Você está na página 1de 8

Servidores

1. Competência para legislar sobre essa matéria:

A União, os Estados, Municípios e o Distrito Federal têm competência para legislar


sobre servidores, sendo cada um no seu campo de atuação.

Estas pessoas podem inovar a Constituição Federal desde que não agridam seus princípios (art. 37 da CF).
Ex: O regime disciplinar e o regime de vantagens dos servidores estão disciplinados no Estatuto dos
Servidores e não na Constituição Federal.

2. Servidores públicos:

São os agentes públicos que mantém com o Estado vínculo de natureza profissional.

 Funcionário público: É o servidor que titulariza cargo público. Ingressa via


concurso, é nomeado em caráter efetivo (permanente) e está sujeito ao regime
estatutário, submetendo-se ao regime estatutário.

 Empregado público: É o servidor que titulariza emprego púbico. Ingressa via


concurso e sujeita-se ao regime celetista (não é o mesmo da iniciativa privada).
Nas empresas públicas e sociedades de economia mista que exerçam atividade
econômica, o regime é o celetista.

 Contratado em caráter temporário: É o servidor que não titulariza cargo nem


emprego, mas exerce função por tempo determinado, para atender situação de
excepcional interesse público. Não ingressa por concurso, pois não há tempo hábil.
Ex: Funcionário para combater epidemia de dengue.
“A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público” (art. 37, IX da CF).

Os agentes políticos em colaboração com o Estado (por delegação ou nomeação), embora sejam agentes
públicos, não se enquadram em servidores públicos.

 
Juízes e Promotores têm aspectos semelhantes com os funcionários públicos (titularizam cargo) e com os
agentes políticos (exercem funções de governabilidade. Ex: Ministério Público pode fiscalizar outros poderes).
Assim, são agentes políticos que titularizam cargos públicos exercendo funções de governabilidade. Para Hely
Lopes Meirelles, são agentes políticos.

Ingresso na Administração Pública

1. Legitimidade para ingresso:

Os brasileiros e estrangeiros que preencherem os requisitos legais poderão ingressar na


Administração Pública. “Os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos
brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei” (art. 37, I da CF).

O ingresso do estrangeiro foi permitido com a emenda constitucional 19/98, mas antes
disso era possível apenas para a função de professor em Universidades. “É facultado às
universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei”
(art. 207, §1º da CF).

Há ainda cargos que a Constituição Federal restringe tão somente aos brasileiros natos,
como por exemplo, o artigo 12, §3º da Constituição Federal que traz a linha sucessória
do Presidente da República.

2. Requisitos para ingresso:

O Estatuto dos servidores públicos da União (Lei 8112/90), suas Autarquias e


Fundações traz em seu artigo 5º os requisitos para ingresso na Administração Pública:

 Nacionalidade brasileira (art. 5º, I da Lei 8666/93).

 Gozo dos direitos políticos (art. 5º, II da Lei 8666/93).

 
 Quitação com as obrigações militares e eleitorais (art. 5º, III da Lei 8666/93).

 Nível de escolaridade exigido para o exercício da função pública (art. 5º, IV da


Lei 8666/93).

 Idade mínima de 18 anos (art. 5º, V da Lei 8666/93).

 Aptidão física e mental (art. 5º, VI da Lei 8666/93).

“As atribuições do cargo podem justificar a exigência de outros requisitos estabelecidos em lei” (art. 5º,
parágrafo único da Lei 81112/90). Tais exigências devem vir acompanhadas das razões que as justificam, para
que o Poder Judiciário possa fazer um controle de legalidade quando acionado por aqueles que se sentiram
lesados.

“Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público” (súmula 686 do
STF).

3. Forma de ingresso:

“A investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso


público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração” (art. 37, II da CF).

3.1.  Regra Geral:

A investidura em cargo (regime estatutário) ou emprego público (regime celetista)


depende de aprovação prévia em concurso público de provas e títulos, de acordo com a
natureza e a complexidade do cargo ou emprego na forma prevista em lei.

Estão presentes os princípios da impessoalidade, isonomia e moralidade. Da


impessoalidade, pois o concurso público é a forma mais impessoal de se contratar. Da
isonomia, pois os candidatos vão se submeter às mesmas provas. E da moralidade, pois
contratar sem concurso é ato de imoralidade (ilegalidade).

