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Prezados estudantes,
Pauta 2.17 da 114ª CPG: “Solicitação da aluna Letícia Ambrósio de avaliar a possibilidade
de manutenção de sua bolsa de doutorado até manifestação judicial, uma vez que solicitou
mandado de segurança para acúmulo de bolsa e exercício como docente substituta em
instituição federal de ensino superior”.
As falas foram abertas a todos por ordem de solicitação, através de lista no chat.
A estudante Iza maraá P. Paterra referiu que talvez Letícia pudesse ter colocado este assunto
anteriormente para o grupo discente, para além da Comissão de Bolsas, no sentido de ampliar mais
a discussão e aumentar a participação do coletivo para esta importante pauta. As questões devem
ser discutidas caso a caso sim, mas o não acúmulo de bolsas já havia sido discutido anteriormente,
e outros alunos aguardam a bolsa no momento.
A estudante Carolinne Linhares colocou-se no chat referindo que as pactuações coletivas são
importantes, ainda que não haja consenso em todas as discussões, e que ao longo do tempo outros
alunos dentro do programa de pós graduação também não puderam ser contemplados com o
acúmulo de bolsas, ainda que a CAPES permita.
A estudante Isadora Cardinalli referiu que a dimensão do que é mais justo para o coletivo se
modifica de acordo com o próprio coletivo. A pandemia mudou até mesmo a regra de ter que
residir na mesma cidade do PPG. Historicamente, são menos alunos do que o esperado fazendo
parte dos debates decisórios, porém é preciso legitimar o espaço daqueles que participam, ainda
que sejam poucos. Não ter a memória daquilo que já foi discutido é um problema, porque volta-se
sempre ao mesmo ponto sobre o que mais justo ou não. Há também a problemática das regras
valerem mais para uns do que para outros, ou por exemplo quando um aluno é chamado na
coordenação para tomar uma decisão em determinado momento, sem ter tido a oportunidade de
discutir com seus pares. E também a questão de que nos 12 anos de Coordenação, existe uma
baixa rotatividade de docentes nas posições decisórias, o que afeta o coletivo estudantil ao se
manterem algumas perspectivas. Além disso, lembra que quando as regras são modificadas, elas
são alteradas para os próximos alunos que serão implicadas por elas, e não necessariamente para o
grupo que as discutiu.
Letícia referiu no chat que as discussões passam pelo coletivo, mas nunca se consegue unir
mais do que 30 pessoas em um grupo de 80-100 estudantes. Inclusive, algumas decisões acabam
se tornando verticalizadas.
A estudante Naila referiu que se o grupo fosse seguir apenas aquilo que está formalizado por
escrito, então seguiríamos apenas o que a CAPES preconiza. O conceito do que é justo ou não
pode mudar e precisa valer para além do que está escrito. E algumas vezes o corpo docente não
compreende a demanda dos estudantes. A discussão em pauta nesta reunião poderia talvez ter
chegado para o grupo como um todo e não apenas para a Comissão de Bolsas, para que o debate
chegue mais elaborado à CPG.
