Recebido: 29/09/2016

Revisão Aceito: 21/11/2016

Fonte de financiamento: Bolsas de Iniciação Científica da
SISTEMÁTICA Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB).

Tecnologias aplicadas à promoção da saúde

do trabalhador: uma revisão sistemática
Technologies applied to occupational health promotion: a systematic review
Natasha Cordeiro dos Santos1, Lilian Santana Santos1, Fernanda Warken Rosa Camelier1,
Roberto Rodrigues Bandeira Tosta Maciel1, Daniel Deivson Alves Portella1

RESUMO | Contexto: Os programas de promoção da saúde do trabalhador via web são cada vez mais oferecidos pelas empresas
com o objetivo de promover estilos de vida saudáveis, prevenir ou gerenciar doenças, contribuir para a saúde ocupacional e melhorar
o clima organizacional. Objetivos: Sistematizar o conhecimento acerca da utilização de programas via web, sites, aplicativos online
e e-mails como tecnologias aplicadas à promoção da saúde do trabalhador. Métodos: Foi feita uma revisão sistemática de ensaios
clínicos sobre a temática na base de dados Medline. Resultados: A pesquisa resultou em 3.071 títulos únicos de artigos. Destes, 139
foram selecionados com rastreio de títulos. Dos 139 escolhidos, 47 foram selecionados pela leitura dos resumos que pareceram atender
aos critérios de seleção. No entanto, após a leitura integral dos artigos, verificou-se que 31 deles não cumpriam todos os critérios de
inclusão, resultando na seleção final de 16 artigos. Conclusões: De acordo com os achados desta revisão, programas baseados na web
podem ser um meio promissor de acesso à informação para a promoção da saúde dos trabalhadores.
Palavras-Chave | promoção da saúde; educação em saúde; saúde do trabalhador; internet; planos e programas de saúde.

ABSTRACT | Background: Health promotion programs for workers via the web are increasingly offered by companies to promote
healthy lifestyles, prevent or manage diseases, contribute to occupational health and improve the organizational climate. Aims: To system-
atize the knowledge on the use of web-based programs, websites, online applications and e-mails as technologies for occupational health
promotion. Methods: A systematic review of clinical trials was conducted on the subject of interest in database MedLine. Results:
The search resulted in 3,071 articles. From these, 139 studies were selected after screening of titles; the number was reduced to 47 after
analysis of abstracts indicated they seemed to meet the inclusion criteria. However, reading of the full-text showed that 31 articles
did not meet the inclusion criteria, therefore, the final sample consisted of 16 articles. Conclusions: According to the findings of the
present review web-based programs might be a promising means of access to information for the promotion of occupational health.
Keywords | health promotion; health education; occupational health; internet; health programs and plans.

Trabalho realizado na Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Salvador (BA), Brasil.

