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Legislação em caso de trabalhos de risco

Trabalho insalubre, perigoso e penoso.Perguntas e Respostas :

Parte I

1. Qual a base de cálculo para o adicional de insalubridade?

R.: Atualmente, por força da Súmula 228 do Tribunal Superior do Trabalho,


alterada em razão da Súmula Vinculante n. 4 do Supremo Tribunal Federal, o
adicional de insalubridade será calculado pelo salário base do empregado,
salvo critério mais vantajoso previsto em instrumento coletivo (acordo ou
convenção coletiva).

Súmula 228 do Tribunal Superior do Trabalho

228 - Adicional de insalubridade. Base de cálculo. (Res. 14/1985, DJ


19.09.1985. Nova redação - Res. 121/2003, DJ 19.11.2003. Redação alterada -
Res. 148/2008, DJe do TST 04/07/2008 - DJe do TST de 04.07.2008 -
Republicada no DJ de 08.07.2008 em razão de erro material. Suspensa
liminarmente pelo STF - Recl. 6266)

A partir de 9 de maio de 2008, data da publicação da Súmula Vinculante n.º 4


do Supremo Tribunal Federal, o adicional de insalubridade será calculado
sobre o salário básico, salvo critério mais vantajoso fixado em instrumento
coletivo.

Súmula Vinculante n. 4 do Supremo Tribunal Federal

4 - Salvo nos casos previstos na Constituição, o salário mínimo não pode ser
usado como indexador de base de cálculo de vantagem de servidor público ou
de empregado, nem ser substituído por decisão judicial. (Publicada no DJE do
STF de 08/05/2008).

2. O adicional de insalubridade incide sobre as horas extras? Qual a


fórmula de cálculo?

R.: Sim, conforme Súmula 139 do Tribunal Superior do Trabalho, o adicional de


insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais. A saber:

139 - Adicional de insalubridade. (RA 102/1982, DJ 11.10.1982 e DJ


15.10.1982. Nova redação em decorrência da incorporação da Orientação
Jurisprudencial nº 102 da SDI-1 - Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005).

Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para


todos os efeitos legais. (ex-OJ nº 102 – Inserida em 01.10.1997)
Fórmula de cálculo: hora normal x salário hora x quantidade de horas extras x
adicional de horas extras x adicional de insalubridade.

3. É constitucional a forma tarifada dos adicionais de insalubridade,


conforme prevê a CLT, levando em conta aspectos da responsabilidade
civil, direito ao meio ambiente equilibrado e à saúde do trabalhador?

R.: Sim, entendemos constitucionais os adicionais de insalubridade, mesmo


tarifados, porque o artigo 7º, XXIII, da Constituição Federal, dispõe somente
que:

XXIII – adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou


perigosas, na forma da lei;

(grifo nosso)

Assim, o próprio legislador constituinte delegou à lei a forma do adicional.


Nessas condições pode a lei impor respectiva tarifação.

4. O adicional de insalubridade pode ser suprimido?

R: Sim. Ainda que pago durante longo lapso temporal, pode ser suprimido se
cessadas as condições que ditavam o seu pagamento. Assim, a Súmula 80 do
TST:

80 - Insalubridades (RA 69/1978, DJ 26.09.1978)

A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores


aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do
respectivo adicional

Destaque-se, todavia, que o simples fornecimento de Equipamentos de


Proteção Individual não tem o condão, por si só, de eliminar a condição
insalubre, de modo que se impõe à espécie a incidência do artigo 194 da CLT:

Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de


periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade
física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do
Trabalho.

5. Além do empregado, quem mais pode requerer realização de perícia em


estabelecimento ou setor da empresa, com o objetivo de caracterizar
trabalho insalubre ou perigoso? Qual o destinatário desse requerimento?

R.: A caracterização da periculosidade, insalubridade, e penosidade, serão


feita por intermédio de perícia, realizada por engenheiro ou médico do trabalho.

Além do empregado, conforme artigo 195, § 1º, da CLT, poderá,


facultativamente, empresas e sindicatos profissionais requerer realização de
perícia em estabelecimento ou setor da empresa, com o objetivo de
caracterizar trabalhos insalubre, perigoso.

Destaque-se que o § 3° do mesmo artigo citado deixa claro que o Ministério do


Trabalho poderá realizar “ex oficio” referida perícia.

