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HIPERGLICEMIA INTRA HOSPITALAR

Decorre de 3 condições:
• diagnóstico prévio conhecido de DM
• diagnóstico desconhecido de DM
• hiperglicemia de estresse → pct. não é diabético, mas ocorre somente na
internação, na alta fica com a glicemia normal; são indivíduos que já tem uma
predisposição a ter hiperglicemia

Hiperglicemia de estresse:
• transitório
• ocorre intrahospitalar
• fisiopato complexa:
• estresse → luta ou fuga → organismo irá disponibilizar mais glicose no sangue
para ser utilizada
• hormonios contrarreguladores (cortisol, catecolaminas, glucagon, GH),
citocinas inflamatórias, medicamentos hiperglicemiantes, adm de soluções
concentradas em glicose (ex: soro glicosado)
• esses hormônios também aumentam a lipólise → aumento da glicose e ácidos
graxos circulantes
• resistência à insulina + supressão da liberação da insulina pelas células beta
pancreáticas

Recomendações:
• em todos os pct. hospitalizados são realizados pelo menos um teste de
glicemia admissional
• se diagnosticar DM ou hiperglicemia na admissão = realização de HbA1c
(representa glicemia dos últimos 3 meses)
• HbA1c:
o maior ou igual a 6,5% = DM prévio, desconhecedores do diagnóstico
(deve ter 2 exames para confirmação)
o <6,5% : pacientes com hiperglicemia de estresse

Hiperglicemia hospitalar
• definição da hiperglicemia hospitalar > 140 mg/dL → aleatório, não precisa
estar em jejum na admissão
• persistência de glicemia desses patamares: acompanhamento por equipes
especializadas em controle glicêmico hospitalar

Obs: Clínica sugestiva a resistência à insulina:


• relação cintura-quadril
• acantose nigricans
• fibroepiteliomas

Obs: curva glicêmica:


• após 2h do teste oral a glicose maior a 200 = DM
• frutosamina → é um açucar que representa a glicemia do último mês

ALVO GLICÊMICO NAS ENFERMARIAS:


• 2018: alvo entre 140 e 180mg/dL para a maioria dos pacientes controle
glicemico pode ser personalizado → pct terminais → 180 e 200mg/dL
• evitar hipoglicemia → reavaliar insulina se glicemias < 100mg/dL

Mariana Anacleto – T1 MEDSBC


• 2020: manter a glicemia < 180mg/dL
• Pacientes não críticos, de baixo risco para hipoglicemia, sem comorbidades:
alvo pode ser entre 100-140mg/dL

RECOMENDAÇÕES PARA MANUSEIO DA HIPERGLICEMIA INTRA HOSPITALAR


• insulina: prescrever a insulina individualizada, não usar escalas. Deve-se fazer
dextro com relação a alimentação do pct (pré refeição e 2h após a refeição) e
aí sim prescrever a insulina
• basal bolus → pode ser feito com análogos de insulina (difícil de ser
encontrada em hospitais públicos) ou insulina NPH + regular (mais comum de
ser feita)
• Obs: NPH dura 8h, deve-se ser prescrita 3x/dia
o regular: aplicar insulina meia hora antes da alimentação
• cálculo da basal-bolus
o se pct esta em jejum, ou nao está se alimentando direito: só colocar
a basal (não colocar os bolus na insulina regular, pois é só na
alimentaçao). Prescrição:
▪ esquema basal plus- insulina basal
▪ inicio 0,2 a 0,25UI/kg/dia
▪ utiliza só a basal primeiro, e vai fazendo a correção da
dose com insulina rápida prandial
▪ ajuste da dose conforme necessária
• se pct está se alimentando adequadamente:
• esquema basal bolus-insulina basal
▪ DTD (dose total diária de insulina) 0,4 a 0,5 UI/kg/dia
▪ metade basal e metade bolus
▪ ajuste de dose conforme necessário
• se pct muito idoso ou Cr (pacientes renais) maior ou igual a 2 =
diminuir a DTD para 0,15 UI,qkg/dia (começa com metade da dose)

Obs: pct diabético que toma medicamentos VO → retirar a metformina durante a


internação (pode ocorrer acidose láctica), pois o medicamento não reage bem em
insuficiências/doenças
• Estudos demonstram que é seguro usar sitagliptina VO (pct na enfermaria, não
na UTI) associada com insulina basal se a glicemia não estiver tão alta/pct não
crítico. Mas se a glicemia for muito alta, não utilizar, faz basal-bolus

Ex: pct 80kg, se alimentando corretamente:


