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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS


CURSO DE ENGENHARIA CIVIL
DISCIPLINA DE HIDROLOGIA APLICADA

NOTA DE AULA 05: PRECIPITAÇÃO

1.0 GENERALIDADES

O regime hidrológico de uma região é determinado pelas suas características físicas,


geológicas, topográficas e por seu clima. Dentre os fatores climáticos mais importantes estão a
precipitação e a evaporação.

A precipitação é responsável pela entrada de água no sistema hidrológico, sendo considerada


o ponto de partida do balanço hídrico.

A evaporação é a principal responsável pela retirada de água do sistema hidrológico de


superfície, incorporando-a de volta à atmosfera na forma de vapor d`água, formador das
nuvens.

Outros fatores climáticos importantes são:

● Temperatura;
● Umidade;
● Ventos.

A temperatura é responsável pelas condições locais do clima, favorecendo a evaporação e a


formação das nuvens sob determinadas condições de umidade e ventos.

Outros fatores extraclimáticos importantes no estudo das precipitações são:

● Topografia (relevo);
● Geologia.

A topografia tem influência marcante na formação de um tipo específico de precipitação


denominada de chuva orográfica.

A geologia além de influenciar na topografia, define as características de armazenamento da


água no subsolo da bacia hidrográfica. Bacias com subsolo de características sedimentares
são potencialmente bons aqüíferos subterrâneos, enquanto que bacias com subsolo cristalino
são péssimos aqüíferos com pouca disponibilidade hídrica e água de qualidade ruim para
consumo humano devido ao elevado teor de sais.

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2.0 FATORES CLIMÁTICOS

A precipitação e a evaporação são fatores climáticos indispensáveis para estudo do regime


hidrológico de uma região. No entanto para melhor compreender a ocorrência e distribuição
das precipitações numa dada região, o hidrólogo precisa ter conhecimento de fenômenos
meteorológicos que influenciam a precipitação e evaporação.

Em primeiro lugar vejamos alguns conceitos sobre a atmosfera.

2.1 ATMOSFERA

A atmosfera consiste numa mistura gasosa complexa composta de três partes:


● Ar seco
● Vapor d`água
● Partículas em suspensão (aerossóis)

O Ar seco é composto de:

● Nitrogênio = 78%
● Oxigênio = 21%
● Outros gases = 1% (Argônio, ozônio, neônio, hélio, criptônio, hidrogênio, xenônio, radônio )

O Vapor d`água é proveniente da evaporação dos oceanos, rios, lagos e biosfera. O vapor
d`água é caracterizado pela umidade relativa do ar que veremos mais à frente nesta Nota de
Aula.

As Partículas em suspensão são denominadas de aerossóis e consistem de partículas


oriundas do solo, sais de origem orgânica e inorgânica, explosões vulcânicas, combustão de
gás, carvão e petróleo, queima de meteoros na atmosfera, etc. São os aerossóis os principais
responsáveis pela condensação do vapor d`água e formação das nuvens.

2.2 CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA

Os fenômenos meteorológicos que mais interessam ao hidrólogo se processam na camada


inferior da atmosfera denominada de troposfera. Essa camada se estende desde a superfície
até uma altitude máxima de 18km no equador e 9km nos polos.

A troposfera se caracteriza por constantes movimentos do ar tanto no sentido horizontal


(ventos) quanto vertical (correntes de ar). Apresenta um sistema dinâmico vigoroso com certa
correlação entre pressão e ventos. Na verdade a circulação geral de ventos na atmosfera é
governada pela temperatura e circulação geral dos oceanos que transmitem ao ar sobrejacente

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parte de sua energia térmica por condução. Assim, as massas de ar, além de serem produto da
evaporação dos corpos hídricos, dentre os quais os oceanos, também adquirem as
características térmicas das massas de água com que estão em contacto.

A circulação geral é definida como a distribuição geral média dos ventos sobre a superfície do
planeta. Através de cartas isobáricas anuais (isolinhas de mesma pressão atmosférica),
delimitaram-se sobre o globo terrestre as faixas de alta e baixa pressão permitindo definir as
zonas de convergência e divergência de ventos.

A circulação geral da atmosfera e dos oceanos é quem garante certo equilíbrio térmico no
planeta, sem isso haveria superaquecimento no equador e superresfriamento nos pólos.

2.3 UMIDADE ATMOSFÉRICA

A fração d vapor d`água na atmosfera é muito pequena quando comparada com outros gases
presentes, mas ele é excessivamente importante e é o grande responsável pelas condições d
tempo reinantes. A precipitação é derivada do vapor d`água na atmosfera. O conteúdo de
umidade do ar é também um fator significativo nos processos de evaporação.

Em meteorologia as pressões consideradas são relativamente pequenas, podendo o ar seco


ser considerado como um gás ideal. A mesma consideração pode ser feita com relação ao

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vapor d`água, excetuando-se pequenos intervalos de pressão e temperatura próximos do ponto
de condensação. Essas considerações são importantes, pois as evoluções termodinâmicas do
ar seco e do vapor d`água poderão ser tratadas como evoluções de gases ideais.