O dispositivo legal em questão não trata do trabalho penoso, mas, entendemos


que o artigo 195, da CLT, aplicar-se-ia por analogia.

6. Habilitação técnica especializada do perito é condição para realização


de perícia judicial sobre insalubridade ou periculosidade?

R.: Sim, é condição. A perícia por insalubridade ou periculosidade poderá ser


feita tanto por médico quanto por engenheiro do trabalho, podendo ser
realizada por um ou outro, conforme o caso. É nesse sentido, a OJ 165 da SDI-
I, do TST:

O artigo 195 da CLT não faz qualquer distinção entre o médico e o engenheiro
para efeito de caracterização e classificação da insalubridade e periculosidade,
bastando para a elaboração do laudo seja o profissional devidamente
qualificado.

7. Havendo denúncia sobre condições insalubres ou perigosas, perante o


Ministério do Trabalho, poderá o empregador apresentar laudo pericial
realizado por perito particular contratado?

R.: No caso de denúncia perante o Ministério do Trabalho, entendemos que a


perícia terá, sim, validade se realizada por perito particular contratado pela
empresa, porque o empregador, conforme NR4, item, 4.1., manterá
obrigatoriamente Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover e proteger a integridade
do trabalhador no local de trabalho:

As empresas privadas e públicas, os órgãos públicos da administração direta e


indireta e dos poderes Legislativo e Judiciário, que possuam empregados
regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho - CLT manterão,
obrigatoriamente, Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho, com a finalidade de promover a saúde e proteger a
integridade do trabalhador no local de trabalho. (104.001-4 / I2)”.

Além do mais, o artigo 195, da CLT, não limitou a realização de perícia para
apuração de insalubridade e periculosidade a perito indicado pelo Juiz (salvo
na hipótese de perícia judicial, sem prejuízo, claro, da participação de
assistente técnico indicado pela parte litigante), mas, sim, que a realização de
perícia far-se-á através de perícia a cargo de Médico ou Engenheiro do
Trabalho, registrada no Ministério do Trabalho.

8. Nos termos da NR-3, qual a diferença entre interdição e embargo?

R: Dispõe o item 3.1. da NR3, que


3.1. O Delegado Regional do Trabalho ou Delegado do Trabalho Marítimo,
conforme o caso, à vista de laudo técnico do serviço competente que
demonstre grave e iminente risco para o trabalhador, poderá interditar
estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento, ou embargar
obra, indicando na decisão tomada, com a brevidade que a ocorrência exigir,
as providências que deverão ser adotadas para prevenção de acidentes do
trabalho e doenças profissionais.

3.1.1. Considera-se grave e iminente risco toda condição ambiental de trabalho


que possa causar acidente do trabalho ou doença profissional com lesão grave
à integridade física do trabalhador.

3.2. A interdição importará na paralisação total ou parcial do estabelecimento,


setor de serviço, máquina ou equipamento. (103.001-9 / I4)

3.3. O embargo importará na paralisação total ou parcial da obra.(103.002-7 /


I4)

Consiste a diferença, entre interdição e embargo, no objeto a sofrer


paralisação. No primeiro caso, a paralisação é do próprio estabelecimento,
setor de serviço, máquina ou equipamento; no segundo, é a obra a ser
paralisada.

Exemplo de interdição: setor da empresa em que o maquinário produz ruídos


insuportáveis causando danos à saúde do trabalhador; nesse caso, todo o
setor será interditado, isto é, paralisado.

Exemplo de embargo: obra de construção civil que acarrete perigo aos


trabalhadores, podendo desabar a qualquer momento; aqui, somente a obra
será paralisada.

9. Em perícia judicial, apurado agente insalubre diverso do apontado na


inicial, qual prevalecerá?

R.: Prevalece o adicional apurado na perícia. O peticionário, na elaboração da


inicial, não tem condições técnicas de inferir sobre a existência precisa das
causas adversas à saúde do trabalhador; somente o perito poderá informar a
condição insalubre ao juízo.

10. A proibição quanto ao trabalho perigoso, insalubre ou penoso para


menores é absoluta?

