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Wikipédia – Cascais

Cascais
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Cascais[2] MHC é uma vila portuguesa, sede do município (concelho) homónimo, o qual
é parte do distrito e da área metropolitanade Lisboa. Em 2016, totalizava 210 889
habitantes[1] distribuídos por uma área de 97,40 km².[3]
O município de Cascais subdivide-se em quatro freguesias (Alcabideche, Carcavelos e
Parede, Cascais e Estoril e São Domingos de Rana).[4] Apesar do seu estatuto de vila,
possui uma população que supera as das cidades
do Seixal, Alverca, Póvoa, Loures, Sacavém, Vila Franca de Xira e Costa da Caparica,
sendo a quarta vila mais populosa da Área Metropolitana de Lisboa.
A sua origem enquanto entidade independente data da Carta da Vila, de 7 de
junho de 1364, na qual o rei D. Pedro I de Portugala separava do termo de Sintra[5] em
virtude do seu desenvolvimento económico.[6] Administrativamente, apenas se torna
independente em 1514, data em que é provida de um foral próprio.[6] Ocupado desde
o Paleolítico, e com um importante património arqueológico, o concelho esteve desde
cedo voltado para a produção agrícola, pesqueira e para a extração de recursos.
Também a sua posição estratégica na Barra do Tejo contribuiu para a sua importância,
dispondo hoje de um vasto património arquitetónico militar.
Pelos seus valores naturais e paisagísticos, tanto a vila como o concelho conheceram
um surto de popularidade que a viram tornar-se no destino preferido das elites
portuguesas e estrangeiras a partir do século XIX. A chegada e eletrificação do caminho
de ferro foram transcendentais para o progresso do concelho, sendo o principal fator
para a sua urbanização a partir de 1930. Desde então, cresce até se afirmar como um
dos principais subúrbios de Lisboa, não sendo alheio aos fenómenos
de suburbanização e periurbanização que se foram dando na área metropolitana,
sendo estes ainda notórios no interior do concelho.
A vila de Cascais, à semelhança do que aconteceu nos últimos anos sobretudo com as
cidades de Lisboa, Porto e Fátima, tornou-se num dos principais destinos do turismo
em Portugal, a ponto de ter sido começada a cobrança de uma pequena taxa turística
nas dormidas locais.[7]

Índice

 1Geografia
o 1.1Divisão administrativa
o 1.2Hidrografia
 1.2.1Linhas de água
 1.2.2Águas balneares
o 1.3Clima
o 1.4Paisagem
o 1.5Património natural e espaços verdes
 1.5.1Parques urbanos
 1.5.2Quintas
 2Ecologia
o 2.1Flora
 2.1.1Flora terrestre
 2.1.2Flora marinha
 3Geologia
 4História
o 4.1Pré-história
o 4.2Idade Antiga
 4.2.1A época romana
 4.2.2A época visigótica
 4.2.3A época árabe
o 4.3Idade Média
 4.3.1A reconquista e desenvolvimento de Cascais
 4.3.2A questão da autonomia
o 4.4Idade Moderna
 4.4.1Período dos Descobrimentos
 4.4.2A invasão espanhola
 4.4.3A restauração da independência: novas fortificações
 4.4.4O Terramoto de 1755 em Cascais
 4.4.5Transição para o século XIX
o 4.5Idade Contemporânea
 4.5.1A afirmação enquanto local de ócio
 4.5.2O projeto do Estoril: da Riviera Portuguesa à Costa do Sol
 4.5.3Século XX
o 4.6Topónimo
o 4.7Heráldica
 5Demografia
 6Economia
 7Transportes e mobilidade
 8Equipamentos e serviços
o 8.1Educação
o 8.2Saúde
o 8.3Administração, prevenção e segurança pública
o 8.4Forças de segurança
o 8.5Bombeiros
o 8.6Água e saneamento
o 8.7Limpeza e resíduos sólidos
 9Política
o 9.1Eleições autárquicas
o 9.2Eleições legislativas
o 9.3Cidades-irmãs
 10Cultura
o 10.1Património edificado
 10.1.1Património arqueológico
 10.1.2Património arquitetónico
 10.1.2.1Arquitetura religiosa
 10.1.2.2Fortificações marítimas
 10.1.2.3Arquitetura de veraneio
 10.1.2.3.1Cascais
 10.1.2.3.2Monte Estoril
 10.1.2.3.3Estoril
 10.1.2.3.4São João do Estoril
 10.1.2.3.5Parede
 10.1.2.3.6Carcavelos
 10.1.2.4Arquitetura modernista
 10.1.2.5Outros edifícios
o 10.2Museus
 10.2.1Bairro dos Museus
o 10.3Gastronomia
o 10.4Eventos
 11Desporto
o 11.1Clubes
o 11.2Escalada
 11.2.1Blocos na Baía do Mexilhoeiro
 11.2.2Arribas do Farol da Guia
 12Referências
 13Ver também
 14Ligações externas

Geografia[editar | editar código-fonte]

Vista da zona ocidental de Cascais a partir da Peninha, na Serra de Sintra.


Visão panorâmica do vale da ribeira de Caparide/Manique do Alto de Bicesse, bem
como o horizonte da freguesia de São Domingos de Rana.

Zona interior do concelho. Livramento, na freguesia de Cascais e Estoril, visto do


Monte da Cabeça Gorda. Ao fundo, a Serra de Sintra.

Cascais e o seu município encontram-se no extremo sul-ocidental da Península de


Lisboa, que limita a norte com Sintra, a leste com Oeirase a sul e a oeste com o Oceano
Atlântico. Possui o seu ponto mais ocidental no Cabo Raso, e o mais oriental
em Talaíde, na margem direita da Ribeira da Laje. O seu ponto mais setentrional, bem
como o mais alto, encontra-se na Peninha, que se eleva em 465 metros. De forma
semelhante aos restantes concelhos da Península de Lisboa, apresenta um relevo cujos
elementos mais marcantes da paisagem são normalmente os vales das ribeiras,
estreitos e encaixados, e cujos exemplos mais relevantes são os vales das ribeiras da
Foz do Guincho, das Vinhas, da Penha Longa, de Caparide e Ribeira da Laje.[8]
[9]
 Acrescentam-se a estes alguns relevos pontuais, como são o Cabeço de Mouro, o
Alto de Bicesse e o Monte da Cabeça Gorda[10].
O quadrante nordeste é dominado pela Serra de Sintra, sendo aí que se registam as
maiores altitudes que vão diminuindo suavemente quando mais a sul, na sua transição
para a plataforma de Cascais. Esta plataforma, bastante regular, possui uma vertente
suave para sul (até ao Cabo Raso) e corresponde a uma superfície de abrasão marinha.
[8]
 A altitude média nestas áreas encontra-se entre os 250 e os 350 metros (Malveira da
Serra, Janes, Biscaia), sendo que raramente ultrapassa os 400 metros[10].Nesta zona, a
costa é predominantemente escarpada, com a formação de várias grutas como a Boca
do Inferno, e cujas arribas podem chegar aos 100 metros.[11] A única exceção dá-se na
zona da Praia Grande do Guincho, uma extensa área arenosa que, a nível hidrológico,
potencia a ocorrência de fenómenos de infiltração e a desorganização da rede de
drenagem. A predominância dos ventos frescos de norte leva à formação de dunas,
que se prolongam desde a Cresmina até à zona dos Oitavos[12], onde se situa a única
duna consolidada do concelho.[11] À semelhança do rebordo da serra, no resto do
concelho os declives são pouco acentuados, e metade do seu território apresenta
decives inferiores a 5%. A disposição do relevo faz com que as vertentes não possuam
uma exposição marcadamente definida (51%), enquanto que nas restantes predomina
a exposição de vertentes viradas a sul (18,5%), o que confere ao concelho uma feição
soalheira, aprazível e confortável[10], abrigada dos ventos de norte (caso da Costa do
Estoril, uma das áreas mais amenas da Área Metropolitana de Lisboa).[9] Nesta faixa, a
costa vai alternando entre pequenas praias e faixas escarpadas, dando origem a áreas
de relevância ambiental, como é o caso da Zona de Interesse Biofísico das Avencas. A
zona interior do concelho é mais elevada quando mais a norte, com algumas
localidades a altitudes superiores a 100
metros: Murches, Alcabideche, Bicesse, Trajouce e Talaíde. O interior demonstra ainda
vestígios do seu passado rural[10], e é composto por duas áreas relativamente planas: o
Chão das Travessas, na zona da Aldeia de Juso, e o Planalto de Massapés, em Trajouce.
A vila de Cascais situa-se a 27 km de Lisboa, junto à orla marítima, numa pequena baía.
É a quinta vila mais populosa de Portugal (depois de Algueirão - Mem
Martins, Corroios, Rio de Mouro e de Oeiras). Cascais tem-se recusado a ser elevada à
categoria de cidade, por motivos turísticos.[carece  de fontes]
Divisão administrativa[editar | editar código-fonte]
O concelho está atualmente dividido em quatro freguesias (Alcabideche, Carcavelos e
Parede, Cascais e Estoril e São Domingos de Rana), que anteriormente à reforma
administrativa de 2013 eram seis (com Cascais, Estoril, Parede e Carcavelos como
entidades autónomas). Por sua vez, as freguesias integram várias localidades definidas
geograficamente mas sem valor administrativo. Várias localidades concelhias
encontram-se divididas entre freguesias (caso de Atibá, Pau Gordo, Penedo, Rebelva) e
entre concelhos (Cabra Figa — cuja área no concelho adquire o nome de Pomar das
Velhas —, Carrascal de Manique — com a AUGI do Barrunchal pertencente à freguesia
de Sintra — e Talaíde, cujo contínuo urbano se expande para Oeiras [onde se inclui
o Taguspark] e Sintra [Casal do Penedo, em Rio de Mouro]).
Clima[editar | editar código-fonte]
Todo o município apresenta um clima temperado húmido, com verão seco e
temperado (Csb na classificação climática de Köppen-Geiger). O concelho apresenta
um gradiente de temperatura que aumenta consoante a latitude, sendo o interior mais
frio que as zonas urbanizadas da costa, Sassoeiros e Talaíde. Os invernos são bastante
suaves, sendo um dos locais mais aprazíveis da área metropolitana graças ao efeito de
ilha urbana, à proximidade com o mar, à boa exposição ao sul, à serra de Sintra (que
abriga parte do concelho dos ventos norte) e à passagem da corrente quente do golfo.
Os verões seguem a mesma tónica, devido ao facto de este ser o concelho mais
ocidental de Portugal, por conseguinte possuindo uma maior proximidade do oceano.
Em concreto, deve-se ao afloramento costeiro causado pelos ventos de norte, que
fazem emergir as águas mais fundas e frias e afastam as águas mais quentes, de
superfície.[11]
Paisagem[editar | editar código-fonte]
Definida pelo Ministério de Obras Públicas e Transportes como «a manifestação
externa, imagem, indicador ou chave dos processos que têm lugar no território, quer
correspondam ao âmbito natural ou ao humano», esta tem sofrido nas últimas
décadas, no concelho de Cascais, uma crescente degradação. [21] Foram delimitadas no
âmbito do Plano Diretor Municipal de Cascais diversas unidades de paisagem que
ponderam a integração dos elementos naturais (topografia, hidrologia, fauna ou a
flora) e culturais/humanas (economia e história) de cada zona, onde estas se
«apresentam com um padrão específico, e a que está associado um determinado
carácter».[21] Em Cascais, foram caracterizadas seis unidades de paisagem que, por sua
vez, se dividem em macro-unidades de paisagem:[22]
Património natural e espaços verdes[editar | editar código-fonte]

Exemplo da degradação da paisagem e do ambiente no concelho. Em Tires, a ribeira


das Marianascircula num canal completamente artificalizado, resultado da expansão
urbana descontrolada.

