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Christiane Lopes Machado
Elisangela Regina de Oliveira
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Fig. 8. Sítio Cachorro Cego. Sondagem 1. Foto Elisangela Oliveira.

Fig. 9. Sítio Cachorro Cego. Sondagem 1 (detalhe). Foto Elisangela Oliveira.

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Fig. 10. Croqui de dispersão dos vestígios.

margem esquerda do rio Itacaiúnas) e igarapé Dique BF2, Bitoca 1, Bitoca 2, Barfi, Captação,
Mirim (afluente da margem esquerda do Araras, Sequeiro, Pau Preto, P32, 4 Alfa, Alex e
igarapé Salobo). Além destes, uma ocorrência a ocorrência arqueológica Barfi 5. Na sub-bacia
situada na margem esquerda do rio Itacaiúnas do igarapé Mirim os cinco sítios registrados
também foi localizada (Fig. 11). foram: Cachoeira do Borges, Marinaldo,
Na sub-bacia do igarapé Salobo foram Reginaldo, Mirim e Perdido do Mirim. Na sub-
registrados 12 sítios arqueológicos: Dique BF1, bacia do rio Cinzento cinco sítios foram

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Maria Christina Leal Rodrigues
Christiane Lopes Machado
Elisangela Regina de Oliveira
Louis-Martin Losier

Fig. 11. Mapa dos sítios e ocorrências identificadas na área do Salobo.

registrados: Abraham, Edinaldo, Orlando, Observando a implantação dos sítios na


Cachorro Cego e Marcos, além das ocorrências paisagem verificou-se que, geralmente, estes se
arqueológicas Nascente, Castanheira e Cinzen- encontram delimitados naturalmente, sendo
to. Nas margens do rio Itacaiúnas foi registrada identificados como limites curvas ou meandros
apenas uma ocorrência, denominada Caldeirão de rios ou igarapés, grotas (nascentes) e eleva-
3 e que está relativamente próxima, porém na ções naturais. Esta padronização, recorrente-
margem oposta, da corredeira do Caldeirão e mente observada, permitiu a elaboração de um
dos sítios arqueológicos PA-AT-18: Caldeirão 1 modelo preditivo para identificação prévia,
e PA-AT-19: Caldeirão 2, registrados nos anos através da análise de mapas topográficos
80 na margem direita do Itacaiúnas (Lopes et detalhados, de locais propícios para o estabele-
al. 1988). cimento de sítios arqueológicos.

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Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará).
Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Os sítios identificados foram classificados, Amazônia, tem impulsionado a realização de


segundo o tamanho da área de dispersão dos pesquisas de levantamento e salvamento
vestígios arqueológicos, em três categorias: 1) arqueológico neste tipo de ambiente, porém,
Pequeno, com dimensão até 25.000 m²; 2) ainda são raras as discussões acerca dos méto-
Médio, com dimensão entre 26.000 e 85.000 dos envolvidos neste trabalho, seus alcances e
m² e 3) Grande, com dimensão superior a limites. Debate este crucial para uma avaliação
86.000 m². Foi possível observar, durante a do quanto realmente tem-se conseguido
prospecção, que os sítios pequenos não possu- documentar o patrimônio arqueológico em
em TPA e que a camada arqueológica é pouco áreas que serão modificadas pela implantação
profunda, ao redor de 20 e 35 cm de profundi- de grandes obras. Portanto, corre-se o risco de
dade. A hipótese de ocupação para estes sítios é perder contextos importantes para a compreen-
de que se relacionam a áreas de habitação são do processo de ocupação humana.
temporária ou acampamentos. Nos sítios
medianos também não foram encontradas
manchas de TPA, o solo varia entre tons de Considerações finais
marrom escuro e marrom, porém a camada
arqueológica é mais profunda, entre 35 e 60 cm A metodologia aplicada na prospecção
de profundidade. Nos sítios de tamanho realizada entre os anos 2003 e 2006 no âmbito
superior a 86.000 m² foram encontradas do projeto Prospecção arqueológica na área do
manchas de TPA e a profundidade do registro Projeto Salobo/PA foi considerada adequada
arqueológico varia de 60 cm a 1,5 m, possivel- para o cumprimento dos objetivos propostos,
mente são assentamentos relacionados a permitindo a localização de sítios arqueológicos
ocupações de longa duração. em áreas florestadas e a definição de uma
Associados aos sítios Bitoca 1: PA-AT-277 e tipologia preliminar dos mesmos, possibilitan-
Bitoca 2: PA-AT-278, de tamanho grande e do, assim, a edificação de um panorama da
Araras: PA-AT-283 e Marcos: PA-AT-297, de ocupação pretérita nesta região do sudeste
tamanho mediano, foram registrados em paraense.
afloramentos rochosos nas margens dos cursos A prospecção realizada nas sub-bacias do
d’água polidores e afiadores. igarapé Salobo, do rio Cinzento (afluentes do
A tabela abaixo foi elaborada tendo em rio Itacaiúnas) e do igarapé Mirim (tributário
vista uma melhor visualização da caracterização do Salobo) revelou os seguintes aspectos
geral dos sítios e sua implantação na paisagem, arqueológicos significativos desta área:
constituindo-se em fonte de dados de referência. a) Identificação e localização de 22
Desta forma, a prospecção realizada na sítios arqueológicos cerâmicos a céu aberto;
FLONATA – área do Projeto Salobo – demons- b) Tais sítios, geralmente, encon-
trou que é possível identificar sítios e ocorrênci- tram-se localizados às margens dos
as arqueológicas através do desenvolvimento de cursos d’água, tanto de rios maiores,
investigação sistemática em extensas áreas como o Itacaiúnas, como de pequenos
florestadas, aliada a prospecção oportunística, igarapés;
mesmo com as dificuldades logísticas inerentes. c) Inserção dos sítios na paisagem
Através do caminhamento intensivo e articula- com delimitadores naturais (cursos
do na extensão de transects equidistantes d’água, fontes e/ou nascentes, relevo
abertos na floresta foi possível esquadrinhar com morros, afloramentos rochosos e
todas as áreas que sofrerão impacto deste presença de Castanhais);
empreendimento minerador, identificar e d) Estabelecimento de uma tipologia
analisar padrões de implantação e assentamen- preliminar para os sítios arqueológicos
to das sociedades pretéritas que ali viveram. encontrados: habitação e acampamento;
Progressivamente a pressão econômica sobre e) Na região de Carajás a presença
as áreas de floresta no Brasil, notadamente a dos sítios cerâmicos é bastante densa,