Universidade do Estado da Bahia (UNEB) – Salvador (BA), Brasil.
1

DOI: 10.5327/Z1679443520177042

Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22

113
 Santos NC, et al.
INTRODUÇÃO
Segundo a Carta de Ottawa (1986), promoção da saúde
é o processo de capacitação da comunidade para atuar na
melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma
maior participação nesse processo1.
A promoção da saúde representa um amplo processo
social e político; não engloba apenas as ações dirigidas para
o fortalecimento das habilidades e capacidades dos indiví-
duos, mas também aquelas direcionadas para as mudanças
nas condições sociais, ambientais e econômicas, de forma
a aliviar o impacto desses aspectos sobre a saúde pública e
individual. É o processo que possibilita às pessoas aumentar
o controle sobre determinantes da saúde e, dessa forma,
melhorá-la1.
Um importante fator que influencia as condições de saúde
é o conjunto de hábitos de vida, por isso os programas de
promoção de saúde estimulam a adoção de estilos de vida
saudáveis, incluindo ações para o desenvolvimento da cons-
ciência e de habilidades para a autonomia e a corresponsa-
bilidade do indivíduo na promoção da sua saúde1.
Nas últimas décadas, o ambiente laboral também se
tornou um espaço de promoção de estilos de vida saudáveis,
neste caso relacionado à saúde do trabalhador. A expressão
“saúde do trabalhador” se refere a um campo do saber que
visa compreender as relações entre o trabalho e o processo
saúde/doença1,2.
Os programas de promoção da saúde do trabalhador,
em geral, são oferecidos pelas empresas com o intuito de
promover bons hábitos de saúde; prevenir ou gerenciar riscos
e doenças; contribuir para a saúde ocupacional; e melhorar
as relações interpessoais e organizacionais3.
Nas empresas, a implementação de programas de educação
e promoção da saúde visa estimular mudanças de hábito
na vida dos trabalhadores. Os funcionários saudáveis, que
desempenham atividades laborativas em ambientes seguros,
podem contribuir para o desenvolvimento das instituições
de modo a proporcionar ganhos de produtividade, sem
perder de vista os cuidados com a saúde4.
São vários os benefícios dessas iniciativas, tanto para
os empregados quanto para os empregadores3. As possi-
bilidades de ações para a promoção da saúde no ambiente
corporativo são inúmeras, tais como seminários, feiras de
saúde, palestras, realização de ginástica laboral, distribuição
de folders informativos, programas via web, entre outras.
Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22
114
A escolha do programa a ser desenvolvido depende,
entre outros fatores, das características e necessidades do
público-alvo e dos recursos disponíveis (financeiros, mate-
riais e humanos)5.
Muitos programas de saúde são propostos em situações
laborais diversas, projetados para melhorar a saúde do traba-
lhador e evitar os custos com possíveis afastamentos. Embora
esses programas geralmente sejam executados por meio de
palestras e materiais de impressão, projetos de promoção
da saúde no local de trabalho são cada vez mais realizados
por meio da internet6.
As intervenções baseadas em computador no local de
trabalho — ou em casa — são estimuladas pelo enorme
crescimento do acesso à internet e pela criação de programas
de melhoria de saúde2. Esses programas utilizam como
pré-requisitos a facilidade de navegação; a clara disposição
dos materiais informativos; a utilização de recursos como
imagens, áudio e vídeo; e a formatação desses recursos,
que devem ser atrativos, interativos e dinâmicos ao trans-
mitir informações, dicas úteis, motivação, bons exemplos
e incentivo para avaliar os avanços7.
Os temas mais abordados são relacionados à redução
e ao controle de peso; à alimentação saudável; à prática
de atividade física; e à redução e ao controle do estresse
e da ansiedade. Os programas de educação em saúde
devem ser abrangentes, oferecendo informações subs-
tanciais com orientação e temas adequados ao públi-
co-alvo. A relação entre os programas de promoção de
saúde pela internet e a saúde do trabalhador tem se
tornado um tema muito relevante nas pesquisas, com a
finalidade de comprovar a efetividade desses programas
no ambiente corporativo.
Dessa forma, o objetivo do presente artigo foi sistema-
tizar o conhecimento acerca da utilização de programas via
web, sites, aplicativos online e e-mails como tecnologias apli-
cadas à promoção da saúde do trabalhador.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de revisão sistemática, utilizando
a base de dados eletrônica Medline. Na estruturação desta
pesquisa, recorreu-se à estratégia PICO8, um acrônimo
para Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes”
(Desfecho). Utilizamos as palavras-chave: health promotion;
 Tecnologias aplicadas na saúde do trabalhador
health education; electronic supplementary materials; healthy
people programs; workplace; sinônimos e palavras relacio-
nadas acrescidas dos operadores booleanos “AND” e “OR”
são apresentados no Quadro 1. Os artigos incluídos foram
publicados no período de 1º de janeiro de 1990 a 1º de julho
de 2015. A busca foi feita por meio das palavras encontradas
nos títulos, assuntos e resumos dos artigos.
ESTRATÉGIA DE BUSCA
((“electronic supplementary materials” [Publication Type]
OR “electronic supplementary materials” [All Fields]) OR
(“video-audio media” [Publication Type] OR “video-audio
media” [All Fields])) OR (Instructional [All Fields] AND
(“motion pictures as topic” [MeSH Terms] OR (“motion”
[All Fields] AND “pictures” [All Fields] AND “topic” [All
Fields]) OR “motion pictures as topic” [All Fields] OR “films”
[All Fields]) AND (“videotape recording” [MeSH Terms] OR
(“videotape” [All Fields] AND “recording” [All Fields]) OR
“videotape recording” [All Fields] OR “videos” [All Fields])))
OR (“interactive tutorial” [Publication Type] OR “interac-
tive tutorial” [All Fields])) OR (“webcasts” [Publication
Type] OR “webcasts as topic” [MeSH Terms] OR “webcasts”
[All Fields])) AND (“health education” [MeSH Terms] OR
(“health” [All Fields] AND “education” [All Fields]) OR “health
education” [All Fields])) OR (“health promotion” [MeSH
Terms] OR (“health” [All Fields] AND “promotion” [All
Fields]) OR “health promotion” [All Fields])) OR (“healthy
people programs” [MeSH Terms] OR (“healthy” [All Fields]
AND “people” [All Fields] AND “programs” [All Fields]) OR
Quadro 1. Palavras-chave utilizadas na busca eletrônica acres-
cidas dos operadores booleanos “AND” e “OR”.
Palavra-chave Sinônimos e palavras-chave relacionados
Health Promotion of health; wellness programs;
promotion health campaigns; health; promotion.
Health Community health education; education;
education health; health education.
Video-audio media; motion pictures as topic;
Electronic
motion; pictures; topic; films; videotape
supplemen-
recording; videotape; videos; interactive
tary materials
tutorial; webcasts; webcasts as topic.
Healthy people
Healthy; people; programs.
programs
Workplace
Work; working; environment; work location;
location; place; worksite; site.
Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22
115
“healthy people programs” [All Fields])) AND (“workplace”
[MeSH Terms] OR “workplace” [All Fields])) OR ((“work”
[MeSH Terms] OR “work” [All Fields] OR “working” [All
Fields]) AND (“environment” [MeSH Terms] OR “envi-
ronment” [All Fields]))) OR (“workplace” [MeSH Terms]
OR “workplace” [All Fields] OR (“work” [All Fields] AND
“location” [All Fields]) OR “work location” [All Fields])) OR
(“workplace” [MeSH Terms] OR “workplace” [All Fields] OR
(“work” [All Fields] AND “place” [All Fields]) OR “work
place” [All Fields])) OR (“workplace” [MeSH Terms] OR
“workplace” [All Fields] OR (“work” [All Fields] AND “site”
[All Fields]) OR “work site” [All Fields])) OR (“workplace”
[MeSH Terms] OR “workplace” [All Fields] OR “worksite”
[All Fields]) AND Clinical Trial [ptyp])
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Os estudos deveriam seguir os seguintes critérios para
ser incluídos nesta revisão:
• A população deveria ser formada por trabalhadores que
utilizaram programas via web, sites, aplicativos online e
e-mails como tecnologias aplicadas à promoção da saúde.
• Os estudos deveriam ser ensaios clínicos.
• Os artigos deveriam estar disponíveis e publicados em
inglês, português e espanhol.
CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Os estudos que apresentassem as seguintes caracterís-
ticas seriam excluídos desta revisão:
• Uso de intervenções online apenas como ferramentas
secundárias aliadas a intervenções presenciais.
• Utilização de programas online como forma de prevenção
de patologias específicas.
• População formada por trabalhadores que exercem ativi-
dades muito singulares, tais como pescaria e mineração.
COLETA DE DADOS
Os artigos relevantes, coletados por meio de pesquisas
em banco de dados, foram selecionados por rastreio dos
títulos (primeira etapa), resumos (segunda etapa) e leitura
integral (terceira etapa),
Foi feita uma leitura exploratória de todo o material sele-
cionado e, posteriormente, uma leitura seletiva e analítica
mais aprofundada das partes que realmente interessavam.
Em seguida, foram registradas as informações extraídas
dos artigos — autores, título, revista, ano, resumo e conclusões
 Santos NC, et al.

