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Acompanhamento de

Crianças:
Relacionamento
empático e afetivo
UFCD 3240
FORMADORA: ANDREIA QUINTAS
Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

Índice
Acompanhamento de Crianças: Relacionamento empático e afetivo ....................................... 0
Desenvolvimento Interpessoal da Criança ................................................................................ 3
A importância das primeiras relações ................................................................................... 3
Os Recém-Nascidos e os seus pais: ................................................................................... 3
DESENVOLVIMENTO DA VINCULAÇÃO.......................................................................... 5
IMPORTANTE ................................................................................................................. 6
Desenvolvimento afetivo segundo Erikson ................................................................... 7
Aprendizagem Social segundo Vigotsky entre os 2 e os 6 anos .................................... 8
A Relação Mãe-Filho.............................................................................................................. 8
A vinculação MÃE – FILHO e o nascimento psicológico do ser humano ........................... 8
Construção do objeto .................................................................................................. 10
Relações precoces mãe/filho ...................................................................................... 10
Processo de separação/individualização .................................................................... 11
Estruturas familiares ........................................................................................................... 11
Nuclear ou conjugal......................................................................................................... 11
Pais únicos ou monoparental .......................................................................................... 12
Ampliada ou extensa (também dita consanguínea) ....................................................... 12
Famílias comunitárias...................................................................................................... 12
Famílias homossexuais .................................................................................................... 12
Famílias recompostas ...................................................................................................... 12
Divórcio ........................................................................................................................... 12
Grupo de pares .................................................................................................................... 12
A importância das primeiras relações ............................................................................. 12
Isolamento................................................................................................................... 12
Entrada no grupo......................................................................................................... 13
A importância do grupo de pares.................................................................................... 14
A educação enquanto meio de formação do indivíduo .......................................................... 15
Da família, à creche, ao jardim-de-infância, à escola.......................................................... 19
A creche ....................................................................................................................... 19
Eixos de educação na Creche: ................................................................................. 19
Jardim de Infância ....................................................................................................... 21
Área da Formação Pessoal e Social: ........................................................................ 22
Área da Expressão e Comunicação.......................................................................... 22

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Área Conhecimento do Mundo ............................................................................... 23


Organização do espaço ................................................................................................... 23
O Recreio ............................................................................................................................. 24
Acompanhamento de crianças no recreio ...................................................................... 24
Importância da disciplina ou das regras.............................................................................. 25
Os primeiros 6 meses bebés ........................................................................................... 27
Entre os 6 e os 12 meses ................................................................................................. 27
Cancelar convites para brincar ........................................................................................ 27
Proibir a televisão e os jogos de vídeo ............................................................................ 28
Ignorar o mau comportamento ...................................................................................... 28
Castigos Corporais – Devem ser evitados: ...................................................................... 28
Inútil - Vergonha e Humilhação..................................................................................... 29
Inútil - Comparação com os outros ................................................................................. 29
Inútil - Suprimir comida ou usá-la como recompensa ................................................... 29
Inútil - Retirar o afeto ou Ameaçar com abandono ........................................................ 30
Funções do Auxiliar de Educação ou Vigilante .................................................................... 30

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Desenvolvimento Interpessoal da Criança


A dimensão afetiva é um importante fator a ser considerado quando pretendemos
compreender o desenvolvimento da aprendizagem da criança. É indiscutível a importância da
afetividade para o processo educacional. Pesquisas recentes como as de Tassoni (2000) e
Almeida (1999) têm demonstrado que afetividade e inteligência caminham juntas no processo
de construção da personalidade da criança, consequentemente, essa relação tem influências
sobre a aprendizagem escolar.

A importância das primeiras relações

Os Recém-Nascidos e os seus pais:


O processo de nascimento constitui uma importante transição, não só para o bebé como
também para pais seus pais.

Os pais têm de se habituar ao recém-nascido, desenvolvendo ligações emocionais e


familiarizando-se com os padrões de sono, alimentação e atividade.

Freud em 1915, no seu artigo “instintos e as suas vicissitudes” argumenta que a criança
possui necessidades fisiológicas que devem ser satisfeitas, sobretudo de alimento e conforto.
Assim, o bebé tornar-se-á interessado numa figura humana, especificamente a mãe, por ser ela
a sua fonte de satisfação.

Na teoria dos instintos, a vinculação com a figura materna é vista como impulso
secundário, ou seja, segundo esta teoria o bebé apenas se liga à mãe de forma a satisfazer as
suas necessidades fisiológicas mais básicas.

O psicanalista René Spitz refere que enquanto trabalhou num orfanato (1945) observou
que os bebés eram alimentados e vestidos, mas não recebiam afeto, nem eram segurados ao
colo ou embalados, e apresentavam a síndrome por ele designada de hospitalismo. Esses bebés
tinham dificuldades no seu desenvolvimento físico, faltava-lhes apetite, não ganhavam muito
peso com o tempo e perdiam o interesse por se relacionar, o que levava bastantes bebés ao
óbito.

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Assim, Spitz descreveu a ausência do afeto dos pais como fator determinante no
desenvolvimento da criança.

Erikson (1980) aborda a grande importância nos primeiros anos de vida para o
desenvolvimento.

O comportamento do cuidador principal é fundamenta ao estabelecimento de um


sentido de confiança básica na criança. Para que ocorra uma finalização bem-sucedida dessa
tarefa o progenitor precisa de amar a criança com consciência e reagir de maneira previsível.
Aqueles bebés cujos cuidados iniciais forem erráticos ou severos podem desenvolver
sentimentos de desconfiança. A forma como é cuidado acaba por afetar o desenvolvimento da
criança e os estágios posteriores.

John Bowlby (1969) inspirou-se na Psicanálise de Freud e concebeu uma teoria para
explicar as diferentes interações que se estabelecem entre mãe e filho, a que deu o nome de
Teoria da Vinculação. Esta teoria descreve as relações do bebé com a sua mãe ou cuidador
desde o nascimento até aos seis anos de idade. Aponta que o ser humano herda um potencial
para desenvolver determinados tipos de sistemas comportamentais, como o sugar, sorrir,
chorar, seguir com os olhos.

Existem, assim, dois tipos de comportamentos vinculativos:

• Sinalizadores: chorar, sorrir, palrar e chamar;

• De aproximação: aproximar, seguir, trepar e chuchar;

Bowlby sugere que estes comportamentos de vinculação têm uma função biológica de
sobrevivência e proteção e que, portanto, devem ser entendidos à luz de uma perspetiva
evolutiva. A sua ativação depende de diversas condições como o estado da criança, o
comportamento da mãe e as condições ambientais que envolvem ambos.

