Você está na página 1de 7

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DO 1º

JUIZADO CÍVEL DE BRASÍLIA DA COMARCA DO DISTRITO FEDERAL

Processo nº: XXX

Jair Messias Bolsonaro, já devidamente qualificado nos autos do processo em


epígrafe, por conduto de sua advogada devidamente constituído, conforme
procuração anexa, com endereço profissional descrito no rodapé, onde receberá as
futuras notificações, nos autos do processo que lhe move Maria do Rosário Nunes,
já qualificada, vem respeitosamente à presença de V. Exa., apresentar:

CONTESTAÇÃO

Acerca da AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS DECORRENTE A


HONRA, pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe:

I- PRELIMINARES:

A- DA INCOMPETÊNCIA

Preliminarmente, o contestante roga pelo declínio de competência, tendo em vista


que este juízo não é o competente para julgar a presente lide, vez que o valor da
causa é superior ao que é exigido no juízo no qual a ação fora protocolada,
conforme artigo 3º da Lei nº 9.099/95, inciso I.

B- DA IMPUGNAÇÃO DA JUSTIÇA GRATUITA

Na lei nº 13.105, nos artigos 99 e 100 esclarece que a parte contrária poderá
oferecer impugnação na contestação. Vejamos:

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado


na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso
de terceiro no processo ou em recurso.

Art. 100. Deferido o pedido, a parte contrária poderá oferecer


impugnação na contestação, na réplica, nas contrarrazões de
recurso ou, nos casos de pedido superveniente ou formulado
por terceiro, por meio de petição simples, a ser apresentada
no prazo de 15 (quinze) dias, nos autos do próprio processo,
sem suspensão de seu curso.

Nesse mesmo sentido, verificamos que nos moldes, do art. 337, da respectiva lei,
esclarece:

Art. 337. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:

XIII - indevida concessão do benefício de gratuidade de


justiça

Ocorre que, o caput do art. 98 do NCPC dispõe sobre aqueles que podem ser
beneficiários da justiça gratuita:

“Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou


estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as
custas, as despesas processuais e os honorários
advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da
lei”

Portanto, diante do deferimento de justiça gratuita na ação indenizatória, urge


ressaltar que a parte autora exerce a função parlamentar como Deputada, e
consequentemente percebe uma remuneração significativa, onde não cabe a
mesma mencionar estado de vulnerabilidade/insuficiência.

Ocorre que, a parte autora não acostou aos autos Imposto de Renda anual para dar
veracidade aos fatos, sendo que é indispensável demonstrar nos autos a
insuficiência de recursos.

Isto posto, considerando que não há nenhum documento acostado, requer seja
revogado a justiça gratuita anteriormente deferida a parte autora, por ser medida de
direito.

II - DA SÍNTESE DA INICIAL

Trata-se de ação de indenização por danos morais proposta pela parte autora-
Maria do Rosário Nunes em face do requerido. Em sua inicial, alega-se que o
requerente a ofendeu com palavras de baixo calão.
A autora também relata que o mesmo se dirigiu de forma grosseira e até mesmo
agressivo nos gestos e falas.

Ocorre que, a mesma em momento algum informou na sua peça que a atitude do
requerido foi mediante impulso, vez que a deputada feriu sua honra com acusações
graves em exposição pública.

Nesse diapasão, a parte autora adentrou com ação indenizatória, sem ao menos
lembrar que acusação foi diante câmera e emissoras de TV, onde retém como prova
toda veracidade dos fatos.

Face o ocorrido, a mesma postula pela a título de pagamento de indenização por


danos morais, o importe equivalente a R $100.000,00.

III- DOS FATOS

Após um debate político acerca da redução da maioridade penal, em 2003, o


deputado estava dando uma entrevista, revoltado com a situação, e a parte autora,
passando por perto, tentou interferir na entrevista falando de seu ponto de vista. A
partir de então, o negócio degringolou. Começaram a lançar ofensas, de ambos
lados, sendo que houve redarguição contínua. Em plenário Maria do Rosário havia
falado que os criminosos "eram apenas crianças". O requerido, por sua vez, havia
sugerido que a deputada, então, contratasse Champinha para ser o motorista do
carro da filha dela.