— com a finalidade de ordenar e sumariar, de forma a possi-
bilitar a obtenção de informações relevantes à pesquisa.
O processo de identificação dos aspectos metodológicos
e da extração de dados dos artigos foi realizado por dois revi-
sores independentes. Quando ocorria alguma discordância
entre eles, os revisores liam novamente o artigo na íntegra
para reavaliação. Se a divergência persistisse, um terceiro
revisor independente avaliaria.
O protocolo das etapas de construção da presente
revisão sistemática foi publicado na International Prospective
Register of Systematic Reviews (PROSPERO), sob registro
no 42016050437.
RESULTADOS
A pesquisa na base de dados resultou em 3.071 títulos
únicos de artigos. Destes, 2.932 foram excluídos, sendo
selecionados 139 artigos com rastreio de títulos. Dos 139
artigos, 47 foram selecionados pela leitura dos resumos que
pareceram atender aos critérios de seleção.
No entanto, após a leitura integral dos artigos,
verificou-se que 31 deles não cumpriam todos os crité-
rios de inclusão, resultando na seleção final de 16 artigos,
conforme Figura 1.
Os 16 artigos foram lidos de forma analítica e seletiva e
organizados em uma tabela com informações relevantes das
pesquisas, como primeiro autor, ano da publicação; popu-
lação; atividades realizadas com o grupo de intervenção e
o grupo-controle; tempo total da intervenção; desfechos;
métodos de avaliação; métodos de análise; e, por fim,
resultados, como mostra o Quadro 2. Os 16 artigos foram
analisados quanto ao aspecto metodológico, avaliando-se
se houve: intenção de tratar; cegamento; aleatoriedade;
comparação entre grupos; e medidas de precisão8, como
mostra o Quadro 3.