O estudante Jaime Leite. Jr. referiu que embora pareça que os documentos escritos não se
mantenhamexistam, devido à ausência de Ata, a oralidade, a história oral se mantém e são
importantes formas de registro histórico. , e éCabe preciso lembrar que os critérios para acúmulo
(ou não) de bolsas foram decididos, majoritariamente, pelo corpo de estudantes, a partir dos seus
interesses e demandas. Portanto, ao longo dos anos este acordo tem sido sustentado, haja visto que
ainda que não haja consenso, a maioria sempre decidiu por mantê-lo. O aluno aponta, inclusive,
que em algum momento Aa coordenação/comissão de bolsas se colocou aberta à revisão da regra,
para que fosse possível que discentes acumulassem bolsa com vínculo empregatício – conforme
normativa da CAPES e CNPq – porém, os discentes optaram por manter a restrição, haja visto que
consideram menos desigual que alguém sem fonte de renda tenha maior possibilidade de receber
uma bolsa, ao invés de alguém que já tenha uma fonte de renda, acumule duas. foi favorável em
um momento específico ao acúmulo de bolsas. Inclusive, isto ocorreu em período similar à
decisão sobre Quanto aos 36 meses da bolsa de Doutorado, em que a questão era que quando
alguém ingressava e recebia a bolsa, ela só seria liberada 4 anos depois, então os estudantes dos
próximos 3 ou 4 processos seletivos não poderiam usufruir da mesma, por isso pensou-se nesta
nova regraportanto, na busca de aumentar a rotatividade das bolsas, chegou-se a esta proposta,
tornando-se uma regra. Jaime também elucidou esclareceu que a CAPES constrói critérios sobre o
que é proibido. Sobre as possibilidades a agência as apresenta, mas é flexível e dá autonomia aos
programas de pós graduação incorporarem ou não, cabendo à esta entidade construir os
critérios.afirma que algumas regras são podem ser modificadas de forma alguma, e outras podem
funcionar de acordo com o PPG, ao dizer que existe a possibilidade de algo funcionar de
determinada forma ou não. Novamente, ele retoma que Oos critérios do acúmulo de bolsas foram
discutidos entre os alunosdiscentes, e sendo uma construção coletiva, acredita que é importante
respeitá-la, até que novos acordos coletivos sejam feitos. e observou-seAté o presente, o acordo é
que seriaque é melhor beneficiar aqueles sem nenhuma renda, do queao invés de um aluno
acumular duas rendas. Reiterou então que a questão das bolsas foi uma construção coletiva.. Jaime
também sugeriu convidarmos outras pessoas que acompanharam este processo ao longo dos anos
para nos ajudar neste resgate, trazendo elementos para adensar os debates futuros. Isto não é algo
que está documentado, mas está em nossa oralidade, citando então o exemplo de duas estudantes.
E existem questões que o PPGTO às vezes não lança um olhar criterioso, culminando em
denúncias. Reiterou então que a questão das bolsas foi uma construção coletiva.
Letícia referiu que a sua intenção não era colocar em pauta a sua pessoalidade, mas sim a forma
de funcionamento da regra no contexto do programa em si. É do conhecimento de todos que a
bolsa é muito insuficiente, pois o valor é muito baixo, o que também foi colocado pelos estudantes
quando se discutiu que havia apenas critérios acadêmicos para o recebimento da bolsa. Assim,
acumular uma bolsa de R$ 1.500,00 com mais uma renda era mais do que necessário para um
estudante se manter com um mínimo. Desta forma, as noções de justiça são variáveis para cada
um.
Isadora ressaltou no chat que os salários para Prof. substitutos também podem ser muito baixos.
Letícia destacou que existe uma grande instabilidade nos concursos, diferente de anos atrás.
Após 6 meses um prof. substituto pode não ter seu vínculo renovado. Uma outra questão é que a
estudante não sabia até a semana passada que, caso o parecer judicial seja favorável ao acúmulo de
bolsas, o PPGTO precisará pagar o retroativo do tempo em que ela se manteve sem a bolsa, e não
é a sua intenção, de nenhuma forma, prejudicar o programa nem o próximo aluno a receber a
bolsa. Isso foi esclarecido anteriormente para o representante Rodrigo, o qual sugeriu que ela
colocasse este aspecto nesta reunião. Referiu que conversou com Bárbara e a mesma sugeriu que
ela convocasse uma reunião, porém Letícia colocou-se no sentido de que não gostaria que a pauta
fosse voltada a algo pessoal.
A estudante Luciana Buin referiu no chat o quanto esta decisão se torna difícil para nós,
considerando o baixo valor das bolsas e a instabilidade do cargo de Prof. substituto.
O estudante Rafael Giampaolo referiu que os registros da Comissão de Bolsas deverão partir de
nós, ainda que informalmente, já que isso não foi acatado pela Coordenação até o momento. Em
seu exemplo, ele precisou sair de seu emprego para poder fazer o Mestrado e não sabe como ficará
a sua situação quanto à bolsa.
