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A formação vegetal é o elemento mais evidente na classificação dos ecossistemas e biomas, o que
torna importante a observação da escala usada em sua representação, pois os mapas e planisférios que os
delimitam trazem grandes generalizações. Observe novamente o mapa de climas brasileiros elaborado pelo
IBGE, na página 176, e veja que ele delimita doze diferentes regimes de temperaturas e chuvas em nosso país.
Os elementos climáticos, em especial a temperatura e a umidade, são determinantes para o tipo de
vegetação de uma área. Eles definem, por exemplo, a altura das plantas, a forma das folhas, a espessura dos
caules, a fisionomia geral da vegetação, etc. A adaptação aos diferentes climas serve de base para a seguinte
classificação de plantas:
perenes (do latim perenne, ‘perpétuo, imperecível’): plantas que apresentam folhas durante o ano todo;
caducifólias, decíduas (do latim deciduus, ‘que cai, caduco’) ou estacionais: plantas que perdem as
folhas em épocas muito frias ou secas do ano;
esclerófilas (do grego sklerós, ‘duro, seco, difícil’): plantas com folhas duras, que têm consistência de
couro (coriáceas);
xerófilas (do grego xêrós, ‘seco, descarnado, magro’): plantas adaptadas à aridez;
higrófilas (do grego hygrós, ‘úmido, molhado’): plantas, geralmente perenes, adaptadas a muita
umidade;
tropófilas (do grego trópos, ‘volta, giro’): plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
aciculifoliadas (do latim acicula, ‘alfinete, agulhinha’): possuem folhas em forma de agulhas, como os
pinheiros. Quanto menor a superfície das folhas, menos intensa é a transpiração e maior é a retenção de
água pela planta;
latifoliadas (do adjetivo lato, ‘largo, amplo’): plantas de folhas largas, que permitem intensa
transpiração; são geralmente nativas de regiões muito úmidas.
Os índices termo pluviométricos, associados a outros fatores de variação espacial menor e que também
influem no tipo de vegetação– como maior ou menor proximidade de cursos de água, os diferentes tipos de
solo, a topografia e as variações de altitude –, determinam a existência de diferentes ecossistemas não
contemplados nos mapas-múndi.
Todas as formações vegetais têm grande importância para a preservação dos variados biomas e
ecossistemas da Terra. Estudaremos a seguir as mais expressivas.
3.1. Tundra
Vegetação rasteira, de ciclo vegetativo extremamente curto. Por encontrar-se em regiões subpolares,
desenvolve-se apenas durante os três meses de verão, nos locais onde ocorre o degelo. O rio que você observa
na fotografia da página 220, por exemplo, se forma nessa estação, com o derretimento da neve. As espécies
típicas são os musgos, nas baixadas úmidas, e os liquens, nas porções mais elevadas do terreno, onde o solo é
mais seco, aparecendo raramente pequenos arbustos.
3.5. Mediterrâneo
Desenvolve-se em regiões de clima mediterrâneo, que apresentam verões quentes e secos e invernos
amenos e chuvosos. É encontrada em pequenas porções da Califórnia (Estados Unidos, onde é conhecida como
Chaparral), do Chile, da África do Sul e da Austrália. As maiores ocorrências estão no sul da Europa – onde foi
largamente desmatada para o cultivo de oliveiras (espécie nativa dessa formação vegetal) e videiras (nativas da
Ásia) – e no norte da África.
3.6. Pradarias
Compostas basicamente de gramíneas, são encontradas principalmente em regiões de clima temperado
continental. Desenvolvem-se na Rússia e Ásia central, nas Grandes Planícies norte-americanas, nos Pampas
argentinos, no Uruguai, na região Sul do Brasil e na Grande Bacia Artesiana (Austrália). Muito usada como
pastagem, essa formação é importante por enriquecer o solo com matéria orgânica. Um dos solos mais férteis
do mundo, denominado tchernozion (‘terras negras’, em russo), é encontrado sob as pradarias da Rússia e da
Ucrânia.
3.7. Estepes
Nessas formações a vegetação é herbácea, como nas Pradarias, porém mais esparsa e ressecada. As
estepes desenvolvem-se em uma faixa de transição entre climas tropicais e desérticos, como na região do Sahel,
na África, e entre climas temperados e desérticos, como na Ásia central. Essa vegetação foi muito degradada
por atividades econômicas, como o pastoreio.
3.8. Deserto
Bioma cujas espécies vegetais estão adaptadas à escassez de água em regiões de índice pluviométrico
inferior a 250 mm anuais. Apresenta espécies vegetais xerófilas, destacando-se as cactáceas. Algumas dessas
plantas são suculentas (armazenam água no caule) e não possuem folhas ou evoluíram para espinhos, reduzindo
a perda de água pela evapotranspiração. Essas plantas aparecem nos desertos da América, África, Ásia e
Oceania. No Saara, em lugares em que a água aflora à superfície, surgem os oásis, onde há palmeiras, como
podemos observar na fotografia abaixo.