O município sofreu, desde meados do século XX, um elevado crescimento


demográfico, o que se traduziu numa construção desordenada e dispersa, ocupando
áreas de importância em termos ecológicos. A estrutura ecológica municipal foi sendo
relegada para segundo plano em relação a estruturas habitacionais, de transportes e
sociais.[21] As atuais normas para espaços verdes urbanos indicam que o concelho
carece de espaços verdes principais, cuja área mínima deveria ser de 510 hectares.
[23]
 Em Cascais, está definida uma Rede Ecológica Concelhia, que define a sua
«Estrutura Verde Principal» e «Secundária», integrada na Rede
Ecológica Metropolitana.[23] As áreas de influência das principais linhas de água
concelhias (as linhas de água, as zonas com bons solos e as áreas sujeitas a cheias, as
zonas de máxima infiltração e as cabeceiras das ribeiras) concentram em algumas das
suas zonas o pouco que resta do património natural de Cascais, e integram a Rede
Ecológica Metropolitana.[24] Em Cascais, outras ligações naturais apontadas como vitais
para a Rede Ecológica Concelhia são as ribeiras
de Manique, Marianas, Carcavelos e Laje.[23] O quadrante noroeste do concelho
encontra-se ocupado pelo Parque Natural de Sintra-Cascais, classificado no PROT-AML
como uma Área Estruturante Primária e em conjunto com os anteriores, contribui para
a salvaguarda dos componentes naturais e humanos, solo, água, flora e fauna, e
paisagem de grande valia.[23]
Entre os espaços com grande importância ambiental, também no que concerne à
componente ambiental solos, encontram-se as antigas quintas espalhadas pelo
concelho, que poderiam servir para reduzir o efeito das cheias, para a saúde pública,
para a produção de frescos e para a integração do espaço urbano no espaço natural,
permitindo um desenvolvimento sustentável. Neste âmbito encontram-se as quintas
situadas ao longo da ribeira de Caparide, a Quinta do Barão, a dos Ingleses (ou de
Santo António) e restantes quintas de Carcavelos, nas quais se produzia o Vinho de
Carcavelos; a zona do Mato dos Celcos (a norte do Arneiro) e com ligação à Quinta do
Marquês, em Oeiras; as zonas a norte de Bicesse e da Douroana; e os vales das ribeiras
da Mula e dos Mochos e as zonas de proteção do Parque Natural, especialmente o
Pisão de Cima e de Baixo, onde se encontra o que resta de uma floresta de carvalho
lusitano.[23]
Parques urbanos[editar | editar código-fonte]
Parque Marechal Carmona, em Cascais.

Um correto ordenamento do território exige, no mínimo, 10 metros quadrados de


espaços verdes secundários por habitante, o que em Cascais implicaria entre 170 e 310
hectares deste tipo de espaços. O concelho possuía, até meados de 2000, quatro
parques urbanos (Parque Marechal Carmona, Parque da Ribeira dos Mochos, Parque
Palmela e a Quinta da Alagoa), apenas complementados pelos Espaços Verdes de Área
Reduzida, mantidos pelos moradores.[23] A estes foram adicionados, mais
recentemente, outros, como o Parque Morais, o Bosque dos Gaios e os Parques
Urbanos do Outeiro de Polima, da Quinta de Rana, das Penhas do Marmeleiro e
do Outeiro dos Cucos.[25] Existem também vários parques infantis espalhados por todo
o território concelhio.[26]

História[editar | editar código-fonte]
Pré-história[editar | editar código-fonte]

Entrada das grutas artificiais de Alapraia.

A presença humana no atual território do concelho de Cascais dá-se pela primeira vez
na pré-história, em cerca de 2000 a.C., com a presença de alguns povos
nómadas do Paleolítico Inferior. Estabelecendo-se em povoados, teriam feito uso de
objetos de sílex e quartzito, juntando-se, no Paleolítico Superior, objetos feitos
também a partir de osso, que se traduziram em numerosos utensílios recolhidos na
zona costeira do Guincho, entre as quais uma mó neolítica. O primeiro povoado desta
origem conhecido no concelho situava-se na atual Alameda do Casino, no Estoril, com
alguns materiais recolhidos por Félix Alves Pereira. Porém, é na zona da Parede que se
dão as descobertas mais transcendentes. No Murtal foi reconhecido outro povoado
por Leonel Ribeiro, sendo descoberto outro novo assentamento em 1953, no decorrer
de escavações na zona do Bairro Octaviano (Parede). Concluídas em 1957, estas
permitiram verificar que a sua parte inferior consistia de uma camada de terras
intacta, com diversos materiais arqueológicos. A este sítio, considerado por Manuel
Afonso do Paçocomo «o documento mais antigo e precioso de Cascais», deu-se o
nome de Parede I. Outros materiais arqueológicos aí encontrados, mais tardios e sob o
nome de Parede II, levam a crer que os primitivos habitantes do concelho vivessem
da agricultura e da criação de gado, bem como da caça e da pesca.[32] Sobre estas
primeiras populações, outras se instalariam, desta vez muito mais prósperas e
conhecedoras da metalugia do cobre, possuindo cerâmicas várias e decoradas a
primor, ao lado de uma série de artefactos de calcário, bem como botões, contas, etc.

Das grutas artificiais de São Pedro do Estoril, hoje desaparecidas pela ação da erosão,
resta um memorial acompanhado de um placar informativo.

Sabe-se que estes povos possuíam um culto muito especial pelos seus mortos, levados
a enterrar em dolmens ou grutas naturais, e ao lado de quem colocavam armas e
utensílios da sua propriedade, recipientes com alimentos e objetos de adorno e
simbolismo religioso. Neste sentido, os mais importantes sítios arqueológicos do
concelho são as grutas artificiais de Alapraia e de São Pedro do Estoril, datadas da
transição do Neolítico Final para o Calcolítico. São monumentos de inumação coletiva,
utilizados como necrópoles durante várias centenas de anos,[33] que juntamente com
outros locais de Sintra, Lisboa e Palmela, constituem um dos mais importantes surtos
da pré-história portuguesa de todos os tempos.[32]
Deste período até à invasão romana, pouco é conhecido, como refere Afonso do Paço:
«O que não sabemos com rigor, no momento presente, como tudo evolucionou até à
chegada dos Romanos. Presentemente conhecemos pouco, na região de Lisboa, Sintra
e Cascais, do período que medeia entre o grande surto dos metalúrgicos do
campaniforme e a chegada dos primeiros invasores do Lácio.»

Idade Antiga[editar | editar código-fonte]


A época romana[editar | editar código-fonte]
A época romana evidencia uma exploração intensiva do território e da própria Cascale,
graças aos complexos industriais aí identificados e às uillas exumadas, que se explicam
pela grande proximidade geográfica com a grande urbe de Olisipo. Apesar disto, o
território concelhio consistia de povoados dispersos (sobretudo pelas áreas de Cascais,
Estoril, Alcabideche e São Domingos de Rana), de vilas e casais isolados e sem um
núcleo urbano de relevo que permitisse um desenvolvimento mais acelerado destas
áreas.[34]
Este período permite também caracterizar melhor os diversos sítios arqueológicos do
concelho, sendo que alguns deles foram continuamente ocupados, caso dos Casais
Velhos, uma vila situada na Rua de São Rafael, na Charneca, e que foi encontrada nas
escavações de Afonso do Paço e Fausto de Figueiredo de 1945. Consiste de um
conjunto de estruturas tardo-antigas (séculos III/VI), dominadas por um importante
edifício termal, composto do frigidário, de uma sala tépida de transição (tepidário) e
do prefúrnio, destinado ao aquecimento do ar que circulava sob o pavimento e da
própria água dos tanques, de configuração semicircular. Nas proximidades foi
identificado um tanque de grandes dimensões, possivelmente o natatio, que era
abastecido por um aqueduto a partir de uma nascente. Da pars rustica, com dois
compartimentos, foram identificadas duas pequenas tinas revestidas a opus signinum,
juntamente com conchas de búzio, o que levou alguns especialistas a crer que os
habitantes desta villa se dedicassem à indústria da tinturaria de tecidos e/ou curtumes.
[35]

