SAPOPEMBA • V( DIVA • V.

GUARANI

SÃO PAULO 02 a 25/11 de 1985 - N0 31 - ANO IV- DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

ANIVERSÁRIO DO
JORNAL DO BAIRRO

0RflBL<">BBiRB0
J COIORADQ _ V.OIVA _ V.OUAHÍW) -STAOUfiaí- SAPOPEMBA

Dia 20— OílWf t-tlilHIHtMlrJ'1l-.l. hLu-' . mu» .,., i. f... c of REPmre o JORNAL DO BAIRRO
No dia 15 de novembro de 82, nascia o Jornat do Bairro e o nosso
primeiro editorial destacava o compromisso com a comunidade, porque
entendemos que um povo consciente, bem informado e sabiamente discu-
tindo seus problemas, como saúde, educação, transporte, saneamento, ,,ttfO.S fl
lazer, desemprego, habitação e outras questões sociais e políticas que tem unnMOh t:
a torça de modificar a sociedade e a soma desse conjunto é uma vida
melhor e justa.
Hoje, após três anos de trabalho contínuo, acreditamos e investimos
em prol dos benefícios básicos e com a participação dos moradores e
entidades organizadas lutamos para amenizar as carências das chamadas Eleições
áreas periféricas.
Agradecemos ás pessoas que contribuíram para o crescimento de
nosso trabalho, aos amigos e comerciantes que nos apoiaram e apoiam
para que possamos continuar nessa batalha de uma imprensa regional
atuante e comprometida com as causas da região. No 3° aniversário do
Jornal do Bairro, sem festa, mas com multo trabalho pela frente.