Durante a interrupção da entrevista a situação foi se estendendo e ficando


teoricamente tensa. Maria do Rosário chamou o deputado de estuprador, e ele
demonstrou indignação, e após diversas afirmações mencionadas de que o
requerido seria um estuprador, em um momento de confronto e de ofensas mútuas
o mesmo lançou no calor da energia a frase "não te estupro, porque você não
merece".

Com toda Data Vênia, mas não houve uma ofensa separada de um contexto, mas
sim uma ofensa dentro de um contexto de ofensas mútuas. No entanto, ser
chamado de estuprador é altamente ofensivo para qualquer homem, ou melhor
acusar alguém, rotulando o mesmo como estuprador, é condena-lo por apologia ao
estupro, ainda mais quando se tem projetos de castração química e aumento de
penas para estupradores, justamente por achar esse tipo de crime repugnante.
Logo, Vossa Excelência essa ofensa está caracterizada a injúria vindo diante das
grandes ofensas dilatadas pela parte autora.
IV - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS BASEADOS DA INEXISTÊNCIA DO DANO
MORAL

O artigo 927 do Código de Civil, destaca nos (arts. 186 e 187) ‘’que por ato ilícito,
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. ’’

Verifica-se que a parte autora está totalmente em desconformidade com a lei, bem
como extremamente equivocada ao afirmar que em momento algum não feriu a
honra subjetiva/objetiva do requerido, visto que diversos emissores da TV ao
assistirem a reportagem presenciaram a Deputada Maria do Rosário chamando o
Deputado Jair Bolsonaro de estuprador. O que consequentemente, na mesma
veracidade da lei, a parte autora também deveria ser processada e condenada a
pagar indenização ao requerido.

Ademais, o artigo 953 do Código Civil, aduz que “a indenização por injúria,
difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido”.

Portanto, o dano moral causado à requerida é o chamado Dano Moral Direto, ou


seja, lesão específica de um direito extrapatrimonial, como os direitos da
personalidade. Logo, o fundamento da parte autora está totalmente inadequado ao
mencionar ausência de dano mediante o ocorrido, vez que também existe previsão
legal para assegurar e caracterizar os danos causados ao requerido.

Sucede que, podemos afirmar que o dano moral é aquele que lesiona a esfera
personalíssima da pessoa (seus direitos da personalidade), violando, por
conseguinte, sua honra, bem como, bens jurídicos tutelados constitucionalmente e
de forma ilimitada, justamente é nítido que a parte autora agiu de forma precipitada
e ilícita, diferente do requerido, que no calor da energia somente retrucou as falas,
bem como, não houve responsabilização civil em decorrência de sua imunidade
parlamentar e, ainda assim, momento algum sua conduta causou danos
indenizáveis.

Assim sendo, não restou dúvidas de que a conduta da parte autora configura ato
ilícito, ensejando sua responsabilização, portanto a indenização pleiteada pela
autora a título de danos morais no importe equivalente a R$ 100.000,00 sob a
justificativa de indenização decorrente a honra, deverá ser julgado improcedente,
tendo em vista que a deputada também causou danos significativos ao requerido ao
acusar gravemente como ESTUPRADOR.

V- DO MÉRITO
No tocante ao mérito da lide, não aparenta ter maior sorte a parte autora. Ora, o
mesmo induz séries de coisas onde não ocorreram no dia acontecimento, inclusive
distorce todo acontecimento tornando a parte ré como o grande vilão da história.

Ocorre Excelência, que as realidades dos fatos não foram trazidas à baila com
clareza no gripo da peça inaugural.

Na verdade, a autora ficou mencionando falas de baixo calão, bem como, emitiu
provocações à parte ré insinuando acusações graves ao ponto do mesmo se exaltar
diante das dilatações.

