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PESSOA NATURAL: É fato que a personalidade civil começa com o nascimento com vida.

Contudo, põe-
se a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro - o nascituro é o feto, o ser
Pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e deveres.
já concebido, aquele que está dentro do ventre da mãe e que ainda vai nascer. É
Para qualquer pessoa ser sujeito de direitos e deveres, basta nascer com vida e,
uma expectativa de direito e se nascer com vida os direitos retroagem à concepção.
desse modo adquirir personalidade.
Existem três teorias que procuram definir a situação jurídica do nascituro:
Atenção: O sujeito da relação jurídica é sempre o ser humano. Os animais não são
considerados sujeitos de direitos, nem as entidades místicas, como os santos. NATALISTA – Exige o nascimento com vida para ter início a personalidade. Antes
do nascimento não há personalidade. Ressalvam-se, contudo, os direitos do
Personalidade:
nascituro, desde a concepção. *Teoria adotada pela literalidade do CC/02.

Art. 1º, CC/02: “Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”. PERSONALIDADE CONDICIONAL – Segundo a qual o nascituro é pessoa
condicional: a aquisição da personalidade acha-se sob a dependência de condição
A personalidade é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair obrigações suspensiva, o nascimento com vida (plano da eficácia).
ou deveres na ordem civil. O conceito de personalidade está ligado ao de pessoa.
Todo aquele que nasce com vida torna-se uma pessoa, ou seja, adquire CONCEPCIONISTA – Para a qual o nascituro já tem personalidade jurídica desde a

personalidade. A personalidade é, portanto, qualidade ou atributo inerente ao ser concepção (antes do nascimento). Trata-se de personalidade jurídica formal no que

humano (homem, mulher, idoso, criança e adolescente). concerne aos direitos personalíssimos. Porém efeitos de alguns direitos dependem
do nascimento com vida, referentes aos direitos patrimoniais materiais, como a
Art. 2º, CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com
doação e a herança (personalidade jurídica material). *Teoria defendida pela doutrina
vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção os direitos do nascituro”.
contemporânea.

A personalidade é adquirida no exato momento do nascimento com vida e se DICA: O nascituro não possui personalidade jurídica, porém, detém humanidade,
encerra com a morte da pessoa (somente com a morte!).
(natureza humana), por isso a lei põe a salvo, desde a concepção, os seus direitos.
Na prova, não podemos afirmar que o nascituro possui personalidade jurídica.
Ocorre o nascimento quando a criança (não importa a aparência física e nem a
Somente podemos afirmar isso se constar, de forma expressa, “personalidade
viabilidade de vida) é separada do ventre materno, desfazendo-se a unidade
jurídica formal” ou se a questão fizer referência à teoria concepcionista.
biológica, de forma a constituírem, mãe e filho, dois corpos, com vida orgânica
própria, mesmo que não tenha sido cortado o cordão umbilical. Para se dizer que
Atenção: Nascituro ≠ concepturo. O concepturo é o indivíduo ainda não concebido,
nasceu com vida, é necessário que a criança tenha respirado. enquanto o nascituro já foi concebido, é o feto. Se nascer com vida, todos os direitos
do nascituro retroagem à concepção, por outro lado, se o concepturo vier a nascer,
Se a criança nascer morta (natimorto), não adquire a personalidade e não terá
somente poderá adquirir um direito surgido anteriormente, na hipótese de pertencer à
certidão de nascimento, sendo registrada em um livro auxiliar. Mas, se nascer viva e
prole eventual (filhos ainda não concebidos) de pessoas designadas pelo testador,
depois falecer, mesmo que seja por segundos, terá uma certidão de nascimento e
desde que essas pessoas estejam vivas ao abrir-se a sucessão – Art. 1799, I, CC/02.
posteriormente uma certidão de óbito.
Capacidade:
NASCITURO

O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como direito à vida, o Capacidade é a maior ou menor extensão dos direitos de uma pessoa. É, portanto, a
direito à proteção pré-natal, a alimentos etc.); medida da personalidade e se traduz em um quantum e pode sofrer limitação.

A proteção que o CC/02 defere ao nascituro alcança o natimorto no que


Atenção: Embora os conceitos de capacidade e personalidade estejam relacionados,
concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e
não se confundem. A personalidade é a aptidão genérica para adquirir direitos e
sepultura - Enunciado I da 1ª Jornada de Direito Civil do CJF.
contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É um valor e não pode ser limitado.

Como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o


Atenção: Capacidade também não se confunde com legitimidade. A legitimidade é a
nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de
aptidão para a prática de determinados atos jurídicos, uma espécie de capacidade
aferição de paternidade.
especial exigida em certas situações. A sua ausência não acarreta a incapacidade.

O STJ reconheceu ao nascituro o direito à reparação do dano moral. No


Existem duas espécies de capacidade: capacidade de direito e capacidade de fato:
caso, ajuizou-se uma ação de indenização por danos morais pela morte do
pai em decorrência de acidente de trânsito.
Capacidade de direito ou capacidade de gozo: É a capacidade de adquirir

Tanto o nascituro quanto o natimorto, terão seus direitos da personalidade direitos e contrair obrigações na vida civil. É a capacidade oriunda da

resguardados. Porém, a relação do nascituro com os direitos patrimoniais personalidade, inerente à pessoa humana, isto é, toda pessoa a possui, sem

(herança, doação) só ocorre com o nascimento com vida. qualquer distinção, estendendo-se, à criança, ao adolescente, ao adulto, ao
idoso, independentemente do seu grau de desenvolvimento mental - Art. 1º.
O nascituro pode receber doações, sem prejuízo do recolhimento do
imposto de transmissão inter vivos - Art. 542, CC/02: “a doação feita ao Capacidade de fato ou de exercício: Trata-se da capacidade de exercer por
nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal”. si mesmo os atos da vida civil. Nem todas as pessoas a possuem.

O nascituro pode receber herança, mas sua participação na sucessão fica A capacidade de direito precede à capacidade de fato. Isto quer dizer que, ao nascer
condicionada ao nascimento c/ vida - Art. 1798: “legitimam-se a suceder as com vida, a pessoa já adquire a capacidade de direito (ela já pode gozar de um
pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”. direito), porém, a capacidade de fato só será adquirida posteriormente, levando em
consideração critérios como idade e estado de saúde.
Pode ser nomeado ao nascituro, curador para a defesa dos seus
interesses. Inclusive, na hipótese de interdição de mulher grávida, o Quem ostenta as duas espécies de capacidade, tem capacidade PLENA, já quem
curador desta será também o curador do nascituro. tem ostenta somente a de direito, tem capacidade LIMITADA.

OBS.: O embrião não possui os mesmos direitos resguardados ao nascituro!