Outras estruturas encontradas consistiram num lagar e em diversas sepulturas de


inumação pertencentes a três áreas de necrópoles às quais se encontram associados
os principais achados, com várias moedas atribuídas a vários imperadores,
desde Constâncio II (r. 337–361) a Arcádio (r. 395–408).[35]
Outras vilas romanas foram achadas em Freiria (São Domingos de Rana), implantada
numa das encostas do vale, entre o Outeiro e Polima, junto da ribeira de Polima
(subsidiária à ribeira da Laje, numa área de abundantes recursos hídricos e de elevado
potencial agrícola) e mais recentemente, em Miroiço. Também se destacam
as cetárias romanas da Rua Marques Leal Pancada, em Cascais, descobertas em 1992,
e ligadas à indústria romana de salga e transformação de pescado e derivados
piscícolas. Estas cetárias dão crédito à presença de uma fábrica de conservas de
derivados piscícolas a laborar junto à praia de Cascais durante a segunda metade
do século I e finais do II. No final da sua produção, os seus tanques foram preenchidos
com areia, e mais tarde e sobre eles construídas as estruturas do desaparecido Castelo
de Cascais.[36]
O domínio romano também se fez sentir ao nível da toponímia. É o caso da aldeia
de Caparide (proveniente do latim cappar aris ou cappari ou capparis, para
a alcaparra ou alcaparreira) ou de Bicesse (de bicessis, palavra de raiz latina que na sua
origem se referia a um conjunto de vinte asses).[37] Por outro lado, algumas inscrições
de índole funerária são também testemunho deste legado. [38]
A época visigótica[editar | editar código-fonte]
A ocupação visigótica de Cascais tem o seu maior manifesto no Cemitério Visigótico de
Alcoitão,[39] bem como na necrópole tardo-romana e medieval de Talaíde.[40][12]
A época árabe[editar | editar código-fonte]
Da ocupação árabe de Cascais encontramos influência nos vários topónimos do
concelho (como Alcabideche ou Alcoitão). Estes atestam uma presença forte por todo
o território cascalense, através da fundação e robustecimento de novas póvoas. Sabe-
se deste período que a população do interior era eminentemente rural, graças aos
escritos de Ibn Mucana[12], cujos poemas refletem sobre o quotidiano de então na zona
de Alcabideche, que se afirma como o primeiro povoado de relativa importância de
todo o concelho.[34] As condições naturais do território eram desfavoráveis, permitindo
apenas a criação de açores como aves de caça, o que explica o domínio da vila de
Sintra sobre qualquer outro povoado da zona.[34]
A descoberta de diversos cadáveres em 1987 no Arneiro, em Carcavelos, levaram à
identificação de quinze enterramentos que, pelas suas características, permitiram
aferir que os indivíduos aí enterrados possuíam origem berbere.[41]
Idade Média[editar | editar código-fonte]
A reconquista e desenvolvimento de Cascais[editar | editar código-fonte]

Portas do Castelo de Cascais.

As zonas da estremadura portuguesa onde se incluem Sintra e Lisboa integram-se


no Reino de Portugal em 1147. Embora sem mudanças nas dinâmicas territoriais, a
conquista favorece o povoamento dos territórios mais a sul do reino. Assim, este
período traduz-se numa grande época de fundação e/ou consolidação de póvoas
marítimas que garantissem condições para a fixação da povoação, o escoamento das
produções, que permitissem sustentar um comércio marítimo em desenvolvimento ao
mesmo tempo servindo uma função de defesa da costa.
Ao sítio da atual vila acorrem lavradores, pescadores e outros mareantes, fazendo
surgir uma pequena aldeia que vai crescendo progressivamente até ser referenciada
pela primeira vez, a 11 de maio de 1282, quando D. Dinis transmitiu ao concelho
de Tavira as normas de conduta usadas pelo alcaide do mar de Lisboa.[6] Estes ter-se-
iam fixado no «Alto do Longo» ou «Monte Lombo», a noroeste do atual centro da vila,
antes de se fixarem junto ao mar. O porto de Cascais transformara-se por então numa
importante via de escoamento da produção agrícola de Sintra para Lisboa, bem como
numa importante base de abastecimento de pescado para Lisboa. No eclesiástico,
seria a 10 de dezembro de 1253 que Cascais se integraria na paróquia de São Pedro de
Penaferrim, situação que se manteria até 1523.[6]
Este desenvolvimento leva a que as várias embarcações destinadas à capital, de
diversas proveniências, fizessem escala em Cascais, tornando o seu já concorrido porto
de escala numa espécie de antecâmara da cidade.
Seriam estes os fatores a levar à ascensão de Cascais à categoria de vila, a 7 de junho
de 1364[6]:
Cascais seja vila sobre si e fora da sujeição de Sintra
Dom Pedro, pela graça de Deus, rei de Portugal e do Algarve, a quantos esta carta
virem faço saber que os homens-bons de Cascais me enviaram dizer que fosse minha
mercê de os fazer isentos da sujeição de Sintra, cuja aldeia era, e lhes outorgasse que o
dito logo de Cascais fosse vila por si e houvesse por si jurisdição e juízes para fazer
direito e justiça, e os outros oficiais que fossem compridoiros para bom regimento
desse lugar; e que eles dariam a mim em cada ano 200 libras mais, além daquilo que
me rendiam os meus direitos que eu havia do dito logo. 
E eu, vendo o que me enviaram dizer e pedir, e tendo que é serviço de Deus e meu e
guarda da minha terra, porque aquele lugar está em aquela costa do mar, e querendo
fazer graça e mercê aos moradores do dito lugar de Cascais, tenho por bem e mando
que o dito lugar de Cascais seja isento da sujeição de Sintra cuja aldeia era, e que seja
vila por si e que haja jurisdição do cível e do crime como hão as outras vilas do meu
senhorio que assim são isentas. E mando que elejam seus juízes para fazerem direito e
justiça, e façam seus oficiais segundo é costume de fazer nas outras vilas do dito meu
senhorio. E eles devem dar a mim em cada ano, daqui em diante, as ditas 200 libras,
além do que eu i hei.
 Carta da Vila, 1364

Esta ascensão, exigida pelos chefes das principais famílias de Cascais (homens-bons),
permitia que os cascalenses pudessem eleger por si os seus juízes e governadores. Em
troca, estes comprometem-se a pagar ao suserano uma quantia adicional de 200 libras
anuais, para além dos direitos tradicionais já devidos ao monarca. O imposto referido
na carta régia permite atestar a relevância das atividades levadas a cabo na póvoa
marítima[6], e o conteúdo da carta só se compreende em função do grande
desenvolvimento demográfico de Cascais.[34] Porém, o foral não é claro quanto aos
deveres dos súbditos, como também não o é quanto ao território que constituiria o
termo da vila ou mesmo quanto à sua própria independência[12] (assim, e
aparentemente, só o povoado foi considerado autónomo[34]).
A questão da autonomia[editar | editar código-fonte]
A 8 de abril de 1370, com um documento de D. Fernando, que doa o Castelo de
Cascais como feudo a Gomes Lourenço de Avelar pela sua contribuição nas lutas
contra Castela, clarifica-se que a vila era até então parte do termo de Sintra, e isenta-a
dessa sujeição[12]:
«damos a ele dito Gomes Lourenço e a todos os seus sucessores […] o nosso castelo e
lugar de Cascais que é termo de Sintra, o qual lugar de Cascais de nosso movimento
próprio e da nossa certa ciência fazemos isento e isentamo-lo e tiramo-lo e
dessujeitamo-lo de Sintra em que esteve até ao tempo de ora. E queremos e
mandamos que daqui em diante seja per si e haja jurisdição alta e baixa como a
qualquer castelo e lugar que não é sujeito a cidade, nem a vila, nem a castelo
Limites aproximados do termo de Cascais nos séculos XIV-XVcomparados com os
atuais.

Tal situação pode ser explicada pela oposição dos homens-bons da vila de Sintra, que
viam no porto de Cascais parte importante do seu concelho, bem como pela falta de
mão-de-obra decorrente da Peste Negra de 1348 e pela eventual incapacidade dos
homens-bons de Cascais de assegurarem o pagamento devido ao rei. [6] Assim, não é
clara a questão da independência de Cascais entre 1364 e 1370. Independentemente
disto, a autonomia de Cascais não seria total: por integrar a vila e seu termo
num feudo senhorial, implicou a doação de toda a jurisdição cível e crime, com
exceção do direito de apelo para o rei nos feitos crimes; da jurisdição sobre os
marítimos, da responsabilidade do monarca; da liberdade de atuação dos
corregedores no novo senhorio e ainda dos direitos reais sobre dízimas de mercadorias
de navios que fossem descarregadas e transacionadas em Cascais. A importância da
vila leva à construção do seu castelo, anterior a 1370, para o reforço de uma estrutura
defensiva improvisada que se instalara no local onde se fixara a população.
Para além desta questão, a carta de D. Fernando delimita pela primeira vez o termo de
Cascais. Os seus limites, semelhantes aos atuais, seriam então, a sul e poente,
o Oceano Atlântico; a norte, a foz do Rio Touro [atual ribeiro da Mata], o sítio de
Barbas de Rei, a Penha da Hera [depois Penedo da Hera], o açude da Azenha do
Tarambulho, Janes, o caminho do Rio Tortulho, a Estrada de Lisboa, as Portas de
Manique (Capa Rota, atual Centro Empresarial de Sintra) e a vereda que se prolongava
pela estrada de Sintra até Rio de Mouro; e como fronteira a nascente «daí em diante
pelo Rio [atual Ribeira da Laje] ao mar».[6]
Com tudo isto, a carta régia de 1370 apenas definia o termo, sem nada prescrever
sobre a organização do concelho. Aparentemente, o município de Cascais continuava a
reger-se pelo diploma régio de 1364, de D. Pedro I. Cartas subsequentes, relativas ao
feudo, em nada se pronunciaram quanto aos moldes definidores do município.
Enquanto feudo, os de Avelar seriam os Senhores de Cascais, titulares de todos os seus
terrenos até 1373, altura em que a vila de Cascais é invadida por Castela, sendo a sua
população encarcerada e a vila roubada. São nesse ano sucedidos pelos de Vilhena
(com D. Henrique Manuel de Vilhena como Senhor de Cascais entre 1373 e 1384 e
entre 1385 e 1386). Na crise de 1383–85, Cascais manteve-se fiel a D. Beatriz, algo que
viria a justificar a doação da vila, por D. João I, ao Dr. João das Regras:
«[…] Sabei que nós, por desserviço que recebemos do conde D. Henrique, porquanto
sendo nosso vassalo se partiu de nós e se foi para nossos inimigos, o privamos da vila
de Cascais»

Por esta época, o crescimento da vila é constante, e esta desenvolvera-se para fora das
muralhas do castelo, com arrabaldes sobre a falésia junto à Ribeira das Vinhas, na área
da Rua do Poço Novo e dos Becos Tortos e Esconso, no arrabalde denominado Vila
Nova. No seu conjunto, o termo registava cerca de 700 habitantes, que na vila eram
200 a 300.[5]
Mapa de 1572 com desenho da zona costeira até Lisboa (então denominada Costa de
Santo António). Esta é a representação mais antiga que se conhece do litoral de
Cascais.[5]

