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Ano 2016 | N.

º 96 | Mensal Tiragem 500 exemplares | Distribuição Gratuita


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As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da SAL & Caldeira Advogados, Lda.

ÍNDICE NOTA DO EDITOR


Caro Leitor:
Breve Abordagem sobre o Desenvolvi-
mento de Projectos com base em
Nesta edição são abordados temas como “Breve Abordagem sobre o Desenvolvimen-
Energias Renováveis
to de Projectos com base em Energias Renováveis” , “Licença de Comercialização de
Licença de Comercialização de Produtos Produtos Minerais: É Possível a sua Aquisição por Estrangeiros?” , “O novo Regulamen-
to sobre o Processo de Avaliação do Impacto Ambienta” e “A transmissão de Direitos
Minerais: É Possível a sua Aquisição por
e Obrigações Atribuídos ao Abrigo de Títulos Mineiros“.
O novo Regulamento sobre o Processo Pode ainda, como habitualmente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova
Legislação Publicada.
de Avaliação do Impacto Ambienta

A transmissão de Direitos e Obrigações Tenha uma boa leitura !


Atribuídos ao Abrigo de Títulos Mineiros
Como forma de induzir a aceleração na De notar que, não obstante a exclusão
Legislação implementação e desenvolvimento deste expressa no artigo 3, o Regulamento de AIA
subsector, há necessidade de se estabelecer e a existência dos referidos Regulamentos
Obrigações Declarativas e Contributivas - procedimentos simplificados na atribuição ambientais específicos, o novo Regulamento
Calendário Fiscal 2016 - (Dezembro) de concessões e licenciamento de projectos de AIA deixa abertura para se concluir que
de energias renováveis, devendo observar-se o legislador procurou abarcar e actualizar
Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) gradualmente e com rigor o impacto da sua questões relativas aos sectores mineiro e
Limite da garantia a reembolsar, critérios e execução e materialização. O desafio actual petrolífero tendo em conta a evolução
metodologias para o cálculo da é conceber sistemas de fornecimento de destes sectores e por forma a ajustar-se à
contribuição anual periódica energias renováveis que incrementem as realidade actual. Existe pois, uma intenção
contribuições de energia....Cont. Pág. 2 clara, por parte do legislador,...Cont. Pág. 4

FICHA TÉCNICA
EDIÇÃO, GRAFISMO E MONTAGEM: SÓNIA SULTUANE - DISPENSA DE REGISTO: Nº 125/GABINFO-DE/2005
COLABORADORES: Amrin Mamad, Isabel Manuel Jamaca, José Gerónimo Tovela, Leopoldo Orlando de Amaral,Rute Nhatave, Sérgio Ussene Arnaldo, Sheila Tamyris da Silva.

SAL & Caldeira Advogados, Lda. é membro da DLA Piper Africa Group, uma aliança de firmas líderes de advocacia independentes que trabalham em conjunto com a DLA Piper em toda a África.

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BREVE ABORDAGEM SOBRE O DESENVOLVIMENTO DE PROJECTOS
COM BASE EM ENERGIAS RENOVÁVEIS
As fontes de energias renováveis compreendem todas as formas de energia primária •Incentivos fiscais para promover o uso doméstico de equipamentos de energias
e secundária que dependem e são reconstituídas, directa ou indirectamente, por renováveis, tais como, subsídios directos (por exemplo, descontos) aos utilizadores
radiação solar ou ciclo hidrológico, por força do campo gravitacional, correntes de equipamentos de energias renováveis na compra desses equipamentos.
oceânicas e capacidade térmica ou actividade vulcânica (n.°1.1 da Política de Desen-
volvimento de Energias Novas e Renováveis). Estas energias podem ser utilizadas de Para além dos benefícios previstos na Política de Desenvolvimento de Energias
forma sustentável se forem adequadamente geridas, o que significa que as mesmas Novas e Renováveis, o Regulamento do Regime Tarifário para Energias Novas e
podem ser reutilizáveis e são amigas do ambiente. Renováveis prevê que os projectos de produção de energia eléctrica com base em
fontes renováveis estejam sujeitos ao regime fiscal geral em vigor no Pais; porém, em
A Resolução n.° 62/2009, de 14 de Outubro (aprova a Política de Desenvolvimento determinados casos, alguns benefícios fiscais podem ser concedidos, desde que os
de Energias Novas e Renováveis), visa promover o uso e aproveitamento dos projectos preencham os requisitos exigidos por lei. Ao abrigo do mesmo Regula-
recursos energéticos renováveis, de modo a acelerar o acesso às formas modernas mento, os créditos de carbono decorrentes do desenvolvimento dos projectos de
de energia, assim como criar uma plataforma favorável de investimento neste energias novas e renováveis são considerados propriedade do Estado, cabendo ao
subsector, estabelecendo princípios e objectivos que contribuam para a satisfação Governo a decisão de repartir os ganhos com os produtores, numa proporção
das necessidades de energia e do desenvolvimento do país. previamente negociada.

