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SÃO MATEUS
2018
TAMIRES CESQUINE ALVES
SÃO MATEUS
2018
Ao meu Deus, por toda força e proteção.
Aos meus pais, Tarcísio e Giovana, por todo amor e incentivo.
Às minhas irmãs, Gabriela e Mariana, pelo apoio e amizade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, porque é Ele que sustenta a minha vida e que me
dá forças para que eu conclua cada etapa da minha caminhada.
Aos meus pais, Tarcísio e Giovana, que são meus grandes incentivadores. Me dão a
mão quando preciso, e não me deixam desanimar no meio do percurso. Obrigada
pelas orações.
À minha família, por sempre acreditar em mim e no meu potencial. Obrigada por
cada momento compartilhado, por todo carinho e amor.
À EEEFM Santo Antonio e aos meus alunos, sujeitos da pesquisa, por abraçarem o
Projeto “Por Que Enferrujou?”. Obrigada pelo interesse e dedicação durante cada
etapa desenvolvida.
(Parente)
RESUMO
O ensino de química ainda está limitado a aulas tradicionais, em que os alunos são
meros espectadores no processo de ensino e aprendizagem. Para mudar isto,
metodologias de ensino estão sendo propostas, com o intuito de tornar os discentes
ativos na construção do seu próprio conhecimento. O ensino por investigação vem
se mostrando uma excelente estratégia, pois valoriza-se a problematização,
elaboração de hipóteses, reflexão, mediação do professor e baseia-se na proposição
de problemas contextualizados para o ensino de determinado conteúdo. A presente
pesquisa buscou analisar como tem ocorrido o Ensino de Química e propôs, por
meio de sequência didática, baseado nas ideias de Dewey, ensinar o conteúdo
Reações de Oxidação e Redução. Notou-se que, antes do desenvolvimento das
atividades, os alunos apresentavam um conhecimento empírico sobre as Reações
de Oxidação e Redução, construído a partir do que observavam macroscopicamente
no seu dia-a-dia. Após a aplicação da sequência didática, os alunos apresentaram
um conhecimento científico acerca do assunto, pois conseguiam explicar através de
aspectos microscópicos os processos de oxidação e redução. Desta forma, verificou-
se a reestruturação do conhecimento dos discentes, chegando-se a conclusão de
que o Ensino por Investigação é uma abordagem de ensino que favorece a
construção de conhecimento dos alunos.
SD – Sequência didática
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 18
1.1 MEMORIAL ..................................................................................................... 18
1.2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 18
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 22
2.1 GERAL ............................................................................................................ 22
2.2 ESPECÍFICOS ................................................................................................ 22
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................. 23
3.1 O ENSINO DE QUÍMICA NO BRASIL ............................................................ 23
3.1.1 Histórico do ensino de química no Brasil ............................................ 23
3.1.2 A pesquisa em Ensino de Química no Brasil ...................................... 27
3.1.3 Contextualização no ensino de química .............................................. 29
3.1.4 O ensino de reações químicas do tipo oxidação e redução .............. 31
4 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 35
4.1 O ENSINO POR INVESTIGAÇÃO .................................................................. 35
4.1.1 Um breve histórico do ensino por investigação ................................. 36
4.1.2 Características do ensino por investigação ........................................ 39
4.2 A TEORIA DE JOHN DEWEY PARA A FORMAÇÃO DE CIDADÃOS
CRÍTICOS ................................................................................................................. 42
4.3 O USO DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS NO ENSINO ..................................... 45
4.3.1 A Dinâmica dos Três Momentos Pedagógicos ................................... 46
5 METODOLOGIA .................................................................................................... 49
5.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .............................................................. 49
5.2 LOCAL DA PESQUISA ................................................................................... 50
5.3 SUJEITOS DA PESQUISA ............................................................................. 52
5.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS................................................... 53
5.4.1 Questionários (Diagnóstico e final) ...................................................... 53
5.4.2 Gravação de áudio ................................................................................. 53
5.4.3 Produção Textual ................................................................................... 55
5.4.4 Produção de Materiais para Feira de Ciências .................................... 55
5.5 ANÁLISE DOS DADOS................................................................................... 56
5.6 DESENVOLVIMENTO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ....................................... 57
5.6.1 Primeiro Momento Pedagógico: Problematização Inicial .................. 57
5.6.1.1 1ª Etapa da sequência didática: Apresentação do Projeto “Por que
Enferrujou? ” .................................................................................................... 57
5.6.1.2 2ª Etapa da sequência didática: Aplicação do questionário
diagnóstico ...................................................................................................... 58
5.6.1.3 3ª Etapa da sequência didática: Leitura e apresentação da
reportagem ...................................................................................................... 58
5.6.2 Segundo Momento Pedagógico: Organização do Conhecimento ..... 59
5.6.2.1 4ª Etapa da sequência didática: Discussão sobre os termos
científicos das reportagens .............................................................................. 59
5.6.2.2 5ª Etapa da sequência didática: Experimentação ............................. 60
5.6.3 Terceiro momento: aplicação do conhecimento ................................. 62
5.6.3.1 6ª Etapa da sequência didática: Produção de material para a feira de
ciências ........................................................................................................... 62
5.6.3.2 7ª Etapa da Sequência Didática ....................................................... 63
5.7 RESUMO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA ........................................................... 63
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 67
6.1 ANÁLISE DO PRIMEIRO MOMENTO PEDAGÓGICO: PROBLEMATIZAÇÃO
INICIAL ...................................................................................................................... 67
6.1.1 1ª Etapa: Apresentação do projeto “Por Que Enferrujou?” ............... 67
6.1.2 2ª Etapa: Aplicação do questionário diagnóstico ............................... 69
6.1.2.1 Questão 1: Você já reprovou na 1ª série do Ensino Médio? Se a
resposta foi SIM, quantas vezes você reprovou? ............................................ 70
6.1.2.2 Questão 2: O que você entende por ferrugem?................................ 71
6.1.2.3 Questão 3: Você sabe o nome científico do processo que causa a
ferrugem? Se a resposta foi SIM, qual o nome deste processo? .................... 75
6.1.2.4 Questão 4: Explique como o processo que causa a ferrugem ocorre.
Use sua criatividade! Pode fazer um esquema, desenho ou reação ............... 77
6.1.2.5 Questão 5: No seu dia-a-dia, quais são os materiais, que você
observa, que enferrujam mais facilmente? ...................................................... 80
6.1.2.6 Questão 6: Quais as causas para que um material enferruje? ......... 81
6.1.3 3ª Etapa: Momento de leitura e apresentação da reportagem ........... 83
6.2 ANÁLISE DO SEGUNDO MOMENTO PEDAGÓGICO: ORGANIZAÇÃO DO
CONHECIMENTO ..................................................................................................... 86
6.2.1 4ª Etapa: Momento de discussão sobre os termos científicos das
reportagens.............................................................................................................. 86
6.2.2 5ª Etapa: Experimentação ..................................................................... 96
6.3 ANÁLISE DO TERCEIRO MOMENTO PEDAGÓGICO: APLICAÇÃO DO
CONHECIMENTO ................................................................................................... 104
6.3.1. 6ª Etapa: Produção de material para a feira de ciências ................. 104
6.3.1.1 Grupo 1: Apresentação do experimento de observação dos metais
ferro, cobre, alumínio e zinco, na água doce e salgada. ............................... 105
6.3.1.2 Grupo 2: Representação do processo de oxirredução ................... 106
6.3.1.3 Grupo 3: Explicação sobre o potencial padrão de oxidação (Eº oxi) dos
metais utilizados (ferro, cobre, alumínio e zinco) ........................................... 107
6.3.1.4 Grupo 4: Representação do processo de passivação do alumínio e
zinco .............................................................................................................. 108
6.3.1.5 Grupo 5: Reprodução do experimento sobre a condução de
eletricidade da água salgada ......................................................................... 110
6.3.2. 7ª Etapa: Análise do questionário final ............................................. 111
6.3.2.1 Questão 1: O que você entende por “ferrugem”? ........................... 112
6.3.2.2 Questão 2: Você sabe o nome científico do processo que causa a
ferrugem? Se a resposta foi SIM, qual o nome deste processo? .................. 115
6.3.2.3 Questão 3: Coloque os metais abaixo em ordem crescente de
tendência a “enferrujar”: Cu (cobre) – Eºoxi = - 0,34 V; Zn (zinco) - Eºoxi = +0,76
V; Fe (ferro) - Eºoxi =+0,44 V; Al (alumínio) - Eºoxi = +1,66 V; Ag (prata) - Eºoxi = -
0,80V ............................................................................................................. 116
6.3.2.4 Questão 4: Observando a reação de oxirredução abaixo e os
potenciais padrões de oxidação das semi-reações, indique qual elemento
oxida e qual reduz. Zn(s) + CuSO4(aq) → Cu(s) + ZnSO4(aq) / Zn2+(aq) + 2ē → Zn(s)
Eºoxi=+0,76V / Cu2+(aq) +2ē → Cu(s) Eºoxi=-0,34V ............................................ 117
6.3.2.5 Questão 5: Quais as causas para que um material enferruje? ....... 118
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 121
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 123
APÊNDICES ........................................................................................................... 137
APÊNDICE A – TERMO DE AUTORIZAÇÃO DA ESCOLA .................................. 138
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ......... 139
APÊNDICE C – QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO ................................................ 140
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO FINAL ............................................................... 141
ANEXOS ................................................................................................................. 142
ANEXO A – REPORTAGENS SELECIONADAS ................................................... 143
18
1 INTRODUÇÃO
1.1 MEMORIAL
Sou natural de São Mateus – ES, filha de Tarcísio Reis Alves e Giovana Cesquine
Alves. Sendo filha de professora, iniciei os meus estudos bem nova, e com apenas
cinco anos de idade já estava alfabetizada, ainda na Educação Infantil. Cursei a
maior parte do ensino fundamental e médio em escola pública, e concluí o nível
básico em 2008. Sempre me identifiquei com a disciplina de Química, porém, ainda
com dúvidas sobre qual curso de nível superior prestaria vestibular, decidi iniciar, em
2009, o curso técnico em química, em uma instituição particular. Em 2010 prestei
vestibular para o curso de licenciatura em química, do Centro Universitário Norte do
Espírito Santo (CEUNES), e fui aprovada. Assim, em agosto de 2010, após ter
concluído o curso técnico, iniciei os estudos no ensino superior, concluindo-o em
2015.
