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Evento Adverso a Medicamentos (EAM) é qualquer ocorrência médica desfavorável,

que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que não possui,
necessariamente, relação causal com esse tratamento. Os EAM causam
comprometimento da segurança e qualidade da assistência prestada ao paciente,
podendo prolongar o tempo de internação e gerar necessidade de tratamento adicional,
exames e procedimentos extras, aumentando os custos e podendo, até mesmo, contribuir
para óbito. Outra definição importante, quando falamos em dano relacionado ao uso de
medicamentos, é a de Reação Adversa a Medicamento (RAM). Trata-se de um tipo
particular de EAM, definida como: “reação prejudicial e não desejada que se apresente
após a administração de um fármaco, em doses utilizadas habitualmente na espécie
humana para prevenir, diagnosticar ou tratar uma doença, ou para modificar qualquer
função biológica”. Essa última definição, diferentemente da anterior, implica em uma
relação de causalidade entre a administração do medicamento e o aparecimento da
reação. Devido à alta taxa de incidência de EAM no ambiente hospitalar, faz-se necessário
o monitoramento destes eventos, no entanto, cada instituição deve desenvolver uma
metodologia adequada às suas características e necessidades específicas. Diversas
metodologias vêm sendo adotadas para o monitoramento de EAM, que podem ser métodos
de vigilância passiva ou ativa. A notificação espontânea ou voluntária, monitoramento
passivo mais difundido e custo-efetivo para o sistema de farmacovigilância, baseia-se no
acúmulo e na avaliação sistemática de notificações espontâneas, que são realizadas por
profissionais de saúde e usuários de medicamentos. A eficácia do método de notificação
voluntária é considerada limitada e a subnotificação pode levar à falsa conclusão de que o
risco real é insignificante. A vigilância ativa, também chamada de farmacovigilância ativa,
busca determinar, precisamente, o número de suspeitas de reações adversas ou outros
problemas relacionados a medicamentos, por meio de um processo contínuo e pré-
organizado. Esse método destaca-se pela capacidade de detectar um número maior de
reações e, consequentemente, reduzir a sub-notificação de eventos adversos relacionados a
medicamentos. Pode ser realizada através de seguimento farmacoterapêutico, revisão
retrospectiva ou prospectiva de prontuários, entrevista com o paciente e/ou profissionais de
saúde, utilização de rastreadores para identificação de eventos adversos e por meio do
monitoramento de bases de dados para a coleta de informações sobre pacientes, prescrições
e problemas relacionados a medicamentos. A implementação de programas de
farmacovigilância ativa pode gerar, além de benefícios para os pacientes, economia para os
sistemas de saúde, ao identificar de forma precoce a ocorrência de RAM, permitindo a
adoção de medidas preventivas. Alguns exemplos de métodos de farmacovigilância ativa
são as Instituições Sentinela, a Monitorização de Eventos Relacionados com a Prescrição de
Medicamentos (Prescription Event Monitoring, PEM), Conexão de registros entre
diferentes bases de dados (Record linkage) e o uso de rastreadores de reação adversa
(Metodologia Global Triggers Tools). No Instituto Nacional de Traumatologia e
Ortopedia Jamil Haddad (INTO), a investigação de possíveis ocorrências de RAM em
pacientes internados ocorre com o auxílio de rastreadores que dividem-se em três listas:
parâmetros laboratoriais alterados; “medicamentos definidos” (medicamentos recém-
incorporados na instituição, antibióticos com menos de 10 anos no mercado ou
potencialmente tóxicos); e a terceira, de antídotos e antialérgicos. O objetivo do
presente trabalho é contribuir para a educação permanente da equipe de saúde do INTO
nas suspeitas da ocorrência, identificação e tratamento de reações adversas a
medicamentos da lista de “medicamentos definidos” pela instituição. Com esta
finalidade, foi confeccionado um guia, que poderá ajudar na identificação das suspeitas
de RAM. O método adotado fornece boas indicações da natureza e da incidência, no
entanto, a disponibilidade de dados confiáveis e a qualidade das informações registradas
nos prontuários podem comprometer a detecção do evento adverso, o que reforça a
importância de ações de educação permanente e da busca por uma melhoria contínua
dos processos. A metodologia do trabalho seguiu três etapas: (i) Análise da lista de
rastreadores utilizados no INTO; (ii) Revisão bibliográfica sobre o tema; (iii)
Elaboração do Guia de medicamentos utilizados como rastreadores das suspeitas de
RAM. O guia farmacoterapêutico será disponibilizado eletronicamente para a Área de
Gerência de Risco (AGRISC), áreas de internação, unidade de terapia intensiva (UTI) e
área da farmácia (AFARM). A presença de processos robustos e seguros para a
identificação de RAM, bem como a disseminação de uma cultura de vigilância entre os
profissionais de saúde, é importante em instituições hospitalares, especialmente em
hospitais sentinela como INTO. Participar da Rede Sentinela, além da oportunidade de
contribuir com informações essenciais para o monitoramento das tecnologias em saúde,
significa estar num ambiente de troca de experiências e aprimoramento dos processos de
trabalho para a gestão dos riscos sanitários. Espera-se que o guia farmacoterapêutico
contribua como um instrumento para o desenvolvimento de estratégicas de educação
permanente do instituto, proporcionando maior segurança e qualidade no atendimento
prestado.

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