Incapacidade: OBS.: Não se considera nulo o ato dotado de ampla aceitação social praticado por
absolutamente incapaz (como, por exemplo, a compra de um doce feita por uma
Incapacidade é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil, imposta pela criança), enquadrando-se na noção de ato-fato jurídico.
lei somente aos que, excepcionalmente, necessitam de proteção, pois a capacidade
é a regra. Todas as incapacidades estão previstas em lei. Atenção: O Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei n.º 13.146/15) modificou o
sistema de incapacidades, revogando os outros dois casos de incapacidade absoluta
OBS.: Não existe incapacidade de direito, porque todos se tornam, ao nascer, (dos que por enfermidade ou doença mental não tiverem o necessário discernimento
capazes de adquirir direitos. Há somente incapacidade de fato ou de exercício. para a prática dos atos da vida civil e o caso da incapacidade absoluta transitória).
Segundo o Estatuto, a deficiência não afeta a plena capacidade civil da pessoa e
Atenção: Não confundir incapacidade com a proibição legal de efetuar certos quando necessário, a pessoa com deficiência será submetida à curatela. Em suma, o
negócios jurídicos com determinadas pessoas ou com relação aos bens a elas deficiente é agora considerado pessoa plenamente capaz.
pertencentes. Esta proibição atribui falta de legitimidade e não incapacidade. Uma
pessoa, que possui capacidade de fato, pode, em algumas situações, não ter Incapacidade Relativa – Art. 4º, CC/02:
legitimidade para praticar um negócio jurídico, como, por exemplo, a proibição de
uma pai vender um bem para um filho sem a autorização dos demais filhos, se os A incapacidade relativa permite que o incapaz pratique atos da vida civil em
tiver, e da sua esposa – nesse exemplo, embora o pai ostente capacidade plena, o geral, desde que assistido por seu representante legal, sob pena de anulabilidade
ato da venda ao descendente sem autorização dos demais é ilegítimo. do ato (art. 171, I). A assistência supre a incapacidade relativa.

Existem dois tipos de incapacidade: a incapacidade absoluta e a relativa. OBS.: Porém, certos atos podem ser praticados pelos relativamente incapazes
sem a assistência do representante legal sem que isso acarreta na anulabilidade
Incapacidade Absoluta – Art. 3º, CC/02: do ato (excepcionalmente, pois em geral necessitam de assistência). Podem, por
exemplo, sem assistência, ser testemunha (art. 228, I), aceitar mandato (art. 666),
A incapacidade absoluta acarreta a proibição total do exercício, por si só, do fazer testamento (art. 1860, § único), exercer empregos públicos para os quais não
direito. O ato somente poderá ser praticado pelo representante legal do se exija a maioridade (art. 5º, § único, III), casar (art. 1517), ser eleitor etc.
absolutamente incapaz (a representação supre a incapacidade absoluta). A
inobservância dessa regra (ato praticado pelo incapaz sem o representante legal) Segundo o art. 4º do CC, são incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de
provoca a nulidade do ato (art. 166, I). os exercer: MAIORES DE 16 E MENORES DE 18 ANOS; ÉBRIOS HABITUAIS E
OS VICIADOS EM TÓXICO; AQUELES QUE, POR CAUSA TRANSITÓRIA OU
Segundo a nova redação do Código Civil, são absolutamente incapazes de exercer PERMANENTE, NÃO PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE; e os PRÓDIGOS.
pessoalmente os atos da vida civil, os MENORES DE DEZESSEIS ANOS. Isso
porque até essa idade, julga-se que a pessoa não tem o correto discernimento para Atenção: O Estatuto da Pessoa com Deficiência retirou do rol de relativamente
escolhas, haja vista a pouca idade e a reduzida experiência de vida. incapaz, aqueles que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido e os
excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
I - MAIORES DE DEZESSEIS E MENORES DE DEZOITO ANOS: Não se tratando Situação jurídica dos indígenas – Art. 4º, parágrafo único, CC02: O atual Código
de casos especiais (nos quais o menor relativamente incapaz poderá praticar Civil dispõe que a capacidade dos indígenas será regulada pela legislação especial
livremente diversos atos, como aceitar mandato, ser testemunha, fazer testamento (Estatuto do Índio), segundo o qual considera nulo o negócio celebrado entre um
etc.), os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos, necessitam de índio e uma pessoa estranha à comunidade indígena sem a participação da FUNAI.
assistência para praticar os atos da vida civil, sob pena de anulabilidade do ato. Entretanto, será valido tal ato se o índio relvar consciência e conhecimento deste, e,
ao mesmo tempo, tal ato não o prejudicar.
II - ÉBRIOS HABITUAIS E OS VICIADOS EM TÓXICO: São as pessoas viciadas no
uso e dependentes de substâncias entorpecentes (bebida alcóolica, maconha, Incapacidade ABSOLUTA Incapacidade RELATIVA
cocaína, crack, anfetamina etc.), pois o uso prolongado dessas substâncias
Proibição TOTAL do exercício, Proibição PARCIAL do exercício, por
comprometem a capacidade mental do usuário.
por si só, do direito. si só, do direito.

Atenção: Não se enquadram nessa categoria os usuários eventuais dessas Depende de REPRESENTANTE Depende de ASSISTENTE.
substâncias que ficaram impedidos de exprimir sua vontade. Para essas LEGAL.
pessoas aplica-se o inciso III.
Se o ato é praticado sem o Se o ato é praticado sem o
representante legal, é NULO! assistente, é ANULÁVEL!
III - AQUELES QUE, POR CAUSA TRANSITÓRIA OU PERMANENTE, NÃO
PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE: Abrange as pessoas que não puderem Quem é absolutamente incapaz? Quem são os relativamente incapazes?
exprimir sua vontade por causa transitória ou permanente, em razão, por exemplo, MENORES DE 16 ANOS
 > DE 16 E < DE 18 ANOS;
de embriaguez não habitual, uso eventual de entorpecentes, hipnose etc.
Toda PESSOA é dotada de  ÉBRIOS HABITUAIS;
IV – PRÓDIGOS: O pródigo é aquele que gasta desordenadamente, dissipando o capacidade de direito!
 AQUELES QUE, POR CAUSA
seu patrimônio, com o risco de ficar na miséria. O pródigo só passará à condição de
TRANSITÓRIA OU PERMANENTE, NÃO
relativamente incapaz depois de sentença de interdição, declarando-o estado de PUDEREM EXPRIMIR SUA VONTADE;
prodigalidade. A curatela do pródigo pode ser promovida pelo cônjuge/companheiro, Pessoas com deficiência mental
por qualquer parente ou tutores, por representante da entidade em que se encontra NÃO SÃO MAIS ABSOLUTAMENTE  PRÓDRIGOS.

