29 e 30 de outubro de 2019

AVALIAÇÃO DE HEMOPARASITOSES EM TILÁPIAS-DO-NILO CRIADAS

NO SUDESTE DO BRASIL

Renan Moura Garcia¹, Caio Henrique de Oliveira Carniatto¹, Gislaine Aparecida Garcia
Refundini¹, Rodrigo Jesus Paolozzi¹; Stefânia Caroline Claudino da Silva²
¹ Hospital Veterinário da UniCesumar, Maringá. renan.garcia@unicesumar.edu.br; carniatto@usp.br; refundinigislaine@gmail.com;
rodrigo.paolozzi@unicesumar.edu.br
² Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Segurança Alimentar. UniCesumar, Maringá.
stefania.silva@unicesumar.edu.br

Resumo
Peixes são espécies de produção com diferentes interesses zootécnicos, como produção de carne e couro,
comércio de animais pets e modelos experimentais. Entretanto, pouco se sabe sobre os parâmetros
hematológicos nestas espécies, assim como estudos parasitológicos em espécies amplamente produzidas
no Brasil, como a tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus. Esta espécie é amplamente produzida no Brasil em
todas as regiões, visando suprir o mercado interno e a demanda por produtos e subprodutos provenientes
da piscicultura. Nesse sentido, esta pesquisa teve como objetivo investigar a presença de hemoparasitoses
em tilapias criadas em cativeiro no sudeste do Brasil. O processo de avaliação foi feito mediante esfregaços
sanguíneos em lâminas foscas lapidadas, com coloração panótica rápida. Posteriormente foi feita a leitura
em microscópio de luz a fim de avaliar as condições hematológicas e a pesquisa de hemoparasitoses.
Foram avaliados 44 esfregaços sanguíneos, onde algumas amostras se apresentaram alteradas no
leucograma e com alterações citoplasmáticas. Porém, não foram encontrados hemoparasitas. Com estes
resultados é possuir concluir que as condições ambientais onde os peixes eram mantidos eram ideais para
o manejo da espécie, garantindo a sanidade dos animais e a qualidade da carne.

PALAVRAS-CHAVE: Hematoparasitas; Medicina Veterinária; Oreochromis niloticus; Peixes; Psicultura.

1. INTRODUÇÃO

É notável como a medicina de animais de produção vem crescendo no Brasil nos

últimos anos (ROSE et al., 2015; SNEDDON, 2015). Nesse cenário, destaca-se a
produção de peixes (piscicultura), pois diversas espécies apresentam interesse
zootécnico, seja na produção de carne e couro (ROSS et al., 2008), seja como animais de
estimação e modelos em pesquisa (CHATIGNY et al., 2018).
A piscicultura, no Brasil, vem aumentando significativamente nas últimas duas
décadas (RODRIGUES et al., 2018), exigindo o aperfeiçoamento das técnicas de
produção, como melhoramento genético, manejo, bem-estar e sanidade dos animais
cativos (BRITO et al., 2019). A tilápia-do-Nilo Oreochromis niloticus é a espécie mais
cultivada em cativeiro, principalmente nas regiões tropicais e subtropicais (SAAD; EL-
HAWARRY; ABEL-LATEEF, 2014). Porém, embora suas exigências nutricionais e
reprodutivas sejam amplamente estudadas e conhecidas (DZYUBA et al., 2019; SOUZA
et al., 2019), poucos estudos são conduzidos sobre aspectos sanitários, patológicos e
epidemiológicos na espécie.
A hematologia é um grande diferencial no diagnóstico e em muitos casos no
próprio prognóstico de enfermidades (RASHIDI; KHARA; MOUSAVI-SABET, 2012); as
alterações clínicas e hematológicas que as hemoparasitoses causam aos peixes vão
depender da espécie parasita, da forma como que esta se alimenta e em qual órgão o
parasito está alojado. Em O. niloticus são reportados parasitismo por Anaplasmataceae
(LOURENÇO et al., 2014); Trypanosoma sp. (JESUS et al., 2018), Ichtyobodo sp.,
Apiosoma sp., Chillodonella sp., Heteropollaria sp., Trichodina sp., Dactylogyrus sp.,

