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Lição

1
Prefácio de
1 Deuteronômio

VERSO PARA MEMORIZAR: “Quem


não ama não conhece a Deus,
pois Deus é amor” (1Jo 4:8).

Leituras da semana: Is 14:12-14;


Ez 28:12-17; Gn 3:1-7; 12:1-3; At 7:20-36;
Êx 19:4-8

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■ Sábado, 25 de setembro Ano Bíblico: Naum

O livro de Deuteronômio não surgiu num vácuo. Como tudo na vida, a


obra surgiu num contexto que desempenha papel importante na com-
preensão do significado e do propósito do livro.
Muitos eventos anteriores explicam as circunstâncias, não somente
do livro, mas do mundo e do ambiente que criou seu cenário. Assim como
seria difícil entender a função do limpador de para-brisa sem a imagem
de um carro, não seria fácil entender Deuteronômio, em especial à luz do
tema da verdade presente, fora do contexto no qual a obra surgiu.
Alguém leu Guerra e Paz do russo Leo Tolstoy, com cerca de 1.500 pá-
ginas, em apenas três dias. Quando lhe perguntaram do que tratava o li-
vro, o leitor respondeu: “É sobre a Rússia”.
Nosso nível de compreensão de Deuteronômio também seria super-
ficial se buscássemos abranger os milhares de anos de história existente
antes dele em apenas uma semana de estudo. Mas, ao focalizar os pontos
altos, é possível ver o contexto necessário para melhor compreensão des-
sa obra, que tanto tem a ver com a “verdade presente”.

| 6 | A verdade presente em Deuteronômio


■ Domingo, 26 de setembro  Ano Bíblico: Habacuque

Amar para ser amado 1


E m 1 João 4:8 está escrito: “Deus é amor”. Por mais simples que sejam
essas três palavras (quatro em grego), a ideia por trás delas é tão pro-
funda, que mal podemos compreender suas implicações. Elas não dizem
que Deus ama, nem que Deus revela amor, ou que o Senhor é uma mani-
festação do amor, mas que Ele é amor, como se o amor fosse a essência da
identidade divina. Como seres humanos caídos, não somos capazes de en-
tender totalmente o que a expressão “Deus é amor” significa.
Contudo, entendemos o suficiente para saber que é uma notícia muito
boa. Se, em vez de “Deus é amor”, fosse “Deus é ódio”, “Deus é vingativo”
ou “Deus é indiferente”, poderia ser algo preocupante.
A verdade de que “Deus é amor” nos ajuda a entender melhor a ideia
de que o governo divino reflete esse amor em toda a Sua criação. O amor
permeia o cosmos, talvez até mais do que a gravidade. Deus nos ama; e
devemos retribuir esse amor (ver Dt 6:5; Mc 12:30).
O amor, porém, deve ser doado. Deus não pode forçá-lo. Portanto, quan-
do criou seres inteligentes e racionais no Céu e na Terra com a capacida-
de de amar, sempre existiu o risco de que eles não Lhe correspondessem.
Alguns não o fizeram e, como resultado, teve origem o que conhecemos
como o grande conflito.

1. P
 or que os textos a seguir só têm sentido no contexto da liberdade e do
risco que envolve o amor? Is 14:12-14; Ez 28:12-17; Ap 12:7
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Ezequiel 28:15 mostra que, embora o anjo Lúcifer fosse um ser perfeito,
criado pelo Deus perfeito, encontrou-se iniquidade nele. Criado com a ca-
pacidade de amar, ele tinha verdadeira liberdade moral e, a­ pesar de tudo o
que havia recebido (ele “se cobria de todas as pedras preciosas”), o anjo re-
belde queria mais. Uma coisa levou a outra até que houve “guerra no Céu”.
Há lugares em que se pode comprar cães-robôs, que obedecem aos comandos, n ­ unca
sujam o tapete, nem roem os móveis. Porém, você teria um relacionamento significa-
tivo com esse “cachorro”? Como sua resposta ajuda a entender por que Deus criou se-
res que pudessem amá-Lo em resposta ao Seu amor?

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■ Segunda, 27 de setembro  Ano Bíblico: Sofonias

1 A queda e o dilúvio

O s estudantes costumam ouvir a história de uma maçã que caiu na ca-


beça de Isaac Newton, que assim descobriu a lei da gravidade. Se isso
de fato aconteceu, não importa; a questão é que a grande percepção de
Newton (ele não descobriu a gravidade; qualquer um que já tivesse caído
sabia sobre esse fenômeno) foi entender que a mesma força que derrubou
a maçã (gravidade) também mantém a lua em órbita ao redor da Terra, a
Terra em órbita ao redor do Sol e assim por diante.
Isso foi importante porque, durante milênios, muitos acreditavam que
as leis que governavam os céus fossem diferentes das que governavam a
Terra. Newton mostrou que isso estava errado. E, embora sua contribui-
ção tenha sido na área da lei natural, o mesmo princípio se aplica à lei mo-
ral. A mesma liberdade, inerente ao amor, que levou à queda de Lúcifer no
Céu levou à queda da humanidade na Terra.

2. L
 eia Gênesis 2:16, 17 e 3:1-7. Como esses versos sobre seres perfeitos, em
um ambiente perfeito, criado pelo Deus perfeito, também revelam a po-
derosa verdade sobre a liberdade inerente ao amor?
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Após a queda, as coisas foram de mal a pior, até o ponto em que o Se-
nhor concluiu sobre as pessoas “que todo desígnio do coração delas era con-
tinuamente mau” (Gn 6:5). E, se seus pensamentos eram ruins, suas ações
também eram, até que o Senhor destruiu o mundo inteiro com um dilúvio,
dando à humanidade uma chance de recomeçar, numa espécie de segunda
criação. No entanto, como mostra a história da torre de Babel (Gn 11:1-9),
a humanidade ainda parecia decidida a desafiar Deus. “Quando a torre es-
tava parcialmente pronta, parte dela foi ocupada como habitação de seus
construtores, e outros compartimentos, esplendidamente aparelhados e
ornamentados, eram dedicados aos seus ídolos. O povo se alegrava com
seu êxito e louvava os deuses de prata e ouro, colocando-se em oposição
ao Governador do Céu e da Terra” (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas,
p. 119). Além de confundir sua linguagem, Deus espalhou a humanidade
caída pela face da Terra.
Considere seus pensamentos ao longo do dia. O que eles dizem sobre o estado do seu
coração?
| 8 | A verdade presente em Deuteronômio
■ Terça, 28 de setembro  Ano Bíblico: Ageu

O chamado de Abraão 1
A brão (mais tarde chamado Abraão) aparece pela primeira vez na ge-
nealogia de Gênesis 11, logo após a menção da dispersão de Babel.