abrigado e pelo MP. Com a interdição, o pródigo será privado, exclusivamente, dos INCAPAZES!
atos que possam comprometer seu patrimônio, como emprestar, transigir, dar
Responsabilidade civil do incapaz – Art. 928, CC/02:
quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado (art. 1782), devendo tais
atos ser praticados mediante assistência do curador, sob pena de anulabilidade. Os
Nos termos do art. 928 do CC, o incapaz responde pelos prejuízos que causar, se
demais atos da vida civil, inclusive, a mera administração do patrimônio podem ser
as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
realizados livremente (cuidado com a questão do casamento: o pródigo não precisa
dispuserem de meios suficientes.
de assistência para casar, somente para celebrar o pacto antenupcial que acarrete
alteração em seu patrimônio).
Ainda dispõe no parágrafo único que, a indenização deverá ser equitativa e não público, independentemente de homologação judicial. Segundo a jurisprudência
terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. do STJ, a emancipação voluntária não exclui a responsabilidade civil (e solidária)
dos pais pelos atos praticados pelos filhos menores.
Podemos dizer, portanto, que a responsabilidade civil do incapaz é:
Emancipação judicial – Art. 5º, I: A única hipótese de emancipação judicial, que
SUBSIDIÁRIA: O incapaz só (e somente só) será responsabilizado se os
depende de sentença do juiz, é a do menor sob tutela que já completou 16 anos.
responsáveis não tiverem a obrigação de responder ou não tiverem meios
suficientes de ressarcir a vítima. Emancipação legal – Art. 5º, II a V: Decorre de determinados eventos aos quais a
lei atribui o efeito de antecipação da capacidade de fato. São eles:
ATENÇÃO: No caso de emancipação voluntária, pais e filhos
respondem SOLIDARIAMENTE pelo dano causado por ato ilícito (é a única
CASAMENTO (União estável NÃO): Segundo o art. 1517, o menor, com 16 anos
hipótese de responsabilidade solidária) – STJ.
pode casar, exigindo-se autorização de ambos os pais, ou de seus representantes
legais. O casamento válido produz efeito de emancipar o menor. Entretanto, o
CONDICIONAL E MITIGADA: A indenização não poderá ultrapassar o limite
casamento nulo não produz nenhum efeito (como, por exemplo, o casamento
humanitário do patrimônio mínimo do incapaz;
baseado em autorização falsa dos pais). A emancipação é irrevogável. Mesmo que
haja viuvez, separação ou divórcio, o emancipado não retornará à incapacidade.
EQUITATIVA: A indenização deve ser equânime, justa, sem a privação do
mínimo necessário para a sobrevivência digna do incapaz.
EXERCÍCIO DE EMPREGO PÚBLICO EFETIVO: Essa hipótese é pouco provável,
uma vez que o Estatuto do Servidor Público estabelece como requisito para a
Cessa a incapacidade, desaparecendo os motivos que a determinaram. Assim
investidura em cargo público efetivo, a idade mínima de 18 anos.
quando a causa é a menoridade, desaparece pela maioridade ou emancipação.

COLAÇÃO DE GRAU EM CURSO SUPERIOR: Também é raro, pois, só


Maioridade: A maioridade começa aos 18 anos completos, no primeiro momento
excepcionalmente a pessoa consegue colar grau em curso de nível superior com
do dia em que o indivíduo perfaz dezoito anos, tornando-se a pessoa apta para as
menos de 18 anos, haja vista a extensão do ensino fundamental e médio, a não ser
atividades da vida civil – Art. 5º, caput, CC/02.
os gênios. Mas, caso ocorra, independe da idade.

Emancipação: Consiste na antecipação da capacidade de fato ou de exercício,


ESTABELECIMENTO CIVIL OU COMERCIAL ou a EXISTÊNCIA DE RELAÇÃO
dando-lhe a capacidade plena, antes da maioridade. Pode ser de três espécies:
DE EMPREGO, DESDE QUE, EM FUNÇÃO DELES, O MENOR COM 16 ANOS
COMPLETOS TENHA ECONOMIA PRÓPRIA: Nos dois casos, o menor precisa ter
Emancipação voluntária – Art. 5º, § único, I: É a emancipação concedida por
16 anos e economia própria (auferir renda suficiente para não depender dos pais).
ambos os pais ou por um deles na falta do outro. A divergência entre os pais será
dirimida pelo juiz, que decidirá qual vontade deve prevalecer. Trata-se de ato
OBS. A emancipação, em qualquer de suas formas é IRREVOGÁVEL e DEFINITIVA
unilateral dos pais, de modo que não é um direito do menor, mas uma benesse
(não pode, por exemplo, os pais que voluntariamente emanciparam o filho, voltarem
concedida pelos genitores. A emancipação voluntária é feita mediante instrumento
atrás). A irrevogabilidade, porém, não se confunde com invalidade do ato (nulidade ausência e a de morte presumida serão registradas em registro público. A Lei dos
ou anulabilidade) que pode ser reconhecida, causando o retorno à incapacidade. Registros Públicos prevê um procedimento de justificação, destinado a suprir a falta
do atestado de óbito.

Morte presumida com declaração de ausência: Presume-se a morte, quanto


Extinção da personalidade natural: aos ausentes (pessoas que se ausentaram ou se afastaram de seu domicílio
regular sem deixar procurador ou representante legal, e das quais não se
A existência da pessoa natural termina com a MORTE (art. 6º, CC/02), devidamente tenha notícias, havendo dúvidas quanto a sua existência, sendo necessária a
registrada em registro público - a morte extingue a capacidade, não sendo mais o declaração judicial desse estado), nos casos em que a lei autoriza a
morto sujeito de direitos e obrigações. Acarreta também a extinção do poder familiar, abertura de sucessão definitiva (CC, art. 6º, 2ª parte). O Código Civil
a dissolução do vínculo matrimonial, a abertura da sucessão, a extinção dos permite que os interessados requeiram a sucessão definitiva: dez anos
contratos personalíssimos, a extinção da obrigação de pagar alimentos etc. depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da
sucessão provisória (art. 37); ou provando-se que o ausente conta 80
Pode-se falar em morte real, morte simultânea/comoriência, e morte presumida. anos de idade e que de cinco datam as últimas notícias dele (art. 38).

