Você está na página 1de 2

Endereço da página:

https://novaescola.org.br/conteudo/3072/as-infinitas-
linguagens-da-infancia

Publicado em NOVA ESCOLA 01 de Março | 2009

Formação

As infinitas linguagens da
infância
Beatriz Vichessi

A criança é "feita" de múltiplos pensamentos e maneiras de brincar, falar e


escutar, mas a escola e a cultura "lhe separam a cabeça do corpo" e roubam
quase toda essa variedade. Esse é o tom de As Cem Linguagens da Criança
(320 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 57 reais), um livro sobre a prática
na Educação Infantil realizada em Reggio Emilia - província do norte da Itália -
e escrito a 100 mãos. Diretores, educadores, crianças e pais são
representados formalmente pelos editores e educadores Lella Gandini,
Carolyn Edwards e George Forman.

A primeira e a segunda parte da obra contextualizam a experiência,


destacando uma entrevista com Loris Malaguzzi (leia o trecho abaixo),
idealizador da pedagogia que valoriza o pensamento dos pequenos e as
linguagens utilizadas por eles.

A terceira parte transpõe a teoria para a prática, mostrando como a


preocupação com os espaços e as reflexões sobre o papel e as ações do
professor cooperam para a elaboração da capacidade simbólica das crianças.
A construção de um dinossauro em tamanho real é um exemplo de projeto
que revela um empreendimento pedagógico que exige muita perícia de
professores e pais, todos sempre a serviço das ideias da garotada.

A última parte traz projetos feitos com turmas com idade a partir dos 2 anos,
relatados por professores de uma escola nos Estados Unidos que adota os
mesmos princípios, comprovando a eficácia do modelo de Reggio Emilia.

À primeira vista, a obra revela produções que por si só já são de encher os


olhos d'água. Mas é a leitura atenta que revela aos educadores mais de 100
modos para cuidar do corpo, da inteligência e da sensibilidade dos pequenos.

Por que ler Conduz o leitor à filosofia reggiana.


Sobre os autores Lella foi a primeira a levar informações sobre Reggio Emilia
para os Estados Unidos. Depois, Carolyn e George seguiram o mesmo caminho,
estudando a abordagem por nove anos.

Silvana Augusto, autora desta resenha, é professora do Instituto de Educação


Superior Vera Cruz e formadora do Instituto Avisa Lá, ambos em São Paulo, SP.

Clássico do mês

Trecho do livro

"Gandini: De que forma você vê a aprendizagem das crianças ocorrendo


dentro do contexto dos relacionamentos ricos que descreve?

Malaguzzi: Em minha opinião, os relacionamentos e a aprendizagem


coincidem dentro de um processo ativo de Educação. Ocorrem juntos por
meio das expectativas e habilidades das crianças, da competência profissional
dos adultos e, em termos mais gerais, do processo educacional. Devemos
incorporar em nossa prática, portanto, reflexões sobre um ponto decisivo e
delicado: o que as crianças aprendem não ocorre como um resultado
automático do que lhes é ensinado. Ao contrário, isso se deve em grande
parte à própria realização das crianças como uma consequência de suas
atividades e de nossos recursos. É necessário pensarmos sobre o
conhecimento e habilidades que as crianças constroem independentemente
e antes da escolarização. Essa base de conhecimentos não pertence à "pré-
história" mencionada por Vygotsky (como se fosse uma experiência
separada), mas ao processo de desenvolvimento social das crianças. Em
qualquer contexto, elas não esperam para apresentar questões a si mesmas
e para formar estratégias de pensamento, ou princípios, ou sentimentos.
Sempre, e em todo lugar, as crianças assumem um papel ativo na construção
e aquisição da aprendizagem e da compreensão. "

De 4 a 31 de março, os leitores que entrarem em contato com a Editora


Artmed e mencionarem a parceria com NOVA ESCOLA ganham 15% de
desconto na compra de um exemplar.

Você também pode gostar