3. L
 eia Gênesis 12:1-3. Olhando para a cruz, a morte de Jesus e a pregação
do evangelho, como entendemos o que Deus prometeu fazer por meio
de Abraão?
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Muitos séculos depois, o apóstolo Paulo, ao tentar lidar com a heresia


dos gálatas, apontou para Abraão, mostrando que o chamado de Deus ao
patriarca foi uma expressão inicial do que sempre foi a intenção de Deus:
o evangelho ao mundo. “Saibam, portanto, que os que têm fé é que são fi-
lhos de Abraão. Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria os
gentios pela fé, preanunciou o evangelho a Abraão, dizendo: ‘Em você se-
rão abençoados todos os povos’. De modo que os que têm fé são abençoa-
dos com o crente Abraão” (Gl 3:7-9).
O chamado de Abraão foi expresso pela primeira vez em Gênesis 12;
a maior parte do restante desse livro é a história de seus descendentes,
uma geração disfuncional após a outra, criando famílias conflituosas, e
ainda, por meio delas, a promessa foi cumprida, atingindo um ponto cru-
cial com o chamado de Moisés.

4. Leia Atos 7:20-36, a descrição do mártir Estêvão sobre Moisés e o êxo-


do. Como tal descrição se relaciona com a promessa de Deus a Abraão?
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Neste mundo impregnado de ignorância, erro e escassez de conhe-


cimento da verdade (as coisas não mudaram muito em mais de três mil
anos, não é?), o Senhor chamou Seu povo, a semente de Abraão, do Egito.
Por meio dele, procurou não apenas preservar o conhecimento da verda-
de, isto é, o conhecimento Dele, Yahweh, e do plano da salvação, mas tam-
bém difundir esse conhecimento para o restante do mundo.
Como nós, adventistas do sétimo dia, nos vemos em relação ao restante do mundo?
Que paralelos há entre nós e o antigo Israel? Que responsabilidade isso coloca sobre
cada um de nós de forma individual?
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■ Quarta, 29 de setembro  Ano Bíblico: Zc 1-4

1 A aliança no Sinai

O êxodo e tudo o que o envolveu, desde o sangue no batente da porta até


o drama no Mar Vermelho, impressionaram os sobreviventes. (E os
que morreram, desde os primogênitos no Egito até os soldados no fundo
do mar, Deus os julgará com justiça.) Como disse o Senhor: “Vocês viram
o que fiz aos egípcios e como levei vocês sobre asas de águia e os trouxe
para perto de Mim” (Êx 19:4).
Por que o Senhor operou esse resgate impressionante da nação? O pró-
prio Moisés disse: “Já houve um deus que tentou ir tomar para Si um povo
do meio de outro povo, com provas, com sinais, com milagres, com lutas,
com mão poderosa, com braço estendido e com feitos espantosos, segun-
do tudo o que o Senhor, seu Deus, fez por vocês no Egito, como vocês vi-
ram com os seus próprios olhos?” (Dt 4:34).

5. Leia Êxodo 19:4-8. Por que o Senhor chamou Seu povo do Egito?
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Deus chamou os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó. Com eles es-


tabeleceu aliança, e eles seriam a divina “propriedade peculiar dentre to-
dos os povos. Porque toda a terra é” Dele (Êx 19:5). Esse relacionamento
foi fundamental para a aliança.
Contudo, essa ideia de uma “propriedade peculiar” (segullah) poderia
ter sido (e foi) facilmente mal compreendida. Sua peculiaridade não vinha
de algo santo e justo em si mesmos, mas da graça divina dada a eles e por
causa das verdades maravilhosas que o Senhor lhes concedeu, as quais eles
deveriam seguir e, como um “reino de sacerdotes”, espalhar pelo mundo.
Deus lhes transmitiu estipulações da aliança (a parte deles no acor-
do, por assim dizer) e os Dez Mandamentos (Êx 20). Assim, a aliança foi
ratificada. Depois de aspergir com o sangue das ofertas um altar recém-­
construído, Moisés “pegou o livro da aliança e o leu para o povo” (Êx 24:7).
O povo novamente declarou que obedeceria.
“Em primeiro lugar, Moisés anunciou ao povo todos os mandamentos
conforme estavam na lei. Depois pegou o sangue [...] e borrifou o Livro da
Lei e todo o povo, usando lã tingida de vermelho e hissopo. Então disse:
“Este é o sangue que sela a aliança, que Deus mandou vocês obedecerem”
(Hb 9:19, 20, NTLH). O que significa o sangue, e por que ele é tão impor-
tante ainda no presente?

| 10 | A verdade presente em Deuteronômio


■ Quinta, 30 de setembro Ano Bíblico: Zc 5-8

Apostasia e punição 1
“T udo o que o Senhor falou faremos” (Êx 19:8; 24:3; 24:7). Embora, sem
dúvida, era isso mesmo que o povo queria dizer, a história sagrada
mostra que, infelizmente, suas ações, vez após vez, contradisseram suas
palavras. Eram o povo escolhido, fizeram aliança com o Senhor, mas não
cumpriram sua parte no acordo.

