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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS
CAMPUS ITACOATIARA

Unidade: O ESPAÇO NATURAL: PAISAGENS NATURAIS DO MUNDO E DO BRASIL


Data: 13.09.2021
Aula 19
FORMAÇÕES VEGETAIS DO MUNDO
1. Introdução
As formações vegetais são tipos de vegetação facilmente identificáveis na paisagem e que ocupam
extensas áreas. É o elemento mais evidente na classificação dos biomas. Estes, por sua vez, são sistemas em
que solo, clima, relevo, fauna e demais elementos da natureza interagem entre si formando tipos semelhantes
de cobertura vegetal, como as Florestas Tropicais, as Florestas Temperadas, as Pradarias, os Desertos e as
Tundras. Em escala planetária, os biomas são unidades que evidenciam grande homogeneidade nas
características de seus elementos.
Há Florestas Tropicais na América, África, Ásia e Oceania que, embora semelhantes, possuem
comunidades ecológicas com exemplares distintos. Alguns desses exemplares são chamados de endêmicos, ou
seja, não ocorrem em nenhuma outra área do mundo. Entre outros fatores, isso se explica pela separação dos
continentes: o afastamento físico fez com que as espécies vivessem evoluções paralelas, apesar de distintas,
processo que é chamado especiação. Observe dois exemplos nas fotografias desta página.

2. Tipos climáticos e formações vegetais


Fundamentado em estudos dos fenômenos atmosféricos, foram criadas diferentes classificações de
clima. O geógrafo e climatologista norte-americano Arthur Strahler, baseando-se na dinâmica das massas de ar,
nos processos de formação de frentes e nas características das precipitações, estabeleceu uma classificação
climática da Terra, a partir de três grandes grupos. Observe o mapa a seguir:
Climas da Terra – classificação de Arthur Atralher
As formações vegetais são associações específicas de vegetais que se desenvolvem de acordo com o
tipo de clima, relevo e solo local em que se situam. A influência do clima é, sem dúvida, a de maior relevância,
havendo uma relação entre a formação vegetal e a região climática característica.
De acordo com a estratificação ou o porte (tamanho) predominante na paisagem, as formações
vegetais podem ser: arbóreas ou florestais, arbustivas, herbáceas ou campestres e complexas – neste último
caso, reúnem espécimes de porte variado, geralmente situadas em áreas alagadas, desertos e junto ao litoral.
As formações vegetais podem ser:
 Primárias, que não foram afetadas pela ação humana e atualmente se limitam a trechos de algumas
formações vegetais, como a da Amazônia que também nos últimos anos vem sofrendo com o
desmatamento e queimadas.
 Secundárias, também chamadas de recrescimento, espaços em que as formações vegetais passaram por
um processo de recomposição, no qual diversas espécies crescem de pois que a formação primária, por
algum fator – derrubada, fogo ou outra causa -, foi parcialmente destruída.
As formações vegetais, particularmente as florestas, desempenham papel importante: na proteção do
solo, minimizando os efeitos do escoamento superficial; no equilíbrio ecológico; no abrigo das faunas
silvestres, propiciando a preservação de espécies, sobretudo as que estão ameaçadas de extinção; na
manutenção dos ecossistemas e dos recursos hídricos, entre outros.

3. Principais características das formações vegetais


“A natureza não faz nada em vão.”
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), filósofo grego.

