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Professor Oswaldo
Art 29- Lei 7170/83: Nas hipóteses de tentativa de homicídio de pessoa já morta,
bem como quando o meio utilizado possui ineficácia absoluta, ocorre o instituto do
crime impossível, razão pela qual não será o agente responsabilizado pela tentativa
de homicídio, mas tão somente pelos atos praticados.
Se a morte ocorrer motivada pelo cargo que a pessoa ocupa (presidente, presidente
da Câmara, presidente do Senado, presidente do STF), valendo apenas para os
citados, o crime é contra a segurança nacional, não homicídio.
Crimes comuns: são aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa
Crimes próprios: são aqueles que são praticados por agente dotados de condições
especiais. Ex: peculato (só pode ser praticado por funcionário público).
Crimes bipróprios: São aqueles que exigem condições especiais para o agente e
para a vítima. Ex: infanticídio (o agente ativo é a mãe em estado puerperal enquanto
o filho recém nascido é o agente passivo).
Homicídio:
● Autoria Colateral: Se dá quando mais de um sujeito ativo se responsabiliza
pelo cometimento de um mesmo crime e, sem saber das intenções alheias,
um tem sucesso, enquanto o outro não o consegue/ Ocorre no caso em que
duas ou mais pessoas, concomitantemente, sem que uma saiba da intenção
da outra, atentam contra a vida da vítima, a qual falece tão somente em
razão dos disparos de um dos agentes, pois o outro errou os tiros
desfechados. Neste caso a primeira responde por crime consumado e o
segundo por crime tentado. Ocorreria outro resultado caso os dois agentes
tivessem agido em conluio, com vínculos subjetivos pois aqui ambos
responderiam por crime consumado (inclusive aquele que sequer atingiu a
vítima).
Consumação:
Em virtude do homicídio ser um crime que deixa vestígios, é denominado crime não
transeunte. Nesta forma de crime prevê o artigo 158 do CPP que a prova da
existência do crime (materialidade) deva ocorrer por meio de laudo pericial, o qual
somente poderá ser substituído por prova testemunhal caso o corpo de delito
desapareça (conjunto de marcas), conforme artigo 167 do CPP.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo
de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta.
No caso de ataque físico contra a vítima, responderá o agente pela sua intenção e
não pelo resultado alcançado. Portanto, se a intenção nos disparos efetuados é a
morte da vítima, mesmo que ela saia ilesa do ataque, sem qualquer lesão, o crime
será de homicídio, na forma tentada. De outro lado, se a intenção dos tapas
desferidos era tão somente lesionar a vítima mas esta venha a cair e falecer em
virtude de bater a cabeça contra instrumento perfurante, responderá o agente por
crime de lesão corporal seguida de morte.
No caso de tentativa de homicídio cuja vítima não sofre qualquer lesão é chamada
pela doutrina de tentativa branca ou tentativa incruenta, ao passo em que a tentativa
que deixa lesões na vítima é chamada tentativa vermelha ou cruenta.
Crime Impossível: Ocorre quando o agente atenta contra uma vítima que já se
encontrava morta ou utilizando de instrumento ou meio absolutamente incapaz de
causar o resultado morte
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por
absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime.
1. Morte cujo motivo seja decorrente de relevante valor social: ocorre nas
hipóteses em que hajam interesses da coletividade, o agente mata
acreditando estar fazendo um bem à comunidade. Ex: morte de um traidor da
pátria; de um criminoso que atacava determinada comunidade
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena: (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime,
evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o
dano;
● Cometido por outro motivo torpe: ocorre nas hipóteses em que a causa da
morte é um motivo vil, repugnante, cuja sociedade tem maior reprovação. Ex:
matar a troco de sexo; por rivalidade profissional; herança ou pelo simples
fato de preconceito contra homossexual.
Na hipótese de homicídio praticado contra grupo ou parte do grupo, visando destruí-
lo, sendo o grupo nacional, étnico, racial ou religioso, teremos o crime de genocídio
- Lei 2.889/56 Art 1°.
a) Mecânica:
- Esganadura: apertar o pescoço com o próprio (do agente ativo) corpo (as
mãos, por exemplo)
- Estrangulamento: utilizar instrumento (cordas, cabos, etc) para envolver o
pescoço da vítima.
- Enforcamento: Aqui, apesar de haver utilização de instrumentos (cordas,
fios), não é a força do agente ativo que mata a vítima, mas sim seu peso. Ex:
forca
- Sufocação: Ocorre ao inserir objetos na garganta da pessoa no intuito de
impedí-la de respirar.
- Afogamento: É a imersão do corpo da vítima em qualquer meio líquido,
impedindo-a de respirar.
