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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA

CAMPUS CAÇAPAVA DO SUL


CURSO DE GEOLOGIA

Análise do Impacto Ambiental da Implementação do Aterro Sanitário de


Brasília Aplicando Imagens de Satélite

Nomes: Ingrid Veiga, João Vitor Pfeifer,


Leilane Coelho e Lucas Dalla Nora

Caçapava do Sul, março, 2022


Sumário
1. Introdução 2
2. Contexto Local/Regional 3
3. Material e Método 5
4. Resultados 5
5. Conclusão 8
6. Referências bibliográficas 9

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1. Introdução

Considerada a 12ª Região Administrativa do DF, a cidade satélite de Samambaia,


localizada a cerca de 30 km em sentido SW de Brasília, recebeu um aterro sanitário a partir
da desativação do conhecido “Lixão da Estrutural”, que havia excedido a sua capacidade.
Samambaia possui população aproximada de 220 mil habitantes, que, somados aos habitantes
das demais regiões administrativas, geram cerca de 68 mil toneladas de lixo por mês.
Algumas problemáticas de graves proporções preocupam, a partir da situação descrita,
os moradores da região de Samambaia: o mau cheiro generalizado pela cidade; o alto risco de
contaminação dos afluentes dos córregos Valo e Gatumé, que desaguam no rio Melchior; a
proximidade da área destinada ao aterro com o Parque Ecológico Gatumé; a realocação de
cerca de 200 famílias e, ainda, da Escola Guariroba; o fato de Samambaia situar-se na rota de
algumas linhas aéreas que se direcionam ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek,
ocasionando o perigo de acidentes aéreos graves em função da abundante presença de aves de
rapina por sobre o aterro.
Nesse contexto, alguns fatores contrários ou determinantemente importantes à
implementação do aterro ocorreram, a partir do lançamento do edital para implementação do
aterro, em março de 2012: bloqueio da DF-180 por moradores de Samambaia contrários à
instalação do aterro, em outubro de 2012; audiência pública na cidade de Samambaia para
discutir a implementação do aterro, em novembro de 2012; embargo da obra da porção oeste
do aterro, a partir do Tribunal de Contas do DF, por divergências de informações no processo
licitatório, em janeiro de 2013; recolhimento de cerca de 500 assinaturas de moradores
contrários ao aterro, em fevereiro de 2013; protesto de movimentos sociais e ambientalistas
em todo o DF, criticando a instalação do aterro, em setembro de 2013; por fim, o
assentimento do Tribunal de Contas Distrital para a contratação da empresa vencedora do
processo licitatório, em outubro de 2013. A partir deste ponto, o novo aterro em Samambaia
passava a ser, em definitivo, uma realidade para a sociedade civil do DF.

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2. Contexto Local/Regional

Esta descrição é uma síntese dos aspectos geomorfológicos e geológicos da região


estudada, localizada no planalto central do Brasil. A região é drenada por rios que pertencem
a três das mais importantes bacias fluviais da América do Sul: Bacia do Tocantins, Bacia do
São Francisco e a Bacia do Paraná. O principal rio envolvido na área de estudo, se diz
respeito ao córrego Melchior, corre no sentido Nordeste-Sudoeste (NE-SW) até desaguar no
rio descoberto, onde o mesmo percorre cerca de 25 km.

Com vegetação predominante no local do estudo é cerrado, onde cobre cerca de 90%
da do Distrito Federal. Relevância ao encontrar todos os tipos de vegetação de modo habitual
e frequente englobados conforme o cerrado, detém árvores que vão desde grande porte até
gramíneas, que vem por isso delimitar uma mistura de vegetações que acompanham os cursos
d'água e ambientes de drenagem, esses de mata de galeria e ciliares (EITEN, 1994).

A região apresenta predominância de um clima que se enquadra entre dois tipos: O


clima tropical de savana e um temperado chuvoso com inverno seco, que se caracteriza por
duas principais estações: Uma entre os meses de outubro e abril que caracterizam um clima
chuvoso e quente, e outro entre os meses de maio e setembro que caracterizam um clima já
mais frio e seco, segundo Koppen (HIDROGEO, 1990).