MORTE REAL: A morte real, responsável pelo término da existência da pessoa Morte presumida sem declaração de ausência: O art. 7º do CC permite a
natural, ocorre com o diagnóstico de paralisação da atividade encefálica (art. 3º, declaração de morte presumida, para todos os efeitos, sem decretação de
Lei 9.434/77). Sua prova se faz pelo atestado de óbito. ausência: i) se for extremamente provável a morte de quem estava em
perigo de vida; ii) se alguém, desparecido em campanha ou feito
MORTE SIMULTÂNEA OU COMORIÊNCIA (art. 8º, CC/02): Na comoriência ocorre prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
a morte de duas ou mais pessoas na mesma ocasião (não precisa ser no mesmo A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser
lugar), não se podendo averiguar qual delas morreu primeiro, sendo elas requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a
reciprocamente herdeiras umas das outras. Se não puder se estabelecer o sentença fixar a data provável do falecimento (parágrafo único).
momento das mortes, presume-se a morte simultânea (presunção é relativa), não
havendo transferência de bens e direitos sucessórios entre comorientes. Ex.: se Individualização da pessoa natural:
morrem em acidente o casal, sem se saber qual morreu primeiro, um não herda do
outro (assim, os colaterais da mulher ficarão com a meação dela, enquanto os A identificação da pessoa se dá sob três aspectos: nome, estado e domicílio.
colaterais do marido ficarão com a meação dele). Por outro lado, se houvesse prova
de que um faleceu antes do outro, o que viveu mais herdaria a meação do outro e a NOME:
transmitiria aos seus colaterais, com a sua morte.
Nome é a designação ou sinal exterior pelo qual a pessoa se identifica no seio da
MORTE PRESUMIDA: A morte presumida pode ser com declaração de ausência e família e da sociedade. É considerado um direito da personalidade.
sem declaração de ausência. Em ambos os casos, a sentença declaratória de
No aspecto público – o nome decorre do fato de o Estado ter interesse em que as axiônimo (forma de tratamento), título de nobreza, acadêmico, eclesiástico ou
pessoas sejam corretamente identificadas (registro da pessoa natural). qualificação de dignidade oficial (Príncipe, doutor, padre, professor, monsenhor).

Já no aspecto individual – consiste no direito ao nome, no poder reconhecido ao Em regra o nome é inalterável, porém, excepcionalmente, pode haver modificação
seu possuidor de utilizá-lo e de reprimir sua utilização sem autorização. Decorrem do do nome quando:
aspecto individual, as normas que estabelecem:
O nome expuser seu portador ao ridículo e a situações vexatórias, desde que
O nome é um direito da pessoa (CC/02, art. 16, “toda pessoa tem direito ao nome, se comprove o dano;
Houver erro grave evidente (nesse caso, trata-se de retificação de prenome);
nele compreendidos o prenome e o sobrenome”);
A proibição de utilização, sem autorização, de nome alheio em propaganda Causar embaraços no setor eleitoral ou em atividade profissional;
comercial, promovendo venda de bens ou serviços (art. 18, “sem autorização, Houver mudança de sexo (a jurisprudência do STJ/STF autoriza a mudança de
não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial”); nome e de gênero, diretamente no Cartório do Registro Civil, sem ação judicial e
Vedação ao emprego do nome da pessoa por outrem, em publicações ou
independentemente de cirurgia).
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja Houver apelido púbico notório, que pode vir a substituir o prenome se for
intenção difamatória (CC/02, art. 17). conveniente e não proibido em lei (o apelido pode substituir o prenome, assim,
Edson Arantes do Nascimento, poderia chamar-se Pelé Arantes do Nascimento).
Basicamente os elementos constitutivos do nome são dois: o prenome e o É necessário à proteção de testemunhas ou vítimas, se estendendo para o
patronímico (ou nome de família, apelido de família ou sobrenome). cônjuge, filhos, pais, dependentes, mediante requerimento ao juiz competente
para registros públicos, ouvido o MP. Cessada a coação ou ameaça a pessoa
O prenome é o nome próprio de cada pessoa e serve para distinguir membros da pode pedir o retorno ao seu nome originário.
mesma família. Pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponha o Quando o enteado quiser adotar o sobrenome do padrasto ou madrasta –
filho ao ridículo, entretanto, irmãos não podem ter o mesmo prenome, a não ser que desde que haja concordância do padrasto/madrasta e sem prejuízo de sobrenome
seja duplo, estabelecendo a distinção. de família, não havendo necessidade da maioridade para pedir alteração de nome,
bastando a representação ou assistência.
Houver casamento. O cônjuge (homem ou mulher), ao se casar, pode
O sobrenome, patronímico, é que identifica a procedência da pessoa, identificando
permanecer com o seu nome de solteiro, ou, se quiser, adotar o sobrenome do
sua filiação, sendo por este motivo imutável, não podendo ser livremente escolhido.
consorte, porém não poderá suprimir o seu próprio sobrenome (dissolvido o
Pode vir da família paterna, materna ou de ambos. Os apelidos de família são
casamento pelo divórcio, o cônjuge poderá manter o nome de casado, salvo se
adquiridos pelo simples fato de nascer naquela família, mas sua aquisição também
dispuser em contrário a sentença de separação judicial).
pode se dar por ato jurídico, como adoção e casamento.
Atenção: o mero desejo pessoal, por si só, sem qualquer peculiaridade, não
justifica o afastamento do princípio da imutabilidade do prenome!
OBS. Por vezes, o nome pode ser constituído também pelo agnome (Filho, Júnior),
alcunha/epíteto (designação dada a alguém em virtude de alguma particularidade
OBS. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá
que, se não for jocoso, por ser acrescentado ao nome da pessoa, por exemplo,
ao nome (CC/02, art. 19), inclusive propicia direito à indenização em casos de má
XUXA, LULA), hipocorístico (diminutivo do nome, como “Nando”, “Tião”, “Jana”),
utilização, até mesmo em propaganda comercial com o intuito de obter proveito o restabelecimento da sociedade conjugal; II) dos atos judiciais ou extrajudiciais
político, artístico, eleitoral ou religioso. que declararem ou reconhecerem a filiação.
DOMICÍLIO – Art. 70 a 78, CC/02:
ESTADO:
Domicílio é o local onde o indivíduo responde por suas obrigações ou o local em
Estado é a soma das qualificações da pessoa na sociedade, hábeis a produzir que estabelece a sede principal de sua residência e de seus negócios , ou seja,
efeitos jurídicos, definindo sua posição na sociedade, política e na família. Pode ser: onde a pessoa natural está fixada.

Estado individual: É o modo de ser da pessoa quanto à idade, sexo, cor, altura, Atenção: Domicílio não se confunde com residência e nem com habitação. A
saúde. Diz respeito a aspectos ou particularidades da sua condição física ou residência é o lugar em que a pessoa habita, é onde a pessoa mora, sua casa; já a
orgânica que exercem influência sobre a capacidade civil. habitação ou moradia, possui caráter de transitoriedade, sem ânimo de permanência.