 
 Provas e títulos: O concurso não pode ser feito apenas em títulos, assim deve
ser realizado com base em provas ou provas e títulos; O administrador deve
demonstrar a correspondência das provas e títulos com a natureza e a complexidade
do cargo ou emprego.

 Investiduras: A exigência do concurso público não se restringe tão somente a


primeira investidura (originária), mas também para as investiduras derivadas
(princípio da eficiência).

Na derivada o concurso público terá um caráter interno, direcionado àqueles que já


integram a Administração Pública e preencham os requisitos do cargo ou emprego.
A investidura derivada pode ser vertical (sai de um cargo para ocupar outro com
ascensão funcional) ou horizontal (sai de um cargo para ocupar outro sem ascensão
funcional).

 Deficiente: O deficiente também deve prestar concurso público, submetendo-se


à mesma prova e à mesma nota de corte, porém como há uma discriminação no
mercado do trabalho, irão concorrer entre si (Princípio da impessoalidade e da
isonomia).
“A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá
os critérios de sua admissão” (art. 37, VIII da CF).

“Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscreverem em concurso público para
provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais
pessoas serão reservadas até 20% das vagas oferecidas no concurso” (art. 5º, §2º da Lei 8112/90).

 Edital: As exigências de ingresso só podem ser feitas por lei que regulamenta a
carreira, assim o edital pode no máximo, reproduzir a lei. Se criar novas exigências
ferirá o princípio da separação dos poderes.
“É livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei
estabelecer” (art. 5º, XIII da CF).

As exigências do edital devem ser requeridas na posse e não na inscrição, pois são exigências para o exercício
do cargo. “O diploma ou habilitação para o exercício do cargo deve ser exigido na posse e não na inscrição para
o concurso público” (súmula 266 do STJ).

 Publicidade: O concurso público não pode ter nenhuma fase sigilosa. Assim, o
candidato tem que ter direito a acessar a sua prova, a saber quais motivos levaram à
desclassificação (garante-se o contraditório e ampla defesa).

É inconstitucional o veto não motivado à participação de candidato em concurso


público” (súmula 684 do STF).

 
 Prazo de validade do concurso: “O prazo de validade do concurso público será
de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período” (art. 37, III da CF).  A
prorrogação é uma faculdade do Poder Público.
Os dois anos representam um teto, assim a prorrogação só pode ser feita dentro desses dois anos e por igual
período.

“Não se abrirá novo concurso enquanto houver candidato aprovado em concurso anterior com prazo de validade
não expirado” (art. 12, §2º da Lei 8112/90).

O aprovado em concurso não tem direito adquirido à nomeação, tem apenas direito de não ser preterido por
ninguém que tenha tirado nota inferior a sua e por nenhum novo concursado durante o prazo de validade do
concurso. “Durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso
público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir
cargo ou emprego na carreira” (art. 37, IV da CF).

 Somente o nomeado em concurso tem direito à posse (súmula 16 do STF). “A posse ocorrerá em 30 dias da
publicação do ato de provimento” (art. 13, §1º da Lei 8112/90). A investidura termina com o efetivo desempenho
das atribuições.

3.2.  Exceções:

O ingresso na Administração não se dá por concurso público nas seguintes hipóteses:

 Cargos em comissão: Tais cargos são de livre nomeação e exoneração, pois têm
por base a confiança (art. 37, II da CF).
A lei que regulamenta a carreira dirá quais os cargos que dependem de concurso e quais são de livre nomeação
e exoneração.

A nomeação para o cargo em comissão deverá obedecer o artigo 37, V da CF, que dispõe que “as funções de
confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo e de cargos em comissão, a
serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei,
destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e assessoramento”.

 Contratações temporárias (art. 37 IX CF): Em situações de excepcional interesse


público (situações imprevisíveis), a Administração contrata por prazo certo e
determinado. Ex: Funcionário para combater epidemia de dengue.

 Membros do Tribunal de Contas: O Tribunal de Contas auxilia o Legislativo no


controle externo das contas do Executivo (art. 71 da CF).