1.2 JUSTIFICATIVA
O ensino por investigação é uma metodologia que vem se mostrando efetiva, por
conquistar resultados satisfatórios e permitir que os alunos construam seu próprio
conhecimento. Parte de um problema real e contextualizado, em que o professor,
como mediador, motiva e questiona os alunos a elaborarem hipóteses para a
resolução do problema proposto. Estes utilizarão, inicialmente, os seus
conhecimentos prévios, que ao final do processo de investigação terão sido
convertidos em conhecimento científico. Segundo Lima (2016), essa metodologia de
ensino favorece a discussão de ideias entre os alunos e entre estes e o professor,
proporcionando a aquisição de conhecimento por meio da interação entre pensar,
agir e fazer, no qual o aluno é ativo no processo de ensino e aprendizagem. O
ensino por investigação promove nos discentes, além da mudança conceitual, que é
o "saber sobre", uma mudança metodológica, o "saber fazer", e uma mudança
atitudinal, o "saber ser", tornando-os mais críticos e preparados para atuar na
sociedade em que vivem. Delors e colaboradores (2010), membros da Comissão
Internacional sobre Educação para o Século XXI, elaboraram um Relatório para
a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura). No mesmo afirmam que a educação deve basear-se em quatro pilares. São
20
A busca por um ensino de química que modifique a concepção que os alunos têm
por tal disciplina, motivou a realização desta pesquisa, do tipo pesquisa-ação. A
metodologia proposta buscou envolver os alunos no processo de ensino e
aprendizagem, fazendo com que os mesmos respondessem as suas próprias
perguntas e assim construíssem seu conhecimento.
ensino de química, e que tem relação com a pesquisa apresentada neste relatório
de qualificação.
2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
2.2 ESPECÍFICOS
- Propor uma atividade experimental para que os alunos percebam que além do
ferro, outros metais podem sofrer oxidação, e a partir da escala de potencial padrão
de oxidação, apresentar aos alunos as reações de oxidação e redução;
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O ensino de química no Brasil teve início ainda no período colonial, após 1759, com
a expulsão dos jesuítas do país, que causou mudanças significativas no processo
educacional brasileiro (LIMA, 2013). Antes disso, atividades relacionadas à Química
eram praticamente inexistentes.
24
"O século XVIII, no Brasil, foi marcado pelo aparecimento dos primeiros químicos
brasileiros" (OLIVEIRA; CARVALHO, 2006, p. 30). Em 1772, o Vice-Rei Marquês de
Lavradio instalou no Rio de Janeiro, a Academia Científica, que era designada ao
estudo das ciências e tinha uma seção dedicada à Química. Neste período, alguns
químicos receberam destaque pela publicação de trabalhos na área de química. O
português Manoel Joaquim Henriques de Paiva, participante da academia Científica,
publicou o primeiro livro a ter no título a palavra Química - Elementos de Química e
Farmácia (FILGUEIRAS, 1998). Outro cientista foi Vicente Coelho de Seabra Silva
Telles, que escreveu diversos textos, destacando-se o livro Elementos de Química.
Entretanto, "nunca obteve reconhecimento, fama ou glória pelo seu trabalho"
(OLIVEIRA; CARVALHO, 2006, p. 30).
No século XIX a ciência estava difundida em todo o mundo, por isso, foi um
momento grandioso para o seu estudo. Neste período, os franceses invadiram
Portugal, obrigando o rei D. João VI a fugir com toda a Corte para o Brasil e
instaurar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (LIMA, 2013). Segundo
Santos (2004), após este acontecimento, foram de imediato emitido pelo novo
governo uma série de Alvarás, Decretos, Leis, Decisões, Resoluções e Cartas
Régias, responsáveis pelo início da estruturação das atividades relacionadas com a
ciência no país, que foram decisivas para o seu desenvolvimento.
De acordo com Macedo e Lopes (apud LIMA, 2013, p. 77), no Ensino Secundário -
atual Ensino Médio - brasileiro, a Química começou a ser ministrada como disciplina
regular somente a partir de 1931, com a reforma educacional Francisco Campos.
Segundo documentos da época, o ensino de Química tinha por objetivos dotar o
aluno de conhecimentos específicos, despertar-lhe o interesse pela ciência e
mostrar a relação desses conhecimentos com o cotidiano. Entretanto, esse dilema
entre o científico e o cotidiano desfez-se com a promulgação da primeira Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (5.692/71) na década de 1970, com a criação do
ensino profissionalizante em nível de 2º grau, que conferiu ao ensino de Química um
caráter acentuadamente técnico-científico (SCHEFFER, 1997).
Lima (2013, p. 77) afirma que, os anos de 1990 são caracterizados por uma reforma
profunda no Ensino Médio brasileiro. Em 1996 promulgou-se a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação nº 9.394, decretando que a finalidade do ensino é o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996).
26
Por fim, em 2017, foi aprovada a lei que altera o ensino médio brasileiro, conhecido
como “Novo Ensino Médio”. O modelo permite que o estudante escolha a área de
conhecimento para aprofundar seus estudos. A nova estrutura tem uma parte que
será comum e obrigatória a todas as escolas (Base Nacional Comum Curricular) e
outra parte flexível. Com isso, o ensino médio aproxima ainda mais a escola da
realidade dos estudantes à luz das novas demandas profissionais do mercado de
27
A SBQ, teve início em 1977, e em 1978 passou a editar, a revista Química Nova,
destinada a publicação de pesquisa nas diversas áreas da Química. Mas, ainda não
havia uma seção destinada ao Ensino de Química, e a maior parte das publicações
estava relacionada à pesquisa nas diversas linhas da Química (Química Orgânica,
Inorgânica, Físico-Química e Analítica). Somente em 1986 foi instituída a seção de
educação, um espaço privilegiado de veiculação dos problemas da Educação
Química no Brasil (BEJARANO; CARVALHO, 2000).
A revista Química Nova na Escola, que tem como público alvo os professores de
Química, especialmente do Ensino Médio, foi criada em 1994 pela divisão de
educação da SBQ (BEJARANO; CARVALHO, 2000). Apresenta uma periodicidade
trimestral e tem o objetivo de subsidiar o trabalho, a formação e a atualização da
comunidade do Ensino de Química Brasileiro (Revista Química Nova na Escola,
acesso em 3 ago. 2017).
29
Por fim, Santos e Porto (2013) afirmam que as investigações conduzidas por
pesquisadores da área de Química têm contribuído de forma significativa nos
processos de formação de professores, de discussão e elaboração de políticas
públicas e no desenvolvimento de propostas de ensino para a escola da educação
básica (SANTOS; PORTO, 2013). Isso só é possível devido ao desenvolvimento
desta área de pesquisa e da preocupação que os profissionais e futuros
profissionais do ensino estão tendo com a formação de alunos com pensamento
científico e principalmente críticos, preparados para interferir em situações que
comprometam sua qualidade de vida.
O aluno, não vendo nenhuma relação da "matéria" com sua vida presente
ou qualquer empreendimento em que esteja empenhado, não pode ter
motivo para se esforçar; não tendo motivo, não pode ter desejo ou intenção
de aprender (salvo motivos artificiais ou falsos); não tendo a intenção de
aprender, não pode assimilar ativamente a matéria, integrando-a à sua
própria vida.
Essas desculpas não devem ser um impasse para a não contextualização dos
conteúdos químicos, pois para desenvolver a capacidade de tomada de decisão nos
alunos, é necessário que haja vinculação destes com o contexto social em que o
mesmo está inserido (SANTOS; SCHNETZLER, 1996). Além disso, na sociedade, a
Química ganha destaque, pois é um relevante instrumento para investigação,
produção de bens e desenvolvimento socioeconômico, e o aluno deve estar
preparado para sobreviver e atuar nesta sociedade científica e tecnológica
(WARTHA; FALJONI-ALÁRIO, 2005).
Além disso, Mendes (2011) afirma que o assunto Reações Químicas é central no
ensino de Química, pois a essência desta ciência é perceber, saber falar sobre e
32
Ainda, sobre o assunto, Mendonça, Campos e Jófili (2004, p. 46) destacam que:
Para tornar o ensino de reações de oxidação e redução mais prazeroso e mais fácil
de ser compreendido, é importante que o professor se preocupe em contextualizar
este conteúdo. Isso não é uma tarefa difícil, pois este fenômeno acontece no
cotidiano de todos os alunos, rotineiramente conhecido como processo de corrosão,
em que a ação do meio sobre um determinado material causa sua deterioração.
Desta forma, é possível relacionar os conteúdos científicos envolvidos neste
processo, com os aspectos tecnológicos, sociais, econômicos e ambientais,
favorecendo a formação de cidadãos críticos, preparados para atuar em uma
sociedade democrática. Além disso, por ser um problema constante no cotidiano dos
alunos, os mesmos se interessarão em entender as causas do processo de
corrosão, e buscarão formas de minimizar os danos causados por esse processo
(MERÇON; GUIMARÃES; MAINIER, 2011). Segundo Moraes e Rocha (2012),
quando o aluno tem interesse pelo assunto em estudo, o processo de ensino e
aprendizagem é mais motivador, pois o mesmo sente que é importante compreender
por qual motivo aquele fenômeno acontece.
A falta de materiais e reagentes não deve ser uma justificativa para a não realização
de aulas práticas, pois, segundo Puggian, Filho e Lopes (2012), os objetivos a serem
alcançados com a experimentação são mais importantes do que a utilização de um
aparato experimental sofisticado. É possível desenvolver experimentos simples,
utilizando materiais encontrados no dia a dia dos alunos e promover uma
aprendizagem efetiva.
Desta forma, pelas explanações realizadas, verifica-se que o tema reações químicas
é relevante para o ensino de química na educação básica por servir de base para a
compreensão de outros conteúdos desta ciência e de fenômenos que acontecem no
dia a dia dos alunos. Por isso, é importante que este assunto seja considerado
34
relevante pelos professores, para que forneçam meios com o intuito de propiciar
uma aprendizagem efetiva deste conteúdo.
