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A crítica Tradicionalista à teologia do Mistério Pascual

Esta crítica nada mais é do que a extensão da crítica de que a missa nova seria um
banquete e não um sacrifício. Então, para eles[ os Trads], a teologia do Mistério
Pascal, que coloca a causa da nossa salvação em todo o conjunto do mistério da
salvação, do mistério Pascal, ou seja, da Morte, Ressurreição e ascensão de Nosso
Senhor Jesus Cristo é, na verdade, um cavalo de tróia, uma tentativa de diminuir o
valor sacrificial da cruz, para lançá-lo sobre a dimensão gloriosa do Cristo
Ressurrecto.
Ou seja: uma glória sem passar pelo sofrimento sacrificial da cruz. Então, nada mais
é do que uma extensão teológica da crítica deles de que a missa nova seria mais
memorial e banquete e que o caráter de sacrifício teria sido esquecido.
E por que isso?
Porque teologicamente a ênfase [ segundo os Trads] se colocaria na gloriosa
ressurreição e não no sofrimento salvífico e cruento da cruz..
Então, se diminuindo o valor teológico da cruz, logo sua consequência será a
diminuição do valor sacrificial da missa.
Em suma, é por isso que eles criticam a teologia do Mistério Pascal.
Apontamentos:
1) Não é verdade que a teologia do mistério pascal ponha uma ênfase excessiva na
dimensão gloriosa do Cristo Ressurrecto. Essa é uma visão muito tacanha dos
Trads. A teologia do mistério Pascal põe a ênfase no conjunto [ Crucifixão,
Ressurreição e ascensão]
Pôr ênfase apenas no sofrimento salvífico de Cristo na cruz sem considerar, por
exemplo, sua ressurreição, empobrece a compreensão do mistério.
Por que?
Porque São Paulo escreve que se Cristo morreu e não ressuscitou, vã é nossa fé.
2) Não é verdade que a Missa Nova é apenas uma ceia, uma refeição, um banquete.
A missa é um banquete e também, e principalmente, fundamentalmente, um
sacrifício. Ela é as duas coisas: sacrifício e banquete. São João Paulo II deixou isso
claro na sua Carta apostólica Mane Nobiscum Domine
"Não há dúvida que a dimensão mais saliente da Eucaristia é a de banquete. A
Eucaristia nasceu, na noite de Quinta-Feira Santa, no contexto da ceia pascal. Traz
por conseguinte inscrito na sua estrutura o sentido da comensalidade: "Tomai,
comei... Tomou, em seguida, um cálice e... entregou-lho dizendo: " Bebei dele
todos..." ( Mt 26,26.27). Este aspecto exprime bem a relação de comunhão que
Deus quer estabelecer conosco e que nós mesmos devemos fazer crescer uns com
os outros.
TODAVIA NÃO SE PODE ESQUECER QUE O BANQUETE EUCARÍSTICO TEM
TAMBÉM UM SENTIDO PRIMÁRIA E PROFUNDAMENTE SACRIFICIAL. NELE,
CRISTO TORNA PRESENTE PARA NÓS O SACRIFÍCIO ATUADO UMA VEZ POR
TODAS NO GÓLGOTA. Embora aí presente como ressuscitado, Ele traz os sinais
de sua paixão, da qual cada Santa Missa é "memorial", como a liturgia nos recorda
com a aclamação depois da Consagração: " Anunciamos, Senhor, a vossa morte,
proclamamos a vossa ressurreição...". Ao mesmo tempo que atualiza o passado, a
Eucaristia projeta-nos para o futuro da última vinda de Cristo, no final da história.
Este aspecto escatológico dá ao sacramento eucarístico um dinamismo cativante,
que imprime ao caminho cristão o passo da esperança".
João Paulo II , Carta apostólica Mane Nobiscum Domine
OBG David Millán

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