Idade Moderna[editar | editar código-fonte]


Período dos Descobrimentos[editar | editar código-fonte]
Foi na baía de Cascais que desembarcou no regresso da sua primeira viagem
à América Cristóvão Colombo, a 4 de Março de 1493.
Foi na baía de Cascais que, perdido dos outros navios da esquadra de torna-viagem,
desembarcou Nicolau Coelho a 10 de Julho de 1499,[42] chegando ao Palácio de
Sintra com a boa notícia da chegada à Índia, que veio desencadear o regozijo geral e
grandes recompensas.
Seria em 1514 que o concelho de Cascais se deixaria de reger totalmente pelo Foral de
Sintra, de 9 de janeiro de 1154, no âmbito de reformas instauradas no sistema de
forais e levadas a cabo durante o reinado de D. Manuel I. Estas contribuíram para a
centralização do poder régio, ao nível jurídico, político e fiscal, e focavam-se sobretudo
na atualização dos encargos e isenções fiscais dos municípios. Assim, os novos forais
carecem do caráter político e diferenciador que havia sustido o poder local, o que
explica que as disposições relativas a privilégios e direitos fossem secundarizadas ou
eliminadas dos novos textos e que as menções a topónimos e questões locais
escasseassem. Pelo seu teor, o novo foral permite desenhar uma imagem da economia
local, cujas atividades eram diversificadas (produção de vinho, legumes, frutas, cera,
mel e alguns cereais – como o trigo e a cevada – num período também marcado pela
pesca – atividade fortemente regulamentada – e a criação de gado, para além da
moagem, da exploração da pedra e da caça). [5]
Em 1527, por ocasião do primeiro numeramento global da população do reino, Cascais
contava já com cerca de 600 a 1000 habitantes na vila e 1200 a 1900 no resto do
concelho. Destes, apenas um quarto populava a área amuralhada, pelo que a Vila Nova
se espraiava pelo vale ou baixa até à Ribeira das Vinhas. Nos finais do século XVI, um
terço da população tinha passado a habitar na outra margem da ribeira. Os núcleos
populacionais mais importantes eram, depois de Cascais, Caparide, com 26
fogos; Manique, com 22; Almuinhas Velhas, com 19; e Carcavelos, com 14. Tal
progresso decorre na criação das paróquias de Nossa Senhora da Assunção, de São
Vicente de Alcabideche e de São Domingos de Rana, altura em que deixam de estar
sujeitas à paróquia de São Pedro de Penaferrim[6], quando a Confraria de Nossa
Senhora da Guia decidiu mandar edificar em Cascais uma ermida sob a invocação da
sua padroeira. O Farol da Guia, que pertencia à irmandade com o mesmo nome, já
existia em 1537, de forma a avisar os navegantes dos perigos da costa. Esta estrutura é
também mencionada por Damião de Góis, em 1554.[5][12]
Deste período de desenvolvimento urbano podem ainda ver-se vestígios nalguns
prédios da antiga malha urbana de Cascais, na Capela de São Sebastião ou na Ermida
de Nossa Senhora da Guia, com portal manuelino tardio e lápide tumular de 1577. Fora
dela, destacam-se os elementos arquitetónicos reaproveitados na Igreja de
Alcabideche, prova da sua vetusta fundação, à semelhança dos fechos de abóbodas
da Igreja de São Domingos de Rana. A Capela de Nossa Senhora da Conceição da
Abóboda, que preserva a mais bela pedra armoriada do concelho, data de 1579, assim
como a Igreja e Convento de Santo António do Estoril, fundada em 1527 pelos frades
franciscanos sobre a ermida de São Roque, com sepultura de Roque Lopes, piloto da
Carreira das Índias.[5]
Foi na baía de Cascais que Luís Vaz de Camões desembarcou vindo do Oriente em
1569, por haver peste em Lisboa, razão pela qual lhe foi erguida uma estátua de
calcário no centro da vila.
A 17 de agosto de 1574, o rei D. Sebastião envia uma correspondência ao Papa
informando-o da sua intenção de ir ao Algarve para «mandar proceder nas coisas de
África». Seria assim que, em junho de 1578, desembarcariam na vila os 3000
soldados alemães que contratara, partindo depois com o rei para o norte de África,
onde se veio a travar a batalha de Alcácer Quibir.[5]
A invasão espanhola[editar | editar código-fonte]

Forte de Santo António da Barra ou do Estoril, cuja construção se iniciou em 1590, e


considerada a principal fortificação entre a Cidadela de Cascais e o Forte de São Julião
da Barra.

Na madrugada de 30 de Julho de 1580, o exército espanhol, comandado pelo Duque


de Alba, desembarcou na Laje do Ramil (cabo de Sanxete), daí atacando Cascais com o
objetivo de prosseguir para a capital de modo a colocar D. Filipe II no trono de
Portugal. Os 1500 homens que resistiram, por mal preparados e pouco apetrechados,
foram ineficazes na defesa do território, em grande parte pelo facto de o local
escolhido para o desembarque a ter surpreendido e desorganizado. A fortaleza da vila
foi tomada no dia seguinte, altura em que as forças espanholas ordenam a morte do
seu defensor e do Alcaide-Menor do Castelo em nome de D. António, Prior do Crato,
respectivamente D. Diogo de Meneses, o qual tem a sua estátua em frente da
Cidadela, e Henrique Pereira de Lacerda, a 2 de Agosto, numa mostra de poder frente
aos adversários de D. Filipe.[12]
Posteriormente, a 19 de maio de 1587, a vila é novamente atacada a comando de
Sir Francis Drake, mas a esquadra inglesa não consegue desembarcar na vila. A 1589, e
novamente com presença inglesa, consegue tomar Cascais, que é saqueada
violentamente e incendiada.[5]
Baluarte da Cidadela de Cascais.

O Rei D. Filipe I de Portugal, consciente das deficiências defensivas na zona,


empreende uma estratégia de fortificação da costa, sendo ordenado a Frei Vicenzio
Casale o levantamento da planta de Cascais e de uma carta da costa até São Julião da
Barra, que seria entregue em fevereiro de 1590. Datam de então as principais
estruturas defensivas da costa, como a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, resultante
do abaluartamento da Torre de Santo António, ou o Forte de Santo António da Barra,
também gizado por Casale.[5]
A restauração da independência: novas fortificações[editar | editar código-fonte]
Após a Restauração da Independência nacional, em 1640, foi levado a cabo um reforço
na fortificação da barra do Tejo, região pela qual se havia consumado o domínio
estrangeiro. Sob a alçada de D. António Luís de Meneses, Conde de Cantanhede,
ampliaram-se e restauraram-se as fortificações existentes, levantando-se ainda mais
de uma dezena de baluartes entre o Guincho e Carcavelos, todos eles completados até
ao final da década de 1640 em virtude da simplicidade da sua traça. Os Fortes de São
Jorge de Oitavos e de Santa Marta, hoje musealizados, são importantes exemplos
deste conjunto de edificações. De todas elas, a mais emblemática é a Cidadela de
Cascais, que, integrando a Torre de Santo António e a Fortaleza de Nossa Senhora da
Luz, permite reforçar a defesa da costa cascalense. [5]
Todas as construções levadas a cabo evitariam, pela sua proximidade umas das outras,
um possível desembarque espanhol após as guerras da Catalunha e dos Trinta Anos,
enquanto se aguardavam reforços.[12] Em termos diplomáticos, D. João IV incumbe o
1.º Marquês de Cascais, D. Álvaro de Castro, de apresentar as condolências pela morte
de Luís XIII de França.
Após a Guerra da Restauração, e com o início das obras do Convento de Mafra, a
exploração da pedra em Cascais ganha particular importância. Seria de Janes que se
extrairia o mármore preto usado na sua construção, e do concelho seria também
natural um dos principais mestres de pedreiros do convento, o famoso Barambilha,
António Martins.[12][43]
«Foi este humilde obreiro quem, de facto, descobriu o maravilhoso mármore preto
que se admira nos altares da Basílica de Mafra e de outras admiráveis misturadas.
Saliente-se que entre as inúmeras variedades de granito cor-de-rosa e cinzento-
azulado das pedreiras da Malveira da Serra e mármores da Torre da Guilha, houve,
também em São Domingos de Rana, segundo Pinho Leal uma pedreira de belo
mármore vermelho. (…) De Cascais, é igualmente, todo o mármore preto que
ornamenta a ara que em 1529 se fez para a capela-mor da Igreja de Nossa Senhora da
Graça, igualmente na capital. (…) e o granito com que foi feita a base do monumento a
D. Pedro I»

Foi na Freguesia e Concelho de Cascais que nasceu a 13 de Março de 1701 José Pereira
da Silva, pai da avó paterna de Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, 1.° Visconde de
Correia Botelho.
A 14 de Março de 1745, o Marquesado de Cascais reverteu para a Coroa por extinção
da linha principal.
O Terramoto de 1755 em Cascais[editar | editar código-fonte]

Igreja de Nossa Senhora da Assunçãoem Cascais. O terramoto seria responsável pelo


desaparecimento da segunda paróquia de Cascais, a da Ressurreição de Cristo, que
acabaria por ser integrada na de Nossa Senhora da Assunção.