Vitória de Jânio Quadros: Encontro de

Eleito por 1.540.952 votos. Poetas da região.
Pág.4 Pág.8

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 Jornal do Bairro
1
Editorial
O futuro sem ilusões
A partir de 1° de janeiro, a cidade
de São Pauio terá seu novo (?)
Prefeito, com 38% do eleitorado, ele
administrará por três anos com a
promessa salvadora de varrer a
corrupção e promover a segurança.
O carisma de Jânio Quadros e a
insatisfação dos paulistanos com o
governo Montoro deram ao
candidato da coligação PTB-PFL uma
vantagem pequena, mas
incontestável no pleito de 15 de
novembro.
Enquanto o PT recebe críticas de
ter provocado um retrocesso político
ao não apoiar Fernando Henrique
Cardoso, o PMDB procura assimilar a
derrota e avaliar os erros. Nessa
avaliação deve aparecer claramente
o equívoco da Interferência
excessiva de valdades pessoais
dentro da campanha. Buscou-se
mais a defesa do governo do que a
promoção de Fernando Henrique
Cardoso. A resposta veio nas urnas.
De seu lado, Jânio Quadros
apresentou um discurso sem
novidades, falando em segurança e
austeridade. Colocando-se no papel
de vítima por todos, conseguiu
abafar as possíveis repercussões
negativas do apoio recebido de
Paulo Maluf e Delfln Neto,
contra-atacando com a figura de
Setúbal e já lançado como seu
candidato a governador em 86.
Promessas não faltaram durante
a campanha. Só nos resta esperar
pela posse do Prefeito e mantermos
alertas, e continuar 9 luta pela
liberdade e democracia.
Nesta edição: Política: Jânio na
o Soco Livre ■ Hospital de
V. Prudente
Prefeitura de 5. Paulo
0
i Vestibular/85
Mural: Rádio
Pirata no ar
0 §■ Encontro com os poetas
ANUNCIE, ASSINE E PARTICIPE
DO JORNAL DO BAIRRO
FONE9I8-2220
Acontecendo
/ Feira Comunitária
Ho dia 15 de dezembro próximo, a Co-
munidade D'lsrael promoverá ao I Feira Co-
munitária, por ocasião do seu 5 aniversário
de fundação, com festejos a partir das 9
horas. Grupos musicias animarão a festa que
contará com barracas de artesanatos, plan-
tas, papelaria, churrasco, refrigerantes, do-
ces artesanais e salgados.
A Comunidade Cisrael convida os mora-
dores para comemoração de seu aniversário,
que será um dia de lazer e multas atrações. A
I Feira Comunitária vai acontecer à rua Padre
Maurício, 45, Vila Invernada, próximo à Ave-
nida Sapopemba, na altura do 2.600.
Ciranda de Livros
Com o objetivo de estimular o hábito de
leitura em crianças de 7 a 12 anos, a Prefeitu-
ra de São Paulo efetivou um convênio pelo
prazo de dois anos com a Fundação Roberto
Marinho, para a implantação do projeto "Ci-
randa de Livros" nas escolas municipais.
Os livros fornecidos pelo convênio são
os seguintes: "O sapo Cururlnho da Beira do
Rio" de Madelena Lana Gastelois, "Um pou-
co de tudo", de Elias José, "Jornal Falado",
de Antonieta Dias de Morais, "Aventura no
País do Pinta-Aparece", de Joel Rufino dos
Santos, "Viviam como gato e cachorro", de
Elvira Vlgna, "Fauno e Flora", de Diane Ma-
zur, "Madalena Pipoca", de Maria Helois.a
Penteado, "Caldeira de Piolho" de Maria Lú-
cia Amaral, "Unl-Duni-e-ete", de Ângela La-
go, "Raul da Ferrugem Azul", de Ana Maria
Machado, "O Cavalinho Azul" de Maria Clara
Machado, "A Toca da Coruja", de Wlamir
Ayala, "Jucá Jabuti", de Origenes Lessa, "O
Gato Malhado e a Andorinha Sinhá" de Jor-
ge Amado, e "Uma Idéia Toda Azul", de
Marina Colassantl.
Opinião do Leitor
Prezada Editora,
Ao ensejo da comemoração de
mais um aniversário de fundação des-
se combativo e íntegro jornal, tenho a
satisfação de cumprimentar a equipe
do /ornai pelo trabalho e pela luta em
prol da comunidade local, na árdua
missão de Informar e esclarecer a opi-
nião pública.
Aproveitamos a oportunidade para
colocar esta Regional ao Inteiro dispor
de V.Sa., subscrevendo-me com os
protestos de elevada estima e distinta
consideração.
Atenciosamente
Dino Perez — Administrador Regional
da Moóca.
Expediente
Diretora Responsável: Laura Kloko Kamisaki- MTb. 14.291
Redatores: Laura K. Kamisaki e Luiz Lopes
Charge Marcos dos Santos Monteiro
Fotografia: Elza Tieko Kamisaki
Colaboradores: irede Cardoso, Rogério Itokazu é Mércia
Lopes
Jornal do Bairro: Fotolito e Publicação de Página Livre
Editorial Ltda.
Endereço: Av. Sapopemba, 3889 — s/3 Vila Diva — Cep.
03374 — Fone: 918-2220.
Composição: OESP Gráfica S.A.
Impressão: Empresa Folha da Manhã S/A
Circulação Jardim Colorado, Santa Clara, Sapopemba,
Vila Diva, Vila Guarani, Vila Invernada e Água Rasa. Tira-
gem: 20 mil exemplares. ,
02 a 25/11 de 1985
Exposição Art-Rô
Você já começou a organizar suas com-
pras de fim de ano?- Então não deixe de
apreciar a Exposição de Trabalhos de Pintu-
ra em tecidos, peças de gesso e quadros da
Escola de Pintura Art-Rô que se realizará na
semana de 2 a 7 dezembro das 9 às 17 horas,
na Av. Sapopemba, 3.475. Os trabalhos ex-
postos pelas alunas estarão à venda no local.
Lembre-se de que trabalhos manuais e arte-
sanato é sempre uma boa sugestão para
presentear alguém.
Conferências no Centro
de Cultura Social
O Centro de Cultura Social, dando conti-
nuidade ao seu trabalho cultural promoverá
nos meses de novembro e dezembro um
programa de conferências sobre temas que
envolvem a Questão Sociai. O endereço do
Centro de Cultura Social é Rua Rubino de
Oliveira, 85 - Brás. A seguir estamos divul-
gando a programação e os palestristas.
23/11 — Os mártires de Chicago e a iuta
pela redução da jornada de traba-
lho. Por Leonardo Morelli, militan-
te sindical ferroviário.
30/11 — Autogestão na Revolução Espa-
nhola — Por Pedro Rueda, militan-
te da Confederação Nacional do
Trabalho — CNT Espanhola — e
participante ativo da Revolução
Espanhola e a experiência anar-
quista no processo revolucionária.
07/12 — A Revolução russa, sua Implica-
ções atuais — Por Maurício Trag-
temberg, professor da UNICAMP e
da FGV, Sociólogo e autor de vá-
rios livros.
14/12 — Prática Proletária, integração ou
ruptura? Por Lúcia Barreto Bruno,
Professora dA PUC/SP.
Cara leitora Rosemelre Neri, rece-
bemos a sua carta pedindo esclareci-
mentos sobre as Eleições de 15 de
novembro, e registramos a sugestão
de pesquisa sobre "o voto do jovem
pela primeira vez" para uma futura
edição do Jornal do Bairro.
Nota da Redação: Agradecemos a
mensagem do administrador Dlno Pe-
rez pela passagem do terceiro aniver-
sário do Jornal do Bairro. Acusamos
recebimento das cartas dos Deputados
da Assembléia Legislativa José Yunes
e Koyu lha.
02 a 25/11 de 1985
Boca Livre
Hospital cre W/a Prudente área escolhida
Construção de Hospital em
VP está prevista para 86
O Hospital Municipal de Vila Prudente
após Inúmeros pedidos e mobilização dos
moradores será construído pelo Estado
com os recursos provenientes do FAS —
Fundo de Assistência Social — do Palácio
do Planalto, cabendo á Prefeitura de São
Paulo a responsabilidade da operação e
manutenção do equipamento. O Início das
obras de construção do hospital está previs-
to para Junho de 1986, na área do campo de
futebol conhecido como o "campo do ga-
lo", localizado ás avenidas Francisco Falco-
nl. Jacinto Menezes e rua Manhuaçu, próxi-
mo ao cemitério de Vila Alpina.
Segundo o secretário de Higiene e Saú-
de, José da Silva Guedes, os custos do
hospital alcança um total de 840 mil ORTNs
e sua estrutura terá 19 mil metros quadra-
As reformas do Zôo
Após 12 anos de parallzação de um
conjunto de obras no Parque Zoológico de
São Paulo, o plano do diretor do Zoo foi
colocado em prática para uma série de me-
lhoramentos essenciais e funcionais como
o anfiteatro — utilizado para cursos; pales-
tras e congressos —, o prédio central da
administração, construção de vestiários, re-
formas do restaurante, paisagismo dos bos-
ques e a limpeza dos lagos.
O zoológico ocupa uma área de 13.752
metros quadrados e com as novas Instala-
^ FARMÁCIA ^ não pode agir em ncie do Estado. Na me-
SÃO SEBASTIÃO
Proprietário Ostvaldo
Cliente amigorNão se esqueça nun-
ca que o sucesso de médico e a
saúde do doente dependem da
consciência do farmacêutico.
Estrada Barreira Grande, 683
Jardim Colorado
v FONE 216-5991 > V.Primavera
Jornal do Bairro
dos de área construída e capacidade para
250 leitos distribuídos entre as clínicas mé-
dicas, cirurgia, obstetrícia, enfermaria e
pronto-socorro. Além de contar com um de-
partamento de fisioterapia e reabilitação
que Incluirão hldroterapla, massagem, ele-
troterapla e ginásio para ginástica.
O Hospital Municipal de Vila Prudente
também contará com um banco de sangue,
farmácia, laboratório, ambulatório, três sa-
las para Ralo X, auditório para 80 pessoas e
uma creche destinada aos filhos dos funcio-
nários.
O Hospital Geral de Sapopemba deverá
ser entregue em dezembro, mas o seu fun-
cionamento está previsto para o final de
janeiro de 86, Isto se a obra estiver perfeita
e sem necessidades de novos acertos.
çoes de área gramada e arborizada, onde
os animais longe de grades podem circulai
livremente. Além disso, outras construções
na forma de Ilhas cheias de vegetação, com
grutas e pequenos lagos no centro de fosse
de seis metroi de profundidade, onde fo-
ram realizados para que os animais estejam
mais próxlmols do seu "habltat" natural.
Como sugestão para as férias ou passeloi
de domingo visite o Zoológico que está lo-
calizado na Av. Miguel Estéfano, ir 1.300
Água Funda.
JJroçja j-í na
Completo e variado estoque de
medicamentos, artigos de perfumaria,
inalações e aplicações à domicílio na
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Comerciantes debatem segurança
No mês de outubro numa mesa redonda
organizada pelo Jornal do Bairro foi discuti-
da a questão da segurança com a participa-
ção de comerciantes de Vila Diva e Santa
Clara, sendo apontados inúmeros problemas
causados pela falta de policiamento e por
coincidência, alguns dias após, a Secretaria
de Segurança Pública acionou esquema os-
tensivo em toda Capital. No caso específico
dos bairros, vários policiais circulam na Av.
Sapopemba tranqüilizando os lojistas da
área.
Nessa edição entrevistamos o Secretário
Michel Temer sobre o atual plano de traba-
lho de seu órgão, entretanto deixamos regis-
trados as impressões e causas apontadas
pelos comerciantes. Desejamos que as medi-
das da Secretaria se mantenham, porque os
furtos, roubos e assaltos freqüentes dos
bairros voltarão a acontecer, caso não hou-
ver continuidade.
Os comerciantes criticam as viaturas da
Operação Polo - Polícia Localizada - que
deixa de cumprir todas as suas funções por-
que não se locomove pelas ruas e bairros,
dando ensejo a que os bandidos planejem
mais à vontade seus assaltos.
O problema da segurança e proteção
cria um verdadeiro pânico não só entre a
população, mas principalmente nos comer-
ciantes, notadamente os que já foram assal-
tados e não tiveram solução satisfatória de
seus casos. Entre muitas idéias sugeridas foi
a de "reforçar" o policiamento oficial crian-
do uma polícia própria, que traria conse-
qüências piores, uma vez que a proposta
Entrevista com Michel Temer
O Jornal do Bairro, entrevistou o Secre-
tário de Segurança Pública, Michel Temer
sobre alguns pontos do atual sistema de
trabalho e a comentada criação da Guarda
Municipal previsto pelo futuro Prefeito de
São Paulo.
JB — Após as eleições o esquema de
segurança se manteve Inalterado e como
está funcionando ?
Michel Temer — O esquema de segu-
rança não sofreu alterações após as elei-
ções, uma vez que esse esquema Já havia
sido Implantado bem antes de 15 de no-
vembro. Apenas no dia do pleito houve au-
mento dos efetivos civil e militar, exigidos
pelas próprias circunstâncias.
Mas, voltando à presença policial nas
ruas, devo dizer que já há mais de um mês,
está sendo sentida de forma considerável,
em razão da mudança do turno dos poli-
ciais militares com o aumento de sua carga
horária de trabalho, a Inclusão da Policia
Feminina na chamada "Operação Pólo" e o
maior número de viaturas em trânsito cons-
tante pela cidade.
JB — A Guarda Municipal está prevista
em lei e quais seriam suas atribuições?
Michel Temer — Sim, a Guarda Munici-
pal está prevista em lei. No entanto, esta
define a competência e as atribuições des-
se tipo e trabalho. Fica restrito à vigilância
de próprios municipais — cemitérios, par-
ques, jardins e edificações. Não tem, pois,
a Guarda Municipal a toridade policial e
dida em que uma Guarda dessa natureza
funcionasse como ooservaaora e comuni-
casse os fatos que viessem requerer uma
Imposto Predial mais barato
Os proprietários de imóveis situados na
periferia da capital terão para o ano de 1986
os mesmos descontos no Imposto Predial e
Territorial Urbano (IPTU) concedidos neste
ano, de acordo com o projeto de lei do pre-
feito Mário Covas à Câmara Municipal.
0 projeto propõe descontos de até 66%
poderá transformar numa espécie de máfla,
já que os homens contratados estariam
"vendendo" proteção. Além disso a suges-
tão fere a lei que incunbe o Estado esta
responsabilidade.
Outra alternativa apresentada,foi a parti-
cipação dos comerciantes na manutenção
das viaturas danificadas de forma que a frota
sempre se mantenha conservada e servindo
a população, já que por diversas vezes viatu-
ras ficavam encostadas com a alegação de
falta de verba.
Notamos que a segurança assume as-
pectos contraditórios e imedlatistas quando
não temos uma ação rápida e eficiente do
Estado e só em novembro foram sentidas as
mudanças no policiamento, amenizando a
situação que ora tomava proporções inacei-
táveis e violenta. Além dos aspectos preven-
tivos, a segurança pública está rejacionada
com os alarmantes índices de marginaliza-
ção e da pouca oferta de emprego. Outro
passo a ser tomado é o encaminhamento de
crianças para as escolas e fornecendo ali-
mentação, através de merenda reforçada,
pois estaremos evitando a formação de futu-
ros bandidos.
Entre as causas sociais e a ação preven-
tiva a mesa redonda formada pelos comer-
ciantes apresentou um aspecto importante
que foi a discussão e que o cidadão não está
omisso à realidade de Insegurança, seja aler-
tando ou com idéias impraticáveis, todo"!
esperam que o Estado tenha uma ação cons-
tante e não temporária.
Secretário Michel Temer
ação da Polícia, seria útil, como ajuda ã
própria Polfcia.
JB-Quals as razões que não viabiliza-
ram a criação da guarda nesse governo e
teria algum entrave de ordem constitu-
cional?
Michel Temer — Dentre os vários moti-
vos que Inviabilizaram a criação da Guarda
Municipal, neste governo, podemos desta-
car; a mudança necessária da Lei, para
efeito de que exista o poder de Policia,- o
tempo necessário para o preparo de um
homem para tal atividade; o custo opera-
cional de tal atividade; o custo operacional
que tal empreendimento demandaria, entre
outros.
diante de tais entraves, torna-se mais
viável o aumento do efetivo, tanto da Polí-
cia Militar quanto da Civil.
para as residências de padrão baixo, e de até
.58% para construções de padrões médio ou
alto. Os terrenos também serão beneficiados
com descontos de até 65%, enquanto os
imóveis comerciais náo serão beneficiados.
Os descontos também serão maiores para
imóveis com áreas menores.
ATLANTIC