Nesta teoria, o vínculo da criança com a mãe, chamado por ele de apego, tem uma
função biológica que lhe é específica e é o produto da atividade destes sistemas
comportamentais que promove a proximidade com a mãe/ cuidador. Portanto, ao longo do seu
desenvolvimento a criança passa a revelar um comportamento de apego que é facilmente
observado e que evidencia a formação de uma relação afetiva com a figura ou figuras desse
ambiente.

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DESENVOLVIMENTO DA VINCULAÇÃO
1.ª Fase – Orientação e sinais com discriminação limitada da figura (0-8/12 semanas de idade).

• Nesta fase, embora o bebé ainda não tenha capacidade para discriminar figuras, tem
uma orientação especial para os seres humanos. São exemplos: sorrir, agarrar, seguir e
palrar. Nesta fase é importante a presença contínua de uma figura de vinculação e que
as separações possam ser breves.

2ª Fase– Orientação e sinais dirigidos para uma ou mais figuras discriminadas (3-6 meses).

• O início da discriminação de figura(s) com quem começa a estabelecer uma relação


particular carateriza esta fase. As figuras de vinculação servem de base segura para a
exploração do meio físico e social. As crianças não só manifestam preferência por
determinadas figuras, como revelam medo, cautela ou, inclusive, rejeição clara por
outras. O (aumento do) sorrir, agarrar, seguir, palrar são exemplo de comportamentos
desenvolvidos nesta fase.

3ª. Fase – Manutenção de proximidade com uma figura discriminada através da locomoção e
sinais (6-24 meses).

• A criança é capaz de discriminar a figura de vinculação para servir de base-segura/


“porto de abrigo”, manifesta uma maior reserva perante os estranhos e faz a
discriminação de outras pessoas como figuras de vinculação secundárias. Esta fase é
caraterizada, essencialmente, pelos seguintes comportamentos: locomoção que lhe
permite seguir e manter a proximidade com a figura de vinculação.

4ª. Fase – Formação de uma relação recíproca corrigida para objetivos (a partir 24 meses).

• Assiste-se à formação de uma relação recíproca onde a criança desenvolve uma


vontade própria e compreende as ações do outro. A flexibilidade é incorporada
permitindo-lhe negociar e ajustar o seu comportamento de modo a influenciar o
comportamento da mãe. O desenvolvimento da linguagem e da sua capacidade de
pensar em função do tempo e do espaço aumenta as suas capacidades cognitivas e
permite-lhe suportar o afastamento da figura de vinculação (condição essencial ao
desenvolvimento da autonomia) (Bowlby, 1969/1984 citado por Fuertes, 1998).

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Um estudo elaborado por Mary Ainsworth, permitiu classificar as crianças de acordo


com a relação que mantinham com a mãe. Desta forma, a mãe e o seu bebé foram colocados
num laboratório (sala com vidro ao meio unidirecional, o investigador vê para dentro da sala
sem ser visto), onde ficavam cinco minutos a brincar. Seguidamente entrava um estranho e a
mãe saia deixando a criança com o estranho. O estranho brincava com a criança, a mãe entrava
e o estranho saia.

Assim, as crianças foram classificadas como:

1. Seguras – o bebé que brinca com a mãe, explora o meio e aproxima-se cautelosamente do
estranho; chora quando esta sai, chora com o estranho; quando a mãe volta a criança corre para
a mãe e fica perto desta, explorando o meio à sua volta;

2. Insegura/ambivalente - ficam muito perto da mãe quando entram na sala, choram quando a
mãe sai, quando a mãe volta entrar na sala demoram muito tempo a acalmar-se, dirige-se à mãe
mas para a meio do caminho, não olha diretamente nos olhos da mãe e continua sempre a
chorar – ambivalência emocional;

3. Inseguras/ rejeitantes – a criança não chora quando a mãe sai, não reage à saída da mãe e
não a procura quando esta volta, porque sabe que não pode contar com a mãe porque esta não
responde corretamente às suas necessidades (ausência ou exagero de resposta).

Neste contexto, a segurança diz respeito ao estado de se sentir seguro e despreocupado


acerca da disponibilidade da figura de vinculação. Ou seja, a capacidade que a figura de
vinculação tem para proporcionar este sentimento ao bebé irá determinar o tipo de relação
existente entre eles. Assim, se houver um equilíbrio entre os comportamentos de vinculação e
os comportamentos exploratórios da criança, a interação entre o bebé e a sua figura de
vinculação irá garantir um sentimento de segurança à criança e, portanto, a vinculação será uma
base segura para o bebé.

IMPORTANTE
As crianças com apego seguro, ou que rumam à independência, têm confiança no amor
dos seus pais, sabem que podem confiar neles para compreender e satisfazer as suas
necessidades e veem o mundo como um local seguro. A partir da dependência nos primeiros
meses de vida e da formação do apego seguro vai naturalmente ocorrer uma independência
posterior. Os esforços de pais para levarem seus filhos à independência precoce resultam muitas

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vezes num processo inverso, ou seja, provocam dependência e medos que podem durar a vida
toda.

Quando os pais são coerentes nos seus padrões de cuidados e prestam atenção aos
sinais do bebé, oferecem um ambiente altamente favorável para a criança senti-los e ao mundo
como fontes de confiança e que respondem às suas necessidades individuais.

Com uma constante satisfação das necessidades físicas e emocionais, o bebé começa a
desenvolver um sentimento de confiança básica e apego o que lhe vai permitir desenvolver a
sua independência.

Desenvolvimento afetivo segundo Erikson


Segundo Erikson, o desenvolvimento é resultado da resolução de conflitos que, em cada
período do desenvolvimento, a pessoa tem de enfrentar e de superar. Esses conflitos surgem da
confrontação entre o EU, as pressões pessoais e o do meio social.

Todos os conflitos estão presentes à nascença mas tornam-se predominantes em pontos


específicos do ciclo de vida do indivíduo.

Durante este período a relação com a mãe é a mais importante e é determinante na


formação da personalidade da criança.

É a partir da qualidade desta relação que a criança constrói a sua visão da vida.