- Soterramento: Se dá quando o corpo da vítima é imerso em meio sólido que
a impeça de respirar
- Imprensamento: Ocorre quando há um peso colocado sobre o corpo da
vítima de forma que a impeça de respirar.
b) Tóxica:
- Uso de gás asfixiante: Ocorre quando se faz uso de gás que impeça a vítima
de respirar
- Por meio de confinamento: Se dá ao confinar a vítima em um local sem
entrada para oxigênio, preenchendo-o com o gás carbônico produzido pelo
corpo e causando asfixia.
● Homicídio por meio insidioso: Se dá quando o agente utiliza uma fraude para
atingir a vítima sem que ela perceba que está sendo atacada. Ex: sabotagem
nos freios de veículo automotor ou no motor de um avião.
● Homicídio por meio que possa resultar perigo comum: Ocorre quando o
agente, visando matar pessoa determinada causa resultado em que um
número considerável de pessoas são expostas ao risco quanto à vida ou à
integridade física. Se é utilizado um desmoronamento, uma inundação ou
desabamento que poderia por em risco outras pessoas mas, no momento do
crime, somente a vítima encontrava-se no local, teremos o homicídio
qualificado, mas, se naquela ocasião estivessem outras pessoas que,
efetivamente, foram expostas a perigo, configuraria também o crime previsto
nos arts 250 e ss.
Homicídio qualificado no CP
Art. 121. Matar alguém:
§ 2° Se o homicídio é cometido:
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
*Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Mesmo que o agente não consiga prática o segundo crime (motivador do homicídio),
bem como desista de sua praticá-lo, responderá pelo homicídio qualificado pois será
levada em conta sua motivação, bem como os atos ja praticados.
Mesmo que transcorridos vários anos entre o crime antecedente que se busca
ocultar, assegurar a impunidade ou vantagem, teremos a forma qualificada do
homicídio.
● Feminicídio:
Este crime surgiu em razão da violência frequente de gênero.
Art 121 par. 2° VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
O fato de apenas matar uma mulher não configura feminicídio. Para que este fique
caracterizado deve-se fazê-lo em razão de cenários previstos na Lei Maria da
Penha ou em razão da própria condição de ser mulher da vítima./ Esta forma de
homicídio qualificado não ocorre pelo simples fato da vítima ser mulher, sendo
necessário que o motivo seja a sua condição feminina.
O parágrafo 2° a do Art. 121 do CP esclarece que somente ocorre feminicídio
quando o agente mata uma mulher:
a) Em circunstâncias em que configure o caso de violência doméstica (Lei
11.340/06 - Lei Maria da Penha). Em outras palavras, a morte deve ocorrer
em razão de uma ação ou omissão baseada no gênero, no âmbito da
unidade doméstica, da família ou em qualquer relação íntima de afeto;
b) Quando o agente praticar o homicídio em virtude de menosprezo ou
descriminação em razão da vítima ser mulher.
Obs: Nos casos de eventuais homicídios realizados em razão de preconceito,
inclusive em decorrência da orientação sexual, não teremos o feminicídio se a
vítima for homem, mas continuará a ser homicídio qualificado por ter motivo torpe
(inciso I do parágrafo 2° do artigo 121 do Código Penal).
I - polícia federal;
IV - polícias civis;
Estes três crimes (três “T’s”) são equiparados (têm tratamento igual) aos crimes
hediondos mas não o são.
Dolo:
a) Direito: o agente quer o resultado
- 1° grau:
- 2° grau:
Culposo:
Ha quatro espécies de culpa:
1) Consciente: trata-se do caso em que o agente sabe que está agindo com
imprudência, negligência, imperícia e assume o resultado por excesso de
autoconfiança.
2) Inconsciente: a pessoa não percebe que está agindo com conduta culposa.
4) Imprópria: trata-se do erro de tipo, ou seja, o agente não sabe que está
cometendo crime não por desinformação, mas por achar sinceramente que a
conduta não é crime.
No âmbito penal não há compensação de culpas, razão pela qual se, no mesmo
evento, duas pessoas, culposamente, praticarem um crime e, concomitantemente,
sofrerem lesões, não haverá possibilidade de compensação de culpas. Todos
responderão pelo crime.
Perdão Jucidial
Nas duas primeiras formas (induzir e instigar) temos a participação moral, enquanto
na hipótese de auxílio teremos a participação material.
Livros e músicas que tenham conteúdo que estimule a prática do suicídio não
configura o artigo 122, pois este crime exige que a conduta tenha como destinatário
pessoa (s) determinada (s).
