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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

AJUDÂNCIA-GERAL

SEPARATA
DO
BGPM

Nº 94

BELO HORIZONTE, 15 DE DEZEMBRO DE 2011

Para conhecimento da Polícia Militar de Minas


Gerais e devida execução, publica-se o
seguinte:
MANUAL DE
ARMAMENTO
CONVENCIONAL
MANUAL DE
ARMAMENTO
CONVENCIONAL

Belo Horizonte – MG
Academia de Polícia Militar
2011
Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
Reprodução proibida – circulação restrita.

Comandante-Geral da PMMG: Cel.PM Renato Vieira de Souza


Chefe do Estado-Maior: Cel. PM Márcio Martins Sant´ana
Chefe do Gabinete Militar do Governador: Cel. PM Luis Carlos Dias Martins
Comandante da Academia de Polícia Militar: Cel. PM Eduardo de Oliveira
Chiari Campolina
Chefe do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação: Ten.-Cel. PM Adeli Sílvio Luiz
Tiragem: 750

___________________________________________________________
MINAS GERAIS. Polícia Militar. Manual de armamento convencional.
Belo Horizonte: Academia de Policia Militar, 2011.
506 p.: il.
1. Material bélico. 2. Arma de fogo – armazenamento. 3. Armas
e munições - instrução. 4. Armamento - manejo e uso operacional.
I. Título.

CDU 623.4
CDD 623.4
___________________________________________________________
Ficha catalográfica: Rita Lúcia de Almeida Costa – CRB – 6ª Reg. n.1730

ADMINISTRAÇÃO:
Centro de Pesquisa e Pós-graduação
Rua Diábase 320 – Prado
Belo Horizonte – MG
CEP 30410-440
Tel.: (0xx31)2123-9513
Fax: (0xx31) 2123-9512
E-mail: cpp@pmmg.mg.gov.br
RESOLUÇÃO N° 4148, DE 09 DE JUNHO DE 2011.

Aprova o Manual de
Armamento Convencional.


O COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DE
MINAS GERAIS, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso
I, alínea I do artigo 6°, item V, do Regulamento aprovado pelo Decreto n°
18.445, de 15Abr77 – (R-100), e à vista do estabelecido na Lei Estadual
6.260, de 13Dez73, e no Decreto n° 43.718, de 15Jan04, RESOLVE:

Art. 1° Aprovar o Manual de Armamento Convencional.

Art. 2° Esta Resolução entra em vigor na data de sua


publicação.

Art. 3° Revogam-se as disposições em contrário.


QCG em Belo Horizonte, 09 de junho de 2011.

(a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL
Equipe de Colaboradores:

Coronel PM Fábio Manhães Xavier


Coronel PM Antônio Leandro Bettoni da Silva
Tenente-Coronel PM Carlos Putini Neto
Major PM Francisco José Pereira
Major PM Alberto Nunes Borges
Major PM Wágner Eustáquio da Silva Almeida
Major PM Eduardo Domingues Barbosa
Capitão PM Allison Verício de Oliveira
Capitão PM Arnaldo Affonso
Capitão PM Eduardo Felisberto Alves
Capitão PM Édson Gonçalves
Capitão PM Marco Aurélio Zancanela do Carmo
Capitão QOR Vilma Geralda Sette Orlandi
1º Tenente PM Rodrigo Saldanha
1º Tenente Juari Alexandre Santos
1º Tenente PM Ricardo Luiz Amorim Gontijo Foureaux
1º Sargento PM Antônio Geraldo Alves Siqueira
3º Sargento PM Nadja Alves de Sousa
3º Sargento PM Edna Márcia Costa Mendonça
Cabo PM Elias Sabino Soares
Soldado PM Leonardo Giori de Oliveira
Soldado PM Aline Vanessa Alves
Assessora Jurídica Maria Amélia Pereira
Pedagoga Isabel Cristina de Paiva Moreira Nazareth
Professor Hugo de Moura
Professora Maria Sílvia Santos Fiúza
MISSÃO

Assegurar a dignidade da pessoa humana, as liberdades e os direitos


fundamentais, contribuindo para a paz social e para tornar Minas o
melhor Estado para se viver.

VISÃO

Sermos excelentes na promoção das liberdades e dos direitos


fundamentais, motivo de orgulho do povo mineiro.

VALORES

 respeito aos direitos fundamentais e valorização das pessoas;

 ética e transparência;

 excelência e representatividade Institucional;

 disciplina e inovação;

 liderança e participação;

 coragem e justiça.
LISTA DE ABREVEATURAS E SIGLAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

a.C. Antes de Cristo

ACP Automatic Colt Pistol

ADC Armador e Desarmador de Cão

APM Academia de Polícia Militar

Ca Carabina

Cal Calibre

CBC Companhia Brasileira de Cartuchos

CCAF Curso de Capacitação em Armas de Fogo

CCTAF Curso de Capacitação em Treinamento com Armas de Fogo

CEAT Curso de Especialização em Armamento e Tiro

CMB Centro de Material Bélico

d.C. Depois de Cristo

EB Exército Brasileiro

Esp Espingarda

EUA Estados Unidos da América

FAL Fuzil Automático Leve

FAP Fuzil Automático Pesado

Fz Fuzil

GATE Grupo de Ações Táticas Especiais

IPSC International Pratical Shooting Confederation

Ita Itália
m/s Metros por segundo

Mtr Metralhadora

NATO North Atlantic Treaty Organization

NIJ National Institute of Justice (Instituto Nacional de Justiça dos


EUA)

OME Organização Militar Estadual

PMMG Polícia Militar de Minas Gerais

PRO Professional

Pst Pistola

Rv Revólver

SAT Seção de Armamento e Tiro

DS Decocking System – Sistema Desarmador do Cão

Smtr Submetralhadora

SPL Special
LISTA DE ILUSTRAÇÕES E QUADROS

FIGURA1 Combate naval entre bizantinos e muçulmanos com


utilização do “fogo grego”........................................................... 31
FIGURA 2 Arma de mecha.............................................................................. 37
FIGURA 3 Fecho de roda.................................................................................. 39
FIGURA 4 Fecho de pederneira..................................................................... 40
FIGURA 5 Primeiro sistema de percussão................................................. 42
FIGURA 6 Winchester modelo 1897 calibre 12 “Trench Gun”............. 47
FIGURA 7 Espingarda de 3ª geração (Remington SA 1300 – EUA).........47
FIGURA 8 Espingarda de 4ª geração (Bennelli M3 Super 90T – ITA)..... 48
FIGURA 9 Fuzil de assalto alemão STG44 – primeiro fuzil de assalto...... 51
FIGURA 10 Sistemas de percussão Lefaucheux (pino lateral) e Flobert
(radial ou circular).......................................................................... 58
FIGURA 11 Lançador AM600............................................................................ 74
FIGURA 12 Espingarda Beretta UGB25 Xcel Gold Trap calibre 12....... 75
FIGURA 13 Classificação geral do armamento leve................................. 77
FIGURA 14 Fecho de pederneira..................................................................... 82
FIGURA 15 Pistola Flaubert Cyclist .22.......................................................... 82
FIGURA 16 Revólver Galan modelo 1868..................................................... 83
FIGURA 17 Pistola Derringer calibre .41....................................................... 83
FIGURA 18 Vistas do mecanismo da Carabina Remington Rolling
Block................................................................................................... 84
FIGURA 19 Espingarda de de cano basculante.......................................... 85
FIGURA 20 Rv Nagant calibre 7,62 mm (esquerda) e Rv MH (Merwin
Hulbert) calibre .38 curto (direita)........................................... 85
FIGURA 21 Rv. Webley & Scott MKVI calibre 11,5 mm . ......................... .86
FIGURA 22 Rv. Taurus calibre .38 M952........................................................ 86
FIGURA 23 Arma curta mocha................................................................................................87
FIGURA 24 Carabina com sistema de ferrolho (bolt action)................. 88
FIGURA 25 Rifle Winchester com sistema de alavanca .......................... 88
FIGURA 26 Espingarda com sistema de bomba........................................ 89
FIGURA 27 Sistema de ação indireta dos gases com tomada em um
ponto do cano do fuziI Imbel 7,62 M964 FAL...................... 90
FIGURA 28 Operação de longo recuo do cano do lançador de
granadas automático Santa Bárbara LAG 40 SB-M1
40 mm............................................................................................... 91
FIGURA 29 Arma de curto recuo do cano (pistola Taurus PT 92
AF – 9 mm)....................................................................................... 92
FIGURA 30 Representação das etapas do processo de disparo.......... 99
FIGURA 31 Forças que atuam sobre o projétil.........................................101
FIGURA 32 Estroboscópio...............................................................................102
FIGURA 33 Cronógrafo.....................................................................................103
FIGURA 34 Elementos da trajetória..............................................................104
FIGURA 35 Ilustração de primitivos projéteis desenvolvidos em
Dum-Dum.......................................................................................110
FIGURA 36 Raiamento e calibre real no interior do cano.....................122
FIGURA 37 Componentes de um cartucho carregado a bala............127
FIGURA 38 Cartuchos de munição...............................................................128
FIGURA 39 Estruturas de um estojo de fogo central tipo garrafa.....129
FIGURA 40 Formatos dos corpos dos estojos .........................................130
FIGURA 41 Formatos dos culotes dos estojos..........................................131
FIGURA 42 Tipos de espoletas.......................................................................132
FIGURA 43 Espoleta cartucho fogo circular (depositada na parte
interna da virola)..........................................................................132
FIGURA 44 Desenho da forma de um projétil ogival.............................135
FIGURA 45 Esquema de identificação do headspace em diferentes
estojos..............................................................................................140
FIGURA 46 Esquemas demonstrando roll-crimp e cinta de
crimpagem.....................................................................................140
FIGURA 47 Esquema demonstrando a forma de um taper-crimp........141
FIGURA 48 Esquema demonstrando as formas de um stab-crimp.........142
FIGURA 49 Projétil com uma cinta de crimpagem e uma cinta de
turgência.........................................................................................142
FIGURA 50 Componentes de um cartucho para arma de alma lisa..........145
FIGURA 51 Padrão de dispersão da chumbada (oval)...........................147
FIGURA 52 Classificação geral das munições...........................................148
FIGURA 53 Revólver Taurus calibre .38 Mod. 82......................................159
FIGURA 54 Vista explodida do revólver Taurus calibre .38 Mod. 82..........165
FIGURA 55 Dedo polegar pressionando o dedal serrilhado à frente............175
FIGURA 56 Rebatimento do tambor pelo dedo indicador..................175
FIGURA 57 Posicionamento da mão esquerda e municiamento do
tambor e alimentação da arma...............................................176
FIGURA 58 Fechamento do tambor.............................................................177
FIGURA 59 Pistola Taurus, calibre 9 mm, modelo PT 92AF..................189
FIGURA 60 Extrator saliente indicando a presença de cartucho na
câmara.............................................................................................201
FIGURA 61 Municiando o carregador.........................................................205
FIGURA 62 Alimentar a arma (introdução do carregador) .................206
FIGURA 63 Carregamento da arma..............................................................207
FIGURA 64 Retirada do carregador . ...........................................................208
FIGURA 65 Empunhando a arma para desmontagem.........................213
FIGURA 66 Posição das mãos para pressionar e girar a alavanca de
desmontagem...............................................................................213
FIGURA 67 Retirada do ferrolho....................................................................214
FIGURA 68 Retirada do conjunto haste guia e da mola
recuperadora.................................................................................214
FIGURA 69 Separação do conjunto cano-bloco.........................................215
FIGURA 70 Retirada do conjunto cano-bloco de trancamento.........215
FIGURA 71 Sequência para retirada do bloco de trancamento.........216
FIGURA 72 Sequência para retirada do bloco de trancamento.........217
FIGURA 73 Pistola IMBEL MD1GC 9 mm....................................................223
FIGURA 74 Trava do percussor......................................................................230
FIGURA 75 Registro da segurança................................................................231
FIGURA 76 Dente de bloqueio do cão........................................................232
FIGURA 77 Processo de municiamento......................................................236
FIGURA 78 Carregador municiado...............................................................236
FIGURA 79 Introdução do carregador na arma (alimentação)...........237
FIGURA 80 Carregamento...............................................................................238
FIGURA 81 Retirando o carregador..............................................................238
FIGURA 82 Posicionamento do ferrolho após o último disparo........239
FIGURA 83 Pressão sobre o dedal guia da mola recuperadora e giro da
manga guia do cano...................................................................243
FIGURA 84 Retirada da luva da mola recuperadora...............................244
FIGURA 85 Retirada da luva de prisão do cano.......................................244
FIGURA 86 Alinhamento do entalhe médio com o ressalto posterior da
chaveta de fixação do cano......................................................245
FIGURA 87 Retirada da chaveta de fixação do cano..............................245
FIGURA 88 Separação ferrolho da armação..............................................246
FIGURA 89 Retirada do cano..........................................................................246
FIGURA 90 Vista explodida da pistola Imbel 9 MM GC MD 1.............247
FIGURA 91 Pistola IMBEL .40 GC MD5 .40..................................................255
FIGURA 92 Registro de segurança................................................................258
FIGURA 93 Posição da arma para início da desmontagem.................261
FIGURA 94 Inserção do clip de desmontagem........................................261
FIGURA 95 Alinhamento do entalhe médio do ferrolho com a saliência
existente no dente da chaveta de fixação do cano...........262
FIGURA 96 Retirada da chaveta de fixação do cano..............................262
FIGURA 97 Retirada do ferrolho por deslizamento................................263
FIGURA 98 Retirada do conjunto recuperador........................................264
FIGURA 99 Rebatimento do elo de prisão do cano para posterior
retirada do cano...........................................................................264
FIGURA 100 Pistola Taurus modelo 24/7 PRO............................................270
FIGURA 101 PT 24/7 desmontada em primeiro escalão........................278
FIGURA 102 Pistola Taurus PT 640 (DAO).....................................................286
FIGURA 103 PT 640 aberta e sem o carregador........................................286
FIGURA 104 Pistola Taurus 640 aberta com ferrolho retido pelo
retém.. .......................................................................... 290
FIGURA 105 Submetralhadora Beretta 9 M972 (Taurus MT12)............298
FIGURA 106 Submetralhadora Taurus MT12-A..........................................298
FIGURA 107 Percussor fixo (solidário) ao centro e extrator (acima e à
esquerda do percussor).............................................................301
FIGURA 108 Municiamento do carregador.................................................306
FIGURA 109 Engatilhamento (abertura da arma).....................................307
FIGURA 110 Botões seletores de segurança e regime de tiro da MT 12.........307
FIGURA 111 Alimentação da arma.................................................................308
FIGURA 112 Detalhes do conjunto cano e ferrolho em processo de
desmontagem...............................................................................311
FIGURA 113 Submetralhadora MT12A desmontada em 1º escalão...........312
FIGURA 114 Vista explodida da submetralhadora MT12.......................313
FIGURA 115 MT12A à esquerda e Beretta M972 à direita..........................316
FIGURA 116 Metralhadora de mão Taurus Famae MT .40......................324
FIGURA 117 Carregadores MT40 e CT40......................................................330
FIGURA 118 Retirada do pino de união........................................................335
FIGURA 119 Separação da caixa do mecanismo e da caixa da culatra.....335
FIGURA 120 Retirada do guarda mão............................................................336
FIGURA 121 Retirada da haste guia da mola..............................................337
FIGURA 122 Retirada do pino do retentor da guia...............................................337
FIGURA 123 Retirada do preparador do ferrolho......................................338
FIGURA 124 Retirada do conjunto do ferrolho..........................................338
FIGURA 125 Smtr FAMAE após desmontagem de primeiro escalão..........339
FIGURA 126 Vista lateral das principais peças da Smtr FAMAE............339
FIGURA 127 Carabina Taurus-Famae CT 40.................................................347
FIGURA 128 Carabina Taurus-Famae desmontada em 1º escalão......355
FIGURA 129 Carabina Winchester de alavanca..........................................362
FIGURA 130 Introdução da munição no tubo carregador pela janela lateral
(ação de municiar e alimentar a carabina PUMA)...........................366
FIGURA 131 Acionamento da alavanca de comando para a realização
do engatilhamento e carregamento da arma...................367
FIGURA 132 Ejeção de munição intacta.......................................................368
FIGURA 133 Toque para liberação da munição.........................................369
FIGURA 134 Amparando a ejeção de 1 cartucho......................................370
FIGURA 135 Peças da carabina Puma calibre .38......................................374
FIGURA 136 Espingarda Pump Action...........................................................381
FIGURA 137 Vista lateral esquerda da espingarda CBC calibre 12 com
localização dos mecanismos de segurança........................385
FIGURA 138 Mecanismo de funcionamento da espingarda CBC
calibre 12.....................................................................................386
FIGURA 139 Introdução das munições no tubo carregador.................388
FIGURA 140 Movimentação da bomba à retaguarda..............................389
FIGURA 141 Fechamento da bomba e introdução de um cartucho na
câmara.............................................................................................389
FIGURA 142 Espingarda CBC calibre 12 desmontada em 1º escalão..........395
FIGURA 143 Espingarda – Benelli M3 Super 90.........................................404
FIGURA 144 Espingarda – Benelli M3 T.........................................................404
FIGURA 145 Borboleta seletora de regime de tiro....................................405
FIGURA 146 Fuzil Imbel 7,62 A1 MD3............................................................409
FIGURA 147 Registro seletor de tiro nas posições “R”..............................417
FIGURA 148 Registro seletor de tiro nas posições “S”...............................417
FIGURA 149 Municiamento do carregador do fuzil..................................418
FIGURA 150 Encaixe do carregador...............................................................418
FIGURA 151 Introdução do carregador na arma.......................................419
FIGURA 152 Posicionamento correto do carregador...............................419
FIGURA 153 Carregamento da arma..............................................................420
FIGURA 154 Abrir a arma...................................................................................422
FIGURA 155 Retirada do carregador..............................................................423
FIGURA 156 Acionamento da chaveta do trinco da armação..............423
FIGURA 157 Final da sequência para bascular a caixa da culatra........424
FIGURA 158 Retirada do conjunto ferrolho e da tampa da caixa da
culatra..............................................................................................424
FIGURA 159 Separação da tampa da caixa da culatra e do impulsor do
ferrolho............................................................................................425
FIGURA 160 Separação do ferrolho................................................................425
FIGURA 161 Retirada do pino do percussor................................................426
FIGURA 162 Retirada do percussor................................................................426
FIGURA 163 Retirada do obturador de do cilindro de gases................427
FIGURA 164 Retirada do êmbolo....................................................................427
FIGURA 165 Fuzil desmontado em 1º escalão............................................428
FIGURA 166 Transporte pela alça....................................................................431
FIGURA 167 Fuzil MD 97 L e carabina MD 97 LC........................................446
FIGURA 168 Carabina MD 97 LC......................................................................447
FIGURA 169 Lateral direita da carabina MD 97 LC....................................452
FIGURA 170 Retirada do pino da armação..................................................455
FIGURA 171 Retirada da tampa da caixa da culatra.................................455
FIGURA 172 Retirada do pino de fixação do percussor..........................456
FIGURA 173 Retirada do percussor................................................................456
FIGURA 174 Retirada do pino do ferrolho...................................................457
FIGURA 175 Separação do ferrolho e do impulsor do ferrolho............457
FIGURA 176 Retirada das placas do guarda-mão......................................458
FIGURA 177 Retirada do êmbolo....................................................................458
FIGURA 178 Retirada do cilindro de gases..................................................459
FIGURA 179 Retirada do obturador do cilindro de gases......................459
FIGURA 180 Ca MD97 LC: desmontagem de 1º escalão.........................460
FIGURA 181 Placa balística em polietileno – Spectra®............................468
FIGURA 182 Placa balística em aramida.......................................................471
FIGURA 183 Colete balístico masculino........................................................473
FIGURA 184 Placa frontal do colete feminino............................................474
FIGURA 185 Colete balístico feminino com capa compartimentada.........474
FIGURA 186 Forma correta de armazenamento dos coletes balísticos.........478
FIGURA 187 Escudo balístico – parte frontal..............................................479
FIGURA 188 Escudo balístico – parte posterior.........................................480
FIGURA 189 Capacete balístico........................................................................482
QUADRO 1 Transformação dos explosivos por velocidades de
queima............................................................................................... 96
QUADRO 2 Alcance prático de algumas armas de fogo.......................108
QUADRO 3 Calibres para armas de alma lisa, em polegadas e em
milímetros.......................................................................................124
QUADRO 4 Formas das pontas dos projéteis............................................136
QUADRO 5 Formas das bases dos projéteis..............................................138
QUADRO 6 Descrição do revólver..................................................................160
QUADRO 7 Relação das peças do revólver calibre .38...........................166
QUADRO 8 Incidentes de tiro mais comuns com revólver calibre .38,
causas e correções.......................................................................184
QUADRO 9 Características das pistolas Taurus calibre 9 mm PT 92
AF e 917C.......................................................................................190
QUADRO 10 Características da pistola Taurus calibre .40 PT 100 AF..........191
QUADRO 11 incidentes e defeitos com pistolas taurus PT 92AF, 917C E
100AF causas e medidas corretivas.......................................219
QUADRO 12 Características da pistola IMBEL 9mm GC MD1...............224
QUADRO 13 Relação de peças da pistola IMBEL 9mm GC MD1..........248
QUADRO 14 incidentes e defeitos com pistolas imbel GC MD1, MD2,
MD3, MD5 E MD7: CAUSAS e medidas corretivas............251
QUADRO 15 Características da pistola IMBEL .40 GC MD5 E MD7.......256
QUADRO 16 Características da pistola Taurus PT 24/7............................271
QUADRO 17 Incidentes e defeitos com as pistolas taurus 24/7 E 640,
DAO, PRO E PRO DS causas e medidas corretivas...........281
QUADRO 18 Características da PT 640...........................................................287
QUADRO 19 Características da submetralhadora 9MM Taurus MT12A............299
QUADRO 20 Relação de peças da submetralhadora 9 mm...................313
QUADRO 21 Incidentes e defeitos com as submetralhadoras 9mm
Beretta M972 e Taurus Mt12 E Mt12A: causas e medidas
corretivas.........................................................................................318
QUADRO 22 Características da metralhadora de mão Taurus FAMAE
MT .40...............................................................................................325
QUADRO 23 Relação de peças da SMTR FAMAE .40.................................340
QUADRO 24 Incidentes e defeitos com a submetralhadora .40 TAURUS
FAMAE causas e medidas corretivas.....................................343
QUADRO 25 Características da carabina TAURUS FAMAE CT .40.........348
QUADRO 26 Incidentes e defeitos com a carabina .40 TAURUS FAMAE
causas e medidas corretivas....................................................357
QUADRO 27 Características da carabina PUMA calibre .38....................362
QUADRO 28 Relação das peças da carabina PUMA.................................374
QUADRO 29 Incidentes e defeitos com a carabina .38 ROSSI PUMA
causas e medidas corretivas....................................................376
QUADRO 30 Características da espingarda CBC calibre 12 . .................382
QUADRO 31 Incidentes de tiro e defeitos com a espingarda CBC calibre
12 causas e medidas corretivas..............................................398
QUADRO 32 Características do fuzil calibre 7,62 MM IMBEL A1 MD3.........410
QUADRO 33 Relação de defeitos e incidentes de tiro com Fuzis calibre
7,62 MM causas e medidas corretivas..................................433
QUADRO 34 Características do fuzil Imbel 5,56 MD2 A1........................438
QUADRO 35 Características da CA MD97LC................................................448
QUADRO 36 valores para correção do aparelho de pontaria (valor de
cada clique em alça e massa de mira)................................453
QUADRO 37 Níveis de proteção balística e resumo de testes (norma
NIJ-0101.04)...................................................................................470
QUADRO 38 número de painéis balísticos dos coletes de aramida
fabricados pela CBC....................................................................472
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 27
2 HISTÓRICO DE ARMAS E MUNIÇÕES......................................................... 31
2.1 Combustíveis para as armas.......................................................................... 31
2.1.1 O “fogo grego”................................................................................................. 31
2.1.2 A pólvora........................................................................................................... 32
2.2 A evolução das armas de fogo..................................................................... 34
2.2.1 Conceito............................................................................................................ 35
2.2.2 Armas de fogo antes do século XV.......................................................... 35
2.2.3 As primeiras armas de fogo leves............................................................ 35
2.2.4 Armas portáteis antes do século XVI...................................................... 36
2.2.4.1 A primitiva mecha......................................................................................36
2.2.4.2 O mosquete – fecho de serpentina..................................................... 37
2.2.4.3 As armas de ignição por atrito...............................................................38
2.2.4.4 As armas de roda........................................................................................38
2.2.4.5 As armas de pederneira...........................................................................39
2.2.4.6 As armas de percussão..............................................................................41
2.3 A evolução do revólver....................................................................................43
2.3.1 Conceito de revólver.....................................................................................43
2.3.2 O revólver Colt................................................................................................ 44
2.3.3 O revólver Adams.......................................................................................... 44
2.3.4 O revólver moderno...................................................................................... 45
2.4 As espingardas................................................................................................... 46
2.5 A evolução das armas automáticas............................................................ 48
2.5.1 As primeiras metralhadoras....................................................................... 48
2.5.2 A submetralhadora....................................................................................... 49
2.5.3 O fuzil de assalto............................................................................................ 51
2.5.4 A pistola semi-automática.......................................................................... 52
3 A EVOLUÇÃO DO CARTUCHO....................................................................... 57
3.1 O cartucho de papel......................................................................................... 57
3.2 Origens do cartucho atual............................................................................. 57
3.3 O cartucho Lefaucheux (de pino lateral).................................................. 58
3.4 O cartucho de percussão circular (radial ou anular)............................. 58
3.5 O cartucho de percussão central (fogo central)..................................... 59
4 ARMAS LEVES....................................................................................................... 63
4.1 Conceito................................................................................................................ 63
4.2 Classificação geral das armas leves............................................................. 64
4.2.1 Quanto ao tipo................................................................................................ 64
4.2.2 Quanto ao emprego..................................................................................... 64
4.2.3 Quanto à alma do cano............................................................................... 65
4.2.4 Quanto ao sistema de carregamento..................................................... 65
4.2.5 Quanto ao sistema de inflamação (ignição)......................................... 68
4.2.6 Quanto à refrigeração ou meio de arrefecimento............................. 69
4.2.7 Quanto à alimentação.................................................................................. 69
4.2.8 Quanto ao sentido de alimentação......................................................... 70
4.2.9 Quanto ao funcionamento......................................................................... 70
4.2.10 Quanto ao princípio de funcionamento............................................. 75
5 SISTEMAS DE FUNCIONAMENTO DAS ARMAS DE FOGO................ 81
5.1 Pelo princípio da ação muscular do operador ou atirador (armas de
tiro singular e de repetição)................................................................................. 81
5.2 Pelo princípio da ação dos gases ............................................................... 89
5.2.1 Ação direta dos gases sobre o ferrolho (blowback).......................... 89
5.2.2 Ação indireta dos gases com tomada em um ponto do cano....... 90
5.2.3 Recuo do cano................................................................................................ 91
6 BALÍSTICA.............................................................................................................. 95
6.1 Conceito de balística........................................................................................ 95
6.2 O processo do disparo..................................................................................... 95
6.2.1 Conceitos no processo de disparo........................................................... 95
6.3 Balística interior................................................................................................. 96
6.4 Balística exterior..............................................................................................100
6.4.1 Forças que atuam sobre o projétil.........................................................101
6.4.2 Desenvolvimento de projéteis................................................................102
6.4.3 Elementos da trajetória.............................................................................104
6.4.4 Alcances dos projéteis...............................................................................105
6.5 Balística dos ferimentos................................................................................108
6.5.1 Efetividade balística....................................................................................109
7 MUNIÇÕES...........................................................................................................121
7.1 Padrões para identificação de munições carregadas a bala – calibre
nominal......................................................................................................................121
7.2 Padrão para denominação de calibres para armas de alma lisa....123
7.3 Tipos de munição............................................................................................126
7.4 Elementos componentes de um cartucho carregado a bala..........127
7.4.1 Estojo................................................................................................................128
7.4.2 Espoletas.........................................................................................................131
7.4.3 Propelente (carga de projeção)..............................................................133
7.4.4 Projétil..............................................................................................................133
7.5 Munições para armas com cano de alma lisa (espingardas)...........143
7.5.1 Emprego..........................................................................................................143
7.5.2 Componentes do cartucho para armas de alma lisa......................144
7.5.3 Câmaras...........................................................................................................146
7.5.4 Estrangulamento (choke).........................................................................146
7.6 Munições de defesa........................................................................................149
7.6.1 Calibres de baixa efetividade..................................................................149
7.6.2 Calibres de média efetividade: .38 SPL, .38 SPL +P e SPL +P+.....150
7.6.3 Calibres de boa efetividade......................................................................151
7.6.4 Calibres de alta efetividade......................................................................153
8 REVÓLVER TAURUS CALIBRE .38 .............................................................159
9 PISTOLAS SEMI-AUTOMÁTICAS TAURUS – PT: 92 AF e PT 100....189
10 PISTOLA SEMI-AUTOMÁTICA IMBEL 9 MM GC MD1......................223
11 PISTOLAS SEMI-AUTOMÁTICAS IMBEL .40 GC MD5......................255
12 PISTOLAS EM POLÍMERO – TAURUS PT 24/7.....................................269
13 PISTOLAS EM POLÍMERO – TAURUS PT 640......................................285
14 SUBMETRALHADORAS 9mm BERETTA MT 12 e TAURUS MT12A .......297
15 METRALHADORA DE MÃO TAURUS FAMAE MT.40........................323
16 CARABINA TAURUS /FAMAE CT .40......................................................347
17 CARABINA PUMA CALIBRE .38................................................................361
18 ESPINGARDA CBC CALIBRE 12 586.P e 586.2 . ................................381
19 OUTRAS ARMAS CALIBRE 12....................................................................401
20 FUZIL CALIBRE 7.62 IMBEL A1 MD3.....................................................409
21 FUZIL 5,56 IMBEL MD2 A1........................................................................437
22 CARABINA 5,56 IMBEL MD 97 LC ..........................................................445
23 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO BALÍSTICA DA POLÍCIA MILITAR
DE MINAS GERAIS................................................................................................465
24 GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS .....................................................485
25 REFERÊNCIAS...................................................................................................503
CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO
Manual de Armamento Convencional

1 INTRODUÇÃO

Os policiais têm seu ofício, em parte, assemelhado ao de um artesão, no


qual um percentual menor do seu trabalho concentra-se na ferramenta
e outro percentual maior na habilidade do artífice. Sem a ferramenta, de
nada adiantaria o operador para determinado trabalho, e sem este e sua
habilidade, a ferramenta se torna obsoleta.

As armas e as munições estão, para os policiais, assim como os


instrumentos cirúrgicos estão para o cirurgião, ou como a geometria
para um arquiteto. O profissional deve saber empregar corretamente
sua ferramenta de trabalho, conhecer sua constituição, seu potencial e o
quanto pode dela exigir para usufruir de sua habilidade com efetividade.

Com vistas a propiciar o devido preparo profissional, o objetivo deste


Manual é apresentar um referencial teórico-metodológico sobre os
diversos tipos de armamentos e munições existentes para subsidiar
a pesquisa, bem como a prática docente e operacional dos policiais
militares. Para tanto, discorre sobre a história das munições e das armas,
aborda as características gerais e os aspectos técnicos sobre o manejo,
a montagem, a desmontagem, o funcionamento, as regulagens, a
manutenção, a solução de incidentes, o uso e o emprego das armas.

Espera-se que o interesse de cada policial militar não se esgote nestas


páginas, mas que cada um se dedique ao máximo pela busca e pelo
aperfeiçoamento do saber, em prol de uma prática segura para si e para
os demais envolvidos nas situações policiais cotidianas, a quem deve
SERVIR e PROTEG0ER.

27
CAPÍTULO 2

HISTÓRICO DAS ARMAS


E MUNIÇÕES
Manual de Armamento Convencional

2 HISTÓRICO DAS ARMAS E MUNIÇÕES

São apresentadas, neste capítulo, informações históricas sobre a origem


e a evolução das armas de fogo e respectivas munições, como forma de
contextualizar e enriquecer o conteúdo sobre armamento convencional,
desde a utilização do fogo grego, passando pela descoberta da pólvora,
até a invenção das primeiras armas de fogo, objeto central deste manual.

2.1 Combustíveis para as armas

Armas incendiárias de diversos tipos já vinham sendo utilizadas nas guerras


muito antes do tempo de Heródoto (485 a.C. e 430 a.C.), mas não eram
muito eficazes. Todavia, uma dessas armas mereceu destaque em razão de
sua capacidade de provocar destruição e promover o terror: o “fogo grego”.

2.1.1 O “fogo grego”

O fogo grego não era um engenho que possuía a finalidade de


arremessar projéteis. Era uma espécie de lança-chamas (do qual pode
ser considerado um de seus precursores), utilizado na guerra naval.
Instalada em navios de guerra bizantinos, era constituído por um sifão
que tinha a função de lançar um composto flamejante contra navios de
madeira, alvos de fácil combustão (Figura 1).

FIGURA 1 – Combate naval entre bizantinos e muçulmanos com utilização do “fogo grego”.1

1 Disponível em http://www.greece.org/Romiosini/greek_fire.html. Acessado em 09 Mar. 2010.

31
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

A capacidade de manter-se queimando por longos períodos, inclusive


na água, era a principal característica do “fogo grego” e colocou o
império bizantino em vantagem no combate naval da época (Figura 1).

Sem certeza histórica, sugere-se ter sido inventada por Callinicus


ou Kallenillos, um certo refugiado da cidade libanesa de Baalbeck, e
apresentada por ele aos bizantinos, aproximadamente entre 668 e 673
d.C. Essa última data coincide com o início dos ataques árabes contra
Constantinopla2.

A repercussão de sua introdução no combate é das maiores da história.


Tanto árabes quanto romanos afirmavam que ela superava todas as
armas incendiárias da época, em poder e capacidade de provocar terror.

O segredo por trás do “fogo grego” foi transmitido de um imperador


para outro durante séculos, mas se perdeu com o passar dos anos.
Algumas possibilidades sobre a sua composição incluem produtos
químicos, como petróleo líquido, nafta, breu, resina de enxofre, betume,
cal e outros ingredientes desconhecidos, mas, a composição exata, no
entanto, permanece desconhecida.

2.1.2 A pólvora

Muitas informações sobre a origem da pólvora têm sido divulgadas, em


sua maioria, por meio de relatos lendários ou de procedência duvidosa.
Historicamente, os monges franciscanos Berthold Schwartz e Roger
Bacon3, que viveram em locais e épocas distintas, entre os séculos XIII e
XIV, são tidos como os descobridores da pólvora.

Os chineses também são considerados, por alguns autores, como seus


inventores (JOURNAL OF INDUSTRIAL & ENGINEERING CHEMISTRY, 1934).
Segundo alguns relatos, talvez os árabes já conhecessem a fórmula da
pólvora antes dos ocidentais, pois se acredita que essa teria surgido na
Europa Oriental entre os séculos XIII e XIV d.C., período relativamente
próximo à tomada de Constantinopla pelos turcos.

Quando creditada a alquimistas chineses, a descoberta da pólvora


remonta ao século IX d.C, aparentemente de forma acidental, quando da
busca de um intangível “elixir da longa vida”. Textos chineses antigos
2 Fonte: http://www.supletivo.com.br/materias/historia/historia_nova/aula bizantina. Acessado
em 09 Mar. 2010
3 Roger Bacon (1214-1294) era inglês e Berthold Schwartz, alemão.

32
Manual de Armamento Convencional

revelam as primeiras referências ao composto. Antes do período em que


a pólvora é tida como oficialmente descoberta, há citações históricas de
que os chineses já a usavam em fogos de artifício e canhões militares.

Mesmo com todas essas dúvidas, o certo é que a substância


descoberta deu nova dimensão às guerras, por haver permitido notável
desenvolvimento das armas de fogo, tanto leves, quanto pesadas4.

As primeiras pólvoras se constituíam de uma mistura mecânica


(composto físico) de salitre, carvão de madeira e enxofre. No século XV,
a fórmula comum da pólvora era de 22 partes de salitre, 4 de carvão de
madeira e 5 de enxofre. No século XVlII a pólvora negra surgiu como
uma pólvora mais eficiente (embora consistisse também da mesma
fórmula anterior) e mantinha os inconvenientes de queimar, produzindo
excessiva quantidade de fumaça branca, e de deixar resíduos de enxofre
no cano. Esse enxofre se transformava em ácido sulfúrico, substância
altamente corrosiva, oxidando o cano da arma.

Em 1846, o químico alemão Christian Schönbein (1799-1868) limpou certa


quantidade derramada de uma mistura de ácido nítrico e ácido sulfúrico
com um avental de algodão. Após secar e incendiar-se acidentalmente,
o avental se queimou quase sem deixar vestígios. Estudando
profundamente a questão, Schönbein descobriu a nitrocelulose5, que é
um produto obtido através da reação entre a celulose e o ácido nítrico
(nitração). A nitrocelulose é altamente inflamável, explosiva e bastante
instável na sua forma original, e constitui o principal componente da
pólvora sem fumaça, descoberta anos mais tarde.

Muitos anos depois, o francês Paul-marie-eugéne Vieille (1854-1934)


resolveu o problema de instabilidade da nitrocelulose visando a seu
aproveitamento como carga propelente para armas de fogo, em
substituição à pólvora negra. Paul Vieille, em 1884, utilizou-se de alguns
solventes coloidais (éter e álcool), conseguiu gelatinizar a nitrocelulose,
reduzir sua velocidade de queima e moldar uma massa nitrocelulósica
mais estável, com a qual era possível formar folhas finas e cortar-lhes em
grãos ou flocos. Criava-se, então, a pólvora sem fumaça, utilizável em
armas de fogo, batizada de “Poudre B”.

4 Texto adaptado de: http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br.


5 A nitrocelulose é obtida da trinitração da celulose contida no algodão, envolvendo o ácido
nítrico e o ácido sulfúrico como catalisadores. Também é conhecida por trinitrocelulose, nitrato de
celulose, piroxilina, algodão colódio ou algodão pólvora.

33
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Em 1887, Alfred Nobel desenvolveu uma pólvora “sem fumaça” de


melhor qualidade. Ela se tornou conhecida como “cordita” ou “cordite”,
mais fácil de carregar e mais poderosa do que a “Poudre B”. Essa
pólvora possibilitou o desenvolvimento das armas modernas, semi-
automáticas e automáticas, pois seus resíduos (isentos de propriedades
excessivamente higroscópicas, ácidas e corrosivas) não traziam mais os
inconvenientes provocados pela pólvora negra.

Essa edição melhorada de “Poudre 13” possuía estabilidade química


e capacidade balística superiores às das pólvoras até então utilizadas,
o que lhe permitiu aumentar a velocidade dos projéteis. A França foi
o primeiro país a usá-la em armas militares. Pouco antes do início do
século XX, todos os países já a adotavam.

A pólvora é um propelente e não um explosivo. Possui a finalidade de


impulsionar projéteis por dentro de um cano, de maneira controlada,
para que não o exploda. Nas armas de fogo, ela queima, em maior ou
menor velocidade, de acordo com sua densidade gravimétrica, com o
tamanho, e com a forma de seus grãos. O ruído proveniente do disparo
pode induzir ao entendimento errado de que se trata de uma explosão
quando, na realidade, o som é gerado pelo deslocamento supersônico
dos gases acumulados no interior da arma, tão logo o projétil saia pela
boca do cano.

A partir de sua descoberta e, principalmente, durante o século passado, a


composição da pólvora química tem sido constantemente aperfeiçoada
para o desenvolvimento de produtos menos corrosivos, menos tóxicos e
com potências específicas para cada tipo de arma e calibre.

Surgiram, então, pólvoras com diversas velocidades de queima, desde


a “extra-lenta”, passando pela pólvora de “queima média”, culminando
com as pólvoras de “queima rápida”.

2.2 A evolução das armas de fogo

A evolução das armas de fogo segue, no mesmo curso histórico, a


evolução dos padrões de avanço humano, no que se refere à sua
capacidade de projetar, elaborar, desenvolver e construir engenhos e
aperfeiçoar seus funcionamentos.

Embora, historicamente, não se tenha uma data exata de início do uso


das armas de fogo, sabe-se que o emprego desses engenhos, ao longo

34
Manual de Armamento Convencional

dos anos, manteve a sua aplicabilidade em razão do desenvolvimento


tecnológico, sempre com o argumento do propósito da defesa própria
ou de terceiros.

2.2.1 Conceito

“Arma de fogo é todo engenho mecânico destinado a arremessar projéteis


empregando-se a força expansiva dos gases gerados pela combustão
de um propelente, confinado em uma câmara que, normalmente, está
solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à
combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil”.6

2.2.2 Armas de fogo antes do século XV

Uma das primeiras aplicações práticas das armas de fogo foi em Sevilha,
Espanha, em 1247. A história registra, como acontecimento importante,
o emprego do canhão pela primeira vez em Crecy, pelo Rei Eduardo
III, da Inglaterra, contra os franceses, e por Mohammed II, da Turquia,
em sua famosa conquista de Constantinopla (1453), no fim da Idade
Média. As primeiras armas de fogo eram ineficientes, largas e pesadas,
impossibilitando o seu transporte por um só combatente.

2.2.3 As primeiras armas de fogo leves

As primeiras armas leves de fogo eram de antecarga, ou seja, seu


carregamento se fazia pela boca do cano e consistiam de um tubo
metálico, fechado em uma das extremidades, denominada “CULATRA”.
Nessa existia, em sua parte superior, um orifício, conhecido como “fogão”
ou “ouvido”, unido por tiras de couro e metal a um cabo (coronha). Para
carregar a arma pela extremidade aberta (“boca” do cano), introduzia-
se a pólvora, um ou mais projéteis e um chumaço de estopa ou papel
(bucha), que eram comprimidos a golpes de varetas. Para disparar,
enchia-se com pólvora o “fogão” e, depois de apontar da maneira mais
precisa possível, aproximava-se ao pequeno orifício uma mecha acesa
ou um carvão em brasa para inflamar um pavio, que conduzia o fogo ao
interior da arma, produzindo-se o disparo.

Essas armas de fogo primitivas (entre as quais se encontravam os


modelos de tamanho pequeno) podem ser consideradas como as
antecessoras das pistolas, ainda que fossem peças de artilharia em
6 Definição nacional de arma de fogo dada pelo artigo 3º, item XIII do Decreto nº 3.665, de 20 de
novembro de 2000. Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados (R-105).

35
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

miniatura. Os modelos dessas armas são muito escassos e não se pode


determinar com total precisão, onde e quem começou a sua fabricação
e uso.

2.2.4 Armas portáteis antes do século XVI

Os canhões­-de-mão, primeiras armas portáteis construídas pelo homem,


eram tubos fundidos, cujo carregamento era feito pela “boca” do cano.
Para disparar, aproximava-se um objeto incandescente ao “ouvido” para
inflamar a pólvora.

Acredita-se que essas armas surgiram nos fins do século XIV. Apesar
de imprecisas e inseguras, essas armas superaram as antigas armas de
arremesso e, em fins do século XVI, o arco já era obsoleto.

2.2.4.1 A primitiva mecha

A evolução das primeiras armas de fogo está intimamente ligada ao


desenvolvimento dos sistemas de ignição (iniciador ou chama inicial
para queima da pólvora). Quando apareceram as primeiras armas de
fogos portáteis (os conhecidos “canhões de mão”), o sistema empregado
para produzir o seu disparo era, normalmente, uma barra de ferro
incandescente, uma tocha ou uma mecha acesa. Esse método primitivo
necessitava que o seu operador tivesse uma mão livre para provocar
a ignição, que impossibilitava empunhar a arma com as duas mãos.
Além desse fato, o disparo não era produzido no momento desejado,
tornando-a ineficaz.

Mas logo foi desenvolvido um sistema para que esse pavio fosse aplicado
por meio de um procedimento mecânico. Após o carregamento da
arma (ainda de antecarga), o operador colocava a mecha em uma peça
metálica em forma de “S” invertido. Essa peça ligava-se ao gatilho por
meio de uma alavanca, que era acionada por uma mola. Ao se pressionar
o gatilho, a peça em forma de “S” inclinava-se à frente, levando a mecha
acesa ao “fogão”, provocando o disparo. Esse sistema permitia que
se empunhasse a arma com as duas mãos, melhorando a pontaria,
enquanto se “esperava” o disparo. Além disso, evitavam-se indesejáveis
queimaduras nas mãos. Outros processos foram desenvolvidos para
produzir a inclinação da mecha sobre o pavio. Consta que o invento
dessas armas ocorreu nos primórdios do século XV.

36
Manual de Armamento Convencional

2.2.4.2 O mosquete – fecho de serpentina

O sistema de ignição de uma arma portátil representava uma grande


limitação para o soldado, pois, o objeto incandescente (ou uma mecha)
tinha que estar constantemente aceso, e tal procedimento impedia-o
de segurar a arma com as duas mãos, ocasionando tiros imprecisos e
muitos acidentes.

Para melhorar a pontaria, construíram-se canos mais longos para


aumentar a precisão. Um cordão, embebido em salitre e posto para
secar, forneceu uma mecha que se queimava mais lentamente. O
“ouvido” ou “fogão” não mais era colocado sobre o cano, mas ao lado
desses, através de um pequeno depósito (caçoleta) onde se colocava
a escorva7 (Figura 2).

FIGURA 2 – Arma de mecha.8

A mecha acesa passou a ser acionada mecanicamente, por uma peça


acoplada ao fecho da arma. O mosqueteiro conduzia uma vara com
uma das extremidades em forma de “U”, para apoiar a arma durante o
disparo, além de mechas de reserva, sacolas de projéteis e polvorinhos
(ou pequenos tubos de madeira) com a quantidade exata de pólvora
para cada disparo (Figura 2).

7 Mistura ou substância iniciadora do disparo nas armas de fogo. No caso das armas antigas, era a
própria pólvora colocada na caçoleta.
8 Figura disponível em http://www.atarmamento.com.ar/fotos/historia_de_las_armas_de_fuego_
image001.gif. Acessado em 22 Mar.2010.

37
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Essas armas tornaram a Infantaria uma das forças mais importantes dos
exércitos, e seu uso perdurou até fins do século XVII, quando outros
sistemas mais modernos já existiam.

2.2.4.3 As armas de ignição por atrito

As armas de ignição por atrito possuíam um sistema mais avançado,


mais aperfeiçoado e diferente dos de mecha.

Baseava-se em um sistema no qual se acendia o fogo golpeando uma


pedra dura contra uma peça de ferro, aproveitando-se as faíscas que
se produziam para acender uma “isca” inflamável e comunicar o fogo
à carga de pólvora. Esse processo foi utilizado, inicialmente, com o
emprego da pirita (mineral amarelo metálico) nas armas, com fecho de
roda, sendo substituída, posteriormente, pela pederneira ou sílex (pedra
de isqueiro), nas armas de pederneira.

2.2.4.4 As armas de roda

As armas de roda surgiram na Europa nos primeiros anos de 1500 e


foram produzidas até o final do século XVII (Figura 3) e consistiam de
um anel, que era uma roda de aço, acoplado ao corpo da arma próximo
à câmara. Através de uma chave, dava-se “corda” ao sistema que ficava
travado. A pirita, presa em uma espécie de cão, era então firmemente
apoiada na roda por outra mola. Acionando-se o gatilho, a roda girava
violentamente, e o atrito com a pirita produzia faíscas que provocavam
o disparo.

O sistema de mecha apresentava uma série de inconvenientes, tais


como: dependência do vento, condições climáticas, imprevisibilidade
do momento do disparo, além de denunciar a posição do operador, pela
mecha constantemente acesa. As armas de roda surgiram como uma
solução sensível a esses problemas, uma vez que o disparo dava-se no
momento crítico.

O fecho da roda foi empregado em armas longas que dotavam a


Cavalaria de uma arma eficiente. Esse sistema mudou as táticas de
guerra, tornando a Cavalaria, durante um longo período, dona dos
campos de batalha, à medida que foram possíveis as emboscadas e os
assaltos noturnos, diminuindo o poder da Infantaria.

O sistema permitiu, também, a construção das primeiras pistolas que

38
Manual de Armamento Convencional

foram empregadas apenas por alguns corpos de Cavalaria de elite, pois,


devido ao seu alto custo, não se generalizaram a toda a tropa.

A complexidade do engenho, o alto custo de fabricação e a difícil


manutenção, inviabilizavam o uso generalizado das armas de roda
pelos exércitos. Esses foram os motivos que levaram as armas de roda
a um longo convívio com as armas de mecha, que continuaram sendo
fabricadas, devido ao seu baixo custo e mecanismo simples.

FIGURA 3 – Fecho de roda.9

2.2.4.5 As armas de pederneira

As armas de roda foram substituídas por um sistema mais simples, seguro


e eficiente. No século XVI, os armeiros desenvolveram e fabricaram um
fecho mais simples e eficiente que o de roda: o fecho de pederneira (sílex).

O primeiro fecho de pederneira surgiu entre 1540 e 1550, na Holanda, e


era conhecido como “Snaphaunce”. Esse sistema consistia de um cão que,
impulsionado violentamente à frente por uma mola, levava a pederneira
de encontro a uma chapa de aço em forma de “L” fixada no corpo da arma
(próximo à câmara), produzindo as faíscas necessárias à ignição do sistema.

O sistema de pederneira foi amplamente difundido entre a segunda


metade do século XVI até começo do século XIX, quando surgiu o
sistema de percussão, tornando-o obsoleto.

A França foi o país que se notabilizou com a fabricação de um fecho mais


simples e eficiente, inventado pelo armeiro Marin le Bourgeoys, entre
9 Figura disponível em http://www.atarmamento.com.ar/fotos/historiadelasarmas_de_fuego.
Acessado em 22 Mar. 2010.

39
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

1610 e 1615, e que se tornou padrão nos duzentos anos seguintes. O


fecho francês se generalizou como a arma de pederneira por excelência,
permanecendo inalterado até a pederneira tornar-se obsoleta no
começo do século XIX.

O fecho de pederneira viabilizou a construção de espingardas e pistolas,


que passaram a substituir o mosquete no século XVII. No século XVlIl,
quase todos os exércitos tinham abandonado o mosquete. Tal assertiva
é confirmada pelo fato de que, durante as Guerras Napoleônicas, todos
os combatentes usavam armas de pederneira.

A primeira grande contribuição americana à manufatura de armas de


fogo foi o rifle Kentucky fabricado principalmente na Pensilvânia. Era
uma arma de grande precisão, pois seu cano era raiado. Foi empregado
na Guerra da Independência e na Guerra de 1812.

Um dos primeiros avanços na manufatura de armas de retrocarga foi o


fuzil Fergusson de pederneira (Figura 4), inventado pelo capitão escocês
Patrick Ferguson, e demonstrado, pela primeira vez, em 1776. Possuía
um “guarda-mato” que era rapidamente desparafusado, abrindo a
culatra para receber o projétil e a carga de pólvora. Uma vez carregado,
fechava-se a culatra, escorvava-se10 e estava pronto para o disparo.

FIGURA 4: Fecho de pederneira.11

10 Colocava-se a escorva.
11 Fonte: disponível em http:

40
Manual de Armamento Convencional

2.2.4.6 As armas de percussão

Apesar das grandes vantagens do fecho de pederneira, este apresentava


alguns inconvenientes: as armas negavam fogo, a ignição era lenta e o
vento e a chuva afetavam seu funcionamento.

No início do século XIX, um reverendo protestante escocês, chamado


Alexander John Forsyth, adepto das caçadas e da química, revolucionou
o mundo das armas de fogo.

Esse sacerdote (que viveu de 1768 a 1843), baseado nas experiências


químicas do francês Bayen e do inglês Howard, patenteou, em 11 de abril
de 1807, o mecanismo de percussão para armas de fogo. Inicialmente
era um sistema perigoso, complexo e caro.

As armas se simplificaram notavelmente, ao serem eliminados


elementos como as caçoletas, os rastilhos, as pederneiras, entre outros.
Esses dispositivos foram substituídos por um “ouvido” em relevo que,
normalmente, se enroscava na recâmara interior do cano oco (chamado
de “chaminé”). Na recâmara eram colocados o pistão e um martilho
que, em lugar de pedra, possuía uma superfície plana. Essa superfície
golpeava a chaminé e lançava uma chama em direção à carga de pólvora
contida no interior da recâmara. Esse sistema foi mundialmente aceito e
produzido, tanto para uso militar como civil.

Nos Estados Unidos as armas de percussão obtiveram grande êxito,


cabendo a Heinrich Derringer12 (um alemão radicado na Filadélfia, já
dedicado à fabricação de armas para o governo e pistolas de duelo para
particulares) a produção das primeiras pistolas de percussão, por volta
de 1825. O modelo, que obteve mais fama e proporcionou um fabuloso
negócio ao seu criador, foi uma pistola que recebeu o sobrenome do seu
fabricante.

O próximo passo foi a concepção de um melhor sistema de ignição,


quando foram criados inúmeros mecanismos que utilizam os
fulminantes13. Alexander Forsyth, no início do século XVII, depositou
uma substância detonante no “ouvido” de uma arma, comprimindo-a
por impacto: surgiu o famoso “frasco de perfume”, patenteado em
1807. Vários outros sistemas foram utilizados, mas, o mais satisfatório
12 Um alemão radicado na Filadélfia, já dedicado à fabricação de armas para o governo e pistolas
de duelo para particulares.
13 Fulminantes: sais obtidos por meio da dissolução de metais em ácidos.

41
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

era a cápsula de cobre desenvolvida por Joshua Snaw, e patenteada em


1822. A criação de uma cápsula de cobre (que continha uma pequena
quantidade de fulminato de mercúrio, utilizado como provocador ou
iniciador da combustão) foi um passo importante. Essa cápsula foi usada
até quando foram criados os cartuchos de auto-ignição para as armas de
retrocarga.

As cápsulas de percussão apresentavam um sistema de ignição muito


mais rápido e confiável que a pederneira e, em 1838, o exército britânico
o adotou oficialmente. O sistema de percussão viabilizou a construção de
armas de retrocarga, destacando-se o fuzil de agulha Dreyse, inventado
pelo prussiano Johan Nikolaus von Dreyse, em 1848.

FIGURA 5 – Primeiro sistema de percussão.14

14 Fonte: disponível em www3.dsi.uminho.pt/.../i_moderna/iddmod.htm.

42
Manual de Armamento Convencional

O fuzil de agulha Dreyse foi a primeira arma militar de retrocarga


suficientemente prática (Figura 5). Essa arma usava um cartucho
combustível cuja principal característica era a colocação do fulminante
entre a base do projétil e o propelente. A arma possuía um ferrolho
com um longo e fino percussor em seu centro, acoplado em uma
mola. Ao acionar o gatilho, o percussor era liberado, penetrava no
invólucro do cartucho, atravessava a pólvora, e comprimia o fulminante,
ocasionando a ignição e a consequente deflagração do cartucho. Essa
arma apresentava dois inconvenientes: excessiva liberação de gases
pela culatra, e a fragilidade da agulha (percussor), que se quebrava
facilmente.

Com o advento do cartucho metálico, o desenvolvimento das armas de


fogo teve um grande avanço. Paul Mauser e seu irmão Guilherme Mauser
projetaram um fuzil de ferrolho para empregar cartuchos metálicos
que, através de um sistema de trancamento, obturava perfeitamente a
câmara, evitando escapamento excessivo de gases. Esse fuzil substituiu
a agulha por um percussor, e foi desenvolvido entre 1863 e 1898. Foram
fabricados diversos modelos durante esse período. Essas armas dotaram
os exércitos durante as duas grandes guerras mundiais.

Paralelamente ao desenvolvimento dos fuzis de ferrolho, outros sistemas


foram criados e aperfeiçoados para aumentar o poder de fogo das
armas: o sistema de alavanca, notabilizado pela fábrica norte americana
Winchester e o sistema de bomba, aperfeiçoado por Browning, em fins
da década de 1880, também foi fabricado pela Winchester.

2.3 A evolução do revólver

Após a introdução do sistema de percussão, no início do século XIX, o


desenvolvimento de pistolas de vários tiros foi relativamente simples.
As armas mais antigas, com dois pares de canos (que eram girados
manualmente), deram lugar a armas com conjuntos de 4 a 6 canos,
que giravam, mecanicamente, com a pressão do gatilho, colocando o
“ouvido” correspondente a cada cano, sob o cão. Essas pistolas, chamadas
“pimenteiros”, apareceram por volta de 1830.

2.3.1 Conceito de revólver

O termo “revólver” significa revolução. Indica um movimento de rotação


em torno de um eixo. Assim, pode-se conceituar revólver como sendo
uma arma de fogo curta, dotada de várias câmaras que giram em torno

43
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

de um eixo, para alinhar a câmara que contém o cartucho a ser disparado


através de um cano.

Para se chegar a esse conceito, houve um processo evolutivo que se iniciou


com a descoberta da pólvora, passou por fases de aperfeiçoamento dos
sistemas de carregamento e extração, que se estende até os dias atuais,
com a busca do aperfeiçoamento constante, em todos os aspectos.

2.3.2 O revólver Colt

O aperfeiçoamento significativo que se seguiu foi criado pelo norte-


americano Samuel Colt (1814 – 1862), que projetou uma pistola rotativa
na qual o conjunto de canos de “pimenteiro” transformou-se em conjunto
de câmaras que se alinhavam, sucessivamente, com um único cano. O
sistema inventado por Colt pressupunha duas importantes inovações: a
câmara a ser disparada tinha de estar rigidamente alinhada com o cano
no momento do disparo, e a colocação de divisórias entre os “ouvidos”,
para que a denotação de uma carga não provocasse a detonação das
outras.

Após o surgimento dos cartuchos metálicos, Samuel Colt, em 1876,


criou o revólver Colt calibre .45, o famoso Peacemaker (Pacificador). Seu
tambor não era rebatível, sendo seu municiamento feito através de uma
janela aberta na armação, uma cápsula por vez. A arma operava por
ação simples, sendo necessário que o atirador a engatilhasse antes do
disparo, e que, a cada disparo, houvesse um novo engatilhamento.

Inicialmente, os revólveres eram de movimento simples, ou seja,


funcionavam somente em ação simples ou ação dupla, uma ou outra.
Posteriormente, passaram a ser fabricados com funcionamento duplo,
ou seja, eles funcionavam tanto em ação dupla, quanto em ação simples.
Os revólveres modernos são geralmente fabricados em movimento
duplo.

2.3.3 O revólver Adams

Os mecanismos das armas fabricadas por Colt eram de ação simples, o


que as tornavam mais lentas, mas fazia com que o gatilho ficasse mais
leve e, portanto, mais preciso. As armas de Adams (inglês) eram de ação
dupla: elas disparavam ao se pressionar o gatilho, o que demandava
muita força. Os revólveres de Adams tinham apenas 5 câmaras e os
de Colt, 6. Apesar dessas diferenças, as armas de Adams tiveram mais

44
Manual de Armamento Convencional

aceitação, uma vez que a ação dupla propiciava maior rapidez de fogo
em combate à curta distância, muito comuns àquela época.

2.3.4 O revólver moderno

O aperfeiçoamento do sistema de percussão possibilitou a introdução


do cartucho completo – um cartucho contendo a espoleta, a pólvora e
o projétil.

A Smith & Wesson, em 1854, criou revólveres no calibre .44. Eram armas
articuladas que necessitavam ser basculadas, para serem municiadas,
ou seja, tinham que ter seu cano e tambor basculados para baixo,
expelindo, assim, todos os cartuchos de uma só vez, vazios ou não.

Em 1857, a S&W adquiriu a patente para a produção de um revólver que


disparava através de cartuchos metálicos carregados por trás.

Em 1870, a S&W lançou um novo tipo de revólver, cuja armação dobrava-


se para baixo quando se abria a arma, ativando, nesse momento,
um extrator em forma de estrela, que ejetava todos os cartuchos,
simultaneamente.

Em 1887, o sistema de extração dos revólveres foi aperfeiçoado, de forma


que o tambor se rebatesse para o lado, permitindo que um extrator em
forma de estrela, acionado por uma vareta, expelisse todos os cartuchos
de uma só vez, tornando mais fácil e rápido um novo carregamento.

Em 1899, a S&W lançou o primeiro revólver de ação dupla e tambor


basculante, modelo que foi copiado por quase todas as fábricas e que
deu origem ao revólver, tal como conhecemos hoje. Era o modelo
que ficou mundialmente famoso como “militar-policial”. O tambor
basculante propiciava um remuniciamento rápido de um, dois ou todos
os cartuchos deflagrados, já que saia para o lado de sua armação.

Com o advento do cartucho metálico, mecanismos de extração foram


desenvolvidos para os revólveres. A maioria das empresas utilizou,
inicialmente, carcaças inteiriças (armação) em uma tampa de recarga ao
lado da culatra e uma vareta deslizante sob o cano, a qual era acionada
para expelir o cartucho deflagrado.

O desenvolvimento do revólver estava praticamente completo no final


do século XIX. A partir de então, os aperfeiçoamentos estiveram mais
ligados ao uso de metais leves e de cartuchos mais poderosos, como

45
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

no caso do Magnum. Uma tentativa de aperfeiçoamento mal sucedida


do revólver, devido à complexidade de seu mecanismo, foi o “revólver
automático Webley-Fosbery”, inventado pelo Cel Britânico George
Vincent Fosbery. Essa arma se auto engatilhava após cada disparo,
aproveitando a ação dos gases para fazer girar o tambor e engatilhar o
cão, através do recuo do cano e da parte superior da armação.

O futuro do revólver parece estar ligado ao seu uso pelas forças de


segurança. Sua maior vantagem é a simplicidade. Pode ser transportado
com segurança, em qualquer situação. Possui outras vantagens, tais
como: estar sempre pronto para o disparo, bastando puxar o gatilho;
não ser suscetível aos efeitos da poeira e da sujeira, como acontece com
uma pistola; e, possuir um cartucho para disparo, ao se puxar o gatilho,
no caso de um cartucho falhar. Sua principal desvantagem é a pequena
capacidade de carga.

2.4 As espingardas

As espingardas (em inglês, shotgun) são armas de fogo portáteis, muito


empregadas para a caça e o tiro desportivo (tiro ao voo e tiro ao prato).
Possuem cano longo de “alma”, originariamente lisa (sem raiamento).
As primeiras espingardas eram de tiro singular, compostas por um ou
dois canos e cão externo, sendo essa a primeira geração das atuais
espingardas de combate.

As espingardas com canos de “alma” lisa foram utilizadas por forças


militares e policiais do mundo inteiro. Seu primeiro emprego militar
remonta ao período da Primeira Grande Guerra, quando foram adotadas
as primeiras espingardas de repetição, com ação de bomba (pump-
action shotgun), tal como são conhecidas na atualidade, com a variação
de possuir o cão exposto.

Naquela época, foram apelidadas de trench-gun (armas de trincheira),


sugerindo o conceito de “espingardas de combate”, que eram as
espingardas de segunda geração.

Naquele período (1914-1918), o uso das espingardas de combate


alcançou seu ápice: os combatentes lutavam no interior das trincheiras
disputando cada metro de terreno e, nesses ataques contra soldados
entrincheirados, a espingarda apresentava melhores condições de
emprego do que o fuzil convencional de ferrolho ou as armas curtas.

46
Manual de Armamento Convencional

Nessa época, a Winchester, modelo 1897 calibre 12 (“pump action”),


adotada pelos norte-amaericanos, tornou-se famosa (Figura 6).

FIGURA 6 – Winchester Modelo 1897 calibre 12 “Trench Gun”.

Mais recentemente, na contramão da história e durante considerável


período, as polícias adotaram, como arma padrão, um tipo de espingarda
de funcionamento singular (de primeira geração), com um ou dois
canos de dimensões bem menores do que os comumente usados
(canos serrados ou produzidos comercialmente com tais dimensões),
apelidada de “escopeta”15.

No Brasil, para o uso policial, as escopetas eram produzidas no calibre


12, por ser, à época, o maior calibre de espingarda existente, oferecendo
boas possibilidades de incapacitação imediata do oponente, e razoável
capacidade de intimidação, entretanto, com ínfima capacidade de tiro.

Em termos de espingardas de combate, o que se tem hoje, em uso


policial, são as armas de segunda, terceira e quarta gerações.

A terceira geração de espingardas de combate enquadra todas as


espingardas de funcionamento somente semi-automático, das mais
diversas procedências. A Figura 7 ilustra um dos tipos de espingarda
dessa geração: a Remington AS 1300-EUA.

FIGURA 7 – Espingarda de 3ª geração (Remington SA 1300 – EUA)

15 Arma muito difundida no tempo da conquista do oeste americano.

47
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Já as espingardas de combate da quarta geração, fazem uso dos dois


sistemas encontrados nas armas de segunda, terceira e quarta gerações,
disparando tanto em ação de bomba (por repetição) quanto de forma
semi-automática, a critério do usuário (Figura 8).

FIGURA 8 – Espingarda de 4ª geração (Bennelli M3 Super 90T).

Em termos de espingardas de combate, o que se tem hoje, em uso,


policial são as armas de segunda, terceira e quarta gerações.

2.5 A evolução das armas automáticas

As armas automáticas, pelas peculiaridades de seu funcionamento, têm


destaque na sua capacidade de efetuar maior quantidade de disparos
em menor espaço de tempo. A essa característica denomina-se “poder
de fogo”. Nesse sentido, ao comparar-se as armas automáticas com
as armas de repetição, por exemplo, poder-se-ia dizer que a 1ª possui
destacada vantagem, embora sejam necessárias maiores habilidades
para operá-las.

2.5.1 As primeiras metralhadoras

O desejo de todos os exércitos, de possuírem armas capazes de disparar


continuamente, com rapidez, é tão antigo quanto à própria pólvora.
A primeira metralhadora a atuar em uma guerra foi a Metralhadora
Gatling, durante a Guerra de Secessão Americana, em 1862. Tratava-se
de uma arma rudimentar, na qual vários canos giravam em torno de um
eixo movido, manualmente, por uma manivela. Sua velocidade e “poder
de fogo” dependiam da velocidade com que a manivela era girada.

Em 1889, Sir Hiram Stevens Maxim desenvolveu e aperfeiçoou


uma metralhadora capaz de realizar, por si só, todas as operações
de carregamento, extração, engatilhamento e disparo, mediante o

48
Manual de Armamento Convencional

aproveitamento do recuo da arma. Possuía uma fita de cartucho, um só


cano e uma “camisa” d’água exterior, para evitar o superaquecimento.
Era usada sobre reparos, devido ao seu grande volume e peso.

A metralhadora fez a sua grande estréia na 1ª Guerra Mundial, quando


todos os países europeus já a possuíam. Depois de Maxim, outros
inventores passaram a fabricar armas, aperfeiçoando o modelo desse
inventor. Alguns tornaram seus nomes sinônimos de armas de fogo:
Benjamim Hotckiss, Issac Lewis, John Browning e Hugo Borchardt, que
se estabeleceu na Alemanha, onde desenhou a pistola Luger.

No decorrer do ataque britânico a High Wood, em 22 de agosto de 1916,


dez armas dispararam 999.750 tiros em 12 horas, sem interrupções
maiores que as necessárias para limpeza, lubrificação e remuniciamento,
troca de canos gastos e para completar o nível de água das “camisas” de
refrigeração. A tarefa das metralhadoras consistia em neutralizar uma
área atrás da linha de frente inimiga, com alcance de 1.800 metros.

Nos primeiros anos do século XX, surgiu também um novo tipo de arma
automática: a metralhadora leve (ou média), uma versão menos pesada
e mais portátil que os modelos anteriores (que utilizavam pesados
reparos). Essas novas metralhadoras pesavam entre 9 e 13,6 kg, e eram
alimentadas por carregador ou fita, e refrigeradas a ar. Para dispará-
las, bastava apoiá-las nos ombros, auxiliadas por bipés leves. Uma das
primeiras metralhadoras leves foi a dinamarquesa Madsem, muito
empregada entre 1914 e 1915, quando a guerra de trincheiras exigia
grande volume de fogo a curtas distâncias.

Após a Primeira Guerra Mundial, poucas inovações foram registradas no


aperfeiçoamento das metralhadoras que fazem parte do armamento
convencional de qualquer exército da atualidade.

2.5.2 A submetralhadora

Também conhecida como subfuzil, metralhadora de mão ou pistola-


metralhadora, a submetralhadora é uma arma automática que utiliza
cartuchos de pistola, suficientemente leves para serem disparados do
ombro ou da cintura, com as duas mãos, sem necessidade de outro
apoio.

As submetralhadoras começaram a ser utilizadas na Primeira Guerra


Mundial, quando se tornou evidente a necessidade de volume de

49
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

fogo nos combates a curta distância. O primeiro país a adotar a


submetralhadora foi à Itália, que introduziu a Villa-Perosa, em 1915.
Em seguida, os alemães equiparam seus exércitos com pistolas Luger
e Mauser, com uma longa coronha. Essas armas representavam um
razoável poder de fogo, apesar de não serem automáticas (eram
semi-automáticas), uma vez que, para cada disparo, tinha que acionar
novamente o gatilho.
Em 1918, surgiu a pistola-metralhadora da fábrica Bergmam, com a
designação oficial de MP1816, com calibre 9 mm, carregador tipo caracol
e velocidade teórica de tiro de 400 disparos por minuto. Por volta de
1922, surgiu a submetralhadora Thompson, popularizada mundialmente
pelos gangsters e pela polícia norte-americana.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos produziram
diversas outras submetralhadoras, destacando-se a M3, mais conhecida
como engraxadeira (grease-gun). Outra submetralhadora de grande
sucesso foi a inglesa Sten, que foi largamente produzida para os países
aliados.
No período pós-guerra, o desenvolvimento das submetralhadoras
tornou-se difícil, principalmente pela importância crescente de uma nova
arma, o fuzil de assalto. Trata-se, na verdade, de uma submetralhadora,
que dispara um cartucho semelhante ao do fuzil. Entretanto, alguns
países desenvolveram suas metralhadoras: a Grã-Bretanha abandonou
a submetralhadora Sten para adotar a Sterling, mais conhecida como
L2A3. Em Israel, foi adotada a submetralhadora Uzi, muito utilizada
atualmente, principalmente por algumas forças especiais. A França
desenvolveu sua MAT 49, a Espanha, o Z 75 da Star, e os Estados Unidos
criaram a Ingram, produzida pela Military Arms Co.( MAC).
Na atualidade, as indústrias militares israelenses estão produzindo uma
Uzi de reduzidas dimensões, com altíssima cadência de tiro, que chega
a 1.200 disparos por minuto. O Exército Brasileiro, bem como a maioria
das polícias militares, atualmente adotam submetralhadoras Taurus.
A PMMG adotou as submetralhadoras INA calibre .45 ACP, Beretta M972
e Taurus MT12 e MT12A. À exceção da INA, ainda possui exemplares
das últimas em calibre 9 mm. Todavia, em razão da interrupção de sua
produção no Brasil, vêm sendo substituídas por outros modelos em
calibre .40 S&W, mais adequados para a atividade policial.
16 MP é abreviatura de submetralhadora no idioma alemão – “maschinenpistole”.

50
Manual de Armamento Convencional

2.5.3 O fuzil de assalto

A Segunda Guerra Mundial assistiu ao crescimento da importância da


submetralhadora. Ficou definitivamente claro que, com uma quantidade
adequada de armas de apoio, já não era necessário dispor de fuzis de
longo alcance. Assim, procurou-se desenvolver uma arma intermediária,
com cartuchos mais semelhantes aos de um fuzil do que aos de pistola,
utilizados pelas submetralhadoras. A primeira arma desse tipo foi o
STG4417, alemão. A nova arma ocupou os espaços da submetralhadora,
pois tinha a mesma utilidade que essa, ainda com algumas vantagens.

FIGURA 9 – Fuzil alemão STG 44 – primeiro fuzil de assalto da história.

Posteriormente, os americanos desenvolveram o Armalite AR 15, que


passou a ser denominado M16 para adoção pelas forças armadas dos
Estados Unidos, e logo seu exemplo foi seguido por outros países que
sentiram a importância crescente do fuzil de assalto.
Dentre os fuzis de assalto atualmente utilizados, destacam-se o Galil
5,56 mm, adotado pelas forças de defesa de Israel, em 1972, o AK 47 da
antiga União Soviética, o G36 alemão da Heckler und Koch, o M-16/M-4
17 STG é abreviatura para fuzil de assalto no idioma alemão “sturmgewehr”.

51
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

dos Estados Unidos e o FN (FAL) de origem Belga, adotado pelo Exército


Brasileiro.
A maior parte dos fuzis modernos ainda apresenta regulagens para o
disparo de até aproximadamente 730 m, mas, raramente, são utilizados
acima de 270 m, o que pode ser considerado o alcance efetivo máximo
pelos padrões modernos. O mesmo pode ser dito quanto ao alcance
efetivo das metralhadoras leves.

2.5.4 A pistola semi-automática

Apesar de alguns projetos anteriores, foi o americano Hugo Borchardt


que, trabalhando para a fábrica alemã de armas e munições (Deutsch
Waffen Und Munitionsfabriken – DWM), obteve sucesso ao produzir e
comercializar, em 1843, a primeira pistola semi-automática do mundo,
arma que levou seu nome. Posteriormente, ela foi aperfeiçoada por
George Luger, através da criação da internacionalmente famosa pistola
Luger, lançada oficialmente em 1900.
Paralelamente, a FN Belga lançou a primeira pistola semi-automática de
bolso, desenvolvida por John Browning, em sistema blowback e calibre
7,65 mm. Outros fabricantes destacaram-se na fabricação de pistolas
semi-automáticas: Mauser, Colt, Walter, Smith & Wesson e Beretta.
As pistolas se diferem em modelos e acabamentos, mas conservam as
mesmas características: são semi-automáticas, leves, possuem reduzido
número de peças, sua desmontagem de campo é simples e são mais
rápidas, em operação, do que um revólver. Funcionam em duas fases: na
primeira, as forças decorrentes da deflagração do propelente fazem com
que o ferrolho recue contra a ação de uma mola; na segunda, quando a
pressão produzida cai a zero, o ferrolho é impulsionado à frente até que
chegue à sua posição inicial.
A principal característica da pistola semi-automática é o aproveitamento
da força expansiva dos gases produzidos pela queima do propelente,
normalmente pólvora, para um autocarregamento (inserção de novo
cartucho na câmara deixando-a em condições de novo disparo),
bastando pressionar o gatilho para isso.
Devido à evolução tecnológica, as pistolas modernas permitem
maior capacidade de municiamento e alimentação, confiabilidade e
estabilidade, em razão da evolução dos calibres e de seus mecanismos
de funcionamento.

52
Manual de Armamento Convencional

O termo “pistola” indica, comumente, armas de fogo curtas de tiro


unitário (simples que possuem um cano e uma câmara). Quando estas
armas possuem dois canos, são vulgarmente chamadas de garruchas.

As primeiras pistolas foram fabricadas em ação simples e, somente em


1929, através da fábrica alemã Walter, com o modelo PP, é que surgiu o
sistema de ação dupla.

O calibre 9 mm surgiu em 1902, lançado pelo alemão George Lugger,


partindo de uma arma inventada por Hugo Borchardt, realizou
aprimoramentos e criou a pistola semi-automática Lugger. Em 1908, o
exército alemão adotou a pistola de Lugger como arma de coldre para
seus soldados.

No Brasil, a pistola cal 9 mm foi introduzida em 1975, quando o Exército


Brasileiro resolveu adotar um novo calibre para suas armas de porte que
fosse compatível para uso em suas metralhadoras de mão, utilizando as
pistolas Imbel M973, modelo Colt, e a Beretta, de origem italiana.

A Taurus iniciou a fabricação no Brasil, na década de 80, de pistolas no


calibre 9 mm, batizadas de PT 92, semelhantes à italiana Beretta 92 F.

53
CAPÍTULO 3

A EVOLUÇÃO DO
CARTUCHO
Manual de Armamento Convencional

3 A EVOLUÇÃO DO CARTUCHO

A idéia de carregar as armas pela culatra não é nova. Nasceu nos


primeiros momentos das armas de fogo, com o objetivo de aumentar
a quantidade de disparos em um menor período de tempo (poder de
fogo). Com esse objetivo, já no século XVI, surgiu a idéia de se colocar
a pólvora necessária para um disparo em pequenos tubos de madeira,
permanecendo, os projéteis separados em uma “bolsa”.

3.1 O cartucho de papel

A palavra “cartucho” provém do italiano cartuccia, que, por sua vez,


deriva do latim “carta”, que significa “papel”. Os primeiros cartuchos
foram feitos de papel, no final do século XVI. Inicialmente, os cartuchos
apenas continham as cargas de pólvora, guardando os projéteis,
separadamente. Posteriormente, o projétil foi unido ao cartucho de
papel, mas o cartucho era utilizado apenas para se colocar parte da
pólvora na caçoleta. O restante era introduzido pela “boca” do cano.
Colocando o projétil por cima, o papel servia apenas como bucha. Esse
sistema foi utilizado por quase duzentos anos.

Em princípios do século XIX apareceu o cartucho combustível,


semelhante ao de papel, feito de pele, papel ou linho nitrados, e
facilmente combustível, com o qual o cartucho inteiro podia ser
carregado, queimando com a combustão da pólvora. As primeiras
armas de retrocarga, assim como os revólveres de municiamento pela
“boca”, podiam utilizar esse tipo de cartucho combustível. O famoso
fuzil de agulha Dreyse disparava um cartucho fulminante, incorporado
na base do projétil. Esse cartucho foi o último e o mais aperfeiçoado dos
cartuchos de papel.

3.2 Origens do cartucho atual

Em 1812, em Paris, um armeiro suíço, chamado Pauly, desenvolveu um


cartucho consistente, com uma base cilíndrica de latão, que se acoplava
a um cilindro de papel, e servia como recipiente para a pólvora e o
projétil. A base de latão era perfurada em seu centro e contínua. Na parte
externa da perfuração, uma cavidade trazia a pequena carga detonante,
protegida por papel envernizado. Essa invenção, que apresentava
todos os componentes do cartucho moderno, não teve aceitação,

57
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

provavelmente por ser bastante avançada para a sua época. Apesar


disso, Pauly é lembrado como o autor do cartucho de fogo central.