Se a relação for positiva, desenvolverá sentimentos de confiança, mas se, pelo contrário,
a mãe não atende às suas necessidades, desenvolve medos e suspeitas, sentimentos de
desconfiança, podendo não progredir para o estágio seguinte. Desde que seja proporcionado
um ambiente de apoio consistente a criança poderá resolver o conflito entre a confiança e a
desconfiança em termos de esperança pessoal.

Neste estádio a criança já não é tão dependente em relação à pessoa que dela cuida,
começando a explorar mais ativamente o meio envolvente.

Se for encorajada a desenvolver as suas capacidades adquire controlo sobre si própria e


autonomia. Se for excessivamente protegida, castigada ou se exigirem demasiado dela pode
criar um sentimento de vergonha pessoal.

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No entanto há que ter presente que a relação que a criança estabelece com a figura
maternal, objeto do amor da criança (cuidador), tem um papel fundamental no
desenvolvimento físico e social posterior.

Aprendizagem Social segundo Vigotsky entre os 2 e os 6 anos


O autor argumenta que as crianças aprendem de modo ativo e não passivo, ou seja, são
construtoras ativas empenhadas do seu conhecimento.

A ação da criança desenvolve-se em determinado contexto social e a sua forma de estar


e pensar é orientada e medida por aqueles com os quais interage.

Assim, o desenvolvimento sociocultural processa-se pela apropriação do conhecimento


que as gerações anteriores adquiriram. Deste modo, as relações estabelecidas com os adultos
que constituem a sua esfera social, ou seja, familiares, amigos e professores, são fundamentais
no modo como a criança evolui.

A aprendizagem inicia-se por um processo de modelagem do comportamento dos


outros até a sua regulação pela própria criança. Quer dizer que o expectador passa a responsável
pelas tarefas que executa.

Os adultos são importantes porque são uma espécie de “assistentes” que servem de
modelo, consciente ou inconscientemente, e que orientam e ajudam a compreender situações
novas, e a dar significado às experiências vividas.

A Relação Mãe-Filho
A vinculação MÃE – FILHO e o nascimento psicológico do ser humano

A relação mãe-filho inicia-se muito precocemente:

Neumann salienta que sendo o ser humano incapaz de ser independente logo após o
nascimento, diferentemente da maioria dos animais, prorroga a sua fase embrionária para além
do nascimento. A fase embrionária compreende, assim, 9 meses intrauterinos e mais 1 ano pós-
uterinos. Nesta fase, a criança vive o inconsciente da mãe, estando ligada a mãe física e
psicologicamente e dependendo dela para tudo.

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Após esta fase, a criança inicia o seu processo de desligamento da mãe, juntamente com
a formação e fortalecimento do ego.

Na relação mãe-filho, nos primeiros meses, a qual Neumann camou de “relação primal
mãe filho”, a criança vive e experimenta o corpo da mãe como sendo ela mesma e o mundo.
Não possui consciência capaz de discernimento, perceção e controle do seu próprio corpo.

É necessário haver uma base sólida de confiança e segurança durante a relação mãe-
filho, onde o ego poderá encontrar o caminho do desenvolvimento sadio. Embora este
desenvolvimento ocorra gradualmente, há uma forte tendência, na criança, de manter-se nesta
relação simbiótica com a mãe, já que depende dela materialmente e psicologicamente.

Uma rutura absoluta nesta relação causará danos irreparáveis ao desenvolvimento da


criança. A ausência da figura materna poderá provocar uma perda de contacto com o mundo e
deficiências na formação do ego.

Para Neumann a perda da mãe representa muitíssimo mais do que apenas a perda de
fonte de alimento. Para um recém-nascido – até mesmo quando continua a ser bem alimentado
– equivale à perda da vida. A presença de uma mãe amorosa que fornece alimentação
insuficiente não é de forma alguma tão desastrosa quanto à presença de uma mãe pouco
afetuosa que fornece alimentos em abundância.

A qualidade do amor na relação primal mãe – filho estabelecerá a qualidade das relações
do indivíduo com o mundo interno e externo. O principal é a qualidade do amor e não a
quantidade de amor que a mãe dispensa ao filho. O amor em excesso e possessivo sufoca e gera
insegurança.

ASSIM:

Inicia-se antes de a criança nascer (fase pré-natal), quando os pais começam a realizar
questões: será menino ou menina? Como vai ser? Com quem se parecerá? Como será a nossa
relação?

A criança já na fase intrauterina (no interior do útero) conhece a voz da sua mãe e das
pessoas mais próximas desta;

É com esta que vai inicializar a sua socialização;

A mãe é o seu primeiro objeto, e é com quem contacta pela primeira vez;

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Procura na mãe o afeto, o carinho, o alimento, mas os laços desenvolvidos não são
apenas por esta ter o alimento desejado, mas sim porque tem o afeto e contato que este
necessita para um desenvolvimento futuro harmonioso;

As características desta relação, no primeiro ano de vida, vão ter grande importância no
desenvolvimento futuro da criança: personalidade, autoestima, confiança em si próprio e
relacionamento interpessoal.

Construção do objeto
A mãe é a sua primeira imagem mental – o seu primeiro objeto e o primeiro agente
de socialização;

Até aos sete meses o bebé não tem a consciência da permanência do objeto. Assim,
quando a mãe se ausenta, o bebé apenas pensa que lhe falta uma parte muito importante, mas
nem consegue perceber o quê, pois não tem capacidade de o recordar;

Depois dos sete/oito meses, após já adquirir a sua ideia de objeto, quando a mãe
desaparece o bebé acha que ela não vai voltar. Pensa que o objeto (neste caso a mãe)
desapareceu;

Só por volta de um ano de vida, é que o bebé começa a compreender que a mãe continua
a existir, mesmo quando não está junto dele.

Relações precoces mãe/filho


Baseiam-se no desenvolvimento social que se refere ao crescimento de competências e
habilidades que capacitam o indivíduo para se relacionar afetiva e socialmente com os outros,
isto é, para interagir.

Uma relação com uma figura materna disponível e acessível, que apoia quando é preciso
e que respeita a individualidade, promove a integração na personalidade de:

• SENTIMENTOS DE CONFIANÇA E SEGURANÇA EM SI PRÓPRIO;


• AUTO-REGULAÇÃO EMOCIONAL MAIS EFICAZ.