Não existe, no ordenamento jurídico moçambicano, legislação específica sobre o O Regulamento do Regime Tarifário para Energias Novas e Renováveis estabelece as
licenciamento de projectos de electrificação a partir de energias renováveis, aplican- tarifas a serem aplicadas à comercialização de energia eléctrica produzida através de
do-se portanto, a legislação concernente ao sector da electricidade, especificamente fontes de energias novas e renováveis, e são válidas por um período de 3 anos,
a Lei n.º 21/1997, de 1 de Outubro (“Lei da Electricidade”), o Decreto n.º 8/2000, renováveis mediante autorização do Ministro dos Recursos Minerais e Energia,
de 20 de Abril) (“Regulamento de Adjudicação de Concessões de Energia ouvido o Ministério da Economia e Finanças. As tarifas previstas são as seguintes:
Eléctrica”), o Decreto n.º 48/2007, de 22 de Outubro (“Regulamento de Licenças
para Instalações Eléctricas”), o Decreto n.º 58/2014 de 17 de Outubro (“Regula- • Biomassa – as tarifas variam de 4.06 Meticais/kWh a 5.74 Meticais/kWh;
mento que Estabelece o Regime Tarifário para Energias Novas e Renováveis”) e • Eólica – as tarifas variam de 4.12 Meticais/kWh a 8.00 Meticais/kWh;
demais legislação relevante. • Hidroeléctricas –as tarifas variam de 2.29 Meticais/kWh a 4.81 Meticais/kWh; e
• Solar – as tarifas variam de 7.91 Meticais/kWh a 13.02 Meticais/kWh.
A produção, transporte, distribuição e comercialização de electricidade, tal como a
construção, operação e gestão das instalações eléctricas requerem uma Concessão As tarifas acima mencionadas destinam-se à energia eléctrica produzida através de
de Energia Eléctrica. Usando energias renováveis, o mecanismo de autorização e fontes renováveis, por produtores independentes, quando a mesma seja produzida
licenciamento é o mesmo que de qualquer fonte de energia. Antes mesmo de iniciar em centrais com capacidade até 10MW. Porém, o mesmo critério poderá ser
o projecto, o proponente deve obter uma autorização do Ministro dos Recursos aplicado a projectos de capacidade superior a 10MW, mediante prévia autorização
Minerais e Energia para efectuar estudos técnicos e quaisquer outras investigações do Ministro dos Recursos Minerais e Energia, desde que daí não resulte prejuízo para
ligadas ao projecto como pré-requisito para a atribuição de uma Concessão para um a estabilidade do sistema e que os projectos sejam provenientes da possibilidade de
projecto iniciado de raiz (greenfield project). Porém, o artigo 10 da Lei de Electrici- implementação de economias de escala aceitáveis.
dade estabelece a isenção relativamente à Concessão quando se trate de produção
de energia eléctrica para o consumo particular, ou seja, quando a energia eléctrica O referido Regulamento do Regime Tarifário indica ainda a empresa Electricidade de
produzida não seja fornecida a terceiros, tal como acontece com cidadãos que usam Moçambique, E.P. (EDM) como a entidade responsável pela compra da energia