O dia 1 de novembro de 1755 marca a data de um dos mais importantes


acontecimentos na história de Portugal, quando um violento terramoto devasta de
forma especialmente intensa a zona de Lisboa. De acordo com Frei António do Espírito
Santo, que descreveu no ano seguinte os efeitos do cataclismo na vila, o tremor de
terra iniciou-se pelas nove horas e quinze minutos, fazendo-se sentir por nove minutos
e transformando «a grande povoação [em] um insensível e frio cadáver do que havia
sido e uma desfeita cena do que já não era». Em 1758, o Cura da Ressurreição de
Cristo, António Inácio da Costa Godinho, não hesitaria registar que «de todas as terras
foi esta a que experimentou maior ruína», pois todos os edifícios do concelho sofreram
com o abalo, como as Igrejas da Ressurreição, da Assunção e da Misericórdia e o
Convento de Nossa Senhora da Piedade, em Cascais, o Convento de Santo António, no
Estoril, ou as Igrejas de São Domingos de Rana, de São Vicente de Alcabideche e de
Nossa Senhora dos Remédios, em Carcavelos. O posterior maremoto fez avançar o
oceano terra adentro por várias vezes, dando origem a centenas de feridos, dos quais
se registaram oficialmente duzentas e duas mortes no concelho, sobretudo nas
paróquias da vila, e que formavam uma parte significante dos 5109 habitantes que se
registaram em 1736.[5]
Manuel Marçal da Silveira, Reitor de Nossa Senhora da Assunção, descreve o estado da
vila três anos após o fatídico dia[5]:
«a vila toda ficou arruinada até ao chão. Não há casa que ou não caísse em terra ou
não ficasse abalada e ameaçando ruína. Os templos, a ponte, a Cidadela e seus
quartéis, tudo está demolido e feito em pó. A maior parte da vila habita ainda em
barracas […], a ponte está com um só arco em pé e se não passa por ela e tudo em a
última ruína, sem que se reparasse ainda nada»

O evento revela também o contributo da vila no esforço de reconstrução da capital,


que se serviria novamente de pedra de Cascais.[12] Os últimos vestígios da destruição
provocada pelo terramoto só desapareceram definitivamente da malha urbana na
primeira metade do século XX, como foi o caso dos escombros do Palácio dos
Marqueses de Cascais até darem lugar à casa do Conde de Monte Real, junto à curva
da atual Avenida D. Carlos I.[5]
Transição para o século XIX[editar | editar código-fonte]

Uma antiga zona agrícola na ribeira de Manique, a pouca distância de Caparide,


localidade onde ainda se produz vinho de Carcavelos.

Mudanças administrativas surgem em 1759, quando se dá uma alteração nas


fronteiras do concelho. Inicialmente, pelo facto da sua fronteira oriental ser o Rio de
Mouro, o termo de Cascais incluía uma pequena parte do reguengo de Oeiras, área
denominada de «reguengo de a par de Oeiras». Mudanças administrativas surgem em
1759, quando um alvará de 11 de agosto define que a área conhecida como Bucicos (o
reguengo de a par de Oeiras) se deve unir a outras áreas cascalenses para formar a vila
de Carcavelos, continuando, no entanto, sobre a alçada da mesma donatária. Assim, a
área do concelho passa a ser limitada pela Ribeira de Carcavelos(Ribeira das Marianas),
e o concelho perde as localidades de Arneiro, Carcavelos, Rebelva, São Domingos de
Rana e Sassoeiros, assim como a Torre da Guilha e restantes lugares entre a mesma
ribeira e a costa. Aquando da morte da última donatária de Cascais e Carcavelos, em
1764, esta área passa a integrar o concelho de Oeiras. Na mesma altura, Cascais ganha
a sua independência jurídica com a atribuição do seu primeiro juiz de fora.
O ano de 1774 viu a fundação da Real Fábrica de Lanifícios de Cascais, um negócio que
na década seguinte já contava com 500 operários e reconhecimento internacional. Os
finais do século XVIII destacam-se pela crescente fama do vinho de Carcavelos, por
então também conhecido como «Lisbon Wine». A sua produção espalhava-se não
apenas pelas colinas suaves ou lombos próximos do mar na zona de Carcavelos, mas
por uma área mais extensa, que incluía a vila da Parede, o Murtal, o Livramento e
a Galiza.
Idade Contemporânea[editar | editar código-fonte]
Cascais é ocupada, a 30 de novembro de 1807, pelas tropas francesas de Junot, uma
situação que se manteria até 2 de setembro de 1808 em virtude da assinatura
da Convenção de Sintra e do avanço da esquadra britânica pelo Tejo. Um ano mais
tarde, seria constituida entre os fortes de São Domingos de Rana e de São João das
Maias a 3.ª Linha de Torres, com vista a uma eventual evacuação das tropas inglesas,
da qual faziam ainda parte mais de uma dezena de fortificações provisórias – os
redutos – unidas por linha de trincheiras.[5]
As lutas liberais fazem servir como prisão a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz, onde
foram encarcerados os opositores de D. Miguel, e sendo alcunhada de «o Inferninho».
A vila e o termo continuam a sofrer as consequências do Terramoto de 1755, do qual
ainda não conseguiram recuperar totalmente. Assim, assiste-se a um período de
decadência acentuado pela extinção de ordens religiosas e pela retirada do Regimento
de Infantaria 19, enquanto a população, espalhada por pequenas aldeias, se dedica
sobretudo à agricultura.
A afirmação enquanto local de ócio[editar | editar código-fonte]

Palácio dos Duques de Loulé, exemplo da arquitetura de veraneio que se começava a


observar por Cascais.

A prática dos banhos de mar, pela qual se dá a popularidade da zona, remonta aos
religiosos que residiam no Convento do Estoril e a alguns liberais que haviam sido
presos na vila durante o miguelismo. A partir daí, dá-se um primeiro período de
desenvolvimento desta nova moda, assente em pressupostos terapêuticos, cujos
principais responsáveis foram entusiastas como o Visconde da Luz. A burguesia e as
suas excursões marítimas até esta região ajudaram para que os banhos de mar se
impusessem enquanto forma de ócio. Porém, a verdadeira razão por detrás da
descoberta das praias de Cascais para estes usos seria outra, a reconstrução das
estradas para Oeiras(entre 1859 e 1864) e para Sintra, que ajudaram a suportar o surto
de vilegiatura a que por aqueles tempos se assistia.[5]
É com isto que Cascais se torna rapidamente um destino de cariz elitista, tal como
outras praias da margem norte do Tejo, chegando a alcançar o estatuto de praia da
Corte em setembro de 1867 graças à Rainha D. Maria Pia e, mais tarde, por D. Luís. Em
alternativa às praias, a vila possuía o Passeio Visconde de Nossa Senhora da Luz
(atualmente um jardim), onde era possível contactar com a natureza e dispôr de
ocasiões sociais, ao qual se seguiu (a partir de 1869) o Teatro Gil Vicente e várias
outras associações recreativas, humanitárias, desportivas e culturais.
Apesar disto, ainda eram patentes as sérias carências urbanísticas com as quais a vila
se padecia a nível de alojamentos, algo que levou a Câmara Municipal a investir na
reforma dos sistemas de esgotos, abastecimento de água, recolha de lixo, iluminação
pública e da rede viária.[5] Tal seria a razão por detrás da edificação de novas
habitações que pudessem cumprir com as condições exigidas pelos vilegiaturistas,
dando origem àquela que seria a imagem de marca do concelho: a arquitetura de
veraneio.

Panorama da marina e Palácio da Cidadela de Cascais.

A Família Real estabelece a sua presença em Cascais a partir de 1870 graças à reforma
da antiga casa do Governador da Cidadela, que se converte no Paço de Cascais e onde
a Corte se passou a instalar em meados de setembro. D. Carlos entra oficialmente na
vila no dia 28 de setembro, data do seu aniversário, e nela fica até à abertura da
temporada do Teatro Nacional de São Carlos. A sua paixão pelo mar levou-o a realizar
prospeções regulares na costa da Guia, na foz do Tejo e em Sesimbra e a montar
na Cidadela de Cascais o primeiro laboratório de biologia marítima em Portugal,
equipado com um sistema de tanques em que mantinha vivas as espécies capturadas
nas suas campanhas oceanográficas iniciadas em Cascais.[5]
A nova época de desenvolvimento que Cascais atravessava, enquanto capital do lazer,
implicava também pontos importantes no desporto, assumindo um grande
protagonismo na sua introdução e promoção. Várias eram as modalidades
introduzidas e praticadas: vela (com a primeira regata na baía em 1871), remo,
natação, ténis (praticado pela primeira vez no país em 1882) e futebol (primeiro
desafio público entre portugueses em 1888, na Parada). [5]

Estação ferroviária do Estoril, antes da sua reforma e da eletrificação da Linha de


Cascais.

Outro grande marco do desenvolvimento do concelho foi o projeto de ligação à capital


através do caminho de ferro. Tal parece ter sido impulsionado pela instalação sazonal
da Família Real, e em 1887 receberia uma autorização para a sua concretização
pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses. Antes da sua posta em
marcha, em 30 de setembro de 1889, a ligação a Cascais era feita em carreiras
de chars à bancs e ripperts de José Florindo de Oliveira, que tardavam cerca de cinco
horas para efetuar o percurso. O caminho de ferro, inicialmente em serviço a partir
de Pedrouços, foi construído com inusitada rapidez, e seria depois alargado à estação
de Alcântara-Mar (1890) e finalmente a Lisboa (Cais do Sodré, 1895). Esta
infraestrutura marcou um antes e depois na fisionomia do concelho, assumindo-se
enquanto o mais poderoso instrumento de desenvolvimento e levando à ocupação do
litoral cascalense, altura em que passa a ganhar destaque. É apenas na sua sequência
que surgem os projetos de urbanização e de desenvolvimento das áreas do Monte
Estoril(1888), de São João do Estoril e da Parede (1890) e de Cai Água (1905).[5]
Entretanto, e pela mesma altura, Carcavelos era protagonista de um importante
evento, a instalação da Falmouth, Gibraltar and Telegraph Company após a obtenção
da concessão pelo governo português para o estabelecimento do cabo submarino para
transmissão de mensagens telegráficas entre o Reino Unido, Portugal, Gibraltar e a
Colónia da Coroa de Malta. Neste sentido, em 1872 os descendentes do Morgado da
Alagôa vendem a Quinta Nova de Santo António, onde se instala a companhia, que no
ano seguinte transfere a concessão para a Eastern Telegraph Company. Esta seria a
base de uma nova relação de intenso contato entre portugueses e britânicos, com uma
grande influência desta última comunidade, nomeadamente na divulgação de novos
hábitos e de práticas desportivas como o futebol, o ténis, o críquete, o rugby ou
o ciclismo. Em nome do progresso alargaram-se, assim, definitivamente os horizontes
da comunidade rural local. O local onde se estabeleceram as companhias, em mercê
da sua influência, ganhou a alcunha de Quinta dos Ingleses, sendo atualmente o local
de funcionamento da Saint Julian's School.[5]
A zona de Carcavelos voltaria a pertencer a Cascais em 26 de setembro de 1895,
quando é extinto o concelho de Oeiras, e ao qual se juntariam também as freguesias
de Carnaxide, Oeiras e São Julião da Barra. Com o restabelecimento desse concelho, a
13 de janeiro de 1898, estas localidades voltariam a formar parte de Oeiras, mas
Carcavelos manter-se-ia definitivamente enquanto parte de Cascais.