Vence o carisma popular na eleição da Capitai
Boca de urna em Vila Ema
Pela Prefeitura de São Paulo já passa-
ram 55 prefeitos, apenas 36 foram eleitos ou
nomeados para o cargo. Mas somente 10
prefeitos foram eleitos pelo voto direto. Em
1953, após 27 anos sem eleição para prefeito
a população elegia Jânio Quadros, entretan-
to o seu verdadeiro objetivo era atingir o
governo do Estado de São Paulo, que assu-
miu em 17 de janeiro de 1955.
E novamente o quadro se repete, após
20 anos sem eleições para prefeito nas capi-
tais, Jânio Quadros retorna ao cargo eleito
pelo povo e a seguir este pleito, ele diz que
pretende descansar.
O último prefeito eleito pelo voto direto
— antes do ato Institucional n0 2 de 1965 —
foi o saudoso Faria Lima no período de 1965
e 1969. No entanto o primeiro biônico na
Prefeitura de São Paulo foi Paulo Salim Ma-
luf que governou entre 1969 a 1971 e por fim
Mário Covas nomeado pelo governador
Franco Montoro em maio de 1983 e que
deixa o cargo em 31 de dezembro de 1985.
O novo prefeito qye assume em 1° de
janeiro de 1986 deverá governar por 3 anos.
E cabe a seus eleitores cobrar as promessas
de campanha como; canalização da maioria
dos córregos da cidade, ampliar e cuidar das
creches, iluminação nas ruas da periferia,
criação da Guarda Municipal, criar linhas de
ônibus circulares e concêntricas e ampliar a
rede trólelbus.
ARVP tem novo administrador
Desde o dia 29 de outubro a região de
Vila Prudente está com novo Administrador
Regional. É o Engenheiro Flávio Salvador
Simões, 29 anos, formado pela Universidade
de Mogi das Cruzes, ingressou na Prefeitura
em 1980 na própria ARVP, que trabalhou de
chefe de circulação viária até Supervisor de
Obras Públicas e Serviço.
Após um ano de trabalho assumiu a
Chefia de Obras Novas onde adquiriu grande
experiência em resolver os problemas de
todos os tipos que assolam a região. Mas seu
período mais produtivo na ARVP foi quando
ANUNCIE i
VOCÊ SÓ TEM A GANHAR
O Jornal do Bairro com três anos de trabalho constitui uma força
comunicativa nos bairros de Santa Clara, Vila piva, Jardim Colorado,
Vila Guarani e Sapopemba. É uma força que só vem beneficiar a
população e o comércio da região.
A população porque se sente melhor informada e participa dos
acontecimentos. O comércio além desses benefícios ainda conta com
um veículo para divulgar seus produtos e seus estabelecimentos,
aumentando, assim, o poder de comercialização. Nessa edição abri-
mos a Seção de Imóveis: veja as ofertas e aproveite a oportunidade de
anunciar na edição de dezembro que estará nas ruas no dia 12 de
dezembro.
Para anunciar é só ligar 918-2220.
Jornal do Bairro
A vitória de Jânio Quadros à Prefeitura
de São Paulo coloca uma nova relação de
forças polfticas em foco. O crescimento do
PT e do PDT, a nível nacional, mostra que
nenhum partido de oposição pode caminhar
sozinho. As alianças políticas, de agora em
diante, garantirão ainda mais o crescimento
dos pequenos partidos. O PMDB, apesar de
haver perdido em São Paulo, Rio de Janeiro
e Rio Grande do Sul, ainda é a maior expres-
são de apoio ao presidente José Sarney,
juntamente com a Aliança Democrfica.
No quadro geral, saem fortalecidos os
pequenos partidos, o PCB e PC do B e o
próprio PTB que elegeu Jânio da Silva Qua-
dros. Agora não se sabe até que ponto o
novo prefeito terá apoio ou não da Câmara
Municipal, mas é de se esperar uma compo-
sição dentro de parâmetros razoáveis no
bem estar da população.
Jânio Quadros vai assumir uma Prefeitu-
ra com orçamento de 15 trilhões de cruzei-
ros com dívida de 6 trilhões de curto médio
prazos. Terá de canalizar os córregos, emis-
sários de esgoto a céu aberto, implantar o
monotrilho importado do Japão, para inibir a
expansão do metrô, arrumar um jeito de
criar a guarda municipal, sua principal plata-
forma eleitoral, manter o funcionalismo pú-
blico e atender a rotina do dia a dia.
Uma tarefa para gigante que Jânio tem
pela frente. Ele já não é o mesmo homem da
respondeu interinamente por 60 dias a Su-
pervisão de Obras e Serviços Públicos, onde
trabalhava cerca de 12 a 14 horas diárias na
área. Além de manter contatos com os mora-
dores, funcionários da regional, equipamen-
tos, viaturas e serviços.
Flávio Simões diz que com o cargo de
supervisor conheceu realmente Vila Pruden-
te e seus problemas, e ainda manteve um
contato maior com a população da região.
Esse trabalho lhe forneceu uma bagagem
profissional para ser indicado e assumir o
cargo de Administrador Regional de Vila
Prudente.
década de 60 e enfrentou as baterias de uma
oposição na campanha que marcou espe-
cialmente sua linha ideológica de direita. A
situação hoje mudou. Os vinte anos de arbí-
trio estancaram o País e o povo. Qualquer
tentativa de retrocesso significará a volta às
cavernas, e o Brasil não suportaria outro
retrocesso. Qualquer experiência neste sen-
tido, pode armar o braço do povo, que até
agora foi objeto de manipulações.
Jânio Quadros sabe que agora não pode
fazer o que lhe der na cabeça, porque com-
prometeria a candidatura de Olavo Setúbal
ao governo do Estado de São Paulo, e tam-
bém colocaria em risco a mínima estabilida-
de conquistada a duras penas pelos políticos
e pela sociedade civil, com muito esforço
dos trabalhadores de Sáo Paulo.
FERNANDO HENRIQUE
O acordo com o PDT foi feito muito em
cima da hora e criou muito descontentamen-
to nas bases do PDT de São Paulo. É certo
que os adhemaristas, uma grande parcela,
votaram em Jânio e outros em Suplicy. Al-
guns de pura "bronca" e outros se sentiram
"traídos" pelo partido. O PMDB cometeu o
grave erro de não adotar os dois turnos e
pagou caro por isso.
A figura de Fernando Henrique sofreu
um grande desgaste, mas mesmo assim ele
acaba de consolidar uma posição de lideran-
ça que analista algum pode desprezar. Além
disso, o PMDB assumiu um triunfalismo irri-
tante. O "já ganhamos" precipitado saiu às
ruas e não levou em conta o forte apelo
moralista de Jânio Quadros.
Resultados oficiais da eleição
de 15 de novembro:
Nome do candidato Partido n° de votos
Jinlo da Silva Quadros PTB/PFL1.572.4S4
Fernando Henrique Cardoso PMDB 1.431.300
Edhardo Matarazzo Suplicy PT 827.563
Francisco fíossl de Almeida PCN 68.310
Ana Rosa Gomes Tenente PH 45.075
Pedro Geraldo Costa PPB 8.107
Antônio Carlos Fernandes PMC 4.612
José Maria Eymael PDC 4.578
Armando Corrêa Silva PMB 4.187
RI valide Walcy Ovídeo PSC 4.066
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rência 113.
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Fone: 271-2655
02 a 25/11 de 1985
Mércia Lopes
E a gota d'àgua que favoreceu ainda
mais o candidato do PTB/PFL ocorreu no
debate de 10 de novembro promovido pela
Rede Globo, quando Fernando Henrique não
respondeu à pergunta se acreditava ou não
em Deus. Ele poderia ter respondido que
Hitler e Mussolini acreditavam em Deus e
promoveram o maior derramamento de san-
gue da história do mundo. Mesmo Franco
(Espanha) e Salazar (Portugal) eram homens
que freqüentavam a igreja católica romana e
mantiveram uma ditadura por mais de 40
anos.
Suplicy e o PT
Eduardo Matarazzo Suplicy cumpriu
uma bela campanha, obtendo 820 mil votos,
dando ao PT um grande destaque. Aliás, foi
esse destaque que criou uma responsabili-
dade ao PT. Agora, o partido deve crescer
qualitativamente e seus militantes já não po-
dem sair por aí desafiando a tudo e a todos.
O PT colocou nas ruas no dia da eleição
de 15 de novembvro uma grande massa jo-
vem, uma força nova que tudo indica vai ser
a nova liderança política no Brasil. A presen-
ça de mulheres na campanha e na boca da
urna tanto no PMDB como no PT, emprestou
muita força aos candidatos. Esperava-se
muita confusão e muita violência. Nada dis-
so aconteceu, a não ser a forte pressão e
muita tensão, fatos corriqueiros em quem
tem a coragem de "brigar" pelas coisas que
acreditam.
Uma coisa ficou bem clara neste quadro
político: os petistas, pedetistas e outros não
votaram contra Fernando Henrique, mas
contra Franco Montoro.
4.190.041
TOTAL
653.327
Abstenções
Total de Eleitores na
4.843.368
Capital de São Paulo
Vale a pena colocar que três pontos devem
ser colocados para tentar explicar a vitória
de Jânio Quadros em Sáo Paulo, quando as
forças que apoiaram o PMDB eram Imtatí-
vels. Primeiramente os adhemaristas de-
vem ter votado em Jânio, segundo deve
verificar o problema das coligações de últi-
ma hora, e o terceiro ponto é saber se os
petistas teriam votado no PMDB caso o
acordo Supllcy/Fernando Henrique tivesse
sido concretizado.
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02 a 25/1109 1SBS Jornal do Bairro