Se várias pessoas realizam roleta russa, uns estimulando os outros, caso um dos
envolvidos faleça, teremos, em relação aos sobreviventes, a prática do artigo 122.
Da mesma forma no caso de pacto de morte em que um casal combina o suicídio
em conjunto mas tão somente um executa. O sobrevivente responde pela
participação.
O artigo 146 parágrafo 3° II prevê que quem, mediante constrangimento ilegal,
impede que alguém se suicide, fique isento de pena.
Súmula 582 STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem
mediante emprego de violência ou grave ameaça, ainda que por breve tempo e em
seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa roubada, sendo
prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. (19/09/2016)
Aumento de pena
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Ocorre este crime quando a mãe (por exigir qualidade especial do agente é
denominado crime próprio) mata seu próprio filho (parte da doutrina observa que,
em razão do crime, exigir também qualidade especial da vítima seria crime
bipróprio), durante o parto ou logo após, quando se encontrava em estado
puerperal. Somente será o crime de infanticídio se, quando da conduta da mãe, ela
se encontrar sob influência do estado puerperal, uma alteração psíquica, decorrente
das mudanças biológicas ocasionadas pela gestação. Em outras palavras, deverá
ser comprovado o estado psíquico da agente criminosa. Todavia, na eventualidade
do crime ter sido descoberto anos após, impossibilitando laudo psiquiátrico,
segundo a doutrina majoritária, deverá ser presumido o estado puerperal (princípio
do In dubio pro reo).
Não existe, na lei, prazo legal quanto a duração do estado puerperal, podendo durar
horas, dias e, excepcionalmente, até meses, em razão da diversidade orgânica de
cada mulher.
O crime também exige que seja praticado durante o parto (começa com a dilatação
do colo do útero e termina com a expulsão do feto) ou logo após o parto (enquanto
durar o estado puerperal).
Obs: Em casos excepcionais a alteração psíquica sofrida pela mãe afasta seu
discernimento e compreensão dos fatos, razão pela qual temos hipótese de psicose
puerperal. Nesta situação será considerada a agente, doente mental (Art. 26 - É
isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental
incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente
incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
esse entendimento.
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena.
Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da
pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Temos o mesmo raciocínio quando a mãe ataca a criança correta mas, por erro no
disparo, atinge outra, situação denominada erro de execução , previsto no artigo 73
do CP.
De outro lado, a mãe que ajuda terceiro logo após o parto a matar seu filho, mesmo
em estado puerperal, responde pelo crime de homicídio na modalidade participação.
Direito Penal V
Aborto
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
(Vide ADPF 54)
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em conseqüência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
Aborto necessário
Conceito: trata-se de crime que tutela a vida intra uterina, portanto configura o crime
de aborto a interrupção dolosa da gravidez com a consequente morte do produto da
concepção.
O produto da concepção, nos dois primeiros meses da gravidez, é denominado ovo,
nos dois meses seguintes, embrião e somente a partir do quinto mês é considerado
feto.
Embora haja divergência na doutrina,prevalece o entendimento de que a gravidez
se inicia com a Nidação, que é o momento em que o ovo adere na parede do útero,
tendo fim a gravidez com a expulsão do feto do corpo da gestante.
Obs: não será crime de aborto a destruição de tubo de ensaio contendo óvulo já
fertilizado in vitro.
Espécies de aborto:
a) Natural: Quando se dá espontaneamente a interrupção da gravidez.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
No caso do médico errar o diagnóstico, não sendo o caso de aborto para salvar a
vida da gestante, mesmo assim, não responderá pelo crime, pois trata-se fe
hipótese de descriminante putativa.
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
(Vide ADPF 54)
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54)
Três ou mais pessoas que se unam para a prática de aborto responderão pelo crime
de associação criminosa (Art 288 do CP), além dos abortos realizados.
O simples fato de anunciar processo, substância ou objeto destinado ao aborto
configura a contravenção penal de anúncio de meio abortivo.
O artigo 127 do CP prevê duas causas especiais de aumento de pena, sendo elas:
● A pena será aumentada em ⅓ se a gestante sofrer lesões graves ou
gravíssimas. Se a lesão for leve, esta será absorvida pelo crime de aborto.
● A pena será em dobro se houver a morte culposa da gestante.
A lesão grave, gravíssima ou a morte da gestante deve ser culposa, pois é caso de
crime qualificado pelo resultado, onde há dolo no antecedente (aborto) e culpa no
consequente, razão pela qual se trata de crime preterdoloso ou preteritencional.
Caso o agente tenha a intenção de realizar o aborto e, também, a vontade de matar
a gestante,responderá por ambos crimes, cujas penas serão somadas.