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Processo de separação/individualização
A ansiedade da separação e face a estranhos, são marcos emocionais e cognitivos que
refletem a vinculação à mãe;

O primeiro distanciamento da presença permanente da mãe é o momento em que


entram para a creche ou jardim-de-infância;

Antes dos 6 meses, os bebés raramente reagem negativamente a estranhos, geralmente


fazem-no pelos 8 a 9 meses, e cada vez mais nos restantes meses do primeiro ano de vida. Por
isso, é preciso entendê-las e adiantar-se, com tato, às suas reações, evitando tudo aquilo que
possa produzir ansiedade ou temor;

Contudo, mesmo nessa altura, um bebé pode reagir positivamente a uma pessoa
desconhecida, sobretudo se a mãe falar de um modo positivo sobre esta ou se a pessoa aguardar
um pouco e só depois abordar o bebé de modo gradual e suave através da brincadeira;

Quando a criança nunca esteve num lugar separado da sua mãe e na presença de
pessoas, até à altura, desconhecidas, convém pouco a pouco, visitar com ela o lugar, levando-a
esporadicamente antes de começar a frequentá-lo de forma regular. Quanto mais familiarizada
se encontra uma criança com as pessoas e os lugares com os quais entra em contacto, mais
segura se sente e mais livremente pode desfrutar, explorando o ambiente que a rodeia.

Estruturas familiares
A família assume uma estrutura característica.

Estrutura: “uma forma de organização ou disposição de um número de componentes


que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente” (WHALEY e WONG, 1989; p. 21).

A estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em


posições, socialmente reconhecidas, e com uma interação regular e recorrente também ela,
socialmente aprovada.

Nuclear ou conjugal
• Consiste num homem, numa mulher e nos seus filhos, biológicos ou adotados,
habitando num ambiente familiar comum.

• A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua


constituição, quando necessário.

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Pais únicos ou monoparental


• Variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio,
óbito, abandono de lar, ilegitimidade ou adoção de crianças por uma só pessoa.

Ampliada ou extensa (também dita consanguínea)


• É uma estrutura mais ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes diretos
ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e
netos.

Famílias comunitárias
• Ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, onde a total responsabilidade pela
criação e educação das crianças se cinge aos pais e à escola, nestas famílias, o papel dos
pais é descentralizado, sendo as crianças da responsabilidade de todos os membros
adultos.

Famílias homossexuais
• Existe uma ligação conjugal ou marital entre duas pessoas do mesmo sexo, que podem
incluir crianças adotadas ou filhos biológicos de um ou ambos os parceiros

Famílias recompostas
• São famílias em que pelo menos um dos adultos tem filhos de outros casamentos.

• A maioria dos meninos aceitam bem o padrasto, o que não ocorre com tanta facilidade
com as meninas.

Divórcio
• Pode ser um choque para a criança saber que os pais se vão divrciar. Muitas vezes sente-
se culpada pelo facto e geralmente muda o seu comportamento, podendo exibir
comportamentos depressivos, hostis, desobedientes, irritáveis, isolamento, etc.,
perdendo muitas vezes o interesse pela escola e pela vida social.

Grupo de pares
A importância das primeiras relações
Isolamento
• É algo normal e natural;

• Entre os 6/12 meses a criança, gosta de brincar sozinha e fá-lo frequentemente em


silêncio e quando fala é consigo mesma;

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• Aos 12/ 24 meses a criança procura brincar ao lado dos seus novos amigos, mas sem
fazer esforço para estabelecer contato, nem mostrar interesse nas brincadeiras de
outras crianças;

• A partir dos 24 meses, começa a mostrar interesse pelas atividades dos outros. Primeiro
este interesse é apenas em observar a atividade que estes estão a desenvolver, estando
em silêncio; Os primeiros movimentos para se juntar às brincadeiras de um grupo
podem tanto ser tranquilos quanto tempestuosos; isto depende do grupo em questão
e da criança que pretende juntar-se;

• Seja como for, os relacionamentos no interior do grupo tendem a formar-se


rapidamente, talvez acabar com a mesma rapidez e, frequentemente, refazer-se
minutos depois;

• A criança para fazer parte do grupo tem que fazer o que todos estão a fazer, para não
ser diferente, cooperar com o grupo, dividir brinquedos, esperar pela sua vez;

• A maior parte das crianças que brinca sozinha, leva mais tempo para atravessar os
diversos estágios de aprender a brincar em grupo;

• Nunca devemos forçar uma criança a participar de brincadeiras em grupo se ela não
quiser, é perfeitamente possível que ela não saiba como o fazer, por ainda não estar
preparada.

Entrada no grupo
• As crianças gostam de estar juntas e são tolerantes umas para as outras. Podem dizer
algumas palavras, oferecer e tirar os brinquedos, mas raramente se zangam. Mesmo
que uma criança bata noutra, pouco depois começam a brincar.

• Pouco depois dos 2 anos, na sua maioria, as crianças começam a interagir e a brincar
umas com as outras. Podem, por exemplo, reunir-se num canto da casa ou junto à manta
a brincar em grupo. Além disso, as conversas são simples.

• São agora menos tolerantes umas para as outras. Podem não partilhar o que lhes
pertence e, se lhes tirarem um brinquedo, protestam. Podem bater, dar pontapés e
morder umas nas outras. Deste modo, aprendem a interagir e a provocar reações.

• Quando as crianças começam a interagir, mostram poucas preferências por este ou


aquele companheiro. Gostam apenas de brincar juntas e, mais tarde, com alguém. A

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pouco e pouco, criam-se amizades. Estas podem ser de pouca duração. Embora algumas
crianças pareçam inseparáveis durante semanas e até meses, na maior parte dos casos
as amizades vão e vêm rapidamente.

• No infantário, as crianças entre os 2 e os 3 anos brincam muitas vezes em grupos


grandes e gostam de juntar-se a outras e fazer o mesmo que elas. Mais tarde, quando
os papéis nos jogos de simulação são mais definidos, o grupo escolhe. As crianças menos
populares podem ser excluídas.

A importância do grupo de pares


O estatuto de cada criança no grupo depende da sua capacidade de adaptação às
situações e ao próprio grupo.

Conforme os valores de cada grupo, as diferenças podem ser melhor ou pior aceites.

A não aceitação pelo grupo de pares pode gerar ansiedade e afetar a autoestima. No
entanto, cada criança vive esta situação de modo específico e a imagem que tem de si e o
suporte social que recebe dos outros que são significativos tem um papel muito importante.

O grupo de pares pode ser definido como um grupo de pessoa, pertencentes ao mesmo
grupo social, de idade semelhante e que desenvolvam atividades conjuntas.