Izamara referiu que considera a alta relevância dos acordos coletivos, e que não há consenso de
sua parte quanto a recorrer ao Ministério Público, mesmo porque há precedentes no programa de
pessoas que já puderam acumular bolsas. Desta forma, seria muito difícil buscar uma deliberação
neste momento. Problematizou também o valor tão baixo da bolsa-atividade de R$ 180,00 para
alunos de graduação, os quais precisam cumprir uma carga horária diária para receber tão pouco,
embora este valor possa ajudar no transporte público ou na cópia de textos para estudo. Avaliando
esta pauta atual especificamente, considerando a alta probabilidade de ser acatada pelo MP, seria
uma decisão prática considerar o voto a favor da manutenção da bolsa da estudante Letícia, para
que não haja uma questão maior quanto à possibilidade de devolução retroativa da bolsa à
estudante.
Bárbara relatou que participou da CPG durante 1 ano e sempre buscou socializar as pautas com
antecedência, para que houvesse tempo de discussão entre os alunos quando necessário.
Letícia esclareceu que a ação judicial é com o programa, não lesando os direitos de nenhum
estudante. Além disso, só foi informada pela Profa. Dra. Maria Fernanda de que isso seria uma
pauta da CPG, em cima da hora.
Bárbara referiu que a reunião anterior da CPG ocorreu das 14h às 19h, com a devida atenção ao
caso, e que a decisão do representante Rodrigo estava totalmente coesa com o nosso histórico
estudantil no que se refere aos critérios de bolsa. Na época da consulta estudantil pelo Google
Forms para revisão de critérios, a maioria dos alunos (27 alunos de 30 respondentes) respondeu
que os critérios da bolsa deveriam ser mantidos, e isto está em pauta desde junho de 2021 na CPG.
Leticia referiu que o problema da regra de que só poderia haver acúmulo de bolsas desde que
não houvesse mais nenhum aluno aguardando, seria inconstitucional, pois seriam duas regras
dentro de uma única regra. A pergunta precisaria então ser refeita aos alunos, considerando valer
ou não valer o acúmulo de bolsa, em qualquer situação.
Carolinne referiu que procede o fato de haver critérios para o acúmulo de bolsas e isso já ocorre
em instituições públicas. As pactuações coletivas precisam ser sempre redefinidas e, diante do que
aprendemos com o nosso histórico, é necessário registrar para que o coletivo se fortaleça. Mas
reiterou que a judicialização é, claro, um direito conferido a todos.
Após debate sobre a melhor forma de votação da pauta discutida, o grupo decidiu por
utilizar um Google Forms para realização de voto ‘secreto’, em que apenas a representação
discente, atualmente em nome de Rodrigo G. Lima, tivesse acesso para checagem do resultado
final.
Foi decidido, posteriori à reunião, pela relatoria desta reunião em documento, feito
inicialmente por Carina, Isadora e Izamara, que será disponibilizado para apreciação e aberto a
modificações aos outros participantes desta reunião.
O resultado da votação foi divulgado ainda durante a reunião, havendo um total de 20
votos, com 55% dos votos em “Não”, ouse já, contra a manutenção da bolsa pela estudante
enquanto aguarda o desfecho da ação judicial, contra 45% em “Sim” e 0 abstenções.
Rodrigo encerrou a reunião esclarecendo, então, que a decisão deste coletivo seria de não
acatar o pedido da estudante Letícia Ambrósio como apresentado pela pauta 2.17 da 114ª CPG,
mas que a questão deverá ser discutida amplamente com os estudantes, no sentido de construir
e/ou firmar de forma mais consistente as nossas pactuações coletivas. E expressou seus desejos
cordiais de que as decisões sejam baseadas sempre no nosso percurso histórico, que haja sempre
uma colaboração entre todos.
Links úteis:
- Portaria Conjunta n.1, de 15 de Julho de 2010: https://www.gov.br/capes/pt-
br/assuntos/noticias/nova-portaria-permite-acumulo-de-bolsas-com-atividades-
remuneradas
- Nota sobre acúmulo de bolsa e vínculo empregatício Portaria Conjunta CAPES-CNPq
n° 01/2010: https://www.gov.br/capes/pt-br/assuntos/noticias/capes-e-cnpq-divulgam-
nota-sobre-acumulo-de-bolsa-e-vinculo-empregaticio