Centro Comunitário
para o Jardim Esther
A nossa região é caracterizada pela falta
de infraestrutura, ocasionada pela urbaniza-
ção mal direcionada e a ocupação do solo
desordenado, e nessa situação a pavimenta-
ção, a iluminação, esgoto, transporte e ou-
tras necessidades fundamentais tornam-se
bandeiras de comissões de moradores, asso-
0 Governo Montoro está colocando
ciações e Sabs que se organizam para o
atendimento de suas reivindicações. Entre
os bairros que alcançaram significativos be-
as coisas nos seus devidos lugares.
nefícios, o Jardim Esther, através da ação
reivindicatória da Comissão de Moradores
do J. Esther empenha-se pelas causas do
bairro e atualmente luta para a implantação
de um Centro Comunitário, por meio de Fa-
bes que proporcione aos moradores um es-
paço de desenvolvimento das atividades da
comunidade.
A moradora Eunice C.Arruda Lima e de-
mais moradores discutem amplamente as fi-
nalidades do Centro Comunitário que terá o
papel fundamental na organização de traba-
lhos coletivos de educação, lazer e participa-
ção da população local nas questões do
bair>o.
Segundo a Comissão, o Centro deve ser
construído na área da Prefeitura entre as
ruas Bartolomeu Gonçalves e Edmundo da
Cunha, em frente da E.E.P.S.G. "Prof. Dr.
Décio Ferraz Alvim", já solicitado por meio
de ofício de 5 de junho passado, encaminha-
do ao Prefeito Mário Covas para estudo e
providências.
O Jardiam Esther é um bairro afastado e
ainda carente e a Comissão de moradores
solicita das autoridades a construção do
Centro, pois será de grande utilidade à cole-
tividade.