R: Primeiro, a proibição quanto ao trabalho perigoso, insalubre ou penoso para


menores é prevista na Constituição Federal, conforme artigo 7°, XXXIII:

“Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18


(dezoito) e de qualquer trabalho a menores de 16 (dezesseis) anos, salvo na
condição de aprendiz, a partir de 14 (quatorze) anos.”
Entendemos que essa proibição é absoluta. Por exemplo, uma clínica médica,
em princípio, pode contratar jovem de 16 anos para o labor em laboratório,
porque a Constituição Federal permite, a tanto, trabalho a partir dos 16 anos, e,
a partir de 14, na condição de aprendiz.

Contudo, é vedado o trabalho noturno, perigoso ou insalubre, a menores de 18


(dezoito), e, aqui, tanto para o aprendiz menor de 14 anos, quanto para o
jovem a partir dos 16 anos.

Portanto, na contratação do jovem de 16 anos, pela clínica médica, não só


haverá restrição ao trabalho noturno, perigoso ou insalubre, e mesmo o
penoso, pela CF, mas, também, conforme artigo 405, I, da CLT, surgindo daí
restrição legal se o local de trabalho for insalubre ou perigoso, conforme quadro
aprovado pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho (Portaria n.
20 /01).

Interessante notar, que nos itens 64, 65, e 66, do Anexo I, da referida Portaria,
fica proibido o trabalho do menor em hospitais e estabelecimentos destinados
ao cuidado da saúde humana, trabalhos em hospitais e estabelecimentos
quando em contato direto com animais.

A restrição legal, no caso, então, é a do artigo 405, I, da CLT, c/c itens 64, 65, e
66, do Anexo I, da Portaria n. 20 /01, do MT.

11. O trabalho em atividade penosa impõe pagamento de algum


adicional? Em caso positivo, é possível aplicação analógica do artigo 192
da CLT, que prevê adicional de insalubridade?

R.: Conforme jurisprudência majoritária, o artigo 7º, XXIII, da Constituição


Federal, que prevê adicional para o labor em atividades penosas, necessita de
regulamentação (conforme parte final do artigo em questão: “…na forma da
lei.”), de modo que, nessas condições, não haveria pagamento de qualquer
adicional no salário do empregado que labore em atividades penosas (por
exemplo, labor a céu aberto, sob o sol escaldante).

No entanto, por força do artigo 5º, V, da Constituição Federal, para todo agravo
cabe respectiva reparação, moral e material, de modo que é plausível a
condenação do empregador em valor equivalente ao trabalho penoso prestado.

Nesse sentido, a previsão do artigo 192 da CLT, por analogia, pode servir
como norte para eventual arbitramento de indenização respectiva.

12. É valida a realização de perícia técnica por informações do Sindicato?

R: Entendemos que, sim, considerando que o artigo 195, § 1º, da CLT, trata de
hipótese de substituição processual pelo sindicato, que, defendendo interesse
alheio, ou seja, atuando em defesa de seus associados, poderá pleitear a
apuração insalubridade ou periculosidade no local de trabalho, inclusive
perante o MT, o que vai de encontro ao disposto no art. 8º, III, da CF.
13. A insalubridade ou periculosidade produzida por terceiros é passível
de responsabilizar o empregador pela caracterização do ambiente de
trabalho como insalubre ou perigoso?

R.: Sim, é possível. Considere-se a hipótese em que o empregador contrate


serviços terceirizados de manutenção de equipamentos. Poderá ocorrer que
essa empresa introduza maquinário causador de ruídos nocivos à saúde do
trabalhador, ou ainda, deixar à exposição e contato com os trabalhadores
materiais explosivos ou insalubres.

Nesse caso, deverá o empregador tomar medidas necessárias a sanar o


problema (art. 157 da CLT).

14. A constatação de agente insalubre no ambiente de trabalho, não


previsto em lei ou norma regulamentadora (NR), impõe pagamento do
adicional de insalubridade?

R.: Dispõe o art. 190 da CLT, que:

O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e operações


insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização da
insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de
proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes

Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão medidas de


proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem
aerodispersóides tóxicos, irritantes, alergênicos ou incômodos.

Por outro lado, a Orientação Jurisprudencial (OJ) n. 4, SDI – I, do Tribunal


Superior do Trabalho dispõe que:

4 - Adicional de insalubridade. Lixo urbano. (Inserida em 25.11.1996. Nova


redação em decorrência da incorporação da Orientação Jurisprudencial nº 170
da SDI-I - Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005)

I - Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para


que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a
classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério
do Trabalho.