3.3 O cartucho Lefaucheux (de pino lateral)

Lefaucheux (armeiro francês) patenteou, em 1836, um cartucho que


detinha os gases no momento do disparo, dando um grande passo rumo
ao cartucho definitivo. O citado cartucho era parecido com os atuais
cartuchos de caça e era constituído por um cilindro de papelão, com
base metálica. Esse continha, em seu interior, uma cápsula fulminante,
percutida por um pino inserido na lateral da base e que sobressaia por
uma extremidade (Figura 9). A obturação das bases era conseguida pelo
dilatamento das paredes da base de metal, no momento do disparo.
Tal dilatação, embora razoável, não era a desejável. Houiller (também
Francês), em 1847, patenteou uma melhoria nesse sistema de cartucho,
que consistia em prolongar as paredes da base metálica, fazendo
desaparecer o “cartão”, até o comprimento necessário para conter a
pólvora e o projétil.

3.4 O cartucho de percussão circular (radial ou anular)

Em 1835, Nicolas Flobert, armeiro francês, criou um cartucho metálico


no qual a percussão efetuava-se em qualquer ponto da borda do culote.
Esse cartucho continha apenas o fulminante (detonante) e o projétil
(esférico), o que o obrigava a ser pequeno e de pouca potência (Figura
9). Esse sistema de percussão era denominado “fogo circular”, radial ou
anular. Difere-se dos atuais cartuchos de fogo central, uma vez que esses
utilizam a pólvora como propelente, além do detonante.

FIGURA 10 – Sistemas de percussão tipo Lefaucheux (pino lateral)


e Flobert (radial ou circular).

58
Manual de Armamento Convencional

As armas que utilizavam os cartuchos Flobert estiveram em moda no


final do século XIX e no princípio do XX, para a prática do tiro de salão.

Mas foi a América a grande responsável pelo desenvolvimento dos


cartuchos de “fogo circular”, cuja constituição é semelhante ao Flobert.
A única diferença consiste em que possui carga propelente, além do
detonante, permitindo, assim, uma maior variedade de tamanhos e,
consequentemente, de potências. Esses cartuchos são percutidos pela
borda do culote (virola). A virola, além de servir para a percussão (uma
vez que contém o detonante), posiciona o cartucho corretamente na
câmara e facilita a sua extração. Esses cartuchos são mais fracos na virola,
e, logicamente, não admitem a sua recarga.

3.5 O cartucho de percussão central (fogo central)

O cartucho metálico sofreu constantes evoluções entre os anos de 1858


e 1868 e a sua evolução pode ser divida em três etapas: na primeira,
o estojo (corpo do cartucho) possuía duas partes – o culote, contendo
o detonante, e uma lâmina fina de latão, que era enrolada e fixada no
culote, contendo o propelente e o projétil; na segunda etapa, o estojo
era uma única peça metálica contendo uma cápsula detonante na base
do culote, o propelente e o projétil; na terceira, que é a atual, o estojo
metálico contém a espoleta (detonante), embutida no exterior da base
do estojo. Após essa terceira etapa, não houve nenhuma evolução
substancial no cartucho metálico.

59
CAPÍTULO 4

ARMAS LEVES
Manual de Armamento Convencional

4 ARMAS LEVES

4.1 Conceito

O limite definidor entre o que seja uma arma leve e uma pesada, tem sido
objeto de vários conceitos, muitas vezes contraditórios, encontrados
nas doutrinas difundidas dentro dos organismos policiais.

Entretanto, o conceito adotado neste manual, fiel ao original18, parte do


princípio que:

a) de um modo geral, armas leves são aquelas do equipamento


individual do soldado e que têm peso e volume relativamente reduzidos.

Não se resumindo, aí, o que limitaria as armas leves somente ao emprego


individual, o conceito inclui mais duas características, que permitem a
inclusão de armas de emprego coletivo:

b) pode ser transportada, geralmente, por um só homem, ou


em fardos, por mais de um;

c) possui calibre até .50” (0,50 polegada), inclusive.

Se o conceito fosse limitado ao calibre .50”, qualquer arma com diâmetro


acima dessa bitola passaria a integrar a categoria das “armas pesadas”19,
grupo no qual se incluem canhões, morteiros e lançadores de mísseis
e foguetes. Assim sendo, um complemento é necessário para permitir
exceções à regra, numa lógica concreta:

d) Excetuam-se as armas com calibres acima do .50” que não se


enquadram na definição de “armas pesadas”.

18 Definição elaborada com base na doutrina de armamento adotada pelo Exército Brasileiro, força
armada responsável pela definição de termos e conceitos acerca de armas de fogo em território
nacional.
19 Arma pesada: empregada em operações militares em proveito da ação de um grupo de homens,
devido ao seu poderoso efeito destrutivo sobre o alvo e geralmente ao uso de poderosos meios de
lançamento ou de cargas de projeção (artigo 3º, inciso XIX do R105);

63
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Dessa forma, também são enquadradas, como armas leves, as


espingardas calibre 12 (0,73”), os lançadores de granadas calibres 37
(1,46”), 38.1 (1,5”) e 40 mm (1,57”), ou superiores.
4.2 Classificação geral das armas leves
As armas de fogo são classificadas sob alguns aspectos, com base em
suas características, conforme descrito a seguir. É importante frisar que
tal classificação, em algumas fontes de consulta, sofre, indevidamente,
ao longo do tempo, variações de denominação, o que não deveria
ocorrer, pois tais conceitos e seus nomes possuem origens e aplicações
em comum.
4.2.1 Quanto ao tipo20
a) Arma de porte: também conhecida como arma de mão,
possui dimensões e peso reduzidos e pode ser portada por um indivíduo,
em coldre, e disparada, comodamente, com somente uma das mãos pelo
usuário; enquadram-se, nessa classificação, pistolas, revólveres e garruchas.
b) Arma portátil: seu peso e suas dimensões permitem que
seja transportada por um único homem, mas não conduzida em coldre
e exige, em situações normais de utilização, ambas as mãos para a
realização eficiente do disparo. Sua condução é feita nas mãos ou em
bandoleira (ex.: carabina Taurus FAMAE .40 e fuzil Imbel 5,5,6 MD2A1).
c) Arma não-portátil: devido às suas dimensões ou ao seu
peso, não pode ser transportada por um único homem; apenas em
viaturas, ou dividido em fardos para transporte por mais de um homem
(ex.: metralhadoras para emprego coletivo, M60 7,62 norte-americana e
FN MAG 7,62 de origem belga).
4.2.2 Quanto ao emprego
a) Individual: quando se destina à proteção daquele que o conduz (ex.:
submetralhadora Taurus MT 12 e MT 12-A, MT. 40 FAMAE, CBC21 Pump Action).
b) Coletivo: quando seu emprego tático se destina à cobertura
ou proteção de um grupo de homens ou fração de tropa (exemplo:
minimetralhadora FN MINIMI 5,56, lançador AM600 CONDOR 38.1).
20 Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000. Regulamento para a Fiscalização de Produtos
Controlados (R-105).
21 CBC – Sigla de Companhia Brasileira de Cartuchos S.A. – fabricante nacional de armas, munições
e coletes para proteção balística.

64
Manual de Armamento Convencional

4.2.3 Quanto à alma do cano

a) De alma lisa: quando a superfície interna do cano, como


o próprio nome diz, é completamente polida e isenta de ressaltos ou
rebaixos (ex.: espingarda CBC calibre 12, modelo 586).

b) De alma raiada: quando sua superfície interna, em extensão,


é dotada de sulcos helicoidais paralelos (raias), os quais têm por objetivo
imprimir ao projétil movimento de rotação por forçamento, dando-lhe
estabilidade para que percorra sua trajetória fora da arma até o objetivo. O
raiamento de um cano apresenta sulcos (raias) e cristas (cheios) helicoidais
em um sentido determinado – da esquerda para a direita ou da direita
para a esquerda. Para identificar esse sentido, deve-se observar o cano a
partir da câmara. (ex.: revólveres, fuzis, submetralhadoras, pistolas).

4.2.4 Quanto ao sistema de carregamento

Antes de classificar as armas leves quanto ao sistema de carregamento,


faz-se necessário entender os conceitos de carregar, alimentar e municiar
uma arma.

Carregar é deixar a arma em condições de disparo, fechada


e/ou trancada, com uma carga ou cartucho inserido na câmara de
combustão e, em alguns casos, um projétil independente da carga em
sua posição de lançamento.

Alimentar é colocar a munição na arma, por intermédio de seu


carregador, do seu tubo carregador ou, mesmo, manualmente.

Municiar a arma consiste em colocar a munição no carregador


da arma.

Essas operações podem ser perfeitamente distinguidas em algumas


armas, mas, em outras, elas se confundem devido às suas características:

a) nas armas como, por exemplo, fuzil FN Fal 7,62/ 5, 56,


carabina FAMAE CT. 40, metralhadora MT 40 FAMAE e PST Taurus/
Imbel, ocorre o seguinte:

– municia-se ao colocar os cartuchos no carregador tipo “cofre”;

– alimenta-se ao inserir o carregador municiado em seu


alojamento;

65
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– carrega-se ao fechar a arma se esta estiver aberta, ou, se


fechada, trazendo o ferrolho à retaguarda e soltando-o para que haja
o fechamento e/ou trancamento, por intermédio da força da mola
recuperadora. Nessas armas, que operam com a culatra fechada, o
cartucho é introduzido na câmara com o avanço do ferrolho, verificando-
se o carregamento como ação independente do disparo, que só ocorrerá
após o acionamento do gatilho. Esse sistema também é utilizado em
pistolas semi-automáticas.

b) nas “garruchas” e “escopetas”, ocorre o seguinte:

– não existe o municiamento, uma vez que não dispõem de


carregador;

– a alimentação se dá ao introduzir o cartucho na câmara, após


bascular o cano;

– o carregamento ocorre quando, depois de fechada e


trancada a arma, ela seja engatilhada, trazendo o cão à retaguarda, ou
seja, quando ela se encontra em condições de disparo.

c) no revólver, o carregamento é feito da seguinte forma:

– o municiamento e a alimentação são feitos, simultaneamente,


quando os cartuchos são introduzidos nas câmaras do tambor. O
fechamento se dará ao rebater o tambor para dentro da armação,
ocasião em que a arma estará trancada;

– o revólver somente estará carregado quando a munição que


estiver na câmara for alinhada com o cano em condições e disparo, ou
seja, quando, após iniciada a pressão sobre o gatilho (ou engatilhada a
arma) for realizada 1/6 de volta do tambor, para que haja o alinhamento
com o cano da 1ª câmara da direita, que contém a munição que será
disparada. Assim, não basta colocar a munição na câmara, deve-se
alinhar com, o cano, a munição que vai ser disparada.

d) nas armas que possuem o tubo carregador acoplado em


seu corpo:

Municia-se ao introduzir os cartuchos no carregador e alimentar,


após introduzir o último cartucho. O carregamento se verificará quando
o cartucho for levado para a câmara.

66
Manual de Armamento Convencional

e) nas armas semi-automáticas e automáticas que operam


com a culatra aberta (como é o caso da submetralhadora Taurus MT
12-A), o processo de carregamento é o seguinte:

– o municiamento ocorre com a introdução dos cartuchos no


carregador;

– a alimentação se dá quando o carregador é introduzido em


seu alojamento na arma;

– o carregamento ocorre simultaneamente com o disparo,


uma vez que, acionado o gatilho, o ferrolho leva consigo o cartucho para
a câmara onde sua espoleta é acionada (percutida).

f ) nas armas que lançam projéteis que não possuem carga


propelente acoplada (fuzis lança-retinida; fuzis adaptados para
lançamento de granadas de bocal; lançadores de granada para
revólveres):

– o municiamento se dá com a introdução de cartuchos de


lançamento no carregador;

– a alimentação se dá quando o carregador é introduzido em


seu alojamento na arma;

– o carregamento se dá no momento do manejo do ferrolho,


quando o cartucho de lançamento é introduzido na câmara, e com a
colocação do projétil em sua posição de lançamento no bocal localizado
na parte anterior do cano.

Esclarecidos os conceitos, segue a classificação do armamento


leve, quanto ao seu carregamento:

a) De antecarga: quando o carregamento é feito pela boca


do cano. Exemplo: morteiro de infantaria, e alguns tipos de garruchas
e espingardas.

b) De retrocarga: quando o carregamento é feito pela parte


posterior da arma, ou seja, pela culatra. Exemplos: pistolas modernas,
revólver, carabinas, rifles, espingarda calibre 12 (pump action), entre outros.

c) De carregamento misto: quando o carregamento é feito em


duas etapas – a carga propelente é colocada pela parte posterior da arma

67
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

e o projétil é colocado pela boca. Utiliza-se cartucho especial chamado


de cartucho de lançamento, contendo somente a carga propelente.
Exemplos: fuzis lança-retinida, fuzis com bocal para lançamento de
granadas, lançadores de granada para revólveres.

4.2.5 Quanto ao sistema de inflamação (ignição)

As armas leves podem também ser classificadas quanto ao seu sistema


de ignição:

a) Por mecha: a chama é transmitida à câmara de combustão


através de uma mecha acesa. Esse sistema já está ultrapassado;

b) Por atrito: quando ocorre a produção de faíscas, geralmente


por atrito entre uma variedade de sílex e pirita. Esse sistema foi muito
utilizado nas armas de roda e de Miquelete (pederneiras), também já
obsoletas;

c) Por percussão:

– extrínseca: quando a cápsula que contém a carga detonante


(também chamada de carga de ignição ou fulminante) é uma peça isolada
dos demais componentes do cartucho, ou seja, está separada da pólvora e
é posicionada externamente em uma elevação com um pequeno orifício,
denominado ouvido ou chaminé (pequeno tubo saliente ligado à câmara
de combustão), que comunica o meio externo com o interior do cano. A
deflagração se dá no momento em que o percussor se choca contra essa
cápsula, detonando-a, forçando os gases incandescentes para a câmara de
combustão. Ex.: alguns tipos de garruchas e espingardas polveiras.

– intrínseca: quando a cápsula detonante ou a espoleta são


partes integrantes do cartucho que contém o propelente e o projétil.
Subdivide-se em:

è por pino lateral (obsoleta – cartuchos do tipo


Lefaucheaux);

è central: quando a espoleta é fixada no centro do culote


do cartucho;

è circular, anular ou radial: quando a mistura iniciadora


é colocada na parte interna da virola do estojo (ex.:
munição .22LR).

68
Manual de Armamento Convencional

A percussão intrínseca, seja central ou circular, pode ser


ainda subdividida em três tipos:

è direta: quando o percussor é solidário ao cão (unido


fisicamente), martelo ou ferrolho, ou quando a arma
não possui cão ou martelo, agindo por meio do sistema
de “percussor lançado”22, ou algum tipo de ação
intermediária de disparo;

è indireta: quando o percussor não é solidário ao cão,


martelo ou ferrolho, sendo flutuante, montado na parte
posterior da arma ou no interior do ferrolho, retraído (ou
não) pela ação de uma mola. O cão ou martelo possui
uma superfície plana. E a percussão ocorre no momento
em que essa superfície se choca contra a cauda do
percussor ou peça intermediária, em contato com este.

4.2.6 Quanto à refrigeração ou meio de arrefecimento

a) A ar: quando o próprio ar atmosférico o resfria. Exemplo:


fuzil 7,62 M964, revólver, pistolas e a maioria das armas modernas;

b) A água: quando possui um tubo chamado camisa


d’água, que envolve o cano com a finalidade de refrigerá-lo. Exemplo:
metralhadora Colt 7 mm;

c) A ar e água: quando o cano é resfriado pelo ar em condições


normais de disparo, mas necessita, quando sob solicitação intensa,
receber água, com frequência, para auxiliar no seu resfriamento.

4.2.7 Quanto à alimentação

a) Manual: quando os cartuchos são introduzidos,


manualmente, na câmara (ex.: escopeta calibre 12, revólver. 38);

b) Com carregador: quando a arma possui dispositivo


depósito para municiamento, seja ele destacável ou não, podendo ser
por depósito fixo, fita de elos, tipo lâmina, cofre, tubular ou especial (ex.:
22 Percussor lançado: um dispositivo mecânico engatilha e desengatilha o próprio percussor, na
ação simples e na ação dupla. A arma não possui cão ou martelo. Exemplos: pistolas Taurus 24/7 e
640 e pistolas Glock.

69
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

pistolas semi-automáticas, fuzis, rifles, entre outras).

4.2.8 Quanto ao sentido de alimentação

Sentido de alimentação é o sentido em que o carregador destacável é


inserido na arma ou a munição é inserida em carregadores fixos (tubos,
tambores ou depósitos) e pode ser:

a) Da direita para a esquerda (ex.: metralhadora Maxim);

b) Da esquerda para a direita (ex.: submetralhadora Sterling


L2A3);

c) De cima para baixo (ex.: metralhadora Madsen; fuzil 7,62


M968 Mosquefal);

d) De baixo para cima (ex.: submetralhadora Taurus MT. 40,


pistolas semi-automáticas);

e) De trás para frente (ex.: revólver, espingarda CBC calibre 12


586).

4.2.9 Quanto ao funcionamento

Para classificar o armamento com relação ao seu funcionamento, é


necessário conhecer o conceito técnico de “operação de funcionamento”
e de cada uma dessas operações em uma ordem lógica.

Operação de funcionamento é cada uma das fases, mecânicas ou


manuais, que levam uma arma de fogo a funcionar da forma para a qual
foi projetada para disparar, uma ou mais vezes.

Para analisar as operações de funcionamento, arbitra-se uma condição


inicial com a arma em condições de disparo:

è Carregada;

è Fechada e/ou trancada (somente engatilhada se a arma


operar com culatra aberta);

è Engatilhada;

è Destravada;

70
Manual de Armamento Convencional

è Alimentada com carregador totalmente municiado.

A partir dessa condição, o funcionamento da arma inicia-se com o


acionamento do gatilho. A quantidade e o tipo de operações possíveis
podem variar, de uma arma para outra, dependendo do seu princípio
de funcionamento (vide 4.2.10). Mas, de maneira geral, são as seguintes:

– Desengatilhamento (todas as armas): ocorre a partir do


acionamento do gatilho e caracteriza-se pelo avanço vigoroso da peça
responsável pelo choque que levará à percussão da espoleta, mesmo
que indiretamente (martelo, cão ou percussor), até que essa chegue à
sua posição mais avançada em virtude da descompressão de sua mola.

– Percussão e disparo (todas as armas): a percussão é


caracterizada com a detonação da carga de iniciação no momento em
que se dá o choque da ponta do percussor sobre a espoleta. O disparo
inicia-se com a queima do propelente e caracteriza-se pelo movimento
do projétil em decorrência da pressão dos gases gerados no interior do
cartucho de munição.

– Destrancamento (em armas dotadas de sistema


de trancamento, manual ou mecânico): é evidenciado pelo
desengrazamento do ferrolho, em desconexão da estrutura que o mantém
retido à frente (ressaltos e entalhes localizados em canos, caixas da culatra
e no próprio ferrolho e peças específicas). Algumas armas utilizam a
pressão dos gases para manter o ferrolho trancado, sem encaixe de peças;
nesse caso, o destrancamento é caracterizado pelo início do movimento
de recuo do ferrolho após a redução da pressão sobre ele.

– Abertura (todas as armas): ocorre quando a parte anterior


da estrutura da arma, onde se aloja o percussor, perde contato com a
câmara.

– Extração (todas as armas): caracteriza-se com a retirada do


cartucho ou do estojo da câmara. Pode ser mecânica ou manual. Em
armas de repetição e nas que operam por pressão gasosa, com extrator
no ferrolho, possui dois momentos distintos: 1ª. fase: quando a garra
do extrator, em seu avanço, empolga a virola localizada no culote do
cartucho. 2ª. fase: quando o extrator, ao recuar em razão do movimento
retrógrado do ferrolho, através de sua garra, extrai o cartucho ou estojo
da câmara. Em armas automáticas ou semi-automáticas, que não
operam por ação indireta (êmbolo ou tubo de gás), o primeiro momento

71
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

da extração é feito pelo próprio estojo que impulsiona diretamente o


ferrolho para a retaguarda. O extrator irá potencializar e direcionar
o lançamento do estojo para fora da arma, pela janela de ejeção, em
oposição de esforços com o ejetor.

– Engatilhamento (todas as armas): ocorre quando a peça


responsável pelo choque que levará à percussão da espoleta (martelo,
cão ou percussor), mesmo que indiretamente, recua por ação manual
ou mecânica e se engraza no dente da peça que a mantém presa em sua
posição, mais à retaguarda contra a ação de uma mola. O engatilhamento
pode se dar diretamente no gatilho ou em uma peça intermediária entre
esse e o cão.

– Ejeção (somente em armas dotadas de ejetor): há dois tipos


de ejetor conhecidos – fixo (preso na caixa da culatra ou na armação),
e móvel (montado na face anterior do ferrolho ou ao lado da câmara,
atuando como extrator/ejetor). Normalmente, se localizam em uma
posição tal, de modo a permitir que atuem na face posterior esquerda do
estojo, promovendo seu lançamento para fora da arma pelo lado direito.
Algumas armas mais modernas permitem cambiar o ejetor e a janela de
ejeção de lados, direcionando o lançamento para a esquerda ou para a
direita, de acordo com a necessidade do operador, caso este seja destro
ou canhoto. Mas, de uma maneira geral, os princípios da ejeção são os
mesmos: movimento retrógrado do cartucho, desvio por impulso ou
choque laterais e oposição de forças com o extrator. Quando o ejetor é
fixo, a ejeção caracteriza-se pelo momento em que a parte posterior do
cartucho, que vem sendo trazido à retaguarda pelo ferrolho, choca-se
contra o ejetor, que o obriga a girar em razão da oposição de esforços com
o extrator, direcionando seu movimento à janela projetada para sua saída
da arma (maioria das armas automáticas e semi-automáticas). Quando o
ejetor é móvel, a ejeção se dá quando o cartucho é retirado totalmente
da câmara, ficando livre para girar na direção da janela de ejeção, em
razão da descompressão brusca da mola do ejetor que atua por trás e em
um dos lados do culote (sistema de ferrolho rotativo do fuzil M16 e da
carabina Imbel MD97). Algumas espingardas de caça e de competição
possuem extratores com função de ejetor e expelem os cartuchos para
trás no momento da abertura da arma (armas de cano basculante).

– Apresentação (somente armas dotadas de dispositivo


carregador): ao recuar, o ferrolho abre espaço para que um cartucho
se apresente. Esta operação é diferente para cada tipo de carregador,

72
Manual de Armamento Convencional

mas sempre se define com a interposição de um cartucho no caminho


do ferrolho para que seja conduzido à câmara quando este avançar.
Carregadores tipo cofre e depósito fixo promovem a apresentação,
empurrando os cartuchos para baixo, para cima ou para os lados,
dependendo do tipo de arma, mas sempre sob a ação de uma mola
e de um transportador23 localizados no seu interior. A apresentação
em carregadores tubulares caracteriza-se com a saída da munição do
tubo e sua elevação por transportador independente. No caso de fitas
metálicas, estas são deslocadas por impulsores a cada disparo.

– Limite de recuo (armas de repetição ou por ação de gases,


dotadas de ferrolho móvel): depois da apresentação, o movimento do
ferrolho ou conjunto similar prossegue até que seja barrado pela parte
posterior da armação ou pelo bloqueio do acionamento manual, o que
define seu limite de movimento à retaguarda.

– Ação da mola recuperadora (armas automáticas ou semi-


automáticas): após cessado o recuo das peças móveis, é caracterizada
pelo impulso desse conjunto na direção do cano.

– Introdução (todas as armas): é o deslocamento, à frente, do


cartucho apresentado na direção do interior da câmara, passando ou
não por rampas de acesso, de forma manual ou mecânica.

– Carregamento (todas as armas): nas armas de retrocarga, é


a introdução completa do cartucho na câmara. Nas armas de antecarga,
é a introdução do propelente, da bucha e do projétil no interior do cano
da arma, e a colocação da espoleta ou outro dispositivo de iniciação
em seu alojamento. Nas armas de carregamento misto, é a colocação
da munição na boca do cano ou dispositivo similar bocal próprio e do
cartucho de lançamento na câmara.

– Fechamento (armas de retrocarga para fogo circular ou


fogo central): é caracterizado de três formas – nas armas dotadas de
ferrolho, pelo momento em que a face do ferrolho, por onde aflora
o percussor, entra em contato com a câmara; nas armas de cano
basculante, no momento em que a arma é fechada; nas armas dotadas
de tambor, no momento em que a face de obturação, por onde aflora o
percussor, entra em contato com a parte posterior de uma das câmaras.

23 Transportador: estrutura do carregador que apoia, conduz e orienta os cartuchos em seu interior.

73
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– Trancamento (armas dotadas de ferrolho e sistema de


trancamento): o trancamento se completa no momento em que o
ferrolho, através de estruturas próprias e/ou peças complementares
se engraza no cano, na antecâmara ou na caixa da culatra da arma. O
trancamento, nas armas que operam pela ação de gases, possui a função
de reduzir a força de seu recuo. Nas armas de repetição, o trancamento
serve para manter o sistema à frente no momento do disparo.

Com base nas operações de funcionamento, as armas de fogo são


classificadas da seguinte forma:

a) Arma singular ou de tiro unitário

As armas desse tipo executam, mecanicamente, somente o


desengatilhamento e, em alguns casos, o engatilhamento. O carregamento,
o descarregamento e, na maioria dos casos, o engatilhamento, são feitos
manualmente.

As armas classificadas como singular podem ser:

– simples ou de tiro simples: possui somente um cano e


comporta apenas uma carga por vez, colocada e retirada da câmara com
o auxílio das mãos. Para um novo disparo, deve ser aberta e recarregada.
Exemplo: lançadores Tru Flite e Condor AM600 em calibres 37.1, 38.1 e
40 mm, para munições não letais (Figura 11) e lançadores M203 e M79,
no calibre 40 mm, para granadas explosivas;

FIGURA 11 – Lançador AM600.

– múltipla ou de tiro múltiplo: possui dois ou três canos


paralelos e/ou sobrepostos e comporta até três cargas, colocadas e
retiradas das câmaras com o auxílio das mãos. O mecanismo de disparo
pode ser independente (um cão e um gatilho para cada cano) ou semi-

74
Manual de Armamento Convencional

independente para cada câmara (somente um gatilho, um cão e dois


percussores). Ex: escopeta cal 12, espingardas de caça e tiro esportivo
– Browning Cinergy Classic Field Grade III.

b) De repetição: executa todas as operações de funcionamento


de forma mecânica, através da ação muscular do operador. Comporta
vários cartuchos, os quais são carregados, extraídos e ejetados com a
repetição de uma ação manual para cada disparo. Ex.: revólver, carabina
Puma .38.

c) Semi-automática: aproveitando da ação dos gases


produzidos após o disparo, realiza automaticamente todas as operações
de funcionamento da arma, com exceção do disparo, para o qual se deve
acionar o gatilho para cada um. Ex.: pistolas, fuzis, carabinas e espingardas.
Curiosidade à parte, a espingarda Beretta UGB25 Xcel Gol Trap (Figura 12)
é uma novidade em arma semi-automática: possui um cano basculante,
carregamento manual do primeiro cartucho e um depósito localizado à
direita do cano. O recuo da arma promove o reengatilhamento e o segundo
carregamento que é semi-automático. Ex.: Beretta UGB25 Xcel Gold Trap.

FIGURA 12 – Espingarda Beretta UGB25 Xcel Gold Trap calibre 12.


(em detalhe o segundo cartucho em seu depósito).

d) Automática: aproveitando a ação dos gases decorrentes


de cada disparo, realiza automaticamente todas as operações de
funcionamento da arma, inclusive o disparo, até que o gatilho seja
liberado. Ex.: fuzis automáticos e submetralhadoras.

4.2.10 Quanto ao princípio de funcionamento

a) Ação muscular do atirador: todas as operações de

75
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

funcionamento da arma dependem da força do atirador operador para


cada disparo. Ex.: revólver, carabina Puma, espingarda CBC, modelo 586.

b) Ação de gases: as operações de funcionamento da arma


decorrem do aproveitamento dos gases provenientes da queima do
propelente contido no cartucho, que são responsáveis por movimentar
todo o mecanismo. Dentro dessa classificação, as armas subdividem-se
em automáticas e semi-automáticas, e podem funcionar da seguinte
forma:

– ação direta dos gases sobre ferrolho;

– ação indireta dos gases, com tomada em um ponto do


cano e transferência por êmbolo ou por tubo condutor;

– recuo do cano (curto ou longo): um dispositivo de


trancamento conecta o cano ao ferrolho ou culatra. A desconexão, ou
destrancamento, só irá ocorrer após a pressão dos gases ter descido
a níveis seguros e suportáveis pelo atirador. Possui duas variações de
construção: longo recuo do cano e curto recuo do cano. É utilizado em
armas de maior potência, ou seja, que utilizam munições com cargas
de projeção mais poderosas, sendo uma das formas que os inventores
encontraram para amenizar os efeitos da pressão dos gases de munições
poderosas sobre o mecanismo da arma e, consequentemente, contra o
atirador. Ex.: metralhadora Madsen M 1902 – Dinamarca (longo recuo).
Metralhadora MG 3A – Alemanha (curto recuo). Pistolas Imbel MD5 e
Taurus PT 92 E PT 100 (curto recuo).

A Figura 13, na página seguinte, resume a classificação geral do


armamento leve.

76
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 13 – Classificação geral das armas de fogo.

77
CAPÍTULO 5

SISTEMAS DE
FUNCIONAMENTO DAS
ARMAS DE FOGO
Manual de Armamento Convencional

5 SISTEMAS DE FUNCIONAMENTO DAS ARMAS DE FOGO

O sistema de funcionamento de uma arma é a característica mais


notável, diferenciadora e que lhe confere uma identidade. Esses
sistemas pressupõem um conjunto de peças, dispostas de tal forma que
permitem carregar a arma, disparar, extrair e ejetar o estojo de forma
manual, por repetição ou automaticamente.

Muitas vezes, o sistema de funcionamento de uma arma é conhecido


pelo nome do seu inventor, como por exemplo: sistema Mauser,
Flobert, entre outros, ou pelo nome da peça mais importante para o
seu funcionamento, tal como, ferrolho ou tambor, ou pela sua forma de
funcionamento, que pode ser por bomba, alavanca, ou outra. O sistema
de uma arma está diretamente relacionado com o princípio de seu
funcionamento.

A seguir, os sistemas mais usados até hoje, são divididos com base em
seu princípio de funcionamento:

5.1 Pelo princípio da ação muscular do operador ou atirador (armas


de tiro singular e de repetição)

5.1.1 Sistema de fecho: é o mais antigo já conhecido. Foi aperfeiçoado


entre a segunda metade do século XVI e a segunda metade do século
XIX. Esse sistema era inerente às armas que possuíam dois elementos
principais: o cano, que continha o projétil e a carga de projeção, e o
fecho, mecanismo destinado a transmitir o fogo à carga de projeção.
Podem ser citados, como exemplos, o sistema de mecha, o fecho de
pederneira (Figura 14), o fecho de miquelete e o fecho de roda, todos
obsoletos.

81
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 14 – Fecho de pederneira.

5.1.2 Sistema de culatra reversível: consiste em uma chapa recortada,


que gira perpendicularmente ao eixo do cano, encaixando em uma
fenda existente na armação. Essa chapa, que é a culatra, é responsável
pela obturação da câmara no momento do disparo. Logicamente, esse
sistema somente é adequado para as armas que utilizam cartuchos de
pequena potência. Como exemplo, cita-se a pistola Flaubert calibre. 22
Cycliste, que é uma arma curta, de tiro simples (Figura 15).

FIGURA 15 – Pistola Flaubert Cyclist .22.

82
Manual de Armamento Convencional

5.1.3 Sistema de corrediça: uma alavanca articulada à extremidade


posterior da armação, quando acionada em movimento para baixo e
para frente, desloca o cano, ou no caso de garruchas de dois canos, o
bloco dos canos. Nesse momento, dá-se a abertura da arma e a extração
dos estojos deflagrados. Essa alavanca serve também de guarda-mato,
ou seja, o fechamento e o trancamento acontecem quando a alavanca é
levada à retaguarda. Ex.: alguns tipos de pistolas e garruchas – armas de
tiro unitário – e o revólver Galand modelo 1868, Figura 16.

FIGURA 16 – Revólver Galand modelo 1868.

5.1.4 Sistema de cano reversível: consiste na abertura da arma através


do cano, que gira horizontalmente, em torno de um eixo existente em
seu suporte, após sua liberação por meio de um retém. Quando o cano
gira, um extrator é automaticamente acionado. Ex.: pistola Derringer
calibre. 41 – armas de tiro unitário simples de fogo central (Figura 17).

FIGURA 17 – Pistola Derringer calibre. 41.

83
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

5.1.5 Sistema de culatra basculante (ação de bloco rolante): a culatra


move-se para trás, girando 90 graus em torno de um eixo perpendicular
ao plano de simetria da arma. Quando a culatra é rebatida para trás,
arrasta consigo um extrator, acionando-o. O trancamento da arma
ocorre por meio de ressaltos existentes nos “cães”, os quais devem ser
engatilhados ou colocados na posição de segurança para permitir a
abertura da culatra. Ex.: pistolas e carabinas Remington Rolling Block
(Figura 18).

FIGURA 18 – Vista da culatra e do cão da Carabina Remington Rolling Block 1874

5.1.6 Sistema de cano basculante: consiste em um cano ou bloco de


dois canos geminados, que basculam, ou seja, giram em torno de um
eixo fixado na parte anterior da armação, em um movimento angular, no
plano vertical. Quando o cano gira, aciona automaticamente o extrator.
Ex.: escopeta calibre 12, conforme Figura 19.

84
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 19 – Espingarda de cano basculante.

5.1.7 Sistema de armação rígida: específico para revólveres, caracteriza-


se, principalmente, pelo fato de permitir a extração dos cartuchos, um
a um, pelo extrator do tipo vareta, que penetra na câmara por sua
abertura e expele o estojo pela extremidade oposta. Existem dois tipos
de armação: inteiriça e desmontável. Ex.: Rv Nagant calibre 7,62 mm e Rv
MH (Merwin Hulbert) calibre .38 curtos, Figura 20.

FIGURA 20 – Rv. Nagant calibre 7,62 mm (esquerda)


e Rv MH (Merwin Hulbert) calibre .38 curto (direita).

5.1.8 Sistema de armação basculante: também específico para


revólveres, o sistema de armação basculante consiste, basicamente, em
uma armação que gira no plano vertical em torno de um eixo, o que
permite a extração de todos os cartuchos de uma só vez, por um único
extrator que é acionado quando a armação é basculada. Nesse sistema,
a armação pode girar para cima ou para baixo, dependendo do modelo.
Ex.: Rev. Webley & Scott MKVI calibre 11,5 mm, Figura 21.

85
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 21 – Rv. Webley & Scott MKVI calibre 11,5 mm.

5.1.9 Sistema de tambor reversível: específico para revólveres, a


armação é rígida, porém, o tambor pode ser rebatido lateralmente e os
cartuchos extraídos, ao se pressionar a vareta do extrator que atua sobre
todos os cartuchos simultaneamente. Esse é o sistema mais utilizado
atualmente na fabricação de revólveres. Ex.: Rv Taurus calibre .38 M952.

FIGURA 22 – Taurus calibre .38 M952.

86
Manual de Armamento Convencional

5.1.10 Sistema de cão oculto: também conhecido como “arma mocha”,


consiste em dispor o mecanismo de percussão, dotado de cão, oculto no
interior da arma. Nesse sistema, a percussão pode ser direta ou indireta
e a arma é engatilhada automaticamente ao abrir a culatra. Pode estar
presente em armas de porte e portáteis e, geralmente, é empregado em
espingardas de tiro unitário. Ex.: revólveres (Figura 23), espingarda Royal
Bonanza mod 75 calibre .12 – Riot Gun.

FIGURA 23 – Arma curta “mocha”.

5.1.11 Sistema de ferrolho: as armas que utilizam esse sistema possuem


um ferrolho cilíndrico que se desloca, longitudinalmente, na caixa da
culatra e gira em torno de seu próprio eixo, pelo acionamento manual
de uma alavanca de manejo, que se projeta lateralmente no corpo
do ferrolho. Esse ferrolho possui, ainda, ressaltos que se encaixam em
alojamentos existentes próximos à câmara, permitindo o trancamento
da arma. O mecanismo de percussão é enroscado no interior do cilindro
do ferrolho, e a arma é engatilhada no avanço do ferrolho, ao rebater
a alavanca de manejo. Possui ainda um extrator que retira o estojo da
câmara durante o recuo do ferrolho. É o mais conhecido nos meios civil
e militar, empregado em armas de repetição e nos fuzis militares, como
é o caso do fuzil Mauser calibre 7 mm mod 1908 ou dos rifles de caça ou
sniper, bolt action (Figura 24).

87
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 24 – Carabina com sistema de ferrolho (“bolt action”).

5.1.12 Sistema de alavanca: tem como característica principal um


guarda-mato que atua como alavanca. Ao levar a alavanca à frente,
essa gira em torno de um eixo, descrevendo um arco de circunferência,
fazendo a abertura da culatra. Com a abertura da arma, a culatra móvel
desliza para trás, extrai e ejeta o estojo. Sua culatra engatilha o cão no
movimento à retaguarda e, ao mesmo tempo, o transportador sobe
com um cartucho procedente do carregador tubular existente abaixo
do cano, até alinhá-lo com a câmara. Ao trazer a alavanca à retaguarda,
a culatra empurra o cartucho, introduzindo-o na câmara. A arma estará,
então, pronta para o disparo e para iniciar um novo ciclo. Esse sistema,
também conhecido como “lever action” em inglês, tornou famosas as
carabinas Winchester (Figura 25), mundialmente conhecidas. A PMMG
adotou a carabina PUMA calibre .38, que utiliza esse sistema.

FIGURA 25 – Rifle Winchester com sistema de alavanca.

5.1.13 Sistema de bomba: também conhecido como “ação de bomba”,


“trombone”, “corrediça” ou “deslizante”, foi inventado pelos norte-
americanos, que a chamam de “pump-action” ou “slide action”. Consiste
em um ferrolho corrediço interno, colocado na parte posterior do cano.
Sob o cano, e alinhado com a bomba, existe um carregador tubular
com capacidade para vários cartuchos. O funcionamento consiste em
aproveitar o movimento longitudinal do ferrolho corrediço para efetuar
as operações que antecedem e sucedem o disparo. Esse sistema foi
inventado para dar maior velocidade ao disparo e supera, neste quesito,
outros sistemas de repetição, como o de ferrolho e o de alavanca. É muito
empregado na fabricação de espingardas e carabinas. Atualmente,
forças policiais do mundo inteiro utilizam espingardas com esse sistema.
A PMMG possui a espingarda CBC calibre 12 (Figura 26).

88
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 26 – Espingarda com sistema de bomba.

5.2 Pelo princípio da ação dos gases

Esses sistemas caracterizam-se pelo aproveitamento dos gases


decorrentes da combustão da pólvora nas operações de funcionamento.

5.2.1 Ação direta dos gases sobre o ferrolho (blowback)

Usado em armas automáticas e semi-automáticas, nesse sistema os


gases atuam diretamente sobre o estojo da munição para movimentar
o ferrolho, mas a arma não é dotada de sistema de trancamento. O
ferrolho é livre de engrazamentos24, mas, durante o disparo, deve ser
mantido à frente até que o projétil tenha saído pela boca do cano. Para
isso, um conjunto de fatores e estruturas deve ser dimensionado a fim
de conter o recuo do ferrolho, até que a pressão de gases esteja em
níveis seguros para que saia da inércia: a força da mola recuperadora, a
dilatação do estojo, a massa do ferrolho, a mola principal do cão, martelo
ou percussor, ou algum tipo de retém instalado com esse fim específico.

O sistema é adequado, a princípio, para armas que utilizam cartuchos


menos potentes. Mesmo assim, sua adoção depende, ainda, de algumas
variáveis. Algumas pistolas .380 ACP, por exemplo, normalmente
fabricadas em sistema blowback, quando dotadas de cano muito curto,
são construídas para operarem com algum sistema de trancamento, na
maioria das vezes, “curto recuo do cano”.

Após o disparo, a força dos gases faz com que o estojo do cartucho seja
impulsionado para trás, empurrando o ferrolho no qual se acha montado
um extrator. Durante esse recuo, o estojo é extraído e ejetado, e a arma,
reengatilhada. Ao final dessa fase (recuo das peças móveis), a mola
recuperadora é comprimida ao máximo e marca o início da fase seguinte
(avanço das peças móveis). A mola recuperadora, então, se distende e
obriga o ferrolho a retornar à sua posição de contato com a câmara, levando
consigo um novo cartucho, deixando-o em condições de iniciar novo ciclo.

24 Engrazamentos: estruturas ou peças que impelem o ferrolho se encaixar no cano ou na culatra


de uma arma, promovendo a ação de trancamento.

89
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Cabe ressaltar que algumas armas que utilizam este sistema operam
com a culatra aberta e o carregamento se dá de forma simultânea
com o disparo, após acionamento do gatilho, como no caso das
submetralhadoras Taurus MT 12 e MT12-A. Mas, na maioria das armas
modernas, o carregamento se dá após o avanço total do ferrolho, e o
disparo ocorre de forma independente, como nas carabinas .40 FAMAE,
ou na maioria das pistolas em calibre inferior ao 9 mm, a exemplo da
pistola Imbel .380 ACP MD1.

5.2.2 Ação indireta dos gases com tomada em um ponto do cano

a) com transferência por êmbolo: nesse sistema, o cano da


arma possui, em determinado ponto, um evento (canal de comunicação)
que se comunica com um cilindro de gases, em cujo interior trabalha um
êmbolo. Os gases são desviados por esse canal e movimentam o êmbolo
que impulsiona uma peça intermediária que fará destrancar e deslocar o
ferrolho para a retaguarda. Durante seu movimento de recuo, ocorrem a
extração, a ejeção e o reengatilhamento. Após atingir seu limite de recuo,
a ação de uma mola recuperadora o impulsiona de volta, recarregando,
fechando e trancando a arma, deixando-a em condições de novo disparo.
Ex.: fuzis Imbel 7,62 e 5,56 derivados do FAL Belga, pistola Desert Eagle .50.

FIGURA 27 – Sistema de ação indireta dos gases com tomada


em um ponto do cano do fuziI Imbel 7,62 M964 FAL.

b) com transferência por tubo de gás: nesse sistema, as


operações de funcionamento ocorrem de forma semelhante ao anterior,
entretanto, não possui êmbolo e os gases, desviados por um tubo de gás
localizado acima do cano, agem diretamente na peça que movimenta o
ferrolho na caixa da culatra. Ex.: fuzis M16 ou M4.

90
Manual de Armamento Convencional

5.2.3 Recuo do cano

Divide-se em dois tipos: longo recuo do cano e curto recuo do cano. É


utilizado em armas curtas ou longas, semi-automáticas e automáticas
de culatra aferrolhada, ou seja, o cano se desloca com a culatra após o
disparo. Um dispositivo de trancamento é acionado, sendo desativado
após a pressão dos gases ter descido a níveis seguros.

5.2.3.1 Longo recuo do cano: ocorre quando a dimensão do recuo


do cano é superior ao comprimento do cartucho utilizado na arma. O
destrancamento e a abertura do sistema só se efetuam após o total
recuo do cano e da culatra. Devido à grande massa conjunta de cano
e culatra, é usual utilizar um reforçador de recuo para que se possa
aproveitar a força viva dos gases provenientes da queima do propelente.
O reforçador de recuo consiste, basicamente, numa peça que faz uma
recompressão dos gases expandidos à boca do cano, depois de já terem
deixado a alma do cano, de modo que possa tirar proveito de uma força
extra dos gases. Um modelo desse sistema de funcionamento é o da
metralhadora Santa Bárbara LAG-40 SB-M1 de 40 mm (Figura 28).

FIGURA 28 – Operação de longo recuo do cano do lançador de


granadas automático Santa Bárbara LAG 40 SB-M1 40 mm.

5.2.3.2 Curto recuo do cano

Quando a dimensão do recuo do cano é inferior ao comprimento


do cartucho utilizado na arma. Em pistolas semi-automáticas, o
destrancamento e a abertura do sistema ocorre após cerca de 6 mm de
deslocamento do cano e do ferrolho.

91
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Nas polícias, atualmente, encontra-se o sistema de curto recuo em todas


as pistolas de calibre acima de 9 mm Luger, inclusive esse, a saber: as
pistolas Taurus PT92, PT100, PT24/7 e PT640, pistolas Imbel .45 ACP e
.40S&W (Figura 29).

FIGURA 29 – Arma de curto recuo do cano. (pistola Taurus PT 92 AF – 9 mm).

Sequência de funcionamento do curto recuo do cano:

a) após o projétil ter saído pela boca do cano a pressão dos


gases empurra o estojo para a retaguarda, levando consigo o ferrolho
que comprime a mola recuperadora. Nesse estágio, o cano é solidário ao
ferrolho e também recua por um curto espaço;

b) após a pressão ter caído a níveis seguros, o cano é retido em


seu limite de movimento e o ferrolho continua recuando;

c) durante o recuo, o ferrolho continua comprimido a mola


recuperadora, extrai e ejeta o estojo;

d) novo cartucho se apresenta, a mola recuperadora então


impulsiona o ferrolho à frente, iniciando um novo ciclo.

92
CAPÍTULO 6

BALÍSTICA
Manual de Armamento Convencional

6 BALÍSTICA

Balística é o estudo do movimento e do comportamento dos projéteis


dentro e fora das armas de fogo, em razão das forças e dos fatores que
atuam sobre ele, bem como de seus efeitos. É dividida em três fases
distintas: balística interior, balística exterior e balística dos ferimentos
ou dos efeitos.

6.1 Conceito de balística

É o estudo do movimento e do comportamento dos projéteis, dentro e


fora das armas de fogo, em razão das forças e dos fatores que sobre eles
atuam, bem como de seus efeitos.

6.2 O processo do disparo

O cartucho metálico completo é uma evolução não-superada nas armas


de fogo. No presente capítulo será estudado o comportamento da
munição, desde a percussão e o deslocamento do projétil no interior
da arma até o momento em que o projétil encerra seu movimento. É
estudo de suma importância para que se conheça melhor as armas de
fogo, principalmente no tocante às munições utilizadas e seus efeitos.

6.2.1 Conceitos no processo de disparo

Para o entendimento do processo de disparo, é necessário o


estabelecimento de conceitos e o conhecimento das informações
básicas descritas a seguir.

6.2.1.1 Tipos de transformação

A partir de um experimento com a comparação de vários tipos de


explosivo dispostos em extensão, em forma de fio com as mesmas
dimensões, sem nenhuma compressão e excitados ao ar livre, obteve-
se que a velocidade de transformação deles era variável, ou seja, uns se
transformam mais rapidamente do que outros. Dessa forma, diferentes
tipos de transformação foram definidos, o que levou às definições
encontradas no quadro 1.

95
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 1

TRANSFORMAÇÃO DOS EXPLOSIVOS, POR VELOCIDADEs DE QUEIMA

RELAÇÃO ESPAÇO TEMPO METROS/


TIPO DE TRANSFORMAÇÃO
SEGUNDO
Queima (inflamação) De 1 a 90 m/seg.
Deflagração De 1.000 a 2.000 m/seg.
Explosão De 2.000 a 4.000 m/seg.
Detonação Acima de 4.000 metros/seg.

Com base nesses dados, os explosivos são classificados, quanto à


velocidade de transformação, em:

a) baixos explosivos (pólvoras): são empregados para cargas


de projeção, artifícios pirotécnicos e, eventualmente, ruptura. Esses
explosivos queimam ou deflagram;

b) altos explosivos (explosivos brisantes ou de ruptura): são


empregados em ruptura, arrebentamento, fragmentação, destruições, e
como iniciadores de explosões. Esses explosivos explodem ou detonam.

6.2.1.2 Encadeamento explosivo

Qualquer munição é composta por elementos essenciais para que


formem o encadeamento explosivo:

a) um iniciador: que produz o jato inicial de chama que irá


inflamar a carga propelente; é geralmente chamado de estopilha ou
espoleta (detonante ou fulminante);

b) um propelente: é a carga inflamável que impulsiona


o projétil devido à pressão dos gases gerados pela sua combustão
(pólvora);

6.3 Balística interior

Estuda o que ocorre desde o momento do disparo até o instante em


que o projétil abandona o cano da arma. Esse estudo se baseia, então,
na quantidade de carga propelente que vai gerar uma determinada
temperatura, volume e pressão dos gases no interior da arma, durante

96
Manual de Armamento Convencional

sua queima. Baseia-se, ainda, no formato da arma, no tamanho de seu


cano, na quantidade, no sentido e dimensões as raias, bem como no
peso e formato dos projéteis. Dependendo da quantidade e do tipo de
pólvora utilizada, deve se levar em conta, no desenvolvimento de uma
arma, o tipo de material utilizado em sua construção, a fim de evitar
danos indesejáveis.

Etapas do processo de disparo

A sequência do processo de disparo é descrita a seguir em sete etapas,


também representadas na Figura 30.

a) Percussão: com o cartucho perfeitamente ajustado na


câmara (que deverá estar completamente obstruída), pressiona-se o
gatilho que irá liberar o mecanismo de percussão, de tal forma que o
percussor incida sobre a espoleta ou cápsula, iniciando a detonação;

b) Detonação: quando o percussor golpeia a espoleta, a


matéria detonante é violentamente comprimida, produzindo uma
potente chama, que é transmitida ao propelente (carga de pólvora)
através de um ou mais orifícios existentes no cartucho. Esses furos, que
fazem a ligação do alojamento da espoleta ao receptáculo da pólvora
(câmara do estojo), são denominados eventos;

c) Início da queima do propelente: quando a espoleta


é detonada, lança para o interior do estojo uma chama que deve ser
potente o suficiente para envolver toda a pólvora contida em seu
interior, sob pena de queima ineficiente e retardo no disparo. A pólvora
contida em um cartucho de munição não explode, queima;

d) Início do movimento do projétil: na medida em que a


pólvora vai sendo queimada, é transformada em um grande volume de
gases que passa a exercer pressão contra a base do projétil e contra as
paredes e a base do estojo, num sistema de forças que atua em todas
as direções. Como no bloqueio desse sistema, a parte mais fraca é a
região de engaste do projétil no gargalo, a crescente pressão dos gases
provocará seu deslocamento à frente, após dilatação do estojo. Tal
dilatação, decorrente de sua elasticidade material, do calor e da pressão
gerados, além de facilitar o movimento do projétil, possui a função
de selar a câmara para evitar a perda de gases pela culatra e ajudar a
impedir o recuo do estojo antes do momento adequado, principalmente
em armas que funcionam por sistema “blowback”. Parte dos gases

97
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

acompanha o projétil, empurrando-o no sentido contrário – da culatra


para a boca do cano;

e) Voo livre e tomada do raiamento pelo projétil: a pressão


dos gases vence a inércia do projétil, impulsionando-o à frente. Antes
de atingir as raias, o projétil percorre um pequeno trajeto localizado na
parte final e anterior da câmara. Essa porção é denominada espaço de
voo livre, é lisa e possui diâmetro maior do que o do projétil. Após tê-la
ultrapassado com facilidade, encontra-se com o início do raiamento, o
que causa uma ligeira frenagem em seu movimento. Na sequência, a
pressão dos gases continua aumentando gradativamente, forçando-o
contra as estrias e imprimindo-lhe uma rotação em torno de seu eixo
longitudinal, no sentido de evolução das raias;

f ) O projétil adquire velocidade no cano: após a tomada do


raiamento, a pressão continua em uma crescente vertiginosa até chegar
ao seu pico (ponto máximo), exatamente no momento em que o projétil
já percorreu a parte inicial do cano (cerca de um quinto) e adquiriu
aceleração. A partir daí, na medida em que o espaço deixado por ele
aumenta, a pressão vai caindo gradativamente. Embora ocorra essa
queda na pressão dos gases, seus efeitos não cessam, uma vez que parte
da pólvora ainda continua queimando, acompanhando o projétil em
sua trajetória pelo cano, imprimindo-lhe mais velocidade. No processo
de disparo, a queima da pólvora ocorre em fases, diferentes e sucessivas.

98
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 30 – Representação das etapas do processo de disparo.

g) O projétil abandona o cano: próximo do final de sua


trajetória no interior do cano, o projétil recebe um pequeno e último
incremento de aceleração. Alcança sua velocidade máxima ao atingir a
boca do cano, por onde sai acompanhado de um estampido e de uma
labareda de fogo provocada por partículas ainda em combustão. Com
a saída do projétil, a pressão cai bruscamente, permitindo que o estojo
recupere, em parte, suas dimensões originais, o que irá permitir sua
extração. Após o disparo, ocorre o recuo da arma no sentido contrário
ao deslocamento do projétil.

99
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Com o projétil já fora do cano, a pressão exercida para trás sobre a


parte anterior da culatra deverá dar origem ao retrocesso dos mecanismos
da arma, dependendo do seu sistema de funcionamento, a saber:

– se possui um ferrolho que trabalha trancado, com acionamento


através de êmbolo ou tubo, e impulsor, não se moverá, até que os gases
atinjam o ponto de captação próximo à boca do cano e movimentem o
impulsor (ação indireta dos gases com tomada em um ponto do cano);

– se possui acionamento direto do ferrolho, sem êmbolo, o próprio


estojo inicia a abertura da culatra (ex.: blowback e curto recuo do cano);

– se possui culatra trancada manualmente ou tambor (armas


de repetição e de tiro singular), não haverá sistema recuante, sendo
todo o movimento transferido para a arma e absorvido pelo atirador.

Em todos os casos, portanto, durante o deslocamento do projétil no


interior do cano, o sistema de forças deverá estar em equilíbrio, de modo
que a arma não se movimente, ou se movimente o mínimo possível para
não afetar a precisão. Como regra geral, o recuo das armas de fogo e
de suas peças móveis só pode se iniciar após a saída do projétil pela
boca do cano, e devem, por construção, serem dimensionadas para tal.
Entretanto, há armas projetadas e construídas sem a observação desses
critérios. Em um processo de seleção e aquisição, devem ser rejeitadas.

6.4 Balística exterior

Estuda o comportamento do projétil durante a sua trajetória, desde o


momento em que abandona o cano até alcançar o alvo. Neste estudo,
entra a aerodinâmica, que se ocupa em avaliar qual é a relação entre
o movimento do projétil e sua velocidade, o formato, bem como a
resitência do ar que o envolve. Além disso, o calibre, o formato, a
massa, a velocidade inicial e a rotação, são fatores determinantes para
a construção e para o desempenho balístico de um projétil. Da simples
análise física do assunto, utilizando energia, pode-se deduzir que a massa
e a velocidade são muito importantes no desempenho de uma arma e
de um projétil, já que a energia cinética de um corpo corresponde à uma
relação entre essas duas variáveis: “EC = ½ m .v²”25. Como a energia a
ser transmitida ao alvo é fruto da transformação da energia cinética, a
maximização desta permitirá um melhor efeito.

25 “EC” é igual a Energia Cinética, “m” é a massa e “v” a velocidade.

100
Manual de Armamento Convencional

6.4.1 Forças que atuam sobre o projétil

Quando o projétil sai do cano da arma após o disparo, sofre a ação de


uma série de forças, dentre elas, a impulsão gerada pela pressão dos
gases, que Ihe imprimiu velocidade e rotação. Em oposição a essas
forças, atuam outras existentes na natureza: gravidade, resistência do
ar (atrito) e ventos (Figura 31). O formato do projétil e seu movimento
de rotação induzido pelas raias servem, justamente, para vencer essas
forças contrárias.

FIGURA 31 – Forças que atuam sobre o projétil.

Quanto à força da gravidade, pode-se afirmar que todo corpo que possui
massa e é solto ou lançado no ar, cairá no solo em algum momento. O
resultado das forças que atuam sobre o projétil em sua trajetória fora
do cano da arma, e antes de atingir seu objetivo, fará com que o projétil
descreva uma trajetória quase parabólica, que será mais, ou menos
tensa, de acordo com uma série de fatores: inclinação do cano da arma
no momento do disparo, velocidade, forma e massa do projétil.

A resistência do ar e a força dos ventos agem, respectivamente, na


desaceleração e no desvio dos projéteis. Tais ações dependem da
intensidade e/ou da direção desses elementos, que ainda são afetadas
pelo formato e pelas velocidades de deslocamento e rotação do projétil.
O tamanho do cano e a disposição do raiamento podem melhorar o
desempenho da munição, pois influenciam diretamente nas velocidades
imprimidas ao projétil. Entretanto, variações dessa natureza podem
exigir a utilização de pólvoras com tempos de queima diferentes. A
única certeza é de que, quanto mais aerodinâmico for seu formato e
maior velocidade de rotação for induzida no projétil, mais facilmente
ele reduzirá a ação dessas forças. O desempenho de cada tipo de arma e
munição é afetado de maneira diferenciada pelas forças citadas.

101
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

6.4.2 Desenvolvimento de projéteis

Um dos motivos de controvérsia do passado estava relacionado


com a trajetória dos projéteis. Antes de Galileu, acreditava-se que a
trajetória descrita por um projétil era retilínea, porém Galileu e Newton
demonstraram que a trajetória de qualquer corpo sob a ação da
gravidade era parabólica. Assim, como qualquer corpo que tem massa,
os projéteis sofrem a ação da gravidade, o que leva a concluir pelo
seguinte: quanto maior a distância do alvo, maior será a curva produzida
pelo projétil em sua trajetória.

Nos últimos anos, os estudos da balística têm obtido grandes êxitos, já


que o desenvolvimento de fotografias de alta velocidade, e o surgimento
e desenvolvimento do estroboscópio26 (Figura 32), têm permitido o
estudo aprofundado da movimentação de projéteis. Tais estudos são
feitos através da inclusão dos dados em supercomputadores, o que
permite a otimização de armas e projéteis.

FIGURA 32 – Estroboscópio.

Outro equipamento muito utilizado para se medir a velocidade do


projétil é o cronógrafo (Figura 33) . Nele existem dois sensores que
captam o momento de passagem entre dois pontos distintos, em
tempos variados, o que permite o cálculo eletrônico final.

26 Consiste num dispositivo ótico que permite estudar e registar o movimento contínuo ou
periódico de elevada velocidade de um corpo, com o objetivo de fazê-lo parecer estacionário.

102
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 33 – Cronógrafo.

Hoje, sabe-se, que a curva produzida por um projétil de arma de fogo na


atmosfera terrestre não chega a constituir uma parábola, em razão da
força de resistência do ar, que reduz, gradativamente, a amplitude dos
movimentos, horizontal e vertical, os quais compõem o deslocamento
do projétil, atuando de forma contrária. Essa força é função das seguintes
variáveis:

a) Densidade do ar: a densidade do ar depende da temperatura


e da pressão ambiente. Em locais de menor altitude, o ar é mais denso
e, portanto, oferece mais resistência ao movimento. Ao nível do mar, à
temperatura de 0ºc, a densidade (massa específica) do ar é de 1,3 kg/mᶟ;

b) Coeficiente aerodinâmico do corpo: obtido somente em


testes de laboratório, é uma grandeza adimensional (sem unidade) que
depende da forma do corpo. Quanto maior o coeficiente aerodinâmico,
maior será força de resistência do ar;

c) Área do objeto voltada para o movimento: a força com


que o ar atua contra o movimento é diretamente proporcional à área do

103
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

objeto voltada para direção e o sentido esse movimento. Quanto maior


for essa área, maior a força de resistência do ar;

d) Velocidade relativa do corpo em relação ao ar: a força de


resistência do ar é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade
relativa do corpo em relação ao ar. Desta forma, quanto maior a
velocidade do corpo, maior será a força de resistência.

Esse conhecimento é importante para o desenvolvimento de projéteis


que tenham melhor desempenho balístico exterior, com trajetórias mais
homogêneas e mais favoravelmente tensas, aumentando sua precisão.

6.4.3 Elementos da trajetória

Essa série de elementos teóricos serve para o estudo mais aprofundado


da balística exterior. Para melhor entendimento, deve ser consultada a
Figura 34.

FIGURA 34 – Elementos da trajetória.


Fonte: Adaptado de Flores, Gomes e Oliveira, 2001.

a) linha de tiro (LT): é a reta determinada pelo prolongamento


indefinido do eixo do cano da arma;

b) ângulo de tiro (AT): é o ângulo que a linha de tiro faz com


a horizontal;

104
Manual de Armamento Convencional

c) linha de mira (LM): é a linha reta imaginária que parte da


alça de mira até a massa de mira da arma;

d) linha de visada (LV): é a linha de mira prolongada até o


alvo;

e)ângulo de mira (B): é o ângulo compreendido entre a linha


de visada e a linha de tiro;

f ) flecha (F): é a ordenada máxima (altura) da trajetória;

g) ponto de queda (PQ): é o ponto em que a trajetória


parabólica (curva) corta a linha de visada em seu ramo descendente;

h) ângulo de queda (C): é o ângulo que a trajetória faz, com a


linha de visada no ponto de queda. É determinado pela linha de visada
e pela tangente à trajetória, nesse ponto;

i) ponto de chegada (PC): é o ponto em que o projétil encontra


o solo. Pode situar-se antes ou depois do ponto em que a trajetória
intercepta o plano horizontal;

j) ângulo de chegada (D): é o ângulo determinado pelo


declive do solo e pela tangente à trajetória, no ponto de chegada. Ponto
de queda;

k) alcance efetivo (AE): é a distância compreendida entre a


boca da arma e o ponto onde a munição ainda é capaz de produzir os
efeitos traumáticos desejados para o tiro de defesa.

l) alcance real (AR): é a distância compreendida entre a boca


da arma e o ponto de chegada.

6.4.4 Alcances dos projéteis

Realizado o disparo, o projétil se desloca pelo ar até o momento em que


encontra um alvo ou até que, pela ação da resistência do ar e da força
da gravidade, perca sua força propulsora e caia no solo. A essa distância
percorrida, dá-se o nome de “alcance” do disparo.

O alcance de cada disparo, mesmo que de calibres iguais, nunca será


idêntico, uma vez que sempre estará permeado por uma série de
variáveis: condições da arma (tamanho de cano, número de raias, sentido

105
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

do raiamento), condições da munição, clima e condições atmosféricas


(temperatura, umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento e
precipitação pluviométrica); variáveis estas que interferem no alcance
do projétil.

Munições idênticas, disparadas de armas com canos de diferentes


dimensões, atingirão alcances diferentes. Normalmente, canos com
maiores comprimentos permitem gerar maiores pressões no processo
de queima do propelente, o que se ocorrer, imprimirá maiore velocidade
de deslocamento e frequência de giro ao projétil, permitindo-lhe
melhores condições de vencer a resistência do ar.

Ressalva-se que esse padrão não se trata de uma regra, e depende do


tipo de munição e propelente empregados. O desempenho de pólvoras
de queima rápida, utilizadas em munição para revólveres, é prejudicado
quando o comprimento do cano é maior, o que exige uma pólvora de
queima menos rápida, ou de queima com média velocidade.

Com base nessas informações, e considerando as possibilidades de


emprego de uma arma de fogo, foram estabelecidos os conceitos de
alcance a seguir, que balizam o estudo e a utilização de cada tipo de
munição de acordo com a arma.

a) Alcance máximo

Compreende a maior distância que um projétil pode alcançar


em uma trajetória livre de obstáculos, sobre uma superfície horizontal
e totalmente plana. É medido da boca do cano da arma até o ponto
onde toca o solo, quando encerra seu movimento. Para tanto, deve ser
lançado em ângulo oblíquo específico, o qual varia de acordo com a
arma e a munição utilizadas, e com as condições atmosféricas.

A título de exemplo, nas condições normais de temperatura


e pressão, com a presença do coeficiente de resistência do ar, para
que atinjam seu alcance máximo, alguns projéteis de alta energia são
disparados em ângulos de, aproximadamente, 30º. Diferentemente dos
ensaios em vácuo, onde o ângulo de 45º sempre leva a um lançamento
mais distante.

b) Alcance útil ou alcance efetivo

É a distância máxima atingida por um projétil onde, ainda,

106
Manual de Armamento Convencional

possa causar traumas incapacitantes e deixar fora de ação uma pessoa


adulta.

Também pode ser conceituado, fisicamente, como a distância


atingida pelo projétil onde possua energia equivalente a 13,6 kgm,
mínimo suficiente para provocar traumas incapacitantes em uma pessoa
adulta.

c) Alcance de utilização ou alcance com precisão

É o alcance máximo onde um atirador experiente é capaz de


atingir, com aceitável grau de acerto, um objeto ou alvo quadrado com
30 cm de lado. Tais medidas correspondem à área onde se situam os
principais órgãos vitais num tórax humano.

A determinação dos alcances conceituados acima pressupõe a realização


do tiro em condições ideais de temperatura, clima, preparo técnico
e psicológico, tempo, conforto, dentre outras. Quando necessário
empregar uma arma de fogo em defesa pessoal, o operador encontrar-
se á em condições críticas que afetarão a execução do tiro. Desta forma,
surge o conceito do alcance prático.

d) Alcance prático

Distância máxima em que um atirador, com experiência


mediana, consegue atingir um objeto ou alvo quadrado com 30 cm de
lado em situações de combate ou defesa, efetuando um tiro preciso,
obtendo os efeitos desejados.

Também pode ser conceituado como a distância máxima em


que o atirador, com experiência mediana, pode empregar uma arma
de fogo, com possibilidade de efetuar um tiro preciso e com os efeitos
desejados em situações de combate ou defesa.

107
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 2
ALCANCE PRÁTICO DE ALGUMAS ARMAS DE FOGO

ARMA CALIBRE DISTÂNCIA (m)


Revólver .38 20 m
SMtr MT 12 e MT12A 9 mm 15 m (raj.) e 35 m (interm.)
SMtr MT. 40 .40 05 m (raj.) e 35 m (interm.)
Carabina Puma .38 50 m
Carabina CT. 40 .40 50 m
Escopeta 12 10 m
Espingarda Cal 12 12 30 m (SG/BI*)
Pistola PT 92 9 mm 25 m
Pistola GC MD5 .40 .40 20 m
FUZIL 7,62 mm 50 m
FUZIL 5,56 mm 50 m
* Super Grosso e Bala Ideal

6.5 Balística dos ferimentos


Também conhecida como“balística dos efeitos”, estuda o comportamento
do projétil, a partir do instante em que atinge um corpo até quando se
detém, buscando analisar os efeitos produzidos.
No momento em que se choca contra um corpo, o projétil transfere
energia mecânica na forma de calor e deformação. Essa transferência
de energia varia de acordo com cada tipo de munição, a distância até
o alvo, e o tamanho, peso, velocidade e formato do projétil, além do
tipo de deformação e desvio que ele sofre com o impacto. Esse choque
provoca a perfuração dos tecidos corporais, concomitantemente com
a propagação de ondas expansivas que induzem um fenômeno de
cavitação (formação de uma cavidade), que recua, tão logo os tecidos
atinjam seu limite elástico. Assemelha-se a um peso sendo jogado contra
a superfície da água: ondas se formam a partir dos pontos de ruptura e
em toda sua extensão e se deslocam para as extremidades, conduzindo
substância de dentro para fora, formando uma bolha. Quando atinge seu
limite de tensão, a substância retorna na direção do ponto de ruptura,
fechando a bolha ou cavidade.

108
Manual de Armamento Convencional

Os efeitos de maior importância produzidos são caracterizados pelos


tipos de cavidades provocadas pelos projéteis:

– Cavidade permanente é a perfuração causada pela trajetória


do projétil no corpo, no segmento onde houve a ruptura de tecidos, ou
seja, é o ferimento de passagem.

– Cavidade temporária é causada pelo deslocamento do


tecido corporal, de dentro para fora, formando uma bolha no caminho
de ruptura do projétil pelo interior do corpo. Ocorre em função das
ondas geradas pelo impacto do projétil e, rapidamente, após cessar a
energia do choque, se fecha.

Esses efeitos são proporcionais às características da munição e são a base


dos estudos sobre as possibilidades de incapacitação de um projétil de
arma de fogo, orientando a longa busca pela efetividade balística.

6.5.1 Efetividade balística

6.5.1.1 Origem histórica

A questão da necessidade de se buscar munições que induzissem uma


efetiva incapacitação no oponente tem origem em dois fatos históricos,
que remontam ao século XIX e início do século XX: as batalhas pela
independência das Filipinas contra o exército norte-americano e as
revoltas indianas contra a colonização britânica.

Tanto os norte-americanos como os britânicos enfrentaram problemas com os


calibres regulamentares utilizados por seus combatentes, que se mostraram
ineficientes para tirar de ação oponentes extremamente vigorosos, rústicos e
de grande compleição física. Mesmo atingidos por vários disparos, até mesmo
em órgãos vitais, esses guerreiros continuavam em ação.

Experimentos, buscando munições e projéteis com melhores


possibilidades de parar um agressor, deram origem ao calibre .45
ACP, desenvolvido pelos norte-americanos, e aos projéteis criados no
arsenal britânico de Dum-Dum27 (Figura 35), cidade próxima à Calcutá,
na Índia. Esses estudos deram origem à fabricação de munições, em
tese, com maior capacidade de parar um agressor. A munição .45 ACP
27 O termo “bala dum-dum” é, nos dias de hoje, usado por leigos para se referirem a um tipo de
munição produzida comercialmente, até mesmo explosiva, o que não é uma verdade. Trata-se
apenas de um conceito, de origem histórica, usado para se referir às munições que se deformam,
achatam ou expandem, tratadas, tecnicamente, como expansivas.

109
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

buscava efetividade em projéteis de grande massa, disparados com


baixas velocidades. Com relação à munição de Dum-Dum, os resultados
iniciais, segundo consta, não foram satisfatórios, mas sua evolução
levou ao conceito de projéteis que se deformam, aumentando a área de
sua seção anterior, dos quais se esperava elevar, consideravelmente, a
amplitude do trauma, hoje conhecidos por expansivos.

Figura 35: Ilustração de primitivos projéteis desenvolvidos no arsenal de Dum-Dum.

Fonte: http://www.geocities.ws/poderdeparada/008.html

Essa busca por munições com melhor efetividade balística redundou em


estudos sobre os mecanismos da incapacitação imediata e no conceito
de “poder de parada”.

6.5.1.2 Poder de parada

O conceito de “poder de parada” (em inglês, stopping power), criado no


início do século XX para indicar a capacidade intrínseca das munições
de incapacitar um oponente, relaciona-se com o emprego de armas
leves e surgiu da necessidade de se obter delas um desempenho tal que
permitisse cessar a ação agressora de uma pessoa adulta, com o mínimo
de disparos, se possível, apenas um.

Por poder de parada, entende-se como o potencial, presente em um


projétil disparado por arma de fogo, de parar um agressor, neutralizando
totalmente sua ação através de sua incapacitação imediata, mesmo que
momentânea, sem que a morte seja requisito para essa incapacitação.
Tal capacidade não pode ser tratada de forma absoluta e, tampouco, é
mensurável, pois depende de uma série de fatores, além da munição em
si.

110
Manual de Armamento Convencional

Várias tentativas têm sido feitas no sentido de quantificar, matemática e/


ou fisicamente, o poder de parada das munições. Apesar de consideradas,
por especialistas, como incompletas, inconclusivas e não provadas,
algumas ainda são aceitas por autoridades ou organismos policiais. A
seguir, um interessante retrospecto sobre essas tentativas.

Em 1903, ensaios realizados pelo Major médico Louis LaGarde e pelo


Capitão John Thompson (Comissão “Thompson-LaGarde” – Exército dos
Estados Unidos), utilizando-se, em um primeiro momento, de cadáveres
e, depois, animais vivos de grande porte, influenciaram a escolha do
calibre .45 ACP pelo Exército norte-americano. No final dos anos 20,
o General Julian S. Hatcher, com base nos experimentos “Thompson-
LaGarde”, criou uma fórmula para calcular o que chamou de Relative
Stopping Power28 (RSP), que usava variáveis de energia, área da seção
transversal e formato do projétil. Tal fórmula confirmava conclusões
anteriores de que projéteis mais pesados e lentos, como o .45, eram
mais efetivos do que os mais velozes e mais leves.

De 1972 a 1975, através de pesquisas balísticas patrocinadas pelo


L.E.A.A.29, foi desenvolvida a fórmula para um suposto “RII” (Relative
Incapacitation Index30), baseado na amplitude de expansão das
cavidades temporárias, medidas em disparos efetuados em gelatina
balística. Segundo conclusões dessa pesquisa, uma cavidade temporária
maior indicava, ao contrário do que pensavam Thompson, LaGarde e
Hatcher, que munições expansivas, leves e com boa velocidade seriam
mais efetivas na incapacitação, superestimando, assim, a influência da
cavidade temporária, em detrimento da profundidade de penetração
dos projéteis. O “RII” se estabeleceu como referência até 1987, quando,
por ocasião do Seminário sobre Ferimentos Balísticos, promovido pelo
FBI, deixou em voga o coronel médico Martin Fackler, diretor do L.A.I.R.31.

Com base em suas pesquisas, Fackler vem colocar por terra tanto o “RSP”
de Thompson e LaGarde, quanto o “RII” de Hatcher. Seu relatório de
pesquisa, “What’s Wrong With the Wound Ballistics Literature, and Why.”32,
28 Poder de Parada Relativo
29 L.E.A.A. - Law Enforcement Assistance Administration do Departamento de Justiça dos Estados
Unidos (Gerência de Assessoria para as Atividades de Aplicação da Lei).
30 Tradução: Índice Relativo de Incapacitação.
31 L.A.I.R. - Letterman Army Institute of Research (Instituto Letterman de Pesquisas do Exército dos
Estados Unidos).
32 Tradução: “O que há de errado na literatura sobre a balística dos ferimentos, e por que”.

111
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

provou, cientificamente, não existirem indicadores de que a cavidade


temporária tivesse alguma relação com a incapacitação humana. E, indo
além, mostrou que os projéteis, para que detenham melhor possibilidade
de incapacitação, devem ser pesados e penetrar profundamente no
corpo. Atualmente, ainda é a teoria com melhor aceitação nos meios
especializados.

Na sequência desses acontecimentos e contradições, e na tentativa


de obter dados mais concretos e concludentes sobre poder de parada
das munições, alguns departamentos de polícia dos Estados Unidos da
América passaram a exigir, em seus relatórios de ocorrência envolvendo
confrontos com armas de fogo, para fins estatísticos, informações
completas sobre as características desses embates: áreas atingidas no
corpo, número de disparos, compleição física do suspeito atingido,
estado mental e psicológico, estado toxicológico, reação depois de
atingido, arma, tipo, marca, calibre e configuração da munição, dentre
outras.
Utilizando a tabulação de dados extraídos desses relatórios e outras
fontes de pesquisa, Evan Marshall e Edwin Sanow, policiais norte-
americanos, criaram tabelas com indicativos percentuais para quantificar
as possibilidades balísticas de vários tipos de munição. Para chegar ao
resultado, contabilizaram a quantidade de casos em que a munição foi
efetiva com um dois disparos, e compararam-na com o total de casos,
estabelecendo um percentual de eficiência. Para tanto, preocuparam-se
em estratificar a amostra, não só por calibres, mas por marca e tipo de
munição, bem como o comprimento do cano da arma com que foram
disparadas. Esses resultados foram apresentados no livro “Handgun
Stopping Power – The Definite Study”33, publicado em 1992.
Mas este que seria, no entender de especialistas e autoridades no
assunto, o quantificador mais preciso do poder de parada, passou a ser
questionado em razão da inconsistência estatística dos dados34 e da
omissão das diversas variáveis que influenciaram no citado stopping
33 Tradução: Poder de Parada das Armas de Porte – O Estudo Definitivo.
34 Para maiores detalhes, consulte:
a) “The Marshall & Sanow ‘Data’ – Statistical Analyis Tells the Ugly Story”, por Duncam MacPherson
(Wound Ballistics Review; 4(2), 1999: 16-21) in http://firearmstactical.com/marshall -sanow-
statistical-analysis.htm.
b) “Discrepancies in the Marshall & Sanow ‘Data Base’: An Evaluation Over Time”, por Maarten van
Maanem (Wound Ballistics Review; 4(2), 1999: 9-13) in http://firearmstactical.com/ marshall-sanow
discrepancies.htm.

112
Manual de Armamento Convencional

power. A ideia central de se obter e analisar dados obtidos em casos


reais é fértil, mas, sem o tratamento científico adequado, passa a ser
inconclusiva e questionável.
Apesar de todas essas tentativas, até o momento não se chegou a
qualquer cálculo científico definitivo para a determinação exata da
quantidade de poder de parada presente em cada tipo de munição.
Fatores intrínsecos ou extrínsecos, particulares de cada ser humano,
dependentes de cada momento de um confronto, influenciam,
sobremaneira, nos efeitos decorrentes do impacto e do percurso do
projétil no corpo: porte físico, rusticidade, resistência à dor, estado
mental, fatores emocionais provocados pela fuga, pelo medo, ou pelo
combate em si, região atingida e a presença de substâncias anestésicas
e narcóticas no sangue. Essas variáveis não podem ser descartadas.

A energia mecânica contida num projétil em movimento, função de


sua massa, velocidade, formato e capacidade de deformação, é um dos
principais fatores que levam ao efeito obtido em um disparo de arma de
fogo contra uma pessoa. A princípio, projéteis mais potentes resumem,
em si, uma maior probabilidade de levar a uma incapacitação imediata.
Mas o que provocará a queda, o mais imediato possível, do oponente,
não é somente a amplitude e/ou a extensão do trauma, fruto do trabalho
mecânico desenvolvido durante o choque do projétil contra o corpo.
Se o tiro não atingir diretamente o tronco cerebral, a incapacitação
dependerá, ainda, da região atingida, da quantidade de disparos e das
condições do agressor.

A única certeza que se tem sobre poder de parada é a experiência


humana na utilização da variedade de munições existentes no mundo.
Sabe-se que determinados calibres possuem melhores possibilidades
incapacitantes do que outros, em razão das suas características. Mas
isso só será confirmado no momento em que a munição for disparada e
atingir o agressor. Munição intacta não possui poder de parada, somente
probabilidades. Assim sendo, nunca se deve afirmar que um calibre é
definitivamente superior a outro.