Loto, sua história

e sua sofisticação

O primeiro país no mundo em fatura-

mento, o Brasil entre diversas nações euro-
péias é o que apresenta o maior número de
apostadores da Loto. A fezinha para milha-
res de brasileiros é o antigo e renovado so-
nho de ficar milionário, através de combina-
Agora.nos cortiços.a conta de luz
ções e palpites e duas vezes por semana
aciona a corrida pela quina.
A Loto completará 5 anos no dia 15 de
é dividida pelo número de famílias,
janeiro de 1986, foi criada através do decreto
do Presidente Figueiredo, pela lei 6717 que
implanta a Loteria Federal de números e
prognósticos, sendo que o maior prêmio da
permitindo uma economia de até 36%
história foi de Cr$ 12.864 bilhões, apostados
em 48.555.000 com a média de Cr$ 1.916 por Até muito pouco tempo, os mora- va em cortiço. Se você tem alguma dúvida de co-
cartão. O Brasil, o primeiro e o úr>ico dos dores de cortiços tinham sua conta de A partir de agora, o Governo Monto- mo se beneficiar dos descontos tarifá-
países latinos americanos, conforme os da- luz calculada pelo consumo total da casa. ro, através da Eletropaulo, está colocan- rios progressivos, telefone para o Ligue-
dos do Boletim Interloto sobre o faturamento Com isto, o consumo em conjunto do as coisas nos seus devidos lugares: a Luz - 239-5500-ou procure a agência da
no período de 1970/80, manteve-se lideran- de três, quatro ou mais famílias, ficava al- conta será dividida pelo número de Eletropaulo mais próxima da sua resi-
do, com Cr$ 16.101.311.080, em 2° lugar a to e não permitia que esses usuários se famílias que habitam a casa. dência e apague de uma vez essa dúvida.
Itália com Cr$ 10.966.114.400, a Espanha em beneficiassem dos descontos tarifários Desta maneira, todos serão benefi- Como se vê, São Paulo está mudan-
3° lugar com Cr$ 10.066.733.771, a Suécia em progressivos. ciados e a conta total apresentará uma do. E a Energia de São Paulo está cada
A° lugar com Cr$ 5.028. 563.018 e em 5° lugar Esta era a situação para quem mora- economia de até 36%. vez mais ligada em você.
a Noruega com CrS 4.037.029.751.
uom o avanço da tecnologia, a Loto não
ENERGIA DEi
poderia ficar fora da era dos computadores,
neste sentido os apostadores rapidamente
buscam novos métodos que proporcionem
uma chance maior de acertar.
Afirma Sérgio Ciabote proprietário da
Pimba Loterias, os computadores signifi-
cam um passo importante no jogo da Loto,
SÃO PAULO
ADMINISTRAÇÃO UNIFICADA
l
'ELETROPAULO
iiiliiiHiiHiil
GOVERNO MONTORO

porque o apostador escolhe se deseja fechar

o terno, a quadra ou a quina, sendo dezenas
de 20 à 24.
O apostador faz o seu palpite que será
desdobrado em vários cartões, variando a
quantidade de dezenas em cada um deles,
EFE-TRÊS VIDRAÇARIA Depósito de Mat. de
de acordo com a determinação do computa-
dor, de forma que entre as dezenas escolhi-
Materiais de construção COLORADO Construção S. João
das, se acertar pelo menos três delas, terá a Construir não é problema. Vidros, fume, temperado, cristal
premiação de 1(uma) ou mais ternos, depen- Na EFE-TRÊS você ray-ban, colocação de janela, Ba tista
dendo do tipo de jogo escolhido.
Se ganhar a quina,.antes funcionava na encontra tudo para sua casa. vitrô,molduras e quadros. Tudo para a construção e acaba-
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6 Jornal do Bairro
A democratização do espaço sonoro:
piratas" em busca de liberdade
<(
Como cogumelos brotando após a chuva, os transmissores das rádios piratas
começam a florescer na Paulicéia Desvairada.
"A prática da felicidade torna-se subversiva
quando ela é coletiva." Trecho captado em uma
transmissão da Rádio Alice, de Bolonha, Itália,
na década de 70. Musa inspiradora das demais
rádios livres surgidas na Itália, que se propaga-
ram posteriormente pelo resto da Europa e até
mesmo pelo Brasil, a Rádio Alice surge no seio
de movimentos políticos altamente contestató-
rios, herdeiros diretos da rebelião estudantil de
68. Funcionou de 1974 a 1977, quando foi
fechada após violenta ação policial ordenada
pelo prefeito comunista de Bolonha.
Contestando o monopólio estatal das co-
municações, as rádios livres italianas seguiam a
tradição das rádios "piratas", como a Rádio
Verônica, da Holanda, que transmitiu de um
barco fora dos limites das águas territoriais (daí
o apelido "pirata") holandesas por quinze anos,
a partir de 1960; da Rádio Caroline, da Inglater-
ra, que transmitiu de 1964 a 1968, chegando a
ter uma audiência de 28 milhões de pessoas.
A repressão italiana visando a extingui-los
conseguiu exatamente o resultado contrário do
esperado. Após 1977 as rádios livres prolifera-
ram espantosamente em toda a Itália, chegando
a existir 3 mil delas no final dos anos 70 e
começo dos 80, colocando por terra a legislação
monopolista.
Os Italianos não exportaram somente a
idéia das rádios livres, exportaram também o
"know how" adquirido e que logo foi apropriado
pelas rádios livres francesas, espalhando-se em
seguida a experiência por toda a Europa.
As "piratas" francesas desabrocharam
com toda força a partir das eleições municipais
francesas em 1977, e em 1981, quando as elei-
ções presidenciais vencidas pela Partido Socia-
lista, que à época jogava firme ao lado das
rádios livres. Neste período chegou a haver ver-
dadeiro "congestionamento" de rádios — livres
e oficiais — no ar.
Na esteira da Rádio Alice surgem as mais
famosas "piratas" francesas, dentre elas aquela
considerada a mais charmosa: a Rádio Tomate,
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instalada no Quartier Latin, bairro parisiense
considerado o reduto dos intelectuais e artistas
em geral, e onde militou o filósofo e anti-
psicanalista Felix Guattari; espécie de ideólogo
do movimento das rádios livres francesas e euro-
péias e autor da proposta, da "revolução mole-
cular", o mesmo que praticamente abriu a a
discussão sobre rádios livres no Brasil, quando
aqui esteve promovendo debates sobre a expe-
riência francesa, em 1982.
Mas, eleições ganhas, Miterrand não vaci-
lou em fechar o cerco sobre as rádios livres. Em
1983 legalizou 22 delas e fechou as demais
através de ações policiais.
No mundo todo e especialmente na Améri-
ca Latina, a experiência de rádios livres está
intimamente ligada a movimentos políticos de
esquerda ou sindicais, como a pioneira rádio dos
mineiros bolivianos, a "Sigla XX", transmitindo
desde 1952; a "Rádio Venceremos", da Frente
Farabundo Marti de Libertação, de El Salvador.
Mas foi na Europa que o movimento das rádios
livres ganhou ímpeto, propondo apropriação co-
letiva das ondas de transmissão, na luta contra
o monopólio estatal sobre o espaço sonoro.
Enquanto isso, no Brasil...
"Xilik": o pirataria paulistana vai ao ar.
"No dia da morte do Tancredo a gente se
encontrou, existia um cemitério na cidade e
talvez no país."
Para destruir o cemitério e liberar "a igreja
repleta de desejos", um grupo de doze jovens
composto de psicólogos, estudantes, jornalistas
resolveu criar'o primeira rádio livre paulistana; a
Rádio "Xilik".
Certamente a rádio mais discutida no mo-
mento — já foi objeto de matéria em quase
todos os grandes Jornais do país —, é também a
menos ouvida, devido a seu limitado raio de
alcance.
Transmitindo nos 106,4 Mhz, do "Dial", em
FM, com uma potência de 40 watts, consegui-
dos graças a um transmissor colocado numa
"panela" (uma lata de 20 litros contendo todos
os "ingredientes" necessários à colocação de
suas ondas no ar), ao custo baixíssimo de Cr$
900 mil — adquiridos nas lojas da Rua Santa
Ifigênia —, a Xilik está instalada numa salinha
2x2. Atinge no máximo 4 bairros (Perdizes, San-
ta Cecília, Lapa_e Pompéia), mas, tal qual um
grito lançado entre montanhas, amplifica suo
voz e lança suo mensagem, ultrapassando as
fronteiras limitadas do alcance de seu trans-
missor.
O violonista Luiz Alves realizará um Re-
cital de Violão no próximo dia 21 de dezem-
bro, às 15 horas, na Sociedade Amigos de
Vila Alpina, localizada à rua Gaspar Barreto,
439, próximo ao final do ônibus circular Ola-
ria. Neste ano a carreira de Luiz Alves teve
uma fase brilhante com inúmeros recitais em
São Paulo e no interior do Estado, consa-
grando-se como violonista criativo e autor
de Músicas para Violão. No seu show de
violão ele apresentará uma mostra do seu
disco "MPB Choro" e outras músicas como:
Carinhoso, Gente Humilde, Disparada e um
Pout-Purrl Gonzaguiano. Não percam e a
entrada é franca.
^ HAMISLANDIA
A Hamislândia Esportes apre-
senta o mais completo sortimento
esportivo. As famosas grifes. Adi-
das, Topper, Rainha e Penalty estão
à sua espera na loja esportiva do
bairro.
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02 a 25/11 de 1985
SILVÉRIO ROCHA NETO
Reforma agrária no ar pólio cultural e econômico sobre as telecomuni-
cações; do candidato do PT, Eduardo Suplicy,
Propondo "a reforma agrária do ar", os
obtiveram um pronunciamento favorável à exis-
"xiliqueiros" vão além de meras propostas refor-
tência das rádios livres em debate público recen-
mistas; e subversivamente para os padrões dos
temente realizado na PUC-SP.
atuais detentores do poder, pede, parafrasean-
do Mao Tsé-Tung "que mil rosas murchem e
que mil transmissores floresçam". Cooperativa
Como cogumelos brotando após a chuva,
Conscientes de que o isolamento pode levá-
os transmissores começam a florescer na Pauli-
los à destruição, os "libertários do ar" se articu-
céia Desvairada. Existem atualmente mais duas
lam. Criaram recentemente uma Cooperativa
outras rádios livres transmitindo: a Rádio llapso
das rádios livres, reunindo todos os interessados
e a- Rádio "Se liga no Suplicy", iniciativa de
em participar do movimento, visando coletar
partidários do candidato a prefeito de São Paulo
informações técnicas, editar manuais onde qual-
pelo PT, Eduardo Suplicy; com projetos de pelo
quer pessoa possa ter acesso às informações
menos mais dez entrarem em funcionamento
necessárias para a montagem de uma rádio
brevemente, inclusive uma ligada a movimentos
pirata e aprofundar as pesquisas sobre as alter-
de base da igreja católica, na periferia paulis-
nativas para as rádios livres. "Se hoje tem gente
tana.
querendo fazer AM,' amos pesquisar AM", afir-
Com o lema "os piratas são eles, nós não ma um integrante da Cooperativa e convida
estamos atrás do ouro", numa alusão às rádios todos os interessados a participar do projeto a
comerciais, os integrantes do "Xilik" pretendem entrarem em contato através do DCE da PUC
romper o cerco do monmopólio estatal sobre as (Rua Monte Alegre, 984 - SP), que ao custo
concessões dos canais de comunicação. Mono- mensal de 1/2 ORTN terão direito a um voto em
pólio mantido por força de lei n" 4.117, de 27 de todos as deliberações da Cooperativa.
agosto de 1962, do Regulamento dos Serviços
de Radiodifusão e do Decreto n° 88.066 de 26 de
janeiro de 1983, que regulamenta oa renovação
de concessões e permissões para veículos de
telecomunicações.
A sedução da legalidade não os atrai: "Se
quiséssemos entrar no esquema legal da rádio-
transmissão no Brasil, teríamos de ser amigos do
rei, depois de descolar 3,5 bilhões e em seguida
esperar a concessão", afirmam. Diferentemente
de Sorocaba, onde chegou a existir 43 rádios
livres no ar até 1983, com várias pleiteando a
legalização, fechadas após ação do DENTEL,
os xiliqueiros preferem a desobediência civil,
acham que a única ética que deve prevalecer é
entre elas mesmas, uma não deve interferir na
outra.
Compreensivelmente não se identificam:
são "O Bifo", "Capitão Gancho", "Satã",
"Sombra", "Xilik", "Flash Gordon". E é este
quem afirma: "O Estado não tem de legislar
LICOR DE ABACAXI
sobre os nossos desejos". Na luta contra o
monopólio e pela democratização das ondas Ingredientes:
sonoras, buscam o apoio da comunidade para 1 garrafa de pinga
suas propostas, obtendo o aval de várias perso- cascas de um abacaxi bem amarelo cortado
nalidades. O advogado Luís Eduardo Greenhalg em fatias grossas
e o jurista Hélio Bicudo já se pronunciaram 1/2 quilo de açúcar
favoravelmente às rádios livres e contra o mono- Modo de fazer:
Corte em pequenos pedaços a casca do
abacaxi e coloque em um litro (de preferên-
cia branco); após coloque numa garrafa de
O Cordel em São Paulo pinga. Deixe o abacaxi em fusão na pinga no
mínimo quinze dias. Se deixar mais não tem
A partir de pesquisas feitas pela Seção problema. Após estes dias prepare uma cal-
de Arte Popular reunindo trabalhos de vários da com uma garrafa de água e 1/2 quilo de
poetas e repentistas radicados na cidade de açúcar. Quando a calda estiver em frio leve
São Paulo, é que o Centro Cultural está reali- junte a pinga e deixe ferver um minuto. Deixe
zando uma exposição intitulada "O Cordel esfriar. Passe o licor em filtro Melita.
em São Paulo", que tem por objetivo obser-
var os novos caminhos dessa literatura nos QUINDIM DE ASSADEIRA
grandes centro urbanos.
O Cordel é de origem européia, mas com
Ingredientes:
1 pacote de coco ralado grande
raízes profundas na região do nordeste do
Brasil, e depois se fixou em São Paulo com
1 pires de queijo ralado
2 copos de leite
força total, a ponto de estar aqui a maior 3 copos de açúcar
editora de folhetos de cordel do país. 4 colheres de farinha de trigo
A exposição ficará até o dia 20 de de- 2 colheres de manteiga
zembro, fornecerá ao público folhetos e xilo-
4 ovos inteiros
gravuras, textos explicativos, aulas abertas 2 colheres de fermento royal
de xilogravura com o poeta e xilogravador Misture e bata no liqüidificador e leve ao
Jotabarros e apresentação de repentistas e
violeiros.
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Colaboração de Neyde C. Amato
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02 a 25/11 de 1985 Jornal do Bairro