II - A limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo não


podem ser consideradas atividades insalubres, ainda que constatadas por
laudo pericial, porque não se encontram dentre as classificadas como lixo
urbano na Portaria do Ministério do Trabalho. (ex-OJ nº 170 da SDI-I - inserida
em 8.11.00)

Assim sendo, “conditio sine qua non” para o direito ao adicional de


insalubridade é a previsão do agente insalubre na relação oficial do Ministério
do Trabalho, ou seja, nas NRs.
É verdade que o artigo 189 da CLT também dispõe que:

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua


natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os empregados a
agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da
natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus
efeitos.

Entretanto, como se verifica na OJ supramencionada, a jurisprudência é


majoritária no sentido de que a constatação da insalubridade, por meio de
laudo pericial, para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional,
deve estar inserida na classificação da atividade insalubre, na relação oficial
elaborada pelo Ministério do Trabalho.

Assim sendo, conforme jurisprudência dominante, não basta a constatação de


insalubridade através de laudo pericial para que o empregado receba o
respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade como
insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho, conforme
artigo 190, da CLT.

Destaque-se, todavia, que poderá o empregado, que sofra lesão por condição
insalubre não prevista na norma, pleitear indenização por eventual doença
profissional adquirida pelo respectivo labor, por expressa autorização
constitucional (art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal).

15. O adicional de periculosidade incide sobre o salário acrescido de


títulos remuneratórios, como por exemplo, prêmio mensal pago pelo
empregador?

R.: Observe-se, primeiramente, o disposto no artigo 193 da CLT:

Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.

§ 1º - O trabalho em condições de periculosidade assegura ao empregado um


adicional de 30% (trinta por cento) sobre o salário sem os acréscimos
resultantes de gratificações, prêmios ou participações nos lucros da empresa.

§ 2º - O empregado poderá optar pelo adicional de insalubridade que


porventura lhe seja devido

Assim, o próprio artigo 193 da CLT descarta a possibilidade de incidência do


adicional de periculosidade nos títulos remuneratórios. A Súmula 191, do TST,
é no mesmo sentido, isto é, o adicional de periculosidade incide apenas sobre
o salário base, ou seja, salário contratual, sem acréscimos resultantes de
gratificações, prêmios, etc.
Contudo, há exceção para o trabalhador eletricitário, conforme OJ n. 279, da
SDI-I, do Tribunal Superior do Trabalho:

279 - Adicional de periculosidade. Eletricitários. Base de cálculo. Lei nº


7.369/85, art. 1º. Interpretação.  (DJ 11.08.2003)

O adicional de periculosidade dos eletricitários deverá ser calculado sobre o


conjunto de parcelas de natureza salarial.

16. A exposição intermitente a agente insalubre gera direito ao respectivo


adicional?

R.:. Sim, desde que o empregado esteja exposto a agente insalubre. Somente
é indevido o adicional se o contato ocorre eventualmente, nos termos da
Súmula 47, do TST, e, por analogia, Súmula 364 do mesmo Tribunal:

47 - Insalubridade. O trabalho executado em condições insalubres, em caráter


intermitente, não afasta, só por essa circunstância, o direito à percepção do
respectivo adicional.

364 - Adicional de periculosidade. Exposição eventual, permanente e


intermitente.

I - Faz jus ao adicional de periculosidade o empregado exposto


permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de
risco. Indevido, apenas, quando o contato dá-se de forma eventual, assim
considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo
extremamente reduzido. (...)

17. Poderá ser cumulativo o adicional de periculosidade com o adicional


de insalubridade?

R.: O adicional de periculosidade não é cumulável com o de insalubridade,


devendo o empregado, uma vez configuradas as duas situações, optar por uma
delas.

18. O estabelecimento de uma atividade como perigosa depende de


decisão do Ministério do Trabalho e Emprego?

R.: Sim, o MT estabelece quadro incluindo atividades consideradas perigosas.

Os efeitos pecuniários da periculosidade só são devidos após a inclusão da


respectiva atividade nos quadros aprovados pelo Ministério do Trabalho e
Emprego. O direito do empregado ao adicional de periculosidade cessará com
a eliminação do risco à sua saúde ou integridade física.