Para entender as possibilidades de uma munição por ocasião de um


confronto, é importantíssimo que o policial conheça os mecanismos
que envolvem a incapacitação de uma pessoa, quando atingida por
disparos de arma de fogo.

113
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

6.5.1.3 Incapacitação imediata

Um violento confronto, ocorrido em Miami no ano de 1986, definiu os


rumos da busca e do desenvolvimento de munições para as armas de
porte das polícias de todo o mundo, no sentido de serem mais efetivas
contra agressores armados. Esse confronto colocou em destaque os
mecanismos fisiológicos da incapacitação imediata, peça chave do
conhecimento para a criação de calibres que possuam um maior poder
de parada. Exemplos dessa evolução foram os calibres .40 S&W e .357
SIG, desenvolvidos com base nessa necessidade.

De forma resumida, durante esse tiroteio conhecido como “Miami


Shootout”, sete agentes do FBI se confrontaram com dois agressores
armados, sendo que a ação de um deles foi anulada logo no princípio
do embate. Saldo do confronto: os dois agressores foram mortos, mas
deixaram, do lado da lei, dois mortos e cinco feridos. Um dos suspeitos,
que combateu sozinho, recebeu vários disparos de revólver .38 e dois
de pistola 9 mm, inclusive em órgãos vitais e, mesmo assim, continuou
atirando com uma carabina Ruger 5,56, atingindo os agentes. Mesmo
nessa condição, precisou ser atingido por mais alguns disparos para que
tombasse de vez.

Culpando a munição pelo desastre, o FBI promoveu, em 1987, o


Seminário de Ferimentos Balísticos (Wound Ballistic Workshop), com a
participação de vários peritos no assunto. Nesse evento, de toda uma
série de controvérsias a respeito, inclusive que colocaram por terra
a teoria da culpa da munição, em favor da ineficiência das técnicas
empregadas e da falta de treinamento dos agentes do FBI, várias
conclusões foram importantes, principalmente sobre os princípios que
envolvem a incapacitação de uma pessoa, induzida por projéteis de
armas de fogo.

As conclusões extraídas das discussões tratadas nesse seminário são,


até hoje, pelo menos por enquanto, a última instância em termos de
informações sobre incapacitação e poder de parada no mundo. São
descritas a seguir:

a) A incapacitação total e imediata de um indivíduo só é


garantida se o projétil atingir a estrutura do tronco encefálico (choque
neurogênico).

b) Os órgãos de um ser humano só serão comprometidos

114
Manual de Armamento Convencional

se atingidos pelo projétil, ou fragmentos dele; a cavidade temporária


não tem nenhum efeito na destruição de órgãos que não tenham sido
atingidos.

c) Não há certeza de que a cavidade temporária desempenhe


algum papel importante na incapacitação. Em decorrência dessa
incerteza, ainda é recomendado o emprego de projéteis expansivos.

d) A possibilidade de incapacitação de um indivíduo atingido


depende de seu estado físico, emocional, psicológico e mental, e da
presença influente, em maior ou menor grau, de narcóticos, álcool ou
adrenalina no sangue, o que diminui a possibilidade de cessar sua ação
agressora.

e) A perda sanguínea, o que poderá levar ao choque


hipovolêmico, é um dos principais motivos e a causa primária da
incapacitação de uma pessoa, entretanto, nem sempre imediata.

f ) Mesmo quando o coração é atingido, o indivíduo possui


oxigênio no cérebro, o suficiente para que aja voluntariamente por cerca
de até 15 segundos.

g) O fator penetração é o principal componente do projétil


nas possibilidades de incapacitação de uma pessoa e não pode ser
descartado na escolha da munição.

h) Um projétil maior e com boa velocidade causará mais


ruptura nos tecidos, quando comparado com outro de tamanho inferior.

i) A incapacitação depende da região atingida e é proporcional


ao número de disparos.

j) Se o agente confia na arma e na munição, ele tende a atirar


melhor.

As principais consequências do trauma e que podem provocar a


“parada” ou a queda do indivíduo são: a interrupção da transmissão
nervosa essencial (choque neurogênico); a perda sanguínea (choque
hipovolêmico); e as reações cerebrais à dor intensa na região do torso
(síncope vasovagal).

Com base nessas conclusões, o policial deve confiar em sua arma, mas
ter sempre em mente que, na maioria dos casos, apenas um disparo não

115
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

será capaz de derrubar seu oponente. Quando estritamente necessário,


deve atirar até que este não apresente risco à sua vida ou à de terceiros,
ou manter-se devidamente abrigado. Deverá visar à região com
melhores possibilidades conjuntas de acerto e incapacitação: o torso. O
aumento na capacidade de carregadores é baseado neste princípio e no
fato de que, durante o estresse do confronto, a possibilidade de errar os
disparos está sempre presente.

É essencial que um projétil penetre o bastante para que alcance órgãos


vitais, sendo este o fator isolado mais importante na efetividade de
qualquer calibre. A preocupação com a penetração ou a transfixação de
projéteis não deve ser exagerada. Projéteis expansivos não foram criados
para evitar transfixação, mas para ampliar o trauma. O risco gerado pela
transfixação deve ser compensado pela aplicação de técnicas e táticas
policiais que levem o policial a evitar o disparo quando inocentes
estiverem por trás, ou até mesmo, na frente de infratores armados.

6.5.1.4 Conclusões

Além do poder de parada, outros fatores devem ser considerados na


arma que deverá salvar a vida do policial: confiabilidade, qualidade,
alcance prático, capacidade de municiamento, recuo controlável,
possibilidades de disparos múltiplos precisos, rapidez na recarga,
portabilidade e durabilidade.

É certo que nada poderá conduzir à certeza de parar, imediatamente, um


agressor, a não ser um tiro na estrutura do tronco cerebral. O problema
de acertar nesse local é a dificuldade, ou até mesmo impossibilidade, de
ser feito em situação de combate. Por isso, o treinamento do tiro policial
de defesa deve ser orientado para o torso, em razão de suas dimensões,
que oferecem maiores possibilidades de acerto, com boas possibilidades
de incapacitação (choque hipovolêmico e síncope vasovagal).

O torso deve ser atingido com disparos múltiplos e rápidos, uma vez
que os estímulos gerados por traumas múltiplos deverão se somar,
resultando em um efeito maior.

Como visto, a causa primária da incapacitação por um disparo que atinja


o torso é a perda sanguínea. Contudo, uma segunda possibilidade de
parar o oponente com um tiro nessa região relaciona-se com o nervo
vago, que inerva todas as vísceras torácicas e abdominais. Boa parte da
sensibilidade dessas vísceras é conduzida por esse nervo, cujas fibras,

116
Manual de Armamento Convencional

em sua maioria, são sensitivas. A dor intensa, o medo, ou a ansiedade


intensa podem induzir a síncope vasovagal, caracterizada por grande
desaceleração cardíaca e abrupta queda da pressão arterial, o que
diminuirá, temporariamente, o aporte de sangue e oxigênio para o
cérebro, provocando um breve desmaio.

Um disparo que atinja essa região pode provocar uma queda, mesmo
que o oponente não seja mortalmente ferido. Trata-se de uma segunda
possibilidade, mas é importante que o policial saiba que essa transmissão
de informações, sendo neuroquímica, pode ser bloqueada ou enganada
com a presença de narcóticos, álcool ou excesso de adrenalina no
sangue, o que poderá reduzir, ou até mesmo anular, a resposta do nervo
vago, permitindo que o agressor continue em seu ataque.

A região atingida e os múltiplos disparos aumentam a chance de se


obter o tão esperado poder de parada, ou, se desejar, a imediata
incapacitação do oponente armado. O fator mais importante para
aumentar as chances de parar um agressor é a colocação correta do
tiro em seu corpo. O local atingido, na maior parte das vezes, é mais
importante do que o calibre utilizado. Daí, a importância da precisão no
tiro.

A exemplo do ocorrido com o FBI, em Miami, a melhor munição do


mundo de nada servirá se o usuário errar o tiro ou não conseguir repeti-
lo com precisão, dadas as condições de combate, isso decorrente da
falta de treinamentos realistas, ou ao uso de armas inadequadas, com
excessivo recuo que não permita o controle por parte do policial.

117
CAPÍTULO 7

MUNIÇÕES
Manual de Armamento Convencional

7 MUNIÇÕES

A evolução das armas de fogo está diretamente relacionada com a


evolução das munições que utilizam. Alguns tipos de cartuchos são
mais conhecidos, como por exemplo, os calibres .380 ACP, 9 mm Luger,
.40 S&W e .45 ACP, para pistolas semi-automáticas e os calibres .22 LR,
.38 SPL, .357 Magnum e .44 Remington Magnum, para revólveres. Na
atualidade, os cartuchos mais usuais são os de corpo metálico e reúnem,
em si, todos os elementos necessários ao tiro.

7.1 Padrões para identificação de munições carregadas a bala35 –


calibre nominal

Na denominação desses tipos de munição, duas unidades de medida


têm sido adotadas: o padrão inglês, baseado na “unidade imperial”
polegada, denominado “escola inglesa”; e o padrão baseado no sistema
métrico decimal, denominado“escola européia”. Ambos são adotados por
todos os países no mundo. Originariamente, o padrão inglês denomina
o calibre em milésimos de polegada, precedido por um ponto (.380,
.700). Os Estados Unidos da América, em alguns calibres, utilizaram-se
do padrão inglês em centésimos de polegada, também precedido por
ponto (.38, .40). A notação correta do padrão inglês indica os centésimos
ou milésimos de polegada através desse ponto antecedente, que indica
a posição da vírgula, num número fracionário. Mas é importante saber
que esses números tratam de pura denominação (calibre nominal) e
representam, na maioria dos casos, uma aproximação com o calibre real
da arma ou com o diâmetro do projétil. Esse calibre, aproximado ou não,
que define a denominação da munição, é chamado de “calibre nominal”.
O “calibre real” de uma arma de fogo raiada é a medida do diâmetro da
circunferência que define os cheios no interior de seu cano (Figura 36).

35 Munições utilizadas em armas com cano dotado de raiamento.

121
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 36 – Raiamento e calibre real no interior do cano.

A título de exemplo, o diâmetro do projétil da munição calibre .38 SPL é


de 0,357 ou 0,358 de uma polegada. Seu calibre real é menor ainda, pois
o diâmetro dos cheios de uma arma construída para esse calibre deve
ser menor, para que o projétil se engaste adequadamente.

A escola européia define os calibres através do sistema métrico decimal,


em números inteiros ou fracionários com aproximação centesimal, com
vírgula na separação da parte fracionária. Ex.: calibre 7,65 mm ou calibre
9 mm.

Para definição mais concreta, uma vez que as medidas podem coincidir
em alguns calibres, outros termos complementares são colocados após
a parte numérica:

a) uma segunda parte numérica indicando as dimensões do


estojo: 7,62 x 51 mm (comprimento do estojo), 32-40 (calibre do projétil
e diâmetro da parte mais volumosa de seu estojo, tipo garrafa);

b) o órgão responsável pela padronização: 7,62 x 51 mm NATO


(OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte em inglês);

c) dados sobre a pólvora: .700 Nitro Express, .445 Cordite;

d) informações sobre a potência da munição: .357 Magnum,


.38 Super-Auto, .300 Remington Ultra Magnum;

122
Manual de Armamento Convencional

e) nome do criador da arma e do calibre: .454 Casull

f ) empresa que desenvolveu a munição e/ou a arma no calibre


correspondente: .40 S&W, 357 SIG, .44 Win;

g) a combinação da origem de um ou mais termos: .300


Remington Ultra Mag (fabricante e potência).

À exceção da parte numérica, não há um padrão rígido a ser seguido na


denominação das munições quanto à sua parte complementar. Tanto
que existem munições extremamente idênticas em suas medidas, mas
com aplicações diferentes. Um exemplo clássico da criatividade dos
fabricantes é o calibre .577 TRex, numa clara alusão ao tamanho e à
capacidade letal do cartucho, contra animais de grande porte, como o
deveria ser um tiranossauro rex.

7.2 Padrão para denominação de calibres para armas de alma lisa

O estabelecimento do calibre de espingardas é um pouco mais complexo


do que o adotado para as demais que usam, diretamente, os sistemas de
medida disponíveis, em milímetros ou polegadas.

Os calibres para armas de cano liso são representados por um número


simples, sem unidade de medida, acompanhado do termo gauge em
inglês (no Brasil, antecedido pelo termo “calibre”): 12 gauge, 10 gauge;
calibre 12, calibre 10.

Esse número, numa análise superficial, nada tem a ver com o diâmetro
da arma, mas é convertido para tal através de cálculo. Para calcular o
diâmetro do cano de armas desse tipo, arbitrou-se a divisão da massa
de uma libra de chumbo (453,593 g) com densidade 11,352g/cm³,
pela quantidade de partes correspondente à denominação do calibre
desejado: calibre 12, doze partes; calibre 10, dez partes, e assim por
diante. O diâmetro do cano da arma será igual ao diâmetro das esferas
produzidas com cada parte dessa divisão.

Melhor explicando, uma espingarda calibre 12 tem seu calibre assim


determinado, em função de um libra de chumbo dividida em 12 partes
iguais. Uma dessas partes foi “transformada” em 1 esfera de chumbo. O
diâmetro do cano dessa espingarda é igual ao diâmetro dessa esfera. A
idéia prossegue até o calibre 32. O último e menor calibre para espingardas
produzido, o 36, conhecido com essa denominação no Brasil, não mais

123
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

acompanha esse padrão, tendo sido definido com base na unidade de


medida inglesa, em polegadas, na origem, como calibre .410, que não
possui relação com o padrão estabelecido para armas de alma lisa.

O padrão para a denominação desses calibres foi arbitrado e não possui


base nas unidades de medida existentes, mas, exclusivamente para
esse fim, pode ser considerado como unidade de medida, uma vez que
possui relação proporcional com as medidas encontradas.

Por esse padrão, as dimensões de cada calibre são as seguintes:

QUADRO 3

CALIBRES DE ARMAS DE ALMA LISA, POR DIÂMETRO


EM POLEGADAS E EM MILÍMETROS

Massa da Esfera de Chumbo


Diâmetro da Alma do Cano
CALIBRE Dividida para cada Calibre

polegadas Mm libra grain Grama


1½ (*)
1.459 37.05 10.667 4667 302.39
2 (*) 1.325 33.67 8.000 3500 226.80
3 (*) 1.158 29.41 5.333 4667 151.20
4 1.052 26.72 4.000 1750 113.40
8 .835 21.21 2.000 875 56.70
10 .775 19.69 1.600 700 45.36
12 .729 18.53 1.333 583 37.80
13 .710 18.04 1.231 538 34.89
14 .693 17.60 1.143 500 32.40
16 .663 16.83 1.000 438 28.35
20 .615 15.63 0.800 350 22.68
24 .579 14.70 0.667 292 18.90
28 .550 13.97 0.571 250 16.20
32 .526 13.36 0.500 219 14.17
36 .410 10,41 0,237 104 6,71
Notas:
a) há calibres desconhecidos pela maioria das pessoas, iniciando-se com o calibre 1½;
b) o calibre 34 foi denominado .410 utilizando-se o padrão inglês; caso fosse adotado o
padrão tradicional, seria o calibre 67 ½;
c) os calibres marcados com (*) eram encontrados somente em punt guns e outras armas raras.

124
Manual de Armamento Convencional

As dimensões, em milímetros, do diâmetro desses calibres são calculadas


através de uma fórmula matemática, e não através da divisão real de um
bloco de chumbo e sua transformação em esferas. Tal fórmula é deduzida
com base numa equação entre as fórmulas do volume de uma esfera e
da densidade de uma substância, conforme se segue.

“r” é o raio da esfera;

“Massa”= 453,593 g; (uma libra de chumbo puro)

“Densidade” = 11,352 g/cm (densidade do chumbo puro) e

“n” o calibre escolhido.

Como são conhecidas massa e densidade do material, por substituição,


chega-se à seguinte fórmula:

Basta substituir a variável “n” no divisor da fórmula, pelo número que


denomina o calibre desejado. O resultado, “Φnmm” corresponderá, em
milímetros, ao diâmetro interno do cano a ser obtido.

125
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Da mesma forma que o calibre nominal das armas raiadas, a denominação


dos calibres de alma lisa possuem um complemento:

a) uma segunda parte numérica indicando o comprimento


do estojo vazio: calibre 12 x 70 mm; calibre 12 x 76;

b) potência da munição: calibre 12 Magnum;

c) tipo e tamanho dos projéteis: 12 gauge 00 Buckshot,


calibre 12 00 Buckshot;

d) característica da munição: calibre 12, ou 12 gauge Express


Long Range (munição para longa distância); 12 gauge Nitro Pheasant
(projéteis mais duros).

Existem espingardas nesses calibres com cano raiado (“rifled bore


shotgun”) e que disparam projéteis sólidos, expansivos e perfurantes,
semelhantes aos usados em rifles e armas curtas de cano raiado,
embora mais pesados e mais eficientes. Estas potentes armas têm seu
uso consolidado na caça de animais de grande porte em países onde é
permitida, principalmente, nos Estados Unidos.

7.3 Tipos de munição

Cada munição é produzida ou carregada para uma finalidade específica.


Com base nisto, são classificadas da forma como se segue:

a) real: para emprego contra pessoal e alvos não blindados;

b) festim: é um cartucho com carga de pólvora e sem projétil,


utilizado para simulação de tiro em treinamento e salvas militares;

c) de manejo: usado para treinamento de manejo das armas.


Não contêm propelente e espoleta; pode ser produzido sob a forma de
simulacro, usinado em barra de metal leve;

d) de sobrepressão: são cartuchos carregados de modo a


gerar pressões 25% maiores do que o padrão. Destinam-se a testes com
armas;

e) de carga reduzida: para competições de tiro e treinamento;

f ) de lançamento: para lançamento de granadas de bocal,

126
Manual de Armamento Convencional

munições químicas e dispositivos com cabos de salvamento;

g) recarregada: munição produzida com o reaproveitamento


do estojo. Reduz custos com formação e treinamento. A PMMG recarrega
cartuchos .38 SPL, 9 mm Luger, .40 S&W e calibre 12 no Centro de
Material Bélico (CMB).

7.4 Elementos componentes de um cartucho carregado a bala

Os dois tipos mais comuns de munição para armas de fogo são os


utilizados em armas de alma lisa, denominado cartucho; e a munição
empregada em armas de alma raiada, também conhecida por cartucho,
mas melhor definida como cartucho carregado a bala, cartucho de bala
ou, simplesmente, bala. Termos empregados no Brasil, com algumas
restrições em relação ao termo “bala”36, principalmente nos meios
policial e militar.

Um cartucho carregado a bala é constituído por projétil, estojo, carga


propelente e iniciador (espoleta ou estopilha), (Figura 37).

FIGURA 37 – Componentes de um cartucho de bala.

36 A origem do termo “bala” para designar o cartucho de munição ou um projétil de arma de fogo
vem da palavra inglesa “bullet” – projétil. O termo passou a ser estigmatizado, equivocadamente, nos
meios militares e policiais. Mas, ao contrário do que se possa pensar, sua utilização é tecnicamente
correta, uma vez que, se tratando de um aportuguesamento, seu significado é exatamente o
mesmo do termo originário em inglês.

127
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

7.4.1 Estojo

Responsável pelo acondicionamento de todas as demais partes do


cartucho, tem três finalidades distintas: reunir os demais elementos do
cartucho, proteger o propelente da umidade e dilatar-se por ocasião
do disparo, evitando o escapamento dos gases pela culatra e seu
deslocamento de recuo, antes do momento correto.

Em sua maioria, são fabricados de latão (liga de cobre e zinco), mas podem
o ser, também, em alumínio, aço, polímero ou cerâmica. Estojos de aço,
com acabamento zincado ou latonado (protege contra a corrosão) são
muito utilizados, atualmente, em cartuchos de espingardas.

Munições diferentes possuem estojos com formatos diferentes, mesmo


que de forma sutil. As diferenças básicas são encontradas no corpo e na
forma da base, cujo culote pode ser construído com “aro”, com “semi-
aro”, “sem aro”, “cinturado” ou “rebatido”.

Os estojos podem ser de fogo central ou de fogo circular, conforme se


pode observar na Figura 38.

FIGURA 38 – Cartuchos de munição – fogo central (os sete da esquerda para a direita) e
fogo circular (último da direita).

128
Manual de Armamento Convencional

7.4.1.1 Estruturas do estojo

FIGURA 39 – Estruturas encontradas em um estojo de fogo central tipo garrafa.

Da Figura 39:

1) Estojo propriamente dito: elemento por completo;

2) Culote ou cabeça: é a base reforçada do cartucho, possui as inscrições


de identificação, (fábrica, lote, tipo de munição,...);

3) Corpo: estrutura que define o formato do estojo (cilíndrico, tronco


cônico ou tronco cônico com gargalo cilíndrico), o que possui estreita
relação com o sistema de funcionamento da arma;

4) Ombro: seção que liga o gargalo ao corpo e faz a redução corpo/


gargalo. Só presente nos estojos tipo garrafa e corresponde ao ponto
onde a munição para no interior da câmara, estabelecendo o headspace;

5) Gargalo: parte onde se engasta o projétil;

6) Boca: orifício anterior por onde passam o propelente e o projétil;

7) Bolso da espoleta: rebaixo na parte posterior central do culote onde


se encaixa a espoleta;

8) Gola: ranhura circular existente na parte lateral do culote, onde se


assenta a garra do extrator;

9) Evento(s): orifício(s) existente(s) no fundo do bolso da espoleta que


permite(m) a passagem da chama gerada pela detonação do misto
iniciador, para o interior da câmara do estojo, atingindo a carga de
projeção;

10) Câmara: espaço destinado a receber e conter a carga de projeção;

129
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

11) Parede: estrutura física que limita a câmara, o ombro, e o gargalo do


estojo;

12) Bigorna: pino existente no centro do bolso da espoleta, que se


destina a comprimir, em oposição de esforços com o percussor, o
explosivo iniciador contido na cápsula da espoleta, por ocasião da
percussão; presente apenas nos estojos tipo berdan. Nos estojos boxer
e tipo bateria, é encontrada na própria espoleta;

13) Virola: ressalto circular existente na parte posterior do culote, por


trás da gola, que é puxado pela garra do extrator;

14) Web: curvatura localizada na parte posterior da câmara do estojo,


onde as paredes são mais reforçadas para suportar pressão fora da
câmara e evitar o rompimento do culote.

7.4.1.2 Formatos do corpo do estojo

– Cilíndrico: o diâmetro é igual em toda a sua extensão;

– Cônico: há uma leve e gradual redução do diâmetro na


extensão do estojo;

– Garrafa: o estojo possui um forte estrangulamento, com a


formação de um ombro em seu corpo, que reduz, substancialmente, o
diâmetro do gargalo com relação ao corpo.

FIGURA 40 – Formatos dos corpos dos estojos.

130
Manual de Armamento Convencional

7.4.1.3 Formatos do culote do estojo


– Cinturado: possui um ressalto na parte superior do culote,
confundindo-o com o corpo do estojo;
– Com semi-aro: possui ressalto de pequenas proporções e
uma ranhura (virola);
– Sem aro: tem apenas a virola;
– Com aro: com ressalto na base (aro ou gola); e
– Rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do estojo.
A base do estojo é importante para o processo de carregamento e
extração. Sua forma determina o ponto de apoio do cartucho na câmara
ou no tambor (headspace), além de possibilitar a ação do extrator.

FIGURA 41 – Formatos dos culotes dos estojos.

7.4.2 Espoletas

Consiste em um invólucro de metal mole, contendo o detonante.


Ao ser percutida, a espoleta é comprimida, o material detonante é
comprimido contra uma bigorna, provoca uma chama que é transmitida
ao propelente através dos eventos, sendo montada no culote do estojo.

Há três tipos de espoletas para armas leves (Figura 42): boxer, que possui
bigorna montada na própria espoleta e apenas um evento no centro do
bolso no estojo; berdan, que tem a bigorna como parte integrante do
estojo e dois eventos no bolso da espoleta; o terceiro é a tipo bateria,
em que a cápsula contém o bolso e a bigorna, usada em cartuchos para
armas de alma lisa.

131
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 42 – Tipos de espoletas.

Diversas substâncias foram utilizadas nas misturas iniciadoras contidas


nas espoletas: cloreto de potássio, sulfureto de antimônio, azida de
chumbo, fulminato e estifinato de mercúrio, este último, menos corrosivo,
o que permitiu a produção das espoletas em latão, como nos estojos.
Os estifinatos, estearatos e ácidos empregados, muito venenosos, foram
o motivo que levaram ao desenvolvimento de espoletas em outros
materiais, a exemplo da nitrocelulósica (mais usada atualmente) e,
mais recentemente, espoletas sem concentrações de bário, chumbo ou
mercúrio, conhecidas como “espoletas limpas” ou “clear range”.

As espoletas para cartuchos de fogo circular (Figura 43) são parte


integrante do estojo e o detonante localiza-se na parte interna da virola.

FIGURA 43 – Espoleta em cartucho de fogo circular


(detalhe do corte: misto iniciador localizado no interior da virola do estojo)

132
Manual de Armamento Convencional

7.4.3 Propelente (carga de projeção)

É o componente do cartucho responsável pelo impulso dado ao projétil


para que ele adquira aceleração e alta velocidade. Durante o disparo,
ao ser queimado, produz grande volume de gases, o que aumenta a
pressão interna e impulsiona o projétil à frente até que saia pela boca do
cano. O propelente mais usado em armas de fogo é a pólvora.

O mais conhecido é a pólvora negra, mas pouco usado em armas de


fogo por ser de baixo desempenho. O mais usado atualmente é a
pólvora química (também chamada de algodão pólvora, pólvora
coloidal ou pólvora sem fumaça). Sua base é a nitrocelulose. Trata-se
de um explosivo não sensível ao choque. Também é a base dos mistos
iniciadores contidos nas espoletas. Algumas pólvoras usadas em
propelentes para munição de armas pesadas utilizam a nitroglicerina
e/ou a nitroguanina como potencializador. Estas são denominadas
pólvoras de base dupla (nitrocelulose e nitroglicerina) ou de base tripla
(nitrocelulose, nitroglicerina e nitroguanina). Apresentam-se sob as mais
diversas formas: tubulares, cilíndricas, flocadas, granuladas e esféricas.

Com o advento da pólvora química, foi possível controlar a velocidade de queima


desse propelente, o que permitiu a evolução dos sistemas de funcionamento
das armas de fogo. A velocidade com que o propelente se queima influi
diretamente no comportamento balístico do projétil, bem como nos efeitos
sobre a arma. Com base nesse princípio, as pólvoras foram sendo desenvolvidas
para emprego específico, de acordo com o tipo de arma projetada.

7.4.4 Projétil

É o componente do cartucho que será lançado em direção ao alvo. A base


para a fabricação de projéteis é uma liga feita com chumbo, estanho e
antimônio, em que pese haver projéteis que utilizam, além do chumbo,
latão, aço e determinados plásticos. Possui uma infinidade de formas,
cada qual projetada para uma aplicação ou um desempenho específico.

7.4.4.1 Classificação dos projéteis para cartuchos de bala

Quanto ao uso, os projéteis podem ser classificados como:

a) De uso essencialmente militar: utilizados pelas forças


armadas contra veículos, blindados ou não, aeronaves, casamatas,
fortes, bunkers, e alvos inflamáveis. Podem ser:

133
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– perfurantes: contém um núcleo de aço endurecido,


perfuram blindagens leves;

– incendiários: o núcleo é uma mistura incendiária, provocam


incêndios;

– explosivos: destinados à destruição de alvos de pequeno


porte. Possuem pequena carga explosiva;

– traçantes: possuem uma pequena pintura de magnésio em


sua ponta, que ao cortar o ar queima, indicando a trajetória de tiro pela
luminosidade da chama produzida;

– perfurantes-incendiários;

– perfurantes-incendiários-traçantes.

b) De uso não essencialmente militar: utilizados, tanto pelas


forças armadas, quanto por forças públicas de segurança e pelo público
civil, em atividades de treinamento, competições desportivas, caça
e proteção pessoal, e atividades de busca e salvamento. Integram os
seguintes tipos:
– sólidos: uso geral;
– jaquetados: uso geral;
– expansivos: defesa pessoal e caça; aumentam a amplitude
e/ou a extensão do trauma e, por consequência, a possibilidade de
incapacitação imediata de um agressor ou de um animal de grande
porte;
– competição (match): produzidos sob rigoroso controle de
qualidade para auferir melhor precisão em competições desportivas;
– sinalização: usados em operações de busca e salvamento;
– frangível: uso policial; desintegra-se ao atingir uma
superfície rígida; é usado em atividades de treinamento ou confronto
em ambientes fechados, quando se quer evitar ricochetes ou estilhaços;
– múltiplos: uso geral; provocam múltiplos ferimentos e
aumentam a possibilidade de acertar o alvo; são comumente usados em
cartuchos com projétil único, que se rompe ao atingir o alvo;

134
Manual de Armamento Convencional

– bagos de chumbo: uso geral.

Quanto ao material de que é feito:

a) projéteis que utilizam um só tipo de material: liga de


chumbo, borracha, madeira, plástico, aço, cera e outros.

FIGURA 44 – Desenho da forma de um projétil.

b) Projéteis que utilizam mais de um tipo de material:


totalmente jaquetados ou encamisados (cobertura feita de liga de latão);
empregados em munições para armas automáticas e semi-automáticas
ou em calibres de alta energia. A jaqueta elimina o chumbamento e
aumenta a pressão dos gases, em razão da maior resistência encontrada
em seu deslocamento no interior do cano. Possuem maior resistência à
deformação e maior poder de penetração. Nessa linha, há projéteis que
possuem, em seu núcleo, além do chumbo, aço, com função perfurante,
bem como ponteiras de plástico para facilitar o carregamento e melhorar
o desempenho balístico exterior, como é o caso de munições expansivas
de ponta oca, para caça de animais de grande porte.

Quanto à forma:

a) da ponta: vide quadro 4.

135
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 4
FORMAS DAS PONTAS DOS PROJÉTEIS
– Jaquetado ogival (Full Metal Jacket – FMJ): de uso
geral, ideal para armas semi-automáticas; usado para
fins militares, policiais e de defesa; proporciona bom
funcionamento das armas e boa precisão. Não possui
características expansivas.
– Jaquetado cônico (Full Metal Spitz – FMS): usado em
munições .38 SPL e .357 Magnum. Projétil de alta penetração,
sem características expansivas e de pouco uso.

– Jaquetado de ponta plana (Flat Point Jacket – FPJ): de


uso geral, o projétil pode ser ogival truncado ou cone
truncado. Utilizado em munições de revólver e pistola.
Projetada para aumentar o poder de parada, mas muito
utilizada em práticas desportivas.

– Jaquetado de ponta oca (Jacketed Hollow Point – JHP):


o projétil é totalmente revestido com jaqueta, à exceção
de sua parte frontal, que possui um furo. Proporciona boa
penetração com expansão controlada. Ao atingir um corpo
mole, forma um “cogumelo” que aumenta a área de sua
secção anterior e a cavidade temporária. É o modelo mais
usado em armas de defesa, tanto revólveres quanto pistolas.

– Semi jaquetado de ponta oca (Semi Jacketed Hollow


Point – SJHP): o projétil é revestido com jaqueta até cerca
de três quartos de seu corpo, expondo chumbo na parte
anterior, que possui um furo. Mesma aplicação do anterior.
São usados em munições de revólver.
– Semi jaquetado de ponta ogival (Semi Jacketed Round
Nose – SJRN): bala expansiva, possui o corpo revestido com
jaqueta até cerca de três quartos de seu corpo, expondo
o núcleo de chumbo na parte anterior, sem perfuração.
Utilizado em revólveres e pistolas.
– Semi jaquetado de ponta plana (Semi Jacketed Flat Point
– SJFP): bala expansiva com jaqueta e ponta de chumbo
exposto, apropriada para caça de curto alcance com
revólveres. Penetração mais profunda do que as obtidas
com balas de ponta oca e menor expansão. Utilizadas
também em munições de defesa.

136
Manual de Armamento Convencional

– Jaquetado integral (Total Metal Jacket – ATM): são balas


totalmente jaquetadas, incluindo a base, que é selada
com uma pastilha de latão. Impede o contato do núcleo
de chumbo com o calor emanado pelo propelente em
combustão, eliminando a vaporização desse metal tóxico.
Utilizada em munições chamadas “limpas” ou “clear”,
são indicadas para o treinamento, principal-mente em
estandes fechados.

– Chumbo ogival (Lead Round Nose – LRN): uso geral,


atualmente é mais encontrada em práticas esportivas,
por serem precisas e de baixo custo. No passado, teve
seu uso bastante difundido no meio policial Não possui
características expansivas e sua capacidade de transfixação
é elevada.

– Chumbo canto vivo (Lead Wad Cutter – LWC): projéteis de


baixo custo, projetados para treinamento e tiro esportivo,
com a finalidade de perfurar o papel do alvo com um
corte preciso e limpo para facilitar a apuração dos pontos.
Possui excelente precisão em curtas distâncias em razão
de sua base oca.

– Chumbo semi canto vivo (Lead Semi Wad Cutter –


LSWC): também projetado para o treinamento e para o tiro
esportivo, permite maior precisão do que as obtidas com
os projéteis canto vivo, a maiores distâncias.

– Chumbo semi canto vivo de ponta oca (Lead Semi Wad


Cutter Hollow Point – LSWC HP): muito semelhantes às
balas SWC, mas com um furo em sua ponta, possuem a
mesma aplicação e uma perfuração mais perfeita no papel
do que aquelas. São utilizados também em munições de
defesa por suas características expansivas.

– Pontiagudo: uso em munições de alta energia para rifles


e fuzis de emprego militar e policial. Possui uma série
de configurações: perfurante com núcleo de chumbo e
aço; expansiva com ponta oca ou com chumbo exposto
de ponta macia; totalmente jaquetada com núcleo de
chumbo.

137
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

b) da base:

QUADRO 5
FORMAS DAS BASES DOS PROJÉTEIS
– plana: uso mais comum. Encontrada na maioria das
munições comerciais.

– convexa: quase não utilizada. Facilita a recarga de munições;

– rebaixada: de pouco uso. Melhora, suavemente, o


desempenho balístico.

– côncava: uso muito comum. Melhora, suavemente, o


desempenho balística.

– oca (“hollow base”): uso bastante difundido no tiro ao


alvo, principalmente nos projéteis tipo canto-vivo. Os gases
penetram na base oca, forçando uma melhor adaptação do
projétil no raiamento, melhorando o comportamento do
projétil e permitindo maior precisão ao tiro.

– bisotada: de uma maneira geral, é bastante utilizada em


projéteis destinados à recarga de munições por facilitar
sua inserção no estojo. Entretanto, seu uso mais difundido
reporta-se aos projéteis de munições de alta energia para
rifles e fuzis, os quais, quando construídos com esse tipo de
base, recebem a denominação de “boat-tail”37. É aplicado na
construção de projéteis para munições “match” (competição
e alta performance) para aumento de sua estabilidade,
performance balística e precisão.

– rebatida: para uso em projéteis com “gas check”38.

37 Em uma tradução literal, “cauda de barco” – alusão feita à popa de barcos e botes – cujo formato
proporciona boas qualidades hidro e aerodinâmicas. (CONRAD, 2003).
38 Gas check: lâmina metálica colocada na base de projéteis de munições mais potentes, para
minimizar a fusão do chumbo.

138
Manual de Armamento Convencional

c) do corpo:

A montagem de um cartucho de munição carregada a bala passa por


sete processos: espoletamento, abertura da boca, dosagem da pólvora,
assentamento do projétil, fechamento da boca e crimpagem. Para que o
projétil seja colocado e assentado, uma ABERTURA na boca do estojo,
em forma de borda de sino, é feita para facilitar essa operação.

O segundo passo é a colocação do projétil em sua altura correta,


chamada de ASSENTAMENTO, o que já promove um engastamento
firme, uma vez que o diâmetro interno do estojo (boca, gargalo ou
corpo) é levemente menor do que o diâmetro do projétil. Em princípio,
o projétil se engasta no estojo da munição em virtude dessa diferença
de diâmetros entre os dois componentes.

A operação subsequente é o FECHAMENTO, que consiste em retornar


a boca do estojo ao seu diâmetro padrão, contudo, sem o aperto final
denominado crimp.

Após o fechamento, além do engaste natural ocorrido durante o


assentamento, é necessário que o estojo comprima o projétil em
determinada região. A esse forçamento extra é dado o nome de crimp
ou CRIMPAGEM, sendo esta a última operação na montagem desse tipo
de munição.

Para entender a forma de crimpar um cartucho, deve-se conhecer o


conceito de headspace39 (sem tradução em português), que é a distância
entre a face de obturação40 no ferrolho e a região na estrutura do estojo
que limita a entrada da munição na câmara. Esse ponto de apoio do estojo
na câmara também define as distâncias, máxima e mínima, permitidas
entre a face de obturação e o culote, e o correto fechamento da arma.

O tipo de crimp é definido de acordo com a forma como a munição para


no interior da câmara (como o headspace é feito).

39 Em inglês, o culote do cartucho é denominado head (cabeça). Em tradução literal, headspace


seria “espaço da cabeça”, que significa a distância entre o culote e a face de obturação. Na realidade,
as medidas do headspace são tomadas a partir do ponto de apoio do estojo com a câmara, e não
a partir do culote.
40 Face de obturação: face anterior do ferrolho, onde se localiza o orifício de passagem do percussor.

139
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 45 – Identificação do headspace: estojo cilíndrico com aro,


estojo cilíndrico sem aro e tipo garrafa sem aro.

Com base no tipo de headspace, são definidos três tipos de crimp:

– Roll-crimp ou rolled-crimp (crimp curvado): o crimp


é feito cravando-se o estojo no corpo do projétil. A boca do estojo é
pressionada de maneira a dobrar-se em curva, cravando no corpo do
projétil, deformando-se e fixando-se nele. Este tipo de crimpagem
somente pode ser utilizado em cartuchos que fazem seu headspace
sobre o aro ou sobre a cintura do estojo. Exige uma cinta no corpo do
projétil para fixação do estojo, chamada de cinta de crimpagem.

FIGURA 46 – Esquemas demonstrando a forma do roll-crimp e


projétil com uma cinta de crimpagem.

– Taper-crimp (crimp cônico): – é usado em cartuchos que


fazem seu headspace sobre a quina viva, formada entre a boca do estojo
e o projétil. Tais cartuchos, na operação de carregamento, devem ter

140
Manual de Armamento Convencional

seu movimento à frente limitado pelo ressalto localizado no início do


raiamento, ao final da câmara. Pode ser usado, tanto para fixar balas de
chumbo, como para fixar balas jaquetadas. Nesse crimp, a boca do estojo
é pressionada de forma cônica, quase paralela, sem que seja cravada
contra o projétil. O aperto deve ser suficientemente firme para prender
o projétil, mas deve deixar uma quina viva entre este e o estojo, para
que possa ser freado pela quina no interior da câmara. É encontrado
em munições com estojos sem aro para armas semi-automáticas, e os
projéteis não são dotados de cinta de crimpagem.

FIGURA 47 – Esquema demonstrando a forma do taper-crimp.

Se o taper-crimp for muito apertado e a quina estiver reduzida abaixo


da dimensão padrão, isto permitirá um avanço irregular do projétil
para além do fim da câmara, o que provocará incidentes de falha de
percussão. Se em outro extremo, o crimp for insuficiente ou a boca do
cartucho estiver aberta, incidentes nas operações de fechamento e/ou
trancamento irão ocorrer.

– Stab-crimp (crimp anular ou paralelo): consiste em uma


série de sulcos, ou um sulco em forma de coleira, gravados na boca ou
na parte anterior do gargalo do estojo. É feito sobre cinta de crimpagem,
ou contra o corpo de projéteis sem cinta, e possui a finalidade de mantê-
los presos. É utilizado em munições de uso militar, as quais, estocadas
e movimentadas em grande quantidade, tendem a ter seus projéteis
desprendidos em razão das condições críticas encontradas em combate.
Não é indicado para munições das quais se exige alta precisão.

141
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 48 – Esquemas demonstrando duas formas de stab-crimp.

Os projéteis de chumbo, quando em contato com o raiamento, incrustam-no


com partículas. Ao acúmulo dessas partículas, dá-se o nome de chumbamento,
o qual, quando excessivo, prejudica o comportamento balístico do projétil e a
precisão do tiro e, em casos extremos, pode danificar a arma.

O chumbamento ocorre porque os metais apresentam rugosidades em


suas superfícies, o que gera atrito durante o movimento de um corpo em
contato com o outro. Durante o disparo, o metal mais macio do projétil
sofre abrasão e deixa partículas no metal mais duro do cano.

Para evitar ou minimizar esse problema, projéteis de chumbo são


construídos com uma canaleta em seu corpo, para a colocação de algum
tipo de lubrificante, pastoso ou sólido (graxa ou cera.). Esse canal para
lubrificação é chamado de cinta de turgência e está localizado sempre em
posição posterior à cinta de crimpagem. A cinta de turgência (Figura 49)
não serve para fixar o projétil no estojo, apenas presta-se à lubrificação.

cinta de crimpagem

cinta de turgência

FIGURA 49 – Projétil com uma cinta de crimpagem e uma cinta de turgência.

142
Manual de Armamento Convencional

Com base nas estruturas encontradas nos diversos tipos de projétil,


estes são classificados em:

– lisos: sem cintas de turgência ou de crimpagem;

– com cinta de turgência: dotado, somente, de cintas para


lubrificação;

– com cinta de crimpagem: dotado, somente, da cinta de


crimpagem;

– com cintagem dupla: dotado de cintas de turgência e


crimpagem.

7.5 Munições para armas com cano de alma lisa (espingardas)

As espingardas utilizam cartuchos de calibre nominal, conforme já


esclarecido anteriormente. Quanto maior o número que denomina o
calibre, menor o diâmetro do cano.

7.5.1 Emprego

a) 1½, 2 e 3 – eram utilizados em um tipo de espingarda


denominada “punt gun”41, usada fixa, em reparos giratórios, para a caça
de aves em grande quantidade;

b) 4 – usado em ambiente adverso, mata cerrada, distância


elevada para tiro com espingarda, tal calibre foi abandonado antes da
Primeira Grande Guerra;

c) 8 – característica semelhante ao calibre 4, porém, com


menor energia;

d) 10 – possuía a metade da energia do calibre oito, sendo


utilizado para o tiro a distância com menor recuo. Foi utilizado até a
Segunda Guerra Mundial, retornando recentemente. Na atualidade, é
muito difundido como calibre de defesa pessoal, policial e para a caça
de animais de grande porte;

41 Tipo de espingarda de fabricação individual e personalizada, com extremadas dimensões, e mui-


to utilizada, entre meados do século dezenove e início do século vinte, na caça de aves aquáticas
em grande quantidade. Por volta de 1860, foi proibida na maioria dos estados norte-americanos.

143
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

e) 12 – é o calibre mais utilizado atualmente, inclusive com


munições de bala sólida, como balotes, “slugs” e “sabots”. Sua fama
cresceu com o desenvolvimento de espingardas de combate para uso
policial. Juntamente com o calibre 10, já existem muitas opções com
canos de alma raiada (“rifled bore”) para a caça;

f ) 14 – teve fama efêmera nos EUA até a Primeira Guerra


Mundial, mas a sua preferência foi absorvida pelo calibre 16;

g) 16 – foi o calibre mais usado durante a primeira fase das


munições modernas, possui rendimento próximo ao calibre 12 e está
em franca decadência;

h) 20 – ao contrário do calibre dezesseis, encontra-se em


franca ascensão. O desenvolvimento de câmaras de 76 mm para esse
calibre foi o motivo de seu grande sucesso. As espingardas são mais
leves, manejáveis e com desempenho semelhante aos calibres maiores,
sendo boas para tiros à curta distância e para a prática de tiro ao prato;

i) 24 – bom para caça de pequenas aves, como codornas,


pombas, perdizes etc. Apresenta recuo suave;

j) 28 – bom para a caça de pequenas aves, tiro ao vôo e prática


de tiro ao prato. Muito usado atualmente nas Américas e na Europa;

k) 32 – conhecido na Europa e no Brasil como 14 mm, foi mais


difundido naquele continente, embora no Brasil, por algum tempo,
tenha tido boa aceitação;

l) 36 – mais conhecido como 12 mm, sendo o único cartucho


pequeno que teve um invólucro de 76 mm (Magnum) desenvolvido para
ele. Esse “novo” cartucho foi denominado .410 para as cargas Magnum.
Pode disparar munição especial de bala sólida, motivo a mais para o seu
sucesso em relação aos outros calibres mais antigos.

7.5.2 Componentes do cartucho para armas de alma lisa

Um cartucho para armas com cano de alma lisa é constituído por estojo,
projétil (singular ou tipo bagos de chumbo), bucha plástica, carga de
projeção (propelente) e iniciador tipo bateria (espoleta).

144
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 50 – Componentes de um cartucho para arma de alma lisa.

a) Estojo e culote (1): quando o estojo não é feito totalmente


de metal, ele é engastado no culote que, obrigatoriamente, tem que
ser resistente para obturar a câmara no momento do disparo. O papel,
o plástico, o latão, além de diferentes tipos de aço, são utilizados para
a fabricação de estojos. Os cartuchos de aço e plástico têm a grande
vantagem de não se deformarem quando molhados. A retenção das
esferas de chumbo, na parte superior do estojo, pode ser efetuada
através do fechamento tipo estrela ou tipo orlado;

b) Projéteis ou bagos de chumbo (2): os chumbos usados


para cartuchos variam geralmente de 1,25 mm a 8,50 mm de diâmetro.
Há ainda o projétil denominado balote ou slug, que consiste em uma
peça única, com o diâmetro equivalente ao calibre da arma. Os tipos de
chumbo são identificados por números convencionados, o que indica
o tamanho. São também, por vezes, indicados por letras ou números
conjugados; a variação é imensa;

c) Bucha (3): tem por finalidade separar o propelente dos


bagos de chumbo, comprimir a pólvora e evitar o escape de gases e a
dispersão prematura dos projéteis. Pode ser feita de diversos materiais.
O mais usado e mais eficiente é o plástico. Buchas de feltro, elásticas e
leves, de feltro, abandonam o chumbo logo ao sair do cano e não altera
a sua dispersão; buchas duras, espessas e pesadas, acompanham o
chumbo para além do cano, em distância e velocidade suficientes para
perturbar a dispersão normal; buchas quebradiças são esmagadas no
cano, esfacelam-se ao sair dele e se misturam aos bagos de chumbo, o
que diminui o alcance, a penetração e a distribuição dos projéteis;

145
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

d) Pólvora (4): existem diversos tipos de propelente para


cartuchos, todos de queima rápida, inclusive para fabricação de
munições magnum, mais potentes que as convencionais. É importante
saber que a proporção da pólvora em relação à quantidade de bagos de
chumbo influencia o tiro;

e) Espoleta (5): responsável pela transmissão da chama


iniciadora para o propelente. Para esses tipos de cartuchos são utilizadas
berdan, para estojos metálicos, e bateria, para estojos com corpo plástico
ou de papelão.

7.5.3 Câmaras

As câmaras das armas de alma lisa são padronizadas em 70 mm (2”¾) e 76


mm (3”). As mais longas permitem o carregamento de munições magnum e
visam a maiores alcance e potência. Essas dimensões referem-se à medida
do estojo expandido após o disparo, portanto, não se deve usar cartuchos
de comprimento superior ao dimensionado para a câmara da arma.

7.5.4 Estrangulamento (choke)

É sabido que, de uso mais comum, as espingardas utilizam cartuchos


que contêm projéteis múltiplos (balins ou bagos), pequenas esferas de
chumbo ou de aço. As primeiras espingardas tinham o cano cilíndrico,
com o diâmetro interno do cano nas mesmas dimensões, desde a parte
anterior da câmara até a boca do cano.

O aprimoramento tecnológico introduziu um estreitamento cônico no


diâmetro interno, próximo à boca do cano, denominado choke, palavra
inglesa cuja tradução que melhor se adéqua à língua portuguesa
é estrangulamento. A função do choke é agrupar a chumbada no
momento da saída na boca do cano, diminuir sua dispersão e aumentar
o alcance dos disparos.

Os estrangulamentos recebem a classificação de: pleno, ¾ (três


quartos), semi-pleno (ou ½), ¼ (um quarto) e sem choke ou de
choke cilíndrico. Há ainda um padrão para competição chamado de
estrangulamento skeet. São escolhidos em função da distância que se
deseja fazer o tiro.

Para padronização ou verificação do desempenho esperado com a


utilização de cada choke, ensaios de tiro são realizados à distância de 35

146
Manual de Armamento Convencional

metros em um alvo circular de 75 cm de diâmetro, sempre levando em


conta o tamanho do cartucho, a carga de pólvora utilizada, o número de
bagos de chumbo, dentre outras.

Com base nesse padrão de teste, os desempenhos esperados, em


termos de precisão e dispersão das chumbadas no alvo, são descritos
a seguir (os percentuais referem-se à quantidade de bagos de chumbo
que devem atingir o alvo):

– cano com choke cilíndrico: de 35 a 40%;

– cano com choke ¼: entre 40 e 45%;

– cano com choke ½ (semi-pleno): de 50 a 60%;

– cano com choke ¾: entre 60 e 65%;

– cano com choke pleno: entre 70 e 75%;

Os bagos de chumbo deslocam-se no ar de forma ovalada, e se


dispersam cada vez mais, à medida que se afastam da boca do cano da
arma, conforme se pode observar na Figura 51.

FIGURA 51 – Padrão de dispersão da chumbada (oval).

A Figura 52, na página seguinte, resume a classificação geral das


munições.

147
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 52 – Classificação geral das munições.

148
Manual de Armamento Convencional

7.6 Munições de defesa

O conhecimento sobre diferentes tipos de munições destinadas à defesa


pessoal é importante, tanto a nível individual, como institucional, para
que sempre se busque o armamento mais adequado para a atuação
policial.

De uma forma geral, a escolha do calibre de uma arma para uso policial
deve envolver quatro requisitos:

– boa portabilidade;

– grande capacidade de municiamento;

– boa probabilidade de incapacitação imediata (energia,


penetração, massa e/ou capacidade de deformação do projétil);

– recuo controlável (possibilidade de disparos múltiplos


precisos).

A seguir, uma lista com alguns calibres conhecidos e empregados em


armas de defesa, mesmo que de inadequados, e suas características. A
lista foi dividida por nível de efetividade em: baixa, média, boa e alta;
na medida em que cumprem, ou não, os requisitos para escolha, citados
acima.

7.6.1 Calibres de baixa efetividade

São cartuchos leves, com baixíssima potência, usados em armas


pequenas. Oferecem pequeno recuo, mas pouca, ou quase nenhuma,
possibilidade de incapacitação imediata nas ações contra oponentes
armados.

6,35 mm Browning (ou .25 Auto ou ACP): criado por John Moses
Browning junto à Fabrique Nationale d´Armes de Guerre (FN Herstal),
Bélgica, em 1906, para uso em uma supercompacta pistola de defesa.
Pela reduzida possibilidade de induzir a uma incapacitação imediata
(relative stopping power), sua aplicação para defesa, até mesmo de civis,
é totalmente desaconselhável. É o calibre mais fraco em termos de
energia.

7,65mm Browning (ou .32 Auto ou ACP): criado por Browning em


1895, teve sua primeira utilização em uma pistola semi-automática

149
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

fabricada pela FN Herstal. Utiliza projéteis com massas que variam entre
60 e 80 grains, considerados muito leves para defesa pessoal, com baixa
perspectiva de incapacitação imediata, em virtude da fraca relação massa/
velocidade.. Não se trata de opção adequada à defesa pessoal ou do policial.

.32 S&W (Smith & Wesson): também conhecido como .320, foi criado por
volta de 1860 nos EUA, na configuração rimfire (fogo circular). Dez anos após
sua invenção, os ingleses o evoluíram, rebatizando-o de .320, este de fogo
central, especificamente para revólveres produzidos pelas firmas Webley &
Tranter. Com o advento de sua nova configuração (fogo central), o calibre
disseminou-se pela Europa, passando a ser fabricado em diversos países. Os
cartuchos em fogo central, no caso o .32 S&W (curto) e o .32 S&W Long, são
fabricados até hoje e ainda mantêm um bom índice de vendas. Ao atingidr
um ponto vital do corpo humano, é tão letal quanto qualquer outro calibre.
É inadequado para fins de defesa policial em razão de sua pouca energia.

Calibre .380 ACP: desenvolvido pela FN Herstal em 1902, foi utilizado


como munição militar na Alemanha e Itália, em armas de porte de
oficiais. Pouco superior ao calibre .32, opera com pressões semelhantes
às do .38 Special, porém, é menos potente em função relação massa/
velocidade do projétil. Não é aceitável para emprego policial devido à
pouca eficiência balística.

7.6.2 Calibres de média efetividade: .38 SPL, .38 SPL +P e SPL +P+

.38 SPL: em 1902, a Smith & Wesson (EUA) lançou o calibre .38 Special, que
se tornou um dos calibres mais populares do mundo, projetado para ser
utilizado em seu revólver Military & Police. Hoje, o .38 SPL, mais conhecido
como 38, ainda é utilizado por boa parte das polícias no Brasil nas versões
+P e +P+, inclusive pela PMMG. Foi popularizado pelo baixo custo e por
ser considerado, à época de sua adoção, um calibre razoável para defesa.
Aos poucos, vem sendo substituído no Brasil pelo calibre .40 S&W.

.38 SPL +P: o .38 SPL + P (special plus power) é uma evolução do calibre
.38 SPL. Opera com pressões maiores do que este, mas dentro da
margem de segurança definida para os fabricantes de armas em calibre
38 SPL, entre 18.900 a 22.400 c.u.p.3742 (SAAMI38
43 ), possuindo melhores

probabilidades de eficiência do que o SPL.


42 C.U.P: copper unit of pressure – unidade de pressão em cobre.
43SAAMI: Sporting Arms and Ammunition Manufacturer’s Institute (Instituto dos Fabricantes de
Armas e Munições Esportivas) – órgão padronizador norte-americano para a fabricação de armas
e munições.

150
Manual de Armamento Convencional

.38 SPL +P+: opera com pressão de cerca de 25.000 c.u.p., acima da faixa
estabelecida para o calibre .38 SPL, mas dentro do limite de sobrepressão
de 25% exigido na fabricação de armas neste calibre. A escolha e o
manejo das pólvoras e dos projéteis utilizados na variação +P+ lhe
conferem melhores possibilidades balísticas de defesa. Entretanto, sua
utilização deve ser restrita às armas .38 SPL que suportem essa faixa
de pressão, o que deverá ser indicado pelo fabricante da arma. Se, de
alguma forma, não houver essa indicação, não se recomenda seu uso
em armas .38 SPL.

9 mm Luger (Parabellum): desenvolvido na Alemanha em 1902 para


uso em pistolas militares, foi utilizado pela marinha e exército alemães.
Trata-se da munição de maior aceitação por forças militares e policiais
ao redor do mundo. Possui boa velocidade que, aliada ao pequeno
tamanho do cartucho, permite seu emprego em armas compactas
com grande capacidade de municiamento. Em sua configuração
ogival, totalmente jaquetado, deforma pouco, ou quase nada, e
penetra bastante, chegando, em muitos casos, a transfixar o corpo de
uma pessoa adulta, o que reduz suas possibilidades de incapacitação
imediata de um oponente. Aconselha-se, para uso policial, o uso de
projéteis expansivos, o que lhe confere melhor probabilidade de
eficiência balística em tiros de defesa, superior à obtida com o calibre .38
em todas as suas configurações. Mesmo assim, cautela se deve ter em
sua utilização em ambientes urbanos, pois, um considerável percentual
de projéteis expansivos, por possuírem orifício muito pequeno na ogiva,
não se expandem, tornando-se transfixantes e ineficientes na contenção
de um oponente. Ainda em uso na PMMG, vem sendo substituído, aos
poucos pelo calibre .40 S&W.

7.6.3 Calibres de boa efetividade

.45 ACP (Automatic Colt Pistol): criado em 1911 para a pistola Colt
M1911, desenvolvida por Browning, utiliza projéteis largos e pesados
em uma combinação, em que pese a baixa velocidade, que lhe confere
boas possibilidades de incapacitação imediata. Ainda utilizado em
várias organizações policiais, pode ser encontrado nas configurações
expansiva e +P+, e é considerado um dos melhores calibres para o
uso policial e de defesa. No Brasil, foi utilizado pelas forças armadas e
policiais até os idos de 1972 e 1973, sendo substituído pelo 9 mm Luger.

.40 S&W (Smith & Wesson): acompanhando a tendência mundial de

151
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

armar suas polícias com pistolas semi-automáticas e munições mais


efetivas, o Brasil optou, de uma forma geral, pelo calibre .40 S&W, com
pequenas exceções para o calibre 9 mm. Foi desenvolvido como um
calibre híbrido, que combina as vantagens encontradas no 9 mm Luger
(grande capacidade de munição nos carregadores) e no calibre .45 ACP
(potência e energia consideráveis). Sua origem reporta aos anos de
1986 a 1989, tendo sido concebido pelas norte-americanas Winchester
– munição e Smith & Wesson – arma, a partir de especificações definidas
pelo FBI. Seu desempenho deve permitir penetração mínima de 12
polegadas em gelatina balística, após ter transfixado um obstáculo
fino de vidro, madeira ou chapa metálica. Trata-se de um calibre
essencialmente policial, pois foi criado em função deste emprego, com
excelentes possibilidades balísticas de defesa.

.357 Magnum44 39
: criado em 1935 pela Smith & Wesson e pela Winchester
para uso em revólveres, atualmente é encontrado em pistolas semi-
automáticas e carabinas. Em seu desenvolvimento, buscou-se e obteve-
se desempenho balístico bastante superior ao proporcionado pelo
.38 SPL. Possui uma variedade de munições de boa potência e grande
alcance, permitindo excelente aplicação policial, bastante reduzida, por
sinal, em razão de seu considerável recuo e reduzida capacidade de
munição

.357 SIG: criado em 1994, em uma parceria entre a fabricante de armas


suiço-germânica Sigarms Inc., e a norte-americana de munições Federal
Cartridges. Seu desenvolvimento utilizou, como base, as dimensões
do estojo .40 S&W, cujo gargalo foi reduzido para assentar projéteis 9
mm (0,355” ou 9,017 mm). Possui estojo tipo garrafa, com comprimento
maior do que o do .40, diferença esta que pode variar entre +0,23 e
+0,51 mm. Sua energia se compara à do .357 Magnum, chegando a
ser superior em algumas configurações. Trata-se de uma exclelente
opção para armas de defesa, pois é utilizado em pistolas com boa
capacidade de municiamento e possui grandes possibilidades balísticas
de incapacitação.4041424344

10 mm Auto: criado no final da década de 70, foi inspirado na velocidade


e na trajetória quase tensa do 9 mm Luger, e na potência do .45 ACP. Trata-
se de um calibre com bastante energia para armas de porte e com boas
possibilidades balísticas de incapacitação, mas que não foi bem aceito
nos meios policial e militar. Demonstrou-se demasiadamente potente,
44 Magnum: do latim magnu – máximo, grande, importante, poderoso.

152
Manual de Armamento Convencional

dono de insuportável estampido e forte recuo, o que prejudica, por


demais, a precisão em disparos múltiplos. Apesar de possuir diâmetro
semelhante, não guarda relações técnicas com o calibre .40S&W.

.44 Remington Magnum: desenvolvido de forma semelhante ao calibre


.357, o .44 Rem Mag utiliza estojo aumentado em 1/8 de polegada, se
comparado ao .44 Special. Isto, para impedir sua utilização em armas não
projetadas para o calibre, extremamente mais potente, o que poderia
danificar a arma e até ferir um usuário desavisado. Conhecido como
“The Big Forty Four”, trabalha com pressões girando em torn de 43.200
c.u.p., sendo considerado o mais poderoso calibre para caça e defesa
com armas curtas no mundo. Possui excelentes qualidades balísticas
de incapacitação imediata, mas não é aceito nos meios policial e militar
em razão de seu forte recuo e baixa capacidade de munição, mesmo
quando utilizado em pistolas.

7.6.4 Calibres de alta efetividade

5.7 x 28 mm FN: desenvolvida em 1990 pela FN Herstal, trata-se de


uma munição que opera com projéteis pequenos e leves, cujas massas
variam entre 23 e 40 grains, e altíssima velocidade, alcançando, na saída
do cano, algo em torno de 2300 a 2800 pés por segundo. Utiliza estojo
tipo garrafa empregado, inicialmente, em armas fabricadas pela própria
FN: a pistola Five-Seven e a submetralhadora P90. Mais recentemente
novas armas, inclusive de outros fabricantes, têm sido desenvolvidas
para emprego do calibre, a exemplo das carabinas PS90 e AR-57, e da
submetralhadora STKinects CPW. Trata-se de um calibre que oferece
baixo recuo, grande capacidade de munição, boa portabilidade e grande
possibilidade de incapacitação imediata.

5,56 x 45 mm NATO (OTAN)45: embora de aparência e dimensões


similares, o cartucho militar 5,56 x 45mm NATO não se trata da mesma
munição que o .223 Remington. A padronização e a especificação de
armas e munições militares 5,56 são feitas pela OTAN, enquanto que a
SAAMI controla as especificações da munição para uso civil e esportivo,
o que inclui o calibre .223 Remington. As diferenças são encontradas
45 Nota: com certa frequência no meio policial, ouve-se dizer que o calibre 5,56 foi criado com a
intenção de, em combate, somente ferir o inimigo para que, em seu socorro, sejam despendidos
esforços em efetivo para salvá-lo e carregá-lo. É importante destacar que não há qualquer registro
técnico a respeito da origem dessa informação. Sua capacidade de levar ao resultado morte é
reconhecidamente elevada e maior do que qualquer calibre disparado por armas de porte. Na
verdade, foi desenvolvido para permitir maior capacidade de municiamento e transporte de
munição, com a adoção de armas mais leves e energia suficiente para tombar um soldado inimigo.

153
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

na pressão de trabalho, no “headspace” e nas tolerâncias de câmaras,


diferentes em decorrência do emprego civil ou militar. Outras diferenças
são encontradas no tipo e na composição dos estojos, projéteis, espoletas
e pólvoras, bem como na fixação de projéteis e espoletas ao estojo. Não
é recomendável a utilização de munições 5,56 NATO em armas .223 Rem
e vice-versa.

É encontrada em duas configurações:

Munição M193: o calibre 5,56 x 45 mm foi testado, pela primeira vez, em


1957. De tipo experimental com finalidade militar, foi utilizado em arma
protótipo, o Armalite AR-1546. Em 1964, o 5,56 NATO foi oficialmente
adotado como munição oficial das tropas militares norte-americanas
com a denominação militar de 5,56 Ball Cartridge M193, com núcleo
de chumbo, sem ação perfurante. Desenvolvido a partir do projeto do
AR-15, foi utilizado, no início, somente nos rifles de assalto M-16. Uma
das características principais dessa munição é a manutenção de sua
velocidade supersônica em distâncias de 500 metros. A munição M193
é uma excelente opção nos confrontos a pequenas e médias distâncias
e hoje é adotado por forças policiais como opção de defesa com armas
longas.

Munição SS109: o projétil SS109 é apresentado com massa de 62 grains


(4,02 g) e constituído de uma jaqueta de “tomback” (liga de latão usada
nas jaquetas de projéteis), um núcleo de aço temperado ocupando o
volume interno anterior da jaqueta, e chumbo preenchendo o restante
posterior desse volume. Trata-se de munição perfurante de blindagem
(AP – armor piercing) e seu uso policial é bem restrito, em que pese
aplicável e, às vezes, necessário.

7,62 x 51 mm NATO: os primeiros cartuchos no calibre 7,62 x 51 mm


NATO foram adotados em 1950, como munição padrão militar dos
países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Foi
introduzido em serviço nos Estados Unidos da América através dos rifles
M14 e das metralhadoras M60. Trata-se de munição com alta potência
e alta energia, em virtude das altas velocidades em que são lançados
os seus projéteis, em torno de 2500 pés por segundo. É muito útil,
principalmente em situações onde haja determinado tipo de obstáculo.
Sua capacidade letal é bastante elevada e possui grande possibilidade
de perfurar, facilmente, a alvenaria e atingir o que não se deseja. Seu
46 AR é abreviatura de ARMALITE, fabricante norte-americano de armas.

154
Manual de Armamento Convencional

alcance útil (onde ainda pode provocar danos incapacitantes em um ser


humano adulto) chega a quase 2000 metros, o que deve ser analisado
quando da necessidade de se evitar balas perdidas. A adoção, pelas
polícias, de fuzis no calibre 7,62 é uma necessidade, recente, de nivelar
seu poder de fogo ao de determinados infratores. Entretanto, o usuário
deve ser capacitado e ter consciência de atirar somente nas condições
necessárias, não errar o alvo e ter a certeza de que aquele tiro não irá
atingir alvos indesejados. Embora de aparência e dimensões similares,
o cartucho militar 7.62 x 51 mm NATO não se trata da mesma munição
que o .308 Winchester (vide explicação em 5,56 x 45 mm NATO e .223
Remington).

.308 Winchester: semelhante ao 7,62 x 51, é recomendado para


utilização em tiros de elite (sniper), pois, em razão de serem as dimensões
das câmaras mais reduzidas, com menor faixa de tolerância, e do tipo de
engastamento do projétil, aliado ao formato deste, permite um tiro bem
mais preciso.

Não é recomendável a utilização de munições 7,62 NATO em armas .308


Win e vice-versa.

155
CAPÍTULO 8

REVÓLVER TAURUS
CALIBRE .38 MODELO 82
Manual de Armamento Convencional

8 REVÓLVER TAURUS CALIBRE .38 MODELO 82

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE


SEMPRE ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo
SEMPRE fora do gatilho, até que o disparo seja
necessário.
b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua
arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

A evolução do revólver foi marcada pelo aperfeiçoamento dos sistemas


de carregamento e extração. Foram criados diversos sistemas: armação
rígida, armação basculante e tambor reversível. Este último é o prinicipal
sistema adotado na atualidade.

O revólver é uma arma bem aceita pelas forças de segurança do mundo


inteiro, devido a sua variedade de calibres, simplicidade, robustez e fácil
manutenção. A Figura 53 ilustra um revólver Taurus calibre .38. modelo
82.

FIGURA 53 – Revólver Taurus calibre .38. – modelo 82.

159
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

8.1 Características

A PMMG adota dois modelos de revólveres em calibre .38, com


capacidade para 5 ou 6 cartuchos, fabricados pelas Forjas Taurus S.A. do
Brasil. De um modo geral, esses revólveres são muito semelhantes em
diversos aspectos, diferindo apenas nas dimensões, na capacidade do
tambor, no comprimento e na espessura do cano e algumas peças do
mecanismo interno. O quadro 6 apresenta a descrição do revólver, de
forma genérica, com o objetivo de abranger os modelos disponíveis na
Corporação.

QUADRO 6
DESCRIÇÃO DO REVÓLVER (continua)

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: revólver (marca) calibre 38 (modelo).
1. Designação
1.2 Indicativo Militar: Rv (marca) .38 (modelo).
2.1 Quanto ao tipo: de porte.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, variando entre número
(5 ou 6) e sentido (à direita ou à esquerda) de acordo com
o modelo.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central, podendo ser direta ou indireta, dependendo do
modelo.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2. Classificação
2.7 Quanto à alimentação: manual, com capacidade para
5 ou 6 cartuchos (conforme modelo), o que pode ser feita
com a utilização de um municiador rápido, tipo speed
loader ou jet loader, em razão das denominações dadas por
alguns fabricantes (acessórios que permitem introduzir
todos os cartuchos no tambor de uma só vez).
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de trás para frente.
2.9 Quanto ao funcionamento: de repetição.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação muscular
do operador.

160
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 6
DESCRIÇÃO DO REVÓLVER (conclusão)

3.1 Alça de mira: tipo entalhe retangular, podendo ser


3. Aparelho de regulável ou fixa, dependendo do modelo.
pontaria
3.2 Massa de mira: tipo secção retangular, fixa.
4.1 Calibre: .38
4.2 Peso: em média 800 g, dependendo do modelo da
arma.
4.3 Comprimento do cano: o comprimento padrão é de
101,6 mm (4”), existindo outros modelos variando entre
50,8 mm (2”), 76,2 mm (3”), 127 mm (5”), e 152,4 mm (6”) e
203,2 mm (8”) para o tiro ao alvo.

4. Dados 4.4 Velocidade teórica de tiro: 20 tiros por minuto.


numéricos: 4.5 Velocidade prática do tiro: de acordo com a habilidade
do operador.
4.6 Alcance máximo: aproximadamente 1.400 metros.
4.7 Alcance útil: aproximadamente 450 metros
4.8 Alcance com precisão (de utilização): aproximadamente
75 metros.
4.9 Alcance prático: 20 metros.
4.10 Vida da arma: 20.000 tiros.

Há que se ressaltar que os alcances podem variar de acordo com o


modelo do revólver, tamanho do cano e tipo de munição utilizada.

8.2 Munições utilizadas na PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:


recarregada pelo Centro de Material Bélico (CMB) da PMMG, com
projéteis semi-jaquetados ou totalmente jaquetados, com ponta oca ou
com ponta plana.

c) munição real: projéteis expansivos, jaquetado com ponta


oca, semi-jaquetado com ponta oca ou semi-jaquetado com ponta
plana, tipo SPL, SPL +P ou SPL +P+, para emprego operacional.

161
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

8.3 Desmontagem do revólver Taurus Modelo 82

O revólver não deve ser desmontado pelo usuário, e sua manutenção


de primeiro escalão restringe-se à limpeza das partes externas, interior
do cano e câmara. A desmontagem somente será realizada por pessoal
técnico capacitado, no caso, armeiros do CMB, das Seções de Armamento
e Tiro (SAT) e professores de Armamento.

Para a desmontagem do revólver, procede-se da seguinte forma (as


alíneas “a”, “b”, “c” e “d”, configuram a desmontagem de 1º escalão):

a) Medidas preliminares de segurança:

– retirar qualquer tipo de munição das proximidades;

– manter o dedo fora do gatilho e controlar a direção do cano;

– abrir a arma;

– fazer inspeção visual e tátil das câmaras.

b) retirada do conjunto do tambor:

– desatarrar o parafuso-retém do suporte do tambor;

– comprimir o dedal serrilhado para frente e rebater o tambor


para a esquerda;

– deslocar o tambor para frente, até que o eixo saia de seu


alojamento, tomando o cuidado de não deixar cair o pino e a mola do
retém do tambor, que se inserem dentro do eixo.

c) desmontagem do conjunto do tambor:

– desatarraxar a vareta do extrator, girando-a no sentido


levógiro e retirá-la;

– retirar a haste central e sua mola;

– retirar, por trás do tambor, o extrator;

– retirar o tambor, forçando-o para trás e desprendendo-o da


bucha elástica;

162
Manual de Armamento Convencional

– retirar a mola do extrator com seu anel;

– na parte posterior do tambor existe uma bucha elástica; não


deve ser retirada, pois esta se deforma e quebra com facilidade;

– alguns revólveres, neste nível de desmontagem, ainda


possuem duas peças extras: a mola auxiliadora do extrator e o anel
espaçador.

d)retirada do cabo (talas ou placas do punho):

–desatarraxar o parafuso das placas;

– retirar as placas.

e) retirada da placa do mecanismo:

– desatarraxar os parafusos da placa do mecanismo;

– desprendê-la batendo, uma série de vezes, o cabo plástico


de uma chave de fenda contra a armação até que a placa se levante e se
desprenda;

f ) retirada dos conjuntos da mola real e da mola do gatilho:

– puxar o dedal serrilhado para trás e engatilhar a arma;

– inserir a extremidade de um arame flexível no orifício localizado


na parte inferior da haste da mola real, e a outra extremidade em orifício
semelhante, localizado na parte posterior da hase da mola do gatilho;

– desengatilhar a arma e colocar o gatilho em sua posição mais


avançada; nesse momento, deverão estar soltas da arma, mas seguras
pelo arame, as seguintes peças: haste central, mola real, chapa da mola
real, haste da mola do gatilho, mola do gatilho e encosto da mola
do gatilho; não as separe, pois isto dificultará sua montagem. Caso o
encosto da mola do gatilho não se solte, empurrá-lo, pelo lado esquerdo
da armação, com um toca-pino.

g) retirada do impulsor do tambor:

– puxar para trás e deslocá-lo para a direita da arma, retirando-o


com o cuidado de não deixar cair sua mola e seu mergulhador, que
estarão inseridos em seu alojamento no gatilho.

163
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

h) retirada do cão:

– girar levemente o cão para trás e deslocá-lo para a direita e


para fora de seu eixo na armação; nele estará solidária a alavanca de
armar com mola e eixo, que não deverá ser retirada.

i) retirada do gatilho, do retém do tambor e da barra de


percussão:

– levantar o impusor do tambor, ainda preso na armação;

– deslocar o gatilho para a esquerda e para fora de seu eixo na


armação; com ele sairão o pino e a mola do impulsor do tambor, que
poderão ser retirados;

– retirar a barra de percussão que já estará solta;

– movimentar o retém do tambor para trás e para baixo, e


deslocá-lo para a direita e para fora de seu eixo na armação.

j) retirada do ferrolho:

– desatarraxar o parafuso do dedal serrilhado e retirá-lo com o


respectivo dedal;

– recuar o ferrolho e, ao mesmo tempo, deslocar para a


direita e para fora da armação, sua parte anterior, com cuidado para que
sua mola, que se acha comprimida, não salte.

k) retirada do percutor:

– com um alicate de bico, retirar o pino do percutor;

– deitar a arma com o cano apontado para cima e bater sua


parte posterior na palma da mão, o que fará cair, de seu alomento, o
percutor e sua mola.

A Figura 54, na página seguinte, apresenta a vista explodida do revólver


Taurus Modelo 82 e o quadro 7, a relação de suas peças.

164
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 54 – Vista Explodida do revólver calibre .38. Taurus – modelo 82

165
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 7

RELAÇÃO DAS PEÇAS DO REVÓLVER CALIBRE .38 – MODELO 82


IT DENOMINAÇÃO DA PEÇA IT DENOMINAÇÃO DA PEÇA
1 Extrator 25 Parafuso trava
2 Bucha elástica fixa 26 Mola do parafuso trava
3 Haste central 27 Esfera do parafuso trava
4 Mola da haste central 28 Pino limitador da trava
5 Mola externa do extrator 29 Alavanca de armar
6 Anel da mola do extrator 30 Mola da alavanca de armar
7 Mola auxiliadora do extrator 32 Barra de percussão
8 Tambor (inclui peças 1 e 2) 33 Mola do impulsor do tambor
9 Suporte do tambor 34 Pino do impulsor do tambor
Conjunto do gatilho (inclui
10 Trava do suporte do tambor 35
peças 33 e 34)
Mola da trava do suporte do Conjunto da mola do gatilho
11 36
tambor (inclui peças 37 à 39)
12 Pino e mola do retém do tambor 37 Haste da mola do gatilho
13 Pino da trava do suporte do tambor 38 Mola do gatilho
14 Vareta do extrator de 2 1/2” 39 Encosto da mola do gatilho
Conjunto da mola real (inclui
14 Vareta do extrator de 3” e 4” 40
peças 41 à 43)
15 Cano de 2 1/2” 41 Haste da mola real
15 Cano de 3” 42 Mola real
15 Cano de 4” 43 Chapa da mola real
15 Cano de 4” 44 Retém do tambor
15 Cano de 4” (super) 45 Impulsor do tambor
16 Armação 46 Placa do mecanismo
17 Dedal serrilhado 47 Parafuso do suporte do tambor
18 Parafuso do dedal serrilhado 48 Mola do pino de fixação do suporte

19 Percutor 49 Pino de fixação do suporte


20 Mola do percutor 50 Parafuso da placa do mecanismo
21 Pino do percutor 51 Cabo de borracha (inclui peça 52)
22 Ferrolho 52 Parafuso do cabo de borracha
23 Mola do ferrolho 58 Pino do cabo
Conjunto do cão sem trava (inclui
24 69 Anel espaçador
peças 25, 29 à 30)
Conjunto do cão com trava
24
(inclui peças 25 à 30)
Fonte: Forjas Taurus.
166
Manual de Armamento Convencional

8.4 Montagem

A sequência de montagem, tanto do revólver, como das demais armas,


segue caminho inverso ao da retirada de peças. Sempre partendo da
última, até chegar à primeira peça retirada.

