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1 - Produza um texto argumentativo sobre como esta busca de paz perpétua é entendida

por cada um dos teóricos do Idealismo Clássico:

Cada pensador do idealismo clássico propõe, em algum momento, sua própria concepção do
que fundamentaria uma paz perpétua. Para Marsílio de Pádua, essa paz é proposta baseada
em sua moral cristã, baseada nos preceitos pregados na bíblia - vide o exemplo de sua citação
do Evangelho de Marcos em sua obra mais relevante ao tema, Defensor Pacis - usando-os
para fundamentar a sua argumentação a favor de uma paz fundamentada na civitas, onde a
principal problemática para o manter da paz são os problemas internos de uma sociedade civil -
com a remoção desses garantindo o perpetuar de um estado pacífico. Vale ressaltar, no
entanto, que sua fundamentação cristã não estendia-se ao clero: para este pensador em
particular, essa organização que hierarquizava o amor divino era, por si só, um dos
supracitados fatores problemáticos à civitas.

Hugo Grotius segue este mesmo viés, fundamentando na lei natural - definida por si como um
reflexo de como a natureza não existia por si só e sim como uma criação de Deus, vide aí a
raiz teológica - a necessidade de que as nações sigam leis comuns para que a guerra, se não
findada, pelo menos possua limites claros que restringem-na melhor, impedindo que ela ocorra
por futilidades ou vá contra a lei - seja ela divina ou humana.

Thomas More, comparativamente, coloca a paz também com um estado de resistência, de


procura pela utopia - de conceito discorrida no livro homônimo escrito por esse em 1515 - e de
negação aos valores abusivos da época, colocando a propriedade individual e o acúmulo de
capital, assim como o fanatismo e intolerância geral a outras práticas, como as principais
causas de mal-estar para a sociedade - assimilando-se, neste aspecto, as argumentações a
favor de um estado laico adotadas no futuro.

O abade de Saint-Pierre, partindo da proposta mais baseada no social adotada por outros
pensadores da época, via na economia o principal fator para perpetuar a paz: em sua
concepção, o fator fundamental para o perpetuar da paz era o formar de um espaço facilitante
de um mercado unificado entre os países europeus, permitindo um dialogar igualado aos
componentes diversos e fundamentando na figura do soberano uma forma de torná-lo possível.
Este pensamento perpetuaria-se, até Jean Jacques Rousseau, que - retificando os “erros” do
abade, principalmente no que tange a idealização de soberanos - pregou que este era um
método possível, mas fundamentava a paz - e consequentemente a realização deste - na
aplicação da força, fundamentando na rebelião aos absurdos de sua era a obtenção de uma
paz que poderia, futuramente, ser tornada perpétua com a aplicação de projetos como o acima
mencionado.

Por fim, Immanuel Kant é, talvez, o pensador idealista com o maior foco na paz perpétua em
seus tempos, estruturando-a como algo baseado na separação dos poderes e representação
popular no interior do Estado, garantindo a representação e satisfação de cada habitante, na
federação das diferentes nações no plano internacional - estabelecendo um estado jurídico
para as relações internacionais, até então baseadas apenas nas raízes provisórias de um
sistema do tipo, de forma a combater a natureza humana falha - e o estabelecer de direitos
comuns a todo indivíduo: objetivos bem familiares, dada sua perpetuação até tempos
modernos no formato proposto pela Organização das Nações Unidas, fundamentalmente ligada
ao conceito de Kant de Paz Perpétua.

2 - Apresente os argumentos de cada um desses grupos a respeito das possibilidades


de Guerra e Paz no período de 1919 - 1945:

Do ponto de vista do Idealismo Clássico, o grande fator responsável pela perpetuação da


Primeira Grande Guerra foi a falta de um espaço comum para o diálogo entre nações para
impedir a perpetuação da guerra, puxando de volta os conceitos propostos pelo Abade de Saint
Pierre para estabelecer um espaço de diálogo comum como o principal fator para a
manutenção da paz e impedir da guerra - vide aí as bases para a fundamentação da finada
Liga das Nações, infelizmente incapaz de combater a tendência natural ao conflito dada a sua
estruturação precária.

Para os realistas, é utópico acreditar que o conflito entre nações será resolvido a curto prazo:
afinal, ainda que a divisão da humanidade em estados rivais seja, nas palavras de Sir Norman
Angell, uma enorme “inépcia científica”, ela é ilógica mas ainda assim perfeitamente realista
dada a geral predisposição humana. Neste viés, torna-se impraticável o impedir total da guerra
e, portanto, infinitamente mais importante o regular e limitar desta, buscando acima de tudo o
limite do dano ao cidadão comum dentro dos limites razoáveis e aplicáveis - fundamentando no
método utópico uma forma de fazê-lo mas não prendendo-se às expectativas vãs de um
sucesso completo, e sim procurando concessões dentro do cenário conturbado.

Na ética marxista, o principal inimigo para o manter da paz era a prática imperialista - definida
por Lênin como o suprassumo do capitalismo - que instigava o conflito predatório entre nações,
fundamentando as práticas egoístas que resultaram nas duas grandes guerras: a primeira
fundamentada por interesses imperialistas por si só, a segunda iniciada em retaliação aos
malefícios resultantes do aplicar destes a uma nação derrotada.

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