 Membros do Supremo Tribunal Federal: “Os ministros do Supremo Tribunal


Federal serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a
escolha pela maioria absoluta do Senado Federal” (art. 101, parágrafo único da CF).

 
 Quinto constitucional no caso dos advogados: Um quinto dos lugares dos
Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e
Territórios será composto por advogados de notório saber jurídico e de reputação
ilibada, com mais de 10 anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista
sêxtupla pelos órgãos de reapresentação da respectiva classe (art. 94 da CF).

Estabilidade

1. Conceito:

Estabilidade é a garantia atribuída ao servidor que assegura sua permanência no serviço,


desde que preenchidos os requisitos previstos na lei.

Assim, extinção do cargo ou declaração de disponibilidade não exclui o servidor da


Administração. “Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor estável
ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional ao tempo de serviço até seu
adequado aproveitamento em outros cargos” (art. 41, §3º da CF).

2. Requisitos para adquirir estabilidade:

“São estáveis após três anos de efetivo exercício os servidores nomeados para cargo de
provimento efetivo em virtude de concurso público” (art. 41 da CF).

 Nomeação em caráter efetivo (permanente).

 Nomeação precedida de concurso público.

 Nomeação para cargo: Somente aquele submetido ao regime estatutário tem


estabilidade. Há quem afirme que também há estabilidade para quem titulariza
emprego público (regime celetista), pois ele ingressa por concurso público.

 
 Estágio probatório de 3 anos: Estágio probatório é o período de tempo no qual a
Administração averigua a eficiência do servidor na prática.
“Ao entrar em exercício, o servidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a estágio probatório
por período de 36 meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão objeto de avaliação para o
desempenho do cargo, observado os seguintes fatores: I - Assiduidade; II – Disciplina; III - Capacidade de
iniciativa; IV – Produtividade; V – Responsabilidade” (art. 20 da Lei 8112/90).

“Funcionário em estágio probatório não pode ser exonerado nem demitido sem inquérito ou sem as formalidades
legais de apuração de sua capacidade” (súmula 21 do STF). “O estágio probatório não protege o funcionário
contra a extinção do cargo” (súmula 22 do STF).

 Aprovação em avaliação de desempenho: “Como condição para aquisição da


estabilidade é obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
instituída para essa finalidade” (art. 41, §4º da CF). A avaliação de desempenho
será realizada conforme lei complementar que ainda não foi editada.

3. Estabilidade e Vitaliciedade:

Estabilidade não se confunde com vitaliciedade, que é a garantia de permanência no


cargo. Exige os mesmos requisitos da estabilidade, com exceção do prazo de estagio
probatório, que na vitaliciedade é de 2 anos.

As carreiras que dão direito a vitaliciedade estão apontadas expressamente na


Constituição Federal, tais como Magistratura, Ministério Público, Tribunal de Contas.

4. Hipóteses em que o servidor estável perderá o cargo:

 Por sentença judicial com trânsito em julgado (art. 41, §1º, I da CF): O servidor
vitalício só perde o cargo nesta hipótese.

 Por processo administrativo em que lhe seja assegurada a ampla defesa (art. 41,
§1º, II da CF).

 Por procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei


complementar, assegurada ampla defesa (art. 41, §1º, III da CF): Se o desempenho
do servidor estável for considerado insuficiente pela comissão de avaliação de
desempenho, poderá perder o cargo.
 

 Por excesso de quadro ou excesso de despesa (art. 169 da CF): Se o Poder


Público estiver gastando com folha de pessoal além dos limites previstos na LC
101/00 (50% para União e 60% para os Estados, Municípios e Distrito Federal) e
não for suficiente a redução em 20% dos cargos em comissão e nem a exoneração
dos não estáveis, poderá exonerar os estáveis, desde que motive a sua decisão e
mencione por qual verba do orçamento será custeada a sua exoneração (art. 169
“caput”, §3º, I e II e §4º da CF).
“O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês
de remuneração por ano de serviço” (art. 169, §5º da CF).

RESUMINDO : A nomeação é ato administrativo que atribui um cargo público. Posse é a


investidura no cargo. Exercício é o efetivo desempenho das atribuições do cargo.

Você também pode gostar