Para a correta montagem do revólver, é importante observar os mesmos


cuidados tidos durante a desmontagem. Utilize ferramentas apropriadas
e que guardem relação com as dimensões exatas dos parafusos e pinos,
sem forçar, exageradamente, o encaixe das peças para não danificá-las.

a) colocação do percutor:

– inserir a mola do percutor e o percutor, este com seu entalhe


voltado para baixo;

– empurrá-los para frente e inserir o pino do percutor.

b) colocação do ferrolho:

– colocar a mola do ferrolho em sua posição na armação;

– encaixar o pino do ferrolho, localizado em sua parte posterior,


dentro da primeira espira da mola;

– forçar a parte posterior do ferrolho para trás, mantendo


contato com seu alojamento na armação, e o ressalto existente em sua
parte anterior para a direita, encaixando-o no alojamento de passagem
localizado na armação;

– recolocar o dedal serrilhado e prendê-lo com seu parafuso.

c) colocação do gatilho, retém do tambor e barra de


percussão:

– colocar o retém do tambor em seu eixo na armação;

– colocar a barra de percussão com seu pino de encaixe no


gatilho voltado para a direita e sua parte superior um pouco abaixo da
cauda do percussor;

– colocar a mola e o pino do impulsor do tambor em seu


alojamento no gatilho;

167
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– colocar o gatilho em seu eixo, encaixando, concomitantemente,


o orifício localizado abaixo de seu dente posterior inferior, no pino da
barra de percussão.

d) colocação do cão:

– colocar o cão em seu eixo, encaixando sua noz entre os


dentes, posterior e superior, do gatilho.

e) colocação do impulsor do tambor:

– com o auxílio de uma chave de fenda pequena, forçar, para


dentro de seu alojamento na parte posterior do gatilho, o pino e a mola
do impulsor do tambor;

– concomitantemente, encaixar a garra do impulsor (parte


superior) em seu entalhe de saída na armação (parte superior), e seu
pino menor (central esquerdo) no orifício de encaixe localizado na parte
posterior do gatilho, prendendo o pino e a mola contidos pela chave de
fenda;

– tão logo os encaixes estejam corretos, retirar a chave de


fenda.

f ) colocação dos conjuntos da mola real e da mola do


gatilho:

– encaixar a parte anterior da haste da mola do gatilho em seu


alojamento na parte posterior do gatilho, e o encosto da mola do gatilho
em seu orifício localizado na armação;

– empurrar e manter o dedal serrilhado em sua posição mais


avançada, liberando o movimento do cão;

– trazendo cão para a retaguarda, agindo em sua crista


serrilhada, prender a parte superior da haste da mola real em seu
alojamento no cão, e a chapa da mola real em seu encaixe localizado no
centro do cabo;

– após encaixadas essas peças, trazer um pouco mais o cão à


retaguarda; esse movimento irá forçar as molas e liberar espaço para a
retirada do arame inserido nos orifícios da haste da mola do gatilho e da
haste da mola real;

168
Manual de Armamento Convencional

– tão logo sejam retirados, desengatilhar a arma; o que fará


com que os apoios das molas fiquem encaixados em suas posições.

g) colocação da placa do mecanismo:

– colocar a placa do mecanismo, encaixando a garra existente,


em sua parte superior, por baixo da armação e em contato com o cão;

– alinhar suas extemidades médias e inferiores;

– utilizando um martelo de plástico, polímero ou baquelite,


bater, com decisão, na parte inferior central da placa, para que esta se
encaixe em toda a sua extensão;

– colocar e atarraxar seus dois parafusos, sem apertá-los


exageradamente.

h) recolocação das placas do punho:

– encaixar as placas esquerda e direita;

– recolocar e atarraxar seu parafuso.

i) montagem do conjunto do tambor:

– colocar, no orifício central do tambor, a mola do extrator com


seu anel voltado para frente;

– encaixar o tambor em seu suporte, forçando-o para trás para


que se encaixe na bucha elástica fixa, localizada na parte posterior, que
deverá estar sendo forçada, concomitantemente, para frente;

– colocar, por trás, o extrator;

– colocar, pela frente, a haste central e sua mola;

– colocar, pela frente, e atarraxar, a vareta do extrator, girando-a


no sentido destrógiro até que se prenda e mantenha preso todo o
conjunto.

j) colocação do conjunto do tambor:

– colocar o pino e a mola do retém do tambor no interior do


eixo do suporte tambor, em sua parte posterior;

169
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– inserir o eixo do suporte do tambor em seu alojamento na


armação, deslocando-o para trás até seu limite de encaixe;

– rebater o tambor para sua posição de alinhamento na


armação;

– colocar e atarraxar o parafuso retém do suporte do tambor.

k) verificação de montagem correta:

– rebater o tambor para esquerda e para direita; verificar se ele


fixa na armação quando fechado, e se solta facilmente quando aberto;

– verificar se o tambor gira livremente;

– verificar o afloramento do retém do tambor, e seu recuo


contra a ação de sua mola;

– acionando o gatilho em ação dupla, verificar a revolução do


tambor;

– acionando o gatilho em ação simples, verificar o


engatilhamento e o desengatilhamento;

– verificar a exposição do percussor através de seu orifício de


passagem (afloramento).

8.5 Funcionamento

O estudo do funcionamento do revólver é analisado,


separadamente, com base nas ações de engatilhamento da arma,
descritas através dos subitens que se seguem:

a) ação simples:

– o operador que estiver empunhando a arma, agirá sobre a


crista serrilhada do cão, com o polegar da mão contrária à que empunha
a arma, e fará com que ele gire para trás;

– quando o cão recua, a mola real é comprimida, uma vez que


a haste da mola real se acha solidária com o cão;

– simultaneamente, a “noz” do cão levanta o dente posterior


superior do gatilho e, consequentemente, o dente anterior do gatilho

170
Manual de Armamento Convencional

se abaixará, agindo sobre o retém do tambor, que também se abaixará,


liberando o tambor;

– o impulsor do tambor, que faz sistema com o gatilho, eleva-


se, agindo sobre a cremalheira, impulsionando o tambor, imprimindo-
lhe um movimento de rotação;

– após o tambor ter girado o suficiente para alinhar a câmara


(que contém o cartucho a ser disparado) com o cano, o dente anterior
do gatilho libera o retém do tambor;

– o retém do tambor volta a se introduzir em seu alojamento,


acionado por seu pino e pela mola, de forma a reter novamente o
tambor;

– o dente posterior superior do gatilho engraza-se na “noz” do


cão, através do entalhe de engatilhamento ali existente, mantendo o
cão à retaguarda;

– quando o operador aciona o gatilho, o seu dente posterior


superior faz com que o cão vá um pouco mais à retaguarda, até que o
engrazamento entre o entalhe de engatilhamento e o dente posterior
do gatilho se desfaça, liberando o cão;

– o cão vai à frente por ação da mola real, levando consigo o


percussor (no caso de percussão direta);

– no caso de percussão indireta, o cão aciona o percussor ou a


barra de percussão;

– o percussor, aflorando em seu orifício de passagem, irá ferir a


espoleta provocando o disparo;

b) ação dupla:

– ao acionar o gatilho, o dente posterior superior do gatilho


agirá sobre a alavanca de armar, obrigando o cão a recuar;

– o dente anterior do gatilho agirá sobre o retém do tambor,


da mesma forma que no sistema de ação simples, agindo também, da
mesma forma do caso anterior, o impulsor do tambor;

– a ação contínua do operador sobre o gatilho fará com que

171
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

o dente posterior superior do gatilho deixe de agir sobre a alavanca


de armar, transferindo a função de continuar o recuo do cão para o
dente posterior inferior do gatilho, que se engrazará no entalhe de
engatilhamento;

– continuando o acionamento do gatilho, haverá um momento


em que o dente posterior inferior do gatilho deixará de agir sobre o
entalhe do engatilhamento, liberando o cão;

– o cão irá à frente por ação da mola real e a percussão se


processará como no caso anterior;

– após o disparo, o operador solta o gatilho e o impulsor do


gatilho, por ação da mola do seu impulsor (que se achava comprimida),
volta à sua posição de repouso, bem como o gatilho e o cão.

8.6 Mecanismos de segurança do Modelo 82

A maior segurança de um revólver reside em não


acionar o gatilho inadvertidamente.
Quando esse tipo de arma encontra-se em repouso,
seus mecanismos de segurança estão sempre
atuando para evitar o disparo acidental, mesmo
diante de uma queda.
Entretanto, somente funcionam se as peças estiverem
em perfeito estado de conservação, e enquanto o
operador não acionar o gatilho.

Devido ao fato de que o revólver está sempre em condições de disparo,


bastando apenas que a arma esteja com o tambor fechado e que o
operador acione o gatilho, diversos mecanismos de segurança foram
inventados pelos fabricantes, para evitar os indesejáveis disparos
acidentais.

O Modelo 82 é dotado de um sistema de segurança chamado Barra de


Percussão. Neste sistema, o cão, quando em sua posição mais avançada,
não consegue atingir o percussor, pois possui um ressalto fixo em sua
porção ântero-superior que, ao atingir a armação, tem seu movimento

172
Manual de Armamento Convencional

limitado, deixando-o afastado do percussor.

Para que a percussão seja possível, um complemento deve se interpor


entre o cão e percussor. Esse complemento é uma barra (Barra de
Percussão) que só se eleva no momento em que o gatilho é acionado,
pois está conectada a este.

Quando o gatilho é liberado, a barra de percussão desce, tornando


novamente nula a ação do cão.

8.7 Inspeção preliminar

Ao receber ou passar o revólver para alguém, fazê-


lo com a arma aberta e com o punho ou coronha
voltados para quem o está recebendo.

Tal procedimento propiciará a visualização imediata das câmaras, sendo


então o primeiro fator de segurança no recebimento da arma.

Para proceder à inspeção preliminar, a arma deve ser analisada em três


aspectos: gerais, de funcionamento e de segurança:

a) aspectos gerais:

– limpeza das partes externas, bem como a presença de


resíduos ou objetos que estejam obstruindo o cano e as câmaras;

– inexistência ou mal atarraxamento de parafusos, com atenção


especial para o dedal serrilhado, parafuso-retém do suporte do tambor,
parafuso do retém do tambor e vareta do extrator;

– perfeita fixação das placas da coronha.

b) aspectos de funcionamento:

– funcionamento do engatilhamento na ação simples e na


ação dupla;

– retenção do tambor, quando a arma estiver em repouso ou


engatilhada. Nestas situações, se o tambor girar livremente, indica que
o retém do tambor está com algum defeito;

173
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– funcionamento do dedal serrilhado;

– fechamento e abertura do tambor: o tambor deve fechar


e abrir normalmente. Caso apresente dificuldades para tal, deve ser
verificado o atarraxamento da vareta do extrator ou até mesmo se ela
está empenada;

– acionamento do gatilho em ação dupla. Neste momento, o


tambor deve girar e o cão deve engatilhar pelo funcionamento normal
do mecanismo da arma;

– verificar a integridade e o perfeito funcionamento do


percussor.

c) aspectos de segurança:

– com o revólver vazio e o tambor fechado, engatilhar o cão;

– mantendo o cão à retaguarda (por uma pinça formada pelos


dedos indicadores e polegar da mão fraca) acionar o gatilho somente o
suficiente para provocar o desengatilhamento;

– verificado o desengatilhamento, retirar o dedo do gatilho e


levar o cão, suavemente, até a metade de seu percurso;

– em seguida, soltar o cão, deixando-o avançar, momento em


que o percussor NÃO deve aflorar. Caso o percussor aflore em seu orifício
de passagem, o cão, o impulsor do gatilho ou o calço de segurança estão
defeituosos;

– engatilhar e desengatilhar a arma, conduzindo o cão à frente


(por uma pinça formada pelos dedos indicadores e polegar da mão
fraca), mantendo o gatilho pressionada. Observar se o percussor aflora o
seu orifício de passagem, se isto não ocorrer, significa que o sistema de
percussão está com defeito em alguma peça. Ao liberar o gatilho e o cão,
o percussor deverá retrair-se imediatamente.

8.8 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para fazer funcionar,


ou deixar em segurança, a arma que emprega.

a) municiar e alimentar: empunhando o revólver com a mão

174
Manual de Armamento Convencional

direita, levar o dedal serrilhado à frente, usando o polegar da mesma


mão (Figura 55). A operação fará com que a extremidade anterior do
ferrolho atue sobre a haste central que, por sua vez, empurra a presilha
– retém localizada no cano. Assim, o dedo indicador poderá rebater o
tambor (Figura 56).

FIGURA 55 – Dedo polegar sobre o dedal serrilhado para deslocá-lo à frente.

FIGURA 56 – Tambor rebatido – impulsionado pelo dedo indicador.

Com os dedos anular e médio da mão esquerda, terminar de empurrar

175
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

o tambor à esquerda, rebatendo-o. Estes dedos deverão segurar o


tambor durante a alimentação, e a arma deverá estar apontada para
baixo, ou voltada para a caixa de areia. Os dedos mínimos e indicador
da mão esquerda deverão segurar a arma próximo ao cão e ao cano,
respectivamente. Em seguida, introduzir os cartuchos nas câmaras com
a mão direita, girando o tambor com os dedos anular, médio e polegar
da mão esquerda (Figura 57).

O municiamento do revólver é uma exceção à regra, uma vez que o


revólver não dispõe de carregador, e sim, de câmaras giratórias (tambor),
que servem como tal. Portanto, o municiamento do revólver ocorre
quando se colocam os cartuchos desejados no tambor, fechando-o;

FIGURA 57 – Posicionamento da mão esquerda e municiamento do tambor e


alimentação da arma (caso específico do revólver).

b) fechamento do tambor: terminada a alimentação,


desloque o tambor para dentro da armação com a mão esquerda,
empunhando o revólver com a mão direita. Neste momento, a haste
central, por ação de sua mola, agirá sobre a extremidade anterior do
ferrolho, fazendo-o recuar, liberando a passagem da parte posterior do
cão. Simultaneamente, a presilha-retém se alojará na vareta do extrator,
completando-se o fechamento do tambor na armação (Figura 58);

176
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 58 – Fechamento do tambor.

c) carregamento: é comum escutar que, no momento em


que se fecha o tambor do revólver a arma estará carregada. Contudo,
o carregamento do revólver se dará somente no momento em que a
munição a ser disparada (ou seja, a munição posicionada na 1ª câmara à
direita do cano), estiver alinhada com o cano, no momento que antecede
ao disparo, seja em ação simples ou dupla.

Para esclarecimento da polêmica, basta lembrar do conceito de


carregamento: munição na câmara, em condições de disparo. No caso
do revólver, a munição que estará na câmara, em condições de disparo,
é aquela posicionada na 1ª câmara à direita do cano. Assim, quando o
revólver é engatilhado na ação simples, ele estará carregado. Já na ação
dupla o carregamento somente ocorrerá instantes antes do disparo,
quando acionado o gatilho e o tambor completar 1/6 de volta (revólver
com 6 câmaras), alinhando a câmara e o cano.

A munição que está, inicialmente, na câmara alinhada com o cano, não


é aquela que será disparada, pois, no momento do engatilhamento ou
do acionamento do gatilho, essa câmara girará para a esquerda. Caso
os mecanismos de segurança estejam em perfeitas condições, NÃO há,
também, a possibilidade de haver um disparo acidental com a arma

177
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

em posição de repouso. Aliás, caso esse ocorra, não acontecerá em


condições normais de funcionamento do mecanismo, ou seja, a arma
não foi produzida para causar esse efeito, sendo uma ação acidental;

d) engatilhamento: o engatilhamento pode ser efetuado por


dois processos:

– ação dupla: acionar o gatilho com o dedo indicador;

– ação simples: sem colocar o dedo indicador no gatilho, levar


o polegar da outra mão (mão fraca – para destros, a mão esquerda,
e para canhotos, a mão direita) à crista serrilhada do cão e trazê-lo à
retaguarda, até que fique preso pelo entalhe de engatilhamento. Este
procedimento NUNCA deve ser feito com o dedo polegar da mão
forte, pois tal ação contribuirá, substancialmente, para a perda da
empunhadura, e influenciará negativamente em um eventual disparo;

e) disparo: no tiro de ação dupla, o disparo consiste na ação


continuada e de força constante do dedo indicador sobre o gatilho
durante todo seu percurso de arrasto. Já na ação simples, basta acionar a
tecla suavemente, uma vez que já estará na posição de engatilhamento;

f ) extração e ejeção: para a extração e ejeção procede-se,


inicialmente, como se fosse alimentar a arma, ou seja, é necessário
rebater o tambor. Tendo rebatido o tambor e segurado a arma da
maneira indicada para municiamento e alimentação, pressionar a vareta
do extrator com o polegar esquerdo, colocando-se a mão direita abaixo
do tambor, para aparar os cartuchos extraídos e ejetados;

g) desengatilhamento em ação simples: uma vez


engatilhado, o revólver já se encontra em condições de disparo, porque
a câmara que contém o cartucho a ser disparado está rigorosamente
alinhada com o cano. Portanto, o desengatilhamento é uma operação
delicada, devendo ser cercada das cautelas a seguir que, se seguidas à
risca, evitarão a possibilidade de acidentes:

– apontar a arma para um local seguro e desenvolver o


desengatilhamento em quatro tempos47;

47 Forma mais segura de se proceder ao desengatilhamento da arma. Nesse procedimento, o dedo


indicador somente fica em contato com a arma o suficiente para pressionar o gatilho e liberar o cão,
evitando-se acidentes.

178
Manual de Armamento Convencional

– posicionar o dedo polegar da mão contrária à que está


empunhando a arma, entre o cão e o percutor da arma (para impedir o
avanço do cão), devendo o restante da mão fraca (esquerda para destros
e direita para canhotos) abraçar a arma;

– acionar o gatilho, com o dedo indicador, apenas o suficiente


para liberar o cão. O cão será liberado e baterá em seu dedo polegar;

– quando sentir o cão pressionando seu dedo polegar, retire o


dedo indicador do gatilho, bem como retire a mão forte da arma;

– com o dedo polegar e o indicador da mão forte, faça uma


“pinça” e segure o cão. Retire o dedo que impede o avanço do cão e
o conduza à frente, através da “pinça”. A barra de percussão irá baixar,
na medida em que o gatilho se deslocar à frente, e o cão irá parar pela
contato de seu ressalto na armação, não atingindo mais o percussor.

8.9 Manejo operacional do revólver calibre .38

O manejo operacional nada mais é do que a adequação das ações


básicas de manejo para seu emprego no cotidiano policial. Este
cotidiano passa, normalmente, por quatro situações que vão exigir, do
policial, a realização de uma sequência de ações de manejo com sua
arma, específicas para cada momento: a) policial recebendo sua arma
e a preparando-se para o trabalho; b) policial no local de serviço, ao
utilizar sua arma; c) retorno da arma ao coldre, após efetuar disparo
ou não; d) devolução da arma à reserva de armamento, ao término do
serviço. Assim, o manejo operacional deve obedecer a uma sequência
técnica e padronizada de ações que visam, principalmente, a segurança
do policial e de terceiros. Utilizando o revólver, os procedimentos são os
seguintes:

a) Recebimento e preparação da arma para o serviço

– a arma deverá ser entregue aberta e com o punho voltado


para quem a recebe, o que possibilita visualizar, imediatamente, a
câmara, como medida de segurança para os envolvidos no processo;

– desmontar a arma em 1º escalão, limpar, lubrificar e realizar


a inspeção preliminar;

– dirigir-se até a caixa de areia, e apontar a arma para seu

179
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

interior, mantendo o dedo fora do gatilho (procedimento obrigatório);

– municiar e alimentar a arma;

– fechar a arma;

– levá-la ao coldre e abotoar a presilha.

b) Utilização da arma no local de serviço

– Em abordagens:

manter-se na área de segurança;


sacar e empunhar corretamente;


adotar postura de retenção ou pronta resposta,



dependendo do risco da situação;

– Se o disparo for necessário:

apontar e acionar o gatilho rapidamente, até que a ameaça



tenha cessado48.

c) Retorno da arma à condição de patrulhamento

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E O CANO VOLTADO


PARA UMA DIREÇÃO SEGURA

No caso de a arma ter sido engatilhada, mas não disparada:

– direcionar o cano da arma para um local e uma superfície


seguros (gramado, terra, areia, água);

– posicionar o dedo polegar da mão fraca entre o cão e a


armação;

– voltar o cano da arma para um local e uma superfície seguros


(gramado, terra, areia, água);

48 Observar o previsto nos princípios 5 (alíneas a e b), 9 e 10 dos Princípios Básicos para o Uso da
Força e das Armas de Fogo por Policiais.

180
Manual de Armamento Convencional

– realizar o desengatilhamento em 4 tempos.

No caso de não ter efetuado disparos, e o cão estar à frente:

– coldrear a arma.

No caso de ter efetuado disparos, e o cão estar


desengatilhado:

– voltar o cano da arma para um local e uma superfície seguros


(gramado, terra, areia, água);

– abrir a arma;

– extrair e ejetar os cartuchos deflagrados;

– remuniciar e alimentar;

– fechar a arma;

d) Devolução da arma ao término do serviço

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E COM O CANO


VOLTADO PARA UMA DIREÇÃO SEGURA:

– dirigir-se até a caixa de areia e, com o dedo fora do gatilho,


apontar a arma para o seu interior;

– abrir a arma;

– extrair e ejetar os cartuchos;

– devolver a arma aberta, com o punho voltado para o


funcionário da reserva de armamento.

8.10 Recomendações para o emprego operacional do revólver


calibre .38

A utilização de municiadores rápidos não


caracteriza alimentação por carregador.

O revólver mais comumente utilizado pela PMMG possui 6 câmaras que

181
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

se alinham com um único cano. Funciona na ação simples e dupla, e


possui um gatilho com força de acionamento de 6 kg. É perfeitamente
adaptado para o uso de municiadores rápidos tipo jet ou speed loader,
que são acessórios e não fezem parte do conjunto da arma.

As munições recomendadas são as expansivas hollow point (ponta


oca) ou flat point (ponta plana), jaquetadas ou semi-jaquetadas, nas
configurações +P e +P+.

O revólver calibre .38 deve ser empunhado com as duas mãos e seu
gatilho acionado com a falange distal, sofrendo uma pressão constante
até o momento do disparo. O controle do gatilho deve ser feito sempre
que a arma for utilizada na ação dupla.

Em qualquer circunstância, o policial militar sempre deverá tratar o


revólver como se estivesse carregado e pronto para o disparo. Por isso,
principalmente antes de realizar a limpeza, deve-se sempre verificar se
a arma está descarregada. Nunca puxar a arma na própria direção pelo
cano ou direcionar o cano para a mão ou qualquer parte do corpo.

Pode ser utilizado em qualquer ação ou operação policial em que seja


necessário o uso de armas de porte, desde o policiamento ostensivo
geral até as atividades especializadas, exceto aquelas onde se faça
necessário o uso de arma de maior poder de fogo.

8.11 Condução da arma

Para a condução segura e adequada à preservação do equipamento, os


seguintes cuidados deverão ser tomados:

a) o revólver deve ser conduzido no coldre abotoado;

b) a presilha do coldre deverá fixar firmemente a arma;

c) o revólver no coldre não deverá servir de apoio para a mão


do policial;

d) a presilha não deve ser manuseada sem motivo, visto que


perderá sua pressão, ficando relaxada e aumentando o risco de queda
ou saque da arma por terceiros;

e) quando estiver de serviço em trajes civis, o policial conduzirá


o revólver em coldres que permitam uma eficiente ocultação, sem

182
Manual de Armamento Convencional

prejudicar demasiadamente seus movimentos. Recomenda-se, nestes


casos, utilizar armas de pequenas dimensões, em coldres adequados,
especificamente o revólver equipado com tambor de 5 câmaras e cano
de 2 polegadas;

f ) para o transporte de maior quantidade de armas em viaturas,


estas deverão estar devidamente acondicionadas em caixas de madeira
que impeçam o contato entre elas, procurando evitar choques que
possam danificar suas peças e seu acabamento;

g) quando o policial precisar conduzir o revólver em uma das


mãos, no interior dos quartéis ou nos estandes, deverá estar sempre
vazio, com o tambor rebatido à esquerda e segurando-o firmemente
pela ponte de armação (com os dedos médio e anelar para dentro da
ponte) e os dedos indicador e mínimo apoiando o cano e a armação.

8.12 Incidentes de tiro e defeitos

Um incidente de tiro é caracterizado pela suspensão temporária do


funcionamento da arma, sem que o operador tenha lhe dado causa.
Esses incidentes podem ocorrer devido ao desgaste da arma ou da
munição, bem como por problemas mecânicos (defeitos), falhas na
manutenção e na limpeza da arma, carregadores e munições.

É importante que se tenha condições de diagnosticar tais problemas,


para que possam ser sanados. Dessa forma, o quadro 8 apresenta uma
relação de incidentes e defeitos possíveis em um revólver .38, suas
causas e medidas corretivas.

183
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 8

INCIDENTES E DEFEITOS COM O REVÓLVER TAURUS .38 MODELO 82


CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (continua)

INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Substituir a munição;
1) Munição defeituosa; 2) Substituir o
2) Percussor quebrado ou com a ponta percussor;
gasta; 3) Corrigir a rebarba;
3) Rebarba na ponta do percussor 4) Desobstruir o orifício
Nega
4) Orifício de passagem do percussor da passagem do
obstruído; percussor;
5) Orifício de passagem do percussor 5) Substituir a bucha do
excessivamente aberto. orifício de passagem do
percussor.
1) Substituir a haste
1) Extremidade posterior da haste central
Cão não central;
gasta ou quebrada;
recua 2) Substituir o ferrolho;
2) Ferrolho com ponta gasta ou quebrada.

1) Dente anterior do gatilho gasto ou


quebrado (não há liberação do retém do
tambor);
2) Dente do impulsor do tambor quebrado
1) Substituir o gatilho.
ou gasto (o tambor não gira ou gira de
2) Substituir o impulsor
forma irregular ou incompleta);
do tambor;
3) Dente da cremalheira gasto (o tambor
3) Substituir o conjunto
não gira ou gira de forma irregular ou
do tambor;
incompleta);
4) Atarraxar a vareta do
4) Vareta do extrator desatarraxada
extrator;
(tambor não gira);
5) Substituir a haste
5) Extremidade posterior da haste central
central;
Falha na gasta ou quebrada (o movimento do
6) Substituir o ferrolho;
revolução49 impulsor do tambor é bloqueado);
7) Substituir o retém do
do tambor 6) Ferrolho com ponta gasta ou quebrada
tambor;
(o movimento impulsor do tambor é
8) Desobstruir os
bloqueado);
orifícios;
7) Retém do tambor gasto ou quebrado
9) Desempenar ou
(apresentação irregular do cartucho);
recuperar o eixo do
8) Orifícios de retenção no tambor ou
gatilho;
orifício de passagem do retém do tambor
10) Identificar e ajustar
obstruídos (apresentação irregular do
a peça, ou peças
cartucho);
necessárias.
9) Eixo do gatilho empenado ou quebrado;
10) Ajuste inadequado dos dentes do
gatilho, da noz do cão, do retém do
tambor e/ou do impulsor do tambor.

49 Ato ou efeito de revolver, dar voltas, girar.

184
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 8
INCIDENTES E DEFEITOS COM O REVÓLVER TAURUS .38 MODELO 82
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (conclusão)

Arma não
1) Noz do cão gasta;
engatilha 1) Substituir o cão;
2) Dente posterior superior do gatilho
para ação 2) Substituir o gatilho.
gasto ou quebrado.
simples

Arma não 1) Alavanca de armar quebrada ou não 1) Substituir a alavanca


engatilha presente; de armar;
para ação 2) Dente posterior inferior do gatilho gasto 2) Substituir o gatilho.
dupla (engatilhamento incompleto).

1) Substituir a mola do
Arma não
1) Mola do cão quebrada ou fora do lugar. cão ou recolocá-la no
desengatilha
lugar correto.

1) Limpar a câmara;
1) Corpo estranho ou sujeira na câmara;
2) Substituir o cartucho;
2) Cartucho defeituoso;
Falha na 3) Substituir a vareta do
3) Vareta do extrator quebrada ou
extração extrator;
empenada;
4) Substituir o conjunto
4) Extrator quebrado ou empenado.
do tambor.50

50 Quando houver necessidade de substituição do extrator, todo o conjunto do tambor deverá ser
trocado, uma vez que a peça não permite intermutabilidade e não é fornecida separadamente.

185
CAPÍTULO 9

PISTOLAS
SEMI-AUTOMÁTICAS
TAURUS - PT: 92AF,
917C E 100AF
Manual de Armamento Convencional

9 PISTOLAS SEMI-AUTOMÁTICAS TAURUS – PT: 92AF, 917C e 100AF

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE


SEMPRE ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo
SEMPRE fora do gatilho, até que o disparo seja
necessário.
b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua
arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

A Polícia Militar possui, em sua dotação, as pistolas Taurus modelos PT


92AF (Figura 52) e 917C, ambas no calibre 9 mm Luger, e a PT 100 AF,
no calibre .40 S&W. Apesar de modelos e calibres diferentes, as pistolas
citadas possuem mecanismos de funcionamento idênticos, o que lhes
conferem os mesmos padrões de estudo, motivo pelo qual foram reunidas
em um único capítulo. O que as diferencia são as dimensões, o peso e
o calibre. Algumas, em que pese manterem a mesma nomenclatura,
ainda podem ser dotadas de compensador de recuo híbrido e trilhos
tipo Picatinny, para a colocação de lanternas e miras.

FIGURA 59 – Pistola Taurus, calibre 9 mm, modelo PT 92AF.

189
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

9.1 Características das pistolas PT 92 e 917C, calibre 9 mm Luger

Para melhor caracterização, os dados das pistolas Taurus calibre 9 mm,


modelos PT 92 AF e 917 C, são apresentados no quadro 9.

QUADRO 9

CARACTERÍSTICAS DAS PISTOLAS TAURUS CALIBRE 9MM – MODELOS


PT 92AF E 917C

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: pistola Taurus, calibre 9 mm, modelo PT
1. Designação 92AF/917C.
1.2 Indicativo militar: pistola Taurus calibre 9 mm PT92AF ou 917C
2.1 Quanto ao tipo: de porte.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.32.3 Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias, à direita com
passo de 250 mm.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
2. Classificação central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico tipo cofre, bifilar,
com capacidade para 15 (92AF) ou 17 cartuchos (917C).
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação dos gases
sobre o ferrolho (com curto recuo do cano).
3. Aparelho 3.1 AIça de mira: tipo entalhe incrustada no ferrolho, com inserts brancos.
de pontaria 3.2 Massa de mira: tipo lâmina, integrada no ferrolho, com insert branco.
4.1 Calibre: 9 mm Parabellum ou Luger (9 x 19 mm NATO).
4.2 Peso: 0,950 kg (aproximadamente) com carregador vazio.
4.3 Comprimento da arma: 217 mm.
4.4 Comprimento do cano: 92 AF – 125 mm (5”); 917C – 103 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 150 tiros por minuto.
4. Dados 4.6 Velocidade prática do tiro: 60 tiros por minuto.
numéricos 4.7 Alcance máximo:aproximadamente 1.500 metros.
4.8 Alcance útil: 450 metros.
4.9 Alcance com precisão: 100 metros.
4.10 Alcance prático: 25 metros.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 390 m/s (munição real – 9 mm
Luger parabelum.

190
Manual de Armamento Convencional

9.2 Características da pistola PT 100 AF – calibre .40

O modelo 100 AF é idêntico 92 AF, no que se refere ao seu mecanismo de


funcionamento. Algumas poucas diferenças são observadas. O quadro
10 detalha as características desta arma.

QUADRO 10

CARACTERÍSTICAS DA PISTOLA TAURUS CALIBRE .40 – MODELO


PT100AF

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: pistola Taurus calibre .40 mm modelo PT 100.
1. Designação
1.2 Indicativo militar: pistola Taurus calibre .40 PT 100.
2.1 Quanto ao tipo: de porte.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias, à direita com passo
de 280 mm.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
Classificação
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico tipo cofre,
bifilar, com capacidade para 11 + 1 cartuchos, ou com bumper
alongador, 13 + 1.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação dos gases
sobre o ferrolho (com curto recuo do cano).
3. Aparelho 3.1 AIça de mira: tipo entalhe incrustada no ferrolho, com inserts brancos.
de pontaria 3.2 Massa de mira: tipo lâmina, integrada no ferrolho, com insert branco.
4.1 Calibre:. 40 S&W (Smith & Wesson).
4.2 Peso: 1,050 kg (aproximadamente) com carregador vazio.
4.3 Comprimento da arma: 217 mm.
4.4 Comprimento do cano: 125 mm (5”).
4.5 Velocidade teórica de tiro: 150 tiros por minuto.
4. Dados 4.6 Velocidade prática do tiro: 60 tiros por minuto.
numéricos: 4.7 Alcance máximo: aproximadamente 1.500 metros.
4.8 Alcance útil: 300 metros.
4.9 Alcance com precisão: 50 metros.
4.10 Alcance prático: 25 metros.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 380 m/s (munição real).

191
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

9.3 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre 9 mm: recarregada pelo CMB, com projétil ogival,


totalmente jaquetado, com massa de 124 grains e carga normal de
propelente;

– calibre 9 mm: munição Treina®, produzida pela Companhia


Brasileira de Cartuchos, com projétil totalmente jaquetado de ponta
plana, com massa de 124 grains e carga normal de propelente;

– calibre .40: recarregada pelo CMB, com projétil de ponta plana,


totalmente jaquetado, com massa de 160 a 180 grains, exclusivamente
para treinamento;

– calibre .40: munição Treina, produzida pela CBC, com projétil


totalmente jaquetado de ponta plana, com massa de 160 grains e carga
normal de propelente, exclusivamente para treinamento.

c) munição real:

– calibre 9 mm: projétil expansivo, totalmente jaquetado de


ponta oca, com massa de 115 grains, para emprego operacional

– calibre 9 mm: projétil totalmente jaquetado ogival, com


massa de 124 grains, para emprego operacional;

– calibre .40: projétil expansivo, jaquetado de ponta oca, com


massas de 130 ou 155 grains, para emprego operacional;

– calibre .40: totalmente jaquetado de ponta plana, com massa


de 180 grains, para emprego operacional.

9.4 Funcionamento

O estudo do funcionamento desse modelo de arma parte da seguinte


condição inicial:

è Carregada;

192
Manual de Armamento Convencional

è Fechada e trancada;

è Desengatilhada ou engatilhada (dependendo da ação do


gatilho);

è Destravada;

è Alimentada com carregador totalmente municiado.

A partir dessa condição, o funcionamento da arma inicia-se com o


51
desengatilhamento. Tratando-se de uma pistola de ação seletiva49,a
operação de desengatilhamento é analisada em suas duas formas,
separadamente.

9.4.1 Engatilhamento e desengatilhamento em ação dupla

Estando o cão em sua posição mais avançada (arma desengatilhada), o


processo ocorre da seguinte forma:

a) quando o gatilho é comprimido, seu tirante movimenta-se


para frente, e o espigão do tirante50
52, que se encontra recuado e em sua

posição mais baixa, entra em contato com a parte posterior do dente


de ação dupla do cão, forçando-o para frente. Como o eixo do cão
localiza-se acima desse dente, a parte superior do cão é girada para trás,
contra a ação de sua mola;5152

b) concomitantemente, o impulsor da trava do percussor é


pressionado para cima, deslocando a trava do percussor, deixando-o
livre para que possa ser lançado à frente e atingir a espoleta;

c) no limite máximo do seu giro, o dente de ação dupla do


cão desprende-se do espigão do tirante do gatilho e, por ação da sua
mola, a parte superior do cão avança, num movimento rápido, para
chocar-se na cauda do percussor, o qual é lançado à frente para percutir
a espoleta; imediatamente, o percussor se retrai, por descompressão de
sua mola, voltando à sua posição de repouso.
51 Armas de ação seletiva são as que permitem, por opção do usuário, efetuar o disparo em ação
simples ou em ação dupla, a qualquer momento.

52 Espigão do tirante do gatilho: estrutura ortogonal, localizada na porção póstero-inferior


esquerda do tirante do gatilho, que mantém contato com o dente de ação dupla do cão (em forma
de gancho) e com o ressalto de desengatilhamento da armadillha. É responsável pelas ações de
engatilhamento e desengatilhamento, quando em ação dupla, e desengatilhamento, quando em
ação simples.

193
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

9.4.2 Desengatilhamento em ação simples

Estando o cão em sua posição mais recuada (arma engatilhada), o


processo ocorre da seguinte forma:

a) quando a arma está engatilhada, o dente de engatilhamento


do cão apóia-se, com pressão, no ressalto de engatilhamento
localizado na armadilha, e o espigão do tirante do gatilho estabelece-
se à retaguarda da armadilha, em sua posição mais elevada, na altura
do ressalto de desengatilhamento da armadilha;

b) quando o gatilho é comprimido, seu tirante, através da ação


do espigão sobre o ressalto de desengatilhamento da armadilha,
faz com que a armadilha se desloque para frente e perca contato com
o dente de engatilhamento do cão, liberando-o para que sua parte
superior gire, em razão da ação de sua mola, na direção da cauda do
percussor;

c) concomitantemente, o impulsor da trava do percussor é


pressionado para cima, empurrando a trava do percussor, liberando-o
para que possa ser lançado à frente e atingir a espoleta;

d) estando livre, a parte superior do cão avança num


movimento rápido e atinge a cauda do percussor, o qual é lançado na
direção da espoleta, dando-se a percussão; imediatamente, o percussor
se retrai por descompressão de sua mola, voltando à sua posição de
repouso.

A partir da percussão, seja em ação simples, seja em ação dupla, as


operações de funcionamento ocorrem em duas fases:

9.4.3 Recuo das peças móveis

a) Destrancamento

– após a saída do projétil pela boca do cano, ocorre uma


redução da pressão de gases que permite ao estojo, inicialmente dilatado,
retornar, parcialmente, às suas dimensões originais, desprendendo-o
das paredes da câmara;

– estando o estojo livre, este é impulsionado para trás, pelos


gases, empurrando, no mesmo sentido, o ferrolho;

194
Manual de Armamento Convencional

– no início desse deslocamento, o cano está engrazado com o


ferrolho por intermédio do bloco de trancamento e o conjunto cano/
bloco/ferrolho se desloca junto

– após um curto espaço de recuo (curto recuo do cano), a parte


posterior do mergulhador do bloco de trancamento choca-se contra
seu batente na armação, sendo lançado à frente, forçando, com sua
ponteira, a rampa superior do bloco de trancamento, deslocando-o
para baixo;

– em consequência desse deslocamento, os ressaltos


de trancamento do bloco perdem contato com os entalhes de
trancamento no ferrolho, desconectando o cano, do ferrolho, o que
caracteriza a operação de destrancamento nesse modelo de arma.

Observação: a função desse sistema de trancamento é


minimizar a força de recuo, através do aumento da massa recuante e
da redução da pressão de gases, antes que o ferrolho se destranque e
desloque livre do cano.

b) Abertura

Após o destrancamento, o cano cessa seu movimento e


o ferrolho continua recuando, agora livre, contra a ação da mola
recuperadora; tão logo a face anterior do ferrolho perde seu contado
com a parte posterior do cano, dá-se a abertura.

c) Extração 2ª fase

Após a abertura, na sequência do movimento de recuo do


ferrolho, o extrator53, cuja garra se encontra empolgando a virola do
estojo, retira-o da câmara.

d) Engatilhamento

– quando o ferrolho recua, sua parte posterior empurra


a parte superior do cão, que gira para a retaguarda e comprime a sua
mola, por meio da guia da mola do cão;

53 Peça localizada na parte central, superior, direita, do ferrolho. Possui, em sua extremidade
anterior, uma garra que se prende à virola do cartucho durante a operação de introdução. Presta-se
a extrair os cartuchos ou as cápsulas deflagradas da câmara e ainda, direcionar e potencializar a
ejeção dos estojos.

195
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– durante o movimento de recuo do ferrolho, o ressalto


desconector do tirante do gatilho (situado na porção póstero-superior
do tirante), que estava em sua posição mais alta, encaixando-se na
canaleta de conexão no ferrolho (localizada na face póstero-inferior
da parede direita do ferrolho) é forçado para baixo, pelo ferrolho;

– em consequência desse forçamento, o espigão do


tirante do gatilho, que estava mantendo a armadilha à frente, por
pressão sobre seu ressalto de desengatilhamento, é forçado para
baixo, desconectando-se e liberando a armadilha para que recue
e se estabeleça em sua posição de repouso, o que permitirá novo
engatilhamento;

– em seu movimento de giro à retaguarda, o dente de


engatilhamento do cão encaixa-se no ressalto de engatilhamento
da armadilha, o que, aliado à ação da mola do cão, promove o
engatilhamento;

– quando o ferrolho avançar, ao ser retirada a pressão do dedo


sobre o gatilho, a parte posterior do tirante do gatilho sobe, forçada
por sua mola, e seu espigão se estabelece atrás e na mesma altura do
ressalto de desengatilhamento da armadilha. Isso irá permitir novo
desengatilhamento.

Observações:

– o movimento de desconexão (tirante do gatilho/armadilha),


possui as funções de permitir o reengatilhamento da arma, mesmo
que o gatilho esteja sendo pressionado, e impedir que a arma seja
desengatilhada, com o ferrolho ainda em movimento.

– durante o recuo do ferrolho, se o ressalto desconetor


estiver quebrado ou gasto, de modo que não promova a desconexão
do espigão, e o gatilho estiver sendo pressionado, o engatilhamento
para ação simples não irá ocorrer. Durante o avanço do ferrolho, a parte
superior do cão acompanhará esse movimento, até que se estabeleça
em sua posição mais avançada, em contato com a cauda do percussor.
Esse problema, ao contrário do que se possa imaginar, não fará com que
arma dispare em rajada, uma vez que esta, para ocorrer, necessita de um
ponto de parada do cão.

196
Manual de Armamento Convencional

e) Ejeção

O ferrolho, em seu movimento de recuo, traz consigo o


estojo, preso pela garra do extrator. Após o estojo ter sido totalmente
extraído da câmara, a face posterior inferior esquerda de seu culote
choca-se contra a cabeça do ejetor, que se encontra fixo na armação.
Esse choque confere ao estojo um impulso à frente e um movimento
de giro para a direita e para cima, movimentos estes, potencializados
pelo extrator, que força o lado superior direito do culote no sentido
contrário, em oposição de esforços com o ejetor, criando um impulso
elástico que irá lançar o estojo para a direita e para fora da arma.

f ) Apresentação

Quase ao final de seu curso de recuo, o ferrolho deixa de


pressionar o primeiro cartucho que se encontra no carregador. Isto
abre espaço para que esse cartucho se eleve, assumindo uma altura tal
que lhe deixa no caminho da porção inferior da face de obturação do
ferrolho, tão logo este venha a avançar.

g) Limite de recuo

Depois da apresentação, o movimento do ferrolho prossegue


até que seja barrado pela armação.

h) Retenção do ferrolho

No caso de ter sido efetuado o último disparo, o carregador


estará vazio e seu transportador, elevado por sua mola, empurra para
cima o ressalto interior do retém do ferrolho, fazendo com que esta
peça se estabeleça no caminho do ferrolho, impedindo-o de avançar,
obrigando a arma a parar aberta.

Observação: a função desta operação é “avisar” ao usuário que a


munição no carregador se esgotou.

No caso de ainda haver munição no carregador, inicia-se a fase seguinte.

9.4.4 Avanço das peças móveis

a) Ação da mola recuperadora

A mola recuperadora, que foi comprimida pelo ferrolho,

197
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

distende-se impulsionando o conjunto das peças móveis na direção do


cano.

b) Introdução

Em seu movimento de avanço, a parte inferior da face de


obturação do ferrolho empurra, para frente, o cartucho que se
apresentou e que se encontra preso pelos lábios do carregador, até
que este seja introduzido na câmara.

c) Extração 1ª. fase

Durante a fase de introdução, o cartucho também sobe, e


sua virola, deslizando-se nesse sentido sobre a face de obturação do
ferrolho, encaixa-se por trás da garra do extrator, caracterizando a
primeira fase da extração.

d) Carregamento

Ao final da introdução, a boca do estojo da munição atinge


seu limite ao final da câmara, sendo totalmente introduzido, o que
caracteriza a operação de carregamento.

g) Fechamento

Concomintante com o carregamento, o fechamento ocorre


quando a parte anterior do ferrolho mantém contato com a parte
posterior do cano.

h) Trancamento

Logo após o fechamento, o ferrolho ainda precisa se deslocar


por um pequeno curso, antes de atingir sua posição mais avançada.
Durante esse resto de avanço, ele leva consigo o cano e o bloco de
trancamento. No caminho do bloco de trancamento, na parte central
da armação, encontra-se o eixo da alavanca de desmontagem, que
obrigará o bloco de trancamento a se elevar, agindo na rampa de
trancamento do bloco em sua parte inferior. Essa elevação faz com que
os ressaltos de trancamento do bloco se encaixem nos entalhes de
trancamento do ferrolho. Tão logo o ferrolho atinja ao seu limite de
movimento à frente, tais estruturas estarão perfeitamente engrazadas,
caracterizando o trancamento.

198
Manual de Armamento Convencional

O resumo a seguir facilitará o entendimento do funcionamento, na sua


íntegra.

RESUMO DO FUNCIONAMENTO:

– Pressionado o gatilho, o cão atinge o percussor


– O percussor aciona a espoleta, que detona a carga propelente
– A queima da carga propelente gera gases que farão expelir o
projétil
– O projétil percorre seu caminho pelo cano e, tão logo saia pela
boca, os gases restantes, que ainda atuam no interior do cano,
agem sobre o estojo, empurrando-o, e ao ferrolho, para trás
– A partir de um determinado momento, o movimento do estojo
reduz, em razão de ter transferido boa parte de sua energia
cinética ao ferrolho, e este passa a levá-lo consigo, para que seja
extraído e ejetado da arma
– Após passar sobre o carregador, o ferrolho libera espaço para
que o próximo cartucho, ali alojado, suba e se apresente
– O ferrolho continua recuando até o seu limite na armação
– Após atingir esse limite, o ferrolho, impulsionado pela mola
recuperadora, avança
– O cão, durante o movimento de recuo do ferrolho, é engatilhado
– Ao passar pelo cartucho apresentado, o ferrolho o empurra
pelo culote, introduzindo-o na câmara

9.5 Mecanismos de segurança

Esses modelos de pistolas semi-automáticas são equipados com


mecanismos para impedir disparos acidentais, tratados nos subitens a
seguir.

9.5.1 Trava do percussor

Dispositivo interno, localizado na parte interna do ferrolho (em sua


porção posterior direita), que bloqueia permanentemente o percussor,

199
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

impedindo o avanço desta peça e, consequentemente, disparos


acidentais, em caso de queda ou pressão indevida sobre ele.

O dispositivo é desativado ao final do acionamento do gatilho, instante


em que o impulsor da trava do percussor é levado para cima e pressiona
a trava. Nesse momento, o percussor fica livre para receber a energia do
impacto do cão e ferir a espoleta.

9.5.2 Registro de segurança

Projetado para uso ambidestro, trata-se de duas teclas localizadas entre


a parte superior das placas do punho, e o serrilhado na parte posterior
do ferrolho. Possuem dupla função:

a) trava de segurança: quando as teclas são acionadas para


cima, o dispositivo bloqueia o avanço da armadilha e o movimento
do ferrolho; a trava pode ser ativada com a arma engatilhada ou
desengatilhada.

b) desarmador do cão: quando a arma está engatilhada, e as


teclas são acionadas para baixo, uma estrutura na tecla esquerda desloca
a armadilha para frente, desconetando-a do cão que gira rapidamente na
direção do percussor, por ação de sua mola. Antes, porém, que haja essa
desconexão, uma segunda estrutura, localizada na tecla direita, age sobre
uma peça de segurança denominada retém do cão, que se interpõe entre
este e o percussor através do dente de bloqueio no cão, e impede que
haja contato entre as duas peças. Isso fará com que o cão seja desarmado
com segurança e fique afastado do percussor, preso pelo retém do cão54.

9.5.3 Indicador de cartucho na câmara ou indicador de arma


carregada

O extrator desse modelo de arma também funciona como dispositivo de


segurança, indicando quando está carregada. Ao se fechar, estando com
um cartucho na câmara, a extremidade próxima à sua garra fica saliente,
deixando sobressair um insert vermelho, permitindo identificação visual
e tátil. A saliência pode ser percebida facilmente em ambiente com
pouca ou nenhuma luminosidade (Figura 60).
54 Retém do cão: peça localizada no interior da armação, à frente do cão, logo abaixo da parte
posterior do ferrolho. Para visualizá-lo, basta engatilhar a arma, pressionar o registro de segurança
para baixo, duas ou três vezes, sem desarmar o cão. Durante esse movimento, observar pela entrada
da armação, por baixo da cauda do percussor. A peça em forma de lingueta que se movimenta
nesse momento é o retém do cão.

200
Manual de Armamento Convencional

Cuidado especial deve-se ter, quando o extrator não se apresenta


saliente, pois isso não indica que a arma esteja descarregada. Uma
quebra ou desgaste da garra do extrator, ou um desgaste ou defeito no
estojo, podem deixar o extrator recuado, mesmo com a arma carregada.

FIGURA 60 – Extrator saliente indicando a presença de cartucho na câmara.

9.6 Inspeção preliminar

Ao receber ou passar uma pistola semi-automática para


alguém, fazê-lo com a arma aberta e com o punho voltado
para quem a está recebendo.

No início do turno, ao se armar com as pistolas PT 100, 92 e 917, o policial


deve realizar a inspeção preliminar, verificando os aspectos e os itens
abaixo relacionados:

a) aspectos gerais da arma:

– retirar o carregador, abrir a arma e inspecionar a câmara,


como medidas de segurança;

– desmontar a arma em primeiro escalão, limpar e lubrificar;


dependendo do modelo de carregador, desmontá-lo e limpá-lo também;

– com a arma desmontada, conferir a integridade das peças e


o funcionamento dos sistemas na seguinte ordem:

201
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

teclas do registro de segurança: I) verificar sua



integridade, se estão bem afixadas e movimentando-
se ao mesmo tempo; II) com a arma engatilhada e
desengatilhada, levantá-las e verificar a função trava,
acionando o gatilho – o cão não poderá ir à frente; III)
engatilhar a arma, abaixar as teclas e verificar se o cão
desarma e para no retém do cão;

impulsor da trava do percussor: I) pressionar o gatilho



até o final de seu curso e verificar se o impulsor se eleva; II)
com o gatilho ainda pressionado nessa posição, forçar para
baixo o impulsor – a peça não deverá se mover;

ejetor: verificar se não está solto ou quebrado;


mola do gatilho: acionar o gatilho até o final de seu curso e



soltá-lo – ele deverá retornar até sua posição mais avançada,
sem auxílio;

tirante do gatilho: I) verificar se o desconector do tirante do gatilho



está gasto ou quebrado; II) verificar se, durante seu movimento, o
tirante do gatilho se afasta, indevidamente, da armação;

placas do punho: verificar se estão íntegras e não estão



prejudicando o movimento do tirante do gatilho e das teclas
do registro de segurança; verificar se os quatro parafusos
estão presentes e prendendo as placas;

percussor: I) pressionar, para cima, a trava do percussor; II)



pressionar a cauda do percussor – o percussor deverá aflorar; III)
verificar se a ponta do percussor está devidamente arredondada;

trava do percussor: I) pressionar a trava do percussor para



verificar se sua mola está no lugar; II) sem exercer pressão
sobre a trava, forçar a cauda do percussor – este não poderá
aflorar em seu orifício na face anterior do ferrolho;

extrator: I) verificar a garra do extrator, se não está



quebrada; II) forçando a garra do extrator para fora, verificar
se ela retorna ao seu ponto de repouso;

aparelho de pontaria: I) verificar o estado da alça de mira;


202
Manual de Armamento Convencional

II) verificar a integridade, a fixação e a centralização da


massa de mira;

cano: I) verificar se o interior do cano está desobstruído, e este



não apresenta rachaduras em sua extensão, principalmente
próximo ao encaixe do bloco de trancamento; II) verificar
se o mergulhador do bloco de trancamento se movimenta
corretamente, e se está preso ao cano através de seu pino;

bloco de trancamento: verificar se não apresenta



rachaduras, principalmente na base dos ressaltos de
trancamento.

alavanca de desmontagem: ao montar, verificar se ela se



encaixa adequadamente e prende corretamente o ferrolho.

b) Funcionamento

Com a arma montada e sem o carregador, conferir as seguintes


funções. Acompanhe a devendo acompanhar a ordem
descrita:

curso do ferrolho e engatilhamento: I) manobrar o



ferrolho três vezes, procurando sentir se seu deslizamento
é normal, sem resistência ou arrasto; II) ao final o cão deverá
parar engatilhado;

função trava em ação simples: I) engatilhar a arma; II)



travar a arma e pressionar o gatilho – a arma não deverá
desengatilhar;

funções desengatilhamento e trava em ação dupla:



I) destravar a arma e acionar o gatilho – a arma deverá
desengatilhar; II) travar a arma e acionar o gatilho – o cão se
movimentará levemente e encontrará um resistência, mas
não poderá recuar totalmente para disparo em ação dupla;

função desarme do cão: engatilhar a arma e desarmar o



cão, agindo sobre uma das teclas de segurança – o retém
do cão deverá se abaixar e bloquear o movimento do cão à
frente, deixando-o afastado do percussor;

203
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

funções reengatilhamento e desengatilhamento semi-



automáticos: I) com a arma fechada, acionar totalmente o
gatilho e mantê-lo pressionado; II) sem retirar esta pressão,
puxar o ferrolho para trás, mantendo-o recuado; III) com o
ferrolho nessa posição, liberar o gatilho e pressioná-lo duas
vezes, mantendo-o, por último, pressionado; IV) liberar o
ferrolho para que avance – a arma deverá ficar engatilhada;
V) soltar o gatilho levemente até ouvir um clique; VI) sem
liberar totalmente o gatilho, e após ouvir o clique, pressionar
novamente o gatilho – a arma deverá desengatilhar e o cão
deverá atingir o percussor.

c) Munição

cartucho: sujeira, oxidação;


projétil: solto, ensacado55, deslocado para fora do estojo,



desgastado ou deformado;

estojo: deformações, rebarbas, dilatações, integridade do



culote;

espoleta: integridade e fixação;


d) Carregadores

geral: verificar se o carregador é o previsto para utilização



na arma; verificar se o carregador está limpo;

corpo: verificar quanto a presença de irregularidades nos



lábios do carregador (rachaduras e amassamento); verificar
sujeira, oxidação, deformações e defeitos no corpo do
carregador;

fundo: verificar integridade do fundo do carregador e da



chapa retém, (bumper56 de extensão e pino do bumber,
quando dotado desse sistema);

mola do carregador: tensão da mola – ao municiar por



completo, bater o fundo do carregador na palma da mão
55 Projétil ensacado: quando este se desloca para o interior do estojo.

56 Peça plástica instalada no fundo do carregador com a função de aumentar sua capacidade de municiamento.

204
Manual de Armamento Convencional

e balançá-lo – se os cartuchos em seu interior estiverem


oscilando excessivamente, trocar o carregador; forçar, para
baixo, o projétil do primeiro cartucho – se ele se abaixar e
ficar preso apontando para baixo, trocar o carregador;

transportador: o carregador deverá ser inserido na arma, e



o ferrolho, quando manobrado rapidamente simulando um
recuo, deverá ficar ficar preso em seu retém;

9.7 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para fazer funcionar,


ou deixar em segurança, a arma que emprega.

a) Municiar o carregador

– segurar o carregador com a mão forte, por trás, deixando o


polegar livre por cima dos lábios do carregador;

– inserir os cartuchos, um a um, com a outra mão, pressionando-


os, para trás, com esta mão, e para baixo, com a mão que empunha o
carregador (Figura 61).

FIGURA 61 – Municiamento do carregador.

205
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

b) Alimentar a arma

– introduzir o carregador municiado na arma (Figura 62) até


ouvir o clique característico do retém do carregador prendendo-o na
armação;

– após, confirmar se o carregador realmente ficou preso,


puxando-o para baixo.

FIGURA 62 – Alimentar a arma (introdução do carregador).

c) Carregar

– após alimentar a arma, agindo na parte serrilhada posterior


do ferrolho, puxá-lo para trás até o batente e soltá-lo;

– o ferrolho irá à frente, impulsionado pela mola recuperadora


e introduzirá um cartucho na câmara, permanecendo carregada,
engatilhada e destravada (Figura 63);

206
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 63 – Carregamento da arma.

d) Disparar

– após os procedimentos adequados, pressionar o gatilho até


que a arma dispare;

e) Retirar o carregador

– empunhar a arma e pressionar o retém do carregador para


que este se desprenda e caia livremente (Figura 64).

207
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 64 – Retirada do carregador.

f ) Posição do ferrolho após o último disparo

– quando o último cartucho é disparado, o ferrolho fica


recuado pela ação do retém e a arma permanece aberta, indicando a
necessidade de alimentá-la e recarregá-la.

g) Solução de panes

Nega (falha ou falta de munição): bater no carregador por



baixo, e manobrar o ferrolho;

Chaminé (falha de ejeção): virar a janela de ejeção, para



dentro e para baixo, e manobrar o ferrolho;

Duplo carregamento (falha de extração): abrir a arma e



reter o ferrolho; retirar o carregador; fechar a arma; recolocar
o carregador e manobrar o ferrrolho;

Falha de carregamento (a arma não fechou totalmente):


208
Manual de Armamento Convencional

bater com força por baixo do carregador, mantendo a arma


na vertical;

Ferrolho não cicla (munição ou estojo engastado na



câmara): segurar o ferrolho por cima e próximo à boca
do cano, com quatro dedos e a palma da mão, sem tocar
ou prender a armação; bater na região do beaver tail57,
com decisão, como se fosse empunhar a arma, mas sem
fechar os dedos, de três a quatro vezes, até que o estojo se
desprenda.

9.8 Manejo operacional

O manejo operacional nada mais é do que a adequação das ações básicas


de manejo para seu emprego no cotidiano policial. Este cotidiano passa,
normalmente, por quatro situações que vão exigir, do policial, a realização
de uma sequência de ações de manejo com sua arma, específicas para
cada momento: a) policial recebendo sua arma e a preparando-se para o
trabalho; b) policial no local de serviço, ao utilizar sua arma; c) retorno da
arma ao coldre, após efetuar disparo ou não; d) devolução da arma à reserva
de armamento, ao término do serviço. Assim, o manejo operacional deve
obedecer a uma sequência técnica e padronizada de ações que visam,
principalmente, a segurança do policial e de terceiros. Utilizando esses
modelos de pistolas Taurus, os procedimentos são os seguintes:

a) Recebimento e preparação da arma para o serviço:

– a arma deverá ser entregue aberta e com o punho voltado


para quem a recebe, o que possibilita visualizar, imediatamente, a
câmara, como medida de segurança para os envolvidos no processo;

– desmontar a arma em 1º escalão, limpar, lubrificar e realizar


a inspeção preliminar;

– municiar os carregadores sobressalentes, com um cartucho


a menos58 do que sua capacidade máxima, e colocá-los nos porta-
carregadores;

57 Beaver tail: em uma tradução literal, “cauda de castor”, região mais alta no punho de uma
pistola semi-automática, também conhecida como “delgado”, onde se encaixa a empunhadura do
operador.
58 A finalidade de colocar um cartucho a menos nos carregadores sobressalentes é facilitar sua
inserção na arma, no caso em que a troca de carregadores é feita com o ferrolho à frente.

209
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– municiar o carregador principal com sua capacidade máxima;

– dirigir-se até a caixa de areia, e apontar a arma para o seu


interior, mantendo o dedo fora do gatilho (procedimento obrigatório);

– alimentar e carregar a arma;

– levar o cão à frente, acionando o desarmador do cão;

– retirar o carregador da arma e completá-lo com um cartucho;

– recolocar o carregador na arma, introduzi-la no coldre e


abotoar a presilha.

b) Utilização da arma no local de serviço:

– Em abordagens:

manter-se na área de segurança;


sacar e empunhar corretamente;


adotar postura de retenção ou pronta resposta, dependendo



do risco da situação, mantendo o dedo fora do gatilho.

– Se o disparo for necessário:

apontar e acionar o gatilho rapidamente, até que a ameaça



tenha cessado.

c) Retorno da arma à condição de patrulhamento

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E O CANO VOLTADO


PARA UMA DIREÇÃO SEGURA

No caso de a arma não haver sido disparada, e o cão estar


desarmado:

Recolocar a arma no coldre e abotoar a presilha.

No caso de a arma não haver sido disparada, e o cão estar


engatilhado:

– desarmar o cão pressionando uma das teclas do registro de

210
Manual de Armamento Convencional

segurança para baixo;

– recolocar a arma no coldre e abotoar a presilha.

No caso de haver disparado, e os riscos terem cessado:

– direcionar o cano da arma para um local e uma superfície


seguros (gramado, terra, areia, água);

– desarmar o cão, acionando uma das teclas do registro de


segurança para baixo;

– retirar o carregador da arma e completar;

– recolocar o carregador na arma, inseri-la no coldre e abotoar


a presilha;

– se houver necessidade, completar os carregadores reservas


com um cartucho a menos.

d) Ao término do turno, devolver a arma na reserva de


armamento

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E COM O CANO


VOLTADO PARA UMA DIREÇÃO SEGURA:

– dirigir-se até a caixa de areia, e apontar a arma para seu


interior, mantendo o dedo fora do gatilho (procedimento obrigatório);

– retirar o carregador e colocá-lo no bolso;

– descarregar a arma, manobrando o ferrolho;

– abrir a arma, prendendo o ferrolho em seu retém, e colocá-la,


aberta, no coldre;

– desmuniciar os carregadores;

– entregar a arma aberta, com o punho voltado para o


funcionário da reserva de armamento, mostrando-lhe a câmara vazia;
os carregadores vazios deverão estar com os transportadores voltados
para quem os estiver recebendo.

211
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

9.9 Desmontagem

A manutenção de 1º escalão é de responsabilidade do usuário. Deve ser


feita ao receber a arma e ao final do serviço. Para realizá-la, é necessário
proceder à desmontagem de 1º escalão, para limpeza, lubrificação e
inspeção preliminar. Tal atividade DEVE ser realizada, com cuidado maior
ainda, quando a arma tiver sido molhada, utilizada em treinamento
de tiro, sido disparada em serviço, ou por ocasião das manutenções
periódicas preventivas. Os procedimentos de desmontagem e
montagem são idênticos para as pistolas Taurus, modelos 92AF, 917C
100AF.

Tratando-se de arma semi-automática, sua manutenção deve ser


efetuada, regularmente, para melhor funcionamento, o que prevenirá
falhas mecânicas decorrentes de sujeira e irregularidades em seu
mecanismo. Desmontagem e montagem, a partir do 2º escalão, só deve
ser feita por armeiros ou militares tecnicamente habilitados.

a) Medidas preliminares de segurança

– retirar qualquer tipo de munição das proximidades;

– manter o dedo fora do gatilho e controlar a direção do cano;

– retirar e inspecionar se o carregador retirado da arma está


vazio, bem como os demais carregadores da arma;

– verificar se o extrator indica a presença de cartucho na


câmara;

– abrir a arma e reter o ferrolho;

– fazer inspeção, visual e tátil, da câmara, e confirmar se está


vazia.

b) Desmontagem de 1º escalão

– Retirar o conjunto do ferrolho e separar haste guia e mola


recuperadora:

com a mão direita empunhar a arma (Figura 65);


212
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 65 – Empunhadura da arma para desmontagem.

com a mão esquerda, segurar a parte superior do ferrolho



e comprimir o retém da alavanca de desmontagem (à
esquerda da arma), simultaneamente, girar a alavanca de
desmontagem 90º para baixo (Figura 66);

FIGURA 66 – Posição das mãos para pressionar e girar a alavanca de desmontagem.

deslizar o ferrolho para frente, até separá-lo da armação,



conforme Figura 67, tomando-se o cuidado de segurar
a mola recuperadora e sua haste-guia, para que não se
soltem e sejam lançadas para fora do conjunto;

213
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

comprimir a haste-guia e a mola recuperadora para



frente e levantá-las, deixando que a mola se distenda
vagarosamente (Figura 68);

separar a haste-guia da mola recuperadora.


FIGURA 67 – Retirada do ferrolho.

FIGURA 68 – Retirada do conjunto haste guia e mola recuperadora.

214
Manual de Armamento Convencional

– Retirar o conjunto cano/bloco de trancamento:

comprimir o mergulhador do bloco de trancamento para



frente, até que os ressaltos de trancamento sejam retirados
dos alojamentos existentes no ferrolho (Figura 69);

afastando, do ferrolho, a parte posterior do cano, puxá-lo para



trás, junto com bloco de trancamento, e retirá-lo (Figura 70).

FIGURA 69 – Separação do conjunto cano-bloco.

FIGURA 70 – Retirada do conjunto cano-bloco de trancamento.

215
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– Retirar o bloco de trancamento (Figuras 71 e 72):

afastar, do cano, a parte posterior do bloco de trancamento;


deslocar, levemente, o bloco de trancamento, paralelamente



ao eixo longitudinal do cano, para a direita ou para a
esquerda;

quando possível, girar a parte anterior do bloco de



trancamento, no sentido desse deslocamento de retirada, e
deslizá-lo para fora de seu alojamento no cano, retirando-o
lateralmente;

FIGURA 71 – Sequência para retirada do bloco de trancamento.

216
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 72 – Sequência para retirada do bloco de trancamento.

– Desmontar os carregadores:
com o auxílio de um toca-pino, comprimir, no centro do

fundo do carregador, a placa retém e, em seguida, deslocar,
para frente, o fundo do carregador;
com o polegar, aparar a placa retém do fundo do carregador,

para evitar uma descompressão violenta da mola;
sairão, do interior do carregador, a placa retém do fundo

do carregador, a mola do carregador e o transportador,
bastando separá-los.
Observação: no caso de transportadores dotados de bumper
para 13 tiros, a desmontagem exige um toca pino longo, de um milímetro
de espessura, e martelo, para retirar o pino lateral que fixa as duas partes
plásticas do bumper.
9.10 Montagem
A arma é facilmente montada através da execução inversa do processo
na seguinte ordem:
– montagem dos carregadores;
– colocação do bloco de trancamento no cano;

217
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– colocação do conjunto cano/bloco de trancamento no


ferrolho;

– montagem do conjunto haste-guia/mola recuperadora;

– colocação do conjunto haste-guia/mola recuperadora;

– encaixe do conjunto do ferrolho na armação.

9.11 Emprego operacional

Durante o policiamento, cuidados especiais devem ser observados pelo


policial, quais sejam:

– nunca apontar a arma para algo que não queira ou não


precise atingir, ou não possa ser atingido, principalmente pessoas;

– durante os deslocamentos e nas operações, o operador


deverá manter o dedo fora do gatilho e o cano sempre voltado para uma
direção segura;

– em quaisquer circunstâncias, o policial sempre deverá tratar


a pistola como se estivesse carregada e pronta para o disparo.

Antes de uma limpeza, verifique se a arma está descarregada,


e nunca puxe uma arma para si, pelo cano.

Especial atenção deverá ser dada à posição correta dos carregadores


suplementares da arma no porta-carregador, para possibilitar alimentá-
la rapidamente quando houver necessidade, bem como protegê-los de
danos que inviabilizem o perfeito funcionamento da arma.

9.12 Condução da arma

O policial deverá conduzir sua arma em coldre apropriado para pistolas,


devendo a presilha estar abotoada para prender firmemente a arma ao
coldre.

Em coldre, a arma deverá estar alimentada com carregador municiado


com sua capacidade máxima, carregada, e com o cão desarmado. A
condição de o primeiro disparo estar selecionado em ação dupla já é
condição de segurança, não carecendo que a arma seja travada.

Quando tiver que conduzir a pistola em uma das mãos, no interior dos

218
Manual de Armamento Convencional

aquartelamentos, nos estandes de tiro, e durante os treinamentos, sempre


exibi-la aberta, descarregada, sem o carregador, segurada, pelo guarda-mato.

9.13 Incidentes de tiro e defeitos

O quadro 11 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis com


as pistolas Taurus 92AF, 917C e 100AF, suas causas e medidas corretivas.
A maioria depende de recolhimento da arma para manutenção.

QUADRO 11

INCIDENTES E DEFEITOS COM PISTOLAS TAURUS PT 92AF, 917C E 100AF


CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (continua)

INCIDENTE CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Carregador sujo;
1) Limpar o carregador;
2) Corpo do carregador com mossas
2) Recuperar ou trocar o
ou deformado;
corpo do carregador;
Falha na 3) Retém do carregador gasto ou
3) Substituir o retém do
alimentação quebrado (o carregador não se
carregador;
prende ao seu alojamento no punho);
4) Substituir a mola do
4) Mola do retém do carregador fraca
retém do carregador.
ou defeituosa.
1) Substituir a mola do
1) Mola do carregador fraca ou
carregador.
defeituosa;
2) Substituir o
Falha na 2) Transportador defeituoso,
transportador.
apresentação desgastado, amassado ou quebrado;
3) Recuperar ou
3) Abas do carregador baixas ou
substituição o corpo do
deformadas.
carregador
1) Eliminar as mossas;
limpar, lubrificar e secar a
1) Mossas, sujidades ou corpo
câmara; remover corpos
Falha no estranho na câmara;
estranhos;
carregamento 2) Munição suja ou defeituosa;
2) Limpar ou substituir a
(arma não 3) Mola recuperadora fraca,
munição;
fecha ou defeituosa ou inadequada;
3) Substituir a mola
tranca em sua 4) Abas do carregador defeituosas;
recuperadora;
totalidade) 5) Armação e ferrolho sujos ou sem
4) Substituir o corpo do
lubrificação.
carregador;
5) Limpar e lubrificar a arma.

Falha na 1) Ejetor gasto ou quebrado; 1) Substituir o ejetor;


ejeção 2) Arma com problema de extração. 2) Vide correções abaixo.

219
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 11
INCIDENTES E DEFEITOS COM PISTOLAS TAURUS PT 92AF, 917C E 100AF
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (conclusão)

1) Extrator gasto ou quebrado;


2) Ausência da mola do extrator ou, 1) Substituir o extrator;
se presente, é fraca ou defeituosa. 2) Colocar ou substituir a
3) Munição em uma ou mais das mola do extrator;
Falha na seguintes condições: 3) Substituir a munição;
extração a) velha ou suja; b) com culote 4) Limpar a câmara e/ou
defeituoso; c) com propelente ou remover as mossas;
iniciador contaminados; 5) Limpar os
4) Câmara suja ou com mossas; carregadores.
5) Carregadores sujos.
1) Munição não está na câmara (pane
seca);
1) Inserir totalmente o
2) Percussor quebrado ou com
carregador e manobrar o
Nega e falha a ponta gasta (não há marca de
ferrolho;
de percussão percussão na espoleta ou esta é
2) Substituir o percussor;
muito fraca);
3) Substituir a munição.
3) Munição defeituosa (há marca de
percussão eficiente na espoleta).
1) Dente de engatilhamento para
1) Substituir o cão;
ação simples no cão com desgaste;
2) Substituir a mola do
2) Mola do cão fraca ou quebrada;
cão;
3) Mola da armadilha montada
3) Corrigir a colocação da
incorretamente;
Arma não mola da armadilha;
4) Mola da armadilha quebrada;
engatilha para 4) Substituir a mola da
5) Apoio para a mola da armadilha
ação simples armadilha;
quebrado;
5 e 6) Substituir a
6) Dente da armadilha gasto ou
armadilha;
quebrado;
7) Substituir o tirante do
7) Ressalto desconector no tirante do
gatilho.
gatilho quebrado.
1) Dente de engatilhamento para
Arma não
ação simples no cão, quebrado ou 1) Substituir o cão;
engatilha
desgastado; 2) Substituir o tirante do
durante ação
2) Espigão do tirante do gatilho gatilho.
dupla
quebrado ou desgastado.
1) Espigão do tirante do gatilho
gasto ou quebrado; 1) Substituir o tirante do
2) Ressalto apoio do espigão do gatilho;
Falha no tirante do gatilho na armadilha, 2) Substituir a armadilha;
desengatilha- gasto ou quebrado; 3) Substituir o cão.
mento 3) Apoio para o ressalto do tirante do 4) Substituir o impulsor
gatilho (cão), gasto (na ação dupla); da trava do percussor.
4) Impulsor da trava do percussor
quebrado.

220
CAPÍTULO 10

PISTOLA SEMI-AUTOMÁTICA
IMBEL 9 MM GC MD1
Manual de Armamento Convencional

10 PISTOLA SEMI-AUTOMÁTICA IMBEL 9 MM GC MD1

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE


fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

As pistolas IMBEL de dotação na PMMG utilizam o mesmo sistema


de funcionamento da pistola Colt m911, à exceção de seu registro de
segurança, modificado pela empresa.

FIGURA 73 – Pistola Imbel 9 mm GC MD1.

10.1 Características

No quadro 12 estão descritas as características da pistola Imbel 9 mm GC


MD1, tais como designação, classificação da arma, aparelho de pontaria
e dados numéricos, para maior conhecimento.

223
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 12

CARACTERÍSTICAS DA PISTOLA IMBEL 9MM GC MD1

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: pistola Imbel 9mm GC MD1 (grande
1. Designação capacidade).
1.2 Indicativo militar: pistola Imbel 9mm GC MD1.
2.1 Quanto ao tipo: de porte.
2.2 Quanto ao emprego: Individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias, à direita.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2. Classificação 2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: com carregador metálico tipo cofre,
bifilar, com capacidade para 17 +1 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático, somente na
ação simples.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação dos gases
sobre o ferrolho, com curto recuo do cano.
3.1 AIça de mira: tipo entalhe incrustada no ferrolho, com
3. Aparelho de inserts brancos;
pontaria 3.2 massa de mira: tipo lâmina, integrada no ferrolho, com
insert branco.
4.1 Calibre: 9 mm Parabellum /Luger.
4.2 Peso : 1 kg (aproximadamente) com carregador vazio.
4.3 Comprimento da arma: 220 mm.
4.4 Comprimento do cano: 128 mm (0,5”).
4.5 Velocidade teórica de tiro: 160 tiros por minuto.
4. Dados 4.6 Velocidade prática de tiro: 80 tiros por minuto.
numéricos:
4.7 Alcance máximo: 1.500 metros.
4.8 Alcance útil: 450 metros.
4.9 Alcance com precisão: 50 metros.
4.10 Alcance prático: 25 metros.

224
Manual de Armamento Convencional

10.2 Munições utilizadas pela PMMG

As mesmas previstas em “9.3”, para o calibre 9 mm.

10.3 Funcionamento

O estudo do funcionamento desse modelo de arma parte da seguinte


condição inicial:

è Carregada;

è Fechada e trancada;

è Engatilhada;

è Destravada;

è Alimentada com carregador totalmente municiado.

A partir dessa condição, o funcionamento da arma inicia-se com o


desengatilhamento.

10.3.1 Desengatilhamento

a) quando a arma está engatilhada e com o ferrolho totalmente


à frente, o dente de engatilhamento do cão apóia-se, com pressão, na
parte superior da noz de armar, e a alavanca de disparo estabelece-se
em sua posição mais alta, permitindo a conexão entre o gatilho e a parte
inferior da noz de armar;

b) quando o gatilho é comprimido, sua parte posterior pressiona


a parte inferior da alavanca de disparo, que se desloca para trás. Nesse
deslocamento, a alavanca de disparo empurra a parte inferior da noz
de armar. Como o eixo da noz está localizado acima desse ponto de
contato, sua parte superior, que engatilha o cão, desloca-se para frente
e perde contato com o cão, liberando-o para que sua parte superior gire,
em razão da ação de sua mola, na direção da cauda do percussor;

c) concomitantemente, a alavanca da trava do percussor


é pressionada para cima, por ação de sua alavanca intermediária
impulsionada pelo gatilho, empurrando a trava do percussor,
liberando-o para que possa ser lançado à frente e atingir a espoleta;

225
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

d) estando livre, a parte superior do cão avança num


movimento rápido e atinge a cauda do percussor, o qual é lançado na
direção da espoleta, dando-se a percussão; imediatamente, o percussor
se retrai por descompressão de sua mola, voltando à sua posição de
repouso.

A partir da percussão, as operações de funcionamento ocorrem em


duas fases:

10.3.2 Recuo das peças móveis

a) Destrancamento

– após a saída do projétil pela boca do cano, ocorre uma


redução da pressão de gases que permite ao estojo, inicialmente dilatado,
retornar, parcialmente, às suas dimensões originais, desprendendo-o
das paredes da câmara;

– estando o estojo livre, este é impulsionado para trás, pelos


gases, empurrando, no mesmo sentido, o ferrolho;

– no início desse movimento, o cano está elevado por seu elo


de prisão e, em razão dessa elevação, se desloca junto, engrazado com
o ferrolho por intermédio dos ressaltos e entalhes de trancamento,
situados, respectivamente, na parte superior externa do cano, e na
parte superior interna do ferrolho;

– após um curto espaço de recuo (curto recuo do cano), o


elo de prisão do cano que, além de estar preso ao cano, também se
prende à armação através do eixo da chaveta de fixação do cano,
tem seu movimento limitado e, agindo como uma biela, abaixa a parte
posterior do cano, desengrazando-o do ferrolho, permitindo que este
se movimente livremente contra a ação da mola recuperadora, o que
caracteriza a operação de destrancamento;

b) Abertura:

Após o destrancamento, o cano cessa seu movimento e


o ferrolho continua recuando, agora livre, contra a ação da mola
recuperadora; tão logo a face anterior do ferrolho perde seu contado
com a parte posterior do cano, dá-se a abertura.

226
Manual de Armamento Convencional

c) Extração 2ª fase

Após a abertura, na sequência do movimento de recuo do


ferrolho, o extrator, cuja garra se encontra empolgando a virola do
estojo, retira-o da câmara.

d) Engatilhamento

– quando o ferrolho recua, sua parte posterior empurra a parte


superior do cão, que gira para a retaguarda e comprime a sua mola, por
meio da alavanca de armar o cão;

– durante o movimento de recuo do ferrolho, a alavanca de


disparo, que estava em sua posição mais alta, com sua parte superior
encaixando-se no entalhe de conexão no ferrolho (localizado na parte
inferior central do ferrolho próximo à trava do percussor), é forçada para
baixo, pelo ferrolho;

– em consequência desse forçamento, a parte inferior da


alavanca de disparo, que estava se interpondo entre o gatilho e a
parte inferior da noz de armar, mantendo sua parte superior avançada,
desconecta-se dessas duas peças e libera a armadilha para que recue
e se estabeleça em sua posição de repouso, o que permitirá novo
engatilhamento;

– em seu movimento de giro à retaguarda, o dente de


engatilhamento do cão encaixa-se na parte superior da noz de armar,
o que, aliado à ação da mola do cão, promove o engatilhamento;

– quando o ferrolho avançar, ao ser retirada a pressão do dedo


sobre o gatilho, a alavanca de disparo sobe, forçada por sua mola, e sua
parte inferior novamente se estabelece em conexão entre o gatilho e a
parte inferior da noz de armar. Isso irá permitir novo desengatilhamento.

Observações:

– O movimento de desconexão (gatilho/alavanca de disparo/


noz de armar), possui as funções de permitir o reengatilhamento da
arma, mesmo que o gatilho esteja sendo pressionado, e impedir que a
arma seja desengatilhada, com o ferrolho ainda em movimento.