35
4 REFERENCIAL TEÓRICO
Por isso, muitas pesquisas estão sendo realizadas, com o intuito de propor novas
metodologias de ensino, buscando-se a superação do tradicionalismo. A criação de
atividades diferenciadas voltadas para a construção do conhecimento e para a
valorização do aluno como ser humano torna a aprendizagem algo fácil, divertido e
vantajoso de ser desenvolvido (WERMANN et. al., 2011). A abordagem do ensino
por investigação pode ser utilizada como forma de inovar o processo educacional,
pois nele, o aluno é centro do processo de ensino-aprendizagem, e construirá o seu
próprio conhecimento, mediado pela ação do professor. Ainda, de acordo com
Carvalho (2013), é uma excelente estratégia para tornar a aprendizagem relevante,
pois proporciona aos alunos condições de trazer seus conhecimentos prévios para
36
iniciarem os novos, terem ideias próprias e poder discuti-las com seus colegas e
com o professor passando do conhecimento espontâneo ao científico.
O ensino por investigação constitui uma abordagem que tem uma longa história na
educação em ciência no mundo (SILVA; 2014). "Até a segunda metade do século
XIX, a educação científica tinha um currículo clássico que enfatizava, principalmente,
o estudo de Matemática e de Gramática" (DEBOER, apud ZÔMPERO; LABURÚ,
2011, p. 70). Quando a ciência começou a ser incluída nos currículos escolares, a
sua imagem era baseada no rigor da observação e do raciocínio indutivo e o ensino
tinha o objetivo de levar os estudantes a aprender como observar o mundo natural e
como extrair conclusões de suas observações com base na lógica indutiva (SÁ,
2009). No Brasil, Ferreira e Hartwing (apud RODRIGUES; BORGES, 2008) afirmam
que o ensino de ciências se iniciou em 1880 nas escolas secundárias de São Paulo.
1 O termo inquiry significa ensino por investigação, e tem como precursor o filósofo John Dewey.
37
Mas, de acordo com Vieira (2012), apesar das ideias progressistas de Dewey ter
agitado seu país, estas não foram implementadas no sistema educacional norte
americano, pela oposição que fazia frente ao modelo econômico da época. Suas
ideias começaram a se difundir nos EUA e em outros países ao longo do século XX,
e foi a partir disso que o conhecimento passou a buscar uma interação entre o
método científico e a possibilidade de atuação em questões sociais e morais
(PESSOA-PINTO, 2004).
Para mudar a forma como a ciência era ensinada, Trópia (2009, p. 5) afirma que,
Com isso, muitas críticas foram apontadas para o ensino por descoberta e voltadas
à formação de cientistas (DEBOER, apud ZÔMPERO; LABURÚ, 2011). "Devido a tal
situação, tanto no Brasil como nos demais países, começaram a ganhar força, nos
anos finais da década de 1970, as ideais construtivistas" (ZÔMPERO; LABURÚ,
2011, p. 72), em que o aluno é construtor do seu próprio conhecimento, valorizando-
se suas concepções prévias, para conversão do conhecimento espontâneo em
científico. Desta forma, o foco da educação era a formação do cidadão e das
habilidades que ele precisaria para interagir com um mundo científico (RODRIGUES;
BORGES, 2008).
Desta forma, observa-se que, no decorrer dos anos, a ideia de ensino por
investigação passou por modificações em função das necessidades políticas,
econômicas e sociais pelas quais a sociedade passou. Há uma ênfase maior em
utilização de atividades investigativas pelos americanos, sendo que no Brasil essa
tendência é pouco predominante, e também pouco enfatizada nos documentos
oficias de ensino (ZÔMPERO; LABURÚ, 2011).
O ensino por investigação surgiu com o intuito de, além de provocar uma mudança
conceitual nos alunos, causar uma modificação procedimental e atitudinal no
comportamento destes (MORAIS; NETO; FERREIRA, 2014). Os conteúdos
conceituais se referem ao conhecimento construído pela humanidade ao longo da
história, ou seja, a fatos, princípios e conceitos. Os procedimentais estão
relacionados aos métodos, técnicas, estratégias, desenvolturas manuais, entre
outros. E os conteúdos atitudinais referem-se ao saber trabalhar em grupo,
respeitando os colegas, e à aquisição de atitudes científicas, como racionalidade,
objetividade, curiosidade, pensamento crítico, entre outras (CAMPOS; NIGRO,
1999).
De acordo com Campos e Nigro (1999), para que os alunos aprendam investigando,
é necessário que eles se deparem com problemas, enfrentando-os de forma não
superficial, formulando hipóteses explicativas, para testá-las com o intuito de
solucionar o impasse. O professor, ao expor o problema aos alunos, também muda
sua postura, pois, deixa de agir como transmissor do conhecimento e passa a atuar
como guia (MOLENA; RITTER, 2014).
Além disso, o professor, que tem a função de mediador, deve promover a discussão
em sala de aula, valorizando os conhecimentos prévios dos alunos, pois, de acordo
com Campos e Nigro (1999), as explicações que os alunos dão aos fenômenos da
natureza devem ser analisadas não em comparação as explicações científicas, mas
41
Alguns autores estabelecem que o ensino por investigação deva ser realizado em
etapas. Zômpero e Laburú (2011) citam como etapas do processo de investigação, a
elaboração do problema pelos alunos, a elaboração de hipóteses, o planejamento da
investigação, o contato com novas fontes de informação (incluindo experimentos), a
leitura de materiais informativos, as visitas e por fim, a interpretação e conclusão dos
resultados. Os autores complementam ainda, dizendo que para o aluno abstrair os
conhecimentos estudados no processo investigativo, é necessário que utilizem estes
em situações novas e diferentes das que foram vivenciadas. Já Carvalho (2013),
afirma que a investigação deve ser proposta como uma sequência de ensino, em
que se inicia por um problema, experimental ou teórico, contextualizado, que
introduz os alunos no tópico desejado e oferece condições para que pensem e
trabalhem com as variáveis relevantes do fenômeno científico central do conteúdo
programático. Após esta etapa, é necessária uma atividade para sistematização do
conhecimento, como a leitura de um texto, para que os alunos discutam entre si e
com o professor, sobre a relação entre o problema inicial e o conteúdo relatado no
escrito. A terceira etapa deve ser contextualizada, para que os alunos sintam a
importância da aplicação do conhecimento construído do ponto de vista social.
Entretanto, é importante tomar cuidado para que as etapas não sejam seguidas de
modo algorítmico, como em um suposto método científico. A finalidade do ensino por
investigação deve ser o desenvolvimento das habilidades cognitivas dos alunos, a
42
Desta forma, o ensino por investigação se apresenta como uma excelente estratégia
de ensino para que, além de despertar a motivação e o interesse dos alunos pelo
conteúdo científico, os tornem ativos no processo de ensino e aprendizagem,
construtores do conhecimento, e cidadãos críticos, capazes de atuar na sociedade
em que vivem.
John Dewey, um dos filósofos e educadores mais reputado do século XX, nasceu
em 1859 em Burlington, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano de
Vermont. Seu interesse pela pedagogia surgiu da observação de que a escola de
seu tempo continuava, em grande parte, orientada por valores tradicionais, e não
havia incorporado as descobertas da psicologia, nem acompanhara os avanços
políticos e sociais (JOHN DEWEY: o pensador que levou a prática para a escola,
acesso em 15 nov. 2016).
A teoria de Dewey era baseada no pragmatismo, pois para ele o pragmatismo surgiu
com a intenção de reparar o atraso da filosofia em relação ao mundo moderno. Mas
43
Assim, constata-se que a teoria de Dewey era contrária ao ensino tradicional, pois
nesta prática escolar arcaica o professor é o detentor de todo o conhecimento, e o
aluno, como um "ser que nada sabe" recebe toda informação, de forma passiva.
Dewey defende que o ensino deve ser centrado no aluno, de forma que o mesmo
busque e construa o seu próprio conhecimento. O professor como mediador deve
orientar os discentes e direcionar o ensino para acontecimentos do cotidiano do
aluno. Além disso, o ensino proposto por Dewey parte de um problema
contextualizado e é a partir dele e através da investigação para solucioná-lo, com a
reflexão e elaboração de hipóteses, que o aluno irá adquirir os conhecimentos
relacionados aos conceitos estudados, desenvolvendo o espírito de pesquisador, e
consequentemente de cidadão crítico (OLIVEIRA, 2006).
Para Dewey (2002), a interação do homem com o meio social, com objetos e
indivíduos, é responsável pela construção do seu conhecimento. O acontecimento
da experiência faz parte da evolução do indivíduo, ajuda-o a construir conhecimento,
a movimentar-se no meio em que vive. Os desafios que se colocam no cotidiano de
todas as pessoas, bem como a reação que cada um tem frente a esses são
responsáveis pelo seu desenvolvimento e pelo seu aperfeiçoamento.
sociedade, e o Estado deveria assumir essa conduta, desde que fosse justo, de
forma que todos tivessem os mesmos direitos, independente da classe social. O
currículo mais apropriado para uma escola com as características construtivistas de
Dewey deveria atentar seriamente aos interesses das crianças, não como um
pretexto para gerar motivação, mas como uma forma de ensinar a relação essencial
entre conhecimento humano e experiência social (TEITELBAUM; APPLE, 2001).
Mas para que os cidadãos pudessem exercer seus direitos, era necessário haver
democracia, pois sem os direitos dos indivíduos protegidos e reconhecidos, não há
democracia e sem democracia torna-se impossível garantir a todos,
independentemente de suas condições econômicas e sociais, o direito a educação
de qualidade (CAMURRA; TERUYA, 2008). Desta forma, ao mudar os homens,
Dewey objetivava mudar principalmente a sociedade, tornando-a justa e, portanto,
democrática.
atividades, textos, dinâmicas, fóruns, debates, entre outros. Por isso, as sequências
didáticas são ferramentas facilitadoras que têm contribuído para a melhoria da
qualidade do ensino e para a formação de pessoas críticas, que sabem avaliar,
argumentar e tirar suas próprias conclusões, pois seu uso cria oportunidades para
ação, discussões, debates e reflexões. Assim, os alunos ficam mais envolvidos com
o conteúdo, tendo uma maior percepção e, consequentemente, uma facilidade maior
na compreensão do conteúdo trabalhado, havendo interação entre professor e
aluno, em um clima de confiança e descontração (OLIVEIRA, 2015).