Fachada do Hospital de Sant'Ana.

À época, e para além dos banhos de mar, eram de grande relevância os banhos
termais, levando à inauguração de diversos edifícios destinados a esta prática. Deste
modo, crescem em popularidade os sítios dos Banhos da Poça (sobranceiro à praia da
Poça), as Termas do Estoril, inseridas na quinta de José Viana da Silva Carvalho e pelas
quais Santo António do Estoril continuava a ser recomendado., mas com o seu
expoente máximo na vila da Parede, onde se ergue o Sanatório de Sant’Ana. A fama
das termas de Santo António do Estoril, ainda populares em 1910, levam a que Daniel
Delgado alcunhe a zona como a «Riviera de Portugal», exaltando as suas virtudes
naturais[5]:
«se todos estes dons da natureza fossem judiciosamente empregues, com a devida
atenção às necessidades e confortos dos doentes ingleses e outros, o Estoril tornar-se-
ia muito em breve no melhor centro de águas cloretadas de sódio para o tratamento
do reumatismo crónico e da gota, durante o inverno»
Passeio D. Maria Pia, junto à Cidadela de Cascais.

Casa de Santa Maria, da autoria de Jorge O'Neill, sobranceira à Praia de Santa Marta e
à Marina de Cascais.

Enquanto isto, Cascais sofria várias renovações destinadas à melhoria dos espaços
públicos. Em 1890 é completado o Passeio Maria Pia, junto à esplanada do Paço Real,
seguida da inauguração da nova Praça de Touros e da Avenida Valbom, que liga a
estação ao centro da vila. Segue-se a Esplanada Príncipe Real D. Luís Filipe e, no ano de
1899, a inauguração da Avenida D. Carlos I, de acesso à Cidadela. Surgem também
alguns dos melhores exemplos da arquitetura de veraneio, com a Torre de São
Sebastião e da Casa de Santa Maria, de Jorge O’Neill, hoje musealizadas; da Casa de
São Bernardo, do Conde de Arnoso; ou das habitações dos Marqueses do Faial, de
Joaquim da Silva Leitão, do Conselheiro Luís Augusto Perestrelo de Vasconcelos e de
Francisco Augusto Trindade Baptista.[5]
Continua também, por esta altura, a reestruturação em função da indústria do lazer,
com o aumento do número de empresas de aluguer de carruagens, de casinos e de
hotéis. O desporto também reforça a sua importância, e Cascais assiste em 1893 à
primeira corinthian race portuguesa, impondo-se como o principal campo de regatas
nacional. Tais eventos continuariam com a Taça Vasco da Gama (a primeira regata
internacional promovida em Portugal), a primeira competição entre bulb-keels e a
primeira regata oceânica, entre a vila e Leixões. Entretanto, para além dos desportos
de mar, também se realizaram na Parada três importantes gincanas automóveis, que
garantiram à vila destaque na história da modalidade.[5]
Com tudo isto, Cascais torna-se num ponto de passagem obrigatório, graças à
presença de individualidades como o Rei do Sião ou o Presidente da República
Francesa, Émile Loubet, em 1897 e 1905, respetivamente. Esta tendência não se viu
contrariada nem mesmo com o assassinato de D. Carlos, que ajudara a vila a ganhar a
sua fama, sendo então que se consolida enquanto estância balnear com a alcunha de
«Riviera de Portugal».[5] A prática dos banhos em Cascais viria depois a ser praticada
também pelos Presidentes da República, com o exemplo máximo de Óscar Carmona,
que transforma a Cidadela de Cascais na sua residência oficial.
Por ocasião das Comemorações do Quarto Centenário da Descoberta do Caminho
Marítimo para a Índia em 1898, foi criado o título de Conde de Cascais.

O Grande Casino Internacional, no Monte Estoril, foi a primeira infraestrutura do


género na zona.

Folheto de promoção às estâncias de lazer do Estoril.


O projeto do Estoril: da Riviera Portuguesa à Costa do Sol[editar | editar código-
fonte]
Em 1914, já com Cascais plenamente consolidada como destino turístico nacional,
inicia-se a revolução turística do vizinho Estoril por forma a internacionalizar a região.
Tal deve a sua existência ao empresário Fausto Cardoso de Figueiredo, que juntamente
com o seu cunhado, Augusto Carreira de Sousa, adquire a Quinta do Viana e convidam
o arquiteto Henri Martinet para traçar um ambicioso projeto com equipamentos
coletivos ao nível do lazer, com ênfase nas vertentes médicas e climáticas. Este projeto
incluía a construção de três hotéis, novas termas, casino, teatro, palácio de desportos,
edifício para banhos de mar, estabelecimentos comerciais, galerias cobertas e amplo
jardim, dispostos em território virado para o mar. [5]
Pouco tempo depois, a 18 de setembro de 1915, assiste-se à fundação da nova
freguesia do Estoril, com sede em São João, e composta pelas «povoações do Estoril, S.
João do Estoril, Cai-Água, Livramento, Alapraia e Galiza, do concelho de Cascais, que,
para tal efeito, são desanexadas das paróquias de Cascais, Alcabideche e S. Domingos
de Rana». Porém, o pano de fundo dominado pela Primeira Grande Guerra dificulta a
execução do projeto. Em janeiro de 1916 foi colocada a primeira pedra do Casino e das
Termas, com inauguração em 1918. Foram estas as duas forças motoras que
alavancaram o progresso do projeto, especialmente após a legalização e concessão do
jogo, em 1927. No ano seguinte, a revista Casino já aplicava o termo Costa do Sol ao
eixo Cascais–Estoril, um termo oficializado em maio de 1935 e que passou a abranger a
costa do concelho, da Parede a Cascais.[5] As iniciativas de dinamização da zona,
embora largamente de origem privada, contavam também com apoios públicos: assim,
a partir de 1922, surge a Comissão de Iniciativa para Fomento da Indústria de Turismo
de Cascais (mais tarde Comissão de Iniciativa e Turismo do Concelho de Cascais e Junta
de Turismo de Cascais).
Em 1930, a inauguração do Palace Hotel (atual Hotel Palácio) dota o concelho de uma
infraestrutura de nível internacional, e no mesmo ano, o modesto apeadeiro do
Estoril já havia sido renovado de modo a alojar o terminal do Sud Expresso, que
assegurava a ligação a Paris. Segue-se a abertura do novo casino, em 1931, com um
plano distinto do inicial e de cariz modernista. A estreia dos novos equipamentos fez
com que o concelho continuasse a captar visitantes, mas iniciando uma nova
centralidade no Estoril, da qual o Monte Estoril e São João se ressentiriam pela
crescente subalternização e, no caso da última localidade, pelo encerramento dos
Banhos da Poça. Por outro lado, em 1922, a modesta localidade de Cai-Água assume
uma nova dinâmica graças à instalação da Colónia Balnear Infantil de O Século. Em
1926, por petição dos seus habitantes, passa a denominar-se São Pedro do Estoril.[5]
Na Parede, o desenvolvimento urbano segue as mesmas linhas, e a vila passa a ser um
destino privilegiado para o tratamento de diversos males físicos graças às
características da sua praia e exposição solar. O seu número de visitantes aumenta,
por isso, de forma exponencial, e transforma o tabuleiro (uma maca montada sobre
um carrinho de quatro rodas) num dos ícones da região.[5]
Por Cascais, procedia-se nesta altura à realização de importantes reformas
urbanísticas, como foi o encanamento da ribeira das Vinhas, que melhorou a
salubridade no centro da vila. Em 1927, a Torre de São Sebastião, o seu recheio e
parque anexo são legadas ao município pelo Conde de Castro Guimarães, com a
condição de que sejam transformadas em museu, biblioteca e jardim públicos. Assim,
em 1931, nasce o novo Museu-Biblioteca Condes de Castro Guimarães. [5]
Por 1936, acudem ao concelho vários refugiados da Guerra Civil Espanhola, sendo de
importância o acidente de avião ocorrido nesse ano na Quinta da Marinha, que
vitimou o General Sanjurjo, que instalara o seu quartel-general no concelho.
Posteriormente, a II Guerra Mundial traz ao concelho vários estrangeiros,
especialmente após a Invasão de França, em 1940, e onde esperavam embarcar para a
América.[5]Entre estes encontravam-se várias personalidades da época, exemplo
de Calouste Gulbenkian, Vinicius de Morais, Antoine de Saint-Exupéry, Thomas
Mann, John Maynard Keynes, Edward Murrow, Leslie Howard, Alexander
Alekhine, Indira Nehru, Robert Rothschild, Isabelle d’Orléans e Sara Guggenheim, cuja
presença foi registada nos boletins de alojamento de hotéis, pensões e casas
particulares do concelho.
Ao mesmo tempo, Cascais serve de palco para o desenvolvimento de atitivdades de
espionagem, contra-espionagem, recolha de informações e vigilância mútua, e das
quais se preservam registos no Arquivo Histórico Municipal. É de destaque a criação,
em 1941, de uma figura emblemática da ficção escrita e, mais tarde,
cinematográfica: James Bond. A personagem de Ian Fleming surgiu quando o autor
servia de agente especial ao serviço dos aliados, no Estoril.[5]
Ultrapassada a guerra, a vila de Cascais assumiu-se enquanto local de exílio da realeza
europeia, com a chegada dos Condes de Barcelona, do Rei Humberto II de Itália,
de Carlos II da Roménia, do Almirante Horty e, posteriormente, dos Arquiduques
da Áustria-Hungria.[5]
Século XX[editar | editar código-fonte]
A chegada a meados do século XX é definida pela crescente urbanização do concelho.
Em 1935 é definida oficialmente a região da Costa do Sol, e com ela, o seu novo plano
de urbanização supervisado por um gabinete do governo. Coordenado por Alfred
Agache até ao final do primeiro mandato de Duarte Pacheco, e mais tarde por Etienne
de Gröer, que definiu a construção de uma via panorâmica de fruição ao longo do
litoral (a Estrada Marginal) e por uma via rápida que estruturasse o interior e
permitisse o desenvolvimento de aglomerados urbanos ao longo do seu percurso
(a A5). Em particular, a construção da atual EN6 levou à transformação da vila de
Cascais, procedendo-se a uma uma profunda remodelação da malha antiga da vila.
Assim, encana-se a ribeira das Vinhas e demolem-se alguns edifícios históricos, caso do
Casino da Praia ou do mercado de ferro.

