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AGENTES PÚBLICOS

1.) CONCEITOS INTRODUTÓRIOS:

 Agentes públicos são pessoas físicas que, de algum modo e a qualquer título,
exercem funções estatais, independentemente da natureza ou tipo de vínculo que
mantêm com o Estado. Portanto, não importa se o vínculo é permanente ou
meramente eventual, se é remunerado ou não, se é institucional ou contratual. Basta
que desempenhem funções estatais, agindo em nome do Estado, para serem
qualificadas como agentes públicos.

Para o Prof. Celso Antonio Bandeira de Mello, a expressão


agentes públicos é a mais ampla que se pode conceber para designar genérica e
indistintamente os sujeitos que servem ao Poder Público como instrumentos
expressivos de sua vontade ou ação, ainda quando o façam apenas ocasional ou
episodicamente, podendo eles integrar o aparelho estatal (ex: Adm. Direta e
Indireta) ou não serem integrantes (ex: concessionárias, permissionárias,
delegados de função ou ofício público, alguns requisitados, ...)

Segundo o art. 73, §1º da Lei 9.504/97 (norma eleitoral),


reputa-se

“agente público quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,
nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo,
mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública
direta, indireta, ou fundacional”.

A expressão “funcionários públicos” já não se revela mais


adequada.

2.) DEFINIÇÕES IMPORTANTES:


                                

o
A) CARGO PÚBLICO: Conforme LEI FEDERAL 8.112/90, art. 3 , cargo público é o
conjunto de atribuições e responsabilidades previstas na estrutura
organizacional que devem ser cometidas a um servidor. Parágrafo único.  Os
cargos públicos, acessíveis a todos os brasileiros, são criados por lei, com
denominação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, para
provimento em caráter efetivo ou em comissão.

O cargo, segundo Hely Lopes Meirelles, é um lugar na estrutura


organizacional da Administração Pública, com denominação própria,
atribuições e responsabilidades específicas e remuneração correspondente.
Como todo cargo contém um conjunto de atribuições, pode-se concluir que não
existe cargo sem função. No entanto, há funções sem um cargo específico,
como são as funções de confiança.

B) CARGO EFETIVO: é aquele que somente pode ser ocupado por servidor público
de carreira, devidamente aprovado em concurso público.

C) CARGO EM COMISSÃO: é aquele que pode ser ocupado por qualquer pessoa
que seja livremente nomeada pela autoridade competente, não sendo necessário o
concurso público. É necessário que o cargo em comissão se destine às funções de
chefia, direção ou assessoramento.

D) FUNÇÃO PÚBLICA: a expressão função pública compreende: atribuição,


encargo, poderes, deveres e direitos atribuídos aos órgãos, aos cargos e também
aos agentes públicos.

Os cargos são ocupados e as funções exercidas. Todo cargo implica a


existência de função, porém nem toda função implica cargo. Ex. os contratados
temporariamente exercem função, mas não têm cargo.

Segundo Maria Sylvia Z. Di Pietro, função "é o conjunto de atribuições às quais não
corresponde um cargo ou emprego".

E) EMPREGO PÚBLICO: diz respeito à possibilidade do exercício da função pública


por contrato de trabalho regido pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), ou
seja, ocupa emprego público quem por meio de contratação, sob regência da CLT,
exerce a função pública.

Difere-se o emprego público, portanto, do cargo público pelo fato de ter o


primeiro vínculo contratual regulamentado pela CLT e o segundo ter um vínculo
estatutário regido pelo Estatuto dos Funcionários Públicos.

F) REGIME JURÍDICO: natureza do vínculo com a administração e base jurídica


dos direitos e obrigações. O Regime Jurídico é ou ESTATUTÁRIO (aplicável aos
servidores públicos efetivos e aos ocupantes de cargo em comissão) ou CELETISTA
(aplicável aos empregados públicos).

3.) CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES PÚBLICOS:


     
A.) AGENTES POLÍTICOS: são aqueles que ocupam cargos e funções de 1º
escalão, como o Presidente da República e seus Ministros, Governadores e seus
Secretários Estaduais e Prefeitos e Secretários Municipais. Os deputados,
senadores e vereadores também são agentes políticos.

Características dos agentes políticos:

a) Competência deles é prevista, via de regra, na própria Constituição


Federal (e, consequentemente, nas Constituições estaduais e nas
Leis Orgânicas dos Municípios;
b) Não se sujeitam às regras comuns, aplicáveis aos servidores
públicos em geral;
Normalmente são investidos em seus cargos por meio de eleição, nomeação ou
designação;

Não são hierarquizados (com exceção dos auxiliares imediatos dos Chefes dos
Executivos), sujeitando-se, tão-somente, às regras constitucionais.