19. A utilização de Equipamento de Proteção Coletiva (EPC) para redução


de ruídos exclui a obrigação de fornecimento de protetor auricular
individual para os empregados?
R.: É verdade que, conforme artigo 166, da CLT, o fornecimento de EPI é
obrigatório sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa
proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. De
modo que, contrario senso, adotando-se medidas de proteção coletiva, isto é,
de ordem geral, que atendam a tal necessidade, desobrigado estaria o
empregador de fornecer respectivos Equipamentos de Proteção Individual
(EPIs).

Entretanto, por força do disposto na NR-6, bem como na Instrução Normativa


nº 1, de 11 de abril de 1994, quando as medidas de proteção coletiva adotadas
no ambiente de trabalho não forem suficientes para controlar os riscos
existentes, ou estiverem sendo implantadas, ou ainda em caráter emergencial,
o empregador deverá adotar, dentre outras, aquelas referentes à proteção
individual que garantam condições adequadas de trabalho.

Desse modo, a utilização de Equipamento de Proteção Coletiva (EPC), para


eliminação de ruídos, não exclui obrigação de fornecimento de protetor
auricular individual para os empregados (EPI), se as medidas adotadas no
ambiente de trabalho não forem suficientes para controlar os riscos existentes,
ou estiverem sendo implantadas, ou ainda em caráter emergencial.

20. Condenado em reclamação trabalhista, movida por 10 empregados,


em litisconsórcio ativo, que continuaram a trabalhar na empresa, o
empregador pagou, em execução, o adicional de insalubridade devido
desde a data de distribuição e o incluiu na folha de pagamento. Após
determinado período, reformou as dependências da empresa eliminando
o agente causador da insalubridade. Parou, então, de pagar o adicional.
Esse ato ofende a coisa julgada?

R.: Tenha-se em vista, primeiramente, o disposto no artigo 194 da CLT, bem


como o previsto na Súmula 80 do Tribunal Superior do Trabalho:

Art. 194 - O direito do empregado ao adicional de insalubridade ou de


periculosidade cessará com a eliminação do risco à sua saúde ou integridade
física, nos termos desta Seção e das normas expedidas pelo Ministério do
Trabalho.

Súmula 80 - Insalubridade (RA 69/1978, DJ 26.09.1978)

A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos protetores


aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do
respectivo adicional.

Porém, tratando a questão proposta de inserção do adicional de insalubridade


em folha de pagamento, cumpre examinar a jurisprudência dominante:

OJ nº 172 da SDI – I, do TST.

Adicional de insalubridade ou periculosidade. Condenação. Inserção em folha


de pagamento. Condenada ao pagamento do adicional de insalubridade ou
periculosidade, a empresa deverá inserir, mês a mês e enquanto o trabalho for
executado sob essas condições, o valor correspondente em folha de
pagamento.

Assim, havendo condenação ao pagamento do adicional de insalubridade,


deve este ser inserido em folha de pagamento enquanto for o trabalho
executado nessas condições.

Daí, que, inexistindo as condições insalubres, visto que foi eliminado o


respectivo agente não se pode cogitar de continuar a pagar o respectivo
adicional, “ad eterno. Note-se que, conforme a orientação jurisprudencial supra,
a empresa deverá pagar o adicional de insalubridade ou periculosidade
enquanto o trabalho for executado nessas condições.

Quanto à questão da coisa julgada, cumpre verificar o que dispõe o Código de


Processo Civil:

Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

Art. 469. Não fazem coisa julgada:

I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte


dispositiva da sentença;
Il - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença;
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo.

Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a


parte o requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e
constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.

Vale destacar, a propósito, a lição do professor Sérgio Pinto Martins (in Direito
Processual do Trabalho, São Paulo, Atlas, 2002, p. 355):

Não fazem coisa julgada:

a) os motivos, ainda que importantes, para determinar o alcance da parte


dispositiva da sentença, nem o relatório;

b) a verdade dos fatos estabelecidos como fundamento da sentença;

c) a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo


(art. 469 do CPC).

O que faz coisa julgada é o dispositivo da sentença (art. 467 do CPC), não o
fazendo despachos e as decisões interlocutórias.

Faz, contudo, “coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o


requerer (arts. 5º e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir
pressuposto necessário para o julgamento da lide” (art. 470 do CPC). O
reconhecimento da relação de emprego é, de certa forma, uma questão
prejudicial do mérito para o pagamento das verbas rescisórias.