Parque Marechal Carmona


Procede-se também à urbanização de terrenos até então usados para atividades
agrícolas ou pecuárias, surgindo novos núcleos como o Bairro Marechal Carmona e o
Bairro dos Pescadores, em Cascais, ou o Bairro Octaviano, na Parede. Pela mesma
altura, existiam projetos de urbanização dos Parques Palmela e Gandarinha e da
Quinta de Santa Clara, que vieram a ser pontilhados de vivendas. Em 1949, dá-se início
à construção da primeira fase do Bairro da Federação das Caixas de Previdência,
inaugurado no ano seguinte e estava já planeada a expansão dos bairros Marechal
Carmona e dos Pescadores, na mesma zona. As infraestruturas também foram alvos de
fortes investimentos, inaugurando-se em 1940 o Parque Municipal de Cascais, que
recebeu o nome de Marechal Carmona. No mesmo ano, os Paços do Concelho passam
a funcionar no Palácio dos Condes da Guarda, e mais tarde, surgem o Hospital Condes
de Castro Guimarães, o edifício da Lota e da Guarda Fiscal e, em 1952, o novo Mercado
de Cascais.[5] Este desenvolvimento deu-se não só no centro administrativo mas por
todas as freguesias, sendo a razão pela qual se forma a nova freguesia da Parede, a
1953. Em Alvide, surge um novo bairro destinado a famílias com baixos rendimentos, é
ampliado o Bairro Marechal Carmona e urbanizada a zona envolvente ao novo
Mercado de Cascais, bem como a Quinta da Bela Vista, em Sassoeiros. Posteriormente,
outros planos e construções seriam postos em marcha para o Bairro Irene, o Areeiro,
a Amoreira, a Madorna, Birre, Fontainhas e Pampilheira, sendo todas estas áreas
testemunhos da voracidade com a qual se processa a expansão urbanística concelhia. [5]

Edifício do Teatro Municipal de Cascais, no Monte Estoril, inaugurado em 1986.

Já na década de 60, surgiriam novos planos de obras baseados em estudos anteriores,


e com vista à construção de novos núcleos urbanos
em Trajouce, Abóboda, Birre, Cobre, Galiza, Alapraia, São Domingos de Rana, Outeiro
de Polima e toda a área compreendida entre São João e São Pedro (Areias), bem como
o núcleo de Matos Cheirinhos. O fornecimento de energia eléctrica atesta de forma
expressiva esta evolução, que começa em 1957 com Bicesse, Alcoitão, Torre e Birre e
acaba em 1969, com o fornecimento de energia ao Cabreiro.[5]
Com o ano de 1964, quando se assinalaram os 600 anos da elevação de Cascais à
categoria de vila, o concelho foi feito Membro-Honorário da Ordem Militar de Nosso
Senhor Jesus Cristo, a 27 de junho.[44] A 11 de outubro desse mesmo ano, inaugura-se
o Aeródromo da Costa do Sol – Conde de Monte Real e, no ano seguinte, estaria em
funcionamento o Hotel Estoril-Sol, o edifício dos Serviços Municipalizados de Águas e
Saneamento de Cascais e seria estreada a primeira peça do Teatro Experimental de
Cascais, Esopaida, com encenação de Carlos Avilez.[5] Para além destas obras, foram
executadas outras, de cariz mais social, caso do Centro de Medicina e Reabilitação da
Misericórdia de Lisboa, em Alcoitão, da primeira Aldeia de Crianças S.O.S. do país,
em Bicesse, e do Liceu de São João do Estoril.

Divisão que serviu de escritório de Salazar no Forte de Santo António da Barra.

Nesta década, em 1968, a história do concelho fica marcada por um importante


acontecimento: a queda do Presidente do Conselho, António de Oliveira Salazar,
enquanto passava férias no Forte de Santo António da Barra e que marcaria o
inevitável processo de decadência do seu regime. No decorrer desse período, algumas
das reuniões preparatórias do processo revolucionário deram-se, em 1973 e 74,
em São Pedro do Estoril e Cascais.
A chegada da década de 70 traz novos desafios à urbanização do concelho, e à
semelhança do resto da área metropolitana, milhares de retornados escolhem o
concelho para fixar a sua nova residência. Assim, entre 1973 e 1981, dá-se um
crescimento de 17 000 habitantes no concelho, valor apesar de tudo inferior àquele
registado noutros concelhos da AML. No entanto, Cascais não se veria alheia do novo
fenómeno dos bairros clandestinos, quase sempre sem saneamento e infraestruturas
básicas, que passam a ocupar antigos terrenos agrícolas.
Paralelamente a isto, a história das últimas décadas do século XX fica marcada
sobretudo pela inauguração e beneficiação de infraestruturas e equipamentos,
começando com a fundação da CERCICA (Cooperativa de Educação e Reabilitação de
Crianças Inadaptadas de Cascais) em 1975, seguido pelo projeto do Museu do Mar. Em
1982 é doada a Torre de São Patrício, onde se aloja atualmente a Casa-Museu
Verdades de Faria.
O ano de 1983 fica marcado pelas cheias de 18 de novembro, que inundaram toda a
Baixa de Cascais, ficando muitos estabelecimentos comerciais total ou parcialmente
inutilizados, e com um balanço final de dez mortes e 1800 famílias desalojadas nos
concelhos afetados.[45]
A década de 90 traz consigo a formalização do Parque Natural de Sintra-Cascais, a 11
de março de 1994, e cuja comissão instaladora se formara dez anos antes. Antes, em
1991, completou-se o último troço da A5 e inaugurou-se, ainda, o primeiro centro
comercial regional em Portugal, o CascaiShopping. Em 1999 era inaugurada a Marina
de Cascais e, em maio de 1997, é aprovado o primeiro Plano Diretor Municipal da vila.

Vista costeira do centro de Cascais.


Topónimo[editar | editar código-fonte]
A origem do topónimo Cascais é incerta, contudo, José Leite de Vasconcelos avança no
seu Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa a probabilidade de que
derive do substantivo cascal, referindo-se assim a um amontoado de cascas. Estes
seriam montes de conchas e detritos calcários de crustáceos abundantes na então
pequena aldeia de pescadores.[5] Esta mesma hipótese é afirmada com rotundidade
por J. Diogo Correia na sua Toponímia do concelho de Cascais.[37] Os restantes
topónimos do concelho apresentam influências variadas, sobretudo herdados das
diferentes épocas de ocupação por povos históricos, caso dos árabes
(Alcabideche, Almuinhas Velhas, Talaíde) e dos romanos
(Bicesse, Caparide, Mealha, Tires). Para além destes, também é significativa a presença
de topónimos alusivos aos seus ocupantes posteriores ou às suas terras de origem,
como é o caso da Biscaia ou da Galiza, e de antigos casais cujo nome deriva dos
apelidos dos seus proprietários (Abucharda, Azarujinha, Douroana, Janes, Mato
Romão, Monte Leite). De forma semelhante, a partir de regionalismos foram
atribuídos diversos nomes a terras concelhias (Atibá, Birre, Cadaveira,
Cassanito, Cobre, Quenena, Rebelva). Por fim, os restantes nomes de lugar fazem
referência às características próprias dos sítios onde se inserem as povoações (caso
da Amoreira, Arneiro, Busano, Murtal, Parede ou Zambujeiro).[37]

Política[editar | editar código-fonte]

O Palácio dos Condes da Guardaaloja atualmente os Paços do Concelho.

O concelho de Cascais é administrado por uma câmara municipal composta por um


presidente e dez vereadores. Existe uma assembleia municipal, que é o órgão
deliberativo do município, constituída por 37 deputados (dos quais 33 eleitos
diretamente).
O cargo de Presidente da Câmara Municipal é atualmente ocupado por Carlos
Carreiras, reeleito nas eleições autárquicas de 2017 pela coligação Viva Cascais
(composta pelo PPD/PSD e pelo CDS-PP), tendo maioria absoluta de vereadores na
câmara (6 - 5 do PSD e 1 do CDS-PP). Existem ainda quatro vereadores eleitos pelo PS e
um eleito pela CDU (PCP-PEV). Na Assembleia Municipal, a lista mais representada é
novamente a coligação Viva Cascais, com 16 deputados eleitos (dos quais 4 formam a
bancada do CDS-PP) e 3 presidentes de Juntas de Freguesia (maioria absoluta),
seguindo-se o PS (10; 1), a CDU (3; 0), o Bloco de Esquerda (2; 0) e o PAN (2; 0). O
Presidente da Assembleia Municipal é Pedro Mota Soares, do CDS-PP.
Cidades-irmãs[editar | editar código-fonte]
Cidades-irmãs é uma iniciativa do Núcleo das Relações Internacionais, que busca
a integração entre a cidade e demais municípios nacionais e estrangeiros. A integração
entre os municípios é firmada por meio de convênios de cooperação, que têm o
objetivo de assegurar a manutenção da paz entre os povos, baseada
na fraternidade, felicidade, amizade e respeito recíproco entre as nações.
Oficialmente, possui as seguintes cidades-irmãs:[51]

  Campinas, no Brasil, desde 2012;[52]


  Santana, Cantagalo, São Tomé e Príncipe
  Biarritz, Pirenéus Atlânticos, França
  Atami, Chizuoca, Japão
  Sal, Ilha do Sal, Cabo Verde
  Wuxi, Jiangsu, China
  Benguela, Benguela, Angola
  Bubaque, Região de Bolama, Guiné-Bissau
  Xai-Xai, Gaza, Moçambique
  Gaza, Distrito de Gaza, Palestina
  Salvador, Bahia, Brasil
  Guarujá, São Paulo, Brasil
  Vitória, Espírito Santo, Brasil

Cultura[editar | editar código-fonte]
Património edificado[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Lista de património edificado em Cascais
Situada junto à costa, muito do seu património monumental relaciona-se com a defesa
e a navegação. Como tal, em termos de arquitectura destacam-se os muitos fortes,
situadas entre a praia do Abano e São Julião da Barra (já em Oeiras) e que foram, até
ao século XIX, de extrema importância para a defesa de Lisboa. Além destes,
destacam-se as muitas ruínas romanas e visigóticas (vilas e necrópoles), igrejas e
capelas, bem como casas senhoriais da antiga nobreza portuguesa que, a partir dos
finais do século XIX, começou a utilizar esta costa como área de veraneio.
Património arqueológico[editar | editar código-fonte]

Áreas de interesse arqueológico presentes em Cascais.