3.071 arquivos

2.932 artigos excluídos pelo título

139 artigos

92 artigos excluídos pelo resumo

47 artigos

13 artigos excluídos: 8 artigos excluídos:

Utilizavam sites como ferramentas Realizados com trabalhadores
secundárias na intervenção que tinham atividades específicas

3 artigos excluídos: 7 artigos excluídos:

Avaliavam aplicativos de saúde Usavam programas online como
sem realizar intervenções prevenção de patologias específicas

16 artigos

Figura 1. Diagrama de fluxo da pesquisa.

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 Tecnologias aplicadas na saúde do trabalhador

Quadro 2. Análise dos artigos.

Primeiro Intervenção Método
População Intervenção Desfecho Avaliação Resultados
autor,ano total de análise

Colesterol Grupo-
Intervenção (n=272)
638 traba- Avaliaram-se os (p<0.001) 95% intervenção
Programa alimenta-
Braeckman, lhadores (4 Alimentação níveis de coles- CI (-3.63-1.21) e obteve redução
ção (web) Controle 3 meses
1999 empresas saudável. terol e gorduras gorduras totais do colesterol e
(n=366) Intervenção
diferentes). totais. (p<0.05) 95% CI das gorduras
mínima.
(-2.98-0.13). totais.

Intervenção (n=24)
Programa ACT Avaliou-se Grupo-
65 traba- Intervenção
(web) por meio de intervenção
lhadores Controle do ACT (p<0,01) e
Bond, 2000 Intervenção (n=21) 3 meses um questio- obteve maior
(empresa de estresse. intervenção IPP
Programa IPP nário, pré e controle do
mídia). (p<0,05).
Controle (n=20) pós-intervenção. estresse.
Intervenção mínima.

Intervenção (n=92) Avaliou-se por Grupo-

176 traba-
Promoção de meio de um Redução intervenção
Kawakami, lhadores Redução de
saúde mental (web) 3 meses questionário de estresse obteve redu-
2005 (empresa de estresse.
Controle (n=84) online, pré e (p=0,25). ção do estresse
engenharia).
Intervenção mínima. pós-intervenção. psicológico.

Alimentação Grupo-
Alimentação
Intervenção (n=209) Avaliou-se por saudável intervenção
419 traba- saudável,
Programa de saúde meio de um (p=0,008), redu- obteve melho-
lhadores redução
Cook, 2007 (web) 17 semanas questionário ção de peso rias na alimenta-
(recursos de peso e
Controle (n=210) online, pré e (p=0,01) e redu- ção, na redução
humanos). redução de
Material impresso. pós-intervenção. ção de estresse de peso e no
estresse.
(p=0,01). estresse.

