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Entrevistador: Antes de começarmos de fato a nossa entrevista, conte-me um pouco sobre o senhor,

sobre o seu trabalho e sobre o seu dia a dia.


Adão: Eu tenho só um sítio e eu moro aqui na (incompreensível). Então não tem quem cuide. Só
tenho gado lá. Vou lá uma vez por semana, tem um cara que vai lá pra mim. Aí eu só vou só ponhá
o sal só. Tem um rapaz que vai lá pra mim lá.
Entrevistador: O senhor é daqui mesmo de Juína?
Adão: Sou de Juína mesmo, só que eu sou nascido em Paraná. Natural de Francisco Alves, Paraná.
Entrevistador: O senhor tem filhos, é casado?
Adão: Tenho. Sou casado. Tenho seis filho.
Entrevistador: Qual que é a escolaridade do senhor?
Adão: Estudei só até a 3a série só.
Entrevistador: Há quanto tempo o senhor atua lá na pecuária?
Adão: Na pecuária tem uns 20 ano.
Entrevistador: Considerando o tamanho do seu rebanho, como o senhor se classifica: pequeno,
médio ou grande?
Adão: Olha, rapaz, tô mais pequeno do que grande. Eu já tava (incompreensível) ali agora por ter
perdido umas 10 vaca grande porque tava já véia. E aí tinha um cavalo também já morreu agora
essa vez lá. Daí eu vou ter que tirar senão vai morrer no pasto.
Entrevistador: Em qual município o senhor atua hoje?
Adão: Juína.
Entrevistador: Qual que é a finalidade da criação: corte, leite ou misto?
Adão: Só corte.
Entrevistador: Ela é a principal receita da fazenda?
Adão: É, é tirado dali.
Entrevistador: O senhor exerce o ciclo completo que é cria, recria e engorda?
Adão: Só cria.
Entrevistador: O senhor utiliza inseminação artificial?
Adão: Não.
Entrevistador: Com que frequência e até onde vai o manejo do gado e como ele é feito:
confinamento, semiconfinamento ou pasto?
Adão: É no pasto.
Entrevistador: Como que é feito o manejo lá, o senhor mesmo que faz?
Adão: Negócio de vacina? Tem um rapaz que vai daqui lá e vacina, do prédio ali.
Entrevistador: O senhor mesmo que coloca o sal?
Adão: É eu memo, isso aí só eu que coloca. Agora esse negócio de vacina, negócio de vermífugo,
rapaz faz lá pra mim. E no dia da vacina vai daqui do prédio pra lá.
Entrevistador: O senhor cria alguma raça lá na propriedade, ou tem gado de elite ou registrado?
Adão: Só tem um que é registrado só.
Entrevistador: O senhor tem assistência de um técnico/médico veterinário lá?
Adão: Não. Só vai pra vaciná só.
Entrevistador: O senhor acha que é importante ter essa assistência de um médico veterinário lá?
Adão: Ah, rapaz eu acho que não adianta, meu gado é pouco, gado pouco acho que não compensa.
Entrevistador: Vou lhe apresentar algumas imagens e gostaria que o senhor observasse com bastante
atenção. Se isso acontecesse com algum animal de sua propriedade, qual doença o senhor acredita
que está sendo apresentada nas imagens?
Adão: Eu de minha parte assim, nós cuida muito do cabrunco lá. Cabrunco dá direto. Mas outras
doença não tá teno.
Entrevistador: Mas nessas imagem aqui, qual doença o senhor acha que está sendo apresentada
aqui?
Adão: Eu acho essa aqui.
Entrevistador: O que o senhor faria ao identificar essa doença lá, esse problema lá no seu gado.
Existe algum procedimento ao identificar a doença no seu rebanho?
Adão: Pois é, eu tive de procurá um veterinário pra fazê isso ai. Porque a gente não tem, a gente
procurá pra podê ir lá vê.
Entrevistador: Quando eu falo no INDEA, o quê que vem à cabeça do senhor?
Adão: (Imcompreensível) certa. Meu pensamento é esse.
Entrevistador: Qual a importância do INDEA hoje em Mato Grosso?