– Durante o recuo do ferrolho, se a cabeça da alavanca


de disparo estiver quebrada ou gasta, de modo que não promova

227
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

a desconexão do espigão, e o gatilho estiver sendo pressionado, o


engatilhamento não irá ocorrer. Durante o avanço do ferrolho, a parte
superior do cão acompanhará esse movimento, até que se estabeleça
em sua posição mais avançada, em contato com a cauda do percussor.
Esse problema, ao contrário do que se possa imaginar, não fará com que
arma dispare em rajada, uma vez que esta, para ocorrer, necessita de um
ponto de parada do cão.

e) Ejeção

O ferrolho, em seu movimento de recuo, traz consigo o


estojo, preso pela garra do extrator. Após o estojo ter sido totalmente
extraído da câmara, a face posterior inferior esquerda de seu culote
choca-se contra a cabeça do ejetor, que se encontra fixo na armação.
Esse choque confere ao estojo um impulso à frente e um movimento
de giro para a direita e para cima, movimentos estes, potencializados
pelo extrator, que força o lado superior direito do culote no sentido
contrário, em oposição de esforços com o ejetor, criando um impulso
elástico que irá lançar o estojo para a direita e para fora da arma.

f ) Apresentação

– Quase ao final de seu curso de recuo, o ferrolho deixa de


pressionar o primeiro cartucho que se encontra no carregador. Isto
abre espaço para que esse cartucho se eleve, assumindo uma altura tal
que lhe deixa no caminho da porção inferior da face de obturação do
ferrolho, tão logo este venha a avançar.

g) Limite de recuo

Depois da apresentação, o movimento do ferrolho prossegue


até que seja barrado pela armação.

h) Retenção do ferrolho

No caso de ter sido efetuado o último disparo, o carregador


estará vazio e seu transportador, elevado por sua mola, empurra para
cima o ressalto interior do retém do ferrolho, fazendo com que esta
peça se estabeleça no caminho do ferrolho, impedindo-o de avançar,
obrigando a arma a parar aberta.

Observação: a função desta operação é “avisar” ao usuário que


a munição no carregador se esgotou.

228
Manual de Armamento Convencional

No caso de ainda haver munição no carregador, inicia-se a


fase seguinte.

10.3.3 Avanço das peças móveis

a) Ação da mola recuperadora

A mola recuperadora, que foi comprimida pelo ferrolho,


distende-se impulsionando o conjunto das peças móveis na direção do
cano.

b) Introdução

Em seu movimento de avanço, a parte inferior da face de


obturação do ferrolho empurra, para frente, o cartucho que se
apresentou e que se encontra preso pelos lábios do carregador, até
que este seja introduzido na câmara.

c) Extração 1ª. fase

Durante a fase de introdução, o cartucho também sobe, e


sua virola, deslizando-se nesse sentido sobre a face de obturação do
ferrolho, encaixa-se por trás da garra do extrator, caracterizando a
primeira fase da extração.

d) Carregamento

Ao final da introdução, a boca do estojo da munição atinge


seu limite ao final da câmara, sendo totalmente introduzido, o que
caracteriza a operação de carregamento.

e) Fechamento

Concomintante com o carregamento, o fechamento ocorre


quando a parte anterior do ferrolho mantém contato com a parte
posterior do cano.

f ) Trancamento

Logo após o fechamento, o ferrolho ainda precisa se deslocar


por um pequeno curso, antes de atingir sua posição mais avançada.
Durante esse resto de avanço, ele leva consigo o cano que é elevado

229
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

pelo elo de prisão do cano. Essa elevação faz com que os ressaltos
de trancamento do cano se encaixem nos entalhes de trancamento
do ferrolho. Tão logo o ferrolho atinja ao seu limite de movimento à
frente, tais estruturas estarão perfeitamente engrazadas, caracterizando
o trancamento.

10.4 Mecanismos de segurança

10.4.1 Trava do percussor

Dispositivo interno que fica, permanentemente, bloqueando o percussor,


com o fim de impedir o seu avanço e evitar disparos acidentais em caso
de quedas ou de qualquer pressão sobre o mesmo.

A Figura 74 mostra o posicionamento da trava do percussor no


mecanismo da arma, em sua posição de travamento.

FIGURA 74 – Trava do percussor.

10.4.2 Registro de segurança

É o dispositivo projetado para uso ambidestro, localizado entre a parte


superior das talas do punho e a parte serrilhada posterior do ferrolho,
onde se pega para fazer o manejo, conforme demonstrado na Figura
75. Ao ser acionado para cima, este dispositivo trava o ferrolho e a
armadilha, travando também o mecanismo de funcionamento da arma.
Nas pistolas IMBEL o registro de segurança somente pode ser acionado
quando a arma estiver engatilhada (modelos sem o kit ADC). Tal situação
se deve ao fato dessas pistolas funcionarem somente na ação simples, o
que impossibilita o disparo quando a arma estiver desengatilhada.

230
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 75 – Registro de segurança.

10.4.3 Indicador de cartucho na câmara

Nas pistolas Imbel, trata-se de um pequeno entalhe na parte superior


posterior da câmara que permite a visualização de parte do culote
do cartucho em seu interior, a qual é fácil ser feita em locais com boa
iluminação, mas totalmente prejudicada em ambientes de baixa ou de
nenhuma luminosidade.

Não é considerado um mecanismo de segurança, mas sim um dispositivo


auxiliar para alertar quanto à presença ou não de cartuchos na câmara.

10.4.4 Tecla de segurança do punho

Trata-se de dispositivo de segurança de tecla que trabalha em conjunto


com o gatilho. Presente na coronha da arma, quando não está
pressionada, impede o arrasto do gatilho, não permitindo o acionamento
do mecanismo de disparo. Ao ser pressionada, quando se empunha a
arma corretamente, libera o dispositivo de segurança possibilitando o
arrasto total do gatilho e o consequente acionamento do mecanismo de
disparo, desde que a arma esteja engatilhada e destravada.

10.4.5 Dente de bloqueio do cão (engatilhamento de meia monta


ou semi-engatilhamento – half-cock)

Dispositivo de segurança demonstrado na Figura 76, que, no momento


de um desengatilhamento acidental, bloqueia o caminho do cão,
impedindo que ele atinja o percussor, caso o gatilho não esteja sendo

231
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

acionado. O dente de bloqueio impede a ida do cão à frente, fazendo


com que ele fique afastado do percussor.

FIGURA 76 – Dente de bloqueio do cão


(dente de segurança ou dente de meia-monta).

10.5 Inspeção preliminar

Ao receber ou passar uma pistola semi-automática


para alguém, fazê-lo com a arma aberta e com o punho
voltado para quem a está recebendo.

No início do turno, ao se armar com as pistolas PT 100, 92 e 917, o policial


deve realizar a inspeção preliminar, verificando os aspectos e os itens
abaixo relacionados:

– retirar o carregador, abrir a arma e inspecionar a câmara,


como medidas de segurança;

– desmontar a arma em primeiro escalão, limpar e lubrificar;


dependendo do modelo de carregador, desmontá-lo e limpá-lo também;

– com a arma desmontada, conferir a integridade das peças e


o funcionamento dos sistemas na seguinte ordem:

a) aspectos gerais da arma:

232
Manual de Armamento Convencional

teclas do registro de segurança: I) verificar sua integridade,



se estão bem afixadas e movimentando-se ao mesmo
tempo; II) com a arma engatilhada, levar o cão à frente e
verificar a função trava – o registro de segurança deverá
se elevar e travar a arma; ao acionar o gatilho a arma não
poderá desengatilhar; III) apertando a tecla para baixo, a
arma deverá engatilhar;

alavanca da trava do percussor: I) pressionar o gatilho



até o final de seu curso e verificar se a alavanca da trava do
percussor se eleva; II) com o gatilho ainda pressionado nessa
posição, forçar para baixo a alavanca – a peça não deverá se
mover (semelhante ao impulsor da trava do percussor);

ejetor: verificar se não está solto ou quebrado;


mola do gatilho: acionar o gatilho até o final de seu curso e



soltá-lo – ele deverá retornar até sua posição mais avançada,
sem auxílio;

alavanca de disparo: I) verificar se a alavanca de disparo



está gasta ou quebrada, ou não aflora por seu orifício na
parte superior da armação, ao lado do ejetor;

placas do punho: I) pressionar, para cima, a trava do



percussor; II) pressionar a cauda do percussor – o percussor
deverá aflorar; III) verificar se a ponta do percussor está
devidamente arredondada;

percussor: I) pressionar, para cima, a trava do percussor; II)



pressionar a cauda do percussor – o percussor deverá aflorar;
III) verificar se a ponta do percussor está devidamente
arredondada; IV) cuidado para não forçar, para baixo, a
placa retém do percussor e do extrator, o que deixará o
percussor aflorado – após verificar o percussor, levantar a
placa retém, caso esta tenha se deslocado;

trava do percussor: I) pressionar a trava do percussor para



verificar se sua mola está no lugar; II) sem exercer pressão
sobre a trava, forçar a cauda do percussor – este não poderá
aflorar em seu orifício na face anterior do ferrolho;

233
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

extrator: I) verificar a garra do extrator, se não está



quebrada; II) forçando a garra do extrator para fora, verificar
se ela retorna ao seu ponto de repouso;

aparelho de pontaria: I) verificar o estado da alça de mira;



ii) verificar a integridade, a fixação e a centralização da
massa de mira;

cano: I) verificar se o interior do cano está desobstruído,



e este não apresenta rachaduras em sua extensão,
principalmente próximo à parte inferior da câmara; II)
verificar se o elo de prisão do cano está intacto e preso em
seu alojamento; III) verificar se o pino do elo de prisão do
cano não está solto;

b) Funcionamento

Com a arma montada e sem o carregador, conferir as seguintes


funções. Acompanhe a devendo acompanhar a ordem descrita:

curso do ferrolho e engatilhamento: I) manobrar o



ferrolho três vezes, procurando sentir se seu deslizamento
é normal, sem resistência ou arrasto; II) ao final o cão deverá
parar engatilhado;

função trava: I) engatilhar a arma; II) empurrar o cão à frente



e pressionar o gatilho – a arma não deverá desengatilhar;

função desengatilhamento: I) destravar a arma, abaixando



a tecla de segurança, e acionar o gatilho – a arma deverá
engatilhar e depois desengatilhar;

funções reengatilhamento e desengatilhamento semi-



automáticos: I) com a arma fechada, acionar totalmente o
gatilho e mantê-lo pressionado; II) sem retirar esta pressão,
puxar o ferrolho para trás, mantendo-o recuado; iii) com o
ferrolho nessa posição, liberar o gatilho e pressioná-lo duas
vezes, mantendo-o, por último, pressionado; iv) liberar o
ferrolho para que avance – a arma deverá ficar engatilhada;
v) soltar o gatilho levemente até ouvir um clique; vi) sem
liberar totalmente o gatilho, e após ouvir o clique, pressionar
novamente o gatilho – a arma deverá desengatilhar e o cão
deverá atingir o percussor.

234
Manual de Armamento Convencional

c) Munição

cartucho: sujeira, oxidação;


projétil: solto, ensacado59, deslocado para fora do estojo,



desgastado ou deformado;

estojo: deformações, rebarbas, dilatações, integridade do



culote;

espoleta: integridade e fixação;


d) Carregadores

geral: verificar se o carregador é o previsto para utilização



na arma; verificar se o carregador está limpo;

corpo: verificar quanto a presença de irregularidades nos



lábios do carregador (rachaduras e amassamento); verificar
sujeira, oxidação, deformações e defeitos no corpo do
carregador;

fundo: verificar integridade do fundo do carregador e da



chapa retém;

mola do carregador: tensão da mola – ao municiar por



completo, bater o fundo do carregador na palma da mão
e balançá-lo – se os cartuchos em seu interior estiverem
oscilando excessivamente, trocar o carregador; forçar, para
baixo, o projétil do primeiro cartucho – se ele se abaixar e
ficar preso apontando para baixo, trocar o carregador;

transportador: o carregador deverá ser inserido na arma,



e o ferrolho, quando manobrado rapidamente, simulando
um recuo, deverá ficar recuado, preso em seu retém;

10.6 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para fazer funcionar,


ou deixar em segurança, a arma que emprega.

59 Projétil ensacado: quando este se desloca para o interior do estojo.

235
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

a) Municiar o carregador

– segurar o carregador com a mão forte, por trás, deixando o


polegar livre, por cima dos lábios do carregador;

– inserir os cartuchos, um a um, com a outra mão, pressionando-


os, para trás, com esta mão, e para baixo, com a mão que empunha o
carregador (Figura 77);

FIGURA 77 – Processo de municiamento.

FIGURA 78 – Carregador municiado.

236
Manual de Armamento Convencional

b) Alimentar a arma

– introduzir o carregador municiado na arma (Figura 78) até


ouvir o clique característico do retém do carregador prendendo-o na
armação;

– após, confirmar se o carregador realmente ficou preso,


puxando-o para baixo.

FIGURA 79 – Introdução do carregador na arma (alimentação).

c) Carregar

– após alimentar a arma, agindo na parte serrilhada posterior


do ferrolho, puxá-lo para trás até o batente e soltá-lo;

– o ferrolho irá à frente, impulsionado pela mola recuperadora


e introduzirá um cartucho na câmara, permanecendo carregada,
engatilhada e destravada (Figura 80).

237
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 80 – Carregamento.

d) Disparar

Após os procedimentos adequados, pressionar o gatilho até


que a arma dispare;

e) Retirar o carregador

Empunhar a arma e pressionar o retém do carregador para que


este se desprenda e caia livremente (Figura 81).

FIGURA 81 – Retirando o carregador.

238
Manual de Armamento Convencional

f ) Posição do ferrolho após o último disparo

– quando o último cartucho é disparado, o ferrolho fica


recuado pela ação do retém e a arma permanece aberta, indicando a
necessidade de alimentá-la e recarregá-la (Figura 82).

Em caso de nega, basta manobrar novamente o ferrolho.


A nega será extraída e ejetada, e novo cartucho será introduzido na
câmara.

FIGURA 82 – Posicionamento do ferrolho após o último disparo.

g) Desarmar o cão (em armas não dotadas de ADC):

– apontar a arma para um local seguro e desenvolver o


desengatilhamento em quatro tempos60:

empunhar a arma;

colocar o dedo polegar da mão fraca entre o cão e o



percussor, segurando a arma (para impedir o avanço do
cão); o restante da mão fraca deverá abraçar a arma;

acionar o dispositivo de segurança do punho, juntamente



com o gatilho. O cão será liberado e escorará no dedo que
o bloqueia;

60 Forma mais segura desengatilhar uma pistola. Nesse procedimento o dedo indicador somente
fica em contato com a arma, o suficiente para pressionar o gatilho e liberar o cão, evitando-se
acidentes.

239
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

retirar o dedo do gatilho;


com os dedos polegar e indicador da mão forte, faça uma



“pinça” e segure o cão. Retire o dedo que bloqueia o avanço
do cão e o conduza à frente, com a pinça da mão forte – o
cão irá parar em meia-monta.

h) Solução de panes

As mesmas constantes em “9.7”, “h”.

10.7 Manejo operacional

a) Recebimento e preparação da ama para o serviço

– a arma deverá ser entregue aberta e com o punho voltado


para quem a recebe, o que possibilita visualizar, imediatamente, a
câmara, como medida de segurança para os envolvidos no processo;

– desmontar a arma em 1º escalão, limpar, lubrificar e realizar


a inspeção preliminar;

– municiar os carregadores sobressalentes, com um cartucho


a menos61 do que sua capacidade máxima, e colocá-los nos porta-
carregadores;

– municiar o carregador principal com sua capacidade máxima;

– dirigir-se até a caixa de areia, e apontar a arma para o seu


interior, mantendo o dedo fora do gatilho (procedimento obrigatório);

– alimentar, carregar e travar a arma;

– retirar o carregador da arma e completá-lo com um cartucho;

– recolocar o carregador na arma, introduzi-la no coldre e


abotoar a presilha.

– Em abordagens:

manter-se na área de segurança;


61 A finalidade de colocar um cartucho a menos nos carregadores sobressalentes é facilitar sua


inserção na arma, no caso em que a troca de carregadores é feita com o ferrolho à frente.

240
Manual de Armamento Convencional

sacar, destravar, e empunhar corretamente;


adotar postura de retenção ou pronta resposta, dependendo



do risco da situação, mantendo o dedo fora do gatilho.

–Se o disparo for necessário:

apontar e acionar o gatilho rapidamente, até que a ameaça



tenha cessado.

b) Retorno da arma à condição de patrulhamento

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E O CANO


VOLTADO PARA UMA DIREÇÃO SEGURA

No caso de a arma não haver sido disparada, o cão deverá


estar engatilhado:

Travar a arma, colocá-la no coldre e abotoar a presilha.

No caso de haver disparado, e os riscos terem cessado:

– direcionar o cano da arma para um local e uma superfície


seguros (gramado, terra, areia, água);

– travar a arma;

– retirar o carregador da arma, colocá-la no coldre e completar


o carregador;

– recolocar o carregador na arma, inseri-la no coldre e abotoar


a presilha;

– se houver necessidade, completar os carregadores reservas,


sempre com um cartucho a menos.

c) Ao término do turno, devolver a arma na reserva de


armamento

SEMPRE COM O DEDO FORA DO GATILHO E COM O CANO


VOLTADO PARA UMA DIREÇÃO SEGURA:

– dirigir-se até a caixa de areia, e apontar a arma para seu


interior, mantendo o dedo fora do gatilho (procedimento obrigatório);

241
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– retirar o carregador e colocá-lo no bolso;

–descarregar a arma, manobrando o ferrolho;

– abrir a arma, prendendo o ferrolho em seu retém, e colocá-la,


aberta, no coldre;

– desmuniciar os carregadores;

– entregar a arma aberta, com o punho voltado para o


funcionário da reserva de armamento, mostrando-lhe a câmara vazia;
os carregadores vazios deverão estar com os transportadores voltados
para quem os estiver recebendo.

10.8 Desmontagem

A manutenção de 1º escalão é de responsabilidade do usuário. Deve ser


feita ao receber a arma e ao final do serviço. Para realizá-la, é necessário
proceder à desmontagem de 1º escalão, para limpeza, lubrificação e
inspeção preliminar. Tal atividade DEVE ser realizada, com cuidado maior
ainda, quando a arma tiver sido molhada, utilizada em treinamento
de tiro, sido disparada em serviço, ou por ocasião das manutenções
periódicas preventivas.

Tratando-se de arma semi-automática, sua manutenção deve ser


efetuada, regularmente, para melhor funcionamento, o que prevenirá
falhas mecânicas decorrentes de sujeira e irregularidades em seu
mecanismo. Desmontagem e montagem, a partir do 2º escalão, só deve
ser feita por armeiros ou militares tecnicamente habilitados.

a) Medidas preliminares de segurança

– retirar qualquer tipo de munição das proximidades;

– manter o dedo fora do gatilho e controlar a direção do cano;

– retirar e inspecionar se o carregador retirado da arma está


vazio, bem como os demais carregadores da arma;

– verificar, pelo entalhe de segurança, se há munição na


câmara;

– abrir a arma e reter o ferrolho;

242
Manual de Armamento Convencional

– fazer inspeção, visual e tátil, da câmara, e confirmar se está


vazia.

b) Desmontagem de 1º escalão

– Separação do conjunto do ferrolho, da armação:

 fechar a arma, engatilhar e travar;

 apoiar a arma com o cano voltado para cima;

 pressionar o dedal guia da mola recuperadora, e girar a


manga guia do cano para a esquerda, no sentido horário,
conforme Figura 83;

FIGURA 83 – Pressão sobre o dedal guia da mola recuperadora e giro da manga guia do cano.

após liberados da manga guia do cano, retirar o dedal



guia e a mola recuperadora, conforme Figura 84. Conter a
descompressão da mola, para que ela não seja arremessada;

243
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 84 – Retirada do dedal guia e da mola recuperadora.

girar a manga guia do cano para a direita, até que seu



ressalto de travamento esteja alinhado com o entalhe
de passagem, na parte anterior do ferrolho, e retirá-la do
ferrolho, conforme Figura 85;

FIGURA 85 – Retirada da luva de prisão do cano.

244
Manual de Armamento Convencional

destravar a arma e, com a mão esquerda, deslizar o ferrolho



à frente, até que seu entalhe médio, em forma de meia lua,
se alinhe com o ressalto posterior superior da chaveta de
fixação do cano, conforme Figura 86;

FIGURA 86 – Alinhamento do entalhe médio com o ressalto


posterior da chaveta de fixação do cano.

empurrar, pela direita, o eixo da chaveta de fixação do cano,



e retirá-la pelo lado esquerdo, conforme Figura 87;

FIGURA 87 – Retirada da chaveta de fixação do cano.


245
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

segurar a armação com uma das mãos e, com a outra,



deslizar o ferrolho totalmente à frente, conforme Figura 88,
até que se desprenda da armação, tomando-se o cuidado
de não deixar cair tubo guia da mola recuperadora, que já
encontra solto.

FIGURA 88 – Separação ferrolho - armação.

c) Retirada do cano:

– rebater, à frente, o elo de prisão do cano, e deslizar o cano até


que saía pela parte anterior do ferrolho, conforme Figura 89;

FIGURA 89 – Retirada do cano.

Encerra-se, com esta última operação, a desmontagem em 1º escalão.


Na medida em que a arma for sendo desmontada, alinhar as peças na

246
Manual de Armamento Convencional

sequência em que foram retiradas, para facilitar a montagem. A Figura


90 apresenta a vista explodida da pistola Imbel 9 mm GCMD1, e o quadro
13, a relação de peças, numeradas de acordo com a apresentação no
desenho.

FIGURA 90 – Vista explodida da pistola Imbel 9 mm GCMD1.


Fonte: Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL

247
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 13
RELAÇÃO DAS PEÇAS DA PISTOLA IMBEL 9 MM GCMD1
IT DENOMINAÇÃO DA PEÇA IT DENOMINAÇÃO DA PEÇA
Sc6/2 Haste 29 Pino retém da mola do cão
Sc6/1A Escova de limpeza 28 Mola do cão
Pino retém da cabeça de
Sc1/1DA Cano 27
apoio da alavanca de armar
Cabeça de apoio da alavanca
C7B-AL Gatilho 26
de armar
Bloco alojamento da mola
C4R Carregador 25E
do cão
Rebite do bloco alojamento da
Dispositivo de segurança da
78-1 mola dos apoios – em armações 24D
tecla
forjadas
77 Alavanca do percussor 23 Mola tríplice
76 Alavanca da trava do percussor 22 Eixo da noz de armar
75 Mola da trava do percussor 21 Noz de armar
74 Trava do percussor 20 Alavanca de disparo
Eixo de articulação da
48A Parafuso de fixação da placa 19
alavanca de armar o cão
47B Placa esquerda do punho 18 Alavanca de armar o cão
46B Placa direita do punho 17 Eixo do cão
45 Fixador do retém do carregador 16E Cão
Placa retém do percussor e
44 Mola retém do carregador 15C
do extrator
43B Retém do carregador 14 Mola do percussor
42A Porca dos parafusos das placas 13D Percussor
Cabeça apoio do dispositivo de
41 12G Extrator
segurança
Tubo guia da mola
40 Mola dos apoios 11
recuperadora
Cabeça apoio da chaveta de
39 10 Mola recuperadora
fixação do cano
Alojamento da mola para os Dedal guia da mola
38A-1 9
apoios recuperadora
37 Pino retém do ejetor 8 Manga guia do cano
36E Ejetor 7A Bloco do entalhe de mira
35DC-1 Armação 6D Massa de mira
34B Registro de segurança 5BQ Ferrolho
32 Pino retém da alça para o fiador 4D Chaveta de fixação do cano
31 Alça para o fiador 3 Eixo do elo de prisão do cano
Pino retém do bloco alojamento
30 2 Elo de prisão do cano
da mola do cão
Fonte: Indústria de Material Bélico do Brasil - IMBEL

248
Manual de Armamento Convencional

10.9 Montagem

A montagem da arma consiste em realizar o processo de desmontagem


na ordem inversa da montagem

10.10 Emprego operacional

A pistola é uma arma de porte que proporciona maior capacidade de


tiro e confere melhor poder de resposta frente às ameaças letais.

Em situação normal de serviço, o policial deverá manter a arma


alimentada com o carregador municiado, na sua capacidade total
(capacidade do carregador), carregada, desengatilhada com o cão em
meia-monta, e travada.

Durante o policiamento, cuidados especiais devem ser observados pelo


operador, quais sejam:

– manter o dedo fora do gatilho e o controle da direção do cano;

– após o engatilhamento da arma, só liberar a trava do


mecanismo de segurança do cão no momento do disparo;

– nunca apontar a arma para um alvo que não queira atingir.

Em quaisquer circunstâncias, o policial sempre deverá tratar a pistola


como se estivesse carregada e pronta para o disparo. Assim, antes de
uma limpeza, verifique se a arma está descarregada, e nunca puxe uma
arma em sua direção pelo cano.

Por ser uma arma de pronto emprego, deverá permanecer no


coldre, carregada e com o cão rebatido em meia-monta.

Especial atenção deverá ser dada à correta posição dos carregadores


suplementares da arma no porta-carregador, de forma a possibilitar
alimentá-la rapidamente quando houver necessidade, bem como
protegê-los de danos que inviabilizem o perfeito funcionamento da arma.

249
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

10.11 Condução da arma

O policial deverá conduzir a arma em coldre apropriado para pistolas ou


coldre universal (para pistolas e revólveres) no padrão PM, abotoada e
presa pelo cordão regulamentar. Atenção especial deverá ser dispensada
à presilha do coldre, que deverá prender firmemente a arma.

Nos modelos que possuem o sistema ADC, basta ao policial levar o cão
à frente (empurrando com um dos dedos), momento em que a trava de
segurança ambidestra, por ação do mecanismo, sobe para a posição de
travamento da arma. Assim, a pistola ficará com o cão aparentemente
desarmado (contudo o mecanismo permanece engatilhado) e travado,
podendo então ser levada ao coldre. No momento do saque, bastará
ao policial acionar a trava ambidestra para baixo que, por ação do
mecanismo, o cão será novamente armado, ficando a arma engatilhada,
destravada e pronta para o disparo.

Apesar de serem fabricadas para poder trabalhar engatilhadas e


travadas, este não é um procedimento policial correto (arma engatilhada
e travada no coldre). O desgaste natural da trava ambidestra pode
fazer com que o mecanismo se desarme ao ser colocado no coldre e,
consequentemente, o policial terá uma arma engatilhada e destravada.

Outros fatores que inviabilizam esse procedimento são:

– a movimentação do coldre, ou até mesmo um esbarrão em


um objeto rígido, pode desarmar a trava ambidestra;

– desgaste do dente de engatilhamento do cão fazendo com


que o cão vá à frente;

– aumento do risco de disparo acidental, visto que a atividade


policial requer vários saques e empunhaduras durante o turno.

Quando o policial precisar conduzir a pistola em uma das mãos, no


interior dos quartéis ou em estandes, deve sempre deixá-la aberta,
descarregada e sem o carregador, segurando-a firmemente pelo guarda-
mato com os dedos indicador, médio e polegar da mão esquerda.

10.12 Incidentes de tiro e defeitos

O quadro 14 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis


com as pistolas Imbel GC MD1, MD2, MD3, MD5 e MD7, suas causas e

250
Manual de Armamento Convencional

medidas corretivas. A maioria depende de recolhimento da arma.

QUADRO 14

INCIDENTES E DEFEITOS COM PISTOLAS IMBEL GC MD1, MD2, MD3,


MD5 E MD7: CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(continua)

INCIDENTE CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS


1) Carregador sujo; 1) Limpar o carregador;
2) Carregador com mossas ou deformado; 2) Recuperar ou trocar o
3) Retém do carregador gasto ou corpo do carregador;
Falha na
quebrado (o carregador não se 3) Substituir o retém do
alimentação
prende ao seu alojamento no punho); carregador;
4) Mola do retém do carregador fraca 4) Substituir a mola do
ou defeituosa. retém do carregador.
1) Mola do carregador fraca ou 1) Substituir a mola do
defeituosa; carregador;
Falha na 2) Transportador defeituoso, 2) Substituir o
apresentação desgastado, amassado ou quebrado; transportador;
3) Abas do carregador baixas ou 3) Recuperar ou substituir
deformadas. o corpo do carregador.
1) Eliminar as mossas; limpar,
1) Mossas, sujidades ou corpo lubrificar e secar a câmara;
estranho na câmara; remover o corpo estranho;
2) Munição suja ou defeituosa; 2) Limpar ou substituir a
Falha no 3) Mola recuperadora fraca, munição;
carregamento defeituosa ou inadequada; 3) Substituir a mola
4) Abas do carregador defeituosas; recuperadora.
5) Armação e ferrolho sujos ou sem 4) Substituir o corpo do
lubrificação. carregador;
5) Limpar e lubrificar a arma.

1) Substituir o ejetor;
1) Ejetor gasto ou quebrado;
Falha na ejeção 2) Vide correções em “Falha
2) Arma com problema de extração.
na extração” abaixo.
1) Extrator desajustado;
2) Ausência da mola do extrator ou, 1) Ajustar o extrator;
estando presente, é fraca ou defeituosa; 2) Colocar ou substituir a
3) Extrator gasto ou quebrado; mola do extrator;
4) Munição em uma ou mais das 3) Substituir o extrator;
Falha na
seguintes condições: 4) Limpar ou substituir a
extração
a) velha ou suja; b) com culote munição;
defeituoso; c) com propelente ou 5) Limpar a câmara e/ou
iniciador contaminados; remover as mossas;
5) Câmara suja ou com mossas; 6) Limpar os carregadores.
6) Carregadores sujos.

251
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 14

INCIDENTES E DEFEITOS COM PISTOLAS IMBEL GC MD1, MD2, MD3,


MD5 E MD7: CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(conclusão)
1) Munição não está na câmara (pane
seca);
1) Inserir totalmente o
2) Percussor quebrado ou com
carregador e manobrar o
Nega e falha de a ponta gasta (não há marca de
ferrolho;
percussão percussão na espoleta ou esta é
2) Substituir o percussor;
muito fraca);
3) Substituir a munição.
3) Munição defeituosa (há marca de
percussão eficiente na espoleta).
1) Dente de engatilhamento do cão 1) Substituir o cão.
desgastado; 2) Substituir a mola do cão;
2) Mola do cão fraca ou quebrada; 3) Ajustar a mola e/ou
3) Mola tríplice desajustada e/ou montá-la corretamente;
montada incorretamente; 4) Substituir e ajustar a
4) Mola da noz de armar e/ou mola mola tríplice;
Falha no
da alavanca de disparo quebradas 5) Substituir a noz de
engatilhamento
(estruturas da mola tríplice); armar;
5) Noz de armar gasta ou quebrada; 6) Substituir a alavanca de
6) Alavanca de disparo desgastada disparo;
ou quebrada; 7) Desmontar a arma e
7) Mecanismo de disparo montado recolocar as peças de
de forma errada. forma correta.

1) Corrigir com base


1) Arma não trancou ou fechou no descrito para o
totalmente; incidente”Falha no
2) Alavanca de disparo quebrada; carrregamento”, acima;
3) Falta da alavanca da trava do 2) Substituir a alavanca de
percussor ou, se presente, deformada disparo;
Falha no ou quebrada; 3) Recolocar ou substituir
desengatilha- 4) Falta da alavanca intermediária da a alavanca da trava do
mento trava do percussor ou, se presente, percussor;
deformada ou quebrada; 4) Recolocar ou substituir a
5) Obstrução no alojamento da trava alavanca intermediária da
do percussor; trava do percussor;
6) Trava do percussor quebrada 5) Limpar o alojamento;
6) Substituir a trava do
percussor.

252
CAPÍTULO 11

PISTOLAS SEMI-AUTOMÁTICA
IMBEL .40 GC (MD5 E MD7)
Manual de Armamento Convencional

11 PISTOLAS SEMI-AUTOMÁTICAS IMBEL .40 GC (MD5 E MD7)

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE
fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

FIGURA 91 – Pistola IMBEL .40 GC MD5.

11.1 Características

O quadro 15 relaciona as características das pistolas . 40 GC MD5 e MD7.


40, ou seja, a designação, a classificação da arma, o aparelho de pontaria
e os dados numéricos, para maior conhecimento.

255
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 15

CARACTERÍSTICAS DAS PISTOLAS IMBEL .40 GC MD5 E MD7.

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: pistola Imbel MD5 ou MD7 (modelo 5
1. Designação ou 7) GC (grande capacidade). 40.
1.1 Indicativo militar: pistola Imbel GC MD5 .40 ou MD7 .40
2.1 Quanto ao tipo: de porte.
2.2 Quanto ao emprego: Individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 6 raias, à esquerda com
passo de 406,4 mm.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2. Classificação
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico tipo cofre,
bifilar62, com capacidade para 16 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático e ação simples.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação dos
gases sobre o ferrolho, com curto recuo do cano.
3.1 AIça de mira: tipo entalhe incrustada no ferrolho, com
3. Aparelho de inserts brancos.
pontaria 3.2 Massa de mira: tipo lâmina, integrada no ferrolho, com
insert branco.
4.1 Calibre: .40 (10 mm) S&W.
4.2 Peso: 1,140 kg (aproximadamente) com carregador vazio.
4.3 Comprimento da arma: 220 mm.
4.4 Comprimento do cano: 128 mm (0,5”).
4.5 Velocidade teórica de tiro: 160 tiros por minuto.
4.6 Velocidade prática de tiro: 80 tiros por minuto.
4.7 Alcance máximo: 1.400 metros.
4. Dados numéricos 4.8 Alcance útil: 200 metros.
4.9 Alcance com precisão: 50 metros.
4.10 Alcance prático: 25 metros.

62 As munições ficam acondicionadas no carregador em duas filas, estando em diagonal umas das
outras.

256
Manual de Armamento Convencional

11.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre .40: recarregada pelo CMB, com projétil de ponta


plana, totalmente jaquetado, com massa de 160 a 180 grains;

– calibre .40: munição Treina, produzida pela CBC, com projétil


totalmente jaquetado de ponta plana, com massa de 160 grains e carga
normal de propelente.

c) munição real (para emprego operacional):

– calibre .40: projétil expansivo, jaquetado de ponta oca, com


massas de 130 ou 155 grains;

– calibre .40: totalmente jaquetado de ponta plana, com massa


de 180 grains.

11.3 Funcionamento

O funcionamento básico da pistola IMBEL GC MD5. 40 é idêntico ao da


pistola IMBEL 9 mm MD1, anteriormente estudada.

Alguns modelos de pistolas MD5 são dotados de duas colunas paralelas


de orifícios na parte superior anterior do cano, os eventos de exaustão,
bem como suas respectivas saídas no ferrolho da arma. Esses eventos
têm a função de reduzir o ângulo de recuo da arma. Parte do princípio
da Lei da Ação e da Reação63 62
, ou seja, no momento em que parte dos
gases são expelidos para cima, através dos eventos, uma força de
mesma intensidade age para baixo no cano da arma, dando assim,
maior estabilidade para o tiro e menor recuo e movimentação da arma
após o disparo. Atualmente, a PMMG não tem mais adquirido armas
com esse dispositivo, em razão de estilhaços que são lançados pelos
orifícios, e que podem vir a ferir quem estiver na direção dos eventos,
em determinadas situações táticas 63
63 Terceira Lei de Newton: Quando um corpo A exerce uma força sobre um corpo B,
simultaneamente, o corpo B exerce uma força sobre o corpo A, de intensidade e direção iguais, mas
em sentido oposto. Fonte: ALVARES, 2006.

257
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

11.4 Mecanismos de segurança

A pistola IMBEL MD5 possui os mesmos mecanismos de segurança


presentes na pistola IMBEL MD1 já estudada. Deve ser relembrado
o registro de segurança visualizado na Figura 92.

FIGURA 92 – Registro de segurança.

Nesse sentido, dar-se-á destaque somente para o sistema ADC


– Armador e Desarmador do Cão, instalado, inicialmente, nas
pistolas GC MD5, mas que também vêm sendo instalados nas
pistolas MD1 9 mm. Atualmente, alguns modelos já saem de
fábrica com o sistema ADC, tais como a pistola IMBEL GC MD5 LX
.40, MD 6 e MD7.

Para “desarmar” o cão das armas equipadas com o sistema ADC,


basta empurrá-lo à frente, com um dos dedos. Depois de efetuada
a ação, o cão, que é dividido em duas partes, abre espaço para
que o ressalto de travamento da tecla esquerda do registro de
segurança suba, e bloqueie o movimento da parte posterior
inferior da noz de armar, travando a arma.

Basicamente, o cão não é desarmado, nem desengatilhado. A


arma fica engatilhada, porém travada. O efeito do cão à frente é
somente visual.

Para destravar, basta pressionar o registro de segurança para


baixo. Nesse momento, além de a arma ser destravada, a parte do

258
Manual de Armamento Convencional

cão que estava avançada, recua por ação de sua mola, deixando-o
em condições de disparo.

Nas armas equipadas com o sistema ADC, não há como travar


a arma (levar o registro de segurança para cima), estando ela,
engatilhada. Para realizar o travamento, é necessário empurrar
o cão à frente, ou seja, desarmá-lo, momento em que a arma
será travada mecanicamente. Seu funcionamento permanece
inalterado na ação simples.

No sistema ADC, não há a necessidade de acionar o gatilho para


desarmar o cão e o ferrolho não recua enquanto a arma não for
destravada.

11.5 Inspeção preliminar

Serão analisados os mesmos itens previstos para a pistola IMBEL 9 mm


GC MD1, conforme estudado no item anterior.

Como adicional deve ser observado, quando da verificação dos aspectos


de segurança, o funcionamento do Kit ADC. Para tal, com a arma
engatilhada, pressionar o cão à frente. Nesse momento, o movimento
de sua parte superior é bloqueado pela tecla esquerda do registro de
segurança, que concomitantemente, trava o mecanismo de disparo e
mantém, visualmente, o cão à frente.

Ato contínuo, pressionar o registro de segurança para baixo, momento


em que o mecanismo de disparo é destravado e o cão recua.

11.6 Manejo básico

Deverão ser observadas as mesmas ações previstas para a pistola 9 mm


GC MD1, com o adicional do ADC, citado acima em “inspeção preliminar.

11.7 Manejo operacional

São observadas as mesmas prescrições previstas para a pistola 9 mm


GC MD1, variando apenas no acionamento do ADC, quando a arma for
dotada desses sistema.

259
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

11.8 Desmontagem

a) Medidas preliminares de segurança:

– retirar qualquer tipo de munição das proximidades;

– manter o dedo fora do gatilho e controlar a direção do cano;

– retirar e inspecionar se o carregador retirado da arma está


vazio, bem como os demais carregadores da arma;

– verificar, pelo entalhe de segurança, se há munição na


câmara;

– abrir a arma e reter o ferrolho;

– fazer inspeção, visual e tátil, da câmara, e confirmar se está


vazia.

b) Desmontagem de 1º escalão

– Separação do conjunto do ferrolho, da armação:

recuar o ferrolho;

inserir o clipe “L”, no orifício da guia da mola



recuperadora, de forma que a parte maior do “L”
fique na mesma posição da guia e que a parte
menor não exceda, em tamanho, a espessura da
guia, conforme Figura 93 e 94;

260
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 93 – Posição da arma para início da desmontagem.

FIGURA 94 – Inserção do clipe de desmontagem.

com o polegar da mão direita, libere o ferrolho, de



forma que este interrompa seu curso ao entrar em
contato com o clipe “L”;

com a mão esquerda, segurar a parte superior


261
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

do ferrolho e movê-lo até seu entalhe médio, em


forma de meia lua, de maneira que este coincida
com o ressalto superior posterior da chaveta de
fixação do cano, conforme Figura 95;

FIGURA 95 – Alinhamento do entalhe médio do ferrolho com a saliência existente no


dente da chaveta de fixação do cano (parte posterior do retém do ferrolho).

empurrar a extremidade direita do eixo da chaveta



de fixação (retém do ferrolho), e retirá-la pelo lado
esquerdo da arma, de acordo com a Figura 96;

FIGURA 96 – Retirada da chaveta de fixação do cano.

262
Manual de Armamento Convencional

 segurar o ferrolho com uma das mãos e a armação


com a outra e, em seguida, puxar a armação
para trás, separando-a do ferrolho, conforme
demonstrado na Figura 97;

FIGURA 97 – Retirada do ferrolho por deslizamento.

retirar o conjunto recuperador pela parte posterior



do ferrolho (Figura 98);

para desmontar o conjunto recuperador, pressionar



o tubo guia contra o dedal guia e retirar o clipe “L”;

cuidado com os olhos e com o rosto: o dedal



deve ser direcionado para baixo, durante a
descompressão;

separar o dedal guia mola recuperadora, tubo guia



e clipe “L”;

263
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 98 – Retirada do conjunto recuperador.

rebater o elo de prisão do cano e retirar o cano,



deslizando-o para frente, conforme Figura 99;

FIGURA 99 – Rebatimento do elo de prisão do cano


para posterior retirada do cano.

264
Manual de Armamento Convencional

desmontar o carregador.

11.9 Montagem

A montagem da arma é feita na ordem inversa da desmontagem.

11.10 Emprego operacional

Deverão ser observadas as mesmas prescrições previstas para pistola


Imbel 9 mm GC MD1.

11.11 Condução da arma

Deverão ser observadas as mesmas prescrições previstas para pistola


Imbel 9 mm GC MD1.

A arma deve ser conduzida no coldre nas seguintes


condições:

SEM SISTEMA ADC: carregada, com cão em meia-monta


(desengatilhamento em quatro tempos)

COM SISTEMA ADC: carregada e travada (cão à frente)

11.12 Incidentes de tiro e defeitos

Os mesmos descritos para a pistola 9mm GC MD1.

265
CAPÍTULO 12

PISTOLAS EM POLÍMERO
- TAURUS PT 24/7
Manual de Armamento Convencional

12 PISTOLAS EM POLÍMERO – TAURUS PT 24/7

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE
fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.
b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua
arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

Polímero é um termo de origem grega que significa: poli (muitos) e


meros (partes). São macromoléculas formadas por pequenas partículas
(monômeros) que se ligam por meio de uma reação denominadas
polimerização.

Os polímeros podem ser naturais ou sintéticos. Dentre os vários polímeros


naturais podemos citar a celulose (plantas), a caseína (proteína do leite),
o látex natural e a seda. São exemplos de polímeros sintéticos o PVC, o
Nylon e o acrílico.

Os polímeros sintéticos são classificados em termoplásticos: podem


ser fundidos por aquecimento e solidificados por resfriamento; e
termorrígidos: infusíveis e insolúveis, não permitem reprocessamento.

As armas em polímero são um avanço tecnológico muito grande, que


aliam a leveza do polímero com a durabilidade do aço. Neste sentido,
apresentam uma melhor portabilidade, leveza e conforto.

Na PMMG são utilizadas a PT Taurus 24/7, calibre. 40 e, a PT Taurus 640,


também no calibre .40.

A pistola Taurus 24/7 POLICE possui três modelos: a 24/7 DAO (double
action only – somente ação dupla); a 24/7 PRO (somente ação simples) e
a 24/7 PRO DS (ação seletiva, com desarmador de percussor).

Na versão 24/7 PRO (Figura 100), a arma funciona, a princípio, em ação


simples, mas possui um mecanismo suplementar que permite, somente

269
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

em caso de nega, outra tentativa para o disparo, sem necessidade de


manejar a arma. Não se trata de uma arma de ação seletiva, na qual se
pode desarmar o percussor e optar pelo primeiro disparo na ação dupla
e de

Assim, estando a arma engatilhada, após o acionamento do gatilho


e o impacto do percussor na espoleta, caso esta não deflagre, a arma
pode ser operada na na ação dupla. Dessa forma, não será necessário o
manejo do ferrolho para a retirada do cartucho que não deflagrou, com
a possibilidade de tentar dispará-lo novamente.

Já o modelo PT 24/7 DAO, utilizado na PMMG, opera somente em ação


dupla.

FIGURA 100 – Pistola Taurus 24/7 PRO.

12.1 Características

No quadro 16 estão descritas as características da pistola 24/7, ou seja,


a designação, a classificação da arma, o aparelho de pontaria e os dados
numéricos, para maior conhecimento.

270
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 16

CARACTERÍSTICAS DA PISTOLA TAURUS PT 24/7

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: PT– Taurus calibre .40 S&W modelo PT 24/7.
1. Designação 1.2 Indicativo militar: pistola Taurus calibre .40 modelo24/7 ou
24/7 PRO.
2.1 Quanto ao tipo: porte.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 06 raias, à direita.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca,
central indireta.
2. Classificação 2.6 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com
capacidade para 15 +1 cartuchos.
2.7 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.8 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.9 Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos
gases sobre o ferrolho.
2.10 Quanto ao tipo: porte.
3. Aparelho de
3.1 Massa e alça metálicas e fixas, com sistema de 3 pontos.
pontaria
4.1 Calibre: 40 S&W.
4.2 Peso: 800g (24/7 DAO) e 825g (24/7 PRO).
4.3 Comprimento da arma: 182 mm.
4.4 Comprimento do cano: 108,6 mm.
4. Dados 4.5 Velocidade teórica de tiro: 300 tiros por minuto.
numéricos 4.6 Velocidade prática de tiro: habilidade do operador.
4.7 Alcance máximo: 1000 metros.
4.8 Alcance útil: 300 metros.
4.9 Alcance com precisão (utilização): 25 metros.
4.10 Alcance prático: 20 metros

12.2 Munições utilizadas pela PMMG

As mesmas utilizadas pelas pistolas Imbel .40 GC.

271
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

12.3 Funcionamento

Será abordado o funcionamento do mecanismo da arma a partir do


momento do disparo, passando pela extração, pela ejeção e pelo novo
carregamento.

a) o processo de disparo:

– o percussor é pré-armado pela ação da armadilha e sua mola


comprimida, neste instante o gatilho está totalmente à frente;

– quando o gatilho é acionado, o tirante movimenta-se para


trás e aciona a armadilha, o que faz liberar o percussor;

– o percussor é lançado à frente, pela ação de sua mola, fere a


espoleta e deflagra a munição.

b) a extração, a ejeção e o carregamento:

– ocorrido o disparo, o ferrolho recuará pela ação dos gases,


extraindo e ejetando o estojo vazio;

– no limite máximo de seu recuo, mediante a ação da mola


recuperadora, o ferrolho irá à frente introduzindo outro cartucho
na câmara, assim a arma estará novamente carregada e pronta para
disparar na ação simples;

– para sucessivos disparos, basta liberar o gatilho à frente até


ouvir um “click” e então acioná-lo novamente;

– em caso de nega (falha da munição) a arma, que é provida


de um mecanismo que automaticamente passa da ação simples para
ação dupla, permitirá que uma nova tentativa de disparo seja feita, sem
a necessidade de ciclar (manejar) o ferrolho;

– é importante perceber que se essa pane ocorrer numa


atividade operacional, o procedimento correto é se abrigar, solucionar
a pane e inserir um novo cartucho na câmara através do manejo do
ferrolho, retirando aquele cartucho que apresentou problemas;

– após o último disparo, o ferrolho permanecerá posicionado


à retaguarda, deixando a arma aberta mantida pelo retém do ferrolho.
Para fechar a arma, basta pressionar o retém do ferrolho para baixo;

272
Manual de Armamento Convencional

c) funcionamento completo após o acionamento do gatilho:

– o percussor será liberado e, pelo efeito da mola, irá à frente e


acionará a espoleta que, por sua vez, detonará a carga propelente que
expelirá o projétil;

– o projétil iniciará seu caminho pelo cano da arma e, tão logo


o deixe, os gases resultantes da queima da pólvora retornarão, fazendo
com que o ferrolho seja empurrado para trás e traga consigo a cápsula
deflagrada que será extraída da câmara e depois ejetada ao passar pela
janela de ejeção e for tocada pelo ejetor;

– após passar sobre o carregador, o ferrolho liberará o espaço


para que o próximo cartucho ali alojado se apresente;

– o ferrolho continuará seu deslocamento até o ponto máximo


e, ato contínuo, será empurrado pela mola recuperadora, quando
retornará à frente;

– ao passar pelo cartucho que se apresentou no carregador,


o ferrolho o empurrará pelo culote e o levará até a câmara, instante em
que ocorre o carregamento e o trancamento da arma;

– o percussor que, durante o movimento do ferrolho para trás,


foi semi-engatilhado, permanece à retaguarda e deixa a arma pronta
para um novo disparo na ação simples.

12.4 Mecanismos de segurança

As pistolas Taurus 24/7 possuem, como dispositivos de segurança, a trava


do percussor, o registro de segurança, a trava do gatilho e o indicador de
cartucho na câmara:

a) trava do percussor: mecanismo que bloqueia


permanentemente o deslocamento do percussor para frente e impede
disparos não desejados, caso ocorra à queda da arma. Somente é
liberada no estágio final do acionamento do gatilho, quando libera o
deslocamento do percussor;

b) trava manual externa ambidestra64 (registro de


segurança): ao ser acionado para cima, o registro de segurança trava
64 Presente somente no modelo 24/7 PRO. Para o modelo 24/7 DAO o mecanismo é oferecido
como opcional e não como obrigatório de fábrica.

273
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

os componentes responsáveis pelo mecanismo de disparo, bem como


toda a arma. A arma poderá assim permanecer, se não estiver em uso;

c) trava do gatilho: trava que bloqueia o tirante do gatilho e


impede o movimento deste à retaguarda, o que poderia causar acidentes
em uma queda. A liberação somente ocorre quando o gatilho é puxado
intencionalmente;

d) indicador de cartucho na câmara: localizado na lateral


direita do ferrolho, logo atrás da janela de ejeção. Apesar de não ser um
dispositivo de segurança contribui sobremaneira para ela. Quando um
cartucho está alojado na câmara, a extremidade do alerta de segurança
fica saliente, visualizando uma marca vermelha;

e) parafuso trava (opcional): algumas pistolas da Taurus estão


equipadas com um sistema de segurança opcional, que consiste num
parafuso-trava montado na parte lateral direita do ferrolho. Quando na
posição travado, impede o funcionamento de todo o mecanismo de
disparo da pistola.

Para travar ou destravar, necessita do auxílio de uma chave que


acompanha esta arma e se encaixa perfeitamente no orifício existente
no topo do parafuso trava;

Para travar a pistola utilizando o parafuso trava, deve encaixar a


chave e girar o parafuso-trava no sentido horário, até ouvir um “click” no
fim do giro. Nesta posição, o parafuso trava aflora na lateral do ferrolho,
ao mesmo tempo travando o mecanismo de disparo.

12.5 Inspeção preliminar

Devem ser observados os mesmos aspectos previstos para a PT92AF e


para a PT100.

12.6 Manejo básico

a) municiar: segure o carregador com uma das mãos e com a


outra insira os cartuchos um de cada vez, pressionando-os para baixo,
fazendo com que a mesa transportadora abaixe comprimindo a mola do
carregador, e empurre a munição para trás.

b) alimentar: insira o carregador na arma até que fique preso


pelo retém do carregador e confira se este ficou realmente preso

274
Manual de Armamento Convencional

puxando-o para baixo pela chapa da mola do carregador que fica no


fundo deste;

c) carregar: empunhe a pistola com a mão forte, mantendo o


dedo fora do gatilho; com a outra mão, segure o ferrolho pelas ranhuras
existentes em ambos os lados e puxe o ferrolho até o seu limite,
soltando-o logo em seguida para que ocorra o carregamento; assim, o
ferrolho irá à frente, sob pressão da mola recuperadora, e empurrará o 1º
cartucho do carregador que será inserido na câmara;

A pistola agora estará carregada, pré-armada e pronta para o disparo na


ação simples.

12.7 Manejo operacional

O manejo operacional nada mais é que a adequação das ações básicas


de manejo para seu emprego no cotidiano policial. Este cotidiano é,
normalmente, refletido em quatro situações ou momentos que vão
exigir do policial a realização de uma sequência de ações de manejo,
em sua arma de fogo, específica para cada momento. Esses momentos
são: 1) policial recebendo sua arma e preparando-a para o trabalho;
2) policial em seu turno de serviço que precisa utilizar sua arma; 3)
efetuando disparo ou não, o policial precisa retornar a arma para o coldre
ou para a viatura, e; 4) ao término do turno deverá devolver sua arma na
reserva de armamento. Assim, o manejo operacional estabelecerá uma
sequência técnica e padronizada de ações que visam, principalmente, a
segurança do policial e a de terceiros. As etapas e as respectivas ações
são as seguintes:

a) ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com o punho voltado


para o receptor (esse procedimento possibilita que o recebedor, de
pronto, visualize a(s) câmara(s) da arma, tornando-se mais um fator de
segurança para os envolvidos);

– dirigir-se à caixa de areia (local seguro);

– realizar a inspeção preliminar e observar os aspectos gerais


de funcionamento e de segurança;

– municiar o carregador e introduzi-lo na arma (alimentar);

275
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– fechar a arma pelo acionamento do retém do ferrolho ou


puxando o ferrolho à retaguarda e soltando logo em seguida (carregar);

– travar a arma;

– colocar a arma no coldre;

b) durante o serviço é necessário deixar a arma em


condições de uso imediato, assim proceda como se segue:

– retirar a arma do coldre, executar a correta empunhadura e o


posicionamento da arma, de acordo com as circunstâncias;

– caso haja a necessidade de disparo:

destravar e apontar a arma;


acionar o gatilho.

c) retorno da arma à condição de patrulhamento:

– travar a arma;

– retornar a arma ao coldre.

d) ao término do turno, entrega da arma na reserva de


armamento:

– dirigir-se à caixa de areia;

– retirar o carregador;

– destravar a arma;

– efetuar o manejo do ferrolho trazendo-o à retaguarda,


abrindo a arma (o cartucho que se encontrava na câmara será dali
extraído e ejetado da arma);

– acionar o retém do ferrolho e deixar a arma aberta;

– desmuniciar o carregador;

276
Manual de Armamento Convencional

– entregar a arma aberta e com o punho voltado para o


funcionário da reserva de armamento.

12.8 Desmontagem

a) retirar o carregador, pressionando o botão do retém;

b) fazer o manejo do ferrolho até o final do curso para certificar


que não há munição na câmara e empurrar a tecla de retém do ferrolho
para cima;

c) com o polegar esquerdo, girar a alavanca de desmontagem


do ferrolho no sentido horário, até que pare;

d) com a mão esquerda, puxar a alavanca de desmontagem


para fora da armação;

e) cuidadosamente, pressionar para baixo o retém do ferrolho


e deslizar o ferrolho para frente, controlando-o;

f ) puxar o gatilho, mantendo-o acionado e empurrar o ferrolho


um pouco para frente até ouvir um “click”;

g) soltar o gatilho e empurrar o ferrolho totalmente para frente


até sair da armação;

h) retirar o conjunto mola recuperadora de sua posição na


parte inferior do cano;

i) remover o cano do ferrolho puxando-o para frente e para


cima.

ATENÇÃO: não se recomenda a desmontagem além dos níveis


acima, a menos que seja feita por um armeiro habilitado ou experiente.

Se o ferrolho emperrar na armação, certificar-se de que a câmara esteja


vazia e puxar firmemente o gatilho completamente para trás, deslizando
o ferrolho para frente, para fora da armação;

Se o ferrolho não se mover, em virtude de o cano permanecer atrás e


deslocado para cima, certificar-se de que a câmara está vazia e empurrar
a boca do cano contra a palma de uma mão, enquanto empurra o
ferrolho para frente com a outra.

277
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

A Figura 101 ilustra a pistola 24/7 desmontada em 1º escalão, sem a


presença do carregador.

FIGURA 101 – PT 24/7 desmontada em 1º escalão (sem o carregador).

12.9 Montagem

A montagem da pistola Taurus 24/7 é feita em processo inverso ao do


procedimento para a desmontagem, observar os seguintes detalhes:

a) encaixar o cano no ferrolho, empurrando-o para trás;

b) inserir a extremidade do conjunto mola recuperadora no


alojamento do ferrolho e comprimir a mola levemente, para colocá-la
na posição;

c) o ferrolho será montado na armação sendo totalmente


empurrado para trás;

278
Manual de Armamento Convencional

d) o retém do ferrolho será movimentado para cima a fim de


se manter a arma aberta;

e) para instalar a alavanca de desmontagem, inseri-la na


armação com a tecla apontada para trás (paralela ao ferrolho);

f ) o orifício de inserção da alavanca de desmontagem deverá


estar alinhado no cano e no ferrolho, para que seja feita a inserção;

g) quando da inserção da alavanca de desmontagem no


orifício de encaixe, no momento em que a operação estiver completada,
será ouvido um “click” característico;

h) o retém do ferrolho será pressionado para baixo, o que


permitirá ao ferrolho deslizar para frente;

i) realizar manejos com o ferrolho diversas vezes, sem que o


carregador esteja inserido e sem nenhum cartucho na câmara, de forma
a garantir que a relação cano/ferrolho/armação esteja correta.

12.10 Emprego operacional

Arma de porte de uso policial está apta a ser utilizada em todas as


atividades de polícia ostensiva, onde seja necessário seu emprego.

Em situação normal de serviço operacional, antes de sair para o turno


de trabalho, o policial que estiver portando a PT 24/7 deverá municiar,
alimentar, carregar e travar a arma, mantendo-a no coldre.

Durante os deslocamentos e nas operações, a arma deverá estar travada


e o cano apontado para baixo.

Por questões de segurança, considerar a arma sempre em condições de


disparo, ou seja, nunca tratá-la, com displicência ou imprudência.

As ações de saque da arma e a troca de carregadores serão


exaustivamente treinadas pelo policial, para que sejam executadas de
maneira automática e correta.

12.11 Condução da arma

O policial deverá conduzir a arma no coldre próprio para pistolas,


obedecidos os padrões PM, presa pelo cordão regulamentar. Atenção

279
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

especial deverá ser dispensada à presilha do coldre, que deverá fixar


firmemente a arma.

No coldre, a arma deverá ser conduzida:


- 24/7 DAO: alimentada e carregada
- 24/7 PRO: alimentada, carregada e travada
- 24/7 PRO DS: alimentada, carregada, percussor
desarmado

Quando o policial tiver que conduzir a arma em uma das mãos, no interior
dos quartéis ou nos estandes, deverá deixá-la aberta, descarregada e
sem o carregador, segurando-a firmemente pelo guarda-mato com os
dedos indicador, médio e polegar da mão esquerda.

12.12 Incidentes de tiro e defeitos

O quadro 17 apresenta a relação de incidentes e defeitos possíveis com


as pistolas Taurus (PT): 24/7 (DAO, PRO e PRO DS) e 640 (DAO e PRO),
suas causas e medidas corretivas. A maioria depende de recolhimento
da arma.

280
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 17

INCIDENTES E DEFEITOS COM AS PISTOLAS TAURUS 24/7 E 640, DAO,


PRO E PRO DS CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (continua)

INCIDENTE CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Carregador sujo;
2) Corpo do carregador com 1) Limpar o carregador;
mossas ou deformado; 2) Recuperar ou trocar o
3) Retém do carregador gasto corpo do carregador;
Falha na
ou quebrado (o carregador não 3) Substituir o retém do
alimentação
se prende ao seu alojamento no carregador;
punho); 4) Substituir a mola do
4) Mola do retém do carregador retém do carregador.
fraca ou defeituosa.

1) Mola do carregador fraca ou 1) Substituir a mola do


defeituosa; carregador;
Falha na
2) Transportador defeituoso, 2) Substituir o
apresentação
desgastado, amassado ou quebrado; transportador;
do cartucho
3) Abas do carregador baixas ou 3) Recuperar ou substituir
deformadas. o corpo do carregador.

1) Eliminar as mossas;
limpar, lubrificar e secar a
1) Mossas, sujidades ou corpo
câmara; remover corpos
Falha no estranho na câmara;
estranhos;
carregamento 2) Munição suja ou defeituosa;
2) Limpar ou substituir a
(arma não 3) Mola recuperadora fraca,
munição;
fecha ou defeituosa ou inadequada;
3) Substituir a mola
tranca em sua 4) Abas do carregador defeituosas;
recuperadora;
totalidade) 5) Armação e ferrolho sujos ou sem
4) Substituir o corpo do
lubrificação.
carregador;
5) Limpar e lubrificar a arma.

1) Ejetor gasto ou quebrado;


1) Substituir o ejetor;
Falha na ejeção 2) Arma com problema de
2) Vide correções abaixo.
extração.
1) Extrator gasto ou quebrado;
2) Ausência da mola do extrator ou, 1) Substituir o extrator;
estando presente, é fraca ou defeituosa; 2) Colocar ou substituir a
3) Munição em uma ou mais das mola do extrator;
Falha na seguintes condições: 3) Substituir a munição;
extração a) velha ou suja; b) com culote 4) Limpar a câmara e/ou
defeituoso; c) com propelente ou remover as mossas;
iniciador contaminados; 5) Limpar os
4) Câmara suja ou com mossas; carregadores.
5) Carregadores sujos.

281
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 17

INCIDENTES E DEFEITOS COM AS PISTOLAS TAURUS 24/7 E 640, DAO,


PRO E PRO DS CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(conclusão)

1) Munição não está na câmara


(pane seca);
1) Inserir totalmente o
2) Percussor quebrado ou com
carregador e manobrar o
a ponta gasta (não há marca de
ferrolho;
percussão na espoleta ou esta é
2) Substituir o percussor;
muito fraca);
Nega e falha de 3) Substituir a munição;
3) Munição defeituosa (há marca de
percussão 4) Substituir o percussor;
percussão eficiente na espoleta);
5) Ajustar o ressalto
4) Dente de engatilhamento do
de engatilhamento ou
percussor gasto ou quebrado;
substituir o tirante do
5) Ressalto de engatilhamento do
gatilho.
tirante do gatilho gasto, quebrado
ou amassado.

1) Ressalto posterior do tirante do 1) Desamassar o ressalto


gatilho, amassado, desgastado ou posterior ou substituir o
Arma não quebrado; conjunto do tirante do
engatilha para 2) Ressalto de engatilhamento gatilho;
ação dupla do percussor desgastado ou 2) Substituir o percussor;
quebrado. 3) Substituir o conjunto
3) Conjunto do gatilho quebrado. do gatilho.

1) Ajustar o ressalto do
Arma não 1) Ressalto posterior do tirante do
tirante do gatilho ou
desengatilha gatilho amassado ou quebrado.
substituir a peça;
durante ação 2) Mola do percussor fraca,
2) Substituir a mola do
dupla defeituosa ou inadequada.
percussor.

1) Armadilha quebrada;
2) Mola da armadilha ausente ou 1) Substituir a armadilha;
danificada; 2) Colocar ou substituir a
Arma não 3) Ressalto de engatilhamento mola da armadilha;
engatilha para do percussor desgastado ou 3) Substituir o percussor;
ação simples quebrado; 4) Identificar o problema
4) Sistema de desconexão da e substituir as peças
armadilha defeituoso ou com defeituosas.
peças quebradas.

282
CAPÍTULO 13

PISTOLAS EM POLÍMERO
- PISTOLA TAURUS PT 640
Manual de Armamento Convencional

13 PISTOLAS EM POLÍMERO – PISTOLA TAURUS PT 640

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE


fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

A PT 640 tem armação e punho produzidos em polímero. Projetada com


menores dimensões do que as encontradas na 24/7 (tamanho, peso
e capacidade de alimentação), trata-se de uma opção para policiais
militares que trabalham à paisana e precisam ter sua arma dissimulada.

Na versão 640 Double Action Only (DAO) funciona apenas na ação dupla.

Já na versão 640 Professional (PRO) funciona em ação simples, mas


possui uma opção em ação dupla, diante da ocorrência de uma nega ou
falha na percussão. Mas somente nesses casos. Para que o disparo possa
ocorrer em ação dupla, uma nega é requerida. A 640 PRO não possui
desarmador para que o primeiro disparo seja feito na ação dupla, ação
esta que é somente suplementar para tentar solucionar negas ou falhas
de percussão sem remanejar a arma (Figura 102 e 103).

285
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 102 – Pistola Taurus PT 640 (DAO)

FIGURA 103 – PT 640 DAO, aberta e sem o carregador.

286
Manual de Armamento Convencional

13.1 Características

A PT 640 é idêntica à PT 24/7 no que se refere ao seu mecanismo de


funcionamento. Algumas poucas diferenças serão observadas. O quadro
18 detalha as características desta pistola.

QUADRO 18

CARACTERÍSTICAS DA PT 640

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: PT– Taurus calibre .40 S&W Modelo PT 640.
1 Designação
1.2 Indicativo militar: PT Taurus calibre .40 Mod 640.
1.3 Quanto ao tipo: porte.
1.4 Quanto ao emprego: individual.
1.5 Quanto à alma do cano: raiada, 6 raias, à direita.
1.6 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
1.7 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca,
central indireta.
1.8 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com
2. Classificação
capacidade para 11 cartuchos.
1.9 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
1.10 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
1.11 Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos
gases sobre o ferrolho.
1.12 Quanto ao tipo: porte.
3 Aparelho de
Massa e alça metálicas e fixas, com sistema de 3 pontos.
pontaria
4.1 Calibre: 40 S&W.
4.2 Peso: 680 g.
4.3 Comprimento da arma:156 mm.
4.4 Comprimento do cano: 83 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 300 tiros por minuto.
4.6 Velocidade prática de tiro: habilidade do atirador.
4 Dados 4.7 Alcance máximo: 1000 metros.
numéricos 4.8 Alcance útil: 250 metros.
4.9 Alcance com precisão (utilização): 20 metros.
4.10 Alcance prático: 20 metros.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 260 metros/s.
4.12 Acabamento exterior: Teniferizado.

287
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

13.2 Munições utilizadas pela PMMG

O modelo PT 640, utiliza o calibre .40 S&W. Os tipos de munições a serem


utilizadas são os mesmos previstos para as PT 100 e 24/7, descritas
anteriormente neste Manual.

13.3 Funcionamento

O mecanismo da PT 640 funciona de forma semelhante ao da PT 24/7.


Estando a arma engatilhada, acionado o gatilho, após o impacto do
percussor na espoleta, caso esta não deflagre, todo o mecanismo da arma
passa a operar na ação dupla com um arrasto (percurso de deslocamento)
maior do gatilho. Assim não será necessário efetuar golpe de segurança
para retirar o cartucho que não deflagrou, nem tampouco engatilhar a
arma, bastando acionar o gatilho novamente, assim como se faz no revólver.

Se ocorrer problemas durante a ação policial real, é ideal que o policial


se abrigue e efetue o manejo do ferrolho para extrair e ejetar o cartucho
não deflagrado, bem como introduzir uma nova munição no gatilho.

Tal ação é recomendável, pelo fato de não se saber ou conhecer o


problema da munição ou do próprio mecanismo, sendo que o novo
carregamento é a opção mais segura.

Quanto ao funcionamento do mecanismo da arma nos momentos do


disparo, da extração, da ejeção e do carregamento, para as PT 640, são
as mesmas das PT 24/7.

13.4 Dispositivos de segurança

A arma possui 3 mecanismos de segurança e um mecanismo auxiliar de


segurança, quais sejam:

a) trava do percussor: mecanismo que bloqueia,


permanentemente, o deslocamento do percussor à frente e impede
disparos não desejados, caso ocorra a queda da arma. Essa trava
somente é liberada no estágio final do ACIONAMENTO DO GATILHO,
quando libera o deslocamento do percussor;

b) trava do gatilho: trava que bloqueia o tirante do gatilho e


impede o movimento à retaguarda, o que poderia causar acidentes em
uma queda. A liberação somente ocorre quando o gatilho é acionado
intencionalmente;

288
Manual de Armamento Convencional

c) trava manual externa (registro de segurança): assim como


nas PT 24/7, o mecanismo só está presente no modelo PT 640 PRO. Na
versão 640 DAO, mais simples, o mecanismo é opcional;

– ao ser acionado para cima, o registro de segurança trava


os componentes responsáveis pelo funcionamento do mecanismo de
disparo. A arma poderá permanecer assim, se não estiver em uso;

d) indicador de cartucho na câmara: dispositivo que fica


localizado na lateral direita do ferrolho, atrás da janela de ejeção.
Quando um cartucho está alojado na câmara, a extremidade fica saliente
e permite visualizar uma marca vermelha. Em ambientes de baixa
luminosidade é possível identificá-lo por meio de toque. O indicador
de cartucho na câmara não deve ser considerado, isoladamente, um
mecanismo de segurança, por não interferir diretamente no processo de
disparo. Por indicar a presença de munição na câmara será considerado
apenas um mecanismo auxiliar de segurança.

13.5 Inspeção preliminar

a) aspectos gerais: observar os mesmos quesitos elencados


para a PT 92AF e PT100;

b) aspectos de funcionamento:

– efetuar manejos no ferrolho para verificar o seu perfeito


deslizamento;

– verificar o funcionamento do retém do ferrolho com a arma


sem carregador e com o carregador vazio;

– verificar a integridade do percussor da arma;

c) aspectos de segurança: verificar o funcionamento do


registro de segurança (trava manual externa).

13.6 Manejo

As ações básicas e operacionais de manejo para as PT 640, são as mesmas


das PT 24/7.

289
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

13.7 Desmontagem

A desmontagem da arma pelo usuário deve se restringir aos itens abaixo:

a) retirar o carregador, pressionando o botão do retém;

b) puxar o ferrolho até o final do curso para certificar de que


não há munição na câmara e empurrar a tecla de retém do ferrolho para
cima, conforme demonstrado na Figura 104;

c) com o polegar esquerdo, girar a alavanca de desmontagem


do ferrolho no sentido horário até que pare;

d) com a mão esquerda, puxar a alavanca de desmontagem


para fora da armação. Uma forma alternativa é liberar o ferrolho,
acionando o retém, e puxar aquele para trás, o movimento liberará a
alavanca de desmontagem;

FIGURA 104 – Pistola Taurus PT 640 aberta com ferrolho retido pelo retém, vista pelo
lado esquerdo. Note a alavanca de desmontagem, o retém do ferrolho e a tecla de
segurança.

e) cuidadosamente, pressionar para baixo o retém do ferrolho


e deslizar o ferrolho para frente, sob controle;

290
Manual de Armamento Convencional

f ) puxar o gatilho, mantendo-o acionado;

g) empurrar o ferrolho um pouco para frente até ouvir um


“click”. Nesse momento, solte o gatilho e empurre o ferrolho totalmente
para frente até sair da armação;

h) retirar o conjunto mola recuperadora de sua posição na


parte inferior do cano;

i) remover o cano do ferrolho puxando-o para frente e para


cima.

ATENÇÃO

– Não se recomenda a desmontagem além dos níveis


acima, a menos que seja feita por um armeiro habilitado
ou experiente

– Se o ferrolho emperrar na armação, certificar-se de


que a câmara esteja vazia e puxe firmemente o gatilho
completamente para trás, deslizando o ferrolho para
frente, para fora da armação

– Se o ferrolho não se mover, em virtude do cano


permanecer atrás e deslocado para cima, certifique-se
de que a câmara está vazia e empurre a boca do cano
contra a palma de uma mão, enquanto empurra o
ferrolho para frente com a outra

13.8 Montagem

A montagem da PT 640 consiste no processo inverso ao do procedimento


de desmontagem, observando os seguintes detalhes:

a) encaixe o cano no ferrolho, empurrando-o para trás;

b) insira a extremidade do conjunto mola recuperadora no


alojamento do ferrolho, comprimindo a mola levemente, para colocá-la
na posição;

291
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

c) o ferrolho deve ser montado na armação, sendo totalmente


empurrado para trás;

d) o retém do ferrolho deve ser movimentado para cima, o que


manterá o ferrolho na parte de trás (arma aberta);

e) para instalar a alavanca de desmontagem, esta deverá ser


inserida na armação com a tecla apontada para trás (posição horizontal);
dessa forma, insira a alavanca no momento em que o ferrolho estiver
em posição, para alinhar o cano com o orifício de encaixe da alavanca,
devendo ser empurrada suavemente para dentro. Um “click” indicará
que a alavanca de desmontagem está devidamente montada;

f ) pressione o retém do ferrolho para baixo, para que o ferrolho


seja liberado e deslize para frente;

g) maneje o ferrolho diversas vezes, sem o carregador na arma


e nenhum cartucho na câmara, de forma a garantir que a relação cano/
ferrolho/armação esteja correta.

13.9 Emprego operacional

Pelo seu reduzido tamanho e peso, que lhe proporcionam fácil


portabilidade e dissimulação, bem como uma boa capacidade de
armazenamento de munição (11 cartuchos no carregador + 1 na câmara),
a PT 640 é uma arma bem adaptada para o emprego nas atividades de
inteligência e segurança de dignitários.

Os cuidados para a utilização são os mesmos descritos para as PT 24/7,


92AF, 100, MD1 e GC MD5.

13.10 Condução da arma

O policial deverá conduzir a arma em coldre próprio para o modelo.


Atenção especial deverá ser dispensada à presilha do coldre, que deverá
fixar firmemente a arma.

292
Manual de Armamento Convencional

No coldre, a arma deverá ser conduzida:

- 640 DAO: alimentada e carregada


- 640 PRO: alimentada, carregada e travada

Quando o policial tiver que conduzir a pistola em uma das mãos, no


interior dos quartéis ou nos estandes, deve sempre deixá-la aberta,
descarregada e sem o carregador, segurando-a firmemente pelo guarda-
mato com os dedos indicador, médio e polegar da mão esquerda .

13.11 Incidentes de tiro defeitos

A relação de defeitos e incidentes é a mesma utilizada para a pistola


Taurus 24/7.

293
CAPÍTULO 14

SUBMETRALHADORAS
9 MM BERETTA M972 E
TAURUS MT12/MT12A
Manual de Armamento Convencional

14 SUBMETRALHADORAS 9 MM BERETTA M972 E TAURUS


MT12/MT12A

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo
SEMPRE fora do gatilho, até que o disparo seja
necessário.
b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua
arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

Após a Segunda Guerra Mundial, a divisão do mundo em dois blocos


(o Capitalista e o Socialista), criou a oportunidade para que uma série
de ações insidiosas de pequena intensidade viessem a fazer parte da
realidade do mundo moderno. Estas ações, conhecidas pelo nome de
guerrilhas, exigiram o surgimento de uma arma intermediária entre a
pistola semi-automática e o fuzil de assalto, e que possuísse um seletor
de tiro. Estas armas foram chamadas de submetralhadoras.

A primeira arma que, notadamente, foi reconhecida como


submetralhadora com ferrolho telescópico foi a tcheca VZ-25,
desenvolvida por Vaclav Holek, em 1949, que não muito depois, em
1951, foi superada pela israelita UZI das indústrias IMI.

No Brasil, oficialmente, as submetralhadoras foram adotadas seguindo


uma característica norte americana do uso do calibre .45, com a
metralhadora INA adotada pelo Exército em 1961, que logo após foram
difundidas para as corporações policiais. Em 1975, chegou ao país o
modelo PM 12, de fabricação italiana, pela Beretta. Adquirido pelo
Exército Brasileiro, que passou a denominá-las Mtr 9 M972, passou a
ser difundidoentre as forças policiais. Posteriormente, a Taurus adquiriu
a patente para a fabricação do modelo com a denominação de MT12,
acrescentando-Ihe pequenas modificações.

Na PMMG, ainda estão em uso os modelos M972, MT12 e seu


aperfeiçoamento, a MT12A, cujas diferenças podem ser vistas nas figuras
105 e 106.

297
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 105 – Submetralhadora Beretta 9 M972 (Taurus MT12)

FIGURA 106 – Submetralhadora 9 mm Taurus MT12A.

14.1 Características

As características da SMtr 9 mm Taurus MT12A constam do quadro 19.

298
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 19

CARACTERÍSTICAS DA SUBMETRALHADORA 9 MM TAURUS MT12A

ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: submetralhadora Taurus calibre 9 mm
1. Designação modelo MT12A.
1.2 Indicativo militar: SMtr Taurus calibre 9 mm modelo MT12A.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 6 raias, à direita.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca,
central e direita (percussor acoplado ao ferrolho).
2. Classificação 2.6 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com
capacidade para 30 ou 40 cartuchos.
2.7 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.8 Quanto ao funcionamento: automático.
2.9 Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos
gases.
2.10 Quanto ao tipo: portátil.
3.1 Alça de mira: tipo visor basculante, graduado para 100 e 200
3. Aparelho de metros, com proteção lateral, regulável em direção.
pontaria 3.2 Massa de mira: tipo ponto, com proteção total, regulável em
altura.
4.1 Calibre: 9 mm “Parabellum” ou “Luger” (9 mm x 19 mm
NATO).
4.2 Peso: 4.000 kg.
4.3 Comprimento da arma:
a) Coronha aberta: 66,0 cm.
b) Coronha rebatida: 41,8 cm.
4. Dados 4.4 Velocidade teórica de tiro: 550 tiros por minuto.
numéricos 4.5 Velocidade prática de tiro: 160 tiros por minuto.
4.6 Alcance máximo: 1.500 metros.
4.7 Alcance útil: 450 metros.
4.8 Alcance com precisão (utilização): 100 metros.
4.9 Alcance prático: 10 m (rajada) e 30 m (intermitente).
4.10 Velocidade inicial do projétil: 410 metros/s.

299
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

14.2 Munições utilizadas pela PMMG

A submetralhadora utiliza a munição 9 mm x 19 mm “Parabellum” (para


guerra), também conhecida por NATO (Organização do Tratado Atlântico
Norte) ou Luger 65. É um cartucho de grande poder de penetração, sendo
seu projétil encamisado, com velocidade inicial considerada média, de
formato ogival com base plana. O estojo é cônico, com aro e espoleta
central. Seu peso é de 8,03 g, o que Ihe dá, a 4,6 metros do cano, uma
energia de 59 kg.

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre 9 mm: recarregada pelo CMB, com projétil ogival,


totalmente jaquetado, com massa de 124 grains e carga normal de
propelente;

– calibre 9 mm: munição Treina®, produzida pela Companhia


Brasileira de Cartuchos, com projétil totalmente jaquetado de ponta
plana, com massa de 124 grains e carga normal de propelente;

c) munição real:

– calibre 9 mm: projétil expansivo, totalmente jaquetado de


ponta oca, com massa de 115 grains, para emprego operacional;

– calibre 9 mm: projétil totalmente jaquetado ogival, com


massa de 124 grains, para emprego operacional.