Grupo-
Intervenção (n=96) Conhecimento Conhecimento
Avaliou-se intervenção
149 traba- Programa de redu- sobre saúde, (p<0,001), efi-
por meio de obteve maior
Umanodan, lhadores (7 ção de estresse eficiência ciência (p<0,05)
7 meses um questio- conhecimento,
2009 empresas (web) profissional e e redução
nário, pré e eficiência e
diferentes). Controle (n=53) redução de de estresse
pós-intervenção. redução de
Intervenção mínima. estresse. (p<0,05).
estresse.

Grupo-
Intervenção (n=65) Gordura
intervenção
109 trabalha- Alimentação Perda de Avaliou-se a (p<0,0001) 95%
obteve menor
dores (ope- saudável (web) peso e ali- ingestão de CI(-1,7, -0,6),
Levin, 2009 22 semanas ingestão de
radora de Controle (n=44) mentação gordura e proteína
gordura e maior
seguros). Reuniões saudável. proteína. (p=0,01) 95% CI
ingestão de
presenciais. (-10,2, -1,5).
proteínas.

Intervenção (n=40) Perda de peso Grupo-

67 trabalhado- Programa indi- (p=0,001), intervenção
Perda de Avaliou-se por
res (empresa vidualizado de IMC (p=0,002) e obteve perda de
Pressler, 2010 12 semanas peso, redução meio de peso,
automobilís- exercícios (web) CA (p=0,001) peso, redução
de IMC e CA. IMC e CA.
tica). Controle (n=27) Não 95% CI (-0,20, de IMC e redu-
individualizado. 0,04). ção de CA.
Continua...

Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22

117
 Santos NC, et al.

Quadro 2. Continuação.
Primeiro Intervenção Método
População Intervenção Desfecho Avaliação Resultados
autor,ano total de análise
Grupo telefone
Intervenção (n=206)
562 trabalha- (1,9 kg) 95% CI
Programa de Grupo-
dores (banco, (-1.1; 1.6)
saúde (telefone) Avaliou-se por intervenção
Gussenhoven, hospitais, Perda de Grupo web
Intervenção (n=164) 24 meses meio do peso apresentou
2012 força policial peso. (2,4 kg) 95% CI
Programa (web) corporal. maior redução
e empresa de (-0.8; 2.5)
Controle (n=192) de peso.
informática). Material
Material impresso.
impresso (1,6 kg).
Intervenção (n=96)
Controle de estresse Grupos-
239 trabalha-
(web) Avaliou-se a Grupo web intervenção
dores (ope- Redução de
Wolever, 2012 Intervenção (n=90) 12 semanas redução de (p=0,01) e grupo obtiveram signi-
radora de estresse.
Yoga Controle estresse. yoga (p=0,05). ficativa redução
seguros).
(n=53) Intervenção de estresse.
mínima.
Avaliou-se
por meio de Uso de escadas
Intervenção (n=123)
questionários (OR 2,24, 95% CI Grupo-
241 Incentivo à cami-
e entrevistas 0,94 para 5,31), intervenção
Aittasalo, trabalhadores nhada e ao uso de Atividade
12 meses ao longo da caminhar como obteve impacto
2012 (20 empresas escadas (web) física.
intervenção lazer (OR 2,07, nos indicadores
diferentes). Controle (n=118)
e o número 95% CI 0,99 de caminhada.
Intervenção mínima.
de passos no para 4,34).
pedômetro.
924 trabalha-
Grupo-
dores (insti- Intervenção (n=456) Avaliou-se por
Estado geral de intervenção
tuições de Promoção de saúde meio de um
Robroek, Promoção de saúde (p<0,05) obteve resulta-
saúde, servi- (web) 24 meses questionário
2012 saúde. (OR 0,94, 95% dos significati-
ços comer- Controle (n=468) online, pré e
CI 0,63-1,40). vos no estado
ciais e do Intervenção mínima. pós-intervenção.
geral de saúde.
governo).
281 trabalha-
Redução de
dores (empre- Intervenção (n=188) Grupo-
peso (p<0,001),
sas farma- Controle do peso Avaliou-se por intervenção
Redução de 95%CI -0,77 (-1,47,
Jaime, 2013 cêutica, de (web) 12 meses meio de peso obteve redu-
peso e CA. -0,08) CA (p<0
comunicação Controle (n=93) e CA. ção de peso e
001), 95% CI
e do setor de Intervenção mínima. de CA.
-1,05 (-1,99, -0,14).
serviços).
Intervenção (n=142) Avaliou-se Grupo-
263 traba-
Gerenciamento por meio de Controle intervenção
Umanodan, lhadores (12 Controle de
de estresse (web). 19 semanas questionários de estresse obteve maior
2014 empresas estresse.
Controle (n=121) online, pré e (p=0,001). controle de
diferentes).
Intervenção mínima. pós-intervenção. estresse.
Intervenção (n=136)
Grupo-
Controle de estresse Avaliaram-se
408 trabalha- Redução de Estresse intervenção
(web) com auxílio. estresse e qua-
dores (ope- estresse e (p=0,04) e qua- obteve redução
Ebert, 2014 Intervenção (n=136) 8 meses lidade de vida
radora de qualidade de lidade de vida de estresse e
Pouca orientação. por meio de
seguros). vida. (p=0,04). melhor quali-
Controle (n=136) questionários.
dade de vida.
Sem orientação.
Continua...

Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22

118
 Tecnologias aplicadas na saúde do trabalhador

Quadro 2. Continuação.
Primeiro Intervenção Método
População Intervenção Desfecho Avaliação Resultados
autor,ano total de análise

Grupo-
Intervenção (n=102) Avaliou-se intervenção
254 trabalha-
Promoção de saúde por meio de obteve melho-
Sjogaard, dores (seto- Promoção de Promoção de
(web). 24 meses um questio- res resultados
2014 res público e saúde. saúde (p<0,05).
Controle (n=152) nário, pré e nos cuidados
privado).
Intervenção mínima. pós-intervenção. com a saúde e a
produtividade.

Grupos-
Intervenção INCENT INCENT: redu- intervenção
(n=708) ção de peso obtiveram
1.709 traba-
Programa de saúde Perda de (p=0,001) e IMC resultados sig-
Almeida, lhadores (28 Avaliaram-se
(e-mail) 12 meses peso, redução (p=0,001) LMW: nificativos na
2015 empresas peso e IMC.
Intervenção LMW de IMC. redução de perda de peso
diferentes).
(n=1.001) boletim tri- peso (p=0,01) e e redução de
mestral e sessões. IMC (p=0,01). IMC, sobretudo
com o INCENT.
CI: intervalo de confiança; ACT: Acceptance and Commitment Therapy; IPP: Innovation Promotion Program; IMC: índice de massa corporal;
CA: circunferência abdominal; INCENT: Internet-based intervention with monetary incentives (Intervenção na internet com incentivos monetários);
LMW: Livin’ My Weigh.

Quadro 3. Características dos artigos.

Intenção Comparação Medidas de
Primeiro autor, ano Cegamento Aleatoriedade
de tratar entre grupos precisão