172
Tabela 1
Caracterização geral dos sítios arqueológicos identificados na prospecção realizada na área do Salobo
Manchas Evidências encontra-
Sítio Sub- Implantação Tamanho Profundida-
de TPA das na prospecção
bacia de
Dique BF1 Salobo Baixa vertente, curva de igarapé Pequeno 20 cm ausência Cerâmica
Dique BF2 Salobo Baixa vertente, curva de igarapé e morro Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
Bitoca 1 Salobo Baixa vertente, curva de igarapé, grota e morro Grande > 60 cm presença Cerâmica e polidores
Bitoca 2 Salobo Baixa vertente, curva de igarapé e grota Médio 60 cm presença Cerâmica e polidores
Barfi Salobo Baixa vertente, margem de igarapé e grota Pequeno 35 cm ausência Cerâmica
Captação Salobo Baixa vertente, curva de igarapé, entre grotas Pequeno 20 cm ausência Cerâmica
Araras Salobo Baixa vertente, curva de igarapé e lagoa Médio 30 cm ausência Cerâmica e polidores
Sequeiro Salobo Baixa vertente, curva de igarapé e grota Pequeno 50 cm ausência Cerâmica e lítico
Pau Preto Salobo Baixa vertente, curva de igarapé e grota Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
P32 Salobo Média vertente, margem de igarapé, entre grotas e morro Pequeno 35 cm ausência Cerâmica
4 Alfa Salobo Média vertente, curva de igarapé, grota e morro Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
Alex Salobo Baixa vertente, curva de igarapé, grota e morro Grande 50 cm presença Cerâmica e lítico
Perdido do Mirim Mirim Média vertente, curva de igarapé e grota Pequeno 20 cm ausência Cerâmica
Cachoeira do Borges Mirim Baixa vertente, margem de igarapé, grota e morro Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
Reginaldo Mirim Baixa vertente, margem de igarapé, grota e morro Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
Marinaldo Mirim Baixa vertente, margem de igarapé, grota e morro Médio 30 cm ausência Cerâmica e lítico
Mirim Mirim Baixa vertente, curva de igarapé, entre grotas e morro Grande 60 cm ausência* Cerâmica e lítico
Abraham Cinzento Baixa vertente, entre igarapés Médio 35 cm ausência Cerâmica
Orlando Cinzento Baixa vertente, margem de igarapé e grotas Médio 20 cm ausência Cerâmica
Edinaldo Cinzento Baixa vertente, entre dois pequenos igarapés Pequeno 30 cm ausência Cerâmica
Cachorro Cego Cinzento Baixa vertente, curva de igarapé e morro Grande 60 cm presença Cerâmica
Marcos Cinzento Baixa vertente, curva de rio, entre grotas e morro Médio 35 cm ausência Cerâmica e polidores

*Presença de manchas de solo marrom avermelhado escuro (Munsell 5YR 3/3 Dark Reddish Brown)
Louis-Martin Losier
Christiane Lopes Machado