V Olimpíada de Educação de Adultos Congresso de Movimentos Populares

No próximo dia 1 de dezembro das 8 às
19 horas no Centro Educacional Arthur Fri-
dereich será realizada a V Olimpíada de Edu-
cação de Adultos da Fabes Vila Prudente. O
principal objetivo da olimpíada é criar uma
maior aproximação entre educandos e edu-
candos e educadores e edü^andos. Sabendo
que a prática de esporte atua como um veí-
culo de confraternização, o grupo de educa-
dores após enfrentar uma série de barreiras
e obstáculos na organização e reaHzação de
quatro olimpíadas, nessa eles prometem vir
com força total e não deixar a Olimpíada de
Educação de Adultos desaparecer. Já que é
um evento genuíno da Fabes Vila Prudente.
A programação da V Olimpíada de Edu-
cação de Adultos é a seguinte: abertura com
pronunciamento das autoridades, acendi-
mento da pira olímpica, maratona e início
dos Jogos de equipe como basquete, vôlei,
futebol de salão e futebol de campo. No
período entre 12 e 14 horas haverá distribui-
ção de lanches e refrigerantes aos educan-
dos que participam nas atividades esporti-
vas. Durante a tarde a Olimpíada contará
com jogos de salão (dominó e dama) e ativi-
dades culturais com apresentação de con-
juntos de samba e moda de viola e o encerra-
mento será com uma matroginástica organi-
zada pelo professor Hélio Barbosa. O CDM
Arthur Friedenreich está localizado à rua Fal-
coni n0 100, na Vila Alpina.
A cidade de São Paulo conta com deze-
nas de movimentos populares de cultura es-
palhados pelos bairros e zonas da cidade.
Entretanto, na maioria das vezes esses gru-
pos têm uma expressiva atuação na comuni-
dade. Através do Projeto Cultura na Cidade
(PCC) que a Secretaria Municipal de Cultura
realizou nos dias 24 a 27 de outubro o Io
Congresso de Movimentos Populares da Ci-
dade de São Paulo no Centro Cultural, onde
mais de 60 representantes de movimentos
populares discutiram vários temas, dificulda-
des e reivindicações referentes a Cultura.
Na plenária geral do último dia do con-
gresso (27 de outubro), os participantes de-
cidiram pela escolha de uma Comissão Pro-
visória para realizar estudos para fundação
de uma entidade representativa dos diversos
movimentos culturais. Essa comissão seria
formada por um integrante de cada movi-
mento onde numa Assembléia marcada para
o dia 27 novembro, discutiriam e aprovariam
os estatutos de fundação e a escoma da
diretoria.
O Projeto Cultura na Cidade na região
de Vila Prudente está localizado na Adminis-
tração Regional de Vila Prudente, na Rua do
Oratório, 172, onde funciona a Oficina de
Monitores de Arte coordenada pela profes-
sora Maria Cecília Borelli Sarros aos sába-
dos das 14 às 18 horas na Creche Comunida-
de Feliz — Cohab Teotônío Vilela na rua
Francisco Uspar.