Braeckman, 1999  

Bond, 2000    

Kawakami, 2006    

Cook, 2007  

Umanodam, 2009  

Levin, 2009 

Pressler, 2010    

Gussenhoven, 2012     

Wolever, 2012   

Aittasalo, 2012    

Robroek, 2012   

Jaime, 2013  

Umanodam, 2014   

Ebert, 2014   

Sjogaard, 2014     

Almeida, 2015    

Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22

119
 Santos NC, et al.
DISCUSSÃO
Os resultados sugerem que os programas baseados na
web geraram resultados significativos na promoção da saúde
do trabalhador, devido às vantagens de acesso móvel às
informações; disponibilidade para leitura de acordo com
cada trabalhador; e possibilidade de acesso em horários
mais convenientes aos usuários.
No estudo realizado por Cook et al.7, que comparou os
resultados para alimentação saudável, redução de estresse e
prática de atividade física obtidos pelo programa web com
os resultados para os mesmos critérios obtidos pelos mate-
riais de impressão, verificou-se que o programa baseado na
internet continha conteúdo mais abrangente e era apresen-
tado em formato multimídia, recebendo, portanto, as clas-
sificações mais elevadas por ser atraente e motivador, além
de conter outras medidas de avaliação mais positivas do
que os materiais de impressão. O programa web recebeu as
classificações mais elevadas para “riqueza de informações”,
“dicas úteis”, “me motivou”, “proporcionou bons exemplos”,
e “me incentivou a analisar [o assunto]”.
Esse aspecto também foi levantado no estudo de Pressler
et al.11, no qual compararam-se os resultados relacionados
à perda de peso e à prática de atividade física obtidos pelo
grupo-intervenção — que recebeu videoaulas online — com
os resultados para os mesmos critérios obtidos pelo grupo-
controle — que teve aulas presenciais. Os resultados foram
maiores no grupo-intervenção, possivelmente porque os
usuários que perdiam um dia de aula online podiam acessar
o vídeo depois, opção não disponível para os participantes
de aulas presenciais.
No entanto, alguns temas não geraram resultados tão
satisfatórios no desfecho “redução dos níveis de estresse”,
como abordado no estudo de Wolever et al.13, no qual sugere-
se a possibilidade de que esse tema é menos adequado para
abordagens baseadas na web do que programas de controle
de peso, por exemplo. Ou, ainda, de que as técnicas baseadas
na web nas áreas de programas de estresse e atividade são
menos avançadas do que na área alimentar.
Deve-se ressaltar que os programas baseados na web variam
amplamente, não só no conteúdo, mas também na confiabi-
lidade das informações — se são cientificamente precisas,
enraizadas e baseadas na ciência. Programas baseados na
web que contêm informações questionáveis ou sem funda-
mentos teóricos aceitos são improváveis de ser eficazes.
Rev Bras Med Trab. 2017;15(1):113-22
120
O estudo de Sjogaard et al.6 possui grande embasamento
e confiabilidade, pois realizou um planejamento ideal de
treinamento de exercício físico para cada trabalhador com
base no exame médico individual, seguindo diretrizes e reco-
mendações de treinamento em relação à função cardiorres-
piratória, à força muscular em partes específicas do corpo
e ao treinamento funcional, incluindo o treinamento de
equilíbrio, fator que possibilitou maior adesão à pesquisa
e maior frequência de acesso ao programa.
A adesão e a frequência de acesso são um aspecto muito
citado em todos os estudos, os quais demonstram que as
possibilidades tecnológicas e a disponibilidade ilimitada
da internet não são suficientes para melhorar a automoti-
vação, a participação e a automanutenção no programa11.
O estudo de Cook et al.7 mostra que a frequência com
que os usuários acessaram o programa baseado na web foi
menor do que o previsto, sendo especialmente baixa para
os módulos sobre estresse e atividade física. Esse achado
sugere que a frequência de acesso pode estar intimamente
relacionada aos resultados obtidos pelo trabalhador. 
Embora a direção de causalidade não seja clara, esses
resultados sugerem que os procedimentos e incentivos
para aumentar a frequência de acesso do usuário podem
melhorar a aderência e os resultados do trabalhador que
participa desse tipo de programa.
Almeida et al.14, ao estudarem intervenções com o objetivo
de reduzir o excesso de peso de empregados obesos, observaram
que o grupo-intervenção, ao participar de programa baseado
na internet e recebendo incentivos monetários equivalentes à
perda de peso, apresentou aumento da aderência e melhores
resultados em relação ao grupo-controle, que recebia o mínimo
de intervenção, com boletins de notícias e programa informa-
tivo Livin’ My Weigh (LMW). Portanto, uma contínua inter-
venção com acompanhamento pode ser necessária.
Outro aspecto observado em relação às análises de
evasão revelou que os funcionários com altos níveis iniciais