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Prospecção arqueológica em áreas de floresta – contribuição metodológica da pesquisa na área do Projeto Salobo (Pará).
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com uma média aproximada de um sítio artefatos remetem à indústria cerâmica da


a cada 1,2 km. Por exemplo, nas mar- tradição Incisa Ponteada, da qual faz parte, por
gens do rio Itacaiúnas, no trecho mais exemplo, a cerâmica Santarém (Guapindaia
próximo da área de implantação do 1993; Gomes 2002).
projeto Salobo, existem pelo menos oito Além disso, as características decorativas e
sítios arqueológicos numa extensão tecnológicas identificadas no material cerâmico
aproximada de 9,5 km, registrados proveniente dos sítios localizados no médio
durante a prospecção realizada na igarapé Salobo e na bacia do igarapé Mirim,
década de 1980 (Lopes et al. 1988). Na também diferem da fase Itacaiúnas da tradição
área do Salobo também foi registrada Tupiguarani, na qual as peças são geralmente
presença densa de sítios, com uma média espessas e possuem grande quantidade de
aproximada de um sítio a cada 1 km; minerais triturados, principalmente quartzo, na
f) A análise laboratorial indica que a pasta da argila.
indústria cerâmica relacionada aos sítios Em razão de as análises dos vestígios destes
identificados na bacia do rio Cinzento e 22 sítios arqueológicos estarem em andamento,
do baixo igarapé Salobo possuem discussões aprofundadas acerca das característi-
características tecnológicas, morfológicas cas tanto do material cerâmico, quando do
e estilísticas predominantes que reme- material lítico, bem como hipóteses sobre a
tem à tradição Tupiguarani (Brochado natureza e diversidade das ocupações humanas
1991; Prous 1992), cuja presença em pré-coloniais na área do Salobo, serão apresen-
sítios arqueológicos localizados na bacia tadas e discutidas em trabalhos futuros.
do rio Itacaiúnas e em áreas adjacentes Espera-se que esse artigo contribua para a
tem sido documentada desde a década metodologia de prospecção arqueológica em
de 1960 (Almeida 2008; Almeida & áreas de floresta, assim como forneça dados
Garcia 2007, 2008; Araujo Costa 1983; relevantes acerca dos deslocamentos destes
Garcia & Almeida 2007; Figueiredo grupos humanos e das redes de trocas estabelecidas
1965; Pereira 2003a, 2003b; Pereira et entre diferentes regiões.
al. 2008; Simões & Araujo Costa 1987).
Contudo, a diversidade dos vestígios Agradecimentos
arqueológicos coletados nas escavações realiza-
das posteriormente nestes sítios, durante o A Salobo Metais S.A - VALE, ao Museu
trabalho de salvamento arqueológico, notadamente Paraense Emílio Goeldi (MPEG-MCT), a
a presença de elaborados apliques cerâmicos Fundação Instituto para o Desenvolvimento
modelados zoomorfos e um antropomorfo, da Amazônia (FIDESA) e a todos que partici-
além de um pingente zoomorfo polido e param dos trabalhos de campo. Agradecimen-
esculpido em rocha, indicam um quadro mais to especial a Astolfo Araujo pelo incentivo à
complexo para a ocupação nesta área. Os publicação deste trabalho e revisão do
aspectos tecnológicos e decorativos destes manuscrito.

174
Maura Imazio da Silveira
Maria Christina Leal Rodrigues
Christiane Lopes Machado
Elisangela Regina de Oliveira
Louis-Martin Losier

SILVEIRA, M.I.; RODRIGUES, M.C.L.; MACHADO, C.L.; OLIVEIRA, E.R.;


LOSIER, L.-M. Archaeological exploration in forest areas - methodological
contribution in the field of research of the Salobo Project. Revista do Museu de
Arqueologia e Etnologia, São Paulo, 19: 155-178, 2009.

Abstract: Between 2003 and 2006, an archaeological survey in the Salobo


Project - PA was developed by the Paraense Emilio Goeldi Museum in order to
identify and assess the impacts of the implementation of mining activities of
VALE Company to the archaeological heritage as well as measures to indicate
their preservation or rescue. This article aims to present the methodology of
archaeological survey used for the identification of archaeological remains in
the National Forest Tapirapé – Aquiri (FLONATA), municipality of Marabá /
PA, which will be affected by the implementation of this mine. This experience
should stimulate discussions about the scope and limits of the approach presented,
which resulted in the identification of 22 archaeological sites and 5 events.

Keywords: Archaeological exploration – Amazon Forest – Southeastern


Pará – Salobo – archaeological survey methodology.

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Recebido para publicação em 6 de junho de 2009.

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