Tratando-se de relação continuativa não há coisa julgada, de modo que


sobrevindo modificação no estado de fato ou de direito, a parte poderá pedir
revisão do que foi estatuído sentença (art. 471, 1, do CPC). É o caso do
pagamento do adicional de insalubridade que estabelecido na sentença com o
porcentual de 40% (grau máximo). Se as condições de insalubridade no local
melhorarem ou até mesmo cessarem, a empresa poderá pedir a revisão da
decisão. De outro lado, se a insalubridade foi dada em grau médio (20%) e as
condições de insalubridade do local ficaram piores, o reclamante poderá pedir
a revisão da sentença, postulando o grau máximo de insalubridade. E a
aplicação da máxima “rebus sic stantibus”, ou seja: enquanto as coisas
permanecerem como estavam.

Fora dessa hipótese a sentença só poderá ser modificada por meio de ação
rescisória na forma do art. 485 do CPC, ajuizada no prazo de dois anos a
contar do trânsito em julgado da decisão.

Dessa forma, no caso proposto, tratando-se, inclusive, de adicional de


insalubridade em grau máximo, para não mais o pagar, deve o empregador
pedir revisão da sentença (ação revisional – art. 290 do CPC c/c art. 194 da
CLT), já que as condições de insalubridade cessaram, inexistindo, pois, coisa
julgada, no caso.

21. O trabalho sujeito à radiação ionizante é considerado insalubre ou


perigoso?

R.: É considerado perigoso, por força da Orientação Jurisprudencial n. 345 da


SDI-I, do Tribunal Superior do Trabalho:

345 - Adicional de periculosidade. Radiação ionizante ou substância radioativa.


Devido. (DJ 22.06.2005)

A exposição do empregado à radiação ionizante ou à substância radioativa


enseja a percepção do adicional de periculosidade, pois a regulamentação
ministerial (Portarias do Ministério do Trabalho nºs 3.393, de 17.12.1987, e
518, de 07.04.2003), ao reputar perigosa a atividade, reveste-se de plena
eficácia, porquanto expedida por força de delegação legislativa contida no art.
200, caput, e inciso VI, da CLT. No período de 12.12.2002 a 06.04.2003,
enquanto vigeu a Portaria nº 496 do Ministério do Trabalho, o empregado faz
jus ao adicional de insalubridade.

22. Trabalhador Vigilante que labora guardando Subestação de Energia


Elétrica, 12h por dia, junto a transformador de alta potência, faz a
adicional de periculosidade, ou referido adicional é restrito aos
empregados das empresas de que tenham como atividade principal o
labor em Redes ou Estações de Energia Elétrica?
R.: Observe-se, primeiramente, a Orientação Jurisprudencial n. 324 da SDI-I,
do TST:

324 - Adicional de periculosidade. Sistema elétrico de potência. Decreto nº 


93.412/86, art. 2º, § 1º. (DJ 09.12.2003)

É assegurado o adicional de periculosidade apenas aos empregados que


trabalham em sistema elétrico de potência em condições de risco, ou que o
façam com equipamentos e instalações elétricas similares, que ofereçam risco
equivalente, ainda que em unidade consumidora de energia elétrica.

A exigência, aqui, então, é de que os empregados laborem em sistema elétrico


de potência em condições de risco, ou que o façam com equipamentos e
instalações elétricas similares, que ofereçam risco equivalente, ainda que em
unidade consumidora de energia elétrica. A CLT também não fez qualquer
diferenciação:

Art. 193 - São consideradas atividades ou operações perigosas, na forma da


regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho, aquelas que, por sua
natureza ou métodos de trabalho, impliquem o contato permanente com
inflamáveis ou explosivos em condições de risco acentuado.

De todo modo, a lei 7369/85, que, além da NR-10, regulamenta a espécie, em


seu artigo 1º dispõe que:

Art. 1º O empregado que exerce atividade no setor de energia elétrica, em


condições de periculosidade, tem direito a uma remuneração adicional de trinta
por cento sobre o salário que perceber.

Numa interpretação literal – sempre a pior possível, ainda mais em Direito do


Trabalho, em que prevalece o princípio “in dubio pro operario” – poder-se-ia
argumentar que o legislador privilegiou com o recebimento do adicional de
periculosidade apenas trabalhadores do setor de energia elétrica, deixando de
lado todos os outros empregados que, porventura, possam trabalhar, direta ou
indiretamente, com sistemas elétricos de potência. Interpretação que só teria
validade para aqueles que pretendem o Direito fechado, restrito, distante da
realidade social.