CrS 197.000.000
FUVESL SAIBA AS HOVIDADES
DESSE ANO
Edifício Vera Lúcia
Rogério Itokíiu
Una a tradição do
O maior vestibular do pais, a Fuvest. que seleciona
alunos para os cursos da USP, Unicamp e Escola Paulista de
Medicina, terá a sua primeira prova a ser realizada no dia 8 de
Jardim I
dezembro. Para os candidatos é bom lembrar algumas mu-
danças importantes ocorridas nesse ano. A primeira e talvez
mais importante mudança é que a Fuvest aumentou a impor-
Independência
tância da prova de 1' fase, composta por 96 testes de conheci-
mentos gerais. Em anos anteriores a Fundação do Vestibular
convocava para a 2' fase um número de candidatos três vezes
ao conforto de
maior que o número de vagas dos respectivas cursos. A partir
desse ano só serão chamados 2,5 vezes mais candidatos do
que o número de vagas. Ou seja: relação 3 candidatos/vagas
caiu para 2,5 cand/vagas. Uma outra mudança importante é a
morar bem.
abolição das provas de Italiano e Alemão na 2' Fase. Agora, as
provas de Língua Estrangeira somente existe as de Inglês e
Francês.
O 2 dormitórios
Uma avaliação da Fuvest
que você
O professor Manoel Carlos Chaparro assessor de
imprensa da Fuvest, foi ouvido pelo Jornal do Bairro e escla-
receu a razão dessas mudanças, além de comentar um pouco f procurava
o vestibular coordenado pela Fundação.

A Fuvest sofre algumas criticas por fazer uma bateria

de provas bastante pesadas e também exigir dos candidatos
\ com garagem e
conhecimentos detalhados de uma área de estudo que nada
tem a ver com a carreira que optou. Por exemplo: ter que
exigir que um candidato de Sociologia faça uma prova analíti-
piscina
co-expositiva de Química e o mesmo ocorre com o candidato
à Engenharia com relação à prova de História. Questionado
sobre tais argumentos, Chaparro afirmou: há um certo exage- Condições de
ro nisso tudo. Ele explica: "Apesar das provas serem iguais
para todos os candidatos, o peso das notas será diferente, pagamento
conforme o curso que o candidato escolheu. Assim, um candi-
dato à Sociologia teria a sua nota de História com um peso
maior do que as outras. O mesmo ocorreria com a nota de Preço total:
Matemática com o candidato de Engenharia". E, acrescenta, é
necessário que o universitário tenha uma certa "bagagem" de CrS 197.000.000
todas as áreas de estudo. O assessor de imprensa diz que a
Fuvest não se preocupa somente em testar o conhecimento
geral do candidato, mas também em avaliar a sua capacidade TOTALMENTE FACILITADO,
de raciocínio. Um item imprescindível para um futuro estudan-
te da USP. conclui ele. DIRETO COM A CONSTRUTORA
Com referência à diminuição do número de convoca-
dos para a 2' fase Chaparro afirma que tal decisão visa a um
(s/renda familiar, c/30% de entrada
aperfeiçoamento nas condições de realização da prova de e saldo em 96 meses)
Vestibular. Com esse novo critério classificatório, o número
de convocados diminuirá em cerca de 4000 pessoas e desse
modo, conclui Chaparro, haverá melhores condições em fis- SEGURANÇA E TRANQÜILIDADE
calizar e acomodar os candidatos da 2* fase.
Quanto a extinção das provas de Alemão e Italiano,
Chaparro aponta três motivos: primeiro, os respectivos idio-
mas não constam no currículo obrigatório do 2c Grau: segun-
do o número de optantes para esses dois tipos de provas é AVENIDA PROFESSOR lUg 'GNÃçg^gT^
* Pronta entrega
bastante reduzido e terceiro, o fato de que os eventuais
optantes dessas provas são possivelmente oriundas das res-
Localização:
pectivas Colônias de imigrantes, e que por isso levam uma Rua Marcelo Muller, 1.022
certa vantagem aos candidatos que optaram pelo Inqlès. Atrás da Igreja do Jd. Independência
Chaparro é contra a adoção de um outro sistema de
seleção para as Universidades brasileiras: (como, por exem-
plo, o que ocorre na Argentina, em que o acesso é livre e a
avaliação é feita no decorrer do curso). Para ele. a Fuvest é
Construção, Incorporação e Vendas Exclusivas
ainda a melhor forma de seleção para a atual realidade univer-
sitária brasileira.
E finalmente alguns conselhos dados por alguém en- TETO SOLAR Incorporações e *^C
volvido diretamente no processo do vestibular. O primeiro
conselho: saber de "todas as regras do jogo", para poder
Participações Ltda.
assim montar a sua "estratégia" ("No manual o candidato terá
todas as informações que necessita nesse sentido"). Em se-
gundo, manter a calma durante os exames. E finalmente, em
terceiro lugar, não levar em conta o fator sorte. Para Chaparro
292-6612
na Fuvest não há sorte. Afirma ele: "O candidato que acredita
na sorte despreza a sua própria capacidade."
Corretores no local diariamente, inclusive aos sábados, domingos e feriados