Estado familiar: É o que indica a sua posição na família, em relação ao matrimônio O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência
(solteiro, casado, viúvo, divorciado) e ao parentesco (pai, filho, irmão, sogro etc.). com ânimo definitivo. Portanto, para determinar o domicílio civil, é preciso preencher
dois requisitos: requisito objetivo (residência da pessoa) e requisito subjetivo, de
Estado político: É a qualidade que advém da posição do indivíduo na sociedade caráter psicológico (ânimo definitivo de fixar-se no local de modo permanente).
política, podendo ser nacional (nato ou naturalizado) ou estrangeiro.
Art. 70. O domicílio civil da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua
O Estado civil é uno e indivisível (ninguém pode ser, simultaneamente, solteiro e residência com ânimo definitivo.
casado, brasileiro e estrangeiro, maior e menor); indisponível (é inalienável e
irrenunciável, ou seja, está fora de comércio); e imprescritível (não se consomem O Código Civil estabelece que também é domicílio da pessoa natural, o lugar onde
com o tempo, pois nascem com a pessoa e com ela vão morrer). Além disso, ela exerce a sua profissão (trata-se do domicílio profissional).
provém de normas de ordens públicas, que possuem imperatividade, e não
podem ser alteradas por vontade das partes. Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.
Atenção: Todos os atos que importem em alteração, criação ou extinção do estado
individual e familiar das pessoas devem ser registrados em registro público. Há também o domicílio aparente ou ocasional. Certas pessoas não possuem
residência habitual, quer seja pelo estilo de vida ou por opção profissional (artistas de

Art. 9º, CC/02 – Serão registrados em registro público: I) os nascimentos, circo, andarilhos, ciganos). No caso de pessoa, que não tenha residência habitual,
casamentos e óbitos; II) a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do será considerado domicílio o local onde ela for encontrada.

juiz; III) a interdição por incapacidade absoluta ou relativa; IV) sentença declaratória
de ausência e de morte presumida. Art. 73. Ter-se-á por domicilio da pessoa natural, que não tenha residência
Art. 10, CC/02: Far-se-á averbação em registro público: I) das sentenças que habitual, o lugar onde for encontrada.
decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e
Nossa legislação admite a pluralidade de domicílios, que ocorre: Estados e Territórios, as respectivas capitais; e dos Municípios, o lugar onde
funcione a administração municipal – Art. 75, I a III.
i) se, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva
(nesse caso será considerado domicílio qualquer das residências) – Art. 71; Domicílio das pessoas jurídicas de direito privado: é o lugar onde funcionarem as
respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, estatuto ou atos constitutivos – Art. 75, IV.
alternadamente, viva, considerar-se-á domicilio seu qualquer delas.
OBS. A Súmula 363 do STF proclama que “a pessoa jurídica de direito privado
ii) se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos (cada um desses lugares pode ser demandada no domicílio da agência ou estabelecimento em que se
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem). Por exemplo, uma praticou o ato”. Com efeito, o art. 75, § 1º, do Código Civil admite a pluralidade de
pessoa possui uma loja de roupas em São Paulo capital, um restaurante em São domicílio dessas entidades, prescrevendo: “Tendo a pessoa jurídica diversos
Bernardo e uma loja de sapatos em Guarulhos. Cada loja será considerada seu estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para as relações a elas pertencentes. Quando envolver roupas será domicílio para os atos nele praticados”. Desse modo, se a pessoa jurídica tiver
domicílio São Paulo, quando for sobre comida será São Bernardo e quando estiver filiais, agências, departamentos ou escritórios situados em comarcas diferentes,
relacionado com sapatos será Guarulhos - Art. 72, §único. poderá ser demandada no foro em que tiver praticado o ato.

Art. 72. § único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada OBS. Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por
um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. domicílio da PJ, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas
agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder – §2º.
iii) além dessas hipóteses, também ocorrerá domicílio plúrimo quando a pessoa
natural tiver domicílio civil/familiar e domicílio profissional. O domicílio pode ser classificado quanto à origem em necessário ou voluntário:

Domicílio de agente diplomático: O agente diplomático do Brasil, que, citado no Necessário ou legal: O domicílio necessário ou legal é determinado pela lei,
estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu independentemente da vontade das partes, em razão da condição ou situação de
domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território certas pessoas. Conforme art. 76 têm domicílio necessário:
brasileiro onde o teve - Art. 77.
QUEM ONDE
INCAPAZ Seu domicílio o do seu representante legal.
Art. 77. O agente diplomático do BR, que, citado no estrangeiro, alegar
SERVIDOR PÚBLICO O domicílio é o lugar em que exerce permanentemente suas funções.
extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá
MILITAR Seu domicílio é onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a
ser demandado no DF ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.
MARÍTIMO Seu domicílio é onde o navio estiver matriculado.
Domicílio das pessoas jurídicas de direito público interno: Elas têm por domicílio
PRESO Seu domicílio é o lugar onde cumpre a sentença;
a sede de seu governo. Assim, o domicílio da União é o Distrito Federal; dos
Atenção: Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos
Voluntário: o domicílio voluntário se dá quando a pessoa pode escolher o da personalidade – Art. 52.
domicílio livremente (regra).
Os direitos da personalidade assegurados na CF são meramente exemplificativos.
O domicílio pode ser classificado ainda quanto à natureza em geral ou especial: Decorrem do direito natural e não precisam estar positivados para serem protegidos.

Geral: Será geral quando fixado nos domicílios necessários e nos voluntários. Os direitos da personalidade são:

Especial: Será especial quando decorre de um acordo entre as partes. Art.78, ABSOLUTOS: Porque podem ser opostos contra toda e qualquer pessoa ou
CC/02 “nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se instituição que queira lhe prejudicar ou diminuir. Nesse sentido, tem oponibilidade
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes”. erga omnes. São tão relevantes que impõe a todos o dever de abstenção, respeito.

Perda do domicílio: Ocorrerá a perda do domicílio anterior, pela mudança; por INTRANSMISSÍVEIS: Porque não podem ser transferidos de uma pessoa para outra
determinação de lei (quando venha a ocorrer uma hipótese de domicílio legal que Eles nascem e se extinguem com o seu titular. Embora sejam intransmissíveis, seus
prejudique o anterior); ou por contrato (que permite a escolha, por parte dos efeitos patrimoniais são transmissíveis e podem ser negociados.
contratantes, do foro onde se cumprirá o contrato).
INDISPONÍVEIS: Os titulares dos direitos da personalidade não podem deles dispor,
Atenção: Em relação à mudança, nos termos do art. 74 do CC/02, “muda-se o transmitindo-o a terceiros, pois nascem e se extinguem com eles, são inseparáveis.
domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de mudar”. Para
que a mudança se caracterize, não basta a troca de endereço. É necessário que a IRRENUNCIÁVEIS: Visto que a pessoa não pode renunciar a um direito que é
pessoa esteja imbuída da “intenção manifesta de mudar”. “A prova da intenção inerente à sua personalidade.
resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa,
e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as IMPRESCRITÍVEIS: Uma vez que não se consomem pelo uso e pelo decurso do
circunstâncias que a acompanharem” - § único, art. 74. Esta declaração da tempo, nem pela inércia na pretensão de defendê-lo.
pessoa à municipalidade é, por exemplo, alterações no cadastro de água, luz,
telefone, matrícula dos filhos em escola etc. Os direitos da personalidade podem ser negociados?