14.3 Funcionamento

Para melhor entendimento, relembremos que as SMtr MT12 e as


MT12A são dotadas do sistema “Blowback” que é aquele em que
não há trancamento da culatra no momento do carregamento. O
engatilhamento ocorre mediante a abertura do ferrolho, para futuro
fechamento. No momento do disparo, ao retornar à retaguarda, há
a movimentação somente do ferrolho e da mola recuperadora que
absorve toda a força de retorno do ferrolho, não havendo movimentação
de cano ou outra parte da arma. Posteriormente, a mola recuperadora
pressiona o ferrolho à frente.
65 Referência a George Luger – inventor da P08, pistola utilizada pelos alemães na 2ª guerra.

300
Manual de Armamento Convencional

No caso das MT12 e das MT12A, a arma trabalha com o ferrolho aberto,
ou seja, o carregamento ocorre no momento em que há o acionamento
do gatilho, havendo, simultaneamente, o disparo.

Para estudar o funcionamento da MT 12 A, considera-se a arma


alimentada, o gatilho acionado e o primeiro disparo executado.

A janela de ejeção abre-se, automaticamente, no recuo ou no avanço do


ferrolho (modelo MT12A).

a) Recuo do ferrolho: quando acontece a deflagração da


carga propelente, é gerada uma pressão que age em todos os sentidos
e é retida pelas paredes da câmara, essa pressão força o projétil para
frente e o ferrolho para trás. Graças à resistência da mola recuperadora e
à massa do ferrolho (Figura 107), a retração se inicia logo após a saída do
projétil da boca do cano, sendo que somente o ferrolho se movimenta
(sistema blowback);

FIGURA 107 – Percussor fixo (solidário) ao centro e extrator (acima e à esquerda do percussor).

b) extração: a pressão dos gases que empurra o estojo


contra seu alojamento no ferrolho obriga-o a recuar. A função do extrator
é de manter o estojo fixo em seu lugar no alojamento do ferrolho, a fim
de evitar que ele caia no mecanismo antes da ejeção. O extrator serve

301
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

também para a extração de um estojo (sua retirada da câmara de combustão),


trazendo-o à retaguarda, para que possa se encontrar com o ejetor;

c) ejeção: no momento em que o alojamento do cartucho no


ferrolho encontra-se, aproximadamente, na altura da parte posterior
da janela de ejeção, o estojo entra em contato com o ejetor66 que,
sobressaindo do alojamento do culote, obriga-se a girar em torno da
garra do extrator e o projeta para fora da arma;

d) apresentação do novo cartucho: ao continuar seu


movimento para a retaguarda, o ferrolho ultrapassa o carregador. Os
cartuchos do carregador, não mais seguros pelo ferrolho, e sob a ação
da mola do carregador, elevam-se, sendo limitados pelas abas do
carregador, dando-se a apresentação do novo cartucho;

e) avanço do ferrolho: o movimento do ferrolho à frente,


quando pressionado pela mola recuperadora, pode gerar outras ações
simultâneas;

f ) engatilhamento: após o recuo do ferrolho, a mola


recuperadora o empurra para frente. Ele é retido logo no início do seu
curso pela armadilha, caso a chave seletora esteja na posição de tiro
intermitente, ou continua o seu movimento, se a alavanca estiver na
posição de tiro em rajada;

g) desengatilhamento: a ação do dedo sobre o gatilho abaixa


a parte posterior da armadilha, liberando o ferrolho que, sob a ação da
mola recuperadora, é lançado para frente;

h) carregamento:

– após um percurso para frente (cerca de 35 mm), a parte


inferior do ferrolho entra em contato com o culote do 1º cartucho
posicionado no carregador e o empurra para frente;

– em seu movimento, a ogiva do projétil encontra a rampa de


acesso existente no cano. Essa rampa orienta o projétil para a câmara,
desprendendo, assim, o cartucho do carregador. O ferrolho continua
empurrando o culote do cartucho, introduzindo-o completamente na
câmara, dando-se o carregamento;

66 Peça responsável por expelir a cápsula deflagrada da arma. Nas submetralhadoras Beretta e
Taurus MT12 fica localizada na armação abaixo do ferrolho.

302
Manual de Armamento Convencional

i) fechamento e percussão:

– terminado o movimento do ferrolho para frente, há o


fechamento do ferrolho;

– assim, o culote do cartucho obriga o extrator a levantar-se e a


encaixar-se na virola, sendo que a parte de trás do cartucho ocupa lugar
em seu alojamento no ferrolho;

– ao mesmo tempo, o percussor, que é saliente neste


alojamento, percute a espoleta, provocando a faísca iniciadora que
deflagra a queima da carga propelente, ocorrendo o disparo;

– com o disparo, inicia-se novamente o ciclo;

j) resumo do funcionamento completo após o acionamento


do gatilho:

– o funcionamento descrito acontece quando a arma estiver


com o seletor de tiro no INTERMITENTE. Caso o seletor de tiro esteja
posicionado em RAJADA, a armadilha não armará e o ferrolho efetuará
novos carregamentos e disparos enquanto o gatilho for pressionado;

– o ferrolho será liberado, levando consigo seu percussor


solidário. O ferrolho empurrará o 1º cartucho do carregador para a
câmara. Ocorre o carregamento da arma e, logo em seguida, o disparo.
O projétil iniciará o percurso pelo cano da arma e, tão logo o abandone,
os gases retornarão, fazendo com que o ferrolho seja empurrado para
trás;

– durante o recuo, o ferrolho levará consigo a cápsula


deflagrada (extração) que será, logo após, ejetada (lançada para fora
da arma) assim que passar pela janela de ejeção na parte superior direita
da arma;

– ao passar por sobre o carregador, o ferrolho liberará o espaço


para que o próximo cartucho ali alojado se apresente e continuará seu
percurso de recuo até o ponto máximo, quando retorna à frente pela
ação da mola recuperadora;

– ao iniciar o caminho de volta, o ferrolho será interceptado


e parado pela armadilha. Assim, a arma estará engatilhada, aberta e
pronta para novo acionamento do gatilho.

303
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

14.4 Mecanismos de segurança

A MT 12A possui dois dispositivos de segurança, além do seu próprio


sistema de disparo, o que a torna uma arma muito segura para utilização.

14.4.1 Dispositivo de segurança do punho

Trata-se de uma tecla colocada à frente do punho posterior. Caso não


seja pressionada corretamente, não permite o arrasto total do gatilho e
o consequente acionamento do mecanismo de disparo. Impede, ainda,
o recuo ou o avanço do ferrolho.

Nesse sentido, o dispositivo só permite o disparo se a arma estiver


empunhada corretamente pelo operador, evitando-se os riscos de
disparos acidentais decorrentes de quedas.

14.4.2 Dispositivo da chave seletora de tiro

Uma vez colocada na posição de “S” segurança, trava-se o ferrolho, o


gatilho e a própria tecla do dispositivo de segurança do punho, ou seja,
todo o mecanismo de funcionamento da arma.

14.5 Inspeção preliminar

Ao receber a arma para o serviço, esta deverá estar aberta e o carregador


fora do seu alojamento. Ato contínuo, o operador realizará a inspeção,
verificando os aspectos e os itens, como descrito abaixo:

a) aspectos gerais:

– sinais de ferrugem ou corrosão no acabamento externo;

– se existem peças, parafusos ou pinos bambos ou faltando;

– possíveis obstruções no cano;

– com a arma engatilhada (ferrolho à retaguarda), verificar se


não existem resíduos de pólvora ou poeira nas partes internas;

– verificar as abas do carregador e a pressão da mola da mesa


transportadora;

– conferir se não existe amassamentos ou sujeiras na alça e na


massa de mira;

304
Manual de Armamento Convencional

– as condições da coronha dobrável;

b) aspectos de funcionamento:

– puxar a alavanca de manejo à retaguarda, pressionando a


tecla do dispositivo de segurança do punho, mantendo a chave seletora
na posição “I” intermitente (semi-automático); quando a arma parar
aberta, pressionar o gatilho. Efetuar o movimento completo por duas
vezes, verificando se a arma não se encontra carregada ou obstruída por
resíduos no mecanismo;

– verificar, também, se no primeiro e no segundo movimento


há o engatilhamento da arma (se ela pára aberta) e se a tampa da janela
de ejeção se abre;

– realizar o mesmo movimento com a chave seletora na posição


“R” de rajada (funcionamento automático) e pressionando o gatilho
ininterruptamente. Nessa condição, o ferrolho deve estar totalmente
livre, indo até a frente para realizar o fechamento;

– colocar e retirar o carregador (vazio e municiado) de seu


alojamento, quando deve ser verificado o funcionamento do retém;

c) aspectos de segurança:

– com a arma aberta (engatilhada) posicionar a chave seletora


no “S” (segurança) e pressionar a tecla de segurança do punho e o
gatilho. A arma deve estar totalmente travada, não sendo possível o
acionamento do gatilho e da tecla de segurança do punho, sendo que,
inclusive o ferrolho, também ficará travado.

14.6 Manejo básico

É aquele conhecimento necessário para executar as ações básicas da arma.

a) A partir da arma inspecionada, inicia-se o manejo da


seguinte forma:

– municiar o carregador: segurar o carregador com uma das


mãos, colocando os cartuchos um a um, por cima da boca. O culote do
cartucho deve estar voltado para a parte posterior do corpo. Empurrar
os cartuchos para baixo das abas, exercendo pressão, conforme
demonstrado na Figura 108.

305
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 108 – Municiamento do carregador.

– coronha: a abertura é feita com a mão direita, rebatendo-a até


que o mergulhador do suporte da coronha penetre no seu alojamento
na charneira. Rebater a chapa da soleira para a posição de apoio. Para o
fechamento, retorna-se a chapa da soleira para a posição longitudinal e
puxa-se o conjunto para trás, rebatendo-a para “dentro” (a arma modelo
MT12 A). Para o modelo MT12, pressiona-se um botão retém);

– alça de mira: pode ocupar duas posições: a primeira, para o


tiro até cem metros; a segunda, para o tiro de cem a até duzentos metros;
a graduação das distâncias é feita pelo basculamento desse aparelho de
pontaria;

– engatilhar: segurar a arma com a mão direita, pelo punho


posterior, com a coronha aberta e a chapa da soleira apoiada na junção
do braço com o antebraço. O cano será direcionado para um local
seguro, e a tecla de segurança do punho será corretamente pressionada.
Puxar a alavanca de manejo para trás, engatilhando a arma (Figura 109).

306
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 109 – Engatilhamento (abertura da arma).

– travar: pressionar o botão para a posição “S” (segurança);

 no caso da submetralhadora MT12 não existe chave


seletora e sim dois botões seletores, sendo o primeiro
seletor de segurança e o segundo seletor de regime de
tiro. Assim, o botão de segurança deverá ser pressionado
para travar a arma. As posições de trava/destrava estão
escritas na arma logo abaixo dos botões.

FIGURA 110 – Botões seletores de segurança e regime de tiro da MT 12.

– alimentar: inclinar a arma para a direita, introduzir o


carregador municiado em seu alojamento, até que o retém o prenda,
produzindo um clik característico, Figura 111.

307
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Nos turnos de serviço, a alimentação da arma será realizada com o


ferrolho à frente (ARMA FECHADA), somente sendo feita com o ferrolho
aberto, em casos de recarregamento para novo disparo;

FIGURA 111 – Alimentação da arma.

– selecionar o regime de tiro e destravar a arma: para o tiro


semi-automático, deve-se girar a alavanca seletora para a posição “I”
INTERMITENTE. Para o tiro contínuo, selecionar o regime automático
RAJADA, girar a alavanca para a posição “R” de RAJADA. No ato de
selecionar o regime de tiro, efetua-se, simultaneamente, o destravamento
da arma, pela retirada da alavanca seletora da posição “S” de segurança;

– disparar: com a arma corretamente empunhada e a tecla do


dispositivo de segurança do punho pressionada, aciona-se o gatilho.

– retirar o carregador: inclinar a arma para a direita e, com o


polegar da mão esquerda, apertar o retém do carregador, retirando-o
de seu alojamento.

b) regras básicas de segurança:

Para qualquer pane ou problema existente na arma,


a primeira providência a ser tomada é a retirada do
carregador, eliminando, de imediato, o risco de disparo.

308
Manual de Armamento Convencional

– caso ocorra nega na munição ou outro incidente, retirar o


carregador e efetuar o movimento da alavanca de manejo por duas
vezes, na tentativa de extrair o cartucho ou o estojo que esteja na
arma, sempre com a arma voltada para o alvo ou para um local seguro,
dependendo de cada caso. Travar a arma com o ferrolho à retaguarda.
Examinar a caixa da culatra, a câmara e a “alma” do cano, para verificar a
existência de alguma anormalidade;

– após introduzir o carregador municiado no alojamento,


verificar se aquele se encontra corretamente ajustado, puxando-o para
baixo;

– uma vez alimentada a arma, NUNCA tente levar o ferrolho


à frente, posto que, se ocorrer o carregamento manual, aumenta a
possibilidade de disparo acidental. Nesta arma, o carregamento e o
disparo são simultâneos, posto que o percussor é fixo no ferrolho;

– as operações de manejo devem ser executadas com a chave


seletora posicionada em INTERMITENTE.

14.7 Manejo operacional

a) ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com a coronha voltada


para o receptor (esse procedimento possibilita que o recebedor, de
pronto, visualize a(s) câmara(s) da arma, tornando-se mais um fator de
segurança para os envolvidos);

– dirigir-se até à caixa de areia (local seguro);

– realizar inspeção preliminar e observar os aspectos gerais de


funcionamento e de segurança;

– fechar a arma;

– posicionar a chave seletora em “S” de segurança para a MT12A


Taurus (travar a arma). No modelo MT12 Beretta, a tecla de segurança
deve ser colocada na posição TRAVAR (acionamento da esquerda para
a direita) e a tecla seletora de regime de tiro deverá ser colocada na
posição INTERMITENTE;

– municiar o carregador;

309
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– alimentar a arma (introduzir o carregador municiado na arma);

b) arma em condições de uso imediato:

– destravar a arma;

– empunhar corretamente pressionando a tecla de segurança


do punho posterior;

– engatilhar a arma levando o ferrolho à retaguarda;

– apontar e acionar o gatilho.

c) após algum disparo, ou mesmo se a arma não tiver sido


utilizada, retorná-la à condição de patrulhamento:

– no caso da arma não ter sido engatilhada (aberta), travar a


arma;

– em caso de disparo ou a arma aberta:

 retirar o carregador;

 inspecionar a câmara;

 fechar a arma e travar;

 recolocar o carregador.

d) ao término do turno, devolver a arma na reserva de


armamento:

– dirigir-se à caixa de areia (local seguro);

– retirar o carregador;

– destravar a arma;

– efetuar o manejo do ferrolho e levá-lo à retaguarda (abrir a arma);

– desmuniciar o carregador;

– ao término, a arma deverá ser entregue aberta e com a


coronha voltada para o funcionário da reserva de armamento.

310
Manual de Armamento Convencional

14.8 Desmontagem de 1º escalão

A desmontagem da arma em 1º escalão, que pode ser realizada pelo usuário,


deve restringir-se aos itens “a”, “b”, “c”, “d”, “e”, “f”, “g”, “h” e “i”, descritos a seguir,
para fins de manutenção. Outros níveis (escalões) de desmontagens serão
realizadas por pessoal especializado, em oficinas da Corporação.

a) retirar o carregador e verificar se está desmuniciado;

b) efetuar o movimento de recuo do ferrolho por duas vezes e


verificar se a câmara está vazia;

c) retirar bandoleira;

d) comprimir o botão do retém da tampa da caixa da culatra e


liberá-la. Desenroscá-la e retirá-la juntamente com a mola recuperadora;

e) para retirar a luva de fixação do cano e o conjunto cano-


ferrolho, abaixar o retém da luva de fixação do cano e liberá-la.
Desenroscar a luva de fixação do cano e retirá-la juntamente com o
cano-ferrolho;

f ) separar a luva de fixação do cano girando-a 1/4 de volta


para qualquer dos lados. Separar o ferrolho do cano ao elevar a parte
posterior do cano e a puxá-lo para a retaguarda, conforme demonstrado
na Figura 112;

FIGURA 112 – Detalhes do conjunto cano e ferrolho em processo de desmontagem.

311
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

g) para retirar o punho posterior, extrair o tubo de fixação, ao


comprimir a mola retém e empurrá-lo para o lado oposto. Retirar o tubo
de fixação do punho posterior. Forçar o punho posterior para trás com
pequenos golpes para retirá-lo;

h) a desmontagem do carregador requer a utilização de um


toca-pino ou objeto pontiagudo para pressionar o retém do fundo do
carregador e fazer com que este deslize para fora do encaixe;

i) apoiar o retém com o dedo polegar para evitar a


descompressão da mola do carregador e retirá-la, juntamente com a
mesa transportadora;

FIGURA 113 – Submetralhadora MT12A desmontada em 1º escalão.

k) para retirar as placas do punho posterior, desparafusá-las


com uma chave de fenda;

14.8.1 Vista explodida

Para melhor entendimento da composição das peças, a Figura 114


ilustra a vista explodida da submetralhadora MT 12A, que retrata todas
suas peças desmontadas.

312
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 114 – Vista explodida da Smtr MT12A.

O quadro 20 detalha a lista das peças da MT12A.

QUADRO 20

RELAÇÃO DE PEÇAS DA SMTR 9 MM

ITEM DENOMINAÇÃO ITEM DENOMINAÇÃO


01 Luva de fixação do cano 15 Retém do ferrolho
Dispositivo de segurança do
02 Ferrolho 16
punho
03 Cano 17 Alavanca de disparo
04 Protetor da janela de ejeção 18 Armadilha
05 Massa de mira 19 Punho posterior
Tubo de fixação do punho
06 Alça de mira 20
posterior
07 Ejetor 21 Mola do carregador
08 Coronha 22 Carregador
Impulsor da alavanca de
09 Caixa da culatra 23
disparo
10 Mola recuperadora 24 Gatilho
11 Tampa da caixa da culatra 25 Punho anterior
12 Transportador 26 Placa do punho posterior
13 Retém da luva de fixação do cano 27 Alavanca da armadilha
14 Retém do carregador 28 Fundo do carregador

313
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

14.9 Montagem

Para a montagem da SMtr 9 mm, os procedimentos são os descritos


abaixo.

a) montar o carregador, introduzindo o transportador e o


conjunto mola-retém na armação metálica, com a extremidade mais
elevada da espiral superior voltada para frente. Pressionar o retém,
permitindo que o fundo do carregador deslize em seu encaixe;

b) colocar o punho posterior na caixa da culatra, ajustando


até que o orifício do punho alinhe-se com o orifício da caixa da culatra.
Colocar entre os orifícios o tubo de fixação da armação, com a cabeça
voltada para a janela de ejeção;

c) para montar o cano-ferrolho e a luva de fixação do cano,


encaixar o cano no ferrolho, encaixando a luva de fixação no conjunto,
fazendo os ressaltos existentes no cano coincidirem com os rasgos
existentes na luva. Girar a luva 1/4 de volta. Abaixar o retém da luva e
colocar todo o conjunto na caixa da culatra. Atarraxar a luva, até que o
pino encaixe no orifício existente na luva, fixando-a;

d) introduzir a mola recuperadora pela retaguarda da arma e


atarraxar a tampa da caixa da culatra, até a mesma engrazar-se no retém
da tampa;

e) introduzir o carregador em seu alojamento até que fique


preso pelo retém.

14.10 Emprego operacional

As submetralhadoras MT12 e as MT12A são armas apropriadas para


operações de enfrentamento aproximado, de grande poder de fogo,
boa estabilidade e segurança para o tiro.

As submetralhadoras MT12 e as MT12A, apesar de serem classificadas


como armas de emprego individual67, na maioria das vezes, são
utilizadas pelas instituições policiais em apoio e cobertura ou em defesa
das equipes de policiais, devido às características de suas atividades.

67 Armas produzidas para defesa pessoal de quem a conduz.

314
Manual de Armamento Convencional

Para o serviço policial é adequada às operações de cerco e bloqueio, bem


como em ocorrências em que os confrontos com armas de maior poder
de fogo são iminentes, tais como: assaltos a bancos e estabelecimentos
comerciais, a motins, incursões, abordagens a locais de homizio de
infratores, intervenções em áreas rurais e urbanas, além de guarda de
aquartelamentos.

A munição utilizada nessas armas possui elevado poder de penetração,


mesmo as munições de “ponta oca”. Por isso, o operador deve analisar
a conveniência de sua utilização em áreas e aglomerados urbanos. Os
disparos em rajadas são de difícil controle, principalmente se realizados
na altura dos quadris. O tiro automático deve se restringir às situações
extraordinárias e realizadas com a coronha aberta e a arma apoiada no
ombro, efetuando rajadas controladas de dois, ou três disparos. Portanto,
o policial deve estar capacitado para o emprego da submetralhadora.

14.11 Condução da arma

Por se tratar de arma portátil, pode ser conduzida pelo policial à pé ou


no interior da viatura, sendo duas situações distintas. Trata-se de uma
arma de emprego individual, utilizada pela PMMG como arma de apoio,
a qual se recorre como reforço às armas de porte. Portanto, seu emprego
é específico e isso pré-determina a maneira como será conduzida.

O policial deverá conduzir a arma do mesmo lado que a empunhar,


sustentada pela bandoleira, de preferência de três pontos. Esta deve ser
graduada em comprimento, permitindo que a arma seja utilizada com
a coronha aberta e na posição de tiro apoiado. Para tanto, a bandoleira
deve ser apoiada no pescoço, e não colocada por dentro dos braços.

A condução se dará com o ferrolho à frente, a arma alimentada e


com a chave seletora ou pino na posição “S” (travada). Essa conduta
proporciona total segurança na condução e na rápida preparação nos
casos eventuais onde seja necessário realizar o disparo. Assim, nesses
casos, será necessário apenas posicionar a chave ou os pinos seletores
em “I” (intermitente) e, pressionar a tecla de segurança do punho para
puxar a alavanca de manejo para trás, engatilhando a arma.

Na viatura, a arma deverá ser conduzida pelo comandante ou patrulheiro


da guarnição, de forma segura, e que possibilite o acesso rápido em caso
de desembarque.

315
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

A arma deverá ser acondicionada na viatura com o ferrolho


posicionado à frente (arma fechada), alimentada e com a
chave seletora ou o pino na posição “S” de segurança

14.12 Diferenças entre MT 12 e MT12A

A MT 12 distingue-se da MT 12A, nos seguintes detalhes:

14.12.1 Designação:

a) Nomenclatura: Metralhadora de Mão Beretta calibre 9 mm modelo


972;

b) Indicativo militar: SMtr 9 M972.

FIGURA 115 – MT12A à esquerda e Beretta M972 à direita.

14.12.2 Desmontagem

a) punho posterior: possui uma cavilha do tubo de fixação


que deve ter suas extremidades pressionadas e empurradas para o lado
oposto;

b) registro de tiro: possui um botão de registro de tiro que,


com uma chave de fenda aberta e a arruela de travamento, deve ser
retirado, pressionando o botão de registo para esquerda;

c) registro de segurança: aberta a arruela de travamento com


uma chave de fenda, pressionar o botão para a direita, retirando-o.

316
Manual de Armamento Convencional

14.12.3 Peças

a) dispositivo de segurança do punho: semelhante ao modelo


MT 12A – Taurus, sendo de tamanho reduzido;

b) botão do registro de segurança: pressionado do lado


“TRAVA”, a forquilha do dispositivo de segurança encontra o diâmetro
maior do registro, ficando a tecla imobilizada;

c) registo de tiro: pressionado do lado “INTERMITENTE”,


efetuará o tiro semi-automático e, do lado “RAJADA”, efetuará o tiro
automático;

d) não possui tampa da janela de ejeção.

14.12.4 Manejo

a) travar: pressiona-se o botão do registro de segurança do


lado “TRAVA”, travando a arma;

b) selecionar regime de tiro: pressiona-se o botão do registro


de tiro do lado “INTERMITENTE”, para o tiro semi-automático e do lado
“RAJADA” para o tiro automático;

c) destravar: pressiona-se o botão do registro de segurança do


lado “FOGO”;

d) abertura e rebatimento da coronha: com a mão direita,


rebate-se a coronha. Para o fechamento pressionar o retém da coronha,
voltando-a para a sua posição lateral.

14.13 Incidentes de tiro e defeitos

O quadro 21 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis


com as submetralhadoras 9mm Beretta M972 e Taurus MT12 e MT12a:,
suas causas e medidas corretivas. A maioria depende de recolhimento
da arma.

317
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 21

INCIDENTES E DEFEITOS COM AS SUBMETRALHADORAS 9MM BERETTA


M972 E TAURUS MT12 E MT12A: CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(continua)

INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Carregador sujo;
2) Carregador com mossas ou 1) Limpar o carregador;
deformado; 2) Recuperar ou trocar o
3) Retém do carregador gasto corpo do carregador;
Falha na
ou quebrado (o carregador não 3) Substituir o retém do
alimentação
se prende ao seu alojamento no carregador;
punho); 4) Substituir a mola do
4) Mola do retém do carregador retém do carregador.
fraca ou defeituosa.

1) Mola do carregador fraca ou 1) Substituir a mola do


defeituosa; carregador;
2) Transportador defeituoso, 2) Substituir o
Falha na
desgastado, amassado ou transportador;
apresentação
quebrado; 3) Recuperar ou
3) Abas do carregador baixas ou substituir o corpo do
deformadas. carregador.

1) Limpar e lubrificar a
1) Arma suja e sem lubrificação; arma;
2) Câmara suja ou com 2) Limpar, lubrificar e
obstrução; secar a câmara; retirar a
Falha no
3) Munição suja ou defeituosa; obstrução;
carregamento e
4) Carregador com as abas 3) Substituir a munição;
no fechamento
deformadas; 4) Substituir o corpo do
5) Mola recuperadora fraca, carregador;
defeituosa ou inadequada. 5) Substituir a mola
recuperadora.
1) Percussor gasto ou quebrado
(não há marca de percussão na
1) Substituir o
Nega ou falha espoleta ou esta é muito fraca);
percussor;
na percussão 2) Munição defeituosa (há
2) Substituir a munição.
marca de percussão eficiente na
espoleta).
1) Substituir o ejetor;
1) Ejetor gasto ou quebrado;
2) Vide correções em
Falha na ejeção 2) Arma com problema de
“Falha no carregamento
extração.
e no fechamento”.

318
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 21

INCIDENTES E DEFEITOS COM AS SUBMETRALHADORAS 9MM BERETTA


M972 E TAURUS MT12 E MT12A: CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(conclusão)

1) Extrator gasto ou quebrado;


2) Ausência da mola do extrator
1) Substituir o extrator;
ou, se presente, é fraca ou
2) Colocar ou substituir
defeituosa.
a mola do extrator;
3) Munição em uma ou mais das
Falha na 3) Substituir a munição;
seguintes condições:
extração 4) Limpar a câmara e/ou
a) velha ou suja; b) com culote
remover as mossas;
defeituoso; c) com propelente ou
5) Limpar os
iniciador contaminados;
carregadores.
4) Câmara suja ou com mossas;
5) Carregadores sujos.

1) Substituir a mola da
1) Mola da armadilha fraca ou
Falha no armadilha;
quebrada;
engatilhamento 2) Substituir a
2) Armadilha gasta ou quebrada;
armadilha;

1) Peças do conjunto do gatilho 1) Identificar e substituir


Falha no
desgastadas ou quebradas; peças defeituosas;
desengatilha-
2) Presença de corpos estranhos 2) Retirar os corpos
mento
no mecanismo de disparo. estranhos.

319
CAPÍTULO 15

METRALHADORA DE MÃO
TAURUS FAMAE MT.40
Manual de Armamento Convencional

15 METRALHADORA DE MÃO TAURUS FAMAE MT.40

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo
SEMPRE fora do gatilho, até que o disparo seja
necessário.
b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua
arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

A metralhadora de mão FAMAE cuja sigla significa (Fabrycas e Maestranzas


del Ejercito Chileno68), SAF (Sub Ametralhadora Famae) tem sua origem no
fuzil suíço SGI 540. Esta metralhadora de mão ou submetralhadora, é
produzida desde 1996, pela FAMAE, empresa estatal de armamento do
Chile.

A SAF funciona por recuo, operando com a culatra fechada, nos calibres
9 mm e .40.

A metralhadora de mão Taurus-Famae é uma arma leve, de fácil manejo


e de cômoda utilização. Seus carregadores têm capacidade para trinta,
quinze e dez cartuchos.

Possui uma chave seletora de tiro de quatro estágios, Segurança, 1 de


intermitente, rajada Limitada (que possibilita o controle da utilização da
munição) e rajada Full – total (Figura 116).

68 Fábricas e Arsenais do Exército do Chile

323
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 116 – Metralhadora de mão Taurus FAMAE .40.

O conjunto de miras facilita o enquadramento do alvo, com um tambor


de vértice aberto para curtas distâncias e orifícios para distâncias
maiores. O guarda-mato é rebatível, oferecendo a opção para uso de
luvas. A empunhadura com o fundo removível possui um compartimento
interno para alojar materiais de limpeza, tais como escova ou pequenos
itens de sobrevivência.

15.1 Características

Para melhor visualização e entendimento, as características da


metralhadora de mão Taurus FAMAE MT .40 estão descritas no quadro
abaixo.

324
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 22
CARACTERÍSTICAS DA METRALHADORA DE MÃO TAURUS FAMAE MT .40.
ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: metralhadora de mão Taurus-FAMAE calibre
1. Designação .40 Modelo MT .40 S&W.
1.2 Indicativo militar: Mtr Taurus-Famae Cal .40 Mod MT40.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, 6 raias, à direita com passos
de 406,4 mm.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
2. Classificação central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre,
capacidade para 30, 15 ou 10 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: automático (sistema Blowback).
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos
gases sobre o ferrolho.
3.1 AIça de mira: tambor regulável, graduado para 50, 100 e
3. Aparelho de
150 metros, com proteção lateral, regulável em altura e direção.
pontaria
3.2 Massa de mira: tipo barrote com proteção total, regulável em altura.
4.1 Calibre: .40 S&W.
4.2 Peso sem carregador: 2,995 kg; com carregador vazio 3,200
kg; com carregador cheio: 3,705 kg.
4.3 Comprimento da arma: coronha aberta 677 mm e rebatida
421 mm e coronha rígida (opcional) 670 mm.
4.4 Comprimento do cano: 200 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 1.200 tiros por minuto.
4.6 Velocidade prática do tiro: depende da habilidade do operador.
4.7 Alcance máximo:aproximadamente 1.400 metros.
4.8 Alcance útil: 500 metros.
4. Dados 4.9 Alcance com precisão: 100 metros.
numéricos: 4.10 Alcance prático: rajada 15 m e intermitente 30 m.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 300 m/s (munição real).
4.12 Seletor de tiro ambidestro em quatro estágios, S segurança,
1 intermitente, L rajada Limitada e F full (rajada completa).
4.13 Acabamento exterior pintado e interno fosfatada.
4.14 Força do disparo: 3,8 kg/f.
4.15 Peso do gatilho: 5kg +– 0,5 kg.
4.15 Coronha: dobrável.
4.17 Carregador: bifilar.
4.18 Bandoleira com dois ou três pontos: 100 % polipropileno.

325
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

15.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre .40: recarregada pelo CMB, com projétil de ponta


plana, totalmente jaquetado, com massa de 160 a 180 grains;

– calibre .40: munição Treina, produzida pela CBC, com projétil


totalmente jaquetado de ponta plana, com massa de 160 grains e carga
normal de propelente.

c) munição real (para emprego operacional):

– calibre .40: projétil expansivo, jaquetado de ponta oca, com


massas de 130 ou 155 grains;

– calibre .40: totalmente jaquetado de ponta plana, com massa


de 180 grains.

15.3 Funcionamento

A submetralhadora FAMAE, diferentemente das MT12 e das MT12A,


possui ferrolho com percussor flutuante. Esta situação lhe permite que
trabalhe com o ferrolho fechado, ou seja, o carregamento é uma ação
distinta do disparo. Assim, para carregar a arma deve-se introduzir
o carregador com as munições e efetuar um golpe no ferrolho para
que este venha à retaguarda e em seu retorno leve um cartucho para
a câmara, permanecendo a arma fechada. O percussor fica dentro do
ferrolho e somente se apresentará para “ferir” a espoleta no momento
do acionamento do gatilho. Ao término das munições do carregador,
o ferrolho fica retido pelo retém em sua posição de abertura, alertando
ao operador que as munições esgotaram. Um novo carregador poderá
ser utilizado e, de forma imediata, com o acionamento da alavanca de
manejo do ferro, ou levantando-se o retém do ferrolho, a arma estará em
condições de efetuar novos disparos.

O seu funcionamento será descrito tomando por base a arma carregada


e travada, da seguinte forma:

326
Manual de Armamento Convencional

a) destravamento: colocar a tecla seletora na posição “1”,


assim a arma estará com o gatilho destravado e no regime de tiro
intermitente;

b) disparo:

– após o acionamento do gatilho, o percussor é acionado pelo


cão e atinge a espoleta, provocando a faísca iniciadora, retornando à sua
posição original pela força de sua mola;

– a espoleta percutida, por sua vez, iniciará a queima lenta da


carga propelente que produzirá os gases necessários à propulsão do
projétil;

– com a geração dos gases, o projétil será expelido em direção


à saída da boca do cano, por onde sairá da arma;

– após a saída do projétil pela boca do cano, o ferrolho será


empurrado para trás69;

– em seu caminho à retaguarda o ferrolho trará consigo, presa


pelo extrator70, a cápsula deflagrada (extração) que se encontrará com
o ejetor71 e será ejetada da arma passando pela janela de ejeção72;

– ao passar pelo carregador o ferrolho liberará a apresentação


de um cartucho que será impulsionado para cima pela mola do
carregador, ficando pronto para ser levado à câmara;

– logo em seguida a parte inferior traseira do ferrolho terminará


de engatilhar o cão;

– o ferrolho seguirá seu retorno até o limite máximo quando,


pressionado pela mola recuperadora, será impulsionado para frente;

– ao passar pelo carregador, a borda inferior dianteira do


ferrolho empurrará o cartucho pelo culote, cartucho este que subirá a
rampa transportadora e entrará na câmara;

69 Resultado do princípio da ação e da reação (3ª Lei de Newton).


70 Localizado dentro do ferrolho tendo sua garra posicionada acima e à direita do alojamento de
cartuchos no ferrolho.
71 Localizado na parta inferior esquerda da caixa da culatra.
72 Abertura presente na parte superior direita da caixa da culatra.

327
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– quando o ferrolho terminar seu percurso ocorrerá o


fechamento da arma, que permanecerá carregada, destravada e no
regime de tiro intermitente.

15.4 Mecanismo de segurança

Destinado a oferecer maior segurança ao usuário no momento do


manejo e no acondicionamento e transporte da arma.

Possui uma chave seletora de tiro de quatro estágios, em sequência:


Segurança, 1 de intermitente, rajada Limitada (que possibilita o controle
da utilização da munição) e rajada Full – total.

Quando a chave seletora estiver posicionada em “S”, o mecanismo


do gatilho (e somente ele) fica travado. Assim há a possibilidade de
executar, sem riscos, todas as ações de manejo necessárias com a arma,
exceto o disparo.

15.5 Inspeção preliminar

Trata-se de uma vistoria que deve ser realizada na arma antes de deixá-
la em condições para o trabalho. Visa verificar as condições gerais de
funcionamento e de segurança da arma. Sua realização é fundamental
para a segurança do policial.

a) aspectos gerais:

– verificar sinais de ferrugem ou corrosão no acabamento


externo;

– verificar se existe peças, parafusos ou pinos faltando ou


bambos;

– verificar possíveis obstruções no cano;

– verificar se não existe resíduo de pólvora ou poeira nas partes


internas;

– verificar as abas do carregador e a pressão da mola da mesa


transportadora;

– verificar se não existe amassamentos ou sujeiras na alça e na


massa de mira;

328
Manual de Armamento Convencional

– verificar as condições da coronha rebatível;

b) Apectos de funcionamento:

– retirar o carregador e efetuar dois ou três manejos com o


ferrolho para verificar seu correto e normal funcionamento;

– inserir o carregador vazio e, com a chave seletora na 1, puxar


o ferrolho à retaguarda. Nessa condição a arma deve parar aberta;

– sem o carregador na arma, com a chave seletora na posição


F e pressionando o gatilho, fazer dois ou três manejos do ferrolho. Nessa
condição o ferrolho correrá livremente;

– colocar e retirar o carregador de seu alojamento, verificando


o funcionamento do retém;

– verificar a integridade do percussor (será necessário retirar o


pino de união traseiro e bascular a caixa da culatra para se ter acesso ao
percussor, este deverá ser pressionado para se verificar se ele aflora em
seu orifício de saída);

c) Aspectos de segurança:

Com a arma fechada (engatilhada) posicionar a chave seletora


em “S” (segurança) e pressionar o gatilho. Nessa condição o arrasto do
gatilho deverá ser travado, ficando o mecanismo de disparo bloqueado
para o funcionamento.

15.6 Manejo básico

O manejo básico diz respeito ao conhecimento necessário para executar


ações básicas da arma, conforme explicitado a seguir:

a) Travar: posicionar a chave seletora em “S” de segurança;

b) Municiar o carregador:

– os carregadores das submetralhadoras FAMAE (Figura 117)


são muito parecidos com os das smtr MT12 e das MT12A, mas não são
intercambiáveis. Podem ser usados na carabina MT40 FAMAE.

– para municiar o carregador, basta segurar o carregador com


uma das mãos, colocando os cartuchos um a um, por cima da boca, o

329
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

culote do cartucho deve estar dirigido para a parte posterior do corpo;

– por fim, empurrar os cartuchos de cima para baixo até que


eles sejam posicionados abaixo das abas, exercendo pressão, até o limite
de sua capacidade, ou seja, no máximo 30 cartuchos;

FIGURA 117 – Carregadores da MT40 / CT40

c) Alimentar: inclinando a arma para a direita, introduzir o


carregador municiado em seu alojamento, até que o retém o prenda,
produzindo um estalido característico do retém do carregador;

d) Carregar:

– com a arma apontada para um local seguro, puxar fortemente


a alavanca de manejo do ferrolho levando-o à retaguarda até seu curso
final, quando deverá soltá-lo bruscamente;

– no seu curso à retaguarda o ferrolho empurra o cão,


executando seu engatilhamento;

– no momento do retorno à frente, o ferrolho empurrará


o 1º cartucho do carregador e o introduzirá na câmara, realizando o
carregamento, ficando a arma carregada e engatilhada;

330
Manual de Armamento Convencional

e) Selecionar o regime de tiro e destravar a arma: para o


tiro semi-automático, deve-se girar a alavanca seletora para a posição
“1” empurrando-a de cima para baixo e para frente, descendo
somente um nível. No ato de selecionar o regime de tiro, efetua-se,
simultaneamente, o destravamento do gatilho, retirando a chave
seletora da posição “S” de segurança. Para o regime automático, há
duas opções:

– rajada controlada: dois tiros por cada acionamento do


gatilho, posicionar a chave seletora na posição “L” (rajada limitada),
empurrando-a de cima para baixo e para frente, descendo dois níveis;

– rajada total: deve-se colocar a chave seletora na posição “F”


(Full), empurrando-a de cima para baixo e para frente, descendo três
níveis;

f ) Disparar: estando a arma corretamente empunhada,


carregada, engatilhada, com regime de tiro selecionado, acionar o
gatilho;

g) Retirar o carregador: inclinar a arma para a direita e, com


o polegar da mão esquerda, apertar o retém do carregador, localizado
atrás do alojamento do carregador, retirando-o;

h) Coronha:

– para abrir a coronha, segurar a arma com a mão esquerda e,


com a mão direita, realizar a extensão da coronha73;

– para rebater (fechar), segure a arma com a mão esquerda.


Segure a coronha com a mão direita e, com o polegar da mesma mão,
pressione o botão do mergulhador, realizando o rebatimento,

i) Aparelho de pontaria:

– a alça de mira é dotada de três posições, sendo: 5 para até


50 metros, 10 para 51 a 100 metros e 15 para 101 a 150 metros. Pode
ainda ser regulável em lateralidade através do parafuso da alça de mira
localizado do lado direito da arma. Assim, se o tiro estiver desviando para
o lado direito, deve-se girar o parafuso para o lado esquerdo e vice-versa;

73 Segundo o manual do fabricante, esta operação JAMAIS deverá ser realizada com o ferrolho
armado.

331
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– a massa de mira é regulável em altura pelo parafuso da massa


de mira localizado logo abaixo dela. Assim, se o tiro estiver alto, deve-se
girar o parafuso para a direita e, caso esteja baixo, o giro deve ser para a
esquerda.

15.7 Manejo operacional

O manejo operacional é a adequação das ações básicas de manejo


para seu emprego no cotidiano policial. Este cotidiano é, normalmente,
refletido em quatro situações que vão exigir do policial a realização de
uma sequência de ações de manejo em sua arma de fogo, específica
para cada momento. Essas situações são:

– policial recebendo sua arma e preparando-a para o trabalho;

– policial em seu turno de serviço que precisa utilizar sua arma;

– efetuando disparo ou não, o policial precisa retornar a arma


para o coldre ou para a viatura;

– ao término do turno deverá devolver sua arma na reserva de


armamento.

Assim, o manejo operacional estabelecerá uma sequência


técnica e padronizada de ações que visam, principalmente, a segurança
do policial e de terceiros. As etapas e as respectivas ações são as
seguintes:

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com a coronha voltada


para o receptor (esse procedimento possibilita àquele que recebe, de
pronto, visualizar a câmara da arma, o que é mais um fator de segurança
para os envolvidos);

– dirigir-se até a caixa de areia e realizar a inspeção preliminar no


carregador e na arma, observando os aspectos gerais de funcionamento
e de segurança;

– após a inspeção preliminar, fechar a arma;

– posicionar a chave seletora em “S” de segurança (travar o


gatilho);

332
Manual de Armamento Convencional

– municiar o carregador;

– alimentar e carregar a arma.

Em viatura, será conduzida fechada, carregada e travada

b) durante o serviço é necessário deixar a arma em


condições de uso imediato, procedendo da seguinte forma74:

– a arma já estará carregada;

– destravar;

– apontar;

– disparar (haverá disparo, extração da cápsula deflagrada,


ejeção da cápsula da arma, engatilhamento e novo carregamento);

c) após disparo, ou mesmo se a arma não tiver sido


utilizada, retorná-la à condição de patrulhamento, procedendo da
seguinte forma:

– caso não tenha efetuado disparo:

travar, colocando o seletor em “S”;


– caso tenha efetuado disparo:

travar, colocando o seletor em “S”;


retirar e completar o carregador que está na arma;


completar os demais carregadores;


recolocar o carregador.

d) ao término do turno, para devolver a arma na reserva


de armamento o policial deve:

– dirigir-se até a caixa de areia;

74 As ações “destravar”, “apontar” e “disparar” somente serão realizadas em caso de real necessidade.

333
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– retirar o carregador;

– descarregar a arma;

– desmuniciar o carregador;

– entregar a arma aberta e com a coronha voltada para o


funcionário da reserva de armamento.

15.8 Desmontagem

De acordo com o Manual de Administração de Armamento (MADAM),


a manutenção de 1º escalão das armas de fogo da PMMG é de
responsabilidade do usuário. Assim, a desmontagem da SMtr FAMAE
deve restringir-se à manutenção de primeiro escalão, conforme
descrição a seguir. Outros escalões de desmontagem serão realizados
por pessoal especializado, em oficinas da Corporação.

Outro fator preponderante na SMtr FAMAE é que, para a verificação


da integridade do percussor durante a verificação dos aspectos de
funcionamento da inspeção preliminar, necessário se faz, no mínimo,
bascular o conjunto cano/caixa da culatra para se ter acesso à parte
traseira do percussor, sendo necessário para tal, a retirada do pino de
união traseiro.

O processo de desmontagem da arma em 1º escalão, ocorre conforme


se segue:

a) Providências preliminares:

– retirar o carregador: pressionar o retém do carregador,


retirando-o;

– verificar a ausência de cartucho na câmara;

– fechar a arma: através do acionamento do pino de manejo do


ferrolho ou do retém do ferrolho, liberá-lo, levando-o à frente;

– efetuar o movimento de recuo do ferrolho por duas ou


mais vezes, verificando se a câmara encontra-se vazia, deixando a arma
fechada e com a chave seletora na posição “S” de segurança;

b) Separar a caixa do mecanismo da caixa da culatra:

334
Manual de Armamento Convencional

– comprimir o pino de união posterior (Figura 118), mais


próximo do gatilho e puxá-lo para fora, repetir o mesmo ato com o pino
anterior;

FIGURA 118 – Retirada do pino de união.

– desconectar a caixa do mecanismo da caixa da culatra,


separando-a em duas partes, conforme Figura 119;

FIGURA 119 – Separação da caixa do mecanismo e da caixa da culatra.

Abandonar o conjunto caixa do mecanismo/coronha e passar a trabalhar


somente com o conjunto caixa da culatra/cano;

335
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

c) Retirada do guarda-mão: segurar a arma pelo guarda-mão


superior, apoiada sobre uma superfície rígida, com o cano voltado para
cima, dando um leve tapa no guarda-mão inferior, no sentido de cima
para baixo, e remover as duas partes, conforme Figura 120;

FIGURA 120 – Retirada do guarda-mão.

d) Retirada da haste guia e da mola recuperadora:

– apoiar o cano da arma em uma superfície rígida;

– segurar a arma com a mão fraca e com o dedo polegar da


mão forte, pressionar a haste guia da mola recuperadora para dentro da
caixa da culatra;

– a parte anterior da haste guia sairá pela abertura, na frente


da caixa da culatra e aparecerá mostrando o pino do retentor da guia,
ali localizado;

– remover o pino do retentor da guia e descomprimir a mola


recuperadora, controladamente, de forma que a mesma seja liberada
gradativamente, para que sejam reduzidos os riscos de arremesso da
guia por força da mola (Figura 121 e 122);

336
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 121 – Retirada da haste guia da mola.

FIGURA 122 – Retirada do pino do retentor da guia.

e) Retirada do amortecedor do ferrolho: segurando o


conjunto cano/caixa da culatra, introduza o dedo indicador dentro da
referida caixa e puxe o amortecedor que fica localizado em sua parte de
trás;

f ) Retirada do preparador e do ferrolho:

– pressionar o retém do preparador para baixo (Figura 123) e


retirar a alavanca de manejo com um movimento para cima e para a
direita (nordeste);

337
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 123 – Retirada do preparador.

– com uma das mãos, virar a abertura da caixa da culatra para


baixo, posicionando a outra mão logo abaixo, para evitar que o ferrolho
caia (Figura 124);

FIGURA 124 – Retirada do conjunto ferrolho.

g) a arma ficará conforme mostra a Figura 125, já as peças da


arma estão aparentes na Figura 126, com seus nomes no quadro 23.

338
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 125 – SMtr FAMAE após a desmontagem de 1º escalão.

FIGURA 126 – Vista lateral das principais peças da SMtr FAMAE.

339
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 23
RELAÇÃO DE PEÇAS DA SMTR FAMAE .40
ITEM DENOMINAÇÃO ITEM DENOMINAÇÃO
1 Cano 14 Disparador de saída
2 Massa de mira 15 Guarda-mato
3 Guarda mão 16 Empunhadura
4 Fixação anterior do suporte de mira 17 Fundo da empunhadura
5 Fixação posterior do suporte de mira 18 Coronha dobrável
6 Alça de mira 19 Seletor de tiro
7 Alavanca de manejo do ferrolho 20 Pinos de união
8 Ferrolho 21 Retém do ferrolho
9 Caixa do ferrolho 22 Fixações da bandoleira
10 Caixa do mecanismo 23 Guia e mola recuperadora
11 Alojamento do carregador 24 Pino de fixação da haste
12 Retém do carregador 25 Botão do mergulhador
13 Gatilho XX XXX

15.9 Montagem

Para a montagem, basta realizar o processo inverso da desmontagem,


conforme a seguir:

a) introduzir o ferrolho na caixa da culatra;

b) fixar a alavanca de manejo do ferrolho em seu alojamento


no ferrolho (a manobra deve ser feita no sentido de cima para baixo, na
direção sudoeste);

c) posicionar o amortecedor do ferrolho na parte final da caixa


da culatra;

d) introduzir a haste guia com a mola recuperadora no ferrolho


e pressionar até que o orifício da extremidade oposta ultrapasse o limite
da caixa da culatra, de forma que se possa realizar o encaixe do pino
retentor;

e) introduzir o pino do retentor da guia em seu orifício, na


extremidade aparente da haste guia e realizar o perfeito encaixe do pino
por giro da haste guia, em seu alojamento na caixa da culatra (a não

340
Manual de Armamento Convencional

observância deste detalhe poderá causar danos na arma);

f ) realizar a colocação e o perfeito encaixe dos guarda-mão


superior e inferior e verificar se não interferiu no orifício de passagem
do pino de união;

g) unir as caixas do mecanismo e a culatra, posicionando


primeiro o pino de união anterior e depois o pino posterior;

h) sem encaixar o carregador na arma, realizar movimentos


(ciclos) do ferrolho, para verificar a perfeita montagem da arma;

i) verificar o funcionamento da arma nas quatro posições da


chave seletora.

15.10 Emprego operacional

É uma arma apropriada para operações de confronto aproximado, de


grande poder de fogo, com bastante estabilidade e segurança para o
tiro, possuindo bom poder de intimidação.

Para o serviço policial é adequada às diversas operações policiais, desde


aquelas realizadas pelo policiamento ostensivo geral, até as de alta
complexidade, realizadas por tropas especializadas, dentre as quais se
destacam: Blitz, cerco, bloqueio e captura, repressão a roubos de toda
natureza, repressão a motins, guarda de aquartelamentos, incursões em
locais de homizio de infratores e outros de risco, contraguerrilha rural e
urbana, incursões táticas.

Sua munição possui boas possibilidades de incapacitação e a mesma


utilizada nas pistolas.

Os disparos, tanto em rajada completa, quanto limitada, são de quase


impossível controle em situação real de confronto. Por essa razão, não
se recomenda o tiro automático em qualquer situação. A velocidade
de tiro, quando selecionado o regime intermitente, já é suficiente para
atender as necessidades de defesa, sendo esse, o regime padrão para
utilização da arma.

15.11 Condução da arma

Ao ser conduzida pelo policial, por ser uma arma portátil, deve estar
sustentada por sua bandoleira de três pontos, do lado do corpo em

341
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

que o policial a empunha. A arma deve estar com a coronha aberta


para facilitar a empunhadura e a tomada de posição para o tiro, caso
necessário. Para tanto, a bandoleira deve ser apoiada no pescoço, e
por dentro do braço que empunha a arma, permanecendo a arma em
posição de guarda baixa.

Com a bandoleira de três pontos, sua condução fica facilmente adaptada,


tanto para o uso da submetralhadora, quanto da arma de porte, após
realizar a transição, devendo o policial estar treinado para realizar esta
operação.

A CONDUTA OPERACIONAL recomendada para a CT.40,


no que tange à condução da arma é a seguinte:

- Por policial desembarcado: arma alimentada,


carregada e travada (seletor de tiro em “S”), o que
proporciona sua rápida utilização, sendo necessário
apenas destravar.

No interior de viaturas, deve ser acondicionada, em local seguro,


destinado ao seu acondicionamento, ou que seja de sua fácil adaptação
(exceto porta malas). Pode ainda ser conduzida em bandoleira pelo
Cmt ou Patrulheiro da GuPM. Nas viaturas de grande porte, que já vêm
com um anteparo apropriado, poderá ser posicionada com a coronha
estendida e afixada com tiras de velcro. Seu carregador permanecerá
municiado na sua capacidade total. Diferentemente da MT 12, esta
submetralhadora trabalha com a culatra fechada.

A CONDUTA OPERACIONAL recomendada para a CT.40,


no que tange à condução da arma é a seguinte:

- Em viatura: arma alimentada, carregada e travada


(seletor de tiro em “S”), o que proporciona sua rápida
utilização, sendo necessário apenas destravar.

342
Manual de Armamento Convencional

15.12 Defeitos e incidentes de tiro

O quadro 24 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis


com a submetralhadora Taurus FAMAE .40, suas causas e medidas
corretivas. A maioria depende de recolhimento da arma.

QUADRO 24
INCIDENTES E DEFEITOS COM A SUBMETRALHADORA .40 TAURUS
FAMAE CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(continua)

INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Carregador sujo;
2) Carregador com mossas ou 1) Limpar o carregador;
deformado; 2) Recuperar ou trocar o
3) Retém do carregador gasto corpo do carregador;
Falha na
ou quebrado (o carregador não 3) Substituir o retém do
alimentação
se prende ao seu alojamento no carregador;
punho); 4) Substituir a mola do
4) Mola do retém do carregador retém do carregador.
fraca ou defeituosa.

1) Mola do carregador fraca ou 1) Substituir a mola do


defeituosa; carregador;
2) Transportador defeituoso, 2) Substituir o
Falha na
desgastado, amassado ou transportador;
apresentação
quebrado; 3) Recuperar ou
3) Abas do carregador baixas ou substituir o corpo do
deformadas. carregador.

1) Limpar e lubrificar a
1) Arma suja e sem lubrificação;
arma;
2) Câmara suja ou com
2) Limpar, lubrificar e
obstrução;
secar a câmara; retirar a
3) Munição suja ou defeituosa;
Falha no obstrução
4) Abas do carregador
carregamento 3) Substituir a munição;
deformadas;
4) Substituir o corpo do
5) Mola recuperadora fraca,
carregador;
defeituosa ou inadequada.
5) Substituir a mola
recuperadora.

1) Ejetor gasto ou quebrado; 1) Substituir o ejetor;


Falha na ejeção 2) Arma com problema de 2) Vide correções em
extração. “Falha na extração” abaixo.

343
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 24
INCIDENTES E DEFEITOS COM A SUBMETRALHADORA .40 TAURUS
FAMAE CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
(conclusão)
1) Munição não está na câmara
(pane seca);
2) Percussor quebrado ou com 1) Inserir totalmente o
a ponta gasta (não há marca de carregador e manobrar
Nega e falha de percussão na espoleta ou esta é o ferrolho;
percussão muito fraca); 2) Substituir o percussor;
3) Munição defeituosa (há 3) Substituir a munição;
marca de percussão eficiente na 4) Substituir o cão.
espoleta);
4) Cão quebrado.
1) Extrator gasto ou quebrado;
2) Ausência da mola do extrator
1) Substituir o extrator;
ou, estando presente, é fraca ou
2) Colocar ou substituir a
defeituosa.
mola do extrator;
3) Munição em uma ou mais das
Falha na 3) Substituir a munição;
seguintes condições:
extração 4) Limpar a câmara e/ou
a) velha ou suja; b) com culote
remover as mossas;
defeituoso; c) com propelente ou
5) Limpar os
iniciador contaminados;
carregadores.
4) Câmara suja ou com mossas;
5) Carregadores sujos.
1) Dente de disparo quebrado, 1) Substituir o dente
sem mola, ou com mola fraca; de disparo e corrigir a
2) Mola do cão fraca ou situação da mola.
Falha no
quebrada; 2) Substituir a mola do cão;
engatilhamento
3) Lingueta do dente de disparo 3) Corrigir a deformação
na armação quebrada ou da lingueta ou substituir
deformada. a armação.
Tiro automático
1) Peças do mecanismo de
com seletor de 1) Identificar e substituir
disparo desarticuladas em seu
tiro em regime peças defeituosas.
eixo ou empenadas.
intermitente
Tiro
intermitente
1) Peças do mecanismo de
com registro 1) Identificar e substituir
disparo desarticuladas em seu
de segurança peças defeituosas.
eixo ou empenadas.
em regime
automático
Rajadas de mais
de dois tiros 1) Peças do mecanismo de
1) Identificar e substituir
com seletor de disparo desarticuladas em seu
peças defeituosas.
tiro em “bursts eixo ou empenadas.
de dois tiros”

344
CAPÍTULO 16

CARABINA TAURUS /
FAMAE CT .40
Manual de Armamento Convencional

16 CARABINA TAURUS /FAMAE CT .40

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo


SEMPRE fora do gatilho, até que o disparo seja
necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua


arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

A CT 40 FAMAE Taurus é arma portátil de cano reduzido e que ainda


utiliza munição de pistola, produzida, desde 1996, pela FAMAE, empresa
estatal de armamento do Chile. Além das forças armadas e de segurança
do Chile, a arma está ao serviço de diversos outros países (Figura 127).

Semelhante à SAF, funciona por recuo, operando com a culatra fechada.


Inspirado no fuzil suíço SIG 540, fabricado sob licença pela FAMAE, na
década de 1980. O projeto consiste na versão curta do SIG 540 com a
culatra substituída e funciona por recuo dos gases, operando com a
culatra fechada.

A carabina Taurus-Famae é uma arma leve, de fácil manejo e de cômoda


utilização. O seletor de tiro e segurança é ambidestro. O percussor
flutuante facilita a realização do tiro de precisão. Após o último tiro,
permanece atrás pela ação de seu retém, permitindo que o policial
perceba quando as munições acabaram. Dessa forma, ele pode realizar,
de forma imediata, a troca dos carregadores e, com o acionamento
do retém do ferrolho, realiza o carregamento da arma, deixando-a em
condições de prosseguir com o tiro. O guarda-mato é rebatível, o que
permite efetuar disparos com luvas.

FIGURA 127 – Carabina Taurus-Famae CT 40.

347
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Por ser da mesma família de armas e ter mecanismo praticamente


igual, possui funcionamento, mecanismos de segurança, processos
de inspeção preliminar, manejo básico e operacional, desmontagem e
montagem, idênticos aos da Smtr FAMAE.

16.1 Características

Para melhor visualização e entendimento, as características da carabina


Taurus FAMAE, CT .40, estão descritas no quadro abaixo.

QUADRO 25
CARACTERÍSTICAS DA CARABINA TAURUS FAMAE CT .40 (continua)
ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: carabina FAMAE – Taurus calibre .40 Modelo
CT .40 S&W.
1. Designação
1.2 Indicativo militar: carabina Taurus-Famae calibre .40 Mod
CT40.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à “alma” do cano: raiada, 6 raias, à direita com passo
de 0,25 m (10”).
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
2. Classificação central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo cofre, com
capacidade para 10, 15 ou 30 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação direta dos
gases sobre o ferrolho.
3.1 AIça de mira: tipo visor, graduado para 50, 100 e 150 metros,
com proteção lateral, regulável em altura e direção.
3. Aparelho de
3.2 Massa de mira: tipo barrote com proteção total, regulável
pontaria
em altura.
3.3 Comprimento da linha de mira: 438 mm.

348
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 25
CARACTERÍSTICAS DA CARABINA TAURUS FAMAE CT .40 (conclusão)
4.1 Calibre: .40 S&W.
4.2 Peso: 3,390 kg.
4.3 Comprimento da arma: coronha aberta 890 mm e
coronha rebatida 410 mm.
4.4 Comprimento do cano: 410 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 600 tiros por minuto.
4.6 Velocidade prática do tiro: 360 tiros por minuto.
4.7 Alcance máximo: aproximadamente 1.400 metros.
4.8 Alcance útil: 500 metros.
4.9 Alcance com precisão: 100 metros.
4. Dados
4.10 Alcance prático: 50 m.
numéricos:
4.11 Velocidade inicial do projétil: 350 m/s (munição real).
4.12 Seletor de tiro ambidestro em quatro estágios, “S”
segurança, 1 intermitente.
4.13 Acabamento exterior pintado e interno fosfatada.
4.14 Força do disparo: 3,8 kg/f.
4.15 Peso do gatilho: 5kg ± 0,5 kg.
4.16 Coronha: dobrável ou regulável.
4.17 Carregador: bifilar.
4.18 Bandoleira com dois ou três pontos: 100% polipropileno.

16.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre .40: recarregada pelo CMB, com projétil de ponta


plana, totalmente jaquetado, com massa de 160 a 180 grains;

– calibre .40: munição Treina, produzida pela CBC, com projétil


totalmente jaquetado de ponta plana, com massa de 160 grains e carga
normal de propelente.

c) munição real (para emprego operacional):

– calibre .40: projétil expansivo, jaquetado de ponta oca, com


massas de 130 ou 155 grains;

349
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– calibre .40: totalmente jaquetado de ponta plana, com massa


de 180 grains.

16.3 Funcionamento

Por se tratar de armas da mesma família, tendo um mesmo mecanismo


de funcionamento, o funcionamento da carabina FAMAE .40 é idêntico
ao da SMtr FAMAE .40.

16.4 Mecanismos de segurança

A carabina FAMAE possui um registro de segurança ambidestro, com seletor


de tiro variável para duas posições, sendo “S” segurança, na cor branca, e “1”
intermitente, na cor vermelha. Quando posicionada, a chave seletora em “S”,
a arma está com seu gatilho travado. Assim há a possibilidade de executar
todas as ações de manejo necessárias com a arma, exceto o disparo.

16.5 Inspeção preliminar

Para a realização da inspeção preliminar deve ser observada a mesma


rotina utilizada para a inspeção na SMtr FAMAE .40.

16.6 Manejo básico

É o conhecimento básico necessário para executar ações básicas da


arma. Os procedimentos são os seguintes:

a) posicionar a chave seletora em “S” de segurança (travar o gatilho);

b) Municiar o carregador: os carregadores da carabina


FAMAE são idênticos àqueles da SMtr FAMAE. Sendo assim, as ações
são idênticas às utilizadas para as armas citadas. Os carregadores são
intercambiáveis, podendo ainda, serem usados na SMTr FAMAE .40. Para
municiar, as ações são as seguintes:

– segurar o carregador com uma das mãos, colocando os


cartuchos um a um, por cima da boca. O projétil deve estar direcionado
para a parte da frente do carregador;

– empurrar os cartuchos de cima para baixo, até que eles sejam


posicionados abaixo das abas, exercendo pressão, até o limite de sua
capacidade, ou seja, no máximo 30 cartuchos;

350
Manual de Armamento Convencional

c) Alimentar: introduzir o carregador municiado em seu


alojamento, até que o retém o prenda, produzindo um estalido
característico do retém do carregador;

d) Carregar:

– com a arma apontada para um local seguro, puxar fortemente


o preparador75, levando o ferrolho à retaguarda, até seu curso final,
quando deverá soltá-lo bruscamente;

– no seu curso à retaguarda, o ferrolho empurra o cão,


executando seu engatilhamento;

– no momento do retorno à frente, o ferrolho empurrará


o 1º cartucho do carregador e o introduzirá na câmara, realizando o
carregamento, ficando a arma carregada e engatilhada;

e) Mecanismo de segurança:

– a tecla ambidestra deve ser direcionada para a posição “S”,


para travamento do gatilho;

– para destravamento, girar a tecla ambidestra para a posição


“1”, empurrando-a de cima para baixo e para a frente (regime semi-
automático);

f) Disparar: estando à arma corretamente empunhada,


carregada, engatilhada, com regime de tiro selecionado, acionar o gatilho;

g) Retirar o carregador: inclinar a arma para a direita e, com


o polegar da mão esquerda, apertar o retém do carregador, localizado
atrás do alojamento do carregador, retirando-o;

h) Coronha:

– para abrir a coronha, segurar a arma com a mão esquerda e,


com a mão direita, realizar a extensão da coronha76;

– para rebater (fechar), segurar a arma com a mão esquerda,


segurar a coronha com a mão direita e, com o polegar da mesma mão,
75 Correspondente à alavanca de manejo.
76 Segundo o manual do fabricante esta operação JAMAIS deverá ser realizada com o ferrolho
armado.

351
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

pressionar o botão do mergulhador ,realizando o rebatimento;

i) Aparelho de pontaria:

– a alça de mira é dotada de três posições, sendo 5 para até


50 metros, 10 para 51 a 100 metros e 15 para 101 a 150 metros. Pode
ainda ser regulável em lateralidade através do parafuso da alça de mira
localizado do lado direito da arma. Assim, se o tiro estiver desviando
para o lado direito, deve-se girar o parafuso para o lado esquerdo e vice-
versa;

– a massa de mira é regulável em altura pelo parafuso da massa


de mira, localizado logo abaixo dela. Assim, se o tiro estiver alto, deve-se
girar o parafuso para a direita e, caso esteja baixo, o giro deve ser para a
esquerda.

16.7 Manejo operacional

O manejo operacional é a adequação das ações básicas de


manejo para seu emprego no cotidiano policial. Este cotidiano é,
normalmente, refletido em quatro situações que vão exigir do policial a
realização de uma sequência de ações de manejo em sua arma de fogo,
específica para cada momento. Essas situações são:

– policial recebendo sua arma e preparando-a para o trabalho;

– policial em seu turno de serviço que precisa utilizar sua arma;

– efetuando disparo ou não, o policial precisa retornar a arma


para o coldre ou para a viatura;

– ao término do turno deverá devolver sua arma na reserva de


armamento.

Assim, o manejo operacional estabelecerá uma sequência


técnica e padronizada de ações que visam, principalmente, a segurança
do policial e de terceiros. As etapas e as respectivas ações são as
seguintes:

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com a coronha voltada


para o receptor (esse procedimento possibilita àquele que recebe, de

352
Manual de Armamento Convencional

pronto, visualizar a câmara da arma, o que é mais um fator de segurança


para os envolvidos);

– dirigir-se até a caixa de areia e realizar a inspeção preliminar no


carregador e na arma, observando os aspectos gerais de funcionamento
e de segurança;

– após a inspeção preliminar, fechar a arma;

– posicionar a chave seletora em “S” de segurança (travar o


gatilho);

– municiar o carregador;

– alimentar e carregar a arma.

Em viatura, será conduzida fechada, carregada e travada

b) durante o serviço é necessário deixar a arma em


condições de uso imediato, procedendo da seguinte forma77:

– a arma já estará carregada;

– destravar;

– apontar;

– disparar.

c) após disparo, ou mesmo se a arma não tiver sido


utilizada, retorná-la à condição de patrulhamento, procedendo da
seguinte forma:

– caso não tenha efetuado disparo:

travar, colocando o seletor em “S”;


– caso tenha efetuado disparo:

77 As ações “destravar”, “apontar” e “disparar” somente serão realizadas em caso de real necessidade.

353
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

travar, colocando o seletor em “S”;


retirar e completar o carregador que está na arma;


completar os demais carregadores;


recolocar o carregador.

d) ao término do turno, para devolver a arma na reserva de


armamento o policial deve:

– dirigir-se até a caixa de areia;

– retirar o carregador;

– descarregar a arma;

– desmuniciar o carregador;

– entregar a arma aberta e com a coronha voltada para o


funcionário da reserva de armamento.

16.8 Desmontagem

Por terem mecanismos idênticos, a desmontagem de 1º escalão segue


o mesmo padrão da MT .40. Da mesma forma, para a verificação da
integridade do percussor (item a ser conferido na inspeção preliminar)
há necessidade de se retirar o pino de desmontagem mais próximo da
coronha para se ter acesso direto à cauda do percussor e visual a seu
orifício de saída. Assim a sequência de ações para desmontagem é:

a) retirar o carregador: pressionar o retém do carregador, retirando-o;

b) separar a caixa do mecanismo da caixa da culatra:

– efetuar o movimento de recuo do ferrolho por duas ou


mais vezes, verificando se a câmara encontra-se vazia, deixando a arma
fechada e com a chave ambidestra na posição “S” de segurança;

– efetuar a dobragem do protetor de borracha localizado na


parte de trás da caixa da culatra;

– deste ponto em diante, segue-se todas as ações previstas


para a SMtr FAMAE .40;

354
Manual de Armamento Convencional

– ao término da desmontagem de 1º escalão, a arma estará


conforme a Figura 128, só faltando o carregador.

FIGURA 128 – Carabina Taurus-Famae desmontada em 1º escalão.

16.9 Montagem

Realizar o processo inverso, de acordo com o realizado para a SMtr


FAMAE .40.

16.10 Emprego operacional

A CT 40 FAMAE Taurus é uma arma apropriada para as ações e as


operações policiais que exijam um tiro mais preciso a uma distância
considerável e onde o uso de armas de porte seja pouco apropriado.
Apesar de somente efetuar disparos em regime intermitente, possui
razoável poder de fogo, pois opera com os mesmos carregadores
intercambiáveis da MT .40, para até 30 munições. Por sua robustez e
tamanho do cano, proporciona bastante estabilidade e segurança para
o tiro, bem como não oferece recuo significativo, facilitando o disparo
com precisão. Oferecem bons resultados a distâncias de até 50 metros.

Para o serviço policial é adequada às diversas ações e operações, tais


como: blitz, cerco, bloqueio e interceptação, captura, roubos a bancos e
estabelecimentos comerciais, motins, incursões em locais de risco e de
homizio de infratores.

355
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

O tiro com precisão deve restringir-se a situações extraordinárias. Para


tal a arma deve estar apoiada no ombro e o policial com o máximo de
estabilidade possível. Portanto, o policial deve estar treinado para o
emprego com a carabina CT .40.

16.11 Condução da arma

a) Pelo policial desembarcado:

Por ser uma arma portátil, deve estar sustentada por sua
bandoleira de três pontos, do lado do corpo em que o policial a empunha.
A arma deve estar com a coronha aberta para facilitar a empunhadura e
tomada de posição para o tiro, caso necessário. Para tanto, a bandoleira
deve ser apoiada no pescoço, e por dentro do braço que empunha a
arma, permanecendo a arma em posição de guarda baixa.

Com a bandoleira de três pontos, sua condução fica facilmente


adaptada tanto para uso da submetralhadora quanto da arma de porte,
após realizar a transição, devendo o policial estar treinado para realizar
esta operação.

No interior das UEOp nos pátios das unidades, durante as


instruções teóricas e práticas de tiro, a arma deverá ser conduzida
aberta, sem o carregador.

A CONDUTA OPERACIONAL recomendada para a CT.40,


no que tange à condução da arma é a seguinte:
- Por policial desembarcado: arma alimentada,
carregada e travada (seletor de tiro em “S”), o que
proporciona sua rápida utilização, sendo necessário
apenas destravar.

A carabina Taurus/Famae não é uma arma de pronto emprego,


ou seja, é empregada como arma de apoio nas ações e operações
policiais, sendo as pistolas e revólveres as armas destinadas ao primeiro
emprego para o policial.

b) Em viaturas:

Deve ser acondicionada no interior da viatura em um local

356
Manual de Armamento Convencional

seguro específico para isso, ou que seja de fácil adaptação. Nas


viaturas de grande porte que já vêm com apoio apropriado, deverá ser
posicionada com a coronha estendida e afixada com tiras de velcro. Seu
carregador estará municiado com carga máxima.

Caso não haja local que possa ser adaptado para o


acondicionamento da arma, ela pode ser conduzida, considerando o
policial assentado, entre as pernas, segura pelas duas mãos com o cano
voltado para cima, ou ainda, em bandoleira com a arma à frente do
corpo e seu cano voltado para baixo e entre as pernas.

A CONDUTA OPERACIONAL recomendada para a CT.40,


no que tange à condução da arma é a seguinte:

- Em viaturas: arma alimentada, carregada e travada


(seletor de tiro em “S”), o que proporciona sua rápida
utilização, sendo necessário apenas destravar.

16.12 Incidentes de tiro e defeitos

O quadro 26 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis


com as carabinas Taurus FAMAE .40, suas causas e medidas corretivas. A
maioria depende de recolhimento da arma.

QUADRO 26
INCIDENTES E DEFEITOS COM A CARABINA .40 TAURUS FAMAE
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (continua)

INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Carregador sujo;
2) Carregador com mossas ou 1) Limpar o carregador;
deformado; 2) Recuperar ou trocar o
3) Retém do carregador gasto corpo do carregador;
Falha na
ou quebrado (o carregador não 3) Substituir o retém do
alimentação
se prende ao seu alojamento no carregador;
punho); 4) Substituir a mola do
4) Mola do retém do carregador retém do carregador.
fraca ou defeituosa.

357
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 26
INCIDENTES E DEFEITOS COM A CARABINA .40 TAURUS FAMAE
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (conclusão)

1) Mola do carregador fraca ou 1) Substituir a mola do


defeituosa; carregador;
2) Transportador defeituoso, 2) Substituir o
Falha na
desgastado, amassado ou transportador;
apresentação
quebrado; 3) Recuperar ou
3) Abas do carregador baixas ou substituir o corpo do
deformadas. carregador.
1) Arma suja e sem lubrificação; 1) Limpar e lubrificar a arma;
2) Câmara suja ou com 2) Limpar, lubrificar e
obstrução; secar a câmara; retirar a
3) Munição suja ou defeituosa; obstrução
4) Abas do carregador 3) Substituir a munição;
Falha no
deformadas; 4) Substituir o corpo do
carregamento
5) Mola recuperadora fraca, carregador;
defeituosa ou inadequada. 5) Substituir a mola
recuperadora.
1) Ejetor gasto ou quebrado; 1) Substituir o ejetor;
Falha na ejeção 2) Arma com problema de 2) Vide correções em
extração. “Falha na extração” abaixo.
1) Munição não está na câmara
(pane seca); 1) Inserir totalmente o
2) Percussor quebrado ou com carregador e manobrar
a ponta gasta (não há marca de o ferrolho;
Nega e falha de
percussão na espoleta ou esta é 2) Substituir o
percussão
muito fraca); percussor;
3) Munição defeituosa (há marca de 3) Substituir a munição;
percussão eficiente na espoleta); 4) Substituir o cão.
4) Cão quebrado.
1) Extrator gasto ou quebrado;
2) Ausência da mola do extrator ou, 1) Substituir o extrator;
se presente, é fraca ou defeituosa. 2) Colocar ou substituir
3) Munição em uma ou mais das a mola do extrator;
Falha na seguintes condições: 3) Substituir a munição;
extração a) velha ou suja; b) com culote 4) Limpar a câmara e/ou
defeituoso; c) com propelente ou remover as mossas;
iniciador contaminados; 5) Limpar os
4) Câmara suja ou com mossas; carregadores.
5) Carregadores sujos.
1) Dente de disparo quebrado, 1) Substituir o dente
sem mola, ou com mola fraca; de disparo e corrigir a
2) Mola do cão fraca ou situação da mola.
Falha no
quebrada; 2) Substituir a mola do cão;
engatilhamento
3) Lingueta do dente de disparo 3) Corrigir a deformação
na armação quebrada ou da lingueta ou substituir
deformada. a armação.

358
CAPÍTULO 17

CARABINA PUMA
CALIBRE .38
Manual de Armamento Convencional

17 CARABINA PUMA CALIBRE .38

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE


fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

As armas de alavanca surgiram em meados do século XIX, nos Estados


Unidos. Essas primeiras armas usavam a carga detonante no próprio
projétil, por não possuir estojo, tornando o trancamento impreciso e
prejudicial, diminuindo a velocidade do projétil.

Por volta de 1860, foi desenvolvido um cartucho de estojo metálico


e fogo circular no calibre .44, para ser utilizado em fuzil de alavanca
que possuía capacidade para 16 cartuchos e 02 percussores que eram
acionados ao mesmo tempo.

Em 1866, surgiu a primeira carabina Winchester que utilizava também


munição calibre .44 de “fogo central”. Foi mais bem aceito que o modelo
anterior pois seu mecanismo fora aperfeiçoado e sua alimentação, que
antes era efetuada pela parte inferior, foi modificada para uma pequena
janela na lateral direita da caixa da culatra. Tornou-se largamente
conhecida pela denominação de ‘’papo amarelo”, por ter a caixa da
culatra feita de uma única peça de latão fundido. Essa carabina foi
largamente usada pelas tropas confederadas na Guerra da Secessão
Norte Americana.

No ano de 1892, a “papo amarelo” foi aperfeiçoada surgindo então a


Winchester 92, que se tornou a carabina de sela norte-americana.

No Brasil, o rifle de alavanca surgiu em 1985, por iniciativa da firma


Amadeo Rossi S/A, inspirado no modelo 92, recebendo denominação
de Carabina PUMA e foi prontamente aceito, por usar o já difundido e
conhecido calibre .38.

361
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Na PMMG, a carabina calibre .38 foi adquirida no ano de 1985 em


quantidade suficiente, para suprir todas as Unidades. Hoje a carabina
Puma vem sendo substituída pela carabina Taurus/Famae calibre .40.

FIGURA 129– Carabina Winchester de alavanca

17.1 Características

As características da carabina Puma estão descritas no quadro 27 abaixo:

QUADRO 27
CARACTERÍSTICAS DA CARABINA PUMA CALIBRE .38 (continua)
ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: carabina Rossi calibre .38, modelo 77.
1. Designação
1.2 Indicativo militar: Ca .38 M-77.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à “alma” do cano: raiada, 06 (seis) raias, à esquerda.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2. Classificação
2.7 Quanto à alimentação: manual, após a introdução do último
cartucho no tubo carregador, com capacidade para 10 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de trás para frente pela
janela na lateral da armação.
2.9 Quanto ao funcionamento: de repetição.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação muscular do
operador.
3.1 AIça de mira: tipo entalhe, com corte trapezoidal, regulável
3. Aparelho de em altura.
pontaria
3.2 Massa de mira: tipo ponto de barrote, seção trapezoidal.

362
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 27
CARACTERÍSTICAS DA CARABINA PUMA CALIBRE .38
(conclusão)
4.1 Calibre: .38.
4.2 Peso: 2,750 kg.
4.3 Comprimento da arma: 37” (1949 mm).
4.4 Comprimento do cano: 20” (1508 mm).
4.5 Velocidade teórica de tiro: 20 tiros por minuto.
4.6 Velocidade prática do tiro: dependendo da habilidade do
4. Dados operador.
numéricos:
4.7 Alcance máximo: aproximadamente 1.600 metros.
4.8 Alcance útil: 900 metros.
4.9 Alcance com precisão: 100 metros.
4.10 Alcance prático: 50 m.

4.11 Velocidade inicial do projétil: 345m/s (munição real).

17.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:


recarregada pelo Centro de Material Bélico (CMB) da PMMG, com
projéteis semi-jaquetados ou totalmente jaquetados, com ponta oca ou
com ponta plana.

c) munição real: projéteis expansivos, jaquetado com ponta


oca, semi-jaquetado com ponta oca ou semi-jaquetado com ponta
plana, tipo SPL, SPL +P ou SPL +P+, para emprego operacional.