6. Qual foi o componente crucial para Israel em relação à aliança com Deus?
Êx 19:4, 5
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O chamado para obedecer a Deus, guardar Sua lei, não era legalis-
mo naquele tempo tanto quanto não o é agora (ver Mt 7:24-27; Jo 14:15;
Tg 2:20; Rm 6:11, 12), e ainda assim repetidamente os filhos de Israel fa-
lharam em cumprir sua parte.
De fato, logo no início, mesmo com a visão do próprio Monte Sinai, eles
caíram em apostasia total (ver Êx 32:1-6). Infelizmente, a infidelidade pa-
recia ser mais a norma do que a exceção e, portanto, em vez de entrarem
logo na terra prometida, vagaram pelo deserto por 40 anos.

7. L
 eia Números 14:28-35. Qual foi a punição imposta à nação por sua ­recusa
em confiar no que o Senhor lhe disse que fizesse?
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Muitas vezes a desobediência resulta não apenas de franca rebelião (em-


bora isso aconteça), mas também de deixar de confiar no que Deus diz. O que
tornou o pecado desses homens ainda mais hediondo para Israel foi o fato de
que todos eles tinham testemunhado a ação divina: “Viram a Minha glória e
os prodígios que fiz no Egito e no deserto, e mesmo assim Me puseram à pro-
va já dez vezes e não obedeceram à Minha voz” (Nm 14:22). Apesar de tudo o
que viram e experimentaram, ainda se recusavam a obedecer ao Senhor e a to-
mar a terra, apesar das promessas divinas de que teriam sucesso (Nm 13, 14).
Pense no que foi dito acima: que muitas vezes a desobediência vem da falta de con-
fiança no que Deus nos diz. Por que isso acontece e como podemos, de fato, apren-
der a confiar mais em Deus?

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■ Sexta, 1o de outubro  Ano Bíblico: Zc 9-11

1 Estudo adicional

“ O amor de Deus (devidamente compreendido) está no centro de um


conflito cósmico”; “o compromisso divino com o amor oferece uma
razão moralmente suficiente para o fato de Ele permitir o mal, com ra-
mificações significativas para a compreensão da providência divina que
opera dentro do que chamo de regras pactuais de engajamento” (John C.
Peckham, Theodicy of Love: Cosmic Conflict and the Problem of Evil [Baker
Academic, 2018], p. 4). Nessa obra, de autor adventista, publicada por uma
editora não adventista, vemos a realidade do grande conflito.
“O decreto de que Israel não deveria entrar em Canaã antes que passas-
sem 40 anos foi uma amarga decepção para Moisés e Arão, Calebe e Josué.
No entanto, sem murmurar, aceitaram a decisão divina. Mas aqueles que
reclamavam da maneira de Deus lidar com eles e que diziam que retor-
nariam para o Egito choraram e lamentaram profundamente quando as
bênçãos que desprezaram lhes foram tiradas. Haviam se queixado de coi-
sas irreais, e agora Deus lhes deu um motivo real para chorar. Se tivessem
se lamentado de seu pecado no momento em que ele lhes foi apontado,
a sentença não teria sido pronunciada, mas eles ficaram tristes apenas
pelo castigo que receberam. Sua tristeza não era uma demonstração de ar-
rependimento sincero e não podia liberá-los do castigo” (Ellen G. White,
Patriarcas e Profetas, p. 283).

Perguntas para consideração


1. D
 iante do sofrimento no mundo, valeu a pena Deus oferecer amor gra-
tuito?
2. Se a obediência é central na Bíblia, o que é o legalismo? O que pode trans-
formar a fidelidade à Palavra de Deus e aos Seus mandamentos na ar-
madilha do legalismo?
3. Q uais são os paralelos entre o antigo Israel e a Igreja Adventista do Sé-
timo Dia? Por que devemos nos preocupar com eles?
Respostas e atividades da semana: 1. O amor verdadeiro precisa ser livre. Cada um tem a escolha de amar ou não
a Deus. Satanás fez a escolha dele. 2. Deus criou Adão e Eva perfeitos e livres para tomar suas decisões. 3. Todas as
famílias da Terra receberiam a bênção da salvação por meio de Jesus Cristo, Descendente de Abraão. 4. Israel tinha
o conhecimento do Deus verdadeiro e deveria difundi-lo para o mundo. 5. Para estabelecer com eles uma aliança de
salvação e usá-los como sacerdotes para as outras nações. 6. Obediência a Deus. 7. Todos acima de 20 anos morre-
ram no deserto, antes de entrar na terra prometida, salvo Calebe e Josué.

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Anotações
1
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RESUMO DA LIÇÃO 1

1 Prefácio de Deuteronômio

TEXTOS - CHAVES: 1Jo 4:8; Dt 4:37; 6:5


FOCO DO ESTUDO: Is 14:12-14; Ez 28:12-17; Gn 3:1-7; 12:1-3; At 7:20-36; Êx 19:4-8; Dt 1:34

ESBOÇO

O livro de Deuteronômio é o quinto e último livro do Pentateuco e contém a mensa-


gem de despedida de Moisés a Israel antes de entrar na terra prometida. O livro é marcado
por um senso de urgência. Moisés estava prestes a morrer e deixar seu povo, e o propósi-
to de suas últimas palavras era, portanto, relembrar aos filhos de Israel os ensinamentos
mais importantes de Deus. O livro é uma exposição da fé israelita – o livro-texto para os
líderes do povo a fim de mantê-los no caminho certo.

Temas da lição
• O Deus da história. Quando Moisés se dirigiu ao povo, ele relembrou os eventos his-
tóricos passados quando Deus os salvou da escravidão, os tirou do Egito e os conduziu em
meio às adversidades do deserto.
• O Deus de amor. Porque Deus é amor, Ele alcança Seu povo e luta por ele. Em res-
posta, o povo aprende a amar o seu Deus.
• A aliança de Deus. Essa relação recíproca entre Deus e Seu povo assume a forma de
um acordo, uma aliança entre o Senhor e Israel.
• O povo de Deus. Israel é o povo da aliança. De forma alguma essa designação suge-
re que ele era superior aos outros povos. Essa aliança, iniciada com Abraão, implica a san-
tidade de Israel e seu compromisso por meio do amor e do temor a Deus e da obediência
aos Seus mandamentos.