Em verdade, os Tribunais, de maneira majoritária, têm considerado a


possibilidade de que outros trabalhadores, que não os do setor elétrico,
expostos aos riscos dos sistemas elétricos de potência, se enquadrem na
hipótese, isto é, se comprovada a condição perigosa, fazem jus ao respectivo
adicional. Não é outro senão esse o teor da Orientação Jurisprudencial n. 324
da SDI-I, do Tribunal Superior do Trabalho.

Depende, de qualquer forma, a apuração da espécie à prova pericial, conforme


art. 2º, § 2º, do Decreto 93.412/86:
§ 2º São equipamentos ou instalações elétricas em situação de risco aquelas
de cujo contato físico ou exposição aos efeitos da eletricidade possam resultar
incapacitação, invalidez permanente ou morte.
É verdade que o Decreto 93.412/86 apresenta, em seu Anexo, quadro de
atividades consideradas de risco, e, em seu bojo, não está previsto
expressamente a guarda ou vigilância de sistemas elétricos de potência. Mas,
além de a previsão ali indicada não ser exaustiva, a jurisprudência, a teor da
OJ n. 324 da SDI-I, do TST, já consolidou que a exposição às condições do
risco é ensejadora do respectivo adicional.

23. O trabalho a céu aberto, exposto o empregado ao sol escaldante,


como comumente ocorre no trabalho rural, impõe pagamento de adicional
de insalubridade?

R.: Não, não é devido adicional de insalubridade pelo labor exposto a raios
solares, conforme jurisprudência majoritária do Tribunal Superior do Trabalho.
É o que dispõe a Orientação Jurisprudencial n. 171 da SDI-I, do TST:

173 - Adicional de insalubridade. Raios solares. Indevido. (Inserida em


08.11.2000).

Em face da ausência de previsão legal, indevido o adicional de insalubridade


ao trabalhador em atividade a céu aberto (Art. 195, CLT e NR 15 MTb, Anexo
7)

No entanto, essa atividade pode ser considerada penosa ensejando, em tese,


pagamento de indenização, a teor dos artigos 5º, V, c/c 7º, XXIII, ambos da
Constituição Federal. De qualquer forma, a jurisprudência majoritária é no
sentido de que o adicional de penosidade, previsto no referido dispositivo
constitucional, carece de regulamentação.

Indiscutivelmente, é penoso o labor dos trabalhadores rurais, cortadores de


cana; além de trabalharem sob o sol escaldante estão sujeitos, afora diversas
condições insalubres, a ataques de animais peçonhentos.

24. O pagamento de adicional de insalubridade afasta direito do


empregado em receber indenização por doença do trabalho, adquirida
pelo labor executado nas condições insalubres que redundaram no
pagamento do adicional?

R.: Não, não afasta porque o adicional de insalubridade possui natureza


meramente salarial e a indenização por doença do trabalho depende, conforme
o caso, de culpa do empregador. Depende, na verdade, da existência dos
quatro elementos autorizadores da reparação civil: fato, dano, nexo causal, e
culpa. Nas atividades de risco, responde o empregador independentemente de
culpa (art. 927, parágrafo único, do Código Civil). A natureza jurídica do
adicional e da indenização por reparação civil é totalmente diversa.

O adicional de insalubridade nada mais é do que um “plus” salarial pelo labor


em condições insalubres, não tendo, absolutamente, o condão de compensar
eventual doença do trabalho adquirida pelo empregado.
 25. O adicional de insalubridade incide sobre o Descanso Semanal
Remunerado?

R.: Para a jurisprudência majoritária, referido adicional não incide porque, se o


pagamento é mensal, o descanso semanal já se encontra remunerado. Esse, o
entendimento consubstanciado na Orientação Jurisprudencial n. 103 da SDI-I,
do Tribunal Superior do Trabalho; in verbis:

OJ 103 - Adicional de insalubridade. Repouso semanal e feriados. (Inserida em


01.10.1997. Nova redação - Res. 129/2005, DJ. 20.04.2005)

O adicional de insalubridade já remunera os dias de repouso semanal e


feriados.

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