Caharis
grato por poder passar seu tempo em um lugar
Humano/Mago 1/Cloistered Scholar (43 anos)
Devoto de Oghma e Deneir
Caharis é filho de um casal humilde da
grande cidade de Beregost, Johannes e Marja
Craghelm. Batizado Ronald por seus pais, os
primeiros dez anos da vida do garoto são pouco
notáveis. Era o mais jovem de cinco filhos, e
passava a maior parte de seu tempo com a mãe,
ajudando nas tarefas domésticas. A vida na
cidade era dura, e quando o pivete atinge a idade
de 10 anos seu pai lhe arranja um emprego
como faxineiro em um solar nas proximidades
de Beregost, alegando não mais ser capaz de
sustentar o menino.
A propriedade em que ele vai viver a
maior parte de seus dias é de Yen-Sid, grande
mago da Ordem dos Escribas de Candlekeep. O
bem-sucedido adivinho passava pouco tempo
naquela vasta propriedade, apenas alguns dias a
cada inverno, mas os empregados mantinham o
luxuoso sítio impecável.
O mago – quando presente – não lhe
dava muita atenção, mas era gentil com ele.
Chamava-o de Caharis, explicando-lhe que
nomes são importantes – “Você deve usar o
nome correto para cada coisa, se quiser
manter-se em harmonia com elas!”.
O jovem trabalhava arduamente, mas era
tão belo. Não sentia falta das ruas sujas de
Beregost, e maravilhava-se com os objetos
estranhos, artefatos curiosos, e mesmo com o
excêntrico comportamento de seu mestre. Entre
as paredes e jardins daquela mansão, viveu uma
boa porção de sua vida. Aos 30 anos de idade,
apaixonou-se por uma padeira da região. Dois
anos depois, o casal preparava-se para ter um
filho. O destino, no entanto, não estava a favor
da família que ali se construía. Wilhelmina e a
criança morrem no parto.
Poucos meses após essa tragédia, um
novo morador chega ao Solar de Yen-Sid. O
filho do mago, Yemick, havia atingido os 11
anos de idade, e seu pai queria manter um olhar
mais próximo sobre seus estudos. Caharis
desenvolve certo afeto pelo garoto, e passava o
seu pouco tempo livre conversando com o
menino sobre as coisas que ele aprendia com
seus vários tutores. Quando o garoto faz 16
anos, Yen-Sid pede a Caharis que o acompanhe
em sua viagem para Candlekeep, onde Yemick
se tornaria um acólito. A bagagem tinha muitos
livros, afinal. Os testes de Yemick durariam dez
dias e, caso o menino falhasse, Caharis deveria
voltar com ele para o solar.
O filho de Yen-Sid havia tido uma
educação primorosa, e é aceito com louvor
como acólito em Candlekeep. Quando os três
estão comemorando o acontecimento, Yemick
conta para o pai sobre as extensas arguições a
que se submetera. Ele havia dado apenas uma
resposta errada, e a pergunta era sobre alguma
lenda obscura, um nome antigo qualquer que
certos mitos associavam à criação do Abismo…
“Tharizdun?” - diz Caharis, inseguro. Yen-Sid o
fita com seriedade. Como ele sabia daquilo?
“Bom, eu me lembro da conversa que tive com
Yemick após as aulas em que o Senhor Egregast
lhe ensinou sobre isso… Deve fazer uns três
anos?” O garoto já havia se acostumado com a
boa memória do zelador, e não parece estranhar
que o homem mais velho saiba daquelas coisas.
Mas, para Yen-Sid, aquilo era uma novidade.
 Os três adentram a noite conversando
sobre os mais metafísicos assuntos, e o mago
fica chocado com a quantidade de informações
que o zelador havia absorvido na convivência
com seu filho. No dia seguinte, ele arranja para
que aceitem Caharis como acólito-serviçal em
Candlekeep. Seus dias ainda não seriam fáceis
– ele teria que se mostrar útil a cada momento
para que os monges de Candlekeep aceitassem
que um homem tão velho fosse iniciado em sua
ordem.
Caharis já beirava os 38 anos, e não
sabia ler. Com a ajuda de Egregast, um escriba e
clérigo de Deneir, o faxineiro é alfabetizado de
maneira relativamente rápida, em cerca de um
ano. Este é também o espaço de tempo que
Yemick demora para deixar de ser um acólito e
entrar para a Ordem dos Escribas. Nesse dia,
Yen-Sid dá um par de tomos de presente para
seu filho e para seu antigo empregado. Os tomos
são simples, com capas pretas de um couro bem
resistente. Algumas de suas páginas já estavam
anotadas com línguas antigas, diagramas,
esboços. O mago explica que espera que um dia
os dois possam ser capazes de compreender
tudo que escrevera para eles.
Nos próximos anos, os três homens se
tornam cada vez mais distantes. Yen-Sid está
sempre muito ocupado com seu trabalho,
Yemick com seus estudos, e Caharis com a
interminável limpeza das estantes de algum
recanto em Candlekeep. Para o zelador, nada
melhor. Aprender a ler havia sido um evento
absolutamente transformador, e pela primeira
vez ele sentia que tinha algum controle sobre a
sua vida. Passava noites e noites lendo sobre os
mais variados assuntos.
Os escritos de Yen-Sid começam a fazer
algum sentido para ele, e depois de muito
esforço ele consegue aprender um truque
mágico – mage hand –que lhe ajudaria a limpar
mais rápido e ter mais tempo para si mesmo.
Por 5 anos ele mantém essa habilidade em
segredo, já que acólitos ou escribas não tinham
permissão para praticar as artes arcanas.
Esgueirando-se esporadicamente para alguma
seção de estantes à qual apenas os mestres-
leitores deveriam ter acesso, Caharis aos poucos
vai desenvolvendo uma compreensão mais
aguçada do mundo que o cerca. Começa a
praticar a meditação transcendental, e em seus
transes às vezes vê uma versão mística de si
mesmo, alguém que realizava todas as suas
potências.
Passados esses 5 anos de relativa paz,
um pequeno acidente se interpõe no caminho de
Caharis. Em seu quarto, após debruçar-se por
dias sobre um tomo que havia pego sem que
ninguém soubesse de uma esquecida estante de
Evocação, ele conjura uma orbe mágica que
foge de seu controle e arrebenta a porta de seus
aposentos. Seu “empréstimo” é revelado, e um
pequeno julgamento é feito para decidirem a
punição daquela grave violação do código dos
escribas. Quem preside a sessão é Yemick,
recém-aceito entre os mestres-leitores, e Caharis
quase não reconhece o seu jovem amigo que lhe
trata com desprezo e ressentimento.
Os escribas presentes clamam para que
Caharis passe alguns meses no calabouço, sendo
depois realocado a trabalhos ainda mais pesados
para que se lembre de seu papel como acólito. O
mago Yen-Sid, no entanto, intercede por seu
antigo empregado. Sob protestos de seu filho,
convence os presentes que o banimento de
Caharis daquele templo do conhecimento seria
uma punição mais adequada para sua húbris, e
mais segura para todos.
Quando Caharis sai dos portões de
Candlekeep, ele vê Yen-Sid sobre a muralha,
acenando e sorrindo calorosamente. Pensando
consigo mesmo, acredita que seu antigo mestre
havia lhe dado uma nova vida. Os altos padrões
e a burocracia de Candlekeep nunca o deixariam
realizar todo o seu potencial. Ele era velho
demais, rude demais. Mas ali, com seus pés na
estrada e o seu tomo em mãos, ele podia
finalmente ser o que queria – um mago.
~gaita do black sabbath