No grupo etário dos 6 aos 12 anos o estabelecimento de relações de pares é central,


embora as relações de amizade tenham um papel importante no desenvolvimento e equilíbrio
ao longo da vida.

Na infância os amigos participam no desenvolvimento cognitivo e sócio-afetivo, sendo


elementos essenciais de aprendizagem e de autonomia.

Ainda no jardim-de-infância, os parceiros de brincadeiras permitem exercitar as


interações sociais, contudo, nesta faixa etária as relações, normalmente, não duram nem são
sentidas ainda como relações de amizade.

A entrada no 1º ciclo marca o início de relações mais duradouras, com cumplicidade,


troca de confidências, alianças, exigências de lealdade e cooperação.

Através destas relações as crianças aprendem padrões e estratégias de interação social,


testam e simulam comportamentos, desenvolvem a sua autoestima, aprendem regras,
conformam-se ao grupo.

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Assim:

A criança em idade escolar, hoje em dia, passa muito tempo fora de casa:

• Escola;

• Amigos;

• Jogos e Entretenimentos.

É entre os 6 e os 12 anos que o grupo de amizade começa a influênciar:

Este grupo oferece:

• Segurança emocional;

• Apoio que o adulto não consegue dar;

• Ajuda as crianças a conviver em sociedade.

Nesta faixa etária, normalmente, os grupos estruturam-se muito por sexo;

As primeiras relações no grupo ajudam a preparar a criança para viver em sociedade.

A educação enquanto meio de formação do indivíduo


Nos países industrializados as pessoas têm capacidades básicas de escrita e de cálculo,
capacidades estas designadas por literacia. Há alguns anos atrás esta situação afetava de forma
diferente as pessoas

Atualmente a escola ocupa um lugar central no funcionamento e desenvolvimento das


sociedades industrializadas contemporâneas.

A idade de entrada na escola, em quase todos os países, é dos seis a sete anos, quando
a criança, de acordo com as etapas do desenvolvimento, torna-se capaz de reconhecer uma
letra que combinando com outras, pode formar sílabas e palavras. Da mesma forma, também
é capaz de compreender operações da matemática.

De facto, na maioria dos países existe inclusive um mínimo de escolaridade obrigatório.

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A escola tem também vindo a alterar os modos de socialização dominantes. As pessoas


cada vez entram mais cedo na escola para terminarem cada vez mais tarde, o que leva a que
algumas das funções primariamente atribuídas às famílias passem a ser da competência da
escola (transmissão de saberes, normas e valores, por ex.).

A escola assume assim também o âmbito de educação informal na medida em que neste
espaço as crianças desde cedo desenvolvem a sua socialização.

De denotar também que a escola tem um potencial democratizador, na medida em que


propicia a todos o acesso a saberes bem como a oportunidades.

Nas sociedades desenvolvidas o nível de iliteracia tem vindo a diminuir.

Analfabetismo na Europa

Portugal Espanha Itália França Bélgica Irlanda

Anos

1850 +75% +75% +75% 40 – 50 % 45 – 50 % 45%

1900 78,6% 56% 48% 20% 20% 20%

1950 40% 16% 20% 3–4% 2% 2%

2000 7,8% 0% 0% 0% 0% 0%

Em Portugal ainda podemos encontrar determinadas regularidades sociais que


contribuem para as desigualdades sociais:

• Filhos de professores raramente reprovam;

• Filhos de operários e agricultores reprovam mais do que os filhos dos


professores;

• Crianças oriundas de minorias étnicas desfavorecidas reprovam mais do que os


filhos de operários e agricultores;

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• Crianças oriundas de pobreza crónica reprovam mais do que as crianças


oriundas de minorias étnicas desfavorecidas.

São as crianças oriundas dos meios sociais mais desfavorecidos que abandonam mais e
mais cedo a escola. Mesmo quando não se regista insucesso escolar é tendencioso este
abandono precoce.

PORQUÊ???

Este aspeto está relacionado com a imagem desvalorizada que têm da escola. A maioria
destes jovens analisa a sua situação de forma negativa (ex. para que é que vou estudar… não
vale a pena).

De facto, o nosso sistema de ensino não funciona de forma igualitária, sendo que os
fatores raça, sexo e classe ainda predominam nas oportunidades dadas aos indivíduos.

Atualmente a sociedade promove um ideia negativa de que só não consegue quem não
quer, o que de facto foge à realidade, já que as pessoas são todas diferentes, e as crianças tem
ritmos próprios de aprendizagem.

Muitas vezes as pessoas com carreiras sustentadas referem expressões como “só não
arranja emprego quem não quer” ou “só não sabes porque não estudas” o que de facto são
ideias erradas.

Todos os indivíduos têm diferentes formas de pensar e de agir. Quando confrontados


com a mesma situação não agimos todos da mesma forma:

• EX. Vamos a passar na rua e vemos alguém a ser assaltada. Como agimos?

• EX. Vemos uma pessoa a pedir na rua. Como procedemos?

De facto vamos proceder de acordo com a nossa forma de pensar face à situação.

Na escola passa-se a mesma realidade, as crianças são diferentes, têm diferentes


perceções da realidade, diferentes ritmos de aprendizagem e mesmo diferentes facilidades de
adquirir conhecimentos e de questionar.

Aspetos como a cultura e o contexto socioeconómico influenciam a forma como nos


desenvolvemos.

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Formadora: Andreia Quintas
Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

É comum existir uma grande dificuldade dos professores em tratar os alunos do mesmo
modo visto as diferenças que os caracterizam, havendo habitualmente um favorecimento de
determinados alunos em detrimento daqueles que demostram mais dificuldades.

A escola apresenta uma maior facilidade em transmitir os seus saberes nos meios sociais
onde estes já existem:

Classes Favorecidas =

• mais estímulo;
• mais informação
• maior nível de escolaridade

Classes menos Favorecidas =

• menos estímulo
• menos informação
• menor nível de escolaridade

É natural que isto aconteça uma vez que para estes alunos de classes mais favorecidas
a o contexto vivido na escola é tendencialmente incrementado pelo contexto vivido no seio
familiar. Ex: Se os meus pais falam constantemente de política em casa, eu vou aprender sobre
o assunto sem esforço, uma vez que inconscientemente ao ouvir vou adquirindo competências.

Agora, o importante neste sentido é que a Escola deverá procurar conhecer a realidade
do seu corpo estudantil para só depois poder projetar uma intervenção sustentada e igualitária.