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Girodactylus sp., Centrocestus sp. (ARGUEDAS et al., 2017), Trichodina compacta, T.

magna, Ichthyophthirius multifiliis, Piscinoodinium pillulare, Epistylis sp., Cichlidogyrus
halli, C. thurstonae, Scutogyrus longicornis e Gyrodactylus sp. (ZAGO et al., 2014).
Os parâmetros hematológicos também podem ser usados como indicadores tanto
do estado fisiológico e homeostático do peixe, além de proporcionar um estudo dos
parâmetros ecológicos onde a espécie habita (OLIVEIRA et al., 2017).
Visando contribuir no conhecimento sobre os aspectos parasitológicos da tilápia O.
niloticus, o objetivo deste estudo foi investigar a presença de hemoparasitoses em
tilápias-do-Nilo criadas em cativeiro no sudeste do Brasil.

2. METODOLOGIA
2.1 Obtenção dos animais
Foram utilizados tilapias revertidas sexualmente para macho da linhagem GIFT,
com peso médio inicial de aproximadamente 80 gramas, provenientes da piscicultura
Trifish Aquicultura localizada em Botucatu-SP.

2.2 Processamento das amostras

As amostras foram coletadas e processadas no Laboratório de Patologia Clínica do
Hospital Veterinário da UniCesumar, campus Maringá, através do analisador automático
Nihon Kohden Veterinary. Posteriormente foram feitos esfregaços sanguíneos com o
auxílio de uma lâmina distensora apropriada, esperando o material secar por completo
para começar o procedimento.

2.3 Técnica de coloração

Foi utilizada a coloração panótica rápida, cujo processo foi dividido em três etapas.
Primeiramente o material foi fixado em solução de álcool metílico por dez segundos,
deixando o material escorrer por cinco segundos. Em seguida, a lâmina foi submergida
mais uma vez na solução, sendo repetido o mesmo padrão de procedimento feito na
primeira solução. Por fim, a lâmina foi submergida pela terceira vez na solução,
permanecendo por vinte segundos, sendo lavada em água corrente, lavando a outra face
da lâmina para não interferir na leitura das amostras.

2.4 Avaliação microscópica

A avaliação microscópica foi realizada em microscópio de luz, onde foi feita uma
varredura por completo na lâmina na objetiva de 10x, procurando identificar,
principalmente, agregações plaquetárias, podendo retratar um resultado falso positivo na
contagem automatizada.
Na objetiva de 40x, foi realizada a contagem diferencial dos leucócitos, células
responsáveis pela defesa do organismo assim como marcadores para diversas
patologias. Feita a contagem, os resultados foram classificados em valores relativos em
porcentagem e absolutos sendo que cada célula é expressa por microlitro de sangue.
Por fim, foi feita a contagem manual das plaquetas a fim de correlacionar com os
valores fornecidos pelo aparelho. Neste processo foram contados cerca de dez campos
com uma média de duzentos eritrócitos, e o resultado da contagem de plaquetas
encontradas foi multiplicado por quinze mil.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Neste estudo foram avaliadas 44 lâminas. Algumas amostras apresentaram

leucocitose com basofilia acentuada da linhagem neutrofílica, entretanto, o citoplasma não
se apresentava com granulações tóxicas como é observado em casos de infecção
bacteriana, o que pode ser consequência de parasitose.

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Também não foram observados números altos de eosinófilos, que junto com os
basófilos, são encontrados em baixa frequência no sangue periférico de peixes, pois esta
linhagem celular, apesar de não terem estudos confirmados em peixes, quando
encontrados em valores mais altos podem indicar parasitose.

4. CONCLUSÃO

Nos animais estudados, através das técnicas de processamento descritas, não

foram identificados hemoparasitoses em nenhuma amostra. O presente estudo permite
supor que as condições ambientais, sanitárias e de manejo nas quais os animais estão
submetidos são ideais para a espécie no Brasil, mantendo a qualidade sanitária dos
peixes.

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