COMENTÁRIO

Todo o Israel
Deuteronômio é endereçado a “todo o Israel” (Dt 1:1), expressão que se refere à to-
talidade do povo pouco antes de entrar na terra prometida (Dt 34:12; 27:9; Dt 31:1, 7).
O apóstolo Paulo usa a mesma expressão em um sentido escatológico para se referir
à totalidade dos salvos (incluindo judeus e gentios): “E, assim, todo o Israel será salvo”
(Rm 11:26). Embora a expressão “todo o Israel”, na oração de Daniel, possa se referir ao
povo exilado em Babilônia, sugerindo a esperança de restauração, é claro que há tem
um escopo universalista, abrangendo “tanto os de perto como os de longe” (Dn 9:7).
Perguntas para discussão e reflexão: Por que o livro de Deuteronômio fala ao povo
de Israel como uma corporação? Por que as mensagens desse livro são mais bem

| 14 | A verdade presente em Deuteronômio


compreendidas quando todo o povo está reunido? Como o ditado “ninguém é uma ilha”

1
se aplica à igreja atual?

Deuteronômio
A palavra “Deuteronômio”, o título do livro, deriva da tradução grega (a Septuagin-
ta) de uma frase de Deuteronômio 17:18, “uma cópia desta lei”, que significa literalmen-
te “uma segunda apresentação [isto é, uma repetição] desta lei”. A palavra hebraica para
“lei” é Torá, que, em sentido jurídico, se refere a algo mais abrangente do que nossa pa-
lavra “lei”; significa “ensino”, no sentido geral do termo, e inclui todas as instruções divi-
nas. A frase “uma cópia desta lei” descreve de fato o conteúdo do livro (Dt 28:61; 29:21,
etc.), não apenas por ser a repetição da lei originalmente dada no Monte Sinai, mas por-
que é uma revisão dos ensinamentos divinos. É importante observar que o título hebrai-
co do livro, Debarim, “palavras” ou “são estas as palavras” (Dt 1:1), refere-se às palavras
proféticas de Moisés, “segundo tudo o que o Senhor lhe havia ordenado a respeito deles”
(Dt 1:3). Esse título ecoa as últimas palavras do livro de Números: “São estes os manda-
mentos” (Nm 36:13; compare com Dt 1:6).
Pergunta para reflexão: Por que Moisés precisou repetir a Lei?

Quatro discursos
Moisés se dirigiu ao povo em quatro grandes discursos. Cada um deles começa com a
mesma frase: “são estas as palavras” ou seu equivalente (Dt 1:1; 4:44; 29:1; 31:1). O pri-
meiro discurso é um prólogo histórico (Dt 1–4) em que Moisés reconstituiu a viagem de
Israel do Sinai a Canaã (Dt 1–3). O segundo é uma revisão da Lei (Dt 4:44–28:68). O ter-
ceiro é um apelo para guardar a aliança (Dt 29–30). E o quarto discurso é um apelo final
para ler a Lei e lembrar dela, seguido do cântico de Moisés, sua bênção e despedida an-
tes de morrer (Dt 31–34).

Aliança
Uma análise mais cuidadosa da estrutura do livro de Deuteronômio à luz da literatura
do antigo Oriente Próximo revelou uma organização sofisticada, que segue o padrão dos
antigos tratados de aliança entre o suserano e seu vassalo (egípcio e especialmente hiti-
ta, do segundo milênio a.C.) e que exibe as seguintes características:
• Prefácio (Dt 1:1-5)
• Prólogo histórico (Dt 1:6–4:49)
• Estipulações gerais (Dt 5–11) e específicas (Dt 12–26)
• Bênçãos e maldições (Dt 27–28)
• Lealdade à aliança e testemunhas (Dt 29–30)

Deus na história
Essa estrutura de aliança, que confirma a antiguidade do livro e sua autoria mosaica,
sugere a intenção de enfatizar a aliança de Deus com Seu povo. Os eventos históricos, um
lembrete das obras de salvação de Deus em favor de Seu povo, precedem e estabelecem

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o fundamento da aliança desde Abraão e do Egito até o presente. Esses eventos sugerem

1
uma teologia bíblica da história que é essencialmente diferente das modernas concep-
ções ocidentais de história. Para a Bíblia, a história não é o fluxo mecânico de eventos de
causa e efeito; em vez disso, é o resultado da presença divina e de Suas ações contínuas.
O Senhor faz a aliança por meio de sua ação na história. Ele é o primeiro a mover-Se e agir.
E esses atos na história são a base da aliança. Deus fez a aliança com Seu povo (Dt 5:3)
porque Ele é o Senhor que os tirou da terra do Egito (Dt 5:6). A palavra hebraica debarim,
“palavras” (dabar é o singular de debarim), o título hebraico do livro de Deuteronômio, tam-
bém significa “eventos” e se refere à história sagrada das obras divinas de salvação. O livro
de Crônicas, que narra essa história no Antigo Testamento, é chamado em hebraico dibrey
hayammim, que significa “as palavras dos dias”. As palavras de Deus também devem ser li-
das por meio desses eventos históricos.
Perguntas para discussão e reflexão: Que lições sobre Deus podemos aprender do fato
de que a mesma palavra hebraica dabar significa “palavra” e “história”?