Direitos da Personalidade: Em regra os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não


podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária, com exceção dos casos
Os direitos da personalidade são diretos inerentes à pessoa humana. São direitos previstos em lei – Art. 11.
subjetivos da pessoa, destacando-se, entre outros, o direito à vida, à liberdade, ao
nome, ao próprio corpo, à imagem e à honra. Isso quer dizer que, em regra, os direitos da personalidade não podem ser objeto
de transação gratuita ou onerosa. Isto é, não podem ser negociados, não se
transmitem aos sucessores, não podem ser renunciados. Entretanto, trata-se de uma
indisponibilidade relativa, pois alguns atributos da personalidade admitem a O art. 13 do CC/02 impõe a regra de que, salvo nos casos de exigência médica, a
cessão de uso. Nesse sentido, o Enunciado 4 da I Jornada de Direito Civil da JF disposição do próprio corpo é proibida se importar diminuição permanente da
prevê “o exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação integridade física ou contrariar os bons costumes.
voluntária, desde que não seja permanente nem geral”.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio
corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou
contrariar os bons costumes.

Ameaça ou lesão aos direitos da personalidade – Art. 12:


O próprio CC/02, no parágrafo único relativiza essa regra, estabelecendo que será
admitida a disposição do próprio corpo para fins de transplante, na forma
Caso algum direito da personalidade esteja sendo ameaçado ou lesado, a pessoa
estabelecida em lei especial.
poderá exigir que cesse a ameaça ou lesão e reclamar perdas e danos, sem
prejuízos de outras sanções previstas em lei.
A lei especial de que trata esse dispositivo é a Lei n.º 9.434/97, a chamada “Lei dos

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da Transplantes”. O art. 9º regulamenta a autorização para que a pessoa disponha de

personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções. partes de seu corpo, estabelecendo alguns requisitos: i) a pessoa doadora deve ser
juridicamente capaz; ii) a disposição deve ser gratuita; iii) só é permitida doação de
Em principio teria legitimidade para a defesa de direitos da personalidade apenas a órgãos duplos e partes regeneráveis de órgãos ou tecidos; iv) a pessoa que receberá
própria pessoa atingida, tendo em vista serem estes direitos pessoais ou a doação deve ser cônjuge ou parente consanguíneo do doador (nos demais casos,
personalíssimos, porém, temos a exceção no parágrafo único, em que no caso de o é necessária autorização judicial para realizar o ato); v) a doação não pode constituir
atingido estar morto, é autorizada a defesa de direito de personalidade por outras perigo de vida ao doador e nem representar risco para sua integridade física e
pessoas da família. Assim, podemos dizer que, embora tais direitos sejam mental e também não pode causar mutilação ou deformação inaceitável; vi) a doação
personalíssimos, a pretensão ou direito de exigir a sua reparação pecuniária, só é permitida se indispensável à vida da pessoa receptora.
em caso de ofensa, transmite-se aos sucessores (observe que os direitos da
personalidade em si são intransmissíveis, o que se transmite são os efeitos Art. 9º. É permitida à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de
patrimoniais). Nesse sentido é o entendimento do STJ, “o direito de ação por dano tecidos, órgãos e partes do próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou
moral é de natureza patrimonial e, como tal, transmite-se aos sucessores”. para transplantes em cônjuge ou parentes consanguíneos até o quarto
grau, ou em qualquer outra pessoa, mediante autorização judicial,
Art. 12, § único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a
dispensada esta em relação à medula óssea.
medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em
linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Art. 9º, § 3º. Só é permitida a doação referida neste artigo quando se tratar de

. Atos de disposição do próprio corpo – Art. 13 a 15: órgãos duplos, de partes de órgãos, tecidos ou partes do corpo cuja retirada
não impeça o organismo do doador de continuar vivendo sem risco para a sua
Disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano vivo: integridade e não represente grave comprometimento de suas aptidões vitais
e saúde mental e não cause mutilação ou deformação inaceitável, e
corresponda a uma necessidade terapêutica comprovadamente indispensável (cônjuge ou parente maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral,
à pessoa receptora. até o segundo grau) – Art. 4º da Lei de Transplantes.

Art. 9º, § 5º. A doação poderá ser revogada pelo doador ou pelos
Art. 4o.  A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas
responsáveis legais a qualquer momento antes de sua concretização.
para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização
do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou
Atenção: A disposição deve ser gratuita (sempre!), pois é expressamente vedada
colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por
pela Constituição Federal a comercialização de órgãos (Art. 199, §4º, CF).
duas testemunhas presentes à verificação da morte.

Disposição de tecidos, órgãos e partes do corpo humano após a MORTE:


OBS. Se a pessoa falecida for juridicamente incapaz somente será possível a
É permitida a disposição gratuita do corpo humano após a morte, devendo cada doação se houver anuência expressa de ambos os pais ou seu representante legal.
pessoa manifestar sua vontade de ser um doador, com objetivo científico ou
terapêutico, tendo o direito de a qualquer momento cancelar a sua doação. Atenção: Se a pessoa morta não for identificada, está proibida a remoção de
órgãos e tecidos – Art. 6º, Lei 9434/97.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte / § único. O ato de Constrangimento a tratamento médico ou intervenção cirúrgica:
disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Nos termos do art. 15 do CC/02, “ninguém pode ser constrangido a submeter-se,
Atenção: Para que seja efetuada a retirada das partes aptas a serem transplantadas, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.
na doação post mortem, deverá haver a constatação da morte encefálica.
OBS. A expressão “risco de vida” deve ser entendida como sendo relativa ao risco
Vimos que vigora o princípio do consenso afirmativo e que se a pessoa morta deixou, que será criado ou agravado pelo tratamento ou intervenção cirúrgica que se se
em vida, expressa a sua vontade de ser doadora, essa vontade deve ser respeitada pretende empregar. Em suma, o doente não pode ser constrangido a se
por seus familiares. Nesse sentido é o enunciado 277 da IV Jornada de Direito Civil: submeter a tratamento ou cirurgia arriscada, nem o médico pode depender de
“o art. 14 do CC, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com o autorização de quem não pode dá-la para realizar as manobras técnica e
objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a cientificamente necessárias para tirar o paciente do iminente perigo de vida em que
manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a se encontra. Assim, cabe ao médico prestar informações e esclarecimentos
vontade dos familiares; portanto, a aplicação do art. 4º da Lei 9434/97 ficou restrita detalhados sobre o estado de saúde de seu paciente, e sobre o tratamento a que
à hipótese de silêncio do potencial doador”. será submetido, para que o paciente tenha condições de aceitar o tratamento
sabendo de todos os riscos que estão envolvidos.
Por outro lado, havendo silencio, ou seja, se a pessoa não deixar de forma expressa
sua vontade de ser ou não doadora, aplica-se o disposto no art. 4º da Lei 9.434/97, o OBS.: Quanto à questão do direito à vida versus opção religiosa, os tribunais têm
qual dispõe que a decisão sobre a retirada de órgãos e tecidos caberá à família decidido que entre salvar uma vida e respeitar suas escolhas, preserva-se a vida,
tendo em vista ser um bem maior. Só será considerada a opção religiosa da pessoa,
se houver outros meios viáveis para o tratamento, caso contrário será ela Além da proibição da divulgação de escritos, transmissão da palavra e publicação,
desconsiderada. exposição ou utilização da imagem das pessoas, é possível também pleitear
INDENIZAÇÃO, se lhe atingir a honra, a boa fama ou a respeitabilidade ou se
OBS. Com relação à cirurgia de mudança de sexo, temos outra resolução da IV destinarem a fins comerciais.
Jornada de Direito Civil, que é o enunciado 276: “O art. 13 do CC, ao permitir a
disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de Atenção+: As PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO não têm direito
transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos a indenização por dano moral por alegação de violação a sua honra ou
pelo Conselho Federal de Medicina (...)”. imagem – STJ.