Adão: Ah, rapaz, pra mim a importância é porque... diferença daquele do tempo dos antigo, daquele
tempo dos mais véio hoje, cê tê de é vaciná contra essas doença, antigamente não tinha, não tinha
tanta vacinação e hoje já tem, importância pra mim é isso aí.
Entrevistador: Como o senhor percebe hoje a situação do INDEA?
Adão: Pra mim tá bom.
Entrevistador: O senhor sabe qual que é a missão do INDEA?
Adão: Não sei.
Entrevistador: Na sua opinião o INDEA tá cumprindo sua missão?
Adão: Tá. Eu acho que tá.
Entrevistador: Por quê ele tá cumprindo?
Adão: Porque ele tá certo, chega dado certinho, as descrição sai certa.
Entrevistador: O senhor sabe quais são as doenças, aquelas que são alvo de programas oficiais e
aquelas que devem ser notificadas ao INDEA, as de notificação obrigatória?
Adão: Se tiver problema de aftosa, problema da burcelosa, mais as que ataca mais.
Entrevistador: Hoje como o INDEA conversa com o senhor?
Adão: Conversa é o seguinte, se chegar boi na criação cê tem que vim aqui pra dar baixa, não pode
deixar sem dar baixa, mas graças a Deus o sítio é limpo, antigamente que eu ia encheno de gado,
agora eu não quero mais que a gente já arrumô tudo.
Entrevistador: Como que o INDEA poderia melhorar essa conversa com o senhor. O que poderia
melhorar?
Adão: Pra mim tá bom assim.
Entrevistador: O senhor se sente bem informado ou mal informado sobre o INDEA e suas
atividades?
Adão: Sou bem informado.
Entrevistador: O que o senhor acha que poderia ser melhorada alguma coisa nessa informação do
INDEA? Poderia ter mais campanhas, mais informações?
Adão: Acho que pra mim tá bom assim.
Entrevistador: Vou lhe dizer algumas palavras, frases e gostaria que o senhor me falasse qual é a
primeira ideia que passa em sua cabeça. Pode ser uma outra palavra, uma frase, uma situação, uma
imagem, um comentário, o que vale aqui é a primeira associação. Quando eu falo em “febre aftosa”
o quê que passa em sua cabeça?
Adão: Passa na minha que registra essa doença, registra, tem de vaciná, pra não deixar acontecer.
Entrevistador: Qual é a situação hoje do estado de Mato Grosso com a febre aftosa? Atualmente, o
Estado possui ou não possui casos de febre aftosa? E qual o reconhecimento de Mato Grosso para a
febre aftosa?
Adão: Eu acho que não tem febre aftosa no Mato Grosso, pelo que eu sei; por enquanto isso de
agora não tá existino.
Entrevistador: O senhor consegue se lembrar do último caso que ouviu falar sobre a doença aqui no
estado de Mato Grosso ou em outra localidade?
Adão: Não, eu não me recordo, mas que teve, teve; deu um paradeiro, o pessoal não vendia nada.
Entrevistador: O senhor sabe reconhecer quais são os sinais clínicos da febre aftosa?
Adão: Não sei.
Entrevistador: Se o senhor olhar um animal lá o senhor não consegue reconhecer?
Adão: Não, se a gente olhar a gente sabe, né? O animal não come, se for assim ele não come, ele
fica meio tristão lá, cê já sabe que ele não tá sadio.
Entrevistador: O senhor sabe quais são os animais que podem pegar a febre aftosa?
Adão: Eu acho mesmo só no gado.
Entrevistador: Com que frequência a vistoria ou inspeção física do rebanho da propriedade é feita e
quem faz a inspeção?
Adão: Eu acho aí pra mim já tem de ser o rapaz daqui do veterinário. Cê vê que o teu não tá dando
certo, cê já tem que vim levá o cara lá pra poder ver.
Entrevistador: Quando chegam animais adquiridos de outras regiões ou propriedades é feita uma
inspeção antes de comprar e ao chegarem na propriedade eles ficam separados dos outros animais?
Adão: Nós separa. Faz um (incompreensível) pra poder soltá junto. Cê num sabe como que ele tá
Entrevistador: O senhor utiliza algum programa informatizado disponibilizado pelo INDEA
conhecido como Módulo do Produtor Rural? O senhor tem acesso à internet?