O princípio do amor
O princípio fundamental da aliança de Deus com Seu povo é o amor. O verbo “amar”
aparece muitas vezes no livro, não apenas para se referir ao amor de Deus por Seu povo
(Dt 4:37; 7:8; 10:15; 23:5, etc.), mas também ao amor de Israel em resposta ao amor divino
(Dt 6:5; 7:9; 10:12). No livro de Deuteronômio, o amor divino não é descrito apenas como
uma emoção. O amor de Deus é intenso e infinito e se manifesta por meio de eventos que
expressam a intensidade, a autenticidade e a natureza infinita desse amor. Por causa des-
se amor, que criou os céus e a Terra (Dt 10:14; 4:35, etc.), Deus também entrou na arena
dos eventos humanos e salvou Seu povo (Dt 1:27-31; 4:20). Em resposta ao amor divino,
Israel, o povo da aliança é exortado por Deus: “Portanto, ame o Senhor, seu Deus, de todo
o seu coração, de toda a sua alma e com toda a sua força” (Dt 6:5). O amor implica, en-
tão, que eles devem se lembrar de Deus (Dt 7:18; 9:7; 24:9, etc.), ouvi-Lo, esforçar-se para
compreender e obedecer às Suas palavras (Dt 4:1; 6:4; 20:3, etc.), temê-Lo (Dt 4:10; 5:29;
17; 19; 31:12, etc.) e servi-Lo (Dt 6:13; 28:47, 48, etc.).
Perguntas para discussão e reflexão: Por que o amor é mais do que uma emoção pas-
sageira? Por que os mandamentos de Deus são “uma expressão do princípio do amor”?
(Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 607).

Apelo ao estudo
O livro de Deuteronômio é um apelo para se estudar e ensinar as palavras de Deus (Dt 6:7)
e tem sido estimado nas comunidades judaica e cristã como um dos mais importantes de seus
escritos sagrados. É o livro que contém o Shema Israel, “Escute, Israel” (Dt 6:4), que moldou a
identidade religiosa judaica. É também um dos livros do AT mais presentes no NT, onde é ci-
tado 80 vezes. É um dos livros mais importantes da Bíblia, de relevância para o povo de Deus
no fim dos tempos, quando estão prestes a entrar na terra prometida que o Senhor lhes pre-
parou (Jo 14:2). “O livro de Deuteronômio deve ser estudado cuidadosamente pelos que vivem
na Terra hoje” (Ellen G. White, Advent Review and Sabbath Herald, 31 de dezembro de 1903).

| 16 | A verdade presente em Deuteronômio


Perguntas para discussão e reflexão: Por que o estudo da Bíblia deve ser um componen-

1
te importante da vida espiritual dos adventistas do sétimo dia? Encontre na Bíblia exem-
plos de pessoas que enfatizaram o valor do estudo como um dever religioso.

APLICAÇÃO PARA A VIDA

Não basta ouvir e estudar as palavras de Deus, temos que viver de acordo com o que
ouvimos e entendemos. Quando criança, Jacques Doukhan ouviu de seu rabino uma len-
da sobre um homem que encontrou um trompete milagroso no mercado. O vendedor se
gabou de suas qualidades mágicas: “Este trompete”, disse ele, “tem um poder maravilho-
so. Se você o tocar, o fogo será imediatamente dominado”. Assim que o homem chegou
em casa, quis testar o poder do instrumento. Ele colocou fogo em sua casa e começou a
tocar o trompete. Quanto mais tocava, mais o fogo crescia e queimava a casa. O homem
ficou furioso com a pessoa que lhe vendeu o trompete e correu de volta ao mercado para
reclamar. O vendedor explicou que a função do trompete não era apagar o fogo, mas aler-
tar as pessoas que ao avistarem o fogo viriam apagá-lo.
Uma das diferenças mais importantes entre Deus e o ser humano é que, quando Deus
fala, as coisas acontecem. Encontre exemplos na Bíblia que ilustram esse princípio. Em
comparação, encontre na história, na vida política e em sua própria vida casos que ilus-
tram as discrepâncias entre palavras e ações.

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| 18 | A verdade presente em Deuteronômio


Lição
Prefácio de
Deuteronômio 1
■ Sábado, 25 de setembro
Ao longo de séculos de perseguição, conflito e trevas, Deus tem ampa-
rado Sua igreja. Nenhuma dificuldade veio sobre ela, para a qual Ele não
estivesse preparado; nenhuma força oponente surgiu para impedir Sua
obra, que Ele não houvesse previsto. Tudo aconteceu como Ele predisse.
O Senhor não deixou Sua igreja desamparada. Por meio de profecias, Ele
revelou o que deveria ocorrer, e aquilo que Seu Espírito inspirou os pro-
fetas a predizer tem se realizado. Todos os Seus propósitos serão cum-
pridos. Sua lei está vinculada ao Seu trono e nenhum poder do mal pode
destruí-la. A verdade é inspirada e guardada por Deus, e ela triunfará so-
bre toda oposição.
Durante séculos de trevas espirituais, a igreja de Deus tem sido como
uma cidade edificada sobre um monte. De século em século, por sucessi-
vas gerações, as puras doutrinas do Céu têm sido reveladas dentro dela.
Embora possa parecer fraca e defeituosa, a igreja é o único objeto ao qual
Deus concede de maneira especial Sua suprema atenção. É o cenário de
Sua graça, no qual tem prazer em revelar Seu poder de transformar cora-
ções (Atos dos Apóstolos, p. 11, 12).
Pesava sobre Ele a dor de todas as épocas. Viu os terríveis resultados
da transgressão da lei divina. Viu que, na história do mundo, a começar
com a morte de Abel, o conflito entre o bem e o mal tinha sido constante.
Lançando o olhar por entre os séculos futuros, viu o sofrimento e a dor,
as lágrimas e a morte que haveria entre as pessoas. Seu coração se como-
veu pelos sofrimentos da família humana de todos os tempos e em todos
os lugares. Pesavam fortemente sobre Seu coração as aflições da raça pe-
cadora, e Suas lágrimas caíram no desejo de aliviar todas as aflições hu-
manas (O Desejado de Todas as Nações, p. 534).
O amor divino faz seus mais comoventes apelos ao coração quando
pede que manifestemos a mesma terna compaixão que Cristo manifes-
tou. Somente a pessoa que tem no coração um amor altruísta por seus ir-
mãos possui o verdadeiro amor a Deus. O genuíno cristão não permitirá
voluntariamente que uma pessoa em perigo e necessidade prossiga sem
advertência e sem ajuda. Ele não se esquivará dos que estão em erro, dei-
xando que se afundem na infelicidade e no desânimo, ou que caiam no
campo de batalha de Satanás.
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Os que nunca experimentaram o profundo e cativante amor de Cristo