A formação vegetal é o elemento mais evidente na classificação dos ecossistemas e biomas, o que
torna importante a observação da escala usada em sua representação, pois os mapas e planisférios que os
delimitam trazem grandes generalizações. Observe novamente o mapa de climas brasileiros elaborado pelo
IBGE, na página 176, e veja que ele delimita doze diferentes regimes de temperaturas e chuvas em nosso país.
Os elementos climáticos, em especial a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de
vegetação de uma área. Eles definem, por exemplo, a altura das plantas, a forma das folhas, a espessura dos
caules, a fisionomia geral da vegetação, etc. A adaptação aos diferentes climas serve de base para a seguinte
classificação de plantas:
 perenes (do latim perenne, ‘perpétuo, imperecível’): plantas que apresentam folhas durante o ano todo;
 caducifólias, decíduas (do latim deciduus, ‘que cai, caduco’) ou estacionais: plantas que perdem as
folhas em épocas muito frias ou secas do ano;
 esclerófilas (do grego sklerós, ‘duro, seco, difícil’): plantas com folhas duras, que têm consistência de
couro (coriáceas);
 xerófilas (do grego xêrós, ‘seco, descarnado, magro’): plantas adaptadas à aridez;
 higrófilas (do grego hygrós, ‘úmido, molhado’): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita
umidade;
 tropófilas (do grego trópos, ‘volta, giro’): plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
 aciculifoliadas (do latim acicula, ‘alfinete, agulhinha’): possuem folhas em forma de agulhas, como os
pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior é a retenção de
 água pela planta;
 latifoliadas (do adjetivo lato, ‘largo, amplo’): plantas de folhas largas, que permitem intensa
transpiração; são geralmente nativas de regiões muito úmidas.
Os índices termo pluviométricos, associados a outros fatores de variação espacial menor e que também
influem no tipo de vegetação– como maior ou menor proximidade de cursos de água, os diferentes tipos de
solo, a topografia e as variações de altitude –, determinam a existência de diferentes ecossistemas não
contemplados nos mapas-múndi.
Todas as formações vegetais têm grande importância para a preservação dos variados biomas e
ecossistemas da Terra. Estudaremos a seguir as mais expressivas.

3.1. Tundra
Vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares,
desenvolve-se apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo. O rio que você observa
na fotografia da página 220, por exemplo, se forma nessa estação, com o derretimento da neve. As espécies
típicas são os musgos, nas baixadas úmidas, e os liquens, nas porções mais elevadas do terreno, onde o solo é
mais seco, aparecendo raramente pequenos arbustos.

3.2. Floresta boreal (taiga)


Formação florestal típica da zona temperada. Ocorre nas altas latitudes do hemisfério norte, em
regiões de climas temperados continentais, como Canadá, Suécia, Finlândia e Rússia. Neste último país, cobre
mais da metade do território e é conhecida como taiga. É uma formação bastante homogênea, na qual
predominam coníferas do tipo pinheiro. As coníferas são espécies adaptadas à ocorrência de neve no inverno;
são aciculifoliadas e com árvores em forma de cone, o que facilita o deslizamento da neve por suas copas. Essa
formação florestal foi largamente explorada com a retirada de madeira para ser usada como lenha e para a
fabricação de papel e móveis. Atualmente a madeira é obtida de árvores cultivadas (silvicultura).

3.3. Floresta subtropical e temperada


Esta formação florestal caducifólia, típica dos climas temperados e subtropicais, é encontrada em
latitudes mais baixas e sob maior influência da maritimidade. Isso permitiu o desenvolvimento de atividades
agropecuárias. Estendia-se por grandes porções da Europa centro-ocidental. Atualmente subsiste na Ásia (foto
abaixo), na América do Norte e em pequenas extensões da América do Sul e da Oceania. Na Europa, restam
apenas pequenas extensões, como a floresta Negra, na Alemanha, e a floresta de Sherwood, na Inglaterra.

3.4. Floresta equatorial e tropical


Nas regiões tropicais quentes e úmidas encontramos florestas que se desenvolvem graças aos elevados
índices pluviométricos. São, por isso, formações higrófilas e latifoliadas, extremamente heterogêneas, que se
localizam em baixas latitudes na América, na África e na Ásia. Nessas regiões predominam climas tropicais e
equatoriais e espécies vegetais de grande e médio portes, como o mogno, o jacarandá, a castanheira, o cedro, a
imbuia e a peroba, além de palmáceas, arbustos, briófitas e bromélias. As florestas tropicais possuem a maior
biodiversidade do planeta, com muitas espécies ainda desconhecidas.

3.5. Mediterrâneo
Desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresentam verões quentes e secos e invernos
amenos e chuvosos. É encontrada em pequenas porções da Califórnia (Estados Unidos, onde é conhecida como
Chaparral), do Chile, da África do Sul e da Austrália. As maiores ocorrências estão no sul da Europa – onde foi
largamente desmatada para o cultivo de oliveiras (espécie nativa dessa formação vegetal) e videiras (nativas da
Ásia) – e no norte da África.
3.6. Pradarias
Compostas basicamente de gramíneas, são encontradas principalmente em regiões de clima temperado
continental. Desenvolvem-se na Rússia e Ásia central, nas Grandes Planícies norte-americanas, nos Pampas
argentinos, no Uruguai, na região Sul do Brasil e na Grande Bacia Artesiana (Austrália). Muito usada como
pastagem, essa formação é importante por enriquecer o solo com matéria orgânica. Um dos solos mais férteis
do mundo, denominado tchernozion (‘terras negras’, em russo), é encontrado sob as pradarias da Rússia e da
Ucrânia.