Proteção ao nome – Art. 16: Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas,
sobrenome. a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.            
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em
publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para
quando não haja intenção difamatória. requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.

OBS.: O enunciado 275 da IV Jornada de Direito Civil inclui também o companheiro


Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda
entre os autorizados a esta defesa.
comercial.

Intimidade – Art. 21:


Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se
dá ao nome.
Incluem-se neste ponto o direito ao sigilo de correspondência, telefônico, e
Proteção intelectual e da imagem das pessoas – Art. 20: também via internet. O direito ao sossego, ao silêncio, de não ser visto,
observado ou ouvido em sua intimidade.
A produção intelectual e a imagem das pessoas são resguardadas pelo art. 20,
pois constituem uma das principais projeções da personalidade e característica Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento
fundamental dos direitos personalíssimos. Assim, de acordo com esse artigo: do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer
cessar ato contrário a esta norma.
A divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação/exposição/
Atenção! O STF deu interpretação conforme a CF aos artigos 20 e 21 do CC, em
utilização da imagem da pessoa podem ser PROIBIDAS mediante requerimento,
consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade
salvo se for autorizada ou necessária à administração da justiça ou à
manutenção da ordem pública. intelectual, artística, científica e de comunicação em relação à biografia não
autorizada e decidiu que é inexigível o consentimento de pessoa biografada Atenção: Para configurar a ausência não basta a simples não presença, é necessária
relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por também a falta de notícia do ausente, havendo dúvidas quanto à sua existência!
igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes
ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas. Com essa decisão o A situação de ausência passa por três fases: i) curadoria; ii) sucessão provisória; e
iii) sucessão definitiva. Vejamos:
STF passou a admitir as biografias não autorizadas. Porém, cabe ressaltar que
a inexigibilidade do consentimento não exclui a possibilidade de
indenização em virtude de dano material ou moral decorrente da violação
da intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas.
Curadoria do ausente:

Ausência:
A primeira fase, chamada de “curadoria do ausente”, é subsequente, logo em
seguida ao desaparecimento (não se exigindo, portanto, nenhum prazo específico).
A morte presumida está relacionada à ausência, mas com ela não se confunde. Veja:

Nessa fase, o ordenamento jurídico procura preservar os bens deixados pelo


MORTE PRESUMIDA ausente, para a hipótese de seu eventual retorno. Assim, quando for comunicada a
Permite-se a declaração de morte presumida, para todos os efeitos, sem
ausência de uma pessoa ao juiz, ele ordenará que sejam arrecadados todos os
decretação de ausência:
bens do ausente e nomeará um curador para que administre esses bens.
i) se for extremamente provável a morte de quem estava em

SEM perigo de vida; Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia,
DECRETAÇÃO DE se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-
ii) se alguém, desparecido em campanha ou feito prisioneiro,
AUSÊNCIA lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério
não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
OBS. A declaração da morte presumida sem decretação de ausência,
somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e Assim, a declaração de ausência e nomeação de curador será determinada pelo juiz:

averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.


COM Presume-se a morte, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei Se o ausente não houver deixado representante ou procurador para administrar-lhe
DECRETAÇÃO DE autoriza a abertura de sucessão definitiva (CC, art. 6º, 2ª parte). os bens, mediante requerimento de QUALQUER INTERESSADO (cônjuge,
AUSÊNCIA companheiro e parente sucessível) ou do MINISTÉRIO PÚBLICO – Art. 22.
Atenção: Em ambos os casos, a sentença declaratória de ausência e a de morte presumida
serão registradas em registro público. A Lei dos Registros Públicos prevê um procedimento de
Se apesar de o ausente ter deixado mandatário, este não quiser ou não puder
justificação, destinado a suprir a falta do atestado de óbito
exercer ou continuar o mandato ou se seus poderes forem insuficientes – Art. 23

A AUSÊNCIA é o instituto legal que visa proteger os bens e negócios pertencentes a


O juiz deverá escolher o curador observando o disposto no artigo 25 do CC/02:
alguém que se ausentou ou se afastou de seu domicílio regular sem deixar
procurador ou representante legal e do qual não se tenha notícias – Art. 22.
Primeiramente, o CÔNJUGE/COMPANHEIRO do ausente, sempre que não esteja
separado judicialmente (SEM PRAZO) ou de fato (por mais de DOIS ANOS antes Atenção: Findo o prazo a que se refere o art. 26 (um ano da arrecadação dos bens
da declaração da ausência) – Art. 25, caput; ou de três anos, no caso de ter o ausente deixado procurador), e não havendo
Em falta do cônjuge/companheiro, a curadoria incumbe aos PAIS - §1º; interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao
Em falta dos pais, a curadoria incumbe aos DESCENDENTES, não havendo juízo competente – Art. 28, § 1º.
impedimento que os iniba de exercer o cargo (§1º). Os descendentes mais
próximos precedem os mais remotos (§2º). A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito
Na falta dessas pessoas, compete ao JUIZ a escolha do curador - § 3º.
O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as 180 DIAS depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado,

circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos

curadores - Art. 24. bens, como se o ausente fosse falecido. Art. 28.

A curadoria dos bens da pessoa ausente durará por UM ANO. Dentro desse período Aberta a sucessão provisória, os bens serão entregues aos herdeiros, porém de

o ausente será chamado, por meio de editais publicados na rede mundial de forma provisória e condicional, uma vez que, para se imitirem na posse dos bens do

computadores, ou, não havendo sítio do tribunal, no órgão oficial e na imprensa da ausente, os herdeiros darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou

comarca, a reaparecer e reassumir a posse dos bens – Art. 26, CC c/c art. 745, CPC. hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos – Art. 30.