É importante que o professor deixe claro para os alunos os objetivos que se deseja
alcançar com a realização da SD. No geral, os objetivos são: conduzir os discentes a
uma reflexão e apreensão acerca do ensino proposto e almejar que estes
conhecimentos sejam aplicados pelos alunos em suas vidas, ou seja, que utilizem o
que aprenderam em acontecimentos do cotidiano (LEAL; RÔÇAS, [s. d.]).
Assim, verifica-se que o uso de sequência didática aliada à Dinâmica dos Três
Momentos Pedagógicos propostos por Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2002)
proporcionam um ensino contextualizado, problematizador, e, portanto, investigativo.
Contextualizado, pois parte de um problema do cotidiano dos alunos, em que os
mesmos, para resolvê-lo, necessitarão de seus conhecimentos espontâneos,
adquiridos a partir de sua vivência na sociedade. Problematizador, pois, através das
atividades propostas pelo professor, o aluno será instigado a refletir sobre o assunto,
discutir com os colegas, elaborar hipóteses e chegar a uma solução. Com isto, seu
conhecimento científico é construído a partir do seu envolvimento na atividade.
Desta forma, o aluno é ativo no processo de ensino e aprendizagem, e o ensino
assume características investigativas.
49
5 METODOLOGIA
Quanto à natureza, pode ser classificada como pesquisa aplicada, pois objetiva
gerar conhecimentos para aplicação prática, é dirigida à solução de problemas
específicos e envolve verdades e interesses locais (GERHARDT; SILVEIRA, 2009).
Quanto aos objetivos a pesquisa apresentada neste relatório pode ser classificada
como pesquisa explicativa, pois tem o intuito de identificar os fatores que
50
Quanto aos procedimentos técnicos, pode ser classificada como uma pesquisa-
ação, pois é concebida e realizada em associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo
ou participativo (THIOLLENT, 1988).
Foi fundada em 1974, em uma área de 200 m 2, tendo como primeira professora
Rosa Amado dos Santos.
Ao longo dos anos, sofreu várias alterações no nome e, em 1998, recebeu o que
apresenta atualmente. No que diz respeito à estrutura física, também houve muitas
mudanças, como ampliação e reforma, sendo a última concluída em 2009.
Fotografia 2 – Espaços da EEEFM Santo Antônio. (a) Refeitório (b) Rampa de acesso à escola (c)
Corredor de acesso às salas de aula (d) Pátio externo (e) Pátio interno (f) Laboratório de ciências
(a) (b)
(c) (d)
(e) (f)
A EEEFM Santo Antonio está localizada em uma região de periferia, constituída por
famílias de baixa e média renda, atendendo uma clientela bastante diversificada em
relação ao contexto social e necessidades especiais. Possui capacidade total de
matrícula para 1.256 alunos. No contexto atual, há a necessidade de considerar os
alunos de maneira heterogênea, levando em conta a história de vida, experiência
cultural, relacionamentos e ambientes vivenciais de cada um.
52
A pesquisa foi realizada com três turmas da 1ª série do Ensino Médio, sendo uma do
turno matutino e duas do turno vespertino. Estas foram escolhidas para participarem
do projeto, pois são as turmas que a pesquisadora leciona a disciplina de química.
Além disso, o Currículo Básico Comum do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2009)
recomenda que o conteúdo Reações de Oxidação e Redução seja lecionado na 1ª
série do Ensino Médio.
Segundo Farago e Fofonca (2012), esta fase tem o intuito de organizar os dados
para que o analista possa conduzir com as próximas operações de análise. Assim,
realiza-se a escolha dos documentos a serem analisados, formula-se hipóteses para
a elaboração de indicadores para a interpretação final.
Na terceira fase, como próprio nome diz, “os resultados brutos são tratados de
maneira a serem significativos [...] e válidos” (BARDIN, 1997, p. 101), sendo
submetidos a operações estatísticas simples ou mais complexas. O analista, tendo
em mãos resultados significativos e fiéis, pode propor inferências e realizar
interpretações acerca dos resultados obtidos (BARDIN, 1977).
57
Um aluno de cada grupo foi escolhido pelos representantes de sua equipe para irem
até o mural e selecionar uma das reportagens fixadas. Após, a pesquisadora
explicou que o grupo deveria ler a notícia escolhida, selecionar os termos científicos
que a mesma apresentava, e discutir entre eles um possível significado para aqueles
termos. Posteriormente, cada equipe deveria apresentar à turma o conteúdo da
reportagem, os termos científicos que foram destacados, e o que eles achavam que
significava.
Para avaliar o que os alunos aprenderam com este momento de debate entre toda a
turma, a pesquisadora pediu que eles fizessem um pequeno texto sobre o que foi
compreendido por eles. Assim, fez-se uma análise acerca do que eles aprenderam
com esta etapa da sequência didática.
Esta etapa teve como objetivo mostrar aos alunos que não é somente o ferro que
sofre oxidação. Outros metais podem ser oxidados, com mais ou menos velocidade
que o metal citado.
Nos outros 4 recipientes de vidro, foi adicionado 100 mL da água que abastecia as
casas da população mateense e que no momento da coleta possuía uma quantidade
significativa de sais (coletada na casa da pesquisadora). Acrescentou-se no primeiro
recipiente, um pedaço de ferro, no segundo, um pedaço de alumínio, no terceiro, um
pedaço de cobre, e no quarto, um pedaço de zinco. Os 4 recipientes foram rotulados
com a legenda: Líquido B.
Fotografia 4– Circuito elétrico montado para mostrar a condução de eletricidade da água salgada.
Tabela 2 - Quantidade de alunos que compuseram os grupos para a realização dos trabalhos na feira
de ciências.
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 Grupo 4 Grupo 5
Turma A 5 alunos 6 alunos 4 alunos 7 alunos 4 alunos
Turma B +
Turma C 9 alunos 13 alunos 6 alunos 7 alunos 5 alunos
Fonte: Dados da autora
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para apresentar o projeto aos alunos, a pesquisadora atuou como guia de uma
conversa, problematizando acerca do acontecimento na cidade de São Mateus: o
abastecimento das casas com água com um nível de sal acima do permitido, devido
ao avanço do mar sobre o rio que abastece a cidade. A conversa, gravada em áudio,
foi analisada e está transcrita abaixo.
P – bom pessoal ... o ano passado ... nós ... que somos moradores de São
Mateus passamos por um momento tenso que afetou nossas vidas prejudicando
nossa qualidade de vida (...)
A1 – foi a água salgada professora?
A2 – água salgada
P – (...) que momento foi esse, gente?
A2 – a água salgada! ((com entonação de entusiasmo))
A3momento
No - Foi a água salgada
acima, em alunos
poucos casa. ficaram calados diante da pergunta feita, e a
maioria deles, empolgados, mencionaram a falta de água doce em suas casas.
Assim, verificou-se que este problema foi vivenciado por eles e no momento em que
a pesquisadora iniciou a conversa, imediatamente lembraram-se da situação. Então,
a pesquisadora prosseguiu com mais perguntas.
68
P – então gente ... essa falta de água doce em nossas casas nos trouxe alguns
prejuízos né ... que prejuízos foram esses?
A4 – a resistência do chuveiro queimou
A5 - tivemos que tomar banho frio, porque o chuveiro dava choque
A6 – a torneira da pia enferrujou
P – hum:: ... então vocês observaram que as torneiras enferrujaram ... Mas
porque será que a água salgada fez as torneiras ou outros objetos de metal
enferrujarem?
P: então gente ... muitas vezes vemos algo acontecendo no nosso dia-a-dia ...
como a água salgada enferrujando os metais e não conseguimos entender e
explicar porque aquilo aconteceu ... muitos fenômenos no nosso dia-a-dia têm
relação com a química ... a química está em todo lugar ... para entender o que
acontece ao nosso redor é importante estudar cientificamente o processo ... por
isso que eu falo com vocês que aprender química é tão importante ... e olha que
legal ((entonação de entusiasmo)) ... vamos conseguir entender porque a água
salgada que chegou em nossas casas enferrujou as torneiras e outros objetos de
metal
Na Tabela 3 tem-se a população e amostra dos alunos que participaram desta etapa
da sequência didática, ou seja, que responderam o questionário diagnóstico.
Não
Sim
18 13 4
45 Uma vez
Duas vezes
1 Trêz vezes
Como pode ser observado, um maior número de alunos (45) afirmou nunca ter
reprovado na primeira série do ensino médio. Dentre os 18 alunos que afirmaram já
ter reprovado, 13 disseram ter sido uma vez, 4 disseram ter sido 2 vezes e 1 aluno
disse ter reprovado 3 vezes nesta série. Dessa forma, pode-se considerar que a
maioria dos alunos nunca havia tido contato com o assunto Reações de Oxidação e
Redução, já que é um conteúdo da 1ª série. Assim, constata-se que os tópicos a
serem estudados no projeto “Por que Enferrujou?”, eram contidos de termos
científicos novos para a maior parte dos alunos. De acordo com Villani e Pacca
(1997), a aprendizagem de termos científicos é uma das finalidades do ensino de
ciências e o professor deve atuar como mediador deste processo, promovendo a
reformulação do conhecimento prévio dos alunos, até que este se converta em
conhecimento científico.
Gráfico 3 – Respostas dos alunos, separadas por categorias, quando foi perguntando sobre a
definição de ferrugem.
3 Descuido com o metal
9 Não respondeu
2 3
Fonte: Dados da autora.
É importante destacar que dos 29 alunos que não responderam à questão sobre
ferrugem, 6 eram reprovados. Ou seja, a maior parte dos alunos que já haviam
reprovado (12 alunos) responderam à pergunta feita. Supõe-se que devido o fato
deles já terem estudado sobre o assunto, se sentiram seguros em responder esta
questão.
A primeira categoria foi classificada como “Descuido com o metal”, em que três
alunos afirmaram que a ferrugem ocorre devido à falta de cuidado com o material,
deixando-o muito tempo parado no mesmo lugar. Abaixo tem-se a resposta de um
aluno que se enquadrou nesta categoria.
Aluno 1: “É uma coisa que enferruja quando você acaba não cuidando”.
Resposta deste tipo mostra que o aluno não consegue explicar a verdadeira causa
do processo de oxidação. Além disso, acredita-se que por verificarem que portões
de ferro, quando pintados com tinta à óleo, são protegidos do processo de oxidação,
atribuíram a causa do processo de corrosão à falta de cuidado com o metal.