Os principais índices de umidade são:


● a pressão parcial do vapor;
● a umidade absoluta;
● a umidade específica;
● a razão de mistura;
● a umidade relativa;
● a temperatura do ponto de orvalho.

Presão Parcial do Vapor e Umidade Absoluta

Em uma mistura de gases tal como ocorre na atmosfera, cada gás exerce uma pressão parcial
independente dos outros gases. A pressão parcial exercida pelo vapor d`água é chamada
pressão do vapor.

Se todo o vapor d`água em um recipiente fechado de ar úmido com uma pressão total inicial p
fosse removido, a pressão final p` correspondente ao ar seco seria menor do que p. A
diferença entre a pressão do ar úmido e a do ar seco, p - p`, resultante da remoção do vapor
d`água é a pressão do vapor denominada por e. Assim:

e = p - p`

A máxima quantidade de vapor que pode existir em um dado espaço é uma função da
temperatura e independe da coexistência de outros gases. Quando a máxima quantidade de
vapor para uma determinada temperatura está contida em um dado espaço é dito que o
espaço está saturado. A pressão de saturação de vapor num determinado espaço é
denominada de es.

Por exemplo, para temperatura T=20ºC, es = 23,40mb (milibares)


T=30ºC, es = 42,48mb

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Lembrando que: 1 bar = 10 Pascal = 1,0197kgf/cm = 1,033atm
1 mmHG = 1,36mb
1 mb = 103 dines/cm2

A pressão de vapor pela Lei do Gás Ideal é:

e  V RV T

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Sendo: e = pressão de vapor (dines/cm )
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ρV = massa específica do vapor d`água (g/cm )
RV = constante dos gases para o vapor d`água (ergs/gºC)
T = temperatura absoluta (ºC)

Considerando a definição da constante dos gases, pode-se reescrever a equação anterior


para:

M
e V RT  1,61V RT onde as variáveis sem índice do lado direito da equação
MV
correspondem ao ar seco, e a constante R = 2,87 x 106 ergs/gºC para o ar seco e M = 28,966
g/mol (Massa Molecular). A equação então pode ser rearranjada para explicitar a densidade de
vapor da água:

e
V  0,622 (normalmente é referida como umidade absoluta da atmosfera)
R T

Esta equação mostra que a massa específica do vapor d`água é 0,622 da do ar seco, nas
mesmas condições de pressão e temperatura.

Representando a pressão atmosférica total por p e considerando que a atmosfera fosse


composta somente por ar seco e vapor d`água, empregando-se a Lei de Dalton e as equações
anteriores, pode-se expressar a densidade do ar úmido por:

p  e
m  1  0,378 
R T  p
sendo ρm a massa específica do ar úmido, que mostra que nas mesmas condições de pressão
e temperatura, o ar úmido é mais leve do que o ar seco.

Umidade Relativa: h

É a relação percentual entre a quantidade de umidade em um dado espaço e a quantidade que


este espaço poderia conter se estivesse saturado. Pode ser também representado pela relação
percentual entre a pressão de vapor real (atual) e a pressão de saturação do vapor.

V e
h  100 ou h  100
S es

Umidade Específica: q

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É a relação entre a massa de vapor d`água e a massa de ar úmido.
V
q
m

e p  e
Mas V  0,622 e m  1  0,378 
R T R T  p
Logo:
0,622e e
q  0,622
p  0,378e p

Razão de Mistura: r

É a relação entre a massa de vapor d`água e a massa de ar seco.

V e
r ou r  0,622
 pe
Água Precipitável: W

A quantidade total de vapor d`água na atmosfera é frequentemente expressa como altura de


água precipitável W medida em polegadas ( 1" = 2,54 cm = 25,4 mm) dada pela equação:

p0
W  0,0004   qdp em que q é a umidade específica medida em gramas por quilograma e
p1

p é a pressão em milibares. Na prática, a quantidade de água precipitável de uma coluna de ar


de qualquer altura considerável é calculada pelo incremento de pressão usando a fórmula:

W  0,0004  q  p e considerando ΔW em toda coluna. O valor de q é geralmente


calculado como a média entre a umidade específica da base e a do topo de cada camada ou
seja:

qbase  qtopo
q da camada de ar considerada.
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Índices de Umidade Termométricos

Os índices de umidade termométricos relacionados com a evolução do ar são:

● Temperatura do Ponto de Orvalho: É a temperatura na qual o ar úmido se satura sob uma


pressão constante, isto é, uma evolução isobárica até conseguir a condição r = rs

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● Temperatura do Ponto de Condensação: É a temperatura que adquire o ar úmido quando
evoluindo adiabaticamente (sem trocar calor com o meio ambiente) atinge um nível de pressão
no qual r = rs.

● Intrumento de medida da umidade atmosférica: Psicrômetro

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