Aspeto da Villa romana de Freiria.

 Cemitério visigótico de Alcoitão


 Cetárias romanas de Cascais
 Grutas de Porto Covo
 Grutas do Poço Velho
 Grutas de São Pedro do Estoril
 Necrópole eneolítica de Alapraia
 Poço Velho
 Povoado pré-histórico da Parede
 Ruínas do antigo posto de turismo de Cascais
 Villa romana do Alto do Cidreira
 Villa romana dos Casais Velhos
 Villa romana de Freiria
 Villa romana de Miroiço
 Villa romana de Miroiços
 Villa romana do Outeiro de Polima
Património arquitetónico[editar | editar código-fonte]
Arquitetura religiosa[editar | editar código-fonte]

 Capela de Nossa Senhora da Nazaré


 Capela de Nossa Senhora da Graça
 Capela de Nossa Senhora da Conceição da Abóboda
 Capela de Nossa Senhora da Conceição dos Inocentes
 Capela de Nossa Senhora da Piedade
 Capela de Nossa Senhora da Vitória
 Ermida de São Sebastião
 Igreja de Nossa Senhora da Assunção (Igreja Matriz de Cascais)
 Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes
 Igreja de São Domingos de Rana
Vista do Farol e Casa de Santa Maria

Fortificações marítimas[editar | editar código-fonte]

 Bases da muralha que ligavam os dois baluartes da Praia da Ribeira


 Bateria Alta ao norte da Praia da Água Doce
 Cidadela de Cascais, incluindo a Fortaleza de Nossa Senhora da Luz de Cascais e
a Torre de Santo António de Cascais
 Cortinas de Atiradores
 Farol de Santa Marta
 Farol da Guia
 Forte Novo (troço de muralha)
 Forte de Crismina
 Forte do Guincho
 Forte de Oitavos ou Forte de São Jorge
 Forte de Nossa Senhora da Guia
 Forte de Nossa Senhora da Conceição (restos das muralhas)
 Forte de São Teodósio ou Forte da Cadaveira
 Forte de São Pedro do Estoril (Forte da Poça)
 Fonte de São João ou Cantinho de São João
 Forte de Santo António da Barra ou Forte Velho
 Forte de Santa Marta
 Vigia do Facho
Arquitetura de veraneio[editar | editar código-fonte]
A arquitetura de veraneio em Cascais surge a partir de 1870, após a instalação
da Família Real no Palácio do Governador da Cidadela e da sua consequente definição
enquanto destino turístico. Foi-se esparaiando pelo Monte Estoril até atingir a Parede,
e o conjunto existente na atualidade permite diferenciar as várias opções estéticas que
marcaram um período que se estendeu por cem anos, de 1870 a 1970. [53]
Cascais[editar | editar código-fonte]
Entrada do palácio-museu dos Condes de Castro Guimarães.

Casas na Avenida Dom Carlos I.

Casa Lancastre, junto à Praia da Conceição.

 Casa Palmela (Conceição Velha), na Alameda Duquesa de Palmela, n.º 1


 Casa dos Marqueses de Faial, na Alameda Duquesa de Palmela, n.º 175
 Casa do Duque de Loulé (actual Hotel Albatroz), na Rua Frederico Arouca, n.º
159
 Casa António de Lencastre (actual Hotel Albatroz), na Rua Frederico Arouca, n.º
94
 Torre de São Sebastião (actual Museu Condes de Castro Guimarães), na
Avenida Humberto II de Itália
 Casa de Santa Maria, na Avenida Humberto II de Itália / Ponta de Santa Marta
 Casa Costa e Silva ou Condes de Ficalho, na Rua Guilherme Gomes Fernandes /
Avenida Emídio Navarro, n.º 211
 Casa de Nossa Senhora da Conceição, na Rua Guilherme Gomes Fernandes, n.º
59
 Casa Leitão, na Avenida D. Carlos I, n.º 92
 Casa Trindade Baptista, na Avenida D. Carlos I, s/n
 Casa Luís Augusto Perestrelo de Vasconcelos, na Avenida D. Carlos I, s/n
 Casa dos Condes de Monte Real, na Avenida D. Carlos I, s/n
 Casa Ferreira Pinto Basto, na Rua Visconde da Luz, n.º 25 / Travessa Visconde
da Luz
 Chalets da Rua da Vista Alegre, n.ºs 1, 3 e 5
 Vila Eulália, na Avenida Emídio Navarro, n.º 82 ou 16
 Chalet no Largo da Misericórdia, n.º 7
 Chalets do Largo da Estação, n.ºs 2 e 4
 Casas da Rua Afonso Sanches, n.ºs 59 e 65
 Casa da Rua da Bela Vista, n.º 126
 Casa de Sant’Ana, na Avenida Emídio Navarro, n.º 350 / Rua dos Bem
Lembrados
 Casas geminadas, na Avenida Emídio Navarro, n. º 136, 128 e 116
 Casa de Santa Maria, na Travessa Visconde da Luz, n.º 18
 Casas na Avenida Valbom, n.ºs 13 e 15
 Casa D. Nuno, na Travessa da Conceição, s/n
 Casa Seixas (actual sede da Capitania do Porto de Cascais), na Rua Fernandes
Thomaz, n.º 2
 Casa Eduardo Perestrelo de Vasconcelos ou Casa Vasco da Gama, com pedra de
armas de Perestrelo, na Rua João Luís de Moura, n.º 10 / Avenida Vasco da Gama,
s/n
Monte Estoril[editar | editar código-fonte]

Casa-Museu Verdades de Faria, no Monte Estoril.

 Chalet D. Maria Pia


 Casa Malvina
 Torre de São Patrício
 Casa Monsalvat

Chalet Barros

Estoril[editar | editar código-fonte]

 Chalet Barros
 Casal de São Roque
 Casa António José Viana Silva de Carvalho
 Cocheiras de Santos Jorge
 Casa Eugénio de Freitas Bandeira de Mello
 Casa Nossa Senhora da Conceição
 Casal de Santa Luísa
 Chalet Santos
 Vila Ramos Simões
 Casa das Três Marias
 Casa de São Nuno

Fachada da Vila Laura, em São João do Estoril.

Casa da Torre.

São João do Estoril[editar | editar código-fonte]

 Chalet Brito
 Casa Bernardino de Carvalho
 Vivenda Alda
 Chalet Pinheiro e Silva
 Casa Eugénio Augusto Ribeiro de Castro
 Vivenda Rose
 Casa Conde da Azarujinha
 Casa da Torre
 Vila Laura
 Vivenda Manon
 Casa de São Paulo
 Casal Novo
Parede[editar | editar código-fonte]
 Casa José Nunes da Mata
 Casa Teresa Gutiérrez
 Casa Francisco Libório da Silva
 Roseiral
 Casa Alfredo César de Meneses e Vasconcellos
 Casa Joaquim Ribeiro da Cunha
 Casa Condessa d'Edla
 Casa Manuel de Azevedo Gomes (Casa das Pedras)
 Vila Estefânia
 Casa Camilo Dionísio Álvares
 Regina
 Vila Saldanha
 Casa Jerónimo Neto (Colégio da Bafureira)
 Quinta de Santa Teresinha
 Vivenda Ladimiro
 Maria José
 Casal de São José
 Conjunto de Casas Leite da Costa Maia
Carcavelos[editar | editar código-fonte]

 Chalet da Companhia do Cabo Submarino


 Casa da Quinta da Alagoa
 Casa da Cartaxeira
 Casa Saraiva de Lima
 Ermelinda
 Casa Valentim Nunes Campos
 Vivenda Germano Rola
 Roseiral

Edifício dos Correios, Estoril, gizado por Adelino Nunes.


Fachada do Hotel Palácio, no Estoril.

Arquitetura modernista[editar | editar código-fonte]


A arquitetura modernista surge em Cascais na década de 30 do século XX, focando-se
sobretudo no Estoril, que recebe os mais emblemáticos edifícios públicos e privados
desta nova corrente estética. Estes imóveis dão resposta a uma alteração de gosto que
passa a favorecer uma arquitetura mais funcional e com novas conceções de espaço
inspiradas em modelos internacionais.[54]

 Hotel Palácio
 Casino do Estoril
 Casal de Monserrate
 Casa José Espírito Santo Silva
 Edifício dos Telefones
 Casa dos Cedros
 Edifício dos Correios
 Casa de São Francisco
 Casa dos Arufes
 Casas geminadas da Rua de Inglaterra, n.º 500 e 504
 Casa Claridade
 Casa Vale Florido e Boavida
 Edifício do Rádio Clube Português/Clube Nacional de Ginástica
 Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão
 Bairro das Caixas (Parede)
Outros edifícios[editar | editar código-fonte]

 Marégrafo de Cascais
 Azenha de Atrozela
 Quinta de Manique ou Casa da Quinta de Manique ou Palácio de
Manique ou Casa da Quinta do Marquês das Minas ou Quinta do Marquês de
Minas
 Quinta da Torre D'Aguilha
 Estação Ferroviária de Cascais
 Teatro Municipal Mirita Casimiro
Museus[editar | editar código-fonte]

 Centro de Interpretação Ambiental da Pedra do Sal


 Quinta do Barão, incluindo o solar, jardins e adega.
 Museu da Música Portuguesa
Bairro dos Museus[editar | editar código-fonte]
Casa das Histórias Paula Rego, projetada por Eduardo Souto de Moura.

Desde 2015[55], a vila de Cascais conta com o Bairro dos Museus, com a integração de
diversos equipamentos e parques que contam com programação e bilhética integrada.

 Forte de São Jorge de Oitavos


 Farol Museu de Santa Marta
 Casa de Santa Maria
 Palácio dos Condes de Castro Guimarães (Torre de São Sebastião)
 Casa Duarte Pinto Coelho
 Parque Marechal Carmona
 Casa das Histórias Paula Rego
 Museu do Mar Rei Dom Carlos I
 Arquivo Histórico Municipal de Cascais
 Igreja de Nossa Senhora da Assunção
 Centro Cultural de Cascais
 Cidadela de Cascais
 Fortaleza de Nossa Senhora da Luz
 Marégrafo de Cascais
 Museu da Vila - Palácio dos Condes da Guarda
 Parque Palmela
 Museu da Música Portuguesa
 Espaço Memória dos Exílios
 Casa Reynaldo dos Santos e Irene Quilhó dos Santos

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