1 não podem guiar outros à fonte da vida. Esse amor no coração é um poder
que incentiva e que leva homens e mulheres a revelar Cristo na conver-
sação, no espírito terno e compassivo e no reerguimento da vida daque-
les com quem se relacionam. Para ter êxito em seus esforços, os obreiros
cristãos devem conhecer Jesus; e, para conhecê-Lo, precisam conhecer
Seu amor. No Céu, sua aptidão como obreiros é medida pela habilida-
de de amar como Jesus amou e trabalhar como Ele trabalhou (Atos dos
Apóstolos, p. 550, 551).

■ Domingo, 26 de setembro: Amar para ser amado


A história do grande conflito entre o bem e o mal, desde o tempo em
que a princípio se iniciou no Céu até o final da rebelião e eliminação to-
tal do pecado, é também uma demonstração do imutável amor de Deus.
(Patriarcas e Profetas, p. 33).
O dom de Cristo revela o coração do Pai (O Desejado de Todas as Nações,
p. 57).
Deus concedeu ao nosso mundo o maravilhoso dom de Seu Filho uni-
gênito. Diante desse ato, nunca poderia ser dito pelos habitantes dos ou-
tros mundos que Deus poderia ter feito mais do que fez para mostrar Seu
amor pelos filhos dos homens. Ele fez um sacrifício que desafia qualquer
avaliação (A Fé Pela Qual Eu Vivo [MM 1959, 22 de fevereiro], p. 59).
Cristo demonstrou Seu grande amor por nós dando Sua vida a fim de
que não perecêssemos em nossos pecados, e Ele pudesse nos revestir de Sua
salvação. Se esse amor divino for cultivado em nosso coração, consolidará
e fortalecerá nossa união com os da mesma fé. “Aquele que permanece no
amor permanece em Deus, e Deus permanece nele” (1Jo 4:16). O fortale-
cimento de nosso amor aos irmãos e irmãs também fortalece nosso amor
a Cristo. Esse princípio de amor a Deus e àqueles por quem Cristo morreu
deve ser avivado pelo Espírito Santo e alicerçado com a bondade fraternal,
a ternura, e precisa ser fortalecido por atos que testifiquem de que Deus é
amor. Essa união, que liga coração a coração, não é resultado de sentimen-
talismo, mas atuação de um princípio sadio.
A fé atua por amor e purifica a alma de todo o egoísmo. Assim a alma
é aperfeiçoada no amor. E havendo encontrado graça e misericórdia me-
diante o precioso sangue de Cristo, como poderemos deixar de ser ternos
e misericordiosos? (Nos Lugares Celestiais [MM 1968, 13 de abril], p. 110).
Aquele que havia se colocado em oposição a Deus foi um ser de gran-
de poder e glória. Sobre Lúcifer, o Senhor declarou: “Tu és o sinete da per-
feição, cheio de sabedoria e formosura” (Ez 28:12). Lúcifer tinha sido o
querubim cobridor. Havia estado na luz da presença divina. Tinha sido
| 6 | A verdade presente em Deuteronômio
o mais elevado de todos os seres criados e revelava ao Universo os propó-
sitos divinos. Depois de pecar, seu poder de enganar se tornou maior, e
ficou mais difícil descobrir seu caráter, por causa da posição exaltada que 1
tinha junto do Pai.
Deus poderia ter destruído Satanás e seus adeptos tão facilmente como
se pode atirar uma pequena pedra ao chão, mas não fez isso. A rebelião não
seria vencida pela força. Poder de coerção só existe no governo de Sata-
nás. Os princípios do Senhor não são esses. Sua autoridade se fundamen-
ta na bondade, na misericórdia e no amor; e apresentar esses princípios é
o meio a ser usado. O governo de Deus é moral; e a verdade e o amor de-
vem ser o poder predominante (O Desejado de Todas as Nações, p. 758, 759).

■ Segunda, 27 de setembro: A queda e o dilúvio


Nossos primeiros pais, embora criados inocentes e santos, não foram
colocados fora da possibilidade de praticar o mal. Deus os fez como seres
morais livres, capazes de reconhecer a sabedoria e benignidade de Seu ca-
ráter e a justiça de Suas ordens, e com ampla liberdade de prestar obediên-
cia ou recusá-la. Deviam desfrutar comunhão com Deus e com os santos
anjos. No entanto, antes que pudessem se tornar eternamente livres de
perigo, sua fidelidade devia ser provada. No início da existência do ser hu-
mano, um empecilho foi posto ao desejo de satisfação própria – paixão fa-
tal que está na base da queda de Satanás. A árvore do conhecimento, que
estava próximo da árvore da vida, no meio do jardim, devia ser uma prova
da obediência, fé e amor de nossos primeiros pais. Ao mesmo tempo que
lhes era permitido comer livremente de todas as outras árvores, era-lhes
proibido provar desta, sob pena de morte. Deviam também estar expos-
tos às tentações de Satanás; mas, se resistissem à prova, seriam por fim
colocados fora de seu alcance, para que desfrutassem o favor perpétuo de
Deus (Patriarcas e Profetas, p. 48, 49).
Sobre os antediluvianos lemos: “O Senhor viu que a maldade das pes-
soas havia se multiplicado na Terra e que todo desígnio do coração delas
era continuamente mau. […] Então Deus disse a Noé: ‘Resolvi acabar com
todos os seres humanos, porque a Terra está cheia de violência por causa
deles. Eis que os destruirei juntamente com a Terra’” (Gn 6:5, 13).
Deus advertiu os habitantes do mundo antigo em relação ao que pre-
tendia fazer para purificar a Terra de sua impureza. Eles, porém, riam com
escárnio daquilo que consideravam uma predição supersticiosa. Zomba-
vam da advertência de Noé quanto a um dilúvio vindouro.
Quando Cristo estava na Terra, deu advertências quanto ao que sobrevi-
ria a Jerusalém por haver o povo rejeitado a verdade, desprezando as men-
sagens enviadas por Deus. Suas advertências, porém, foram desatendidas.
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O Senhor, mediante Seus embaixadores, enviou-nos mensagens de ad-