energias renováveis para consumo próprio. produzida através de fontes renováveis, devendo para tal, obedecer a critérios
técnicos, comerciais, financeiros e económicos estabelecidos pela entidade compe-
O número 7.6 da Política de Desenvolvimento de Energias Novas e Renováveis tente. De notar que de acordo com o Regulamento do Regime Tarifário, a compra e
prevê alguns incentivos financeiros e fiscais para a implementação da política de venda, bem como quaisquer outras transacções relativas à energia eléctrica devem
energias renováveis, sendo entre outros, os mencionados abaixo: ser efectuadas em Meticais, sem prejuízo do pagamento do serviço da divida na
• Incentivos baseados nos preços e tarifas dos sistemas de fornecimento de energias moeda contratada, assim como da exportação dos capitais dos investidores.
novas e renováveis;
• Provisão de financiamento especial (subsidiado) para projectos e programas de Relativamente a avaliação dos projectos dos produtores independentes de energia,
fornecimento de energias renováveis, através dos fundos, empréstimos públicos a o Regulamento do Regime Tarifário, esclarece que esta deve ser feita pelo Comité
juros bonificados ou garantias de empréstimo do Governo; dos Produtores Independentes de Energia, ainda a ser criado e em termos a serem
• Incentivos fiscais para reduzir o custo da maquinaria e equipamento necessários regulamentados pela entidade competente no âmbito do Regulamento do Regime
para produção de energias renováveis (por exemplo, painéis solares baterias ou Tarifário.
moinhos de vento) tais como incentivos fiscais (por exemplo, isenção do IVA e da
taxa de importação) sobre as importações desses equipamentos; Como forma de induzir a aceleração na implementação e desenvolvimento deste
• Incentivos fiscais (impostos, subsídios, entre outros) para promover a produção subsector, há necessidade de se estabelecer procedimentos simplificados na
interna de equipamento de energias renováveis, possivelmente sob um regime de atribuição de concessões e licenciamento de projectos de energias renováveis,
investimento especial, tal como uma zona franca industrial; e devendo observar-se gradualmente e com rigor o impacto da sua execução e
materialização. O desafio actual é conceber sistemas de fornecimento de energias
empresarial, Assembleia
Isabel Manuel Jamaca renováveis que incrementem as contribuições de energia limpa com impacto
ambiental positivo, a nível local e global; como resultado desta intervenção pode-se
Consultora Júnior
Jurista minimizar o impacto do aquecimento global e das mudanças climáticas. Prevê-se que
ijamaca@salcaldeira.com este subsector continue a crescer, impulsionado pelos compromissos globais de
redução da poluição. Neste contexto, surge uma necessidade ainda maior de se
estabelecerem normas que regulamentem todas as fontes de produção de energia,
tecnologias de uso e conversão e abordagens financeiras e estruturais para as
desenvolver, para que o crescimento do subsector seja efectivo.