B.) AGENTES ADMINISTRATIVOS: são todos aqueles que exercem


profissionalmente atividades na administração. Outros autores afirmam que são os
que exercem funções públicas de caráter permanente em decorrência de relação
funcional. Sujeitam-se à hierarquia funcional e ao regime jurídico estabelecido pela
entidade à qual pertencem.

 São eles os servidores públicos concursados em geral, os ocupantes de cargo ou


função em comissão, os ocupantes de emprego público, os servidores contratados
temporariamente para atender a necessidade de excepcional interesse público.

C.) AGENTES HONORÍFICOS: são cidadãos chamados para, transitoriamente,


colaborarem com o Estado, na prestação de serviços específicos, em razão de sua
condição cívica, de sua honorabilidade ou de sua notória capacidade profissional.
Não possuem qualquer vínculo profissional com Estado (embora sejam
considerados funcionários públicos para fins penais) e normalmente atuam sem
remuneração. São os jurados, os mesários eleitorais, os comissários de menores
etc.

D.) AGENTES DELEGADOS: são particulares que recebem a incumbência de


determinada atividade, obra ou serviço público e o realizam em nome próprio, por
sua conta e risco, sob a permanente fiscalização do poder público. Não são,
evidentemente, servidores públicos, tampouco representantes do Estado, mas
apenas colaboradores do poder público. São os concessionários, permissionários e
autorizatários de serviços públicos; os leiloeiros, os tradutores públicos, tabeliães
etc.
E.) AGENTES CREDENCIADOS: são aqueles que recebem a incumbência de
representar a Administração em determinado ato ou praticar certa atividade
específica, mediante remuneração do Poder Público credenciante.

4.) SERVIDORES PÚBLICOS:

Da classificação acima, para o direito administrativo a mais importante é a


relativa aos agentes administrativos.

A expressão agentes administrativos compreende o maior número de


agentes públicos, pois congrega não apenas os servidores de carreira, concursados
(também chamados de efetivos), como também os empregados públicos e os que
exercem cargos em comissão ou funções temporárias.
Ou seja, compreendem:

a)      Servidores públicos: são os ocupantes de cargo público, ou seja, tanto os


que o fazer por meio de concurso público, como os que fazem através de nomeação
em função de confiança. Não tem contrato de trabalho, pois são submetidos aos
estatutos do funcionalismo público (são estatutários);

b)      Empregados públicos: são os que trabalham com vínculo de contrato de


trabalho, regidos pela CLT – Consolidação das Leis do Trabalho;

c)      Servidores temporários: são aqueles contratados para atender a uma das
hipóteses previstas no art. 37, IX: “IX - a lei estabelecerá os casos de contratação
por tempo determinado para atender a necessidade temporária de excepcional
interesse público”. Quanto ao regime jurídico, os servidores temporários ou serão
estatutários ou celetistas.

5.) ASPECTOS GERAIS MAIS RELEVANTES:

A.) Acesso a funções, cargos e empregos públicos: concurso público como


regra geral:

            É o que dispõe o art. 37, I, da Constituição:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros
que preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;
           

Proibição de diferenças nos critérios de admissão por motivo de sexo, idade,


cor ou estado civil (art. 7º, XXX da CF).

EXCEÇÃO: Súmula 683 do STF: “O limite de idade para a inscrição em


concurso público só se legitima em face do artigo 7º, XXX, da Constituição
Federal, quando possa ser justificado pela natureza das atribuições do cargo
a ser preenchido”

B.) Necessidade de lei para criação e extinção de cargos, empregos e funções


públicas:

É o que dispõem os seguintes dispositivos constitucionais:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República,


não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as
matérias de competência da União, especialmente sobre:

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções


públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b; (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:


VI - dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 32, de 2001)
a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 32, de 2001)

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

C.) Exigência de concurso público:

A exigência de concurso público aplica-se para os cargos ou empregos


públicos de provimento efetivo, ou seja, não se aplica aos cargos em comissão, nem
aos contratados temporariamente. É o que dispõe o art. 37, II, da Constituição
Federal:

Art. 37 (...)
II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em
concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as
nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;

D.) Prazo de validade do concurso: até dois anos, prorrogáveis por igual
período uma vez.

É o que dispõe o art. 37, III:

Art. 37 (...)

III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos,


prorrogável uma vez, por igual período;

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