17.3 Funcionamento

a) Ao movimentar a alavanca de comando para frente, a


culatra-móvel é destrancada e recua, armando o cão;

b) simultaneamente o tubo carregador libera a primeira


munição que se apresenta dentro da caixa da culatra posicionando-se
acima do transportador, ficando pronta para ser introduzida na câmara;

363
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

c) o transportador sobe elevando o cartucho à antecâmara;

d) ao movimentar novamente a alavanca de comando, no ato


de fechar a arma, a culatra-móvel empurra o cartucho na direção da
câmara;

e) ao terminar o ato de fechar a arma, esta é trancada pelos


ferrolhos esquerdos e direito;

f ) com o fechamento e trancamento da arma, esta se encontra


engatilhada, carregada e pronta para o tiro;

g) acionando o gatilho levemente, o cão irá de encontro ao


percussor, que detonará a espoleta, provocando a queima da carga ativa
do cartucho, que, por sua vez, impulsionará o projétil, através do cano;

CUIDADO

A carabina Puma tem um gatilho de acionamento


extremamente leve e sem um arrasto, o que dá permite
extrema facilidade para seu o acionamento. Isto é positivo
quando se trata de obter maior, mas é perigoso para
facilitar disparos acidentais.

h) ao movimentar novamente a alavanca de comando para


frente, o estojo vazio é extraído da câmara, pelo extrator, e ejetado da
arma, assim que se encontra com o ejetor, para cima e à direita, sendo o
cão engatilhado novamente;

i) ao mesmo tempo em que o estojo vazio é ejetado, um


outro cartucho é apresentado no transportador iniciando todo ciclo,
novamente.

17.4 Mecanismos de segurança

A carabina de repetição calibre .38, possui um sistema de segurança


localizado no cão que é o dente de bloqueio. O mecanismo atua contra
disparos acidentais ocasionados por quedas, choques ou batidas sobre o
cão, que somente atingirá o percussor se o gatilho estiver pressionado. Caso
o cão engatilhado realize seu movimento de ir à frente sem que o gatilho

364
Manual de Armamento Convencional

esteja pressionado ele, antes de encontrar o percussor, tem seu caminho


interrompido pelo dente de bloqueio do cão. O mesmo mecanismo pode
ser utilizado para o descanso do cão sem que ele toque no percussor.

17.5 Inspeção preliminar

a) Aspectos gerais:

– certificar-se da inexistência de munição no seu interior;


estando a arma aberta, deverá verificar a câmara, o transportador e
ainda introduzir o dedo mínimo no tubo carregador;

– inspecionar a carabina quanto à aparência geral, falta de


parafusos, pinos de armação e rachaduras;

– verificar se a janela lateral se encontra fechada, completamente;


caso contrário, não será possível movimentar a alavanca de comando;

– verificar se o graduador da alça de mira se encontra em sua


posição, devidamente preso;

– examinar a massa de mira quanto à sua firmeza, junto à


braçadeira anterior do carregador, e quanto à existência de rebarbas;
tais aspectos contribuem para um alinhamento visual incorreto;

– verificar no interior do cano a existência de sinais de ferrugem,


corpos estranhos, e se o raiamento se encontra obstruído;

b) Aspectos de funcionamento:

– verificar se os ferrolhos esquerdos e direito executam com


perfeição o fechamento e o trancamento da arma;

– examinar o conjunto alavanca de comando, culatra-móvel e


cão, para certificar-se do funcionamento adequado de seus mecanismos;

– acionar e manter pressionada o gatilho lentamente e,


ao mesmo tempo, com o polegar e indicador da mão contrária a
que empunha a arma, conduzir o cão até sua posição de descanso,
verificando se o gatilho libera, normalmente, a ação do cão;

– verificar a integridade do percussor (com a arma aberta


pressionar o percussor e verificar se ele aflora em seu orifício de saída);

365
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

c) Aspectos de segurança:

Acionar o gatilho somente o suficiente para liberar o cão,


retirando o dedo imediatamente; ao mesmo tempo, com o polegar e
indicador da mão contrária a que empunha a arma, conduzir o cão à
frente; nesta condição ele deverá ter seu curso interrompido, pelo dente
de bloqueio do cão, antes de tocar o percussor.

17.6 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para que possa


manusear a carabina Puma, conforme a seguir:

a) Municiar e alimentar:

– com a arma já inspecionada e com o cão na posição de


descanso, introduzir os cartuchos, um a um, no tubo carregador, através
da janela lateral, conforme Figura 130;

– a operação de municiar a arma é simultânea com a


alimentação, uma vez que o tubo carregador da arma é acoplado a esta;

FIGURA 130 – Introdução de munição no tubo carregador pela janela lateral.


Ação de municiar e alimentar a carabina Puma.

366
Manual de Armamento Convencional

b) Engatilhar e carregar:

– movimentar a alavanca de comando para frente, provocando


a apresentação do cartucho no transportador;

– movimentá-la novamente para trás, possibilitando que


a culatra-móvel empurre o cartucho para a câmara e se complete o
trancamento da arma pelo ferrolho;

– primeiro engatilha-se e depois carrega-se. Estas são as


operações que o usuário da arma executa com os dois movimentos
realizados da alavanca de comando;

– o manejo da alavanca de comando deve ser feito com o dedo


polegar da mão forte, conforme detalhado na Figura 131, mantendo-se
os outros quatro dedos fora da alavanca.

FIGURA 131 – Acionamento da alavanca de comando para a realização


do engatilhamento e carregamento da arma.

367
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Tal procedimento deve ser adotado para se evitar


que um dos dedos, no momento do fechamento da
alavanca, toque no gatilho, causando disparo acidental

c) Disparar:

– essa ação ocorre depois de empregados os quatro princípios


do tiro, quais sejam, tomada de uma boa postura, realização de uma
empunhadura confortável e segura, boa visada, traduzida pelo perfeito
alinhamento da alça e massa de mira, e controle da respiração. Assim,
o 5º princípio entra em ação com o leve e controlado acionamento do
gatilho;

d) Extração e ejeção:

– movimentar a alavanca de comando para frente,


proporcionando a extração e a ejeção do estojo. Caso o policial tenha
carregado à arma e não mais seja necessário o disparo, deverá efetuar
a extração e a ejeção com o devido cuidado, para que o cartucho não
caia, o que, se ocorrer, pode causar dano na munição. Para tal situação
deverá, no momento da abertura da culatra móvel, girar a arma para o
lado, posicionando a mão fraca abaixo da abertura, para recepcionar a
munição ejetada, conforme Figura 132;

FIGURA 132 – Ejeção de munição intacta.


368
Manual de Armamento Convencional

– estando à arma engatilhada e carregada, o policial deverá,


além de proceder conforme estabelecido neste item preocupar-se com
o fato de que a arma está com munição real e que haverá a extração,
a ejeção, o engatilhamento e a apresentação da 1ª munição do tubo
carregador;

– em momento algum o gatilho poderá ser pressionada.

e) desmuniciamento: estando a arma apenas alimentada com


os cartuchos no tubo carregador, o desmuniciamento é feito da seguinte
forma:

– leva-se a alavanca de comando à frente, proporcionando a


apresentação de um cartucho no transportador;

– em seguida, sem efetuar o carregamento, dá-se um ligeiro


toque no cartucho, de forma a permitir a liberação das guias que o
prendem, conforme Figura133;

– pode-se, ainda, em vez de dar o toque no cartucho,


movimentar a alavanca de comando ligeiramente à frente, o que
proporcionará a liberação das guias;

FIGURA 133 – Toque para liberação da munição.

– na sequência, vira-se a culatra para baixo, amparando se com


a mão para receber a munição, conforme Figura 134;

369
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 134 – Amparando a ejeção de 1 cartucho.

– para realizar a retirada das munições do tubo carregador,


basta pressionar a mesa transportadora para baixo e visualizar o retém
dos cartuchos, facilmente visto na Figura 136 (dentro da caixa da culatra,
posicionada à esquerda e logo acima da saída do tubo carregador), e
pressioná-lo quantas vezes forem necessárias para que libere, um a um,
os cartuchos;

– em momento algum o gatilho poderá ser pressionada;

Cuidados básicos para a segurança:


O acionamento da alavanca de comando deverá ser
efetuado sempre com o dedo polegar e os demais dedos
fora do anel da alavanca. Como segunda opção, os dedos
indicador, médio e anelar são introduzidos na alavanca e
os dedos, mínimo e polegar, ficam de fora.
Durante a empunhadura da arma, o dedo indicador da
mão forte deverá ficar SEMPRE estendido ao lado da
caixa da culatra e NUNCA descansado sobre o gatilho ou
próxima a ele.

370
Manual de Armamento Convencional

f ) Desengatilhamento: o desengatilhamento da carabina


Puma é um momento em que há risco de disparo acidental. Para que
possamos eliminar esse risco, o desengatilhamento deve ser realizado
observando as ações descritas abaixo:

– apontar a arma para um local seguro e desenvolver o


desengatilhamento em quatro tempos78:

1 - posicionar o dedo polegar da mão contrária à que está



empunhando a arma, entre o cão e a caixa da culatra (para
impedir o avanço do cão), sendo que o restante da mão
fraca (esquerda para destros e direita para canhotos) deverá
abraçar a arma;

2 - acionar o gatilho, com o dedo indicador, apenas o



suficiente para liberar o cão. O cão será liberado e baterá
em seu dedo polegar;

3 - quando sentir o cão pressionando seu dedo polegar,



retire o dedo indicador do gatilho, bem como retire a
mão forte da arma;

4 - com o dedo polegar e o dedo indicador da mão forte,



faça uma “pinça” e segure o cão. Retire o dedo que impede o
avanço do cão e o conduza à frente através da “pinça”. O cão
irá parar pela ação de seu dente de bloqueio e não acionará
o percussor.

17.7 Manejo operacional

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com a coronha voltada


para o receptor (esse procedimento possibilita que o recebedor, de
pronto, visualize a(s) câmara(s) da arma, tornando-se mais um fator de
segurança para os envolvidos);

– o policial deverá se dirigir até a caixa de areia (local seguro);

78 Forma mais segura de se proceder ao desengatilhamento da arma. Nesse procedimento o dedo


indicador somente fica em contato com a arma o suficiente para pressionar o gatilho e liberar o cão,
evitando-se acidentes.

371
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– realizar a inspeção preliminar, observando os aspectos gerais


de funcionamento e de segurança;

– fechar a arma trazendo a alavanca à retaguarda;

– realizar o desengatilhamento em quatro tempos;

– inserir os cartuchos no tubo carregador.

Na viatura a arma será conduzida fechada,


desengatilhada e, somente, alimentada

b) durante o serviço é necessário deixar a arma em


condições de uso imediato:

– levar a alavanca de manejo à frente (neste momento o


primeiro cartucho do tubo carregador se apresentará e a arma será
engatilhada);

– trazer a alavanca de manejo à retaguarda (neste momento


a culatra móvel, ao retornar à frente, empurrará o cartucho que se
apresentou e o levará até à câmara, deixando a arma carregada, com o
cão à retaguarda (engatilhada) e em condições de disparo).

c) para retornar a arma à condição de patrulhamento (após


algum disparo ou mesmo se a arma não tiver sido utilizada):

– colocar o dedo polegar da mão fraca entre o cão e a caixa da


culatra;

– direcionar a arma para um local seguro;

– virar a arma com a parte superior para baixo, apoiando a mão


por debaixo da caixa da culatra;

– levar a alavanca à frente (neste momento o cartucho que


estava na câmara será extraído e ejetado e o 1º cartucho do tubo se
apresentará e também será retirado);

– virar a arma novamente na posição normal;

372
Manual de Armamento Convencional

– trazer a alavanca à retaguarda (fechar a arma);

– realizar o desengatilhamento em quatro tempos;

– reintroduzir os cartuchos retirados no tubo carregador;

d) devolver a arma na reserva de armamento ao término


do turno:

– o policial deve se dirigir até a caixa de areia;

– com a abertura da caixa da culatra virada para baixo deverá


apoiar uma das mãos sob ela para proteger as munições de queda;

– levar a alavanca de manejo à frente. Neste momento, o


primeiro cartucho do tubo carregador será apresentado e deverá ser
retirado;

– proceder ao desmuniciamento, conforme descrito no


“manejo básico”, ou ainda;

– levar à alavanca a retaguarda;

– a ação deverá ser repetida quantas vezes forem necessárias


para a retirada de todos os cartuchos, sempre efetuando a retirada do
cartucho, manualmente, após a abertura da caixa da culatra, evitando-
se o carregamento e a retirada, pela extração e ejeção;

– ao término, a arma deverá ser entregue aberta e com a


coronha voltada para o funcionário da reserva de armamento.

– nas reservas ela deve ser guardada aberta e engatilhada. O


percussor dessa arma não suporta disparos em seco.

NÃO EFETUAR DISPAROS EM SECO COM A CARABINA


PUMA CALIBRE 38

NESSA CONDIÇÃO, O PERCUSSOR NÃO SUPORTA O


CHOQUE DO CÃO

373
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

17.8 Desmontagem

Essa arma não deve ser desmontada pelo policial e sua manutenção
ficará restrita à limpeza das partes externas, do interior do cano e do
mecanismo da culatra. Por utilizar ferramentas na desmontagem, ela
passa a ser classificada como de 2º escalão e, por isso, somente poderá
ser feita por pessoal especializado. Assim sendo, consequentemente
não haverá o processo de montagem.

Contudo, para melhor entendimento e conhecimento da carabina


Puma, a Figura 135 contém sua desmontagem completa, com peças
numeradas, e o quadro 28 contém suas identificações.

FIGURA 135 – Peças da carabina Puma calibre .38.

QUADRO 28
RELAÇÃO DAS PEÇAS DA CARABINA PUMA
ITEM DENOMINAÇÃO ITEM DENOMINAÇÃO
01 Ferrolho esquerdo e direito 13 Braçadeira posterior
02 Alavanca de comando 14 Guarnição
03 Guia esquerdo e direito do cartucho 15 Transportador
04 Tampa da caixa completa 16 Ejetor com mola e anel
05 Graduador com alça de mira 17 Cão
06 Caixa do mecanismo 18 Extrator
07 Cano 19 Culatra móvel
Braçadeira anterior do carregador e
08 20 Êmbolo do cão
massa de mira
09 Tubo carregador 21 Mola do cão
10 Impulsor 22 Percussor
11 Tampão do tubo carregador 23 Mancal do gatilho
12 Mola do impulsor 24 Coronha

374
Manual de Armamento Convencional

17.9 Emprego operacional

A carabina calibre .38 poderá ser empregadas no serviço operacional,


somente em situações onde haja a necessidade de efetuar tiro com
precisão ou em distâncias onde o uso de revólver seja considerado
inadequado ou ineficiente.

Deve ser empregada para execução de tiro de precisão a distâncias de


até 50 metros. Como esse tipo de disparo não corresponde à rotina
operacional, ela só será utilizada no caso de comprovada necessidade,
por um policial previamente treinado e autorizado para operá-la, de
acordo com as regras estabelecidas no Manual de Treinamento com
Armas de Fogo.

17.10 Condução da arma

a) Em viaturas:

Os locais mais adequados para a condução da carabina calibre


.38, são: suportes fixados entre os bancos dianteiros e traseiros de viaturas
tipo blazer, ou acondicionadas no porta-malas. Nesses locais, deverão
ser adaptados suportes ou correias para a fixação da arma. Na ausência
desses locais poderá ser adaptada sua condução pelo comandante ou
pelo patrulheiro da GuPM, à mão ou em bandoleira, ou ainda ao lado do
banco dianteiro direito entre ele e a coluna do veículo.

b) Pelo policial:

Após a arma ser retirada da viatura, a conduta operacional


da arma dependerá de uma avaliação e da classificação dos riscos
envolvidos na ação/operação, por parte do policial. Contudo, deve-se
evitar que a arma esteja carregada e engatilhada, devido à leveza de seu
gatilho e, consequentemente, ao aumento dos riscos de acidente.

A carabina Puma SOMENTE deve ser carregada e


engatilhada, caso seja necessário efetuar disparos.

Em deslocamentos, a arma deverá estar cruzada à frente do


peito ou ao lado do corpo, com o cano voltado para baixo e o dedo
indicador fora do gatilho.

375
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

17.11 Defeitos e incidentes de tiro

O quadro 29 apresenta uma relação de incidentes e defeitos possíveis


com a carabina .38 ROSSI PUMA, suas causas e medidas corretivas. A
maioria depende de recolhimento da arma.

QUADRO 29
INCIDENTES E DEFEITOS COM A CARABINA .38 ROSSI PUMA
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (continua)

INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Dente de engatilhamento do
Arma não 1) Substituir o cão;
cão gasto;
desengatilha 2) Substituir o gatilho;
2) Dente do gatilho gasto ou
para o 3) Substituir a mola do
quebrado;
disparo e cai gatilho;
3) Mola do gatilho fraca ou
em meia- 4) Ajustar dentes de
quebrada;
monta gatilho e/ou cão.
4) Gatilho e cão desajustados.

Cão não cai


em meia- 1) Dente de segurança do cão 1) Substituir o cão;
monta quebrado; 2) Ajustar dente do
(segurança 2) Gatilho e cão desajustados. gatilho e/ou do cão.
do gatilho)
1) Reparar ou substituir o
1) Impulsor danificado; impulsor;
Falha na
2) Tubo carregador sujo; 2) Limpar o tubo
apresentação
3) Mola do impulsor fraca ou carregador;
da munição
quebrada. 3) Substituir a mola do
impulsor.
1) Escovar o chanfro do
Alavanca de 1) Rebarbas no chanfro do pino
pino do batente;
comando do batente;
2) Ajustar com lima o
pesada 2) Ferrolho e cão desapertados.
ferrolho e o cão.
1) Ajustar o extrator;
1) Extrator desajustado;
Falha na 2) Substituir o extrator;
2) Extrator quebrado;
extração 3) Regular pressão do
2) Falta de pressão no extrator.
extrator.
1) Ejetor desajustado; 1) Ajustar o ejetor;
Falha na 2) Ejetor quebrado; 2) Substituir o ejetor;
ejeção 3) Mola do ejetor fraca ou 3) Substituir a mola do
quebrada. ejetor.

376
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 29
INCIDENTES E DEFEITOS COM A CARABINA .38 ROSSI PUMA
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS (conclusão)

Extração
1) Substituir ou ajustar as
de dois 1) Guias do cartucho defeituosas
guias do cartucho.
cartuchos ou desajustadas.
simultâneos
Janela lateral
1) Rebarba na rampa de entrada 1) Escovar a rampa.
tranca ao
do cartucho.
carregador

1) Passagem da mola do ejetor no


Percussor 1) Limpar a passagem;
percussor obstruída;
pesado 2) Ajustar o percussor.
2) Percussor desajustado.

377
CAPÍTULO 18

ESPINGARDA CBC
CALIBRE 12 586.P e 586.2
Manual de Armamento Convencional

18 ESPINGARDA CBC CALIBRE 12 586.P e 586.2

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE


fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

As espingardas calibre 12 existentes na PMMG são armas que funcionam


através do sistema pump action ou “bomba” (Figura 136). A PMMG possui
três modelos que se diferenciam pelo aparelho de pontaria e sistema
de segurança. É um tipo de arma de repetição que opera pelo trabalho
de um ferrolho corrediço interno, colocado na parte posterior do cano.
As armas de “bomba” foram desenvolvidas com o avanço do sistema de
repetição “por alavanca”, proporcionando maior velocidade aos disparos.

FIGURA 136 – Espingarda pump action.

O carregamento e a extração se processam pelo movimento do ferrolho


acionado pelo policial, o que representa muita segurança, pois qualquer
falha na munição será facilmente sanada. O acionamento da bomba e
sua movimentação em conjunto com o ferrolho, provocam um ruído
alto e seco. Exatamente nesse ponto reside uma grande vantagem
das espingardas para o uso policial: seu ruído característico produzido
pelo mecanismo de repetição, aliado ao aspecto físico da arma, produz
um grande efeito psicológico sobre os infratores. Esta arma também é
utilizada como arma de caça.

381
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

18.1 Características

O quadro 30 abaixo traz descritas as características da espingarda CBC


calibre 12.

QUADRO 30
CARACTERÍSTICAS DA ESPINGARDA CBC CALIBRE 12
ITEM DESCRIÇÃO
1.1 Nomenclatura: espingarda CBC calibre 12: modelo 586 P.
1. Designação
1.2 Indicativo militar: espingarda CBC calibre 12 modelo 586 P.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à “alma” do cano: lisa.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2. Classificação 2.7 Quanto à alimentação: manual, ocorre após a introdução
do último cartucho no tubo carregador, com capacidade para
seis cartuchos (76 mm) ou sete (70 mm) cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de trás para frente pela
abertura inferior da culatra.
2.9 Quanto ao funcionamento: de repetição.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: ação muscular do
operador.
3. Aparelho de 3.1 AIça de mira: tipo entalhe e regulável em altura.
pontaria 3.2 Massa de mira: tipo ponto de barrote com seção retangular.
4.1 Calibre: 12 (câmara de 3” ou 76 mm).
4.2 Peso: 3,250 kg.
4.3 Comprimento da arma: (1000 mm (39 1/2).
4.4 Comprimento do cano: (475 mm (19”), com choke cilíndrico (cc).
4.5 Velocidade teórica de tiro: 40 tiros por minuto.
4. Dados 4.6 Velocidade prática do tiro: dependendo da habilidade do
numéricos operador.
4.7 Alcance máximo:aproximadamente 1.000 metros.
4.8 Alcance útil: 35 m (50 m para bala ideal).
4.9 Alcance com precisão (de utilização): 35 m (50 m para bala ideal).
4.10 Alcance prático: 30 m.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 500 m/s (munição real).

382
Manual de Armamento Convencional

18.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– calibre 12: recarregada pelo CMB, com bagos de chumbo;

c) munição real (para emprego operacional):

– calibre .12: 70 mm, bagos de chumbo SG;

– calibre .12: 70 mm, projétil singular;

– calibre .12: 70 mm, projétil de borracha;

– calibre .12: 70 mm, carga explosiva lacrimogênea.

Qualquer que seja o tipo de cartucho utilizado, deve possuir o culote


metálico, de forma a não prejudicar o funcionamento da arma,
principalmente a extração do estojo, devido ao comprimento de sua
câmara de 76 mm (3”).

18.3 Mecanismos de segurança

A espingarda CBC possui três mecanismos de segurança: a trava do


gatilho, o retém da bomba e o retém dos cartuchos. A trava do gatilho
é puramente mecanismo de segurança, já os reténs da bomba e dos
cartuchos são mecanismos que, além de atuarem no mecanismo de
segurança da arma, auxiliam em seu melhor funcionamento.

18.3.1 Trava do gatilho

Consiste em um botão posicionado atrás do gatilho, na parte póstero-


superior do guarda-mato (Figura 137). Este botão, quando pressionado da
esquerda para a direita, move-se transversalmente ao eixo longitudinal
da arma e anula a ação do gatilho, impedindo que haja o disparo. Para
destravar a arma, a peça deve ser pressionada, com o mesmo dedo
indicador usado para acionar o gatilho, forçando-o na direção contrária
à do travamento, ou seja, da direita para a esquerda.

A trava do gatilho atua somente sobre esta peça, não impedindo, portanto,
o manejo da bomba para carregar ou descarregar a arma. A espingarda

383
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

CBC calibre 12 deverá estar sempre com o gatilho travado, devendo ser
destravada somente na iminência de disparo ou para desengatilhá-la,
momento em que deverá estar totalmente descarregada.

18.3.2 Retém da bomba

Está localizado do lado esquerdo da arma, na parte ântero-superior do


guarda-mato, à frente do gatilho, conforme Figura 140.

Esta peça, quando pressionada para cima e para frente, permite a abertura
da arma, independentemente dela estar travada ou engatilhada. Deve
ser acionada toda vez que o policial desejar abrir a arma, seja para
retirar um cartucho da câmara, para realizar uma inspeção preliminar,
ou para fazer a apresentação de um cartucho no transportador. Todas
as operações devem ser realizadas com o gatilho travado e com o dedo
indicador fora do gatilho.

18.3.3 Retém dos cartuchos

Consiste em uma pequena tecla, localizada no lado esquerdo da arma,


à frente do retém da bomba (Figura 140). Tem a função de realizar a
retirada dos cartuchos do tubo carregador, sem que eles tenham que ser
introduzidos na caixa da culatra. Para sua utilização, a arma deverá estar
aberta e com a mesa transportadora pressionada para dentro. Assim, ao
apertar o retém dos cartuchos, ele efetuará a liberação dos cartuchos
presentes no tubo de 2 em 2, até que acabem.

No interior do mecanismo de disparo, funciona o dispositivo de


segurança do cão, com a finalidade de impedir o disparo acidental, em
decorrência dos impactos sofridos pela arma durante as operações de
manejo da bomba.

384
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 137 – Vista lateral esquerda da espingarda CBC calibre 12 com localização dos
mecanismos de segurança.
Fonte: CBC – Manual de Operações

18.4 Funcionamento

O funcionamento do sistema de repetição por bomba é simples,


conforme descrito nos subitens a seguir:

a) Municiamento/alimentação:

– com a arma fechada, trancada e com o gatilho travado,


introduzir um a um os cartuchos no tubo carregador através da
abertura existente na parte inferior da caixa da culatra, empurrando-os
totalmente à frente até que fique preso no interior do tubo carregador
pela haste-retém dos cartuchos;

b) Engatilhamento:

– ocorre no recuo do ferrolho (culatra móvel) à retaguarda,


acionado pelas corrediças que, em seu movimento à retaguarda, fazem
recuar o martelo (cão) armando-o. Os movimentos descritos ocorrem
quando do movimento da bomba para a retaguarda;

c) Carregamento:

– quando o recuo do ferrolho termina, a haste-retém dos


cartuchos libera o primeiro cartucho do carregador, que é projetado
pela ação da mola do carregador e cai sobre o transportador;

385
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– ao movimentar novamente a bomba ou a telha móvel para


a frente no ato de fechar a arma, o transportador se levanta, colocando
a munição em posição que a culatra móvel a empurre para a câmara,
carregando e trancando a arma;

– no movimento final de avanço do ferrolho, a arma fica


trancada pela ação da bigorna de fechamento, estando já engatilhada
e pronta para o tiro;

d) Disparo:

– pressionando-se o gatilho, o cão é liberado e golpeia a


retaguarda do percussor cuja ponta fere a espoleta do cartucho,
promovendo o disparo;

e) Extração, ejeção e novo carregamento:

– com o novo movimento da bomba à retaguarda, o estojo vazio


é extraído da câmara e ejetado da arma, enquanto o próximo cartucho
é liberado do carregador e cai sobre o transportador, começando um
novo ciclo. A ejeção é feita pela janela lateral direita da caixa da culatra.

Para melhor entendimento do processo de funcionamento, a Figura 138


ilustra as munições no tubo carregador, a possível liberação de munição
do tubo para o transportador e o disparo.

FIGURA 138 – Mecanismo de funcionamento da espingarda CBC calibre 12.


FONTE:http://www.cbc.com.br/armas/pumpcbc12. Acesso em 06/05/2010 às 15:45 h.

18.5 Inspeção preliminar

Ao entrar de serviço e armar com a espingarda CBC calibre 12, o policial


deve verificar os seguintes aspectos e itens:

386
Manual de Armamento Convencional

a) Aspectos gerais:

– verificar as condições gerais da arma como limpeza,


rachaduras na coronha e na bomba, firmeza do carregador, do guarda-
mato e da coronha;

– conferir o aparelho de pontaria quanto a amassamentos,


empenos e justeza das peças;

– certificar de que não existe excesso de óleo no tubo


carregador ou na câmara, antes de alimentar a arma, pois a munição
pode ser danificada;

– verificar a qualidade e o estado de conservação da munição


a ser utilizada durante o serviço;

– verificar as possíveis obstruções no cano.

b) Aspectos de funcionamento:

– verificar se o fechamento da culatra está perfeito e justo;

– verificar o funcionamento do sistema da bomba e das


corrediças, pressionando o retém da bomba e efetuando seu movimento
por duas ou três vezes;

– verificar o sistema de carregamento, inspecionando o tubo


do carregador, sua mola e seu impulsor, bem como o movimento do
transportador;

– verificar se o mecanismo de disparo funciona perfeitamente;

– verificar a integridade do percussor (necessário realizar a


retirada da tampa do tubo carregador, do cano e o início da retirada do
ferrolho e das corrediças, para se ter acesso à cauda do percussor).

c) Aspectos de segurança:

– verificar a ação do sistema de segurança tipo trava do gatilho,


pressionando-a da esquerda para a direita e acionando o gatilho, que
deverá estar com arrasto travado.

387
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

18.6 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para que possa


manusear a espingarda CBC calibre 12:

a) Municiar e alimentar: essas operações são simultâneas,


posto que o carregador (tubo carregador) fica acoplado na própria
arma. Consiste em: com a arma fechada, introduzir os cartuchos, um a
um, no tubo carregador, através da abertura existente na parte inferior
da culatra (Figura 139);

FIGURA 139 – Introdução das munições no tubo carregador


(municiamento e alimentação).

b) carregar e engatilhar: movimentar a bomba para a


retaguarda, provocando a apresentação de um cartucho que estava
no tubo carregador na caixa do mecanismo (Figura 140). Em seguida,
levar a bomba à posição inicial à frente, fazendo com que a culatra
móvel empurre o cartucho e o introduza na câmara, completando o
fechamento da culatra (Figura 141).

388
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 140 – Movimentação da bomba à retaguarda


(engatilhamento e apresentação do 1º cartucho).

FIGURA 141 – Fechamento da bomba e introdução de um


cartucho na câmara (carregamento).

c) Travar e destravar: a tecla de segurança do gatilho age


direta e unicamente sobre o gatilho, permitindo que o policial execute
todas as ações de manejo com o gatilho travado. Para travar, deve-se
pressionar a tecla de segurança do gatilho, da esquerda para a direita
e, para destravar, o pressionamento deve ser feito da direita para a
esquerda;

389
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

d) Extrair e ejetar: movimentar a bomba para a retaguarda,


proporcionando a extração e a ejeção do estojo;

e) Desmuniciar:

– caso a arma esteja somente alimentada, deve-se pressionar o


retém da bomba e trazer a mesma para trás. Nesse momento, a primeira
munição do tubo carregador se apresentará, devendo ser retirada;

– posteriormente, deve-se posicionar a arma com a abertura


de municiamento voltada para cima e, com um dos dedos, pressionar o
transportador para baixo;

– logo em seguida, deve-se apertar a tecla retém dos cartuchos,


e então, as munições que estão no tubo serão liberadas de duas em duas;

– caso a arma esteja alimentada e carregada, deve-se pressionar


o retém da bomba e trazer a mesma para trás. Nesse momento, duas
munições serão apresentadas: a munição ou a cápsula deflagrada, que
estava na câmara, será extraída e ejetada, e a primeira munição do tubo
carregador se apresentará, devendo ser retirada;

– feita a retirada das duas munições, deve-se tomar os mesmos


procedimentos para a utilização da tecla retém dos cartuchos.

LEMBRETES

Sempre que a arma estiver alimentada e carregada, e for


realizado o manejo da bomba para a retaguarda, DOIS
cartuchos se apresentarão, sendo o que estava na câmara
e o primeiro do tubo.

Sempre que a arma estiver somente alimentada e for


realizado o manejo da bomba para a retaguarda, somente
UM cartucho se apresentará, ou seja, o primeiro do tubo
carregador.

18.7 Manejo operacional

O manejo operacional nada mais é que a adequação das ações básicas

390
Manual de Armamento Convencional

de manejo para seu emprego no cotidiano policial. Este cotidiano é,


normalmente, refletido em quatro situações ou momentos que vão
exigir do policial a realização de uma sequência de ações de manejo,
em sua arma de fogo, específica para cada momento. Esses momentos
são: 1) policial recebendo sua arma e preparando-a para o trabalho;
2) policial em seu turno de serviço que precisa utilizar sua arma; 3)
efetuando disparo ou não, o policial precisa retornar a arma para o coldre
ou para a viatura, e; 4) ao término do turno deverá devolver sua arma na
reserva de armamento. Assim, o manejo operacional estabelecerá uma
sequência técnica e padronizada de ações que visam, principalmente, a
segurança do policial e de terceiros. As etapas e as respectivas ações são
as seguintes:

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta e com a coronha voltada


para o receptor (esse procedimento possibilita que o recebedor, de
pronto, visualize a câmara da arma, tornando-se mais um fator de
segurança para os envolvidos);

– dirigir-se até a caixa de areia (local seguro);

– realizar a inspeção preliminar, observando os aspectos gerais,


de funcionamento e de segurança;

– travar o gatilho;

– levar a bomba à frente, fechando a arma;

– municiar e alimentar o tubo carregador;

b) Durante o serviço é necessário deixar a arma em


condições de uso imediato:

– acionar o retém da bomba;

– trazer a bomba à retaguarda (o ferrolho será levado para trás,


pelas corrediças, engatilhando o cão e, concomitantemente, o primeiro
cartucho do tubo carregador se apresentará, liberado pelo retém dos
cartuchos);

– em ato contínuo, levar a bomba à frente (o cartucho que se


apresentou será levantado pela mesa transportadora e levado à câmara,

391
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

pelo ferrolho, ficando a arma engatilhada, carregada, trancada e com


o gatilho travado);

Manter a arma SEMPRE alimentada, com o gatilho


travado, SOMENTE a carregando e destravando o
gatilho, quando houver iminência da sua utilização (de
acordo com a avaliação e a classificação dos riscos).

– caso seja necessário o disparo:

destravar o gatilho;

apontar e acionar o gatilho.


c) Retornar a arma à condição de patrulhamento (após


algum disparo ou mesmo se a arma não tiver sido utilizada):

– travar o gatilho;
– direcionar a arma para um local seguro;
– acionar o retém da bomba;
– trazer a bomba à retaguarda (o cartucho ou a cápsula
deflagrada que estava na câmara será extraído e ejetado, e o primeiro
cartucho do tubo carregador se apresentará, devendo ser também
retirado pela janela de ejeção);

– levar a bomba à frente (neste momento não haverá


nenhuma munição na câmara e a arma será trancada);

– recolocar o(s) cartucho(s) extraído(s) no tubo carregador;

d) Ao término do turno, devolver a arma na reserva de


armamento:

– dirigir-se até a caixa de areia (local seguro);

– pressionar o retém da bomba;

– trazer a bomba à retaguarda (o primeiro cartucho do tubo


carregador se apresentará, devendo ser retirado pela janela de ejeção);

392
Manual de Armamento Convencional

– empurrar a mesa transportadora para dentro;

– acionar o retém dos cartuchos. Neste momento, serão


ejetados do tubo dois cartuchos. A operação de acionar o retém dos
cartuchos deve ser repetida quantas vezes forem necessárias, para que
todos os cartuchos sejam retirados. Os cartuchos serão liberados de dois
em dois;

– entregar a arma na reserva de armamento, aberta e com a


coronha voltada para o funcionário da reserva de armamento;

e) Cuidados no manejo:

– durante a ação de levar a bomba à frente e à retaguarda, o


dedo indicador deve estar estendido ao lado da caixa da culatra,
afastado do gatilho. O movimento deve ser vigoroso, pois, se for feito
com suavidade, poderá não ocorrer à ejeção ou o fechamento total da
culatra;

– quando efetuar um disparo, o policial deverá atentar em


segurar firmemente a arma, de forma que o recuo não lhe provoque
qualquer lesão, e preocupar-se com a dispersão dos bagos de chumbo
do potente tiro, calibre 12, conforme já foi observado na escopeta;

– o policial não deve manusear a arma com intuito meramente


intimidativo, aproveitando do ruído característico, pois pode
comprometer a sua segurança e a da sua guarnição, bem como da
pessoa abordada. A arma deve ser carregada apenas quando houver
intenção real de utilizá-la;

– devido ao seu grande poder de fogo, esta arma nunca deverá


ser utilizada pelo policial que não esteja treinado e familiarizado com
seu manejo específico, além de possuir boa prática de tiro com o calibre
12;

– nas reservas ela deve ser guardada aberta e engatilhada. O


percussor dessa arma não suporta disparos em seco.

393
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

NÃO EFETUAR DISPAROS EM SECO COM ESPINGARDA CBC


CALIBRE 12
NESSA CONDIÇÃO, O PERCUSSOR O PERCUSSOR NÃO
SUPORTA O CHOQUE DO MARTELO

18.8 Desmontagem
Para a manutenção de 1º escalão será realizada a desmontagem de
mesmo nível (1º escalão), por pessoal especializado ou mesmo pelo
policial, conforme prevê o MADAM. A sequência a ser seguida está
descrita a seguir:

a) desatarraxar a tampa do tubo carregador no sentido


horário, retirando-a;

b) puxar o cano para frente, retirando-o;

c) com a arma em pé, apoiada pela chapa da soleira em uma


superfície rígida, introduzir o dedo indicador na abertura de alimentação
(no vértice superior direito), pressionar o localizador direito e puxar a
bomba para frente vagarosamente;

d) segurar o ferrolho e terminar de puxar a bomba para


frente, até que ela saia totalmente. A desmontagem até este item, está
ilustrada na Figura 142;

e) desatarraxar o tubo carregador, até retirá-lo juntamente


com a mola e o impulsor dos cartuchos (esta operação somente deve
ser executada por pessoal especializado, tendo em vista que a rosca do
tubo é muito fina).

394
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 142 – Espingarda CBC calibre 12 desmontada em 1º escalão


(alíneas “a”, “b”, “c” e “d”).

NÃO ACIONAR O GATILHO DA ESPINGARDA CBC


QUANDO ELA ESTIVER DESMONTADA
O CHOQUE DO MARTELO NO VAZIO PODE ACARRETAR
A QUEBRA DO MARTELO E/OU SUA MOLA

18.9 Montagem

Para a montagem, deve-se realizar as operações em ordem inversa,


montando as peças, exceto o mecanismo da culatra, conforme descrito
abaixo:

– montar o tubo carregador com sua mola e o impulsor dos


cartuchos e atarraxar o tubo no seu local de encaixe na caixa da culatra
(esta operação somente deve ser executada por pessoal especializado,
tendo em vista que a rosca do tubo é muito fina e sua montagem
demanda cuidado);

– efetuar o encaixe do ferrolho nas corrediças e passar o orifício


da bomba pelo tubo carregador;

395
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– ao final, encaixar as corrediças em seus trilhos na caixa da


culatra fazendo a introdução do ferrolho na caixa;

– com a arma na posição vertical, apoiada em uma superfície


rígida, introduzir o dedo indicador na abertura de alimentação (no
vértice superior direito) e pressionar o localizador direito, para que o
ferrolho entre até a metade, dentro da caixa da culatra;

– pressionar o retém dos cartuchos e o ferrolho entrarão por


completo na caixa da culatra;

– pressionar o retém da bomba e trazê-la à retaguarda;

– fazer a montagem do cano, devendo observar a posição da


janela de ejeção;

– efetuar o rosqueamento da tampa do tubo carregador;

– fazer a verificação do funcionamento do mecanismo da arma.

18.10 Emprego operacional

Para o emprego operacional, devem ser observados os seguintes


aspectos listados a seguir:

a) a espingarda calibre 12 deve ser empregada dentro dos


mesmos critérios adotados para a escopeta calibre 12, superando-a
nos aspectos de cadência de disparos, alcance, precisão do tiro e o
já mencionado fator psicológico que a visão desta espingarda pode
representar para um eventual infrator;

b) em situação de tiro real, o policial deve ter sempre em


mente a dispersão dos múltiplos projéteis em relação à distância do
alvo visado. Deve ainda ter uma visão geral do local onde utiliza a arma,
principalmente observando se pessoas inocentes estão na direção
do cone de dispersão. Sempre que possível, o tiro deve ser feito em
trajetória descendente, visando a parte inferior do alvo;

c) no caso de utilização da bala ideal, o policial deve se


lembrar da elevada massa do projétil e da grande energia transferida
para o alvo no momento do impacto. Em circunstâncias operacionais
extraordinárias, o disparo com essa munição pode ser utilizado para
estourar fechaduras de portas ou deter veículos;

396
Manual de Armamento Convencional

d) até a distância de 20 metros, os tiros com as armas calibre


12, com munição SG ou bala ideal, superam outros tipos de armas
utilizadas no serviço policial, pela sua grande capacidade de parar um
homem imediatamente, com um único disparo. Contudo, sua utilização
operacional somente deve ser feita por policial treinado especificamente
com essas armas e que tenha condições de realizar as avaliações
necessárias para seu uso;

e) em operações de choque, deve-se, sempre, utilizar munição


apropriada, ou seja, as munições de impacto controlado” no calibre 12,
direcionando o tiro para os membros inferiores da pessoa visada, a uma
distância mínima de 20 metros. Os disparos executados nessas situações
serão sempre em atendimento a uma ordem dada pelo comandante da
ação ou da operação.

18.11 Condução da arma

Em viaturas de grande porte, a arma deve ser conduzida em local


próprio, presa pelos velcros de fixação. Por se tratar de uma arma de
porte avantajado, torna-se difícil o transporte em viaturas operacionais
pequenas, devendo então ser conduzida em local adaptado no interior
da viatura.

Para a condução em viaturas, a arma deverá estar fechada,


com o gatilho travado e, somente, ALIMENTADA

Se o PM, em ação policial, carregar a arma com um cartucho, ao voltá-la


para a viatura, deverá retirar esta munição da câmara e recolocá-la no
carregador, conforme descrito no item Manejo Operacional.

O policial poderá conduzir a arma da seguinte forma:

– segurando-a pelo delgado, com o cano voltado para baixo;

– com a arma cruzada à frente do corpo;

– através do emprego de bandoleira, no caso de empenho


mais prolongado ou de deslocamentos a pé.

397
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

O policial a pé deverá manter a arma alimentada, e com o


gatilho travado. Somente deverá carregá-la e destravar o
gatilho quando necessário, conforme avaliação de riscos
no momento da ação.

18.12 Defeitos e incidentes de tiro

O quadro 31 traz informações a respeito dos incidentes de tiro mais


comuns ocorridos com a espingarda CBC calibre 12, suas causas e as
possíveis correções, dados estes que possibilitam um diagnóstico mais
direto e uma correção mais eficiente.

QUADRO 31
INCIDENTES DE TIRO E DEFEITOS COM A ESPINGARDA CBC CALIBRE 12
CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
INCIDENTES CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS
Mecanismo de Mola do retém da bomba
Trocar a mola.
repetição não funciona. quebrada.
Disparos acidentais
durante o manejo da Trava do cão defeituosa. Substituir a peça.
bomba.
Mola ou dente do cão Trocar a mola e o seu
Cão não engatilha.
quebrados. guia.
– Extrator desajustado. – Ajustar o extrator.
– Falta de pressão na mola – Substituir a mola.
Não extrai ou não ejeta.
do extrator. – Usar a munição
– Cartucho com culote de adequada.
plástico.
Apresentação – Sujeira no mecanismo. – Limpeza das peças.
de 2 cartuchos – Abas do retém dos – Substituição da haste
simultaneamente. cartuchos defeituosos. retém dos cartuchos.
– Limpeza das peças.
– Sujeira no mecanismo.
Não percute. – Substituição do
– Percussor quebrado.
percussor.

398
CAPÍTULO 19

Outras Armas Calibre 12


Manual de Armamento Convencional

19 Outras Armas Calibre 12

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA

a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE


fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

A PMMG possui outras armas no calibre 12, quais sejam, o antigo Riot
Gun e a Benelli M3 Super 90.

19.1 Riot Gun

Trata-se de uma espingarda de fabricação Norte Americana que atua no


sistema pump action. Denominada Rifle Riot-Gun (arma de motim) nos
modelos 8111 e 8113, diferenciados pelo seu aparelho de pontaria.

Com a aquisição, em 1991, das Espingardas CBC, o Riot Gun foi


praticamente substituído, porém, ainda existem alguns exemplares em
uso operacional.

A seguir serão abordadas as diferenças entre a espingarda CBC calibre


12 modelo 586 P e o Riot Gun modelos 8111 e 8113, sendo que muitas
de suas características são coincidentes com o modelo da CBC.

a) Características

– designação:

nomenclatura: rifle Riot Gun calibre 12 modelo 8111 e 8113;


indicativo militar: Riot Gun 12 modelo 8111 e 8113;


– dados numéricos;

calibre:12 (câmara de 70 mm – 2 3/4”);


peso: 3,300 kg;


401
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

comprimento do cano: 457 mm (18”) – choke cilíndrico;


comprimento total: 965 mm (70 mm);


capacidade: 6 cartuchos.

b) Mecanismos de segurança:

Possui somente a trava do gatilho e o retém da bomba, que


funcionam da seguinte forma:

– trava do gatilho: consiste em um botão localizado na parte


ântero-superior do guarda-mato (à frente do gatilho). Este botão
move-se transversalmente ao eixo longitudinal da arma. Quando é
pressionado da esquerda para a direita, a arma fica travada, impedindo
disparos acidentais. Para destravar, basta pressionar o botão da direita
para a esquerda. Uma faixa vermelha em forma de anel aparecerá na
extremidade esquerda do botão, indicando que a arma encontra-se
destravada, ou seja, em posição de “fogo”. A trava do gatilho atua apenas
sobre esta peça, não impedindo, portanto, o manejo da bomba para
carregar ou descarregar a arma;

– retém da bomba: consiste em uma haste, localizada no


lado esquerdo da arma, na parte póstero-superior do guarda-mato
(atrás do gatilho). Esta peça, quando empurrada para cima, permite a
abertura da arma, independentemente da mesma se encontrar travada
ou engatilhada. O retém da bomba deverá ser acionado toda vez que
o policial desejar abrir a arma, seja para retirar um cartucho da câmara,
para uma inspeção preliminar ou para provocar a apresentação de um
cartucho no transportador, para posterior carregamento. Tais operações
devem ser realizadas sempre com o gatilho travado e com o dedo
indicador fora do gatilho;

c) Manejo:

– engatilhar, municiar e alimentar: as operações tais como


carregar, destravar, disparar, extração e ejeção são semelhantes as da
espingarda CBC calibre 12 modelo 586 P;

402
Manual de Armamento Convencional

– para descarregamento:

manter a arma travada e apontada para local seguro;


com a parte inferior da caixa da culatra voltada para



cima, pressionar o retém da bomba e recuar a bomba
ligeiramente, dando início à extração do cartucho existente
na câmara;

simultaneamente, empurrar o transportador para dentro



do mecanismo, de forma a reter o cartucho localizado no
tubo carregador, impedindo sua apresentação;

completar o movimento da bomba à retaguarda para sua



total extração da câmara, retirando-o manualmente, após
sua liberação;

empurrar o transportador até o final de seu curso para



dentro do mecanismo, de forma a liberar o primeiro
cartucho do tubo carregador;

para retirar os demais cartuchos do tubo carregador,



basta pressionar a haste-retém dos cartuchos, que fica
posicionada do lado esquerdo da entrada do tubo, que os
mesmos serão liberados de um em um, a cada acionamento;

com a arma apenas alimentada, deve-se observar as



mesmas regras anteriormente citadas. A única diferença é
que, no recuo da bomba não haverá a extração e a ejeção
do cartucho, uma vez que não existe cartucho na câmara.

19.2 Benelli M3 Super 90

A PMMG também possui distribuídas espingardas calibre 12 de quarta


geração (disparam de forma seletiva em regime semi-automático ou por
repetição por ação de bomba) modelo M3 Super 90, da Benelli italiana
(Figura 143). Essas armas possuem seletor de tiro caracterizado pelo
travamento da bomba no tubo carregador, passando a atirar no regime
semi-automático.

403
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 143 – Espingarda Benelli M3 Super 90.

A M3 Super possui a capacidade máxima de oito munições em seu


tubo carregador, e usa o primeiro sistema semi-automático criado, o do
modelo M1.

Permite ao usuário a escolha do tipo de operação semi-automático ou


repetição.

FIGURA 144 – Espingarda Benelli M3 T.

Deve se atentar ao fato de que os cartuchos de munições de impacto


controlado e munições químicas possuem uma carga propelente menor
que a das munições reais. Assim, para seu uso nestas armas, deve-se
selecionar o uso do mecanismo de repetição, pois as munições citadas
não geram gases suficientes para promover o eficiente funcionamento
do mecanismo semi-automático.

Para alternar entre os dois modos, basta acionar a alavanca localizada na


parte da frente do guarda-mão, para mudar o tipo de ação.

A borboleta (interruptor) para mudar de ação, está localizada na


extremidade anterior do antebraço, e é formada por um anel serrilhado
anular. A rotação do anel contrai a ação da bomba e bloqueia o sistema
semi-automático, ou vice-versa, bloqueia o antebraço e permite o
sistema de recuo inercial para operar a ação semi-automática (Figura
145).

O tubo carregador tem capacidade para 8 cartuchos para as versões


policiais, ou menos, no caso de alguns modelos para o público civil.

404
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 145 – Borboleta seletora de regime de tiro.

a) Características:

– tipo: sistema seletivo - repetição por bomba ou semi-


automática;

– trancamento por ferrolho rotativo, com destrancamento


através de impulso por mola (transferência de energia);

– comprimento total da arma: 1040-1200 milímetros;

– comprimento do cano: 500-660 mm;

– peso 3,2-3,5 kg;

– alcance útil: 164 pés ou 50 m.

405
CAPÍTULO 20

FUZIL CALIBRE 7.62 MM


IMBEL A1 MD3
Manual de Armamento Convencional

20 FUZIL CALIBRE 7.62 MM IMBEL A1 MD3

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA (“SEGURANÇA
A 200%”)
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE
fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

O Fuzil 7,62 IMBEL A1 MD3, atualmente em uso na Corporação, é derivado


do Fz 7,62 M964 A1 “PARAFAL”, arma da família do FAL, inicialmente
distribuída à tropa pára-quedista e de selva.

Compõe-se, na sua maioria, de peças do PARAFAL, segue o mesmo


princípio de funcionamento, e o seu manuseio é idêntico.

FIGURA 146 – Fuzil Imbel 7,62 A1 MD3.

Os fuzis IMBEL calibre 7,62, de funcionamento


semi-automático, como o A1 MD3, não recebem as
denominações FAL ou PARAFAL.

409
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

20.1 Características

O quadro 32 apresenta as características do modelo A1 MD3.

QUADRO 32
CARACTERÍSTICAS DO FUZIl CALIBRE 7,62 MM IMBEL A1 MD3
ITEM DESCRIÇÃO
1. Designação 1.1 Nomenclatura: fuzil IMBEL 7,62 A1 MD3.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à “alma” do cano: raiada, 4 raias à direita com passo
de 12 polegadas.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
2. Classificação central indireta.
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo·cofre,
com capacidade para 20 (reto) ou 30 cartuchos (semi-curtos).
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: tomada de gases
em um ponto do cano. Ação indireta dos gases (êmbolo).
3.1 AIça de mira: tipo visor basculante, graduado para 150 e
3. Aparelho de 250 metros, com proteção lateral.
pontaria
3.2 Massa de mira: tipo ponto, com proteção lateral.·
4.1 Calibre: 7,62 x 51 mm NATO
4.2 Peso: 4,430 kg (sem carregador)
4.3 Comprimento da arma: total 1090 mm, com coronha
rebatida 850 mm.
4.4 Comprimento do cano: 530 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 670 a 700 tiros/min.
4. Dados 4.6 Velocidade prática do tiro: 120 tiros/min (rajada) e 60 tiros
numéricos (intermitente).
4.7 Alcance máximo: 3.800 m
4.8 Alcance útil: 1.200 m
4.9 Alcance de utilização (com precisão): 600 m.
4.10 Alcance prático: rajada 20 m e intermitente 100 m.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 840 m/s (munição real).
4.12 Força para disparar o gatilho: 3,5 a 4,5 kg.

410
Manual de Armamento Convencional

20.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas:

– somente munição real.

c) munição real (para emprego operacional): 7,62 x 51 NATO,


M1, totalmente jaquetada, com núcleo de chumbo.

d) festim: 7,62 x 51 NATO M1 FT

Por questões relativas aos princípios de Direitos Humanos, não se


aconselha, na atividade policial, o uso de munição expansiva esse
calibre na atividade policial. Os traumas provocados por projéteis com
essa configuração possuem uma grande amplitude próximo à parte
mais superficial do corpo. Em razão disso, a maioria dos traumas em
regiões de pouca massa corporal, é irreversível., principalmente quando
atingem membros, levará à amputação.

20.3 Mecanismo de segurança

Possui registro de tiro e segurança, localizado na lateral esquerda da


arma, acima do punho, o qual apresenta as seguintes posições:

a) “S” (SEGURANÇA): indica que a arma está com o gatilho


travado;

b) “R” (INTERMITENTE): indica que a arma está no regime de tiro


semi-automático.

20.4 Funcionamento

O funcionamento do fuzil será descrito por partes, para melhor


entendimento:

a) Posição inicial

Para estudo do funcionamento, a arma parte da seguinte


posição inicial:

– alimentada;

411
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– carregada;

– destravada;

– obturador do cilindro de gases aberto (posicionado em “A”).

– dá-se percussão.

b) Disparo e recuo do êmbolo

– o projétil percorre o cano e ultrapassa o evento de admissão;

– após passar pelo evento de admissão do êmbolo, parte dos


gases o atravessam chegando ao obturador do cilindro de gases que
está ligado ao bloco do cilindro de gases;

– com o obturador aberto (letra “A” para cima) os gases


atravessam o evento de admissão, passam pelo cilindro de gases, e
entram em contato com a cabeça do êmbolo;

– sob a pressão dos gases, o êmbolo retrocede e deixa livre


o evento de escape de gases. O evento de escape tem abertura variável,
segundo a graduação em que se ache o anel regulador do escape de gases.
O anel regulador destina-se a fazer aumentar ou diminuir a saída dos gases,
e, assim, pode-se controlar a pressão destes sobre a cabeça do êmbolo;

– o êmbolo, em seu recuo, obriga o impulsor do ferrolho a


retroceder;

– a mola do êmbolo, que foi comprimida, distende-se, e torna


a levar o êmbolo para a sua posição avançada.

c) Recuo das peças móveis:

– Destrancamento e abertura: quando o impulsor do


ferrolho recua, suas rampas de destrancamento entram em contato com
os ressaltos de destrancamento do ferrolho, e fazem com que a parte
posterior do ferrolho se erga e abandone o seu apoio na caixa da culatra;

– Extração (2ª fase): o batente do ferrolho no impulsor entra


em contato com o ferrolho, que é levado para a retaguarda. Nesse
momento, a garra do extrator extrai o estojo da câmara, conservando-o
preso ao ferrolho;

412
Manual de Armamento Convencional

– Ejeção: quando a face anterior do ferrolho se acha próxima


do defletor da janela de ejeção, o estojo choca-se contra o ejetor, que o
obriga a girar e a sair para cima e para a direita;

– Engatilhamento: durante seu movimento de recuo, o


impulsor do ferrolho força para baixo a cabeça do martelo, fazendo com
que o dente de engatilhamento, localizado em sua parte inferior, conecte-
se com o gatilho intermediário, o que caracteriza o engatilhamento;

– Apresentação: durante a última parte do movimento das


peças móveis para trás, os cartuchos existentes no carregador, sob
o impulso da mola do transportador, sobem, e o primeiro cartucho
apresenta seu culote, de maneira a ser empurrado pelo ferrolho, quando
este avançar;

– Limite de recuo: depois desta fase, o movimento das peças


móveis continua, até que o conjunto ferrolho-impulsor do ferrolho
venha para junto da parte posterior da armação; durante o recuo houve
compressão das molas recuperadoras que se situam, parcialmente, em
um furo na parte anterior do impulsor do ferrolho e apóiam suas espirais
posteriores na tampa da caixa da culatra. Por ocasião do recuo do
impulsor do ferrolho, são inteiramente comprimidas no interior deste.

d) Avanço das peças móveis:

– Ação das molas recuperadoras:

 as molas recuperadoras, em certo momento de sua


compressão, impedem que o conjunto ferrolho-impulsor
do ferrolho prossiga em seu recuo;

 a seguir, impelem tal conjunto para frente, por intermédio


do impulsor do ferrolho;

 as rampas de impulso, existentes no impulsor do


ferrolho, entram em contato com o ferrolho, e este é
impelido para ir à frente.

– Retenção do ferrolho: depois de ter saído o último cartucho


do carregador, o gancho do transportador entra em contato com o retém
do ferrolho e, sob a pressão da mola do transportador, levanta o retém;
quando o ferrolho procura avançar, encontra em seu caminho o retém

413
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

do ferrolho e fica preso; a arma fica aberta e o·operador é “avisado” de


que o carregador está vazio;

– Introdução:

quando o ferrolho avança, a parte inferior de sua face



anterior entra em contato com o culote do estojo, levando-o
para frente;

a ponta do projétil, ao avançar, encontra a rampa de acesso,



que se eleva, e orienta aquela ponta, para que haja a
introdução na câmara de carregamento. Nesse momento,
o cartucho está liberado, parcialmente, das abas do
carregador;

– Carregamento e fechamento: o ferrolho, ao avançar, libera


o cartucho das abas do carregador e o introduz completamente na
câmara, realizando o carregamento. O ferrolho terminou seu avanço,
embora ainda não esteja trancado;

– Extração (1ª fase): no momento em que termina o


carregamento, dá-se a 1ª fase da extração, pois o ferrolho, procurando
avançar mais, obriga o extrator a erguer-se e empolgar, com sua garra,
a virola de estojo;

– Trancamento: como o ferrolho não pode avançar mais, seu


impulsor, por intermédio de sua rampa de impulso (que age sobre a
rampa de impulso do ferrolho) obriga o ferrolho a baixar; as rampas de
trancamento do impulsor e do ferrolho entram em contato e impelem
este último para baixo. O ferrolho se coloca, então, adiante do apoio do
ferrolho, ocasionando o trancamento da arma, quando a face inferior da
montagem do impulsor do ferrolho coloca-se sobre a parte superior do
ferrolho e impede que este se levante;

e) Segurança adicional

– pela posição do percussor: durante o movimento das peças


móveis, a cauda do percussor está oculta pelo impulsor do ferrolho;
somente quando se dá o trancamento completo pela chegada do
impulsor do ferrolho à sua posição mais avançada, é que a cauda do
percussor fica descoberta. Só então, é que pode ser realizada a ação do
martelo sobre o percussor, para que haja percussão;

414
Manual de Armamento Convencional

f ) Tiro de repetição

Para o Iançamento de granadas de bocal, o que não é a realidade


operacional da PMMG, emprega-se o “tiro de repetição”. Posicionando-
se o obturador do cilindro de gases em usa posição fechado (letra “G”
para cima), os gases não penetram no cilindro e a arma passa a funcionar
como arma de repetição, com aproveitamento máximo de gases no
interior do cano.

Utiliza-se cartucho especial para lançamento, sem projétil, que


contém a carga de projeção da granada de bocal

20.5 Inspeção preliminar

Para a realização da inspeção preliminar, deverão ser verificados os


aspectos e os itens relacionados abaixo:

a) Aspectos gerais:

– sinais de ferrugem ou corrosão no acabamento externo;

– falta de pinos, parafusos ou qualquer outra peça externa;

– possíveis obstruções no cano;

– existência de resíduos de pólvora ou poeira nas partes


internas;

– abas do carregador e a pressão da mola da mesa


transportadora;

– existência de amassamentos ou sujeiras na alça e na massa


de mira;

– condições da coronha rebatível;

b) Aspectos de funcionamento:

– retirar o carregador e efetuar dois ou três manejos com


o ferrolho para verificar seu correto e normal funcionamento. Esse
procedimento serve, ainda, para observar a inexistência de cartuchos
na câmara;

– inserir o carregador vazio na arma, que deverá estar com

415
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

o registro de tiro e segurança em “R”, e puxar o ferrolho à retaguarda.


Nessa condição, a arma deve parar aberta;

– colocar e retirar o carregador de seu alojamento, verificando


o funcionamento do retém;

– verificar a posição do obturador do cilindro de gases, que


deverá estar com a letra “A” para cima;

– verificar o anel regulador do escape de gases (cilindro de


gases);

– verificar a integridade do percussor (para tal operação, é


necessário bascular a caixa da culatra e iniciar a retirada da tampa da
caixa da culatra e do impulsor do ferrolho para se ter acesso à cauda do
percussor);

c) Aspectos de segurança:

– com a arma fechada e engatilhada, posicionar o registro


de tiro e segurança em “S” (segurança) e pressionar o gatilho. Nessa
condição, o arrasto do gatilho deverá ser travado, ficando o mecanismo
de disparo bloqueado para o funcionamento.

20.6 Manejo básico

É o conjunto de ações que o policial deve conhecer para que possa


manusear os diversos modelos de fuzis Imbel 7,62 mm, e será executado
conforme descrito abaixo.

a) Travar: colocar o registro de tiro e segurança na posição “S”


de segurança (gatilho travado), conforme Figura 147 e 148.

416
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 147 – Registro seletor de tiro nas posições “R”.

FIGURA 148 – Registro seletor de tiro na posição “S”.

b) Municiar o carregador: introduzir um a um dos cartuchos


no carregador, com os projéteis voltados para o lado da nervura do
carregador (Figura 149). Pode, também, ser utilizado um aparelho
municiador que facilite essa operação.

417
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 149 – Municiamento do carregador do fuzil.

c) Alimentar: introduzir o carregador, encaixando a lingueta


existente em sua face anterior superior, no interior de seu alojamento
na parte inferior da armação. Girar a parte posterior do carregador para
cima até que seja encaixado, o que será caracterizado por um clique.
Puxar o carregador para verificar se ficou preso pelo retém. (Figuras 150,
151 e 152);

FIGURA 150 – Encaixe do carregador.

418
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 151 – Introdução do carregador na arma.

FIGURA 152 – Posicionamento correto do carregador.

d) Abrir a arma:

– apoiar a arma;

– puxar a alavanca de manejo;

– com a mão inversa, prender o retém do ferrolho;

– soltar devagar a mão que prende a alavanca de manejo;

e) Carregar a arma:

– 1ª opção: com a arma alimentada e fechada, puxar a alavanca


de manejo à retaguarda. Assim, o retém do ferrolho cairá pela ação da
gravidade. Ao soltar a alavanca, o impulsor do ferrolho se deslocará

419
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

para frente, o ferrolho empurrará o primeiro cartucho do carregador e o


introduzirá na câmara (Figura 153);

– 2ª opção: com a arma alimentada e aberta, abaixar o retém


do ferrolho. O impulsor do ferrolho será liberado e, ao se deslocar para
frente, retirará um cartucho do carregador e o introduzirá na câmara.

FIGURA 153 – Carregamento da arma.

20.7 Manejo operacional

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta, e com a coronha voltada


para quem a recebe, possibilitando, de pronto, visualizar a câmara, o que
consiste em um fator adicional de segurança para os envolvidos;

– desmontar em primeiro escalão, limpar, lubrificar e montar;

– realizar a inspeção preliminar de acordo com as orientações


previstas em “20.5”, observando os aspectos gerais, de funcionamento
e de segurança;

– sem colocar o carregador, fechar a arma e posicionar o


registro de tiro e segurança em “S” (travar);

– municiar os carregadores e alimentar a arma.

420
Manual de Armamento Convencional

Em razão de seu emprego operacional, padronizado em


“20.10” e “20.11”, esta arma é conduzida para o serviço fechada, somente
alimentada, e travada, até que disparo seja necessário.

b) Para deixar a arma em condições de pronto emprego:

– trazer a alavanca de manejo à retaguarda e soltar, carregando


a arma;

– caso seja necessário o disparo:

destravar e acionar gatilho.


c) Para retornar a arma à sua condição de patrulhamento,


após ter carregado, tendo realizado disparo ou não:

travar a arma;

retirar o carregador;

descarregar a arma manobrando a alavanca de manejo;


recolocar o cartucho ejetado no carregador;


realimentar a arma.

d) Para devolver a arma à reserva de armamento, ao


término do serviço:

– dirigir-se até a caixa de areia e apontar para o interior desta


(procedimento obrigatório);

– retirar o carregador;

– abrir a arma, mantendo-a aberta com o ferrolho preso por


seu retém;

– desmuniciar o carregador;

– entregar a arma com a coronha voltada para o funcionário da


reserva de armamento, bem como os carregadores vazios.

421
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

20.8 Desmontagem de 1º escalão

Para iniciar a desmontagem, a adoção das seguintes medidas


preliminares de segurança é necessária:

– manter o dedo fora do gatilho e voltar o cano para uma


direção segura;

– travar a arma;

– retirar o carregador;

– abrir a arma e reter o ferrolho aberto;

– fazer inspeção visual e tátil da câmara;

– fechar a arma;

– retirar o reforçador para tiro de festim, caso esteja na arma;

– retirar bandoleira, caso haja.

FIGURA 154 – Abrir a arma.

– para retirar o carregador: pressionar o retém do


carregador, localizado logo na parte posterior esquerda de seu
alojamento na armação, girar sua parte inferior para frente, e retirá-lo
(Figura 155);
422
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 155 – Retirada do carregador.

Procedimentos de desmontagem
a) Abrir a caixa da culatra
– posicionar a arma na horizontal, com o cano voltado para
a esquerda, visualizando seu lado esquerdo;
– com o polegar, deslocar o botão existente na parte anterior
da chaveta do trinco de armação, e bascular o conjunto cano/caixa da
culatra, conforme Figuras 156 e 157;

FIGURAS 156 – Acionamento da chaveta do trinco da armação


(início do basculamento da caixa da culatra).

423
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURAS 157 – Final da sequência para basculamento da caixa da culatra.

b) Retirar a tampa da caixa da culatra, juntamente com o


ferrolho, impulsor do ferrolho, fazendo-os deslizar, para trás, nas guias
da caixa da culatra, conforme Figura 158, tomando-se o cuidado de
segurar o impulsor do ferrolho, tão logo ele surja, para que não caia.
No interior da tampa da caixa, estão presas as molas recuperadoras e as
hastes guias – não tentar separá-las;

FIGURA 158 – Retirada do conjunto ferrolho e tampa da caixa da culatra.

424
Manual de Armamento Convencional

c) Separar o conjunto da tampa da caixa da culatra, do


conjunto ferrolho/impulsor do ferrolho (Figura 159);

FIGURA 159 – Separação da tampa da caixa da culatra do impulsor do ferrolho.

d) Separar o ferrolho do seu impulsor: afastar a parte anterior do


ferrolho do interior de seu alojamento no impulsor, ao mesmo tempo
em que exerce pressão na cauda do percussor, fará com que o impulsor
se desprenda do conjunto (utilize uma superfície dura e lisa, ou o dedo
polegar, como base) (Figura 160);

FIGURA 160 – Separação do ferrolho.

425
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

e) Retirar o percussor e sua mola: pressionar a cauda do


percussor com o dedo polegar, retirar o pino do ferrolho com o auxílio
de um toca-pino (Figura 161). Após retirado o pino, o percussor sairá de
seu alojamento por força de sua mola (Figura 162);

FIGURA 161 – Retirada do pino do percussor.

FIGURA 162 – Retirada do percussor.

g) Retirar o obturador do cilindro de gases fazendo pressão


sobre o retém do obturador, girar de 1/4 de volta (90º), no sentido dos
ponteiros do relógio, e retirá-lo (Figura 163);

426
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 163 – Retirada do obturador do cilindro de gases.

h) Retirar o êmbolo e separá-lo da mola. A última espiral da


mola é a mais apertada para mantê-la fixada ao êmbolo (Figura 164);

FIGURA 164 – Retirada do êmbolo.

427
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

i) Desmontar o carregador: retirar a chapa localizada em sua


base, deslizando-a para retaguarda, após alavancar sua parte posterior
com uma chave de fenda. Retirar a mola do carregador e o transportador.

Terminadas essas operações, tem-se a arma desmontada em 1º escalão,


conforme Figura 165 (a figura não mostra o carregador desmontado).

FIGURA 165 – Fuzil desmontado em 1º escalão (sem o carregador).

Ressalta-se que a tampa da caixa da culatra dos fuzis Imbel de coronha


rebatível possui, em sua parte posterior, um ressalto-gancho que se
encaixa no bloco da armação. Esse dispositivo impede a abertura
normal da arma quando as peças móveis não se encontram à frente
(arma fechada), com o fim de se evitar a projeção da tampa para trás,
devido à pressão das molas recuperadoras.

Se, por uma razão ou outra, as peças móveis não puderem avançar
completamente, a abertura da arma poderá ser executada da seguinte
forma:

– efetuar a manobra normal. A tampa, empurrada pelas molas


recuperadoras retrocede ligeiramente e seu gancho se encaixa no
alojamento do bloco da armação;

– introduzir a lâmina de baioneta entre a tampa e a parte


interior da alça de mira;

– com a ajuda da baioneta, exercer uma pressão sobre a tampa,


até vencer a resistência das molas, cuidando para segurar a tampa assim
que a arma abrir:

428
Manual de Armamento Convencional

– separar o mecanismo móvel da tampa;

– comprimir ligeiramente as molas recuperadoras, atuando


sobre o impulsor do ferrolho, e desprendê-lo da tampa;

– prosseguir, conforme desmontagem normal.

20.9 Montagem

A montagem deve ser realizada observando-se a sequência inversa à da


desmontagem, ou seja, monta-se primeiramente o êmbolo, em seguida
o obturador de gases, percussor, ferrolho/impulsor do ferrolho, impulsor
do ferrolho na tampa da caixa da culatra, introdução da tampa da caixa
da culatra na armação e fechamento da caixa da culatra.

20.10 Emprego operacional

Em razão da grande energia e dos grandes alcances atingidos pelo


calibre 7,62, o emprego indiscriminado desse fuzil, principalmente em
áreas urbanas, é altamente arriscado. Por isso, não deve ser utilizado
como arma de uso imediato79 sendo, seu emprego operacional, restrito
aos seguintes casos:

a) quando a situação exigir um tiro de longo alcance, a partir


de 100 metros;

b) em confronto contra infratores entrincheirados, sem tomada


de reféns;

c) durante a captura de infratores perigosos em zonas rurais;

d) contra criminosos de alta periculosidade, cujas armas são


mais poderosas do que as geralmente usadas pelos policiais;

e) na ocupação de pontos estratégicos, sensíveis e vulneráveis


em áreas de risco;

f ) nas operações de cerco, bloqueio e interceptação;

g) nas ações e operações de cerco em áreas rurais;

79 Principal arma portada pelo policial, normalmente de porte. Em alguns casos, carabinas e fuzis
5,56, e carabinas e submetralhadoras 9 mm e .40.

429
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

h) outros julgados convenientes, com base na avaliação de


riscos.

Mesmo assim, todos os cuidados devem ser tomados para que um


disparo, perdido ou não (capacidade de transfixação), não venha a atingir
pessoas inocentes, o que é responsabilidade do usuário. Não deve ser
utilizado em abordagens urbanas de rotina, em combate aproximado,
em ambientes confinados, ou locais com grande concentração de
pessoas.

O emprego da arma será feito a comando, e diante de uma situação real.

20.11 Condução da arma

a) Pelo policial a pé ou desembarcado:

Somente poderão utilizar o fuzil calibre 7,62 policiais


devidamente capacitados e habilitados para tal, conforme regras
estabelecidas no Manual de Treinamento com Armas de Fogo da PMMG.
Durante o deslocamento, de acordo com o terreno e com a avaliação
do risco presente em cada missão, a arma poderá estar alimentada
ou carregada, mas sempre em bandoleira de dois ou três pontos, em
condição que facilite a adoção da postura de pronta resposta.

Quando o policial tiver que conduzir a arma no interior dos


quartéis ou estandes, sempre deverá deixá-la descarregada e sem o
carregador, conduzindo-a cruzada à frente do peito, em bandoleira, a
tira-colo, ou na mão, segura pela alça de transporte (Figura 166).

430
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 166 – Transporte pela alça.

b) Em viaturas:

Recomenda-se acondicionar a arma em local adaptado e


destinado a este armamento. Deve-se colocá-lo em suporte de metal,
com presilhas em velcro, de forma que a arma fique na posição de pé,
com o cano voltado para cima, somente alimentada, e com gatilho
travado.

Caso venha a ser conduzido na viatura, individualmente, pelo


comandante ou patrulheiro, considerando-o assentado, recomenda-
se transportá-lo entre as pernas, seguro pelas duas mãos, com o cano
voltado para cima, ou ainda, em bandoleira, com a arma à frente do
corpo, e seu cano voltado para baixo, e entre as pernas.

LEMBRE-SE: a arma estará na viatura policial SEMPRE


fechada, com o gatilho travado e SOMENTE ALIMENTADA.

20.12 Defeitos e incidentes de tiro

Os incidentes de tiro são muito raros em armas, quando são objeto


de cuidadosa manutenção preventiva, e operadas corretamente. A

431
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

causa do incidente é, normalmente, eliminada por um conjunto de


procedimentos chamado “ação imediata”.

Diante da ocorrência de uma pane ou incidente, os procedimentos de


ação imediata são os seguintes:

a) travar o gatilho;

b) retirar o carregador;

c) dar dois golpes de segurança para extrair, se possível, e


ejetar um cartucho ou estojo que esteja na arma;

d) examinar, cuidadosamente, a caixa da culatra, a câmara e a


“alma”, para ver se existe qualquer anormalidade;·

e) deixar o conjunto-impulsor do ferrolho ir para sua posição


mais avançada;

f ) recolocar o carregador;

g) acionar a alavanca de manejo para carregar (introduzir um


cartucho na câmara) a arma; e

h) destravar e recomeçar o tiro.

Caso a arma não reinicie o seu funcionamento normal, repetir as quatro


primeiras operações e pesquisar as causas, observando os escalões de
manutenção.

Os incidentes de tiro mais comuns são os apresentados no quadro a


seguir.

As medidas corretivas só devem ser realizadas após a execução das


quatro primeiras operações da “ação imediata”.

432
Manual de Armamento Convencional

QUADRO 33
RELAÇÃO DE DEFEITOS E INCIDENTES DE TIRO COM FUZIS CALIBRE
7,62 MM CAUSAS E MEDIDAS CORRETIVAS
INCIDENTE CAUSAS MEDIDAS CORRETIVAS

1) Falta de recuo ou insuficiência


1) Reduzir o escape de
de gás: o ferrolho não recuou, ou
gases, por meio do anel
o fez de modo incompleto, e não
Falha na regulador do escape de
extraiu, ou não ejetou, ou não
apresentação gases.
levou outro cartucho à câmara de
ou no 2) Aumentar o escape de
carregamento.
carregamento gases.
2) Excesso de gás: o ferrolho recua
3) Examinar, limpar ou
violentamente.
substituir o carregador.
3) Carregador sujo ou defeituoso.

1) Limpar a câmara.
1) Câmara suja. 2) Limpar a arma.
Falha no 2) Arma suja. 3) Retirar o cartucho
carregamento 3) Cartucho defeituoso. defeituoso.
4) Ruptura de estojo. 4) Participar ao superior
imediato.

1) Extrair e ejetar o
1) Cartucho defeituoso.
cartucho defeituoso.
Falha na 2) Defeito no trancamento da
2) Limpar a arma.
percussão arma por sujeira.
3) Participar ao superior
3) Percussor defeituoso.
imediato.

1) Reduzir o escape de
1) Insuficiência de gases. gases.
Falha na 2) Câmara suja. 2) Limpar a câmara.
extração 3) Estojo sujo. 3) Limpar a munição.
4) Extrator defeituoso. 4) Participar ao superior
imediato.

1) Reduzir o escape de gás.


1) Insuficiência de gás.
2) Limpar a arma.
Falha na ejeção 2) Caixa da culatra suja.
3) Participar ao superior
3) Ejetor defeituoso.
imediato.

Fonte: BRASIL, 2003, p 6-9.

433
CAPÍTULO 21

FuziL 5,56 mm imbel MD2A1


Manual de Armamento Convencional

21 FuziL 5,56 mm imbel MD2A1

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA (“SEGURANÇA
A 200%”)
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEM-
PRE fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua


arma SEMPRE voltado para uma direção segura.

Em calibre 5,56 x 45 mm NATO, também é derivado do Fz 7,62 M964 A1


“PARAFAL”, e composto pela maioria das peças desta arma, possuindo o
mesmo princípio de funcionamento e manejo idêntico. Opera somente
em regime semi-automático, motivo pelo qual não é denominado FAL
ou PARAFAL.

21.1 Características

O quadro 34 apresenta as características do fuzil 5,56 MD2 A1. A maioria


dos dados é similar aos do fuzil 7,62 A1 MD3, estudado no capítulo
anterior

437
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 34
CARACTERÍSTICAS DO FUZIL IMBEL 5,56 MD2 A1
ITEM DESCRIÇÃO
1. Designação 1.1 Nomenclatura: Fuzil calibre 5,56 mm IMBEL MD2 A1.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, com 6 raias à direita e passo
de 305 mm.
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2. Classificação
2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador tipo M16A1, em cofre
metálico, com capacidade para 20 ou 30 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: tomada de gases
em um ponto do cano. Ação indireta dos gases (êmbolo).
3.1 AIça de mira: tipo visor basculante, graduada para 150 e 250
3. Aparelho de metros com proteção lateral, regulável em direção e alcance.
pontaria 3.2 Massa de mira: tipo ponto, regulável em alcance, com
proteção lateral.
4.1 Calibre: 5,56 x 45 mm NATO
4.2 Pesos: arma sem carregador = 4,7 kg; carregador vazio:
para 20 cartuchos = 0,091 kg, para 30 cartuchos = 0,113 kg;
carregador cheio: com 20 cartuchos = 0,380 kg, com 30
cartuchos = 0,465 kg.
4.3 Comprimento da arma: com coronha rebatida = 770 mm;
com coronha aberta = 1010 mm.
4. Dados 4.4 Cano: comprimento = 453 mm.
numéricos 4.5 Cadência prática de tiro: 60 tiros/min.
4.6 Velocidade prática do tiro: 120 tiros/min.
4.7 Alcance máximo: 1800 m.
4.8 Alcance útil: 900 m.
4.9 Alcance de utilização (com precisão): 300 m.
4.10 Alcance prático: 100 m.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 960 m/s (munição real).

438
Manual de Armamento Convencional

21.2 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas: somente


munição real.

c) munição real:

– calibre 5,56 x 45 mm NATO M193 BALL;

– calibre 5,56 x 45 mm NATO SS109 AP.

Também, por questões de Direitos Humanos, é desaconselhável o uso


de munições expansivas.