A frase do Aluno 3 chama atenção, quando ele escreve “o ferruge consome o ferro”,
indicando que o mesmo não sabe o significado do termo ferrugem – além de não
saber escrever corretamente -, visto que a ferrugem é a conversão do ferro em óxido
de ferro (Fe2O3), causado pela oxidação do metal. Logo, a ferrugem não é algo que
consome o ferro. Isso mostra que apesar de ser um fenômeno que eles veem
constantemente no seu dia a dia, não compreendem cientificamente o processo em
si. A fala “o ferruge consome o ferro”, pode ser explicada segundo o que Mortimer e
Miranda (1995) afirmam. Para eles, os estudantes utilizam a explicação animista
para explicar alguns fenômenos, atribuindo comportamentos típicos dos seres vivos
às substâncias, em que a transformação é muitas vezes vista como a realização de
uma certa vontade da substância. No caso citado “a vontade da ferrugem é consumir
o ferro”.
Aluno 4: “Ferrugem é um processo que ocorre nos materiais que quando está
com ferrugem, ele dá uma aparência marrom com laranja e com cheiro
desagradável”.
A resposta mostra que os alunos sabem dizer o que é o fenômeno a partir do que
observam macroscopicamente (físico da substância). De acordo com Martins e
colaboradores (2015), os discentes, apesar de reconhecerem a existência do
fenômeno ferrugem, não entendem como o processo ocorre microscopicamente. Por
isso, não sabem citar as substâncias que atuam no processo, e apresentam
características físicas do fenômeno, observadas por eles em nível macroscópico. Na
química, entender os aspectos microscópicos é importante para que haja
compreensão cientifica dos fenômenos analisados, e este aspecto mostrou-se
ausente na maioria dos alunos que responderam à questão em análise.
74
O Aluno 6 citou o nome científico do processo conhecido por eles como ferrugem,
que é a oxidação. Este discente já havia reprovado uma vez na 1ª série do ensino
médio, por isso, pode-se prever que ele já havia estudado sobre o assunto, e por
isso soube responder à questão corretamente. Ao comparar o número de respostas
que se enquadraram nesta categoria com o número de alunos que responderam o
questionário diagnóstico, verifica-se que poucos conseguiram se aproximar do
verdadeiro significado do processo de ferrugem. Assim, constatou-se que a maioria
dos alunos não compreendia nem os princípios básicos do processo de oxidação,
pois poucos a classificaram como uma reação química.
A resposta deste aluno indica que ele atribui o termo ferrugem a oxidação de metais
diversos, e não somente a ferro, quando na verdade este termo é utilizado apenas
para a oxidação do ferro. Novamente percebe-se que os alunos não sabem significar
este termo, apesar de ser algo da vivência deles. Além disso, esta categoria mostra
que o que o aluno entende sobre o assunto, é o que ele observa no seu cotidiano,
ou seja, apresenta um conhecimento espontâneo sobre o conteúdo, que precisa ser
convertido em conhecimento científico, para que o mesmo realmente entenda como
o processo em estudo ocorre. Tornar o ensino de química contextualizado é uma
forma de fazer com que o aluno observe, detecte e entenda os fenômenos químicos
ao seu redor. Segundo Dewey (1978, p. 35), “a escola tem que se transformar em
um meio real, de experiências reais e de vida real. Só aí a criança poderá [...] criar
75
Aluno 8: “Quando algo enferruja é porque algum objeto sofreu uma mutação de
uma bactéria por muito tempo ao ar livre, sofrendo com chuva ou sol”.
Aluno 9: “Com o tempo o material começa a ser corroído por uma bactéria”.
6.1.2.3 Questão 3: Você sabe o nome científico do processo que causa a ferrugem?
Se a resposta foi SIM, qual o nome deste processo?
Sim
Não
Não respondeu
54
Fonte: Dados da autora.
Nota-se que um maior número de alunos disse não saber o nome científico do
processo que causa a ferrugem. Dos seis alunos que disseram saber, apenas um
deles respondeu corretamente, citando a oxidação como resposta à questão. O
aluno, repetente, foi o mesmo que citou o nome oxidação na pergunta de número
dois (O que você entende por ferrugem?). Por ele estar cursando a primeira série do
ensino médio pela segunda vez, pode-se deduzir que ele já estudou sobre o
conteúdo Reações de Oxidação e Redução, e por isso conhece o termo científico
oxidação. Os outros cinco alunos que afirmaram saber o nome do processo que
causa a ferrugem, responderam incorretamente à questão. Algumas respostas estão
descritas abaixo:
Aluno 1: “Decomposição”.
Aluno 2: “Maresia”.
Aluno 3: “Umidade do vapor”.
As respostas erradas dos alunos devem ser levadas em consideração, pois, “[...] é
possível interpretar o erro como algo inerente ao processo de aprendizagem e
ajustar a intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo, e assim alcançar níveis
superiores de conhecimento” (SUCLA, 2005, p. 174). Desta forma, o aluno pode
construir o seu próprio conhecimento partindo-se da análise dos seus erros.
77
6.1.2.4 Questão 4: Explique como o processo que causa a ferrugem ocorre. Use sua
criatividade! Pode fazer um esquema, desenho ou reação
Respondeu a
questão
Não respondeu a
questão
21 2 Água e sol
31 32 2
Maresia
7 Oxigênio
Água salgada
Figura 2 – Desenhos feitos por dois alunos, indicando que o processo de ferrugem ocorre devido a
exposição do metal a chuva (água) e sol.
Os alunos acreditavam que o sol é um agente que causa a ferrugem, que é uma
concepção incorreta. Assim, durante o desenvolvimento da sequência didática, é
importante que nos momentos de discussão com toda a turma, a pesquisadora faça-
os refletir, para que, durante a construção do conhecimento, percebam que o sol não
é um agente causador da ferrugem, pois se fosse, por que metais que estão dentro
de casa, ou em um ambiente com sombra, enferrujam? De acordo com Gasparin
(sem data), o caminho para que os alunos convertam o seu conhecimento
espontâneo em científico é longo, com etapas, avanços, recuos e retomadas e o
professor tem um importante papel neste processo. O docente, com a função de
mediador, não pode impor uma verdade, mas sim estabelecer ligações entre o que
os estudantes já conhecem e o novo conhecimento científico que pretende construir
com eles.
Aluno 1: “Quando pego um carro e colocamos perto da maresia, o sal da água vai
comer o carro com isso vai provocar o ferrugem”.
Aluno 2: “Pela maresia que causa corrosão nos metais”.
Figura 3 – Desenho feito por um aluno para indicar que um dos causadores do processo de oxidação
é o oxigênio.
Figura 4 – Aluno citou a água salgada como causadora da ferrugem, e desenhou exatamente o que
observou em sua casa quando a mesma foi abastecida com água salgada.
6.1.2.5 Questão 5: No seu dia-a-dia, quais são os materiais, que você observa, que
enferrujam mais facilmente?
que a pergunta deveria ter sido melhor formulada, para que o objetivo da mesma
tivesse sido alcançado. Os resultados obtidos, estão expostos no Gráfico 6.
19
Ferro ou
Alumínio
Objetos do
cotidiano
Não respondeu
38
Fonte: Dados da autora.
É importante salientar que dentre os objetos do cotidiano que foram citados, os que
apareceram com maior frequência foram: bicicleta, prego, faca, grades, Bombril e
carro. Ainda, verificou-se que 19 alunos mencionaram apenas o ferro e alumínio
como metais que sofrem oxidação facilmente. Outros, como cobre, magnésio, zinco,
etc. não foram citados. No cotidiano dos discentes, os metais que são utilizados com
maior frequência, para fazer portões, grades ou janelas, são o ferro e o alumínio. Por
isso, acredita-se que os mesmos citaram estes metais devido a observação do
processo de oxidação destes no seu dia a dia. Segundo Debald e colaboradores
(2013), o aluno faz uso do conhecimento empírico, que é o conhecimento adquirido
através da observação, em situações escolares, e o professor deve utilizar disso
para construir um diálogo com os discentes, permitindo assim que estes construam
seu próprio conhecimento científico.
Não respondeu
Água e oxigênio
Água salgada
2 Água e sol
Pouco uso
Envelhecimento
23
14
Analisando-se o gráfico acima, nota-se que uma minoria de alunos (dois), citaram o
oxigênio como causador da oxidação de metais. Os outros alunos citaram fatores
macroscópicos, alguns que nem contribuem para a corrosão de metais, como
envelhecimento, pouco uso e sol. Algumas respostas estão apresentadas abaixo:
Macedo e Penha (2014) fizeram uma pesquisa com 65 alunos, com o intuito de
investigar o perfil conceitual destes sobre o conteúdo Reações Químicas. Segundo
as autoras, ao analisar as respostas dos discentes no questionário aplicado, ficou
claro que as influências que as mudanças visuais exercem na construção de ideias
83
Quadro 3 - Temos científicos selecionados das reportagens, e o significado dado pelos alunos.
Termos científicos Explicações dadas pelos alunos (em grupos)
- Índice de sal na água;
- Partes por milhão;
- Limite de água salgada que pode ser usada;
250 ppm - Quantidade de água que a bomba puxa do rio;
- Valor referente a quantidade de água salgada por
metro quadrado.
0,24 g/L de sal na água - A quantidade de sal que tem na água.
- Processo de enferrujamento;
Oxidação - Quando algo enferruja pela presença de sal na água e
oxigênio.
- Água que pode beber;
Água potável - Água que tem sal na quantidade certa.
- Ferve e pode ingerir;
Água não potável - Não pode ser consumida.
- Causa: O sal sua e forma a camada líquida que causa
a ferrugem;
- Causa: Sol, água, sal, chuva;
Ferrugem - Causa: Tempo/ar (não citou o oxigênio)
- Outros metais, como cobre e alumínio, também
enferrujam.
- Sal que tem na água do mar. Não é o sal que temos
Cloreto em casa.
Água salobra - Água que tem bastante sal.
Fonte: Dados da autora.