de “sofrimento psicológico” tendem a evadir ao longo do
estudo. Esse resultado está de acordo com os achados de
pesquisas anteriores, que mostram que os trabalhadores
estressados são mais propensos a abandonar o programa
do que os não estressados17.
Entretanto, Robroek et al.21 afirmaram que os funcio-
nários com baixa intenção de mudar seu comportamento
eram menos propensos a se inscrever no estudo, mas,
uma vez participando, eram mais propensos a sustentar
 Tecnologias aplicadas na saúde do trabalhador
a intervenção e a visitar o site durante todo o período do
programa. Isso pode indicar que o estudo é atraente para
trabalhadores com baixa intenção de mudar seu compor-
tamento. Alternativamente, também pode indicar que os
participantes que pretendem mudar seu comportamento
não necessitam do programa para realizar tal ação.
Os estudos sugerem que o apoio dos pares, o suporte
de um conselheiro, a comunicação via correio eletrônico,
o telefonema para os trabalhadores e as atualizações do site
foram eficazes para incentivar os usuários a continuarem
utilizando os programas. Pode-se questionar se a automo-
nitorização e a possibilidade de fazer perguntas se encaixam
nos desejos do grupo-alvo. Há a necessidade de técnicas
mais atraentes para aumentar a retenção e manter os indi-
víduos que necessitam do programa21.
Entretanto, mesmo com a taxa de evasão, a utilização dos
programas via web, sites, aplicativos online e e-mails teve resul-
tados significativos na promoção da saúde do trabalhador,
de acordo com os desfechos e resultados encontrados nas
pesquisas7,21. Além dos resultados satisfatórios para a saúde
do trabalhador, a utilização dos programas web se mostrou
eficiente quanto aos aspectos econômicos da empresa14.
Fornecer um programa baseado na web para os usuários
é provavelmente menos caro do que instituir um programa
presencial ou baseado em materiais de impressão. Com efeito,
uma vez construídos, os programas baseados na web podem
ser entregues a milhões de usuários de forma muito rentável,
alcançando um público de tamanho inatingível pelos
programas tradicionais de promoção da saúde no local
de trabalho. Para proporcionar acesso ao programa web é
necessária uma única mensagem de e-mail, enviada instan-
taneamente a todos os participantes8.
Além disso, há o fator da conveniência e da comodidade,
uma vez que os participantes não são limitados por tempo e
lugar. Os usuários podem acessar o material no horário que
lhes for mais conveniente e agradável, fator que foi reforçado
e usado como argumento na maioria dos estudos.
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Os estudos também foram avaliados pelos seguintes
critérios de qualidade: intenção de tratar; cegamento; aleato-
riedade; comparação entre grupos; e medidas de precisão8.
Todos os artigos fizeram comparação entre os grupos inter-
venção e controle e os resultados encontrados no pré e no
pós-teste. Apenas dois artigos não alocaram os sujeitos da
pesquisa nos grupos de forma aleatória; nesses estudos, os
indivíduos não tiveram a mesma chance de participar de
cada grupo10,16.
Nas pesquisas que tinham intenção de tratar, os indi-
víduos continuaram sendo acompanhados pelos profis-
sionais envolvidos no estudo, independentemente do que
ocorreu com cada um deles6,12-14,16,18,22. A minoria dos artigos
descreve ter feito cegamento6,11,12,21,23. A presença de medidas
de precisão também é um critério muito importante no que
se refere ao nível de proximidade entre os resultados, sendo
utilizadas em alguns estudos6,11,12,14,17-19,22,23.
Quanto à avaliação da presente revisão sistemática, as
principais limitações foram a utilização de apenas uma base
de dados e a dificuldade no método de análise dos artigos
devido às diferenças em seus aspectos metodológicos.
CONCLUSÃO
Os programas via web, sites, aplicativos online e
e-mails mostraram-se bastante úteis como ferramentas
aplicadas à promoção da saúde do trabalhador, sobretudo
nos aspectos: alimentação saudável; estímulo à prática de
atividade física; e satisfação profissional. Esses aspectos têm
relação com a qualidade de vida dos trabalhadores.
Contudo, há necessidade de controlar a evasão utili-
zando programas mais atrativos e dinâmicos, além de esta-
belecer maior rigor metodológico na realização dos estudos.
Ademais, programas baseados na web podem ser um
meio promissor de entrega de material para a promoção
da saúde do trabalhador.
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Endereço para correspondência: Daniel Deivson Alves Portella – Universidade
do Estado da Bahia (UNEB), Departamento de Ciências da Vida (DCV),
Colegiado do Curso de Fisioterapia – Avenida Silveira Martins, 2.555 –
Cabula – CEP: 41150-000 – Salvador (BA), Brasil – E-mail: dportella@uneb.br