Urge ainda mencionar, que o comportamento da mesma fora realizada friamente,


vez que ao perceber que o requerido expressou chateação, começou a se
comportar diante as câmeras como a grande vítima da discussão, segundo que
minutos através feriu a honra do requerido ao chamá-lo de Estuprador, deixando o
mesmo com rótulos em frente a reportagem para rede nacional. No entanto,
verifica-se que tal fato também fora ocultado no corpo da peça inaugural.

Ora, não se acham fundamentadas em bases minuciosamente sólidas os dizerem


pela mesma, até então.

Assim sendo, muito embora a autora requerer ação indenizatória com o importante
equivalente a R $100.000,00, a mesma deixou de mencionar na peça inicial suas
falas ofensivas. Logo, diante da oculta verdade dos fatos, bem como, da não
apresentação do rol de testemunha nos autos, não resta alternativa melhor que
escutar o repórter que estava ouvindo a parte ré, no dia dos fatos, ou solicitar a
gravação da reportagem

VI- DO MONTANTE DA INDENIZAÇÃO BASEADO NO VALOR DA CAUSA.

Em se tratando do valor de indenização sugerido pelo requerente ao M.M. Juíz, no


montante de R$ 100.000,00 traz a requerida a redação do artigo 953 do Código
Civil, que determina:

“Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia


consistirá na reparação do dano que delas resulte ao
ofendido.
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo
material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. ”

Nesse sentido, tem-se o disposto pelo artigo 944 do Código Civil, que traz a
seguinte redação:
Art. 944. ‘’A indenização mede-se pela extensão do dano.

Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a


gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir,
equitativamente, a indenização. ”

Ora, Excelência, chama o requerido a atenção para os princípios da razoabilidade e


da proporcionalidade, os quais não foram considerados pelo requerente ao propor
tão alto valor para a indenização. Ademais, com tal montante, estará a requerente
enriquecendo-se indevidamente às custas do requerido.

Nesse sentido, tem-se o entendimento da respeitável Relatora Des. Viviani Nicolau,


nos autos da apelação de nº 1010616-21.2015.8.26.0348, que profere o seguinte:

“É certo que o ‘quantum’ indenizatório deve refletir justa


reparação, atendendo-se ao prudente arbítrio do julgador,
em patamar razoável, considerando especialmente à
gravidade da conduta lesiva e de suas consequências, e,
bem assim, à capacidade econômico-financeira do agressor,
sem, contudo, implicar vedado enriquecimento sem causa
por parte da vítima da ofensa. ”

Dessa forma, entende-se que a parte autora, ao pedir enorme montante como
indenização, visa enriquecer-se às custas do requerente. Nesse segmento, urge
ainda ressaltar que a Deputada acusa o requerido de Estuprador, onde a mesma
cometeu um crime ainda maior, consequentemente, cabe também ao mesmo,
pleitear indenização diante de ter sua honra ofendida em rede de televisão.

VII- DOS PEDIDOS

1. Roga-se pelo reconhecimento da preliminar arguida no tópico A, para que


este juízo reconheça a sua incompetência.

2. Requer revogação a justiça gratuita no qual fora concedida a parte autora,


visto que, diante a remuneração percebida pela mesma, obtém recursos para
custear as despesas processuais.

3. Seja deferida a juntada de imposto de renda da parte autora diante da sua


função parlamentar exercida.

4. Seja suspenso o andamento desse processo, nos termos do art. 315 do CPC.
5. Seja julgado improcedente o pedido da parte autora por não resta
comprovado o dano moral alegado.

6. No mérito, o julgamento improcedente do pedido, quanto ao pagamento de


dano moral equivalente ao importe de R $100.000,00, condenando a autora
ao pagamento das custas processuais e honorários sucumbenciais.

7. Por fim, protesta os meios de prova juntados em anexos, sejam prova


testemunhal, documental ou depoimento.

Provará o que for necessário, usando de todos os meios permitidos em


direito, em especial pela juntada de documentos em anexos, prova
testemunhal, depoimento, e gravações da reportagem no dia do ocorrido,
onde dada veracidade ao fato alegado pela parte ré.

Você também pode gostar