Mano/o, Vicente e Novaes
Um encontro com poetas de nossas vilas,
foi o que aconteceu no último dia 18 na redação do
Jornal do Bairro. A idéia nasceu quando dois dos
participantes comunicaram os lançamentos de
seus livros e o jornal qua incentiva a produção
poética abriu esta página para os valores da região.
Num bate-papo informal discutiu-se a poesia no
contexto atual, as dificuldades de custo, o caminho
dos jovens poetas e as propostas que possam am-
pliar e criar um espaço dessa legião de pessoas
qué desejam divulgar seus trabalhos.
Participaram Manoel Castanõ Blanco, de
Vila Ema, José Geraldo Novaes, de vila Guarani e
Vicente Liles de Araújo Pereira, de Vila Diva, com a
coordenação de Laura Kamisaki.
No inicio da conversa os participantes se
mostraram um tanto embaraçados, porque falar de
seus trabalhos invoca a mesma sensação de quan-
do são produzidas as primeiras poesias que "vaci-
lam até em mostrar para os amigos", declaram os
poetas, mas na entrevista passaram um breve resu-
mo de suas vidas e experiências. Vide box ao lado
Após a apresentação dos participantes,
abrimos para a discussão de questões da produção
poética, diante de um mercado restrito que aguar-
da os novos poetas. Já que a poesia, ainda, está
confinada a pequena parcela da população e en-
frenta o problema da falta do hábito de leitura do
brasileiro Assim a poesia é "uma necessidade me-
nor" e foi discutida pelos participantes.
Vicente tem a poesia como cachaça, porém
afirma que a sua leitura pela população encontra
como adversário a televisão, subtraindo a grande
massa. "A poesia pode ser uma necessidade menor
e acredito que os poetas são teimosos", que o
despertar do gosto pela leitura depende de sensibi-
lidade, que não é comum à maioria das pessoas.
Para Manolo, a questão é complexa, mas acredita
que o incentivo à leitura depende de uma ação
ampla, não Individualizada, e lembra o que afirma o
poeta Ferreira Gullar; "Não cabe ao poeta dar solu-
ções, cabe ao poeta apontar os erros". Manolo
afirma que atingir as áreas periféricas é mais fácil,
por exemplo, através da poesia erótica que atrai o
grande público, enquanto temas ecológicos ou po-
líticos correm o risco de levar o poeta a ser tachado
de agitador ou subversivo.
"A escola tem um papel fundamental no
hábito de leitura", foi a afirmação de Novaes, "e os
pais exercem grande influência na medida em que
souberem orientar e se necessário até mesmo pre-
sentear, como incentivo."
A produção alternativa e teu reflexo
O que espera o poeta do mercado competi-
tivo e restrito?
Rua General Argolo, 5 - Vila Invemada-Fone 910-16657
A POESIAEMPAUTA
Os participantes foram diretos em afirma-
rem que a produção independente é uma saída,
sendo que Novaes e Vicente lançarão seus livros
por esse meio, arcando com o custo total da edi-
ção. As conseqüências desse momento provém
dos anos 70, quando as mudanças de padrões
provocaram a exploração mais livre das palavras,
formas e imagens e os poetas assimilaram essas
transformações. Foi neste contexto que veio à luz
"o poeta marginal", que dispensa as formas con-
vencionais e Impõe uma nova apresentação da
poesia. É a abordagem que se utiliza de folhetos,
publicações em jornais e revistas e os grafltes nos
muros da cidade.
"O mercado é dos Drummond, Jorge Ama-
do que vivem da produção literária, os independen-
tes geralmente produzem sem grandes expectati-
vas econômicas", conta Manolo, mas ele, pessoal-
mente, sente algo mais nesse tipo de trabalho.
Vicente aponta que entre tanta gente independente
possa aparecer alguém de maior expressão, mas
acha importante que haja espaço para todos, além
da boa vontade do leitor brasileiro.
Poesia/música e propostas de organização
"A música é um meio de grande assimila-
ção, o cara escuta e às vezes não sabe que a
origem é a poesia", e com isso Cecília Meirelles,
Vinícius de Moraes e outros tornaram-se mais co-
nhecidos depois de musicados. Segundo Manolo,
é uma alternativa, porém apresenta o empecilho de
possíveis alterações da poesia, entretanto não deve
ser descartada. Novaes endossa as palavras do
companheiro e alerta para que todos estejam aten-
tos à situação.
Poesia e música entre outros assuntos des-
pertam os poetas para o debate, e os participantes
levantaram propostas que aproxi me esse
pessoal disperso, que tem afinidades poéti-
cas. Manolo sugeriu duas idéias: a primeira é a
publicação de um livro com 50 páginas, com obras
diversas. Outra possibilidade é a criação do Jornal
da Poesia, com vários números de páginas e, como
na primeira idéia, seria custeado pelos participan-
tes, num sistema de cooperativismo, e as pessoas
venderiam a produção, bancando seu custo.
Concluíram os nossos poetas-moradores
que é necessária a criação de um canal para que
pessoas e grupos possam discutir e procurar uma
ação em conjunto. Nesse sentido o Jornal do Bair-
ro está recebendo sugestões,, prosseguir a com
os encontros, e os leitores que escreverem para a
redação estarão participando na premiação da 20
exemplares do livro Eterna Juventude, de José
Geraldo Novaes. Publicáramos a ralação dos pre-
miados na próxima edição.
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masculina e infantil
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acréscimo. Utilize o crediário ime-
diato e sai na moda.
"... Sou o raio de sol que não
feriu a neblina,
mas lutarei para anular nos
novos
o ódio que eu herdei de multas
raças
e gritarei do coração das
praças
malditas sejam as guerras, mil
vezes malditas sejam!?"
Vicente Liles de Araújo Pereira, 51 ano»,
técnico industrial; sua história começou em Re-
cife, onde escreveu para o jornal local, já com o
pstudônimo de Thalma Tavares, pois de manei-
ra geral a poesia era malcriada e contra a
ditadura Vargas O gosto pela poesia nasceu
com os versos de cordel, que muitas vezes termi-
navam no lixo, quando comparados aos grandes
nomes. Vicente, sempre colocou a família em
primeiro lugar, e, por isso, achava que a publi-
cação de um livro era um capricho pessoal. Mas
agora sentiu que i a hora oportuna e com o
apoio dos amigos no ano qtte vem
lançará o livro "Fogo Sagrado", uma coletânea
de sua vida literária.
cartões
poéticos
ARTE PAU-BRASIL
Nossos Anunciantes
seltetdlne AhamadAbdounl
Laura Kamisaki
Manoel Castanõ Blanco, 23 anos, bancá-
rio, divide o seu tempo livre entre a militância
no partido dos Trabalhadores e a poesia. Conta
ele que tudo começou quando participava de um
grupo de teatro: "Vi minha amiga muiicando
uma poesia, achei que também era capaz de
escrever letras de música. Assim, a partir da
música cheguei à poesia".
Manolo, como chamam os amigos, gosta do
estilo clássico, Camões, Olavo Bilac, Augusto
dos Anjos e Fernando Pessoa, tendo preferencia
pela escola Simbolista. Premiado por duas ve-
zes, Manolo recebeu menção honrosa no Concur-
so Miguel de Cervantes, da Escola Espanhola,
no bairro do Aíorumfci, com a poesia "Obra
Anarquista em 4 Sonetos" e o segundo foi alcan-
çado no Udigrudi Bar, com a poesia "Pranto e
Sangue", escrito após a Guerra das Malvinas.
"Quem à noite vê a cidade de-
serta,
Cheia de luzes e olhos ocultos;
Não pensa que breve estará
coberta
De pessoas, máquinas e vultos"
"Sou de uma juventude eterna
De uma geração antes e pós
Beatles...
Sou um pássaro sangrando,
voando sem asas...
Um soldado, mutilado de guer-
ra, no Vietnã
Sou o brilho nos sonhos de
'Vandré'..."
José Carlos Novaes, 35 ono», bancário,
afirma que também chegou à poesia pela músi-
ca. No interior, viveu a experiência de compor
múticas caipiras e até participou de um Festival
Estudantil, em 68. Entretanto, seu trabalho só
passou a ser divulgado nos últimos anos, através
do jornal da Faculdade Zona Leste e o informa-
tivo de seu trabalho. Novaes no ano passado
recebeu o convite para participar da UBE
(Vnião Brasileira de Escritores), conhecendo
pessoas mais inteiradas no meio poético e pas-
sando a integrar o grupo literário Livremente,
que já se apresentou no Municipal, com o tema
Rota Sideral. O poeta de Vila Guarani lança
seu livro "Eterna Juventude" no dia 50 próxi-
mo na Faculdade da Zona Leste, às 16 horas.
O comerciante Seltetdlne Ahamad Ab-
dounl, 43 anos é o nosso anunciante do
mês. Vindo do Líbano, chegou em 1954 e
aqui se estabeleceu como mascate. Entre-
tanto, com a habilidade de comerciante Ins-
talou se em Vila Ema e posteriormente, em
1975, monta sua /o/a de móveis na Vila Diva.
Conta Seltetdlne, que o Início no ramo
de móveis foi necessária multa dedicação
para atrair a clientela para dentro da loja e
hoje na avenida Sapopemba, 3521, ele e
mais dois funcionários se empenham paia
oferecer um bom atendimento e personali-
zado.
O nosso comerciante, com referência a
sua segunda pátria, afirma que o Brasil pos-
sui multas riquezas, um povo que coopera
para o crescimento do país, mas no campo
político as promessas são várias e nada
acontece e conclui que somente com o es-
forço de todos teremos um lugar melhor
para viver.