A topografia da região apresenta uma variação topográfica do município de


Samambaia em relação a altitude e relevo, estes que variam de uma altitude mínima de 887
metros há 1.296 metros de altitude máxima, mas que em sua grande maioria do terreno
apresenta uma altitude média de 1.081 metros, a qual remete em específico a área do Aterro
Sanitário de Brasília (Figura 1).

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Figura 1: Mapa Topográfico do Aterro Sanitário, Altitude e Relevo; Fonte: Topographic-map.

Dentro do contexto geológico o Distrito Federal está delimitado na província


estrutural do Tocantins, de maior ênfase na porção centro sul da faixa de dobramento Brasília,
onde a qual apresenta principalmente dobras isoclinais a recumbentes, lineares e que remetem
a presença de foliação de transposição, cavalgamentos, falhamentos inversos, transcorrência e
uma tectônica distensiva. Portanto mostra que essas estruturas voltadas para leste em direção
ao cráton São Francisco (ALMEIDA, HAUSUI, 1984).

As rochas atribuídas a essa região se diz respeita aos grupos Canastra e Paranoá que
apresentam idades com cerca de bilhões de anos do Meso-neoproterozóico, enquanto os
grupos Bambuí e Araxá com idade entre 800 e 650 milhões de anos do Neoproterozóico
(FREITAS-SILVA, DARDENNE, PIMENTEL, 1993).

O Grupo Canastra corresponde a rochas correlacionadas às formações Serra do


Landin, Paracatu e Serra dos Pilões, nas quais o Distrito Federal se correlaciona nas duas
primeiras formações. Apresentando uma predominância de Sericita filitos, clorita filito e
minerais secundários como filitos carbonosos, calcifilitos, quartzitos e mármores finos
(FREITAS-SILVA, DARDENNE, 1993).

O Grupo Paranoá corresponde a rochas meta psamo-pelíticas carbonáticas, onde são


compostas por seis unidades da base PC, R4, Q3, R3, A e S, que vão desde metassiltitos e
metargilitos com presença de lentes de metacalcários até o topo com presença de metassiltitos
e metarritmitos com intercalações carbonáticas (FREITAS-SILVA, 1993).

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O Grupo Bambuí corresponde a rochas correlacionadas às formações Três Marias,
Serra da Saudade, Lagoa do Jacaré, Sete Lagoas e Jequitaí, correlacionadas da base para o
topo. Apresentando predominância no Distrito Federal as formações Serra da Saudade e Três
Marias, que predominam rochas metassiltitos, metargilito (DARDENNE, 1978).

Grupo Araxá corresponde a clorita-quartzo xisto, muscovita xisto e


muscovita-granada xisto e em alguns casos em especial lentes de quartzitos micáceos
(PIMENTEL, 1993).

3. Material e Método

Foram obtidas imagens do satélite Sentinel-2, da Agência Espacial Europeia (ESA) de


forma gratuita na internet no Sentinelhub Playground, com base na combinação de Bandas
(B8-B4) /(B8 +B4) Vegetation index. Para tal análise, foram utilizadas três imagens da área
de estudo, de diferentes épocas, sendo uma na inauguração do aterro sanitário, uma de pouco
tempo após o vazamento do chorume e por fim uma atual.

As imagens foram analisadas visualmente, com a finalidade de se fazer uma


comparação entre elas, utilizando as bandas (B8-B4) /(B8 +B4) Vegetation index. Para a
observação da contaminação do chorume no córrego Melchor que passa perto do aterro
sanitário, portanto mostraram uma divisão da água com o chorume, se deu pelo motivo deste
terem diferentes comportamentos espectrais.

Portanto a interação das características da água com o chorume é distinta para a


diferentes faixas do espectro eletromagnético, fazendo com que a refletância tenha grande
variância para diferentes comprimentos de onda, o que vem a permitir que informações
diferentes sobre as propriedades da água e do chorume possam então ser detectada. Com isso
o comportamento típico da água mostra redução reflectância nas bandas do visível, se
comparável ao comportamento da água misturado com o chorume.

4. Resultados

Nesta primeira imagem em tons esverdeado a região mais baixa do relevo, fazendo
parte da vegetação que variam de tons mais fracos de gramíneas até tons mais escuros com
vegetação de médio a grande porte. Já a região com tons em azul fraco, mostra o córrego
Melchor, já azul com tons mais escuros mostra os campos de plantio de arroz.