Verifica-se que a maioria das explicações dadas pelos alunos, não dizem respeito ao
verdadeiro significado dos termos científicos. De acordo com Marques (sem data),
os estudantes podem explicitar sua concepção científica acerca das questões
86
desafiadoras que lhes são apresentadas. Desta forma, as respostas dadas por eles
são indícios dos conhecimentos prévios que apresentam sobre o assunto. Os
conhecimentos prévios são os conhecimentos que o aluno possui e que aprendeu
antes da escola, ou em anos escolares anteriores. O mesmo utiliza essas ideias
para se comunicar com as pessoas no seu dia a dia e estabelecer as relações
sociais necessárias para a solução de problemas que surgem, ou seja, é a sua
forma de falar, de pensar, de se expressar, sem levar em conta se a palavra ou as
expressões que usa estão de acordo com a norma culta, ou se manifestam a
dimensão científica (GASPARIN, sem data).
Sobre o termo ppm, algumas reportagens sinalizavam que significava partes por
milhão. Por isso, alguns grupos, no momento de apresentação da reportagem,
afirmaram que ppm significava partes por milhão. Uma parte da conversa para
obtenção do real significado do termo está descrita abaixo.
P - gente::: silêncio... vamos lá... então vocês disseram que ppm pode ser índice de
sal na água OU partes por milhão OU limite de água salgada que pode ser usada
OU quantidade de água que a bomba puxa do rio OU valor referente a quantidade
de água salgada por metro quadrado... vocês acham que está correto?
A1 – é partes por milhão porque eu li na reportagem... tava escrito assim
P – hum::: mas o que será que significa partes por milhão? tem que olhar o sentido
da palavra ... olha lá ... partes por milhão ... alguém consegue dizer pra mim o que
significa? vamos pensar gente
((silêncio))
P – gente ... e ai?
A2 – eu acho ... (risos) (...)
P – pode falar ... vamos lá gente ... escutar o colega
A2 – eu acho que tem a ver com quantidade... tipo assim ... uma quantidade em um
milhão de quantidades
P – muito bem... vocês acham que é isso também?
Neste momento, a maioria dos alunos concordou com o que o colega disse. O
discente que respondeu à pergunta, interpretou a palavra partes por milhão, como a
pesquisadora sugeriu, e definiu o termo ppm, utilizando-se de linguagem coloquial
(não científica). A partir do que o aluno disse, a pesquisadora explicou o significado
de ppm, ou seja, a partir dos conhecimentos prévios dos alunos, ensinou um
assunto da disciplina de química. O termo ppm está relacionado com a massa de
soluto em 1.000.000 gramas de solução. Por exemplo, 250 ppm equivale a 250
gramas de sal em 1.000.000 gramas de água, ou, como o próprio aluno afirmou,
uma quantidade em um milhão de quantidades. Desta forma, verifica-se que a
88
O segundo termo a ser discutido, 0,24 g/L de sal na água, diz respeito a
concentração de uma solução, assim como ppm. O trecho da conversa para
determinar o significado do termo, está descrita abaixo.
P – gente ... vamos lá ... continuando ... o próximo termo que vocês selecionaram foi
zero vírgula vinte e quatro g barra l ... e vocês disseram que significa a quantidade
de sal que tem na água né ... ainda acham que é isso?
A3 – eu acho que é
A4 – é isso mesmo professora
P – mas olha só gente ... depois do número tem umas letras ... olha lá ... letra g e l ...
alguém sabe me dizer o que isso significa?
((silêncio))
P – olha direitinho ... esse g significa o que?
A5 – eu acho que é grama porque tem a ver com quantidade ... igual quando pesa
alguma coisa pra saber quanto que tem
P – isso ai ... e o l gente? é o que?
A6 – litro professora?
P – isso ai ... muito bem gente ... tá vendo ... vocês sabem ... então olha só zero
vírgula vinte e quatro gramas barra litro ... a barra significa por ... então fica como?
A7 – zero vírgula vinte e quatro gramas por litro
89
P – o próximo termo que vocês selecionaram foi oxidação ... vocês já ouviram esse
nome no dia a dia de vocês?
A1 – eu não
A2 – tem aquele negócio ... aquilo ... ai esqueci ... que a gente compra pra passar no
carro... ANTIOXIDANTE
P – o nome é parecido ... e o antioxidante serve pra que gente?
A2 – eu acho que é pra não enferrujar
P – e esse nome enferrujar ... pensa ai gente ... ele lembra que nome?
A3 – ferro
A4 – o ferro
P – isso ... muito bem ... então ferrugem a gente observa que o metal fica corroído ...
é a corrosão do metal ... de qual metal?
A5 – do ferro
P – MUITO BEM:: ... ((palmas e gritos)) vamos lá ... então ferrugem é o nome dado
pra corrosão do metal ferro (...)
A6 – se ferro é ferrugem alumínio é aluminado? ((risos))
90
P – isso ai gente ... oxidação é um nome científico pra corrosão de vários metais ...
mas cientificamente o que é oxidação?
A9 – ai professora ... aí é demais ... sabemos isso não
P – olha lá a palavra no quadro ... o-xi-da-ção ... lembra o que?
((silêncio))
P – o-xi (...)
A10 – gênio
A11 – oxigênio
P – muito bem:: a palavra oxidação lembra oxigênio ... então quem é o principal
agente do processo de oxidação ... que é a mesma coisa que corrosão?
A12 - o oxigênio
P – isso ai ... então a corrosão ocorre porque os metais reagem com o oxigênio ... e
onde que o oxigênio tá gente?
A13 – tá no ar
P – isso ai gente ... então no ar tem um monte de oxigênio ... o oxigênio reage com
os metais causando a corrosão neles... no processo de oxidação os metais perdem
elétrons... vocês sabiam? mas esses elétrons criam asinhas e saem voando por ai?
((risos))
91
A14 – não:::
A15 – não:::
P – não criam asinhas e saem voando não gente ... alguém vai pegar esses elétrons
que estão saindo dos metais ... quem vai pegar?
((silêncio))
P – quem tá reagindo com os metais que vai pegar esses elétrons?
A16 – o oxigênio
P- muito bem::: ((palmas)) gente ... presta atenção agora ... o metal reage com o
oxigênio e perde elétrons ... e o oxigênio pega esses elétrons pra ele ... é uma
transferência de elétrons ... o metal sofre oxidação quando perde elétrons ... ou seja
oxida ... e o oxigênio ganha elétrons ... e tem um nome pra científico pra isso ...
alguém sabe me dizer?
((silêncio))
P – o nome é RE-DU-ÇÃO ... então o metal perde elétrons e sofre oxidação e o
oxigênio ganha elétrons e sofre redução ... essa é uma reação de transferência de
elétrons ... essa reação tem um nome ... alguém sabe me dizer que nome que é?
A17 – vixe ... sei não
P – olha as duas palavras ... se a gente juntar oxidação com redução dá o que?
A18 – redação
A19 -oxidução
P – né não gente ... tá quase
A20 – oxirredução
P – MUITO BEM::: isso ai ... reação de oxirredução ... e a água salgada gente? o
que ela faz?
A21 – vai ver que ela faz enferrujar mais rápido
P – muito bem... ela acelera o processo
Neste momento a pesquisadora explicou aos alunos que a água salgada acelera a
transferência de elétrons, por ser uma solução eletrolítica. A determinação do
significado do termo oxidação e ferrugem foi um momento em que a pesquisadora
necessitou de cuidado e paciência, pois envolvia muito conhecimento. É fácil dar a
resposta pronta aos alunos, mas ao fazer isso, o professor não dá liberdade para
que os mesmos construam seu conhecimento e sejam ativos no processo de ensino
e aprendizagem. Segundo Santos (sem data), quando o professor dá resposta
92
pronta ao aluno, evita que o mesmo faça o esforço necessário para aprender,
causando uma acomodação cognitiva e poupando o “sofrimento” de vivenciar a
angustia de imaginar diferentes e possíveis situações de exercitar o modelo de
ensaio e erro. Desta forma, ao problematizar o ensino, abre-se as possibilidades de
aprendizagem, pois os conteúdos não são tidos como fins em si mesmo, mas como
meios essenciais na busca de respostas.
Os termos água potável e água não potável foram discutidos juntos e a transcrição
da conversa está descrita abaixo.
P – gente, agora sobre a água potável e a água não potável ... vocês disseram que a
água potável pode beber e tem sal na quantidade certa e a água não potável se
ferver pode ingerir ... ainda concordam com isso?
A1 – eu acho que mesmo se ferver não pode ingerir não
P – por que? vocês concordam pessoal?
A1 – porque se for uma agua de foça e ferver ela não vai ficar limpa
P – se tiver coliformes fecais né? Imagina aí gente ... uma agua que tenha cocô ...
será que se a gente ferver ela vai ficar limpa?
A2 – nossa que nojo ... claro que não professora
A3 – eu acho que não vai não
P – quem teria coragem de beber essa agua?
A4 – nossa::: Deus me livre ... eu não bebo
P – pois é gente ... a água potável a gente pode beber e ela realmente tem os
minerais e sais na quantidade certa ... já a água não potável nós não podemos
ingerir ... mesmo se ferver ela não vai se transformar em água potável ... tem que
fazer outros tratamentos
Os termos cloreto e água salobra foram tratados numa mesma conversa, que está
transcrita abaixo.
P – gente ... vamos lá ... pra finalizar vocês disseram que cloreto é o sal que tem na
água do mar mas não é o sal que temos em casa ... ainda concordam com isso?
A1 – eu acho que é isso
P – vamos pensar ... qual o nome do sal de cozinha que temos em casa? vocês
sabem ... eu já disse várias vezes
A2 – cloreto de sódio
P – isso ai:: e tem a palavra cloreto ... então o cloreto é o sal que temos em casa?
A3 – SIM:::
P – muito bem gente ... o cloreto é um íon que está no cloreto de sódio ... ele faz
parte do sal ... e vocês acham que só existe o cloreto de sódio de sal?
A4 – não ... tem aquele outro ... é ... bicarbonato de sódio ... parece um sal
P – muito bem ... existem vários tipos de sais ... não tem só o cloreto de sódio ... o
bicarbonato também é um sal ... e água salobra gente? é o que?
A5 – uma água que tem sal
P – que tem pouco ou muito sal?
A6 – muito sal
A7 – tem muito
Nota-se que poucos alunos fizeram o texto solicitado pela pesquisadora. Acredita-se
que isso ocorreu pois não valia nenhuma pontuação, por isso, mesmo a professora
motivando-os para que participassem, expondo seus conhecimentos na escrita,
poucos fizeram a atividade proposta. De acordo com Chaves (sem data), o professor
leciona, avalia e atribui notas, cumprindo as exigências legais da instituição, e o
aluno, na maioria das vezes, submete-se a esse “ritual”, ou seja, se preocupa mais
em passar na disciplina, em conseguir notas, do que em adquirir conhecimento.