1 vertência declarando que estava próximo o fim de todas as coisas. Alguns


atenderão a essas advertências, mas a grande maioria as desprezará (Nos
Lugares Celestiais [MM 1968, 2 de dezembro], p. 343).
Em seu estado natural, o coração é morada de paixões e pensamentos
pecaminosos. Quando posto em sujeição a Cristo, precisa ser purificado
de toda contaminação pelo Espírito. Isso não pode ser feito sem o consen-
timento do indivíduo. […]
Unicamente em Sua força eles podem vigiar palavras e ações. Na obra
de guardar o coração, precisamos insistir na oração, ser incansáveis em
pedir ao trono da graça Sua assistência. Os que proferem o nome de
Cristo devem chegar a Deus com fervor e humildade, pleiteando auxílio.
O Salvador nos disse que devemos orar sem cessar. O cristão não pode es-
tar sempre ajoelhado em oração, mas seus pensamentos e desejos podem
ser continuamente elevados ao Céu. A confiança em nós mesmos desapa-
receria se falássemos menos e orássemos mais.
As afeições devem se concentrar em Deus. Contemplem-Lhe a gran-
deza, misericórdia e excelências. Permitam que Sua bondade, Seu amor e
Sua perfeição de caráter cativem o coração de vocês (Filhos e Filhas de Deus
[MM 1956, 2005, 2 de abril], p. 99).

■ Terça, 28 de setembro: O chamado de Abraão


Por mais de mil anos, o povo judeu havia aguardado a vinda do Salva-
dor. Nesse acontecimento estavam fundamentadas suas mais gloriosas
esperanças. No cântico e na profecia, no ritual do templo e nas orações
em casa, haviam envolvido o nome Dele. Entretanto, por ocasião de Sua
vinda, não O reconheceram. O Amado do Céu foi para eles “como raiz de
uma terra seca; não tinha aparência nem formosura” (Is 53:2). Não viam
Nele beleza alguma que chamasse a atenção. “Veio para o que era Seu, e
os Seus não O receberam” (Jo 1:11).
Contudo, Deus havia escolhido Israel. Ele havia chamado essa na-
ção para conservar entre os seres humanos o conhecimento de Sua lei
e dos símbolos e profecias que apontavam para o Salvador. Desejava
que ela fosse como uma fonte de salvação para o mundo (O Desejado
de Todas as Nações, p. 27).
Quando Abraão foi chamado para tornar-se semeador da semente da
verdade, foi-lhe ordenado: “Saia da sua terra, da sua parentela e da casa
do seu pai e vá para a terra que lhe mostrarei” (Gn 12:1). “E partiu sem
saber para onde ia” (Hb 11:8). Assim também Paulo recebeu a ordem di-
vina, enquanto orava no templo em Jerusalém: “Vá, porque Eu o envia-
rei para longe, aos gentios” (At 22:21). Assim todos os que são chamados
| 8 | A verdade presente em Deuteronômio
para unir-­se a Cristo precisam deixar tudo para segui-Lo. Antigos rela-
cionamentos precisam ser cortados, planos de vida abandonados, espe-
ranças terrenas renunciadas. Com trabalho e lágrimas, na solidão e por 1
sacrifício, a semente deve ser lançada (Parábolas de Jesus, p. 36).
Trabalhar pela salvação das pessoas é um emprego extremamente hon-
roso. Não importa qual seja a forma de nosso trabalho ou entre que clas-
se, alta ou baixa. À vista de Deus, essas distinções não lhe afetarão o real
valor. A pessoa sincera, fervorosa, contrita, embora ignorante, é precio-
sa aos olhos do Senhor. Ele coloca Seu selo sobre os homens, julgando-os,
não pela categoria que ocupam nem por sua riqueza, ou pela grandeza in-
telectual, mas por sua unidade com Cristo (Obreiros Evangélicos, p. 332).
O objetivo de Deus em escolher um povo acima de todos no mundo não
era apenas adotá-lo como filhos e filhas, mas que, por meio deles, o mundo
recebesse a graça que traz a salvação (Tt 2:11). Quando o Senhor escolheu a
Abraão, não foi simplesmente para que ele se tornasse um amigo especial de
Deus, mas para que fosse um transmissor dos privilégios particulares que o
Senhor desejava outorgar às nações. Em Sua última oração com os discípu-
los antes da crucifixão, Jesus disse: “Em favor deles Eu Me santifico, para
que também eles sejam santificados pela verdade” (Jo 17:19). Semelhante-
mente, os cristãos que são purificados por meio da verdade possuirão qua-
lidades salvadoras, que preservarão o mundo da inteira corrupção moral.
O sal deve ser misturado com a substância em que é posto. É preciso
que se misture a fim de conservar. Assim, é com o contato pessoal e a con-
vivência que os homens são alcançados pelo poder salvador do evangelho.
Não são salvos em massa, mas como indivíduos. A influência pessoal é
um poder. Devemos nos aproximar daqueles a quem desejamos beneficiar
(O Maior Discurso de Cristo, p. 35, 36).