21.3 Considerações

Como é totalmente similar ao Fuzil 7,62 A1 MD3, as atividades de inspeção


preliminar, manejo, básico e operacional, desmontagem e montagem
de primeiro escalão, e a relação de defeitos e incidentes de tiro são,
praticamente, as mesmas previstas para aquela arma, à exceção da retirada
e a colocação do carregador, que é feita na vertical, sem giro. O retém do
carregador é localizado no lado direito da arma, em forma de botão.

Outra diferença é que o fuzil 5,56 se trata de uma arma de uso imediato,
ou seja, pode ser utilizado como primeira arma do policial, na rotina
operacional. Assim sendo, os procedimentos para emprego operacional
são descritos a seguir.

21.4 Manejo operacional

a) Ao receber a arma na reserva de armamento:

– a arma deverá ser recebida aberta, e com a coronha voltada


para quem a recebe, possibilitando, de pronto, visualizar a câmara, o que
consiste em um fator adicional de segurança para os envolvidos;

– desmontar em primeiro escalão, limpar, lubrificar e montar;

– realizar a inspeção preliminar de acordo com as orientações


previstas em “20.5”, observando os aspectos gerais, de funcionamento
e de segurança;

439
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– posicionar o registro de tiro e segurança em “S” (travar);

– municiar os carregadores e alimentar a arma.

– carregar.

Em razão de seu emprego operacional, esta arma é conduzida


para o serviço fechada, alimentada, carregada e travada, até que disparo
seja necessário.

b) Para deixar a arma em condições de pronto emprego:

– já estará nessa condição;

– caso seja necessário o disparo:

destravar e acionar gatilho.


c) Para retornar a arma à sua condição de patrulhamento:

– se não efetuou disparo:

travar;

– se efetuou disparo:

travar;

retirar o carregador e completá-lo;


realimentar a arma.

d) Para devolver a arma à reserva de armamento, ao


término do serviço:

– dirigir-se até a caixa de areia e apontar para o interior desta


(procedimento obrigatório);

– retirar o carregador;

– abrir a arma, descarregá-la e mantê-la aberta, com o ferrolho


preso por seu retém;

– desmuniciar o carregador;

440
Manual de Armamento Convencional

– entregar a arma com a coronha voltada para o funcionário da


reserva de armamento, bem como os carregadores vazios.

21.5 Emprego operacional

É apropriado para ações e operações policiais, que exijam tiro preciso a


uma distância considerável (entre 50 e 100 metros), onde o uso de armas
de porte é pouco apropriado e ineficaz. Possui boa potência e razoável
capacidade de municiamento, com até 30 munições por carregador e,
ainda, boas possibilidades de incapacitação imediata.

É uma arma de uso imediato, adequada, no serviço policial, para todos os


tipos de ações ou operações, desde a abordagem de rotina, até atuação
em áreas de risco e ocorrências complexas e perigosas.

O tiro de precisão a longas distâncias deve restringir-se a situações


extraordinárias. Da mesma forma que o fuzil 7,62, para sua utilização, o
policila deve ser capacitado e habilitado, conforme prevê o Manual do
Treinamento com Armas de Fogo da PMMG.

21.6 Condução da arma

a) Pelo policial a pé ou desembarcado:

Durante o deslocamento, a arma estará alimentada, carregada


e travada. De acordo com o terreno e a avaliação do risco, poderá ser
destravada, mesmo se não for necessário o disparo, sendo o “controle da
direção do cano e o dedo fora do gatilho”, uma constante.

Deverá, ainda, estar sempre em bandoleira de dois ou três


pontos, em condição que facilite a adoção da postura de pronta resposta.

Quando o policial tiver que conduzir a arma no interior dos


quartéis ou estandes, sempre deverá deixá-la descarregada e sem o
carregador, conduzindo-a, cruzada à frente do peito, em bandoleira, a
tira-colo, ou na mão, segura pela alça de transporte.

b) Em viaturas:

No interior de viaturas, o fuzil 5,56 estará na mesma condição


prevista para desembarcado. Recomenda-se acondicionar a arma em
local adaptado e destinado a este armamento. Deve-se colocá-la em
suporte de metal, com presilhas em velcro, de forma que a arma fique

441
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

na posição de pé, com o cano voltado para cima, somente alimentada, e


com gatilho travado.

Caso venha a ser conduzido na viatura, individualmente, pelo


comandante ou patrulheiro, considerando-o assentado, recomenda-
se transportá-lo entre as pernas, seguro pelas duas mãos, com o cano
voltado para cima, ou ainda, em bandoleira, com a arma à frente do
corpo, e seu cano voltado para baixo, e entre as pernas.

LEMBRE-SE: a arma estará na viatura policial FECHADA,


ALIMENTADA, CARREGADA e TRAVADA.

Demais aspectos, considerações e informações técnicas, consultar o


capítulo anterior.

442
CAPÍTULO 22

Carabina 5,56
IMBEL MD97LC
Manual de Armamento Convencional

22 Carabina 5,56 IMBEL MD97LC

AO MANUSEAR ARMAS DE FOGO, APLIQUE SEMPRE


ESTAS DUAS REGRAS DE SEGURANÇA (“SEGURANÇA
A 200%”)
a) DEDO FORA DO GATILHO: mantenha o dedo SEMPRE
fora do gatilho, até que o disparo seja necessário.

b) CONTROLE DO CANO: mantenha o cano de sua arma


SEMPRE voltado para uma direção segura.

22.1 Conceitos de carabina

Carabina é uma arma de fogo portátil, com cano de alma raiada. O termo
é definido por dois conceitos:

a) Na origem histórica, refere-se a fuzis de combate (de


ferrolho, ou por ação de gases), que tiveram suas dimensões reduzidas
para um emprego específico – tropas de cavalaria montada e pára-
quedistas, combate a curtas distâncias, ou em ambientes saturados de
obstáculos, como selvas e áreas urbanizadas. Suas características básicas
são: a redução do tamanho geral, do comprimento do cano, do peso
e dos alcances de emprego, bem como, em alguns casos, a utilização
de munições menores e mais leves. As armas que se enquadram neste
conceito utilizam munições de alta energia.

b) Um segundo conceito, este bastante difundido no Brasil,


define carabina como: arma portátil, com cano de alma raiada,
construída para disparar munições originariamente concebidas para
uso em armas de porte (pistolas ou revólveres), tais como .22LR, .38SPL,
.40S&W, .45ACP, .357 Magnum, dentre outros.

22.2 Características

Os fuzis MD97 L possui boa parte de suas peças construídas em alumínio


nacional, produzido pela ALCOA, similar ao 7075t norte-americano
(duralumínio utilizado na fabricação de aeronaves). O material garante
uma resistência mecânica e térmica muito superior às versões iniciais,

445
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

reduzindo, em quase ¼, o peso da arma em relação aos fuzis Imbel de


mesmo calibre.

A coronha é produzida de material composto. A caixa de culatra utiliza


um pino de fechamento e fixação transversal, facilitando a montagem e
a desmontagem.

Os reténs do carregador, com molas suavizadas, permitem uma fácil


operação de modo ambidestro, utilizando apenas o dedo indicador da
mão que empunha a arma.

O cano da arma é inteiramente revestido de cromo duro em sua parte


interna.

A versão longa (MD97 L), ilustrada na foto superior da Figura 167, utiliza,
exclusivamente, uma alça de mira deslizante, com regulagem de 200 a
600 m, em incrementos de 100 m.

FIGURA 167 – Fuzil de assalto MD97 L (foto superior) e Carabina MD97 LC (foto inferior)

Já a versão curta ou carabina (assim classificada pelo tamanho reduzido


do cano) (Figura 168), utiliza uma alça de mira em “L”, com posições
calibradas para 150 e 250 m.

446
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 168 – Carabina MD97 LC.

As nomenclaturas corretas são Fz 5,56 IMBEL MD97 L e Ca 5,56 IMBEL


MD97 LC.
A carabina MD 97LC, de funcionamento semi-automático e de coronha
rebatível, possui duas outras versões, a MD97 LM (funcionamento
automático total, e controlado de três tiros, e coronha rebatível) e a
MD97 LF (coronha rígida). O modelo MD97 LM possui seletor de tiro para
semi-automático (intermitente), automático (rajada total) e uma opção
de rajada controlada de três tiros, presente também no fuzil MD97 L.
Os fuzis e as carabinas MD97 possuem ainda um ferrolho com sistema
de trancamento rotativo. Tal sistema impede a abertura direta da arma,
e reduz o recuo.
A nomenclatura MD97 L significa modelo 97 leve e a MD97 LC significa
modelo 97 leve e curto. De forma adaptada, tanto o Fz MD97 L quanto
a Ca MD97 LC são derivados do FN-FAL e são acionados por um pistão
curto (tipo de êmbolo), que, por sua vez, utiliza a ação dos gases do
disparo com tomada em um ponto do cano.
Como outras armas da família Imbel, a MD97 L ou a LC podem utilizar
um lançador de granadas de calibre 40 mm M203.
No quadro 35, são elencadas as características da carabina MD97 LC, mais
utilizada na PMMG, havendo, para o fuzil MD97 L, algumas diferenças na
designação, no funcionamento, no peso e nas dimensões. Nos modelos
MD97 LM e MD97 LF, há diferenças, principalmente quanto ao peso,
funcionamento, tamanho da arma e do cano e, devido a esse último, à
velocidade inicial do projétil e aos alcances.

447
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 35

CARACTERÍSTICAS DA CA MD97LC

ITEM DESCRIÇÃO
1. Designação 1.1 Nomenclatura: carabina 5,56 IMBEL MD97 LC.
2.1 Quanto ao tipo: portátil.
2.2 Quanto ao emprego: individual.
2.3 Quanto à alma do cano: raiada, com seis raias à direita e
passo de 1:10” (1:254 mm).
2.4 Quanto ao sistema de carregamento: retrocarga.
2.5 Quanto ao sistema de inflamação: percussão intrínseca
central indireta.
2. Classificação 2.6 Quanto à refrigeração: a ar.
2.7 Quanto à alimentação: carregador metálico, tipo·cofre,
padrão Colt M16A1, com capacidade para 30 cartuchos.
2.8 Quanto ao sentido de alimentação: de baixo para cima.
2.9 Quanto ao funcionamento: semi-automático.
2.10 Quanto ao princípio de funcionamento: tomada de gases
em um ponto do cano. Ação indireta dos gases (êmbolo).
3.1 AIça de mira: tipo visor circular basculante, regulável em
3. Aparelho de alcance e direção.
pontaria 3.2 Massa de mira: tipo ponto, com proteção lateral, e regulável
em alcance.
4.1 Calibre: 5,56 mm x 45 mm.
4.2 Peso: sem carregador 3,300 kg.
4.3 Comprimento da arma: aberta 850 mm, com coronha
rebatida 600 mm.
4.4 Comprimento do cano: 330 mm.
4.5 Velocidade teórica de tiro: 120 tiros/min.
4. Dados
4.6 Velocidade prática do tiro: 60 tiros/min
numéricos
4.7 Alcance máximo: 1800 metros.
4.8 Alcance útil: 800 m.
4.9 Alcance de utilização (com precisão): 300 m.
4.10 Alcance prático: 100 m.
4.11 Velocidade inicial do projétil: 780 m/s (munição real).

448
Manual de Armamento Convencional

22.3 Munições utilizadas pela PMMG

a) munição de manejo: montada com componentes inertes


ou usinada em latão.

b) munição para treinamento e práticas esportivas: somente


munição real.

c) munição real:

– calibre 5,56 x 45 mm NATO M193 BALL;

– calibre 5,56 x 45 mm NATO SS109 AP.

Também, por questões de Direitos Humanos, é desaconselhável o uso


de munições expansivas.

22.4 Mecanismo de segurança

A carabina MD97 LC possui um registro de tiro e segurança com


duas posições: “S”, segurança, e “R” ou “I” (tiro intermitente ou semi-
automático).

a) quando posicionado em “S”, ocorre o travamento do gatilho.


Isso significa que o mecanismo da arma continua funcionando, exceto o
mecanismo de disparo;

b) quando posicionado em “I”, a arma está destravada, e em


regime de tiro semi-automático.

22.5 Funcionamento

Utiliza sistema de ferrolho rotativo, que se tranca diretamente com uma


peça denominada extensão do cano, assim como a maioria dos demais
projetos de fuzis automáticos no calibre 5,56 x 45 mm. A caixa da culatra,
nesse modelo, passa a ser apenas a estrutura que abriga e relaciona os
sistemas de alimentação, trancamento, disparo e extração/ejeção da
arma.

Tal estrutura possibilita a fabricação com materiais mais leves e menos


resistentes que o aço, visto serem menores as forças ali exercidas.
Funcionam por ação da força expansiva dos gases resultantes da
queima da carga de projeção. Para o aproveitamento de tal força, que

449
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

irá atuar no destrancamento do ferrolho, existe uma tomada de gases


no terço médio do cano. Os gases atuam, então, sobre um êmbolo
situado próximo à tomada de gases, o que evita o acúmulo de resíduos
provenientes da queima dos gases propelentes na crítica região do
ferrolho.

A posição do sistema de gases acima da linha geral da arma permitiu,


ainda, manter o centro de gravidade sobre o eixo longitudinal do
fuzil e da carabina. Tal fato, aliado ao dimensionamento do sistema
de trancamento, permite que o destrancamento e a abertura da
arma, durante o ciclo de funcionamento, só se dê após o projétil ter
ultrapassado a “boca” do cano. Dessa forma, a precisão do tiro não é
comprometida pelo deslocamento de massas.

O cano de “alma” raiada é recoberto com uma camada de cromo duro,


a fim de aumentar a sua vida útil e facilitar a limpeza interna. Aliado
ao passo do raiamento, produzem uma balística externa e terminal
adequada, independentemente do tipo de munição utilizada.

As operações de funcionamento são idênticas às dos fuzis 5,56 e 7,62,


à exceção do trancamento e destrancamento do ferrolho rotativo. Para
melhor entendimento, a mecânica do funcionamento será estudada
partindo-se da arma alimentada, carregada, fechada, trancada,
engatilhada e destravada. Ao acionamento do gatilho, ocorrerá o
disparo e,

a) A ação dos gases

b) O recuo das peças móveis:

– destrancamento: em seu movimento de recuo, o impulsor do


ferrolho, por intermédio do orifício em forma de came, localizado em sua
face esquerda, força o pino do ferrolho para baixo, provocando-lhe um
giro de cerca de 1/8 de volta, no sentido anti-horário; esse giro direciona
os ressaltos de trancamento do ferrolho para os entalhes de passagem
na extensão do cano; tão logo se complete esse giro, o destrancamento
está completo;

– abertura: após o destrancamento, o impulsor do ferrolho


continua seu movimento levando consigo, o ferrolho; tão logo a face
anterior do ferrolho perca contato com a parte posterior da câmara, dá-
se a abertura da arma.

450
Manual de Armamento Convencional

– extração 2ª fase: a garra do extrator que segura a virola do


estojo, durante o movimento de recuo do ferrolho retira o cartucho da
câmara totalmente;

– ejeção 2ª fase: tão logo o estojo tenha sido retirado totalmente


da câmara, o ejetor móvel, que se encontra forçando o culote, por trás
e pela esquerda, o empurra para a direita e para cima, auxiliado pelo
extrator, na direção da janela de ejeção; assim que o estojo passar pela
janela, deu-se a ejeção 2ª fase;

– apresentação de novo cartucho: a apresentação ocorrerá


assim que o impulsor do ferrolho passar por cima do carregador. Nesse
momento, a mola do carregador empurrará a mesa transportadora
para cima, que, por sua vez, empurrará os cartuchos, ficando o primeiro
cartucho apresentado e pronto para ser introduzido na câmara;

– engatilhamento: em seu caminho à retaguarda, o impulsor


do ferrolho empurra o martelo (cão) para trás, realizando seu
engatilhamento no gatilho intermediário;

c) Avanço das peças móveis:

– ao término de seu recuo, pela ação das molas recuperadoras,


o impulsor do ferrolho é pressionado para frente;

– ao passar pelo carregador, a base do impulsor do ferrolho


choca-se com o culote do cartucho que se encontra apresentado,
empurrando-o e o conduzindo para a câmara;

– em seu movimento final, os ressaltos de trancamento do


ferrolho se encaixam nos entalhes da extensão do cano; o impulsor
do ferrolho, no final de seu movimento à frente, força o ferrolho a girar
devido à ação de seu orifício em forma de came, por trás do pino do
ferrolho, forçando trancamento; logo após, a face anterior do impulsor
do ferrolho se choca com a parte da frente da caixa da culatra, havendo,
então, o fechamento;

– ejeção 1ª fase: após findado o carregamento e o fechamento,


o culote do cartucho é forçado a se encaixar em seu alojamento no
ferrolho, sendo que o ejetor é pressionado contra o culote;

– extração 1ª fase: simultaneamente, no movimento de

451
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

fechamento do impulsor do ferrolho, a garra do extrator é forçada a


passar por sobre a virola e ali se encaixar.

FIGURA 169 – Lateral direita da carabina MD97 LC.

22.6 Inspeção preliminar

Deve sempre ser feita no momento em que o policial recebe a arma na


reserva de armamento. Sua realização faz parte do manejo operacional
da arma, e visa verificar se ela se encontra em perfeitas condições gerais
de funcionamento e de segurança, para que possa ser utilizada.

Para a inspeção preliminar da carabina MD97, deverão ser cumpridos os


mesmos procedimentos previstos para o fuzil 7,62 A1MD3.

22.7 Manejo básico

As ações de manejo, básicas e operacionais, para a Ca MD97 LC, são


idênticas às previstas para o fuzil 7,62 A1 MD3.

22.8 Regulagem do aparelho de pontaria

As correções em alcance podem ser feitas pelo deslocamento da alça ou


da massa de mira. Ex.: para se abaixar o PMI (ponto médio dos impactos)
deve-se descer a alça de mira ou desatarraxar a massa, isto é, fazê-la
subir.

A ação do engrazador sobre a massa produz, ao girá-la, um som


característico (clique)

Uma volta completa corresponde a 16 cliques.

Para a regulagem em direção, realiza-se o mesmo procedimento, ou


seja, para deslocar o ponto médio de impactos para a direita deve-se

452
Manual de Armamento Convencional

afrouxar o parafuso direito com tantos cliques quanto forem necessários,


e apertar o parafuso esquerdo da mesma quantidade de cliques. Feito o
deslocamento da alça, reapertar o parafuso do lado direito. A regulagem
varia em função da arma, do operador, da munição e das condições de
emprego.

O quadro 36 representa os valores médios para a correção do tiro em


diversas distâncias. Para as correções, existe uma ferramenta auxiliar
alojada dentro do estojo de limpeza da arma, localizado no interior do
punho;

QUADRO 36

VALORES PARA CORREÇÃO DO APARELHO DE PONTARIA (VALOR DE


CADA CLIQUE EM ALÇA E MASSA DE MIRA)

DISTÂNCIAS FUZIS CARABINAS


100 m 1,00 cm 1,90 cm
200 m 2,00 cm 3,80 cm
300 m 3,00 cm 5,70 cm
400 m 4,00 cm 7,60 cm

22.9 Manejo da coronha rebatível:

– com a arma aberta, empunhar a coronha o mais perto


possível da armação;

– apertar a coronha na direção do punho;

– girar a coronha para a direita da arma;

– agir-se-á do mesmo modo para se abrir a coronha, só que


girando-a em sentido contrário.

Para a inspeção preliminar da carabina MD97, deverão ser cumpridos os


mesmos procedimentos previstos para o fuzil 7,62 A1MD3.

22.10 Manejo operacional

São as mesmas condutas previstas para o fuzil 5,56 IMBEL MD2 A1.

453
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

22.11 Desmontagem de 1º escalão

Para a desmontagem de campo, ou de 1º escalão, procede-se da


seguinte maneira:

a) Medidas preliminares de segurança:

– retirar o carregador, pressionando um de seus reténs: (I)


botão situado na face direita da armação; (II), alavanca localizada na
parte posterior esquerda do alojamento do carregador – deslizá-lo para
fora de seu alojamento na caixa da culatra;

– manter o dedo fora do gatilho e voltar o cano para uma


direção segura;

– travar a arma;

– retirar o carregador;

– abrir a arma e reter o ferrolho aberto;

– fazer inspeção visual e tátil da câmara;

– fechar a arma;

– retirar o reforçador para tiro de festim, caso esteja na arma;

– retirar bandoleira, caso haja.

b) retirar o pino da armação, pressionando para fora de seu


alojamento, basculando a arma (Figura 170);

454
Manual de Armamento Convencional

FIGURA 170 – Retirada do pino da armação.


Fonte: BRASIL, [200-].

c) retirar a tampa da caixa da culatra e o conjunto ferrolho-


impulsor do ferrolho, puxando-os para trás (Figura 171). Ao ser retirada,
a caixa da culatra trará consigo o conjunto ferrolho-impulsor do ferrolho,
as molas recuperadoras e o amortecedor;

FIGURA 171 – Retirada da tampa da caixa da culatra.


Fonte: BRASIL, [200-].

455
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

d) separar o conjunto da tampa da caixa da culatra, do conjunto


“ferrolho–impulsor” do ferrolho;

e) retirar o percussor para fora de seu alojamento. Para retirar o


percussor, utilizar um “toca pino” ou a ponta de um cartucho, ou ainda,
a ponta de uma caneta sobre o pino de fixação do percussor (Figura
172). Após, retirar o percussor (Figura 173). Alguns modelos possuem
montado no percussor um anel de amortecimento, que só deve ser
retirado por pessoal habilitado;

FIGURA 172 – Retirada do pino de fixação do percussor.


Fonte: BRASIL, [200-].

FIGURA 173 – Retirada do percussor.


Fonte: BRASIL, [200-].

456
Manual de Armamento Convencional

f ) retirar o pino do ferrolho, puxando-o para fora de seu


alojamento no ferrolho (Figura 174);

FIGURA 174 – Retirada do pino do ferrolho.


Fonte: BRASIL, [200-].

g) separar o ferrolho do seu impulsor;

FIGURA 175 – Separação do ferrolho e do impulsor do ferrolho.


Fonte: BRASIL, [200-].

457
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

h) retirar o guarda-mão: separar lado esquerdo e direito do


guarda-mão, desatarraxando o parafuso de fixação do guarda-mão
(Figura 176). Após, inclinar as placas levemente para o lado e puxá-
las para frente simultaneamente. Observa-se que o parafuso deverá
permanecer preso à placa direita do guarda-mão. A retirada completa
do parafuso de fixação do guarda-mão só deve ser realizada por pessoal
habilitado;

FIGURA 176 – Retirada das placas do guarda-mão


Fonte: BRASIL, [200-].

i) retirar o êmbolo (Figura 177) do cilindro de gases, juntamente


com sua mola, separando-o, posteriormente, da mola;

FIGURA 177 – Retirada do êmbolo.


Fonte: BRASIL, [200-].

458
Manual de Armamento Convencional

j) retirar o cilindro de gases;

FIGURA 178 – Retirada do cilindro de gases.


Fonte: BRASIL, [200-].

k) retirar o obturador do cilindro de gases girando o


obturador em ¼ de volta, no sentido horário (para fazer coincidir o
entalhe da borda do obturador com o dente da mola de travamento do
obturador) e puxando-o para trás (Figura179). Para girar o obturador,
introduza uma moeda no entalhe à frente do obturador ou, ainda, um
prego no orifício do obturador e faça o giro;

FIGURA 179 – Retirada do obturador do cilindro de gases.


Fonte: BRASIL, [200-].

459
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

l) desmontar o carregador retirando o seu fundo e separando


fundo, mola, transportador e corpo do carregador.

Tem-se a arma desmontada em 1º escalão, conforme Figura


180, só faltando o carregador desmontado.

FIGURA 180 – Ca MD97 LC: desmontagem de 1º escalão (sem carregador).

22.12 Montagem

A montagem deve ser realizada na ordem inversa à que foi adotada para
a desmontagem.

Especial atenção deve ser dada no momento de montagem do ferrolho


no impulsor e do pino do ferrolho.

Quando da montagem do ferrolho, deve ser observado que o extrator


deve ser posicionado para o lado direito da face do impulsor do ferrolho,
estando este voltado para frente.

No momento de montagem do pino do ferrolho, deve ser observado


que o dente saliente em sua ponta deve ser alinhado com o trilho do
impulsor, ou seja, quando na posição mais baixa, deve estar na horizontal.

460
Manual de Armamento Convencional

22.13 Emprego operacional

Esta arma segue o mesmo padrão de emprego do fuzil calibre 5,56 MD2
A1, citado no capitulo anterior.

22.14 Condução da arma

Mesmo padrão do 5,56 MD2 A1

22.15 Defeitos e incidentes mais comuns

Os incidentes de tiro mais comuns são os apresentados no quadro 34,


sendo os mesmos para os fuzis 7,62 mm e 5,56 mm, do mesmo fabricante.

As medidas de correção só devem ser realizadas após a execução das


quatro primeiras operações da “ação imediata”, previstas para os fuzis
calibre 7,62 mm.

461
CAPÍTULO 23

EQUIPAMENTOS
DE PROTEÇÃO
BALÍSTICA DA PMMG
Manual de Armamento Convencional

23 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO BALÍSTICA DA PMMG

Os coletes, escudos e capacetes balísticos constituem os equipamentos


de proteção balística disponibilizados pela PMMG, a seus integrantes,
para utilização na atividade fim da Instituição. Fazem parte de um rol
de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), disponíveis aos policiais
militares e destinados às diversas atividades desenvolvidas pela
Instituição.

São equipamentos utilizados para preservar a vida e a integridade física


do seu usuário e/ou grupo, frente a possível trauma causado por um
disparo de arma de fogo.

No contexto civil, os coletes balísticos são reconhecidos pelo Ministério


do Trabalho, através da Portaria 191, de 04 de dezembro de 2008, como
Equipamento de Proteção Individual.

23.1 Breve histórico

Desde a antiguidade, o homem sentiu a necessidade de se proteger de


objetos externos. Inicialmente, necessitava se proteger das presas e das
garras da caça e, posteriormente, com o passar do tempo, dos ataques
de seus inimigos. Essa proteção era, muito provavelmente, feita por
escudos rústicos e peças de vestimentas de couro.

Segundo Vasconcelos apud ROSA (2008), durante a guerra de Tróia, 1200


a.C., os gregos usavam capacete, couraça e protetor para as pernas.
As primeiras descrições da armadura romana, cerca de 200 anos a.C.,
informam que se preferia o ferro para o elmo, enquanto, para a couraça,
utilizava-se o bronze. As armaduras gregas e romanas permitiam certa
liberdade de movimentos. Aponta, ainda, que o primeiro protótipo
de colete foi usado na Idade Média, no Japão, onde os guerreiros
passaram a se proteger do fio das espadas e das flechas, usando peça
confeccionada em seda, originando, então, a proteção balística flexível,
como hoje se conhece.

Na idade média, especificamente no século XI, os cavaleiros utilizavam


uma espécie de blusa confeccionada em uma malha de ferro (elos de
ferro) que era usada por baixo da armadura e servia para proteger contra
a lâmina das espadas e dos machados. Contudo, ela não protegia contra

465
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

a força do impacto causado e contra as setas (flechas) muito utilizadas à


época. Este material tinha um grande problema: seu alto custo. Somente
os nobres podiam adquiri-lo. Assim ele se tornava um bem que era
passado para os descendentes.

Posteriormente, no século XIX, os americanos tentaram usar a seda,


assim como os japoneses o fizeram séculos antes, para proteção balística
contra projéteis com velocidade em torno de 100 a 150 m/s. Porém,
com o surgimento de armas mais modernas, com canos raiados, e para
projéteis com velocidades maiores, que atingiam mais de 200 m/s, essa
proteção passou a ser ineficaz. Além disso, o custo da seda era alto.

Após várias tentativas frustradas de se chegar a um material leve,


maleável e resistente, a Companhia DuPont80, na década de 1960,
criou a fibra de Aramida que, mais tarde, no início dos anos de 1970,
patenteou e registrou com o nome KEVLAR®. A Aramida, fibra sintética
produzida industrialmente, é 5 vezes mais resistente que o aço, possui
maleabilidade, certa leveza e a possibilidade de se amoldar ao corpo do
usuário, com maior conforto e usabilidade.

Posteriormente, com o aperfeiçoamento da Aramida e o incremento


das pesquisas, vieram as fibras de polietileno, produzidas por vários
fabricantes e cada uma delas com características específicas. Como
características maiores, tem-se a leveza, a maleabilidade e a possibilidade
de se utilizar o material, mesmo estando molhado.

23.2 Materiais utilizados

Atualmente existem coletes balísticos produzidos com diversos tipos de


materiais.

a) Aramida: o primeiro material utilizado foi a Aramida.


Lançada pela DuPont com o nome de KEVLAR®, no início dos anos 70.
De seu lançamento até os dias atuais, a Aramida evoluiu bastante, tendo
em vista a mistura de novas fibras, em busca da diminuição de seu peso
e de maior flexibilidade, sem a perda da resistência balística. Trata-se de
fibra sintética de alta resistência.

80 A DuPont é uma companhia com mais de 200 anos de vida. Sua origem data da vontade do
químico francês, discípulo de Lavoisier, Eleuthère Irénée du Pont de Nemours, que imigrou para os
Estados Unidos e lá fundou uma fábrica de pólvora negra, a Eleutherian Mills (Fábrica Eleutherian),
no estado de Delaware.

466
Manual de Armamento Convencional

Possui como características:

– leveza;

– flexibilidade;

– material inflamável;

– alta resistência (5 vezes mais resistente que o aço e 10 vezes


mais que o alumínio);

– não é impermeável;

– alta absorção de energia (em torno de 6800 m/s).

Atualmente, há no mercado o KEVLAR® que protege contra


ataques por arma de fogo e objetos perfurantes. Tem como diferença
o fato de ter fios mais finos, o que permite a confecção de uma trama
sete vezes mais densa que a comum, tendo, assim, capacidade de parar
objetos perfurantes;

b) Polietileno: é um polímero de alta densidade. Segundo


Vasconcelos (2007), tem alto peso molecular e são tão leves que chegam
a flutuar na água. Possui como características:

– leveza (mais leve que a Aramida);

– maior flexibilidade;

– impermeabilidade (pode ser utilizado inclusive por


mergulhadores);

– resistência (10 vezes mais resistente que o aço);

– altíssima absorção da energia (em torno de 13.400 m/s);

– produz menor trauma fechado (em comparação com a


Aramida).

Antes de ser aproveitada na fabricação de coletes balísticos, a


fibra já era utilizada para fabricar raquetes de tênis, luvas de segurança,
velas para barcos e outros. Quando montados em lâminas de tecido,
possuem a aparência de um plástico liso e brilhante, na cor branca.
Assim como na aramida, são sobrepostas às camadas de tecido, para

467
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

se efetivar uma eficiência balística para cada nível de proteção. Seu


processo de fabricação evita a realização de costuras (Figura 181), sendo
suas camadas coladas com resina.

Por serem 10 vezes mais resistentes que o aço e,


consequentemente, 2 vezes mais que a aramida, garantem um melhor
desempenho balístico.

FIGURA 181 – Placa balística em Polietileno – Spectra.


(não há a presença de costuras no meio das placas)

Assim como a aramida, há vários fabricantes que utilizam o


polietileno na composição de seus coletes balísticos. Os mais conhecidos
e utilizados são:

– Spectra – fabricado, inicialmente, pela empresa norte-


americana Allied Signal, hoje de propriedade da Honeywell, de mesma
nacionalidade;

– Dyneema – da holandesa DSM;

– Zylon – da japonesa Toyobo.

468
Manual de Armamento Convencional

Os modelos citados têm suas variações e possuem


características próprias, dadas pelo processo de fabricação, contudo, a
matéria-prima é o polietileno.

c) Tecidos compostos de Aramida e Polietileno:


desenvolvidos pela empresa Norte-Americana Honeywell® e
patenteados com o nome Gold Flex®, são frutos da mistura das fibras de
aramida revestidas por polietileno, através da sobreposição de quatro
lâminas de tecido de aramida unidirecional, que são unidas por um
processo químico/físico, sendo um filme de polietileno em cada face.
Isso o torna mais resistente e, consequentemente, necessita de menos
camadas, permitindo a confecção de coletes ainda mais leves, mais
flexíveis e de melhor performance, com grande resistência à penetração
de projéteis e menor trauma no ponto de impacto no corpo do usuário,
permitindo a confecção de coletes dissimulados (ARAÚJO e SARMENTO
apud VASCONCELOS, 2007).

d) Cerâmica: são placas rígidas, de um tipo de cerâmica


destinada à confecção de coletes rígidos, que resistam a tiros de
fuzis. Utilizada para a confecção de placa de cerâmica auxiliar, que
em composição com os coletes de aramida ou polietileno de nível III,
o potencializa, se apresentando, então, como de nível IV de proteção
balística. Essa composição se mostra pesada e de pouca flexibilidade, o
que inviabiliza sua utilização nas atividades de policiamento ostensivo
geral, sendo empregado somente em atividades específicas e pontuais.

23.3 Níveis de proteção

Os tecidos balísticos têm sua regulação prevista internacionalmente em


regras estabelecidas pelo National Institute of Justice (Instituto Nacional
de Justiça) – NIJ dos Estados Unidos. As NIJ, como são conhecidas as
normas regulamentadoras, são escritas no sentido de estabelecer níveis
de proteção, tipo de material utilizado na confecção dos equipamentos
balísticos e de que forma serão realizados os testes de eficiência balística
nos materiais. Assim, os fabricantes devem seguir as regras estabelecidas
nas NIJ, de acordo com o material que for produzir, observando todos os
padrões de segurança estabelecidos.

Os níveis de proteção balístico são os estabelecidos na NIJ Standard


01.01.04, que faz uma classificação, em seis níveis de proteção balística,
conforme descrito no quadro 38, abaixo:

469
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 37

NÍVEIS DE PROTEÇÃO BALÍSTICA E RESUMO DE TESTES


(NORMA NIJ-0101.04)
Energia
Nível de Massa do Velocidade mínima cinética
Tipo de munição
proteção projétil exigida do projétil máxima
(Joules)
.22 LR LRN 2.6 g (40 gr) 329 m/s (1080 pés/s) 133
I
.380 ACP FMJ RN 6.2 g (96 gr) 322 m/s (1.055 pés/s) 342
9MM FMJ RN 8.0 g (124 gr) 341 m/s (1220 pés/s) 441
II-A
.40 S&W FMJ 11.7 g (180 gr) 332 m/s (1.055 pés/s) 740
9 mm FMJ RN 8.0 g (124 gr) 367 m/s (1.205 pés/s) 513
II
.357 Magnum. JSP 10.2 g (158 gr) 436 m/s (1.430 pés/s) 921
. 9 mm FMJ RN 8.2 g (124 gr) 436 m/s (1.430 pés/s) 726
III-A
.44 Mag. SJHP 15.6 g (124 gr) 436 m/s (1.430 pés/s) 1411
III 7.62MM NATO FMJ 9,6 g (148 gr) 847 m/s (2.780 pés/s) 3406
IV .30 M2 AP 10,8 g (166 gr) 868 m/s (2.880 pés/s) 4068

Abreviaturas:

AP (Armor Piercing): perfurante de blindagem;

FMJ (Full Metal Jacket): totalmente jaquetada;

Gr (grains):

JSP (Jacketed Soft Point): jaquetada de ponta macia;

RN (Round Nose): ogival;

LRN (Lead Round Nose): chumbo ogival;

SJHP (Semi-Jacketed Hollow Point) = semi-jaquetada de ponta oca;

SWC (Semi-Wadcutter) = semi-canto vivo;

Fonte: Adaptado de Norma NIJ-0101.04, TAURUS, 2005, p.33 e BRASIL,


2000.

O quadro 37 mostra quais os tipos de munição, a massa de seu projétil


e sua velocidade estão enquadradas dentro de cada um dos níveis de

470
Manual de Armamento Convencional

proteção balística. Vale ressaltar que, quanto maior o nível de proteção,


maior a gama de munições para o qual ele protege. Assim, o nível II,
que é o mais utilizado na atividade policial, protege contra os calibres
descritos e aqueles menores, ou seja, 9 mm FMJ RN, .357 Magnum. JSP,
.40 S–W, .38, .380, .32, 7,65 mm, 6,35 mm e .22.

O funcionamento de cada nível de proteção balística se dá pela


superposição de um número “x” de camadas de tecido de aramida ou
polietileno, como ilustra a Figura 182, ou seja, quanto maior o nível
de proteção, maior o número de camadas de tecido balístico e, em
consequência, maior o peso do material e menor a mobilidade que
proporciona ao usuário.

FIGURA 182 – Placa balística de aramida


Em destaque camadas de tecido de Aramida.

O nível IV de proteção caracteriza-se pelo uso de um colete nível III,


somada a superposição de placas de cerâmica balística na parte da
frente e de traz do colete, pelo lado externo.

De acordo com a Companhia Brasileira de Cartuchos, seus coletes


balísticos, produzidos em Aramida, têm a formatação de camadas
descritas no quadro 38, abaixo:

471
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

QUADRO 38

NÚMERO DE PAINÉIS BALÍSTICOS DOS COLETES DE ARAMIDA


FABRICADOS PELA CBC

PAINEL BALÍSTICO
NÍVEL DE
TECIDO BALÍSTICO GRAMATURA (nº. total de
PROTEÇÃO
camadas)
KEVLAR® S720 250 g/m2 15
II-A
KEVLAR® S713 280 g/m2 17
KEVLAR® S713 280 g/m2 25
KEVLAR® S704 230 g/m2 22
II
KEVLAR® S720 250 g/m2 21
KEVLAR® S713 280 g/m2 21
KEVLAR® S704 230 g/m2 30
III-A KEVLAR® S720 250 g/m2 27
KEVLAR® S713 280 g/m2 28
Fonte: <http://www.cbc.com.br/equipamentos/coletes/aramida>.

Verifica-se que um colete nível II, pode ter entre 21 e 25 camadas de


tecido de Aramida, sobrepostas e costuradas umas sobre as outras,
dependendo do tipo do tecido e de sua gramatura.

Vale ressaltar que os coletes, escudos e capacetes são destinados a


proteger contra disparos, mas não à exposição contínua destes, fato
que causará um enfraquecimento do material balístico (seja de aramida,
polietileno ou misto). Mesmo esses materiais, ao sofrerem repetidos
disparos no mesmo local, ou em locais próximos, podem permitir a
passagem de um ou mais projéteis e, por consequência, são ineficientes
na sua função de proteção em caso de múltiplos disparos.

23.4 Coletes

Disponível em modelos masculino e feminino, o colete balístico,


conforme descreve o Boletim Técnico 01/2008-DAL, caracteriza-se como
o mais importante, difundido e utilizado equipamento de proteção
individual policial. Possui, de maneira geral, o nível II de proteção
balística, sendo disponibilizados, para algumas atividades específicas
nos níveis III e IV.

472
Manual de Armamento Convencional

O modelo masculino (Figura 183), mais conhecido, é disponibilizado nos


tamanhos extra-pequeno, pequeno, médio e grande. Sua placa frontal
possui gola do tipo “olímpica” arredondada. A placa traseira possui suas
laterais alongadas, de modo a sobreporem a placa frontal no momento
do ajuste ao corpo, oferecendo, assim, a necessária proteção às laterais
do tronco.

FIGURA 183 – Colete balístico masculino.

Já o colete balístico feminino, segundo Rosa (2008), “apresenta um design


ergonômico adequado ao corpo da mulher, vez que possui a proteção
do busto, ajustando-se perfeitamente às formas anatômicas da usuária”.
Como diferença, a placa frontal do colete feminino apresenta uma gola
do tipo “V” e bojos para os seios, conforme Figuras 184 e 185, o que
facilita a melhor adequação anatômica do material ao corpo feminino.
Da mesma forma que o colete masculino, a placa traseira possui suas
laterais alongadas, de modo a sobreporem a placa frontal no momento
do ajuste ao corpo, oferecendo, assim, a necessária proteção às laterais
do tronco.

473
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 184 – Placa frontal do colete feminino.

FIGURA 185 – Colete balístico com capa compartimentada feminino.

474
Manual de Armamento Convencional

23.4.1 Ajuste ao corpo e funcionamento dos coletes balísticos

É essencial o correto ajuste do colete balístico ao corpo para garantir a


segurança e a eficácia do citado equipamento de proteção individual.
O ideal é que seja ajustado, mantendo-se uma distância não superior a
dois dedos entre o corpo e o colete, de forma que haja um espaço para
o resfriamento do corpo. Caso o colete esteja frouxo no corpo, torna-
se incômodo e ainda aumenta o risco dos danos causados no corpo
quando de um “impacto fechado”, ou seja, o dano causado no momento
em que o projétil atinge o colete à prova de balas. Caso ele esteja muito
apertado, pode dificultar a expansão do tórax no processo respiratório.

O colete balístico funciona pelo princípio da absorção e distribuição


do impacto (do trauma) ao longo de seu formato, precisando para isso
de um anteparo, que no caso, é o corpo do usuário. Para Rodrigues
(2009) a energia cinética trazida pelo projétil é transmitida ao colete e
se dispersa nele porque os fios de Aramida são entrelaçados como uma
malha. Assim, quando o projétil empurra os fios onde impacta, esses
fios puxam consigo todos os outros nele entrelaçados, tanto em sua
vertical quanto na horizontal. Desta forma, toda a malha recebe parte
da força de impacto. Essa energia é transmitida em forma de ondas, que
aos poucos vão se dissipando. O corpo do usuário também recebe parte
dessa energia, o que pode causar hematomas ou fratura de costela(s),
contudo, é evitada a perfuração e a penetração pelo projétil.

Aliado a esse conceito, ainda há o fato de que os projéteis, em sua


grande maioria, têm sentido de giro rotacional e, ao impactar no colete,
se deformam e entrelaçam com as fibras no local de seu impacto. Esse
entrelaçamento aumenta ainda mais a força exercida sobre as fibras e,
assim, consequentemente, a distribuição do trauma para todo o colete,
atuando diretamente na frenagem e parada do projétil.

23.4.2 Usabilidade do colete balístico

Como equipamento de proteção individual, deve ser utilizado por todo


policial empregado na atividade operacional da PMMG, seja ela de
policiamento ostensivo geral ou de policiamento especializado.

Para o uso dos coletes balísticos, esses devem estar montados, ou seja,
as placas balísticas devem ser introduzidas nas capas para a utilização.
É comum policiais terem suas capas individuais e realizarem a troca
de capas no momento do armamento na reserva de armamento de

475
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

sua OME. Para tal operação, deve ser evitada a realização de dobras
nas placas dos coletes para inseri-las nas capas. Esse procedimento
acelera a perda de resistência balística do material, pois danifica o verniz
impermeabilizante aplicado nas placas de aramida, conforme será
explicado no item 23.4.4.

Deve-se evitar o uso de objetos rígidos ou metálicos por baixo do colete,


tais como canetas, cordões com pingentes, telefones, sutiã com aro
de sustentação metálico ou qualquer outro material, além de presilha
metálica na frente, e outros. Tais materiais, no momento do impacto
de um projétil no colete, impulsionados pela força do impacto, podem
penetrar na pele do usuário e causar lesões graves. São os chamados
projéteis secundários.

O uso de objetos rígidos (armas, apitos, zíper, carregadores, telefones,


presilhas, arrebites, botões metálicos e outros) também deve ser evitado
no lado externo do colete. Esses objetos podem gerar dois problemas,
quais sejam: 1) podem oferecer risco de ricochetes quando impactados
por projéteis, desviando-os em direção ao rosto ou outra área
desprotegida; 2) podem se quebrar, quando impactados por projéteis, e
se transformarem em um objeto perfurante, trazendo risco ao usuário,
uma vez que os coletes, atualmente utilizados, não oferecem proteção a
esse tipo de material.

23.4.3 Testes de funcionamento e confiabilidade do equipamento

Para aquisição dos coletes balísticos, a PMMG realiza testes de


desempenho, tendo por base as NIJ 01.01.04 e as regras previstas na
NI10.05.001-DAL. Os testes são realizados com os coletes masculinos e
femininos, nas condições de seco e úmido. Para ambas as situações, o
colete deve estar sem nenhum tecido ou proteção que o envolva. No
caso do teste com material úmido, o colete é submetido à imersão total
em um recipiente contendo água, por um período de 60 segundos,
devendo o teste balístico ser iniciado imediatamente após o período
de imersão. Esse procedimento garante a eficiência e a segurança dos
coletes balísticos adquiridos e disponibilizados pela instituição, nas mais
diversas situações climáticas.

23.4.4 Conservação, armazenamento e validade

Para melhor conservação das propriedades das matérias que compõem


os coletes, nunca se devem dobrar as placas ao meio pois, por se tratar de

476
Manual de Armamento Convencional

uma fibra sintética industrializada, este terá sua durabilidade reduzida


com as dobras e colocará em risco a vida do usuário.

Por ser material permeável e que, ao se molhar, tem reduzida sua


eficiência balística, os fabricantes revestem as fibras com um verniz
impermeabilizante (hidrorrepelente). Ocorre que esse verniz não é
flexível e, quando submetido a dobraduras, vem a trincar. Essas trincas,
com o passar do tempo e a repetição das dobras, se abrem, deixando
espaço para a entrada de água e suor. Tal situação colabora diretamente
para a redução da vida útil e da eficiência balística do equipamento.
Nesse sentido, o “Guia de seleção e emprego para coletes balísticos”,
publicado pela Taurus em 2005, orienta que o usuário deve, a todo custo,
evitar que o equipamento seja dobrado ou amassado, para se evitar o
contato da aramida com a água ou o suor.

As placas dos coletes, quando molhadas, não devem secar ao sol,


pois, por se tratar de um tecido, tal ato pode tornar suas fibras fracas e
quebradiças, reduzindo sua eficiência balística.

Deve-se evitar, ainda, a “velha” e desleixada prática de colocar o colete no


encosto ou no assento do banco da viatura. Tal ato é altamente danoso
às fibras do colete que, além de estarem sendo dobradas, sofrerão peso
e estarão em contato direto com o suor, em maior quantidade.

O armazenamento deve ser feito em cabides próprios, de forma que os


coletes fiquem pendurados, conforme modelo da Figura 186, mantendo
espaço entre eles para ventilação. Armazenar os coletes empilhados uns
sobre os outros, pode danificá-los, principalmente se estiverem úmidos
de suor. Como nos tecidos de algodão ou outras fibras, a sudorese vai
permanecer no material que, sem a ventilação adequada para secar,
será um criadouro fácil para colônias de bactérias, mais conhecidas
popularmente como bolor. Tal prática, com certeza, diminui a vida útil e
a resistência balística do material.

477
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 186 – Forma correta de armazenamento dos coletes balísticos.


(Estante metálica com cabides).

Quanto ao “período de validade” impresso nas placas, essa nada tem a


ver com a validade propriamente dita, ou seja, durabilidade e resistência
do material, e sim, se refere à garantia dada pelo fabricante quanto à
funcionalidade e troca, no caso de dano por falha de fabricação ou por
penetração do colete, o que não quer dizer que, após aquela data, as
placas sejam invalidadas para o uso ou não tenham mais eficiência
balística. Somente ocorre invalidação ou “vencimento” das placas
quando estas forem danificadas por disparos ou por mau uso, o que
pode ocorrer, até mesmo, antes do período indicado.

Após ser atingido por disparo de arma de fogo, realizadas as apurações


necessárias que cada caso requer, o colete deverá ser recolhido à
Diretoria de Apoio Logístico.

478
Manual de Armamento Convencional

23.5 Escudos

Equipamento policial para defesa pessoal ou de grupo, utilizado em


operações de entradas táticas, controle de distúrbios, reintegração
de posse, rebeliões em estabelecimentos prisionais, ocorrências com
reféns e outras, onde possa ser necessária maior proteção balística para
o policial ou para o grupo de policiais.

Possui estrutura construída em composto balístico de fibras de aramida,


nível II (9 mm/357 Magnum – Munição de alta velocidade), semi-rígida
impregnada, permitindo associar baixo peso com alta resistência, de
forma a proporcionar maior proteção e operacionalidade em missões
de alto risco. Possui, ainda, visor em policarbonato transparente, nas
dimensões 250 mm x 100 mm (Figura 190), de nível de proteção balística
II. Tem como medida total 620 mm (L) x 1000 mm (A), na cor preta,
com empunhadura metálica. O material que o compõe é altamente
resistente à ruptura, à temperatura e ao fogo. Sua regulamentação está
prevista na Norma Standard NIJ 01.08.01, em nível internacional, e sua
especificação para as aquisições da PMMG é descrita na NI10.05.005-
DAL. Em sua parte traseira, possui, em seu terço médio, um punho, um
apoio e uma proteção acolchoada para o braço, conforme pode ser visto
na Figura 188, destinados à empunhadura com o braço esquerdo.

FIGURA 187 – Escudo balístico – parte frontal.

479
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

FIGURA 188 – Escudo balístico – parte posterior.

Para a aquisição do material, a PMMG realiza testes relativos à resistência


à penetração de projéteis em todos os lotes, tendo como subsídio a
norma NIJ STANDARD 01.08.03 e a NI10.05.005-DAL.

O material também é disponibilizado no nível III-A, para a realização de


atividades específicas e de maior probabilidade de enfrentamento com
calibres de maior potencial ofensivo.

Os testes têm por finalidade verificar se os escudos balísticos e seu


visor oferecem resistência balística à perfuração de projéteis calibre
.357 Magnum Jacket Soft Point, com massa nominal de 10,2 gramas
(158 grains), com velocidade no impacto de, no mínimo, 410 m/s e, no
máximo, 440 m/s, e contra projetis encamisados “FMJ” calibre 9 mm
LUGER, com massa nominal de 8,0 gramas (124 grains), com velocidade
no impacto de, no mínimo, 358 m/s e, no máximo, 370 m/s, ou seja,
estão dentro do padrão de proteção de nível II.

Devem-se observar os mesmos cuidados para a conservação, o


armazenamento e a validade descritos para o colete balístico.

480
Manual de Armamento Convencional

23.6 Capacetes

O capacete balístico é destinado a proteger a cabeça do usuário contra


choques e agressões balísticas, permitindo ainda a acoplagem de
equipamentos de comunicação.

É formado por dois componentes distintos: o casco e a viseira, possuindo,


ambos, valores próprios diferenciados de proteção balística (Figura 189).

O casco é construído em composto balístico de fibras de aramida semi-


rígida, pré-impregnada com resinas, conformando a quente, e oferece
resistência balística de nível II, conforme NIJ Standard 0106-01.

Já a viseira suporta impactos de projéteis calibre 38 especial, ponta de


chumbo ogival, peso 158 g, com velocidade de, no mínimo, 244 m/s e,
no máximo, 274 m/s, ou seja, oferece proteção de nível I. É construída
em policarbonato de alta resistência, curvada, e acoplada ao casco por
parafusos especiais auto atarrachantes ou fita auto bloqueantes, que
permitem a parada da viseira em diferentes posições, de acordo com a
necessidade da operação.

O capacete possui um sistema de suspensão que proporciona o seu


ajuste à cabeça do usuário, sem se deslocar, mesmo em situação em
que seu usuário necessite rastejar, correr, saltar ou qualquer que seja
a atividade realizada. Conforme descrito na NI 10.05.006-DAL, esse
sistema de suspensão é composto por uma coroa, na qual estão fixadas
uma carneira, uma nuqueira e uma jugular com queixeira, conforme
descrito abaixo:

– Coroa: correia fixada ao casco por 6 (seis) parafusos, que


possibilita manter o casco afastado do crânio do usuário, possuindo
sistema próprio de regulagem;

– Carneira: construída em correia de nylon revestida por couro


(vaqueta), nos pontos em que, ao ser fixada a coroa, fica em contato com
o crânio do usuário, possibilitando que o capacete permaneça no topo
da cabeça. Permite algumas regulagens individualizadas para maior
conforto do usuário.

– Nuqueira: construída em correia de nylon de alta resistência


ou couro acolchoado, tem por finalidade ajustar e prender a parte
posterior do capacete à cabeça do usuário.

481
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

– Jugular: construída em nylon de alta resistência, forrado com


couro ou borracha, devendo possibilitar a total fixação do capacete.
Os pontos de ancoragem da jugular ao casco (altura das têmporas do
usuário) possuem fivelas de ajuste que permitem a individualização da
regulagem para cada elemento. Permite o ajuste e a fixação do capacete
à cabeça do usuário.

– Queixeira: confeccionada em material plástico de alta


resistência, borracha ou couro, a queixeira, além de fixar a jugular ao queixo,
oferece proteção a ele, em caso de queda do usuário durante a atividade.

FIGURA 189 – Capacete balístico (vista externa, vista interna e abaixo, vista do sistema
de suspensão).

Os capacetes estão disponíveis nos tamanhos pequeno (1.077 cm2),


médio (1.224 cm2) e grande (1.271 cm2), pesando o casco, até 1.600
gramas (para o tamanho G) e a viseira até 800 gramas.

Deve-se observar os mesmos cuidados para a conservação, o


armazenamento e a validade descritos para o colete balístico.

482
CAPÍTULO 24

GLOSSÁRIO DE
TERMOS TÉCNICOS
Manual de Armamento Convencional

24 GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS

–A-

Ação: mecanismo de funcionamento da arma (carregar, disparar,


descarregar e carregar novamente).

Ação dupla: partindo da posição do cão em descanso, ao ser acionado o


gatilho, o cão deve ser movimentado (pela ação de mecanismo interno)
à retaguarda. Posteriormente, o cão será liberado, momento em que
este, acionado por uma mola, vai à frente, efetuando a percussão.

Ação simples: mecanismo de funcionamento onde, para ocorrer o


disparo, o cão deve ser engatilhado e, posteriormente, o gatilho é
acionado.

Alça em branco: menor regulagem possível na alça de mira.

Alça de mira: parte do sistema de miras que se situa na parte posterior


da arma.

Alcance: distância entre o disparo e a queda do projétil.

Alcance útil: distância em que um projétil ainda possui eficácia.

Alimentar a arma: introdução dos cartuchos diretamente na arma ou


através do seu carregador.

Alma do cano: parte interna do cano.

Alma do cano lisa: quando não possui raiamento.

Alma do cano raiada: quando possui raiamento.

Ambidestro (seletor de tiro ambidestro): dispositivo de segurança


que pode ser acionado tanto por destros como por canhotos.

Antecarga: sistema de carregamento da arma pela boca do cano.

Aramida: fibra sintética utilizada para fabricação de coletes, escudos e


capacetes balísticos, blindagens em geral e outros.

485
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Arma automática: arma que, estando à arma carregada e o gatilho


acionado, realizam todas as operações de funcionamento de seu
mecanismo (disparo, extração, ejeção, engatilhamento, recarregamento),
pelo aproveitamento de gases gerados no disparo.

Armeiro: profissional que fabrica ou conserta armas.

_________________________________________

–B-

Balística: ciência que estuda o movimento dos projéteis.

Balística externa: estudo do comportamento dos projéteis de arma de


fogo, desde o momento em que saem da boca do cano da arma, até o
momento em que encontra o alvo.

Balística interior: estudo do comportamento e dos efeitos físicos dos


projéteis, desde o momento da percussão da espoleta, até o momento
em que deixam o cano da arma.

Balístico terminal: estudo do movimento e dos efeitos físicos causados


pelos projéteis de arma de fogo, desde o momento em que impactam
no alvo, até sua parada total.

Barra de segurança: barra que impede a percussão do cartucho, sem


que o gatilho seja pressionado.

Blowback: sistema de funcionamento de armas de fogo, onde o


cano é fixo e a culatra é móvel, ficando apenas encostada na parte
posterior da câmara, por ação de uma mola recuperadora. Assim, neste
mecanismo, não há sistema de trancamento e, sim, um retardamento da
abertura. O recuo do ferrolho somente ocorre após a saída do projétil
na “boca” do cano, momento em que irá ocorrer a extração, a ejeção
e o engatilhamento (em algumas armas há também o carregamento)
dando início a um novo ciclo.

Bumber: dispositivo colocado na base de carregadores para aumentar


sua capacidade.

Burst: opção de rajada curta (controlada) de 2 ou 3 tiros, oferecida em


algumas armas.

486
Manual de Armamento Convencional

–C-

Cadência de tiro: velocidade ou número de tiros disparados por uma


arma em determinado espaço de tempo.

Caixa da culatra: caixa ou recipiente metálico na parte posterior de uma


arma longa, dentro do qual fica o ferrolho. Também se refere à armação
que envolve o mecanismo da arma, ligando o cano e a coronha.

Calço de segurança: peça de mecanismo de segurança, mais


comumente utilizada em revólveres. Quando há um, agem no sentido
de impedir que o cão encoste-se ao percussor ou que o percussor, unido
fisicamente ao cão, encoste-se à espoleta, sem que haja o acionamento
do gatilho. A ação se dá pelo posicionamento do calço de segurança
entre o cão e a armação da arma, impedindo seu avanço.

Calibre: diâmetro entre os fundos do raiamento do cano de uma arma


(diâmetro do projétil) ou o diâmetro medido entre cheios, isto é, medido
diretamente na boca do cano, desconsiderando-se a profundidade do
raiamento (calibre real).

Câmara: parte posterior do cano que recebe o cartucho completo e que


o mantém firme durante o disparo.

Camisa (ou jaqueta): capa ou jaqueta metálica que envolve o núcleo


de projéteis assim fabricados.

Canal do extrator: sulco ou rebaixo existente na parte posterior das


cápsulas, onde o extrator da arma se encaixa para extraí-las quando
deflagradas.

Cano cilíndrico: cano de “alma” lisa sem estreitamento da boca ou


choke.

Cão: peça integrante do mecanismo de disparo das armas de fogo e que


é responsável pela percussão direta (quando há um percussor unido
fisicamente a ele) ou indireta (quando o percussor é peça independente
do cão – percussor flutuante) da espoleta do cartucho.

Carabina: arma longa que utiliza cartuchos de pequeno calibre e/ou


cano de pequenas ou médias proporções e que possui a “alma” do cano
raiada.

487
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Carga: quantidade de pólvora inserida no estojo ou cartucho.

Carregador: invólucro metálico ou em polímero, utilizado como


depósito de cartuchos, colocados uns sobre os outros, de forma
monofilar ou bifilar.

Carregador tubular: carregador em forma de tubo, situado abaixo do


cano ou na soleira de uma arma longa.

Cartucho: é a composição de estojo, pólvora, espoleta e projétil, no


mesmo recipiente.

Chassi (ou armação): parte principal de uma arma, onde se localiza o


mecanismo de funcionamento.

Choke: mecanismo de redução ou afunilamento do cano, na direção da


câmara para a “boca” do cano presente em armas de “alma” do cano lisa,
e que têm a finalidade de controlar a dispersão dos “bagos” de chumbo
(ou da chumbada) no momento do disparo.

Chumbamento: retenção de chumbo no interior do cano, mais


precisamente no raiamento, em virtude da falta de manutenção ou da
utilização incorreta da munição.

Cogumelo: deformação final de um projétil que ocorre quando de seu


impacto no alvo. É proveniente da força que o projétil exerce sobre
o alvo, somada à força que o alvo produz sobre o projétil no mesmo
momento.

Cone de forçamento: parte posterior do cano de revólveres, em


formato cônico, que facilita a entrada do projétil no cano e seu ajuste
no raiamento.

Coroa: rebaixamento na “boca” do cano para proteção do raiamento.

Coronha: peça de apoio ligada à caixa da culatra de armas longas,


confeccionada em diversos tipos de materiais, podendo ser fixas,
rebatíveis (dobráveis) ou retráteis.

Coronha rebatível: coronha dobrável que facilita o transporte das


armas, reduzindo suas dimensões.

Coronha retrátil: coronha que é inserida na arma através de uma

488
Manual de Armamento Convencional

cavidade, proporcionando facilidade no transporte das armas, reduzindo


suas dimensões.

________________________________________

–D–

DAO: Duble Action Only (funcionamento somente na ação dupla).

Dyneema: material sintético, produzido em polietileno, utilizado para


fabricar coletes a prova de balas e blindagens em geral. É mais maleável
que a aramida.

Deflagrado (cartucho): disparado.

Derringer: pequena pistola de defesa, normalmente de grande calibre.

Desmontagem de primeiro escalão: desmontagem de uma arma, sem


a utilização de ferramentas.

________________________________________

–E-

Eixo suporte do tambor: haste de metal na qual o tambor gira.

Eixo do tambor: tubo onde se encaixa a vareta de extração.

Ejeção: expulsão da cápsula deflagrada / cartucho da arma após o


disparo.

Ejetor: peça responsável pela ejeção.

Energia Cinética: é a energia que está relacionada com a movimentação


dos corpos, com a energia produzida pelo movimento de um corpo. A
energia cinética é medida através da equação: (Ec = 1/2 *mV2).

Engatilhar: armar o cão ou o mecanismo de disparo.

Engatilhamento: é a operação de se colocar o gatilho ou o percussor


em condições de disparo.

Espoleta: cápsula que comporta a substância química iniciadora da


queima da pólvora, e que fica localizada na base do estojo.

489
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Estojo: cápsula responsável pelo acondicionamento (armazenamento


e proteção) de todas as demais partes do cartucho. Pode ter o formato
cilíndrico, cônico ou de garrafa.

Extração: ato de retirada da cápsula / cartucho da câmara da arma.

Extrator: peça responsável pela realização da extração.

________________________________________

–F–

Face de obturação: parte dianteira do ferrolho, que apoia a base do


cartucho na câmara, através da qual o percussor atinge a espoleta.

Fechamento: consiste na obstrução da câmara pela parte anterior da


culatra ou ferrolho.

Fogo central: calibres que utilizam espoleta alojada no centro da base


do estojo.

Fogo seletivo: modo de disparo em algumas armas de fogo que


permitem a escolha entre rajadas, tiros intermitentes e burst (rajadas de
2 ou 3 tiros).

Folga entre o tambor e o cano: (Gap) distância entre o tambor e o cone


de forçamento do cano.

Fuzil (ou rifle): arma longa portátil, com funcionamento por repetição,
semi-automático ou totalmente automático, e que utilizam munição de
alta velocidade.

Fuzil de assalto: fuzil militar de fogo seletivo, com tamanho entre o de um


fuzil comum e o de uma submetralhadora. Utiliza munição convencional
de alta velocidade (fuzis) ou munição reduzida, comportando maior
número de tiros com redução de peso.

________________________________________

–G-

Gap: distância entre o tambor e a extremidade posterior do cano de um


revólver

490
Manual de Armamento Convencional

Gatilho: peça que integra o mecanismo de disparo das armas de fogo e


cujo acionamento libera o percussor para o disparo.

Gatilho cabelo: gatilho sensível, em que a pressão para o acionamento


é mínima.

Guia da mola recuperadora: haste que mantém a mola recuperadora


alinhada.

________________________________________

–I-

Impacto: choque do projétil com o alvo.

________________________________________

–J-

Jaqueta (camisa): capa ou jaqueta metálica que envolve o núcleo de


projéteis assim fabricados.

Jet loader: marca de municiador rápido produzido por fabricante


nacional da cidade de São Paulo.
________________________________________
–K-
Kevlar: material sintético feito em aramida e utilizado para fabricar
coletes, escudos e capacetes a prova de balas, bem como blindagens
em geral.
Kit de conversão: conjunto de peças vendidas separadamente ou junto
de algumas armas, e que permite a mudança de calibre de uma arma
sem alteração de seu aspecto.
________________________________________
–L-
Lábios do carregador: partes superiores e laterais do carregador,
constituídas por duas finas e ajustadas placas de metal que posicionam
os cartuchos para a alimentação na câmara.

491
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Linha de mira: linha imaginária que une o entalhe da alça de mira com
a lâmina da massa de mira.

Linha de tiro: é a reta determinada pelo prolongamento indefinido do


eixo do cano da arma.

Linha de visada: linha imaginária de prolongamento da linha de mira


até o alvo.

Lote: código alfanumérico aplicado em lotes de munição, produzidos


para fins de controle.

Luneta de pontaria: aparelho óptico de precisão que aumenta o


tamanho e os detalhes do alvo, bem como realiza melhor visada.
Configura um aparelho de pontaria auxiliar.

________________________________________

–M-

Magnum: indica carga mais forte num determinado cartucho, utilizado


também em armas especiais.

Manga guia do cano: suporte para o cano existente nos ferrolhos de


pistolas semi-automáticas.

Massa de mira: parte do sistema de miras que se situa na parte anterior


da arma, próximo a ponta do cano e, geralmente, em formato de lâmina.

Metralhadora: arma de funcionamento automático e que utiliza


munição de alta velocidade.

Mira de abertura: alça de mira na forma de um orifício.

Mira regulável: mira ajustável lateralmente e/ou em elevação.

Mira fixa: aquela que não possui regulagem.

Mira a laser: aparelho auxiliar de pontaria, que emite um feixe luminoso,


através do qual dá referência ao operador do local de impacto no alvo.

Mira em rampa: massa de mira laminar no formato de uma rampa.

Mira telescópica: aparelho ótico de precisão, que aumenta o tamanho

492
Manual de Armamento Convencional

e os detalhes do alvo, bem como realiza melhor visada. Configura um


aparelho de pontaria auxiliar. É afixada sobre a arma por meio de um
suporte.

Mola do carregador: mola que eleva a munição no carregador até a


altura da câmara.

Mola real (mola principal): mola que pressiona o cão à frente, tanto
nos revólveres como nas pistolas.

Mola recuperadora: mola que faz com que o ferrolho retorne à sua
posição de fechamento após a abertura realizada pela expansão dos
gases ou manualmente.

Munição: coletivo de cartuchos, de um ou mais calibres; cartuchos


para armas de fogo, de uma forma geral; o conjunto estojo/projétil/
propelente/espoleta.

Munição +P e +P+: munição com maior carga propelente, aumentando


a velocidade e a energia do projétil (plus power e plus power plus).

Munição de festim: não possui projétil, apenas contém carga de


pólvora, produzindo apenas o estampido característico.

Munição perfurante: capaz de romper obstáculos sem deformação ou


com pouca deformação.

Munição subsônica: possui velocidade abaixo da velocidade do som.

Munição supersônica: possui velocidade de saída da “boca” do cano


superior à velocidade do som.

Municiador rápido: dispositivo acessório que permite o rápido


municiamento dos tambores de revólveres, colocando todos os
cartuchos nas câmaras ao mesmo tempo.

________________________________________

–N–

NIJ: Norma Internacional de Justiça, que regula as especificações


dos diversos equipamentos de proteção balística, tais como coletes,
capacetes e escudos balísticos.

493
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Niquelação: banho eletrolítico para aplicação de película de níquel


sobre peças metálicas.

Niquelado: acabamento de armas de fogo pelo processo de niquelação.

________________________________________

–O-

Obréa: material adesivo, de formato redondo, utilizado para cobrir os


furos nos alvos provocados pelos projéteis, para que os mesmos possam
ser novamente utilizados.

Ogiva: parte dianteira de um cartucho, projétil.

Onça: peso da 16ª parte do arrátel (medida de peso antiga onde 1 arrátel
= 459 gramas). Uma onça equivale a 28,35 gramas.

Operação a gás: operação de armas semi-automáticas ou automáticas


que utilizam uma parte dos gases resultantes da queima da pólvora para
fazer seu mecanismo funcionar.

Oxidação: colocação de uma película protetora azul ou preta em armas


de fogo, imergindo as peças metálicas a serem oxidadas em meio líquido
fervente de sais metálicos e água.

Oxidação “a quente”: processo rápido de oxidação, em que as peças


são submetidas a banho de sais preparados.

________________________________________

–P-

Pára-balas: estrutura existente em estandes de tiro e que ficam


posicionadas atrás dos alvos. Sua função é a de receber os impactos dos
tiros, podendo ser de metal ou madeira.

Pára-choque da coronha: peça introduzida no fuste da coronha para


absorver o recuo da arma.

Parafuso da mola real: responsável pelo ajuste da pressão da mola real


dos revólveres.

Parafuso de regulagem do gatilho: regula a pressão necessária para o

494
Manual de Armamento Convencional

acionamento do gatilho.

Penetração: distância percorrida pelo projétil dentro do alvo, desde a


entrada até o ponto de parada.

Percussor: peça da arma de fogo responsável por atingir (ferir) a


espoleta do cartucho.

Peso do gatilho: força necessária para o acionamento completo do


gatilho. Medida em libras, onças ou quilos.

Percussor lançado: percussor flutuante, separado do ferrolho.

Percussor solidário: percussor preso ao ferrolho ou ao cão.

Pistola-metralhadora: pistola automática, com seletor de tiro para


rajadas, tiro intermitente, e burst’s (rajadas de 2 ou 3 tiros).

Polietileno: é um polímero que se obtém por polimerização do etileno.


Material plástico amplamente utilizado na fabricação de recipientes
como caixas d’água, barris, galões.

Polegada: medida de comprimento que equivale a 0,0254 metros.

Pólvora: propelente feito de material sólido que, ao queimar, libera


gases.

Pólvora de base dupla: pólvora sem fumaça, à base de nitrocelulose e


nitroglicerina.

Pólvora de base simples: à base de nitrocelulose, sem nitroglicerina.

Pólvora de base tripla: pólvora sem fumaça, à base de nitrocelulose,


nitroglicerina e nitroguanina.

Pólvora branca: pólvora sem fumaça.

Pólvora negra: pólvora com fumaça, composta de nitrato de potássio,


carvão vegetal e enxofre.

Ponta oca: projétil que possui um orifício em sua extremidade, com


cortes simétricos, que possibilita uma maior expansão da superfície de
contato com o alvo, transferindo maior energia cinética para este.

495
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Ponte: parte do chassi de um revólver, que se situa sobre o tambor.

Ponto de incidência: ponto em que o projétil atinge um obstáculo.

Pórtico para ejeção de cápsulas deflagradas: abertura na caixa da


culatra ou do ferrolho, por onde as cápsulas deflagradas são ejetadas.

Pressão de boca: pressão gerada pela expansão dos gases resultantes


da queima da pólvora, medida na boca do cano.

Pressão de câmara: pressão gerada pela expansão dos gases resultantes


da queima da pólvora, medida na câmara da arma.

Projétil: parte do cartucho que é projetada através do cano da arma


quando do momento do disparo.

PRO: Professional (funciona nas ações simples e dupla).

Projétil canto-vivo: projétil cuja extremidade apresenta ângulos retos.

Projétil ensacado: diz-se do projétil que foi empurrado para dentro do


estojo.

Projétil explosivo: projétil que contém substância explosiva em sua


ponta causando sua explosão, quando do impacto com o alvo.

Projétil jaquetado: projétil cujo núcleo de chumbo é revestido por


uma camisa ou jaqueta de cobre ou latão.

Projétil ogival: projétil que apresenta a extremidade arredondada.

Protetor auricular: equipamento de proteção para a audição dos


operadores.

Pump-action: armas onde o mecanismo de funcionamento é


movimentado pela ação de movimentação ou pelo bombeamento de
uma “bomba”.

496
Manual de Armamento Convencional

–Q-

Quebra-chamas: peça montada na boca do cano de armas longas


militares para reduzir a chama gerada pela queima da pólvora.

________________________________________

–R–

Raias: são sulcos helicoidais de pequena profundidade, paralelos e com


suave curvatura em espiral, escavados na alma do cano das armas de
fogo. As raias imprimem ao projétil um movimento de rotação, dando-
lhe sentido de giro, estabilidade, velocidade e maior alcance.

Raiamento: estrias helicoidais existentes no interior do cano de uma


arma que fazem com que os projéteis adquiram um movimento de
rotação necessário para estabilizar-se durante a trajetória.

Rajada: sucessão rápida e ininterrupta de tiros produzidos em armas de


funcionamento automático, tiro contínuo.

Rampa de alimentação: plano inclinado ou rampa, localizado na parte


de trás da câmara, na qual a munição é facilmente conduzida à câmara
da arma automática ou semi-automática.
Recarga: processo que possibilita a reutilização de uma cápsula já
deflagrada.
Recuo: energia resultante do disparo de um cartucho, que lança a arma
para cima e para trás. Decorre da força de ação e reação da queima
da pólvora, onde o projétil é lançado para frente pelo cano e o estojo
lançado para trás, junto com a arma (proveniente da 3ª Lei de Newton).
Repetição: funcionamento de armas de fogo, em que o operador, após
cada disparo, através de sua ação muscular, precisa acionar o mecanismo
da arma para deixá-la em condições de realizar novo disparo.
Retém do carregador: peça que fixa o carregador no chassi da arma,
bastando pressioná-lo para que o carregador se solte.
Retém do tambor: peça que impede que o tambor de um revólver gire,
sem que o gatilho ou o cão seja acionado.
Retrocarga: municiamento da arma pela parte posterior da câmara.

497
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Ricochete: desvio de trajetória do projétil após colidir com uma


superfície sólida.

________________________________________

–S-

Seletor de tiro: dispositivo encontrado em armas automáticas que


permite a escolha entre segurança, tiros em rajada, intermitentes ou
burst’s (rajada curta de 2 ou 3 tiros).

Semi-automático: sistema de funcionamento de armas de fogo


onde, pelo aproveitamento dos gases, após o disparo, o mecanismo
de funcionamento executa todas as ações de manejo da arma (recuo
das peças móveis, extração, ejeção, engatilhamento, apresentação de
novo cartucho, avanço das pecas móveis, carregamento, trancamento
– quando há – e fechamento), exceto o novo disparo. Para novo disparo,
deve ser acionado o gatilho.

Sistema de recuo: sistema no qual o recuo é absorvido por molas e


utilizado para fazer funcionar a ação semi-automática ou totalmente
automática.

Sistema de operação a gás: sistema no qual o ferrolho é levado atrás


pela força resultante dos gases liberados pela queima da pólvora, e
levado à frente pela mola recuperadora. Incorpora o sistema de recuo
retardado.

Sistema de recuo retardado: sistema que trava o ferrolho e o cano da


arma semi-automática, por um curto período de tempo após o disparo,
até que a pressão interna caia a níveis seguros, para então abrir-se o
ferrolho.

Sistema de simples recuo: sistema utilizado em armas de pequeno


calibre, em que o ferrolho e o cano não são trancados, abrindo o
ferrolho pela força dos gases da queima da pólvora, tão logo seja a
munição disparada, e retornando à posição fechada, pela ação da mola
recuperadora.

Soleira: placa de borracha ou outro material sintético, localizada na


extremidade da coronha de armas longas, para apoio do operador.

Speed loader: marca de municiador rápido produzido por determinado

498
Manual de Armamento Convencional

fabricante norte-americano.

Suporte: dispositivo para fixação de dispositivos auxiliares de pontaria


em armas de fogo.

Supressor de ruídos (silenciador): equipamento auxiliar, instalado na


boca do cano de armas de fogo, com a função de diminuir o volume do
ruído causado pelo disparo. Produz melhores efeitos, quando utilizado
em armas com trancamento ou fechamento da culatra e que usam
munição subsônica.

________________________________________

–T-

Tambor: peça cilíndrica giratória dos revólveres, na qual se alojam os


cartuchos.

Tecla do tambor: tecla utilizada para abrir e fechar o tambor.

Telha (guarda-mão): parte de apoio da mão do operador em armas


longas, logo abaixo do cano.

Tensão da trajetória: retidão. Quanto menor o desvio do projétil da


linha reta em que foi disparado, maior a tensão da trajetória.

Tiro cego: disparo aleatório, sem pontaria.

Tiro contínuo: rajada.

Tiro instintivo (visão secundária): efetuado sem a utilização do


aparelho de pontaria.

Tiro a queima roupa: disparado com o cano encostado no alvo.

Tiro visado: efetuado com a utilização do aparelho de pontaria.

Traçante: projétil que possui uma camada de magnésio (substância


inflamável) cobrindo parte do projétil e que, em contato com o ar
atmosférico, esta camada incandesce, deixando em seu percurso um
traço luminoso que identifica sua trajetória.

Trajetória: caminho do projétil após o disparo, até o momento em que


encontra o alvo.

499
POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

Trancamento: consiste na obturação completa e perfeita da câmara


pela culatra ou pelo ferrolho, através de ressaltos ou outras peças
específicas, no momento do fechamento da culatra.

Trava da empunhadura: trava de segurança, localizada na empunhadura


de algumas pistolas (tecla de segurança do punho).

Trava de segurança: dispositivo externo que, quando acionado, efetua


o travamento de algum mecanismo da arma, com a finalidade de
impedir a realização do disparo.

Trilho Picatinny: dispositivo, com formato específico, para instalação


de miras e lanternas em armas de fogo.

________________________________________

–V-

Velocidade de boca: velocidade inicial do projétil, medida na saída da


boca do cano.

Velocidade de queima: tempo de inflamação de determinada


quantidade de pólvora.

Vida útil: tempo limite em que uma peça, parte ou conjunto podem
permanecer em perfeito estado de funcionamento, além do qual, os
desgastes passa a prejudicar a segurança.

Velocidade teórica de tiro: é a cadência de tiro da arma, calculada


através de fórmulas, que resultam na sua velocidade de funcionamento,
considerando-se a existência de um carregador infinito.

Velocidade prática de tiro: é a cadência de tiro executada através de


manuseio real da arma, observando-se, inclusive, os fundamentos para
o tiro.

500
Manual de Armamento Convencional

–W-

Wildcat: munição desenvolvida de forma amadora, mas baseada em


munição comercial existente.

Wondernine: denominação dada às pistolas em calibre 9 mm


Parabellum, de alta capacidade, moderno sistema de ignição e operadas
em ação dupla.

________________________________________

–Z–

Zerar: coincidir ponto visado e ponto de impacto do projétil.

Zerar a mira: alinhar o sistema de miras.

Zona de chama: zona de impacto no alvo, decorrente de tiro a


curta distância, em que houve queima de substância pelos resíduos
incandescentes da pólvora.

Zona de tatuagem: zona do alvo em que ocorrem incrustações dos


grãos maiores da pólvora parcialmente queimados ou não queimados.

501
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506
Página: ( - 507 - )

( - SEPARATA DO BGPM Nº 94 de 15 de dezembro de 2011 -)

(a) RENATO VIEIRA DE SOUZA, CORONEL PM


COMANDANTE-GERAL

CONFERE COM O ORIGINAL:

JOÃO SUSSUMU NOGUCHI, TEN CEL PM


AJUDANTE-GERAL

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