Aluno 1: “Para sabermos por que algo enferruja, primeiramente devemos saber o
significado da palavra ferrugem. Ferrugem significa oxidação ou corrosão do ferro,
ela ocorre graças a perde de alguns elétrons do ferro. [...] os elétrons ‘perdidos’ no
processo de oxidação não somem do nada e sim vão para o oxigênio no processo
chamado redução. Quando juntamos o processo da oxidação e o processo da
redução obtemos a oxirredução que é caracterizada pela perda (oxidação) e ganho
(redução) de elétrons do ferro para o oxigênio.”
Aluno 2: “Sobre o que é potável e o que não é potável, água potável ela pode ser
consumida tem sal na quantidade certa, e água não potável não pode ser
consumida, tem microorganismos. [...] revisamos o que é salobra que é uma
quantidade bem elevada de sal na água [...] oxirredução que nela há dois fatores:
oxidação e redução, que junto os dois dá a transferência de elétrons. [...] citamos
95
também que não só o ferro que enferruja mais há outros como: o cobre, o ouro, a
prata e etc...”
Aluno 3: “Ferrugem não é uma palavra certa a ser usado, pois ‘ferrugem’ está
relacionado a oxidação do ferro, por se falar de metais o nome exato a se relacionar
a esse processo é oxidação. Existem vários fatores que podem estar relacionado a
‘ferrugem’, mas o principal é o oxigênio (O2).”
Aluno 4: “Primeira coisa que descobrimos que o termo ferrugem só pode ser usado
quando o ferro sobre oxidação, por que nós temos costume de falar que qualquer
metal enferrujou. A oxidação é um processo no qual acontece a perda de elétron, no
qual o oxigênio é um dos principais componentes causadores desse processo e
existe componentes que pode acelerar esse processo que é água e sal e também
entendemos sore um processo chamado redução que é ganho de elétrons.”
Aluno 5: “Na reportagem eu aprendi que a água salgada estava enferrujando várias
coisas como eletrodomésticos, pias, torneiras e outros objetos de ferro e metal. E na
discussão aprendi que a forma correta de dizer é oxidou e não enferrujou, e que a
ferrugem ocorre devido a uma reação de oxirredução, na qual ocorre entre os
átomos transferência de elétrons e o sal ajuda mais rápido no processo de
oxidação.”
Entretanto, 4 alunos citaram o sol como fator que acelera o processo de oxidação. O
trecho do texto de um aluno está descrito abaixo.
Aluno 6: “Tem vários fatores para se citar da ferrugem por exemplo o oxigênio que
faz realmente enferrujar, e também tem fatores que aceleram o enferrujamento por
exemplo o sol e a água, e o nome dado a ferrugem é a oxidação que ajuda, sobre o
processo de ferrugem. Por exemplo uma bicicleta se estiver no sol o processo de
ferrugem será mais rápido, não como o sol mais como também a água. Mais o que
96
afeta o enferrujamento é o oxigênio então não tem como escapar, por um tempo o
metal será enferrujado.”
Verificou-se que isso não é uma particularidade dos alunos que participaram desta
pesquisa, pois nos trabalhos de Fragal e colaboradores (2011) e Martins e
cooperadores (2015), os alunos citaram o sol como um fator que causa a ferrugem.
Como já foi explanado anteriormente, os alunos tendem a explicar os fenômenos a
partir do que observam macroscopicamente. No cotidiano, por verificarem materiais
oxidados expostos ao sol (fator macroscópico), atribuem a ele a causa do processo
de corrosão.
A experimentação foi utilizada para que os alunos pudessem observar que outros
metais além do ferro, podem sofrer oxidação.
A pesquisadora explicou aos alunos que eles iriam observar os potes durante três
semanas, e através das mudanças ocorridas, deveriam descobrir a composição do
Líquido A e do Líquido B. Durante a montagem do experimento os alunos ficaram
atentos às ações da pesquisadora e curiosos para descobrir a composição do
Líquido A e do Líquido B, quiseram cheirá-los para ajudar a solucionar o problema.
Uma aluna afirmou que imaginava que um dos líquidos fosse álcool, mas que mudou
de opinião após cheirá-los.
A maioria dos alunos afirmou que um deles era água doce e o outro era água
salgada, mas sem dizer precisamente qual era o Líquido A e o Líquido B. Acredita-
se que os mesmos fizeram essa suposição, pois o Projeto “Por que enferrujou?”
estudou sobre a influência da água salgada no processo de oxidação dos metais,
logo, imaginaram que na experimentação observariam este fator. Desta forma, já no
início da realização do experimento, notou-se que os alunos começaram a elaborar
hipóteses para solucionar o problema proposto, ou seja, para determinar a
composição do Líquido A e do Líquido B. De acordo com Wilsek e Tosin (2009),
num ambiente em que ocorrem debates acerca do fenômeno em questão, as
hipóteses vão surgindo e sendo discutidas e até eliminadas no decorrer da aula.
Desta forma, focalizam e orientam a resolução de um problema, indicando os
parâmetros a se levar em conta (os dados a buscar). Além disso, permite um diálogo
hipotético-dedutivo, que servem de ancoradouro para o processo de aquisição do
objeto do conhecimento.
Os alunos foram orientados a anotar no diário de bordo tudo que foi feito no dia, bem
como as características dos metais utilizados e dos líquidos A e B. Também foram
instruídos a tirar foto de toda observação feita, para anexar no diário de bordo, ou
desenhar, pois alguns alunos relataram não ter condições para imprimir ou revelar
as fotos. As anotações feitas por um grupo estão apresentadas na Figura 6.
99
Inicialmente perguntou aos alunos qual metal tinha oxidado com maior intensidade,
tanto no Líquido A como no B e os alunos citaram o ferro. A partir disso, a
pesquisadora explicou aos discentes sobre o potencial padrão de oxidação dos
metais, que é um número que indica a tendência do metal oxidar, isto é, quanto
maior o valor, maior a oxidação do metal. Assim, escreveu no quadro as semi-
reações de oxidação dos metais utilizados na prática (ferro, alumínio, cobre e zinco),
juntamente com seus potenciais padrões de oxidação e pediu que os alunos
observassem o valor de cada um. A Tabela de potencial padrão de oxidação que a
pesquisadora apresentou aos alunos está mostrada abaixo.
A pesquisadora perguntou aos alunos qual era o metal que, segundo o potencial
padrão de oxidação, deveria ter oxidado primeiro. Os alunos responderam
corretamente, citando o alumínio. Posteriormente, a pesquisadora continuou
perguntando quem oxidaria depois, e os alunos colocaram os metais em ordem
decrescente de oxidação, disseram que primeiro seria o alumínio, depois o zinco,
ferro e por último o cobre. Ao responderem corretamente, a pesquisadora continuou
a conversa, e perguntou aos alunos, porque o alumínio e o zinco, na prática, foram
os que oxidaram menos, quando na verdade, considerando o potencial padrão de
oxidação, deveriam ter oxidado mais. Os alunos não souberam responder à
pergunta feita, e a pesquisadora explicou a eles sobre o processo de passivação
que ocorre com estes metais.
de passivação. Por isso foi observado que o alumínio e o zinco oxidaram pouco,
quando comparados com o cobre e o ferro.
Com a ajuda dos alunos, foi feito também um mural com as fotos dos mesmos
realizando as atividades do projeto (Fotografia 12), para expor na feira de ciências.
105
Fotografia 12– Mural de fotos produzido para ser exposto na feira de ciências.
Os alunos responsáveis por esta tarefa, explicaram sobre o que foi feito no
experimento em que os metais, cobre, alumínio, zinco e ferro foram inseridos nos
Líquidos A e B. Além disso falaram sobre as mudanças detectadas durante as três
semanas de observação. Na Fotografia 13 tem-se o registro deste momento.
Fotografia 13– Grupos responsáveis por explicar sobre o experimento de observação. (a) Grupo 1 do
turno matutino. (b) Grupo 1 do turno vespertino.
6.3.1.3 Grupo 3: Explicação sobre o potencial padrão de oxidação (Eºoxi) dos metais
utilizados (ferro, cobre, alumínio e zinco)
Fotografia 17- Desenho produzido pelo Grupo 4 do turno vespertino para explicar o processo de
passivação do alumínio e zinco.
O grupo do turno vespertino criou uma história em forma de quadrinhos para explicar
o fenômeno. Inicialmente, um componente do grupo lia o que estava escrito no
cartaz, e posteriormente, os outros componentes explicavam cientificamente sobre o
processo de passivação.
não dá oportunidade aos alunos para expressarem sua criatividade e mostrarem que
são capazes. Segundo Martins (2015), o ensino por investigação tem a capacidade
de formar alunos criativos, devido ao desenvolvimento do pensamento crítico, da
postura reflexiva e das opiniões fundamentadas, o que não acontece no ensino
tradicional, no qual o aluno é um mero receptor de informações.
Fotografia 18- Cartaz produzido pelo Grupo 5 para explicar sobre a condução de
eletricidade da água salgada. (a) Cartaz do Grupo 5 do turno matutino (b) Cartaz do Grupo
5 do turno vespertino.
7 Oxidação do ferro
3 Desgaste do ferro
3 Transferência de
elétrons
2
31 Termo ferrugem
está errado
8 Causa da ferrugem
Não respondeu
Nota-se que a maior parte dos alunos respondeu corretamente, ao afirmar que
ferrugem é o processo de oxidação do ferro (primeira categoria). Durante todo o
projeto, o significado do termo foi esclarecido, por isso, no questionário final os
alunos souberam responder à questão adequadamente. As respostas de alguns
alunos estão apresentadas abaixo.
113
Nota-se que a resposta do Aluno 5 apresenta um erro, pois o mesmo afirma que a
ferrugem é um processo que corrói os metais em geral, quando, na verdade, este
termo é utilizado apenas para o ferro. Somente este aluno não soube associar o
termo ferrugem ao ferro, visto que durante o desenvolvimento da sequência didática
foi explicado e exemplificado várias vezes que este termo é usado apenas para o
metal ferro.