02 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


LICENÇA DE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS MINERAIS:
É POSSÍVEL A SUA AQUISIÇÃO POR ESTRANGEIROS?
A título de introdução, importa referir que para além da realização da actividade Já para o caso de Licença de Comercialização, o processo de pedido, tramitação e
mineira os detentores de títulos mineiros estão também autorizados a comercializar decisão é feita ao abrigo do Regulamento de Comercialização de Produtos Minerais,
minérios por si produzidos. Regra geral, a comercialização de quaisquer bens ou aprovado pelo Decreto n.º 20/2011 de 1 de Junho. Para o efeito, a pessoa singular ou
produtos em Moçambique carece de licença específica para o efeito. No que tange a colectiva interessada deverá submeter a documentação e informação necessárias
comercialização de produtos mineiros, a obtenção de Licença de Comercialização de incluindo a indicação dos produtos minerais a comercializar, a área de operação bem
Produtos Minerais obedece a um regime diferente. Para a comercialização de como a quitação fiscal. O pedido deve dar entrada no Instituto Nacional de Minas ou
produtos minerais, em regra, os detentores dos títulos mineiros podem comercializar na Direcção Provincial com jurisdição sobre a área, a quem compete organizar o
minérios com dispensa de Licença de Comercialização de Produtos Minerais, desde respectivo processo.
que preenchidos os condicionalismos impostos pela legislação mineira.
Quanto ao requisito da nacionalidade do requerente nos pedidos de Licença de
De facto, a participação no negócio dos recursos minerais em Moçambique é muitas Comercialização notamos que a Lei de Minas define o que seja pessoa nacional, de
vezes associada à detenção de um título mineiro[1], o qual habilita a realização de modo a respondermos à nossa questão com segurança. O glossário da Lei de Minas
actividade mineira. Ora, a este respeito, não se pode olvidar que aquisição de um define “pessoa singular nacional” como “pessoa singular de nacionalidade moçambica-
título mineiro pressupõe, sobretudo, a demonstração pelo requerente de prova de na”, e define “pessoa colectiva nacional” como “a que esteja registada em Moçam-
capacidade técnica e capacidade financeira para a realização das actividades mineiras. bique e tenha a sede e direcção efectiva em território nacional, cujo capital seja
Essa exigência técnica e financeira imposta ao requerente pressupõe que este possua maioritariamente moçambicano”.
ou consiga mobilizar recursos financeiros e humanos na medida exigida pela lei para
a realização da actividade mineira. Pois bem, dúvidas não podem subsistir quanto à aquisição de licença de comercial-
ização por pessoa singular: esta só pode ser requerida por pessoa singular de nacion-
Todavia, a participação no negócio dos recursos minerais não é exclusivamente alidade moçambicana. Mas relativamente às pessoas colectivas a resposta não nos
reservada àqueles que detenham títulos mineiros. A lei prevê uma forma mais simples, parece peremptória. Aliás, depreende-se do artigo 59 que a pessoa colectiva que
menos exigente e mais acessível de entrar neste negócio, sem a realização ou, sequer, pretenda requerer uma licença de comercialização deve ser uma sociedade cujo