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Figura 2: Sentinel-2 Vegetation index, com base na combinação de bandas (B8-B4) /(B8 +B4), no dia
08/04/2017, ano da inauguração do aterro sanitário.

Na segunda imagem de 19 de dezembro de 2018, é possível observar no córrego


Melchor o começo da contaminação do chorume nas águas do córrego. Nota-se que a um
aumento das tonalidades em amarelo em meio ao rio, indicando o extravasamento do
contaminante, tons esses predominantes na região de tratamento do aterro sanitário.

Figura 3: Sentinel-2 Vegetation index, com base na combinação de bandas (B8-B4) /(B8 +B4), no dia
19/12/2018, ano do vazamento do chorume no aterro sanitário.

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Nesta última imagem, obtida anos após a inauguração no dia 08 de abril de 2017,
sendo agora possível detectar com maior clareza o aumento dos tons em amarelo no córrego
chegando em locais a tonalidades em vermelho. Portanto é possível identificar um aumento
na contaminação por meio do chorume no decorrer dos anos no córrego Melchor.

Figura 4: Sentinel-2 Vegetation index, com base na combinação de bandas (B8-B4) /(B8 +B4), no dia
08/03/2022, imagem atual do aterro sanitário.

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5. Conclusão

As imagens do satélite Sentinel-2 com base na combinação de bandas (B8-B4) /(B8


+B4) se mostram como uma importante ferramenta na análise de rios contaminados. Foi
possível observar a contaminação do córrego Melchor pelo vazamento do chorume
proveniente do aterro sanitário, utilizando-se de imagens de diferentes datas, onde se faz o
uso das mesmas para uma análise comparativa entre elas, visualmente. Portanto é possível
delimitar áreas com contaminação, onde em meio ao córrego se sobressai tons amarelados e
avermelhados, onde então fica mais fácil perceber a contaminação do chorume no córrego.

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6. Referências bibliográficas

Sentinel-hub Playground. Sentinel-hub.com. Disponível em:


<https://apps.sentinel-hub.com/sentinel-playground. >. Acesso em: 28 Mar. 2022.
‌Mapas topográficos gratuitos, altitude, relevo. topographic-map.com. Disponível em:
<https://pt-br.topographic-map.com/>. Acesso em: 28 Mar. 2022.
DARDENE, M. A. Síntese sobre a estratigrafia do grupo Bambuí no brasil central. In:
Congresso Brasileiro de Geologia, 30, 1978, Salvador.
FREITAS-SILVA, F. H., DARDENNE, M. A. Proposta de subdivisão estratigráfica
formal para o grupo canastra no oeste de Minas Gerais e leste de Goiás. In: Simpósio de
Geologia do Centro-Oeste, 4, 1993, Brasília.
PIMENTEL, M. M. HEAMAN, L. FUCH, R. A. Idade do metarriolito da sequência
Maratá, Grupo Araxá, GO: Estudo Geocronológico pelos métodos U-Pb em Zircão, Rb-Sr e
Sm-Nd, Rio de Janeiro,1993.
ALMEIDA, F. F. M. HASUI, Y. O pré-cambriano do Brasil. São Paulo: Edgard Blucher
Ltda, 1984.
HIDROGEO. Estudo de Impacto ambiental do setor habitacional Taquari-SHIQ,
Brasília: Terracap,1990.
EITEN, G. Vegetação do cerrado. In: Pinto, M. N. (Org). Cerrado: Caracterização,
ocupação e perspectivas. 2. Ed.Brasília, DF: UnB: SEMATEC, 1994.
FIOCRUZ. DF – Comunidade de Samambaia tem seu direito à saúde desrespeitado na
luta contra lixão e aterro sanitário. Mapa de Conflitos - Injustiça Ambiental e Saúde no
Brasil. Disponível em:
http://mapadeconflitos.ensp.fiocruz.br/conflito/df-comunidade-de-samambaia-tem-seu-direito
-a-saude-desrespeitado-na-luta-contra-lixao-e-aterro-sanitario/#fontes. Acesso em:
27/03/2022

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