3.7. Estepes
Nessas formações a vegetação é herbácea, como nas Pradarias, porém mais esparsa e ressecada. As
estepes desenvolvem-se em uma faixa de transição entre climas tropicais e desérticos, como na região do Sahel,
na África, e entre climas temperados e desérticos, como na Ásia central. Essa vegetação foi muito degradada
por atividades econômicas, como o pastoreio.

3.8. Deserto
Bioma cujas espécies vegetais estão adaptadas à escassez de água em regiões de índice pluviométrico
inferior a 250 mm anuais. Apresenta espécies vegetais xerófilas, destacando-se as cactáceas. Algumas dessas
plantas são suculentas (armazenam água no caule) e não possuem folhas ou evoluíram para espinhos, reduzindo
a perda de água pela evapotranspiração. Essas plantas aparecem nos desertos da América, África, Ásia e
Oceania. No Saara, em lugares em que a água aflora à superfície, surgem os oásis, onde há palmeiras, como
podemos observar na fotografia abaixo.

3.9. Savana
Em regiões onde o índice de chuvas é elevado, porém concentrado em poucos meses do ano, podem
desenvolver-se as savanas, formação vegetal complexa que apresenta estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo. As
savanas são encontradas em grandes extensões da África, na América do Sul (no Brasil, corresponde ao
domínio dos Cerrados) e em menores porções na Austrália e na Índia. Sua área de abrangência tem sido muito
utilizada para a agricultura e a pecuária, o que acentuou sua devastação, como tem ocorrido no Brasil central.
No continente africano, esse bioma abriga animais de grande porte, como leões, elefantes, girafas, zebras,
antílopes e búfalos.

3.10. Vegetação de altitude


Em regiões montanhosas há uma grande variação altitudinal da vegetação, como mostra a ilustração a
seguir. À medida que aumenta a altitude e diminui a temperatura, os solos ficam mais rasos e a vegetação, mais
esparsa. Nessas condições, surgem as florestas nas áreas mais baixas e, nas mais altas, os campos de altitude,
como mostra a foto.
Adaptado de: ATLANTE Zanichelli 2009. Bologna: Zanichelli, 2008. p. 177.

3. A vegetação e os impactos do desmatamento


Impacto ambiental é um desequilíbrio provocado pela ação dos seres humanos sobre o meio
ambiente. Pode resultar também de acidentes naturais: a erupção de um vulcão pode provocar poluição
atmosférica; o choque de um meteoro, destruição de espécies animais e vegetais; um raio, incêndio numa
floresta, etc.
Quando os ecossistemas sofrem impactos ambientais, geralmente a vegetação é o primeiro elemento
da natureza a ser atingido, pois é reflexo das condições naturais de solo, relevo e clima do lugar em que ocorre.
Observe, no mapa abaixo, como era a distribuição das formações vegetais pelo planeta antes das
intervenções humanas.
Perceba como atualmente todas elas, em maior ou menor grau, encontram-se modificadas. Em muitos
casos, sobraram apenas alguns redutos em que a vegetação original é encontrada, nos quais, embora com
pequenas alterações, ainda reserva suas características principais. Essa devastação deve-se basicamente a
fatores econômicos.
A primeira consequência do desmatamento é o comprometimento da biodiversidade, por causa da
diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Muitas espécies ainda são
desconhecidas da sociedade urbano-industrial. Com o desmatamento, há o risco de elas serem destruídas antes
de serem descobertas e estudadas.
Florestas originais e remanescente

Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. Ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 63.