A intervenção deverá, no entanto, ser construída por todos os intervenientes no


contexto escolar já que só assim pode abarcar as diferentes vertentes individuais e coletivas.
Ou seja, professores, auxiliares, educadores, pais e alunos devem trabalhar em conjunto
no sentido de potenciar o desenvolvimento de uma estratégia abrangente e tendencialmente
motivadora para o aluno, visto que só assim, este vai de facto interessar-se continuamente em
melhorar o seu percurso escolar.

RESUMINDO:

É preciso entender a escola como um potencial meio para transformar e a sociedade.


Assim sendo, devemos destacar a responsabilidade da escola para com o aluno, ressaltando a

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Formadora: Andreia Quintas
Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

necessidade do interesse que o educador deve ter pela vida do aluno como um todo, fazendo
que a escola passe a ter sentido na vida dele.

Da família, à creche, ao jardim-de-infância, à escola


A criança convive, cresce e comunica com a família, a esta cabe a função educativa;

A influência que esta exerce sobre a criança condiciona, facilita e pode mesmo alterar
o desenvolvimento da criança;

É na família que se aprendem pela primeira vez os valores essenciais e é onde se dão as
primeiras relações afetivas importantes para todo o amadurecimento global do individuo;

Família, creche, jardim-de-infância e escola, devem orientar-se na mesma direção, de


forma a garantir a estabilidade e o equilibro, fatores esses essenciais a uma
formação/aprendizagem correta;

Entre pais e a equipa educativa tem que existir uma relação estreita de colaboração e
respeito, pois ambos têm um “rumo”/ objetivo semelhante, e em sintonia conseguir alcançar o
mesmo fim;

Como sabemos não é obrigatório a frequência de uma criança numa creche (dos 3 meses
aos 3 anos) nem no jardim-de-infância (dos 3 aos 6anos), apenas no 1ºciclo (6 aos 9 anos).

A creche
Eixos de educação na Creche:
Movimento:

Os bebés constroem os seus territórios e as suas identidades a partir dos seus


movimentos: deslizar, gatinhar, sentar, ficar de pé, caminhar.

Estes modos de se movimentar faz com que as crianças consigam ver o mundo a partir
de diferentes posições.

É preciso deixar que se movimentem, criando espaços seguros com alguns obstáculos
para que elas possam andar, dar cambalhotas, etc.

Brincar e o Jogar:

A brincadeira surge a partir das relações interpessoais e dos elementos existentes no


ambiente.

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Formadora: Andreia Quintas
Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

Brincar é uma atividade vivida sem propósitos e que realizamos de maneira espontânea
atendendo ao nosso reflexo, ao desejo, ao nosso emocional e isto acontece tanto na infância
como na vida adulta.

É uma forma da criança experienciar o mundo estimula a criatividade

Dos 4 aos 6 meses as crianças tocam-se mutuamente, olham-se, olham as mãos, sorriem
ou choram;

Dos 6 aos 10 meses colocam a mão na cara do outro, fazem gestos de carinho;

A partir dos 8 meses aprendem a realizar a mesma coisa juntos, imitam o companheiro
e a base da atividade comum pode ser um objeto.

Socialização/ Autonomia

As crianças ao interagirem descobrem que existem diferentes modos de fazer coisas;

As crianças são profundamente influenciadas, elas começam a estabelecer


relacionamentos conscientes com os amigos e aprendem a comunicar;

A relação com os amigos contribui para o desenvolvimento de competências sociais.

Linguagem

É necessário conversar muito com o bebé, construir diálogo com conteúdo, com
vocabulário rico, com informações, explicações.

Estar atento à maneira como se fala com a criança : não simplificar demasiado e não
infantilizar.

Sentidos

Audição, tato, visão, olfato e audição são os caminhos por onde entram as informações
e as sensibilizações.

Ampliar experiências com o corpo e os sentidos, estabelecer relações entre eles ativa o
pensamento e a imaginação.

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Formadora: Andreia Quintas
Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

Jardim de Infância
É um espaço privilegiado onde se promove o desenvolvimento pessoal e social da
criança, numa perspetiva de educação para a cidadania

Assim de acordo com as orientações do ME o jardim-de-infância tem como objetivos:

• Estimular o desenvolvimento global da criança no respeito pelas características


individuais, incutindo comportamentos que favoreçam aprendizagens significativas
diferenciadas;

• Desenvolver a expressão a comunicação através de linguagens múltiplas como meio de


relação, de informação, de sensibilização estética e de compreensão do mundo;

• Fomentar a inserção em grupos sociais diversos, no respeito pela pluralidade das


culturas, favorecendo uma progressiva consciência como membro da sociedade;

• Contribuir para a igualdade de oportunidades no acesso à escola e para o sucesso da


aprendizagem;

• Despertar a curiosidades e o pensamento crítico.

• Proceder ao despiste de inadaptações deficiências, ou precocidade e promover a melhor


orientação e encaminhamento da criança;

• Incentivar a participação das famílias no processo educativo das suas crianças e


estabelecer relações de efetiva colaboração.

• Todos estes grandes objetivos se concentram em três grandes áreas curriculares do


desenvolvimento da criança:

• Área da formação social e pessoal

• Área da expressão e comunicação

• Área do conhecimento do Mundo

• Objetivos a desenvolver em cada área:

• Estimular a comunicação o intercâmbio e a partilha;

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

• Promover valores espirituais, estéticos, morais e cívicos;

• Promover a tolerância e a aceitação de crianças que possam ser de outras


etnias, que possam que possam ser mais carenciadas ou que possam ser
portadoras de deficiência;

• Promover a higiene pessoal e ambiental;

• Desenvolver o espírito crítico:

Área da Formação Pessoal e Social:


• Objetivos:

• Promover a socialização e a aceitação das regras do grupo;

• Estimular a autoestima e o sentido de interajuda;

• Promover a noção de responsabilidade e admissão do erro;

• Estimular a comunicação, o intercâmbio e a partilha;

• Promover valores espirituais, estéticos, morais, cívicos;

• Promover a tolerância e a aceitação de crianças que possam ser de outras


etnias, que possam ser mais carenciadas ou que possam ser portadoras de
deficiência;

• Promover a higiene pessoal e ambiental;

• Desenvolver o espírito crítico.