o requerente estar envolvido em actividade mineira. Referimo-nos à figura da Licença capital seja maioritariamente moçambicano. Até aqui parece flexível o requisito da
de Comercialização de Produtos Minerais (“Licença de Comercialização”), prevista no nacionalidade porquanto abre espaço para a participação de capital estrangeiro na
artigo 59 da Lei nº 20/2014, de 18 de Agosto (Lei de Minas). sociedade requerente. Ora, a lei parece vedar hermeticamente qualquer possibilidade
de uma sociedade com capital estrangeiro requerer licenças de comercialização,
Esta disposição estabelece que "a compra e venda de produtos minerais, que não quando dispõe que a pessoa colectiva requerente deve ser “constituída entre nacion-
resulte de actividade mineira conduzida ao abrigo da concessão mineira, certificado ais”.
mineiro e senha mineira, é apenas permitida à pessoa nacional, singular ou colectiva,
constituída entre nacionais e registada de acordo com as leis em vigor na RepúblicaEntendemos que o legislador tenciona com esta disposição reservar o negócio da
de Moçambique...". Deste excerto da lei, depreende-se claramente que o legislador comercialização de minérios (não resultantes de actividade mineira do requerente)
permite a comercialização de minerais fora da realização da actividade mineira, mas,
aos nacionais, por esta licença ser um meio acessível (sobretudo com menos exigên-
ao mesmo tempo, percebe-se também que a letra da lei parece limitar o exercício de cias do ponto de vista de requisitos financeiros e técnicos) e estar ao alcance daqueles
tal direito apenas às “pessoas nacionais”. que não dispõem de meios para praticar a actividade mineira. Ou seja, julgamos que
é na perspectiva de inclusão das pequenas e médias empresas e pequenos empresári-
Face ao disposto acima, em que medida o artigo 59 da Lei de Minas é flexível ao os individuais moçambicanos que o legislador adoptou este mecanismo legal rígido de
ponto de abrir uma janela para que os actores estrangeiros interessados possam vedar a obtenção da licença de comercialização aos estrangeiros.
também requerer a Licença de Comercialização, ou seja, é possível no nosso ordena-
mento jurídico um estrangeiro requerer a referida licença? Não obstante, será que o mesmo entendimento se aplica ao caso de duas sociedades,
cada uma com capital maioritariamente moçambicano (portanto, com capital
Antes de responder à questão colocada, convém antes lembrar que a lei não impõe estrangeiro minoritário) que deliberem constituir uma terceira sociedade? Consider-
o requisito da “nacionalidade” dos requerentes para o pedido de títulos mineiros, ando a definição de “pessoa colectiva nacional” plasmada na Lei de Minas, esta terceira
exigindo apenas que as sociedades requerentes estejam constituídas em Moçam- sociedade é tecnicamente constituída por duas sociedades nacionais. Assim, teorica-
bique e de acordo com a lei moçambicana. mente, para efeitos do artigo 59 da Lei de Minas, parece-nos que o requisito de
pessoa colectiva “constituída entre nacionais”, estaria preenchido. Ou seja, a terceira
sociedade, embora na prática contenha indirectamente capital estrangeiro, embora
empresarial, Assembleia
José Gerónimo Tovela
Consultor
minoritário, seria elegível para solicitar uma Licença de Comercialização.

