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Dorothy, o Mágico de Oz e os desafios da liderança coevolutiva - Paulo Hayashi Jr

Na trilha encantada de Oz, Dorothy representa não apenas uma garota simples e
meiga, mas a líder de um grupo bem diferente. O espantalho meio atrapalhado, um homem de
ferro sem coração e um leão que tinha vergonha da sua própria falta de coragem. Nas
aventuras de voltar para casa e de alcançar o que falta a cada um dos personagens, há
superação das dificuldades e perigos, bem como o desenvolvimento de uma equipe de forma
coevolutiva. Ou seja, é ajudando que se é ajudado. Por exemplo, mesmo sofrendo com
problemas de vento na cabeça, é o espantalho quem tem as boas ideias que livram seus
amigos das piores enrascadas. Também é no intuito de ajudar os outros que o homem de lata
desenvolve sua sensibilidade, apesar de não reconhecer inicialmente seu potencial e talento.
O mesmo acontece com o leão, que nas horas de perigo é quem toma a frente da situação,
mesmo sendo inicialmente um leão covarde.
Tanto o espantalho quando o homem de lata e o leão representam colaboradores que
têm o talento escondido neles próprios, mas que não têm o seu devido reconhecimento
pessoal e, portanto, sua validação interna. Pode-se dizer que a liderança coevolutiva do grupo
permitiu que eles fossem se autodesenvolvendo, principalmente sem depender dos poderes
místicos do Mágico de Oz, que é um grande farsante. Foram os próprios personagens que
fizeram por merecer as recompensas pelo próprio trabalho e esforços, vontade e superação.
De certo modo, podemos resumir a liderança coevolutiva por meio do acrônimo: VCM –
Visão, Convicção e Motivação. A visão une as pessoas em torno de um propósito. Tal
propósito ultrapassa as fronteiras das meras recompensas financeiras e pode ser algo que
dignifique a vida de forma atemporal. Ter a visão correta possibilita não apenas criar um
plano pessoal correto para o seu autodesenvolvimento, como também de avaliar de forma
correta seus próprios valores.
Ir atrás do Mágico de Oz representou inicialmente o propósito da união de
personagens tão diferentes. Já a convicção permite que exista o entendimento dos porquês do
projeto, bem como das crenças em torno dos benefícios. Tendo uma boa convicção há mais
cooperação e menos atrito, mais espírito de equipe e menos de grupo. Os personagens
começam a se unir como verdadeira equipe, onde cada um se preocupa com os demais e se
sacrifica por eles. Todavia é preciso fazer a delegação para dar oportunidades de todos
participarem. Já a motivação representa o ritmo da caminhada. Não apenas a satisfação de
pertencimento e proteção, mas também de colaboração e crescimento, ajudas e recompensas.
Enfim, a liderança coevolutiva permite essa superação das limitações iniciais de cada
um por meio do desenvolvimento de um espírito de equipe forte e com abdicação do ego para
algo maior, do individual para o coletivo, do temporal para o atemporal, do ganho imediato e
confortável para a recompensa merecedora e duradoura. Mais do que um simples modismo, a
liderança coevolutiva representa o grande desafio para as organizações trilharem o caminho
dourado (e sem volta) da inteligência artificial e da era cognitiva.
Mais do que nunca, Dorothy e o Mágico de Oz não é um livro infantil, mas um
desafio de autodesenvolvimento e polimento do ser; cabe a cada um fazer a sua própria parte
nesta jornada de chegar ao futuro desejado e batalhado. Sem vitória interna não há vitória
exterior. Sem vitória individual não há vitória coletiva. Sem vitória coletiva não há vitória
maior.

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