Área da Expressão e Comunicação


• Objetivos:

• Estimular a Criatividade e o sentido estético;

• Dominar várias técnicas e materiais dentro da expressão plástica;

• Promover o gosto pela leitura e pela escrita;

• Enriquecer o vocabulário;

• Estimular a apropriação das noções matemáticas;

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

• Desenvolver a motricidade global e ajudar a desenvolver o esquema corporal;

• Estimular o gosto pela música;

• Estimular a aquisição das noções temporais;

• Estimular a capacidade de memorização, atenção e concentração, através de


jogos, danças, rodas, exercícios vários;

• Promover a comunicação oral e escrita;

• Desenvolver o jogo simbólico.

Área Conhecimento do Mundo


• Objetivos:

• Estimular a curiosidade e observação do mundo que nos rodeia;

• Incentivar a experimentação e registo de observações e conclusões;

• Estimular atitude de curiosidade e de pesquisa;

• Incentivar a comunicação ao grupo dos saberes descobertos;

• Promover atitudes para a conservação e defesa do meio ambiente.

Organização do espaço
Condição basilar para formação da criança. Espaços amplos, diferenciados onde haja um
fácil acesso por parte das crianças.

Para a criança o espaço está cheio de sensações, odores e lembranças. É também um


ambiente de aprendizagem, e reflete a aprendizagem. Reflete as atividades que se
desenvolvem, as relações entre alunos/professor, relações com o exterior. Reflete também os
interesses dos educadores e dos alunos - intervenientes do processo educativo. Reflete o modo
como o educador concebe o ensino e educação do educando.

Quando nos referimos a um espaço físico, referimos os móveis que lá existem, os


materiais didáticos e decoração.

Espaço/ambiente:

• Dimensão física: só a parte material

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

• Dimensão funcional: forma como utilizamos o espaço

• Dimensão temporal: a organização dos espaços/tempo tem de ser coerente.


Refere-se ao ritmo de cada atividade

• Dimensão racional: diferentes modos de as crianças terem acesso aos espaços.


Normas e modos como elas se estabelecem, se são impostas ou se são de
consenso. Está relacionado com os diferentes agrupamentos das crianças e com
o papel do educador nessas atividades

O ambiente só existe com todas estas dimensões interagirem entre si.

Alguns elementos podem condicionar a organização de espaços:

• Condições climáticas

• Recursos existentes, nomeadamente, a biblioteca, as condições arquitetónicas


da escola e os espaços externos à escola e a sua apropriação, nomeadamente,
recreios, equipamentos e características do recreio.

• A sala de atividades: elementos que lhe são próprios:

• espaço físico: janelas, pontos de água, (torneiras), armários fixos, etc.

• mobiliário: a sua quantidades, se há falta de espaço ou excesso de mobiliário,


de que tipo (leve, pesado, polivalente, adequado as crianças).

• materiais: a sua variedade e segurança, a organização dos mesmos - é


importante que promovam a autonomia.

O Recreio
Acompanhamento de crianças no recreio

O recreio permite estimular

 Os sentidos: audição, tato, olfato, paladar e visão são os caminhos por onde entram
as informações e as sensibilizações.

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

 Ampliar experiências com o corpo e os sentidos, estabelecer relações entre eles e


ativando o pensamento e a imaginação.

 As pequenas atividades quotidianas tornam-se hábitos sobre os quais a criança


fundamenta a sua autonomia

• Uma pausa é muito importante para as crianças.

• Deve-se evitar usar o recreio como castigo, porque pode ser contraproducente.

• O nosso cérebro é capaz de se concentrar e de prestar atenção por períodos de 45


a 60 minutos, e esse tempo é ainda mais curto no caso de crianças.

• Para que elas sejam capazes de adquirir todas as capacitações académicas que
desejamos que aprendam, é preciso que tenham uma pausa que lhes permita
libertar a energia e exercitar o seu lado social

• No recreio deve haver preocupação com a maneira como os alunos ocupam o seu
tempo de recreio.

• Pensando em diminuir os conflitos, os pequenos acidentes eventualmente


ocorridos, e possibilitar aos alunos outras vivências corporais que não as
usualmente praticadas,

• Nas atividades externas os primeiros vinte minutos podem ser orientados pelas,
educadores com atividades de motricidade: corrida, saltos, rodas, apanhada.

• Os outros vinte e cinco minutos podem ser de atividades livres, em que as crianças
brincam espontaneamente, de acordo com as suas preferências, são
supervisionadas pelas auxiliares.

• Assim nos primeiros vinte minutos de recreio orientado pode ser promovido jogos
e brincadeiras antigas, como forma também de transmissão cultural, como: jogo do
lenço, saltar à corda, danças, macaco do chinês, jogo do saco, cantigas de roda, etc.

Importância da disciplina ou das regras


Não é nada fácil definir o que é indisciplina ou disciplina. São conceitos complexos, pois
não são estáticos, uniformes, nem universais e trazem consigo uma multiplicidade de
interpretações.

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

Relacionam-se com um conjunto de valores e expectativas que têm variado ao longo da


história, entre as diferentes culturas e em uma mesma sociedade. Também no plano individual
a palavra disciplina pode ter diferentes sentidos que dependerão das vivências de cada sujeito
e do contexto em que foram aplicadas.

Muitas pessoas acham que hoje em dia a indisciplina na escola é maior e vêm isso
como consequência “dos tempos modernos”. “No meu tempo o professor era autoridade; ele
era respeitado não só na escola mas em toda sociedade”.

O entendimento de disciplina depende, em grande parte, da conceção que se tem do


papel do educador no ambiente escolar. Se a sua função é simplesmente garantir a ordem na
sala de aula e nos demais espaços da escola, ou se acredita que deve formar o aluno como um
cidadão para o futuro.

No primeiro caso, a conceção de disciplina é a tradicional e coincide com a da maioria


dos educadores quando dizem que disciplina “é obter a tranquilidade, o silêncio, a arrumação,
a concentração e as posturas corretas”. No entanto, esse ponto de vista não é compatível com
a educação que se propõe a formar cidadãos, que não pode prescindir da colaboração dos
alunos, o que acarretaria na inibição de suas curiosidades, seus interesses e suas iniciativas.

Seguramente, a convivência escolar, em turmas numerosas, como é o caso da maioria


das nossas escolas, não permite se seguir as fantasias e os desejos de cada um. É preciso uma
certa capacidade de adaptação a algumas regras para que possa emergir a espontaneidade
coletiva nas atividades propostas.

Vários podem ser os fatores que dificultam a participação de alguns alunos nessa
disciplina coletiva. Muitas vezes, o problema está nas relações do aluno com a classe, com o
conteúdo do ensino, ou com as pessoas.