■ Quarta, 29 de setembro: A aliança no Sinai


A aliança que Deus fez com Seu povo no Sinai deve ser nosso refúgio e
defesa. O Senhor disse a Moisés: “Assim você falará à casa de Jacó e anun-
ciará aos filhos de Israel: ‘Vocês viram o que fiz aos egípcios e como levei
vocês sobre asas de águia e os trouxe para perto de Mim. Agora, pois, se
ouvirem atentamente a Minha voz e guardarem a Minha aliança, vocês
serão a Minha propriedade peculiar dentre todos os povos. Porque toda a
terra é Minha, e vocês serão para Mim um reino de sacerdotes e uma na-
ção santa (Êx 19:3-6). [...]
Essa aliança está tanto em vigor hoje como quando o Senhor a fez com
o antigo Israel (SW, 01/03/1904).
Este é o compromisso do povo de Deus nestes últimos dias. A sua acei-
tação diante de Deus depende do fiel cumprimento dos termos do acordo
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feito com Ele. Em Sua aliança, Deus inclui todos que Lhe obedecem. A todos

1 que praticam a justiça e o juízo, desviando sua mão de praticar algum mal,
a promessa é: Aos que “abraçam a Minha aliança, darei na Minha casa e
dentro dos Meus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos
e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará”
(Is 56:4, 5; Maravilhosa Graça [MM 74], p. 140; Comentários de Ellen G.
White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1103).
Se os israelitas tivessem obedecido aos requerimentos de Deus, teriam
sido cristãos praticantes. Teriam sido felizes, pois estariam andando nos
caminhos de Deus, não seguindo as inclinações naturais do próprio cora-
ção. Moisés não deixou que interpretassem erroneamente as palavras do
Senhor nem que empregassem mal Seus requerimentos. Ele escreveu to-
das as palavras do Senhor em um livro, ao qual poderiam recorrer mais
tarde. No monte, escreveu como o próprio Cristo havia ditado.
Corajosamente, os israelitas pronunciaram as palavras, prometendo
obediência ao Senhor, após terem ouvido Sua aliança lida na congregação
do povo. Disseram: “Tudo o que o Senhor falou nós faremos e obedecere-
mos” (Êx 24:7). Então o povo foi separado e selado para Deus. Um sacrifício
foi oferecido ao Senhor. Uma parte do sangue do sacrifício foi aspergida
sobre o altar. Isso significava que o povo tinha se consagrado – em corpo,
mente e espírito – a Deus. Uma porção foi aspergida sobre o povo. Isso sig-
nificava que, por meio do sangue de Cristo, Deus o aceitava graciosamente
como Seu tesouro especial. E assim os israelitas assumiram uma alian-
ça solene com Deus (Jesus Meu Modelo [MM 2009], 45; Comentários de
Ellen G. White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 1, p. 1107).

■ Quinta, 30 de setembro: Apostasia e punição


Arão morreu no Monte Hor, pois o Senhor tinha dito que ele não en-
traria na terra prometida, porque, com Moisés, havia pecado quando ti-
raram água da rocha em Meribá. Moisés e os filhos de Arão o sepultaram
no monte, para que o povo não fosse tentado a fazer uma grande cerimô-
nia com seu corpo, e incorrer assim no pecado da idolatria.
Logo Moisés morreria, e foi-lhe ordenado reunir os filhos de Israel an-
tes de sua morte e relatar todas as jornadas da multidão hebreia desde
sua partida do Egito e todas as grandes transgressões de seus pais que ti-
nham trazido os juízos de Deus sobre eles, levando-O a dizer que eles não
entrariam na terra prometida. Seus pais tinham morrido no deserto, de
acordo com a palavra do Senhor.
Seus filhos tinham crescido, e a estes a promessa de posse da terra de Canaã
devia ser cumprida. Muitos deles eram crianças quando a lei foi dada, e não
tinham nenhuma recordação da grandeza do evento. Outros nasceram no
| 10 | A verdade presente em Deuteronômio
deserto e, para que não deixassem de compreender a necessidade de obe-
decer aos Dez Mandamentos e a todas as leis e juízos dados a Moisés,
ele foi instruído por Deus a recapitular os Dez Mandamentos e todas as 1
circunstâncias relacionadas com a entrega da lei (História da Redenção,
p. 169, 170).
Não podemos calcular o imenso valor da singela fé e obediência in-
condicional. É seguindo no caminho da obediência com simples fé que o
caráter obtém perfeição. Foi requerido de Adão que prestasse estrita obe-
diência aos mandamentos de Deus, e não é apresentado um padrão mais
baixo aos que desejam a salvação hoje. [...] Cristo diz: “Tudo o que vocês
pedirem em Meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no
Filho. Se Me pedirem alguma coisa em Meu nome, Eu o farei. Se vocês
Me amam, guardarão os Meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, e Ele
lhes dará outro Consolador, a fim de que esteja com vocês para sempre:
é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber” (Jo 14:13-17).
O mundo está coligado contra a verdade, porque não deseja obedecer à
verdade. Irei eu, que compreendo a verdade, fechar os olhos e o coração
ao seu poder salvífico porque o mundo prefere as trevas à luz? (Exaltai-O
[MM 1992, 5 de maio], p. 140).
Deus deseja que Seu povo se prepare para a crise prestes a vir. Prepa-
rados ou não, todos terão de enfrentá-la; e somente os que têm levado a
vida em conformidade com a norma divina permanecerão firmes naquele
tempo de prova. Quando legisladores seculares se unirem a ministros re-
ligiosos para legislarem em assuntos de consciência, então se verá quem
realmente teme a Deus e O serve. Quando as trevas forem mais profun-
das, mais resplandecerá a luz de um caráter semelhante ao de Deus. Quan-
do todos os outros recursos falharem, então se verá quem tem confiança
permanente em Jeová. E, enquanto os inimigos da verdade estiverem, de
todos os lados, vigiando os servos do Senhor para o mal, Deus os estará
vigiando para o bem. Ele será para eles como a sombra de uma grande ro-
cha em um deserto (Atos dos Apóstolos, p. 432).

■ Sexta, 1o de outubro: Estudo adicional


Exaltai-O [MM 1992], “Ele representa o Pai”, 22 de janeiro, p. 36;
Para Conhecê-Lo [MM 1965], “O mistério do pecado”, 9 de janeiro, p. 15.

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