Na quarta categoria, intitulada termo ferrugem está errado, três alunos afirmaram
que é errado usar o termo ferrugem. No momento no desenvolvimento das
atividades do projeto, foi explicado aos alunos que ferrugem é um termo coloquial
para indicar a oxidação do ferro, por isso, acredita-se que no momento da resolução
da questão 1 do questionário final, três alunos responderam que é errado dizer
114
Destaca-se que a pesquisadora não disse que ferrugem é um termo errado de dizer,
mas sim que é errado dizer que os metais, que não são ferro, enferrujaram.
Ademais, explicou que o termo ferrugem não é científico, e por isso devemos usar a
palavra oxidação para dizer que algum metal foi corroído ou “enferrujado”.
Observa-se que, no geral, as respostas dos alunos estão corretas, apesar de terem
abordado aspectos diferentes sobre o processo de ferrugem. Não houve nenhuma
resposta inaceitável, como no questionário diagnóstico, em que alguns, por exemplo,
afirmaram ser uma bactéria a causa do processo de ferrugem. Por isso, verifica-se
que todo o trabalho realizado durante o desenvolvimento do projeto, contribuiu para
que os alunos construíssem seu conhecimento acerca deste termo, e solucionassem
as dúvidas existentes sobre este fenômeno tão importante, presente no cotidiano
dos mesmos. Segundo Sasseron (2015), ao ensinar ciências utilizando uma
abordagem investigativa, os alunos são oportunizados com o contato com uma
gama de conhecimentos, que integra uma maneira de construir entendimento sobre
o mundo, os fenômenos naturais e os impactos destes em nossas vidas. Desta
115
6.3.2.2 Questão 2: Você sabe o nome científico do processo que causa a ferrugem?
Se a resposta foi SIM, qual o nome deste processo?
Essa pergunta também foi feita no questionário diagnóstico, em que se verificou que
86% dos alunos não souberam responder à questão.
Não
49 Sim
1 53
4 Oxidação
Oxirredução
Apenas 1 aluno afirmou não saber o nome científico do processo que causa a
ferrugem. Dos alunos que afirmaram saber, 49 disseram oxidação e 4 oxirredução.
As duas respostas estão corretas e são aceitáveis. A oxidação é a reação em que o
ferro perde elétrons, e a oxirredução é a reação global, que envolve a transferência
de elétrons do ferro ao oxigênio.
Erraram
5
Acertaram
Não respondeu a
questão
42
11
Acertaram
29 Erraram
14 Não
responderam
Nota-se que um maior número de alunos acertou a questão, como era esperado,
pois durante o desenvolvimento da sequência didática, este assunto foi explanado
várias vezes.
10
Oxigênio
17
Água salgada
Oxigênio e água
salgada
4 Outros (chuva, ar,
sol, umidade)
23
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
_________. Vida e educação. Tradução de Anísio S. Teixeira. 10. ed. São Paulo:
Melhoramentos, 1978
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
127
JOHN Dewey: o pensador que levou a prática para a escola. [s.d.]. Disponível em:<
http://www.portal.educacao.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-
virtual/espaco-praxis-pedagogicas/GRANDES%20MESTRES/johndewey.pdf>.
Acesso em: 15 nov. 2016.
LIMA, J. O. G. Do período colonial aos nossos dias: uma breve história do Ensino de
Química no Brasil. Espaço Acadêmico, ano 12, n. 140, p. 71-79, 2013.
APÊNDICES
138
_________________________________________________
Marina Gomes dos Santos
Diretora da EEEFM Santo Antonio
Eu,___________________________________________________________,
identidade nº _____________________ , responsável pelo(a) estudante menor de
idade ________________________________________, autorizo sua participação
no Projeto "Porque Enferrujou?". O projeto tem o objetivo de ensinar o conteúdo
Reações de Oxirredução, da disciplina de Química, a partir de fenômenos do
cotidiano dos alunos. Será abordado o momento crítico vivenciado pela população
mateense no ano de 2016, a falta de água doce e potável nas casas dos moradores
da cidade, e como isso afetou a qualidade de vida da população.
Os resultados obtidos através de questionários, diário de bordo, gravação de
áudio, serão utilizados na pesquisa de mestrado da linha de Ensino de Ciências
Naturais do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica, do
Centro Universitário do Norte do Espírito Santo (PPGEEB/CEUNES/UFES) da
pesquisadora Tamires Cesquine Alves. A pesquisa tem o objetivo de verificar se o
Ensino por investigação aliado à contextualização facilita a aprendizagem dos
alunos, promovendo a construção do seu conhecimento.
A identidade do aluno jamais será divulgada. Portanto, em nenhum momento
o mesmo será exposto a algum risco se participar da pesquisa e nem possuirá
algum envolvimento financeiro com ela. Caso haja algum descontentamento com a
pesquisa, o aluno, juntamente com o responsável, poderá se recusar a continuar
participando.
Pelo exposto acima, autorizo a utilização das informações desde que a
identidade não se torne pública. Afirmo a liberdade em negar a participação do
menor a qual sou responsável em qualquer momento que uma das partes não
cumprir o colocado nesse termo de compromisso.
____________________________________________________
Assinatura do Responsável
_____________________________________________________
Assinatura do Aluno
São Mateus, ES, _____ de ____________ de 2017.
140
4) Explique como o processo que causa a ferrugem ocorre. Use sua criatividade! Pode
fazer um esquema, desenho ou reação.
5) No seu dia-a-dia, quais são os materiais, que você observa, que enferrujam mais
facilmente?
ANEXOS
143
Poços artesianos
O diretor do Saae, Luiz Carlos Sossai, afirma que 13 poços artesianos devem
fazer a substituição da captação do Rio Cricaré até que a situação seja normalizada.
Onze já estão prontos e outros dois serão concluídos até a próxima quinta-feira (21).
Sossai explica que o tratamento da água do rio com sal não é possível. “Não tem
como tratar. E essa é a água que está sendo fornecida para toda a comunidade. O
que a gente tem feito é colocar carros-pipa para ajudar a população. Mas
continuamos mandando a água, mesmo salgada, que pode ser utilizada para fazer a
higiene da casa, lavar louças e dar descarga. É muito pior sem ela”, pondera Sossai.
É necessário que os poços artesianos suportem ao menos 300 m³ por hora de vasão
para que o Rio Cricaré seja totalmente substituído. Os moradores da cidade já
chegaram a utilizar 700 m³ por hora, porém, com a crise hídrica do município, São
146
Mateus gasta cerca de 400m³, segundo o Saee. O órgão pede que a população
continue economizando, mesmo após a normalização do abastecimento e orienta
que a água deve ser racionada.
das torneiras. É tanto sal que pode ser encontrado em qualquer lugar, basta a água
evaporar, mudando a rotina da população, oferecendo riscos à saúde e gerando
prejuízos.
O professor Walber Santos, de 25 anos, contou que depois de lavar os talheres e
passar dois dias fora de casa, ao retornar, encontrou sal sobre a colher.
“Cheguei em casa, a água havia evaporado e ficou o sal. Até sobre a pia é
possível ver o sal depois que a água evapora. Não imaginei que a situação aqui em São
Mateus chegasse a esse ponto”, desabafa.
Walber diz que mudou-se para a cidade há um mês e que o que ameniza a
situação, é o fato de poder ir para passar os finais de semana em Vila Velha, na Grande
Vitória, onde a família reside. É lá que também ele lava as suas roupas.
“Sei de vizinhos aqui que já perderam a máquina de lavar devido à oxidação de
peças por causa da água salgada. As resistências de chuveiros elétricos também estão
queimando. Levamos até choque”, comenta decepcionado.
Segundo ele, há vizinhos comprando galões de água mineral para cozinhar e até
para tomar banho. “Mas continuam nos cobrando pela distribuição de uma água que não
é mais potável”, relatou.
Tanto sal assim é fruto do avanço do mar sobre o Rio Cricaré, que abastece o
município. É que o rio chegou a níveis tão baixos que quando ele chega à praia não tem
força para desaguar no oceano. Com o avanço do mar, a água doce passa a ter gosto
salgado, comprometedendo o consumo humano.
De acordo com o diretor do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (Saae), Luiz
Carlos Sossai, os níveis de salinidade na água variam conforme a maré, em alguns
casos chegando a 7 mil ppm (parte por milhão). Para se ter uma ideia da gravidade da
situação, cerca de 2 mil ppm equivaleria a dois gramas de sal por cada litro de água,
quando o tolerável seria até 0,2 grama por litro.
O médico José Geraldo Mill alertou que a concentração elevada deixa a água
salobra e que não deveria ser usada para consumo humano.
“Essa quantidade não deveria ser usada para consumo humano de jeito
nenhum”, alertou o médico.
148
Água que chega para moradores de São Mateus tem 4 g de sal por litro
Segundo médico, valor é 20 vezes maior do que o recomendado.
Seca fez com que água do mar invadisse o leito do rio e as torneiras.
A água que abastece a cidade de São Mateus está chegando nas torneiras dos
moradores com quatro gramas de sal por litro, segundo o Sistema Autônomo de Água e
Esgoto (SAAE). O valor é 20 vezes maior que o recomendado pelos médicos.
Segundo a prefeitura, o município de São Mateus atravessa a pior estiagem de
sua história, já que o nível do Rio Cricaré está tão baixo que a água do mar chega até os
instrumentos de captação.
Para tentar resolver o problema que dura mais de três meses, a prefeitura
perfurou poços para abastecer a população, além de realizar a distribuição de água
potável em carros-pipa.
150
Um grupo de estudantes protestou, nesta terça-feira (7), contra a água que está
chegando salgada nas torneiras das casas do município de São Mateus, no Norte do
Espírito Santo. Os manifestantes se reuniram em frente ao Serviço Autônomo de Água e
Esgoto (Saae). Durante o protesto houve uma confusão, uma funcionária foi agredida e
três manifestantes foram detidos.
Testemunhas contaram que os manifestantes, cerca de 15 pessoas, fazem parte
da União Municipal dos Estudantes Secundários e reclamavam que água potável não
está chegando nas escolas.
Nas redes sociais, circula uma foto de um manifestante sendo retirado a força
pela polícia do pátio do Saae. Eles alegam no post que foram agr
O diretor do Saae, Luiz Carlos Sossai, disse à reportagem que durante o protesto
o grupo forçou a entrada na sede da empresa e uma funcionária, que trabalha na
portaria, foi agredida.
154