Adão: Não, não.
Entrevistador: O senhor já sabia que o plano nacional de erradicação da prevenção da febre aftosa
prevê a retirada da vacinação da doença no Brasil até 2021?
Adão: Não sei.
Entrevistador: O que o senhor acha disso? O senhor concorda, discorda dessa retirada da vacina e
por quê?
Adão: Eu acho que, sei lá, cara, pra mim se deixar é bom, se tirar também é bom. Porque nós tava
aplicano duas vacina no ano, era três, agora ficou duas.
Entrevistador: Qual que é a vantagem da retirada da vacinação da febre aftosa pro senhor?
Adão: Pra mim, que aplica muito remédio. Eu acho que uma vacina só pra mim no ano já tava bom.
Entrevistador: E qual a vantagem da retirada para o Estado?
Adão: Eu acho que não é bom não. Se entrar aí uma febre aftosa tranca tudo. Eu acho que tinha que
ser uma vez no ano tava bom.
Entrevistador: O senhor acha que tem risco a retirada da vacinação?
Adão: Eu acho que tem risco. Tem risco de tranca tudo e quê que nós vai fazê? Aí não tem jeito.
Entrevistador: Como que poderia acontecer esses riscos?
Adão: Há risco porque num vacina. Tirou, não vacina, corre risco.
Entrevistador: O que poderia ser feito pra diminuir esses riscos?
Adão: Se vaciná. É que nem eu falei pro cê, nem que seja uma vez no ano.
Entrevistador: Quais são os impactos econômicos caso haja um foco de febre aftosa em Mato
Grosso pro senhor? Qual que vai ser o impacto?
Adão: Pra mim já é o negócio seguinte, se acontecer um quadro de febre aftosa, nós já tira nós
daqui (segue confuso)
Entrevistador: E pro Estado de Mato Grosso, qual que é o impacto?
Adão: Eu acho que é o prejuízo. Porque não exporta nada, quem vai comprá? Não tem condições.
Entrevistador: Caso haja um foco de febre aftosa em Mato Grosso e para controlar a doença os
animais de sua propriedade precisem ser sacrificados, o que o senhor acha que aconteceria? Seria
indenizado integralmente, parcialmente ou não seria indenizado?
Adão: Eu acho que seria indenizado, porque olha a hipótese: se deu um problema disso daí,
acontece igual ali em Tangará, ali teve um (confuso) ali, o proprietário vai ficar ali? Não tem
condições.
Entrevistador: O senhor quem arcaria com essa indenização?
Adão: Tinha de ser o Estado.
Entrevistador: Uma opinião do senhor: o pecuarista ele tá preparado pra retirada da vacinação?
Adão: Tô preparado, tô preparado.
Entrevistador: Por que o senhor tá preparado?
Adão: Tô preparado porque chegou o dia de vaciná cê tem aquele compromisso, cê não pode faiá,
cê tem que chegar lá, pegá e vaciná.
Entrevistador: Então o senhor tá preparado pra retirar? Não vai mais fazer a vacina?
Adão: Não, é que nem eu falei pro cê, tô preparado assim, se deixar ao menos uma, não tirar tudo.
Entrevistador: E o INDEA? Tá preparado pra esse novo momento da retirada da vacinação?
Adão: Eu não sei, eu não sei se tá ou não. Mas pra mim se deixasse do mesmo jeito que tá, tá bom
demais.
Entrevistador: O senhor conhece o FESA, Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato
Grosso, sabe para que foi criado e para quê serve, acha importante ele e se já precisou recorrer ao
FESA?
Adão: Não, não conheço ele.
Entrevistador: O senhor tem conhecimento da existência de um fundo indenizatório para situações
de emergência sanitária e o senhor acha importante ter este fundo?
Adão: Da indenização você fala? Eu acho que tem que ter.
Entrevistador: O senhor tem percepção que o valor do fundo é suficiente para indenizá-lo caso
tenha uma emergência sanitária e os animais de sua propriedade tenham que ser abatidos?
Adão: Eu acho que tem, né, eu acho que tem.

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