0,5UI/kg/dia
dose diária total: 0,5 x 80= 40 UI
• 50% basal = 20UI → ex: Glargina (dura 24h, uma vez ao dia, não precisa
dividir); se só tiver a NPH, vai ter que dividir em 3 doses (7 unidade às 6h, 7
unidades às 12, 7 unidades às 22h “bed time”); representa as glicemias pré
prandiais
• 50% bolus (insulina rápida para queimar a alimentação)= 20 UI → insulina
LISPRO, aspart, regular. Administração antes da alimentação (30min antes);
representa as glicemias pós prandiais (2h)
o 7 unidades antes do café, 7 unidades antes do almoço, 7 unidades
antes do jantar
o após insulinizar corretamente com as 7 unidades e mesmo assim não
diminuiu, pode utilizar uma tabela de correção da insulina rápida pré
prandial:
140 a 180: 2UI
181-220: 4UI
221 a 260: 6UI

Mariana Anacleto – T1 MEDSBC


261 a 300: 8UI
> 300: 10UI
• ex: antes do almoço, pct estava com glicemia 300 → adm 7
unidades + 10 unidades = 17 unidades
• se em 2 dias está sendo necessário corrigir, vai aumentar 50%
do que utilizou (ao longo do dia). Por exemplo, se utilizou 12U a
mais, utilizo 6U a mais. Ao invés de ser 7U, administro 8U ao
longo do dia

Insulinas:
basais:
• glargina: 1 aplicação diária
• detemir: 1 a 2 aplicações diárias
• NPH: 2 a 3 aplicações diárias
prandiais e de correção (bolus):
• aspart: imediatamente antes das refeições (10 min antes)
• lispro: imediatamente
• regular humana: 30min antes das refeições
não se recomenda o uso de insulinas pré-mistura, pois aumenta as duas de uma vez

ALTA:
7% - retorno a terapia original
8% ajustar terapia original, ou acrescentar medicamentos ou insulina basal
9% iniciar insulina basal
10% iniciar basal-bolus ou ajustar a dose

RELEMBRANDO DIABETES AMBULATORIAL


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diabetes_mellitus.PDF
DIAGNÓSTICO DE DM:
• 2 dosagens ou um teste se sintomas (4 poli) maior ou igual a 200mg/dL

Hb glicada maior ou igual a 6,5 (risco se entre 5,7 e 6,5)

Sintomas clássicos: polidipsia, poliúria, polifagia, emagrecimento → em geral, o DM2


sente isso com a evolução da doença

Medicações disponíveis no SUS:

Mariana Anacleto – T1 MEDSBC


• metformina (850mg 3x/dia → após as refeições, pois pode dar diarreia. Inicia
progressivamente (1comp na 1ª semana, 2comp na 2ª semana...)
• glibenclamida (não é muito utilizada)
• gliclazida (30 a 90mg 3-4comp ao dia → podem ser tomados de uma vez
• insulina regular
• insulina NPH
• se usou metformina e glicazida e não melhorou = iniciar insulina
• estimular mudanças no estilo de vida
• iniciar com a insulina bed time (10U NPH)

Conduta DM2 ambulatorial:


• primeiro faz a monoterapia com a metformina, se não estiver muito
descompensado (glifage XR é a mesma coisa, mas tem menos efeitos
colaterais)
• se não controlou → adicionar à glibenclamida ou a gliclazida.
• se otimizou a dose da gliclazida e não controlou → iniciar insulina NPH bed
time (ou glargina uma vez ao dia)
• se continuou mal → insulinização plena (bolus + basal → dose igual a da
hospitalização)

Alvo terapêutico pct DM:


• < 7% → HbA1
• glicemia pós prandial <160mg/dL (SBD)
• glicemia pré prandial < 100mg/dL (SBD)

Obs: algumas medicações podem alterar peso:


• insulina, sulfonilureias (glibenclamina, glicazida), glinidas, pioglitazona →
aumentam o peso
• inibidores SGLT-2, análogos GLP-1, metformina (?) → diminui o peso
• acarbose, inibidores de DPP-4 (?) → neutro

risco de hipoglicemia:
• baixo risco: metformina, glitazonas, acaborse, DPP-4, SGLT-2, análogos de
GLP-1
• alto risco: sulfonilureias…

efeitos adversos temíveis:


• metformina → acidose láctica (raro, mas pode acontecer, principalmente no pct
internado)
• inibidores de SGLT-2 → cetoacidose euglicêmica

Obs: não associar medicamentos de mesma classe

Mariana Anacleto – T1 MEDSBC

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