3.9. Savana
Em regiões onde o índice de chuvas é elevado, porém concentrado em poucos meses do ano, podem
desenvolver-se as savanas, formação vegetal complexa que apresenta estratos arbóreo, arbustivo e herbáceo. As
savanas são encontradas em grandes extensões da África, na América do Sul (no Brasil, corresponde ao
domínio dos Cerrados) e em menores porções na Austrália e na Índia. Sua área de abrangência tem sido muito
utilizada para a agricultura e a pecuária, o que acentuou sua devastação, como tem ocorrido no Brasil central.
No continente africano, esse bioma abriga animais de grande porte, como leões, elefantes, girafas, zebras,
antílopes e búfalos.
Adaptado de: IBGE. Atlas geográfico escolar. 6. Ed. Rio de Janeiro, 2012. p. 63.
Na floresta Amazônica há uma grande quantidade de espécies endêmicas. Parte desse patrimônio
genético é conhecida pelas várias etnias indígenas que ali habitam (saiba mais lendo o texto “Plantas
medicinais” em Outras leituras, a seguir). No entanto, a maioria dessas comunidades nativas está sofrendo um
processo de integração à sociedade urbano-industrial que tem levado à perda do patrimônio cultural desses
povos, dificultando a preservação dos seus conhecimentos. Outro ponto importante que afeta os interesses
nacionais dos países onde há florestas tropicais, incluindo o Brasil, é a biopirataria, por meio da qual muitas
empresas assumem práticas ilegais para garantir o direito de explorar, futuramente, uma possível matéria-prima
para a indústria farmacêutica e de cosméticos, entre outras.
No Brasil, os incêndios ou queimadas de florestas, que consomem uma quantidade incalculável de
biomassa todos os anos, são provocados para o desenvolvimento de atividades agropecuárias, muitas vezes em
grandes projetos que recebem incentivos governamentais e, portanto, sob o amparo da lei. Podem também ser
resultado de práticas criminosas ou ainda de acidentes, incluindo naturais.
No entanto, como vimos na epígrafe de Aristóteles, na abertura deste capítulo, a natureza não faz nada
em vão. Ela responde às agressões sofridas. As consequências socioambientais das interferências humanas em
regiões de florestas são várias. Uma das principais é o aumento do processo erosivo, o que leva a um
empobrecimento dos solos, podendo ampliar ou formar áreas desertificadas em regiões de clima árido,
semiárido e subúmido. Leia o texto da página seguinte sobre a desertificação no Brasil.
Biomassa: quantidade total de matéria viva de um ecossistema, geralmente expressa em massa por
unidade de área ou de volume.
Os incêncios florestais provocam uma série de impactos na fauna, flora, solo e atmosfera. Na foto, de 2014,
queimada na Mata Atlântica em Petrópolis (RJ).
4. Outras leituras
Desertificação no Brasil
As áreas susceptíveis à desertificação e enquadradas no escopo de aplicação da Convenção das Nações
Unidas para o Combate à Desertificação são aquelas de clima árido, semiárido e subúmido seco. Conforme a
definição aceita internacionalmente, o índice de aridez, definido como a razão entre a precipitação e a
evapotranspiração potencial, estabelece as seguintes classes climáticas:
[...] No Brasil as áreas susceptíveis estão localizadas na região Nordeste e no norte de Minas Gerais.
Observe o mapa a seguir, que retrata a situação.
Brasil: desertificação – 2013
Consequências da desertificação
A degradação das terras secas causa sérios problemas econômicos. Isto se verifica principalmente no
setor agrícola, com o comprometimento da produção de alimentos. Além do enorme prejuízo causado pela
quebra de safras e diminuição da produção, existe o custo quase incalculável de recuperação da capacidade
produtiva de extensas áreas agrícolas e da extinção de espécies nativas, algumas com alto valor econômico e
outras que podem vir a ser aproveitadas na agropecuária, inclusive no melhoramento genético, ou nas indústrias
farmacêutica, química e outras.
[...]
DESERTIFICAÇÃO no Brasil. In: Instituto Interamericano de Cooperação
para a Agricultura. Programa de Combate à Desertificação e Mitigação
dos Efeitos da Seca na América do Sul. Brasília, DF. Disponível em:
<www.iicadesertification.org.br>. Acesso em: 21 jan. 2014.
Link: vídeo-aula
https://www.youtube.com/watch?v=TLS0Q0ZHz_M