Na floresta Amazônica há uma grande quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio
genético é conhecida pelas várias etnias indígenas que ali habitam (saiba mais lendo o texto “Plantas
medicinais” em Outras leituras, a seguir). No entanto, a maioria dessas comunidades nativas está sofrendo um
processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem levado à perda do patrimônio cultural desses
povos, dificultando a preservação dos seus conhecimentos. Outro ponto importante que afeta os interesses
nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas
empresas assumem práticas ilegais para garantir o direito de explorar, futuramente, uma possível matéria-prima
para a indústria farmacêutica e de cosméticos, entre outras.
No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de
biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas vezes em
grandes projetos que recebem incentivos governamentais e, portanto, sob o amparo da lei. Podem também ser
resultado de práticas criminosas ou ainda de acidentes, incluindo naturais.
No entanto, como vimos na epígrafe de Aristóteles, na abertura deste capítulo, a natureza não faz nada
em vão. Ela responde às agressões sofridas. As consequências socioambientais das interferências humanas em
regiões de florestas são várias. Uma das principais é o aumento do processo erosivo, o que leva a um
empobrecimento dos solos, podendo ampliar ou formar áreas desertificadas em regiões de clima árido,
semiárido e subúmido. Leia o texto da página seguinte sobre a desertificação no Brasil.
Biomassa: quantidade total de matéria viva de um ecossistema, geralmente expressa em massa por
unidade de área ou de volume.

Os incêncios florestais provocam uma série de impactos na fauna, flora, solo e atmosfera. Na foto, de 2014,
queimada na Mata Atlântica em Petrópolis (RJ).

4. Outras leituras
Desertificação no Brasil
As áreas susceptíveis à desertificação e enquadradas no escopo de aplicação da Convenção das Nações
Unidas para o Combate à Desertificação são aquelas de clima árido, semiárido e subúmido seco. Conforme a
definição aceita internacionalmente, o índice de aridez, definido como a razão entre a precipitação e a
evapotranspiração potencial, estabelece as seguintes classes climáticas:

[...] No Brasil as áreas susceptíveis estão localizadas na região Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Observe o mapa a seguir, que retrata a situação.
Brasil: desertificação – 2013

Como se pode ver, o mapa da


susceptibilidade do Brasil, elaborado pelo
MMA a partir de trabalho realizado pelo Centro
de Sensoriamento Remoto do Ibama,
determinou três categorias de susceptibilidade:
alta, muito alta e moderada. As duas primeiras
referem-se respectivamente às áreas áridas e
semiáridas definidas pelo índice de aridez. A
terceira é resultado da diferença entre a área do
Polígono das Secas e as demais categorias.
Assim, de um total de 980.711,58 km² de áreas
susceptíveis, 238.644,47 km² são de
susceptibilidade muito alta, 384.029,71 km² são
de susceptibilidade alta e 358.037,40 km² são
moderadamente susceptíveis.
O processo de desertificação se
manifesta de duas maneiras diferentes:
I. difuso no território, abrangendo
diferentes níveis de degradação dos solos, da
vegetação e dos recursos hídricos;
II. concentrado em pequenas porções
do território, porém com intensa degradação dos
recursos da terra.
Os estudos disponíveis indicam que a
área afetada de forma muito grave é de 98.595
km², 10% do Semiárido, e as áreas afetadas de
forma grave atingem 81.870 km², 8% do
território. Deve-se acrescentar que as demais
áreas sujeitas ao antropismo, 393.897 km²,
sofrem degradação moderada.
Além destas áreas com níveis de
degradação difusos, podem ser citadas quatro
áreas com intensa degradação, segundo a literatura especializada, os chamados Núcleos de Desertificação. São
eles: Gilbués-PI, Irauçuba-CE, Seridó-RN e Cabrobó-PE, totalizando uma área de 18.743,5 km².
[...]

Consequências da desertificação
A degradação das terras secas causa sérios problemas econômicos. Isto se verifica principalmente no
setor agrícola, com o comprometimento da produção de alimentos. Além do enorme prejuízo causado pela
quebra de safras e diminuição da produção, existe o custo quase incalculável de recuperação da capacidade
produtiva de extensas áreas agrícolas e da extinção de espécies nativas, algumas com alto valor econômico e
outras que podem vir a ser aproveitadas na agropecuária, inclusive no melhoramento genético, ou nas indústrias
farmacêutica, química e outras.
[...]
DESERTIFICAÇÃO no Brasil. In: Instituto Interamericano de Cooperação
para a Agricultura. Programa de Combate à Desertificação e Mitigação
dos Efeitos da Seca na América do Sul. Brasília, DF. Disponível em:
<www.iicadesertification.org.br>. Acesso em: 21 jan. 2014.

Link: vídeo-aula
https://www.youtube.com/watch?v=TLS0Q0ZHz_M

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