Advogado Em jeito de conclusão, entendemos que há uma intenção do legislador de proteger o


jtovela@salcaldeira.com empresariado local, atribuindo-lhe uma pretensa exclusividade na aquisição da
Licença de Comercialização, pelas razões ventiladas acima. Porém, julgamos que o
mecanismo de vedação de aquisição por estrangeiros patente no artigo 59 da Lei de
Minas não cobre eficazmente tal propósito, deixando espaço para inclusão de capital
estrangeiro na sociedade requerente da Licença de Comercialização.

www.salcaldeira.com | 03
O NOVO REGULAMENTO SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO
DO IMPACTO AMBIENTAL
Foi recentemente aprovado o novo Regulamento sobre o Processo de Avaliação do Impacto Os Revisores Especialistas, uma figura nova introduzida pelo Regulamento de AIA, são os
Ambiental (o “Regulamento de AIA”) através do Decreto n.º 54/2015 de 31 de Dezembro que consultores ambientais independentes, com experiência comprovada e reconhecidos como tal
vem revogar os Decretos n.ºs 45/2004 de 29 de Setembro e 42/2008 de 4 de Novembro. pelo Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER) ou outra instituição
internacional.
O novo Regulamento de AIA entrou em vigor a 1 de Fevereiro de 2016 e introduziu novos
direitos, obrigações e procedimentos, novas taxas, bem como o agravamento das multas. O Relativamente a instrução do processo do AIA foram introduzidos novos requisitos, que
processo de AIA é condição para a obtenção da licença ambiental e está vedado o início de consideramos serem relevantes. Para o efeito, os proponentes devem submeter à Autoridade de
qualquer actividade sem a devida licença ambiental. AIA, uma cópia do Direito de Uso e Aproveitamento da Terra (DUAT) provisório e do plano de
exploração. Adicionalmente, os documentos ambientais exigidos, tais como procedimentos de
O Regulamento de AIA aplica-se a todas as actividades quer sejam exercidas por entidades mitigação e/ou de controlo e gestão ambiental passam a carecer de aprovação expressa do
públicas ou privadas. No entanto, o artigo 3 do Regulamento de AIA expressamente exclui a sua MITADER, contrariamente à simples submissão, tal como acontecia no âmbito do antigo
aplicação à actividade mineira e petrolífera. Significa isto que os sectores de actividade Regulamento de AIA.
petrolífera e mineira são principalmente regidos pela legislação específica aprovada para esses
sectores, nomeadamente, o Regulamento Ambiental para as Actividades Mineiras (Decreto n.º Outra novidade é o alargamento e introdução de novos prazos para a submissão dos diferentes
26/2004 de 20 de Agosto) e o Regulamento Ambiental para as Operações Petrolíferas (Decreto documentos por parte do proponente, sendo o mais alargado o de 9 meses (270 dias) para a
n.º 56/2010 de 22 de Novembro). Ora, sendo que tais Regulamentos sectoriais são anteriores Submissão do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição do Âmbito (EPDA) e os Termos
ao novo Regulamento de AIA, verifiquemos em que medida este afecta os Regulamentos de Referência (TdR) após a aprovação da Instrução do Processo nos casos de Categoria A+.
sectoriais de minas e petróleo existentes.
Foram igualmente alargados os prazos de comunicação de decisões por parte da Autoridade de
De notar que, não obstante a exclusão expressa no artigo 3, o Regulamento de AIA e a AIA no processo de avaliação que passou de 5 para 8 dias úteis.
existência dos referidos Regulamentos ambientais específicos, o novo Regulamento de AIA deixa
abertura para se concluir que o legislador procurou abarcar e actualizar questões relativas aos O novo Regulamento de AIA estabelece 3 etapas de licenciamento, nomeadamente:
sectores mineiro e petrolífero tendo em conta a evolução destes sectores e por forma a • emissão de licença ambiental provisória (válida por 2 anos não renováveis), emitida após a
ajustar-se à realidade actual. Existe pois, uma intenção clara, por parte do legislador, de abranger aprovação do EPDA ;
os sectores mineiro e petrolífero no Regulamento em análise. Assim, até à actualização e/ou • emissão de licença ambiental de instalação (válida por 2 anos não renováveis), emitida após a
aprovação dos novos Regulamentos ambientais específicos para a actividade mineira e aprovação do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e plano do reassentamento se necessário; e
petrolífera, as novas disposições e obrigações introduzidas por este Regulamento deverão • emissão de licença ambiental de operação (válida por 5 anos, renovável por igual período),
prevalecer sobre os Regulamentos ambientais sectoriais. emitida após a verificação do cumprimento integral do EIA.

Adicionalmente, o Regulamento de AIA é omisso quanto ao reconhecimento de direitos Mais, o prazo para a emissão das licenças passou de 8 para 15 dias úteis.
adquiridos ao abrigo dos Regulamentos anteriores ou de contractos de investimento celebrados
com o Governo. Parece-nos, pois que novamente prevalecem as novas regras introduzidas pelo O novo Regulamento traz também alguns benefícios para os proponentes tais como a
Regulamento em questão. Nestes termos, os processos de obtenção de licença ambiental em transferência da responsabilidade do pagamento dos Revisores Especialistas para o MITADER e
curso ou as suas renovações deverão cingir-se às disposições do novo Regulamento. a extensão dos prazos para a submissão de documentos por parte do proponente.

Posto isto, importa agora destacar as questões relevantes trazidas pelo Regulamento em O proponente passa a ter um prazo de 90 dias, contados a partir da recepção da notificação,
apreciação que poderão afectar as actividades com risco de danos ambientais, incluindo os para efectuar o pagamento das taxas de licenciamento, contrariamente ao antigo Regulamento
sectores de actividade mineira e petrolífera. que não fixava prazo nenhum, estabelecendo apenas a obrigação de pagamento de tais taxas.