Em relação ao professor, a hostilidade pode ter sua causa no seu próprio fracasso
escolar, na severidade do professor ou nos motivos pessoais originados na família, bem como
em função da relação com os colegas, às vezes, em um sentimento de inferioridade ou desejo
de ser aceito.

A não-satisfação de sentimentos que gostaria de experimentar na sua família ou na


escola traduz-se por reações desviadas que têm mais ou menos valor de diversão, de disfarce
ou de símbolo que são objetiva ou subjetivamente nocivas.

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

A questão da violência na escola tem se revelado um problema muito grave. A agressão


física, verbal, e o desrespeito estão banalizados no quotidiano escolar, como algo consolidado
no modo de ser dos jovens.

Assim, a disciplina, ou as regras, é algo que se aprende e ensina desde os primeiros anos
de vida.

É fundamental para que a criança aprenda a comportar-se, a respeitar os outros e a


perceber o mundo que a rodeia.

É preciso firmeza, bom senso, paciência e capacidade de adaptação por parte dos pais.

Os primeiros 6 meses bebés


• Rotinas que promovem a aprendizagem

• Aprender a regular os estados de sono, alerta, birras e choro de acordo com as


suas necessidades;

• Aprende a adormecer para recuperar energia e proteger-se do barulho;

• Aprende a chorar para dar a conhecer necessidades;

• Aprende a olhar fixamente nos olhos demonstrando a importância das pessoas.

Entre os 6 e os 12 meses
• Testar os pais e a importância da repetição:

• Os pais precisam de dizer não até a lição tenha sido aprendida e não precise
mais de ser testada;

• O não pode ser confuso para a criança porque pode ter vários contextos;

• Tem de compreender que as regras não são iguais para todas as pessoas;

• As regras e as expectativas mudam á medida que a criança cresce.

Cancelar convites para brincar


• Confrontam a criança com as consequências do seu mau comportamento

• Os pais devem explicar sempre à criança o porquê de o terem feito.

• Vantagens / Desvantagens

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

• Percebe que a falta de controlo no seu comportamento influência as suas


atividades com os outros.

• Precisa de compreender que o castigo está relacionado com o seu mau


comportamento

• Precisa de saber quando acaba o castigo e quando pode voltar a ter autorização
para brincar com os amigos

• Quando o castigo não faz sentido, a criança começa a questionar a autoridade


dos pais.

Proibir a televisão e os jogos de vídeo


• Tornam-se atividades ainda mais atraentes para as crianças;

• Devem ser limitadas;

• Vantagens / Desvantagens

• A criança aprende que algumas atividades divertidas são um privilégio a ser


alcançado e não algo que está garantido;

Ignorar o mau comportamento


• Ignorar maldades, sem importância;
• Se a criança é repreendida a todo o instante deixa de escutar os pais;
• Devemos escolher as situações para agir.

• Vantagens / Desvantagens

• Permite aos pais selecionarem áreas disciplinares;

• Desencoraja pequenos disparates, cujo objetivo é apenas chamar a atenção dos


pais.

• Pode gerar confusão por algumas maldades.

Castigos Corporais – Devem ser evitados:


• Mostra que os pais são maiores que a criança e dá a entender que a violência é uma
forma de resolver os problemas.

• Vantagens / Desvantagens

• Põe fim ao comportamento inadequando, durante algum tempo e enquanto o


progenitor estiver presente;

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Acompanhamento de Crianças – relacionamento empático e afetivo

• Transmite à criança a mensagem errada, que se pode magoar alguém mais


pequeno e com menos força;

• Não ensina. A criança vai concentrar-se na dor e na raiva em vez de aprender


com o erro;

• Pode desacreditar os pais como modelos e educadores.

Inútil - Vergonha e Humilhação


• Se o fizerem a criança tende a sentir raiva, desespero e desânimo.

• A criança defende-se e nega o que fez, em vez de reconhecer o erro.

• Vantagens / Desvantagens

• Temporariamente, pode fazer cessar o comportamento;

• Pode causar danos à auto – estima;

• Pode estragar a relação “Pais e filhos”.

Inútil - Comparação com os outros


• Podem prejudicar as relações entre as crianças;

• Falharão se tentarem ser como essa pessoa.

• Vantagens / Desvantagens

• A criança pode aprender com um amigo que admira,

• Prejudica a autoestima;

• Pode fazer a criança desanimar e não encoraja o seu aperfeiçoamento;

• A criança, magoada, pode decidir »não se ralar» e torna-se ainda pior.

Inútil - Suprimir comida ou usá-la como recompensa


• Os castigos não devem envolver a privação de refeições, visto ser símbolo de amor e
cuidados parentais.

• As refeições são ocasiões especiais para pais e filhos estarem juntos;

• Vantagens / Desvantagens

• Pode, temporariamente, ter o efeito desejado;

• A criança não pode ser forçada a comer;

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• As sobremesas ou doces proibidos tornam-se mais desejáveis.

Inútil - Retirar o afeto ou Ameaçar com abandono


• Os castigos devem ser temidos pelas crianças;

• Não devem ser de longo prazo, mas sim penalizantes.

• Vantagens / Desvantagens

• Os castigos longos, tem efeito desejado durante algum tempo em determinado


comportamento, mas não ensinam;

• Prejudica a relação pais filhos;

• A criança pode não se sentir amada e capaz de amar porque sente raiva e
revolta;

• A raiva e a revolta podem conduzir a criança a problemas comportamentais


sérios.

Funções do Auxiliar de Educação ou Vigilante


• Colaborar com a educadora no planeamento, organização e realização de
atividades;
• Cuidar de crianças em Atividades de Tempos livres (ATL);
• —Preparar ou auxiliar as crianças nas suas necessidades básicas (alimentação e
higiene), tendo em conta a sua faixa etária e nível de desenvolvimento;
• Acompanhar e vigiar as crianças garantindo a sua segurança, quando estas estão
na sala, se deslocam, para o recreio ou para o exterior;
• Acompanhar as crianças nas visitas de estudo, passeios ou a locais de
desenvolvimento de atividades complementares;
• Assegurar as condições de higiene, segurança e organização do local onde
as crianças se encontram, assim como os brinquedos e os materiais utilizados;
• Informar os encarregados de educação ou o educador sobre eventuais
problemas de saúde e outros;
• Por fim, e não menos importante dar atenção, amor e colo…

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