Atenção: Só se exige a garantia para aqueles herdeiros que não sejam os


No caso de o ausente ter deixado um representante, o período de duração da
ascendentes, os descendentes e o cônjuge do ausente, pois “os ascendentes, os
curadoria será prolongado para TRES ANOS – Art. 26, CC.
descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão,
independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente” (§2º).
Cessa a curadoria dos bens do ausente se: i) o ausente retornar; ii) se se souber
da morte do ausente neste período; iii) pela abertura da sucessão provisória. OBS. Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia,
será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do
Sucessão provisória: curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia - §1º.
Porém, o excluído da posse provisória, poderá, justificando falta de meios, requerer
Estando presentes os pressupostos previstos no art. 26 (decurso do prazo de um
lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria – Art. 34.
ano da arrecadação dos bens ou de três anos, no caso de ter o ausente deixado
procurador), os interessados poderão requerer a abertura da sucessão provisória. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente,
fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os
Os interessados legitimados a requerer a abertura da sucessão provisória são: outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e
rendimentos, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar
I - o cônjuge não separado judicialmente; anualmente contas ao juiz competente - Art. 33.
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
Se durante a sucessão provisória o ausente aparecer ou provar-se a sua existência,
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
temos duas situações:
Se ficar comprovado que sua ausência se deu de forma voluntária e Com a abertura da sucessão definitiva, extingue-se o vínculo conjugal, de acordo
injustificada, ele haverá os bens no estado em que se acharem, entretanto, com o art. 1.571, § 1º do CC/02 “a sociedade conjugal termina: § 1º. O casamento
perderá sua parte nos furtos e rendimentos arrecadados – Art. 33, §único; válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente”.
Se ficar comprovado que sua ausência ocorreu involuntariamente e se puder
Com a abertura da sucessão definitiva, os herdeiros adquirem o domínio sobre os
justificá-la, o ausente, que agora retornou, tem direito a seus bens (cessarão para
bens, deixando assim, de ser provisórios, mas de modo resolúvel.
logo as vantagens dos sucessores imitidos na posse provisória dos bens, ficando,
todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos
Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão
bens a seu dono) – Art. 36.
definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes

A sucessão provisória cessará pelo aparecimento do ausente. Porém, em não haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados

havendo o aparecimento do ausente, a sucessão provisória será convertida em em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem

sucessão definitiva se: i) houver certa da morte do ausente; ii) dez anos depois de recebido pelos bens alienados depois daquele tempo - Art. 39.

passada em julgado a sentença de abertura da sucessão provisória; iii) ou se o


ausente contar com oitenta anos de idade e já tiverem passado cinco anos das OBS. Se, nos dez anos a que se refere o art. 39, o ausente não regressar, e nenhum

últimas notícias suas. interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao
domínio público (do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas
Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território
hipotecar quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína (art. 31). federal) - Art. 39, § único.

Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e Atenção: A sucessão por morte ou ausência obedece à lei do país em que era
passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação
as que de futuro àquele forem movidas (Art. 32). dos bens, mas a sucessão de bens de estrangeiros, situados no Brasil, será regulada
pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
Sucessão definitiva:
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.

Poderão os interessados, DEZ ANOS depois de passada em julgado a sentença que


concede a abertura da sucessão provisória, requerer a sucessão definitiva e o
levantamento das cauções prestadas. Também pode ser requerida a sucessão
definitiva provando-se que o ausente conta com 80 anos de idade e decorreram
cinco anos das últimas notícias suas. Art. 37 e 38.

A abertura da sucessão definitiva caracteriza a morte presumida com decretação de


ausência.
CURADORIA SUCESSÃO PROVISÓRIA SUCESSÃO DEFINITIVA
Qualquer interessado ou MP podem Podem requerer a abertura da sucessão provisória: i) cônjuge Pode ser requerida pelos
requerer a declaração da ausência e não separado judicialmente; ii) herdeiros presumidos, interessados, DEZ ANOS depois de
nomeação de curador. testamentários ou legítimos; iii) os que tiverem sobre os bens passada em julgado a sentença que
Subsequente ao desaparecimento da pessoa do ausente direito dependente de sua morte; iv) credores de concede a abertura da sucessão
obrigações vencidas e não pagas. Além deles, se passado o provisória, ou mediante prova de
de seu domicílio, sem dela haver notícias
prazo da fase de curadoria e não havendo interessados, o MP que o ausente conta com 80 anos de
(não tem prazo mínimo para ser requerida).
poderá requerê-la. idade e decorreram cinco anos das
últimas notícias suas.
Pode ser requerida se o ausente não tiver Só pode ser requerida após UM ANO da arrecadação dos bens Caracteriza a morte presumida com
deixado mandatário; ou se ele tiver deixado (se o ausente não deixou mandatário); ou após TRÊS ANOS da decretação de ausência.
procurador ou representante, este não quiser arrecadação (se o ausente deixou mandatário).
Extingue o vínculo conjugal.
ou não puder exercer ou continuar o A sentença que declarar a abertura da sucessão provisória só Os herdeiros adquirem o domínio
mandato ou se seus poderes forem produzirá efeito 180 DIAS depois de publicada pela imprensa
sobre os bens.
insuficientes. (mas, desde logo, permite a abertura do testamente e ao
Se o ausente regressar nos dez anos
inventário e partilha de bens).
seguintes à abertura da sucessão
O curador é escolhido pelo JUIZ, dentre: 1º) Após a abertura da sucessão provisória, entram na posse
definitiva, haverá só os bens
cônjuge ou companheiro, desde que não provisória dos bens do ausente, os seus ascendentes,
existentes no estado em que se
sejam separados judicialmente (sem prazo) descendentes e cônjuge, não se exigindo garantia, mas
acharem, os sub-rogados em seu
ou de fato (por mais de dois anos antes da somente a prova de sua qualidade de herdeiro.
lugar, ou o preço que os herdeiros e
declaração de ausência); 2º) pais (≠ Os outros herdeiros devem prestar garantia, mediante
demais interessados houverem
ascendente); 3º) descendentes (não havendo penhores e hipotecas equivalentes aos quinhões.
recebido pelos bens alienados depois
impedimento que os possa inibir de exercer o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder
daquele tempo.
cargo, sendo que os mais próximos precedem prestar a garantia fica excluído, porém, pode, justificando a
Se, nos dez anos seguintes à abertura
os mais remotos); 4º) na falta dessas pessoas, falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos
quinhão que lhe tocaria. da sucessão definitiva o ausente não
cabe ao JUIZ escolher o curador.
regressar, e nenhum interessado
Tem duração de UM ANO (se o ausente não Se durante a sucessão provisória, o ausente aparecer e ficar promover a sucessão definitiva, os
deixou mandatário) ou de TRES ANOS (se o provado que sua ausência foi voluntária e injustificável, ele bens arrecadados passarão ao
ausente deixar mandatário). receberá os bens, porém não terá direito a sua parte nos frutos e
domínio público
rendimentos.
Cessa: i) se o ausente retornar; ii) se houver
notícia de sua morte; iii) pela abertura da Será convertida em sucessão definitiva se: i) houver morte do
sucessão provisória. ausente; ii) dez anos depois de passado em julgado a sentença
de abertura da sucessão provisória; iii) se o ausente contar com
80 anos de idade e já se tiverem passados 5 anos sem notícias.

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