Dentre estas podemos destacar a introdução de uma nova Categoria de actividade para efeitos Foram introduzidas novas taxas, para além de terem sido agravadas as anteriores, com o
de definição do tipo de estudo ambiental a ser realizado, nomeadamente a Categoria A+ que destaque para as seguintes:
vem adicionar às já existentes no âmbito do anterior Regulamento. Sendo assim, as novas • A Taxa de instrução de processo – 1,000.00MT;
Categorias decorrentes do novo Regulamento de AIA são as denominadas A+, A, B e C. • Taxa de licenciamento de actividades de Categoria A+ - 0,30% do valor de investimento da
actividade;
As Categorias são agrupadas consoante a gravidade do impacto que uma certa actividade tem • Licenciamento de centrais de betão provisórias – 200 salários mínimos;
sobre o ambiente. De notar que o Governo identificou a necessidade de se introduzir a • Taxa de renovação da licença ambiental – 80,000.00MT para a categoria A+, 60,000.00MT para
Categoria A+ na tentativa de responder e regular os sectores de actividades que, em resultado a categoria A, 30,000.00MT para a categoria B e 5,000.00MT para a categoria C;
da sua natureza e complexidade, causam impactos irreversíveis e de grande magnitude negativa • Taxas de transmissão de licença ambiental ou alteração de denominação social, no valor de
ao ambiente. 10,000,00MT;
• Multas pela implementação da actividade não licenciada, 2,857 a 5,714 salários mínimos para a
Diferentemente das actividades compreendidas nas outras categorias, as actividades da categoria A+, 1,429 a 2,857 salários mínimos para categoria A, 286 a 1,429 salários mínimos para
Categoria A+, dentre as quais a actividade mineira e petrolífera, passam a ter um processo de categoria B e 1 a 2 salários mínimos para a categoria C e paralisação imediata.
estudo de impacto ambiental mais complexo, devendo ter a intervenção e supervisão dos
Revisores Especialistas. De forma geral este novo Regulamento para além de introduzir novos direitos, obrigações e

empresarial, Assembleia
procedimentos, veio também aprofundar e detalhar as obrigações já estabelecidas no antigo
Amrin Mamad Regulamento de AIA por forma a se conformar com a evolução dos investimentos feitos nos
diversos sectores de actividade.
Consultora
Advogada É de referir, porém, que se as novas obrigações estabelecidas no Regulamento de AIA afectarem
amamad@salcaldeira.com negativamente os direitos adquiridos dos Concessionários mineiros e petrolíferos, ao abrigo dos
Contratos de Concessão celebrados com o Governo antes da publicação do Regulamento de
AIA, perturbando assim o equilíbrio financeiro dos projectos em curso, os Concessionários
podem invocar a cláusula de estabilidade e exigir que o Governo respeite os direitos anterior-
mente concedidos ou compense os Concessionários pelos prejuízos causados.

04 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


A TRANSMISSÃO DE DIREITOS E OBRIGAÇÕES ATRIBUÍDOS AO
ABRIGO DE TÍTULOS MINEIROS
Com a entrada em vigor da nova legislação mineira, nomeadamente a Lei de • Prova de experiência do transmissário no sector mineiro;
Minas (Lei n.º 20/2014 de 18 de Agosto), o Regulamento da Lei de Minas (Decre- • Certidão de quitação fiscal do transmissário;
to n.º 31/2015 de 31 de Outubro), o Regime Específico de Tributação e Benefíci- • Prova de pagamento da taxa de transmissão do título mineiro em conformi-
os Fiscais da Actividade Mineira (Lei n.º 28/2014 de 23 de Setembro) e o seu dade com o Anexo 9 do Regulamento da Lei de Minas (200,000Mts para LPP;
respectivo regulamento (Decreto 28/2015 de 28 de Dezembro), as regras sobre 300,000Mts para Concessão Mineira; 50,000Mts para Certificado Mineiro, e
a transmissão direitos mineiros foram alteradas. 5,000Mts para Senha Mineira).

A primeira alteração é que “a transmissão de direitos e obrigações atribuídos ao Se a transmissão ocorrer sem obedecer as regras acima descritas, não será
abrigo de títulos e/ou direitos mineiros…deve ser feita de acordo com a considerada válida em Moçambique, ou seja, o MIREME não irá reconhecer os
legislação moçambicana e está sujeita a aprovação do Governo”. Ou seja, para putativos adquirentes dos direitos atribuídos através de um título mineiro.
além do consentimento do Governo, através do Ministério dos Recursos Minerais
e Energia (MIREME), a Lei exige que os instrumentos de transmissão sejam A autorização de transmissão é precedida do cálculo e pagamento da tributação
regidos pela legislação Moçambicana. das mais-valias, à taxa de 32%, se aplicável. A responsabilidade pelo pagamento
das mais-valias decorrentes de ganhos obtidos por entidade não residente e sem
A segunda alteração determina que o regime acima passa a ser aplicável às estabelecimento estável em Moçambique é solidariamente imputada à entidade
transmissões directas e indirectas, contrariamente ao anterior regime em que as adquirente ou ao titular do título mineiro. O Ministro dos Recursos Minerais e
transmissões indirectas (entenda-se, transmissão de participações sociais) não Energia pode levar até 180 dias para aprovar a transmissão.
careciam de autorização do MIREME.
Por último, a transmissão apenas “pode ocorrer decorridos dois anos do Recorde-se que os titulares dos títulos mineiros têm deveres a cumprir a partir
exercício da actividade mineira….” da data da emissão do respectivo título. No caso das LPPs, contam-se como
principais obrigações:
Outra regra introduzida pelo novo Regulamento da Lei de Minas, é a exigência de • Realizar no mínimo 60% (sessenta por cento) do Programa de Trabalho anual
constituição e registo em Moçambique, para efeitos de adquisição de títulos aprovado para as actividades de prospecção e pesquisa;
mineiros, ao prever que a transmissão de uma Licença de Prospecção e Pesquisa • Apresentar até 28 de Fevereiro de cada ano, o relatório anual das actividades
(LPP), Concessão Mineira, Licença de Tratamento Mineiro e Licença de Processa- de pesquisa realizadas no ano civil anterior, redigido em língua portuguesa,
mento Mineiro somente pode ocorrer entre sociedades comerciais constituídas encadernado e em formato electrónico;
e registadas em Moçambique. O Certificado Mineiro por seu turno, somente é • Efectuar o pagamento dos impostos devidos;
transmissível à singulares ou sociedades comerciais com domicílio em Moçam- • Comunicar através do Instituto Nacional de Minas, dentro das 24 horas
bique. Já a Senha Mineira somente é transmissível entre singulares e sociedades subsequentes a descoberta de quaisquer minerais ao MIREME, antes da sua
comerciais constituídas apenas entre cidadãos Moçambicanos. divulgação pública;
• Libertar progressiva e anualmente, parte da área inicial abrangida pela LPP a
Relativamente à regra dos dois anos de exercício da actividade mineira para se partir do segundo ano de actividade.
poder efectuar a transmissão, conforme disposto no artigo 62 da Lei de Minas,
note-se que em termos práticos, este período pode não coincidir com a data de O titular da LPP deve submeter, até 30 de Março de cada ano da LPP, um Progra-
emissão do título mineiro. Esta é uma questão que ainda não foi testada e, portan- ma de Trabalhos a realizar no ano seguinte e o respectivo orçamento.
to, é difícil prever a interpretação do MIREME.
No caso de Concessões Mineiras, os principais deveres dos titulares são os
Quanto aos procedimentos para efectuar o pedido da transmissão, este é seguintes:
acompanhado da seguinte informação e documentos: • Iniciar as actividades e operações mineiras no prazo máximo de 24 (vinte e
• Requerimento dirigido à Ministra dos Recursos Minerais e Energia ou Governa- quatro) meses;
dor Provincial dependendo do título mineiro; • Iniciar a produção mineira no prazo máximo de até 48 meses, contados da data
• Relatório do exercício das actividades mineiras realizadas; da emissão da Concessão Mineira;
• Declaração de aceitação dos termos e condições estabelecidos no título • Demarcar a área por meio de marcos de betão facilmente identificáveis, no
mineiro pelo transmissário (comprador); prazo máximo de 365 dias em conformidade com a lei aplicável a partir da data
• Uma cópia autenticada do Boletim da República com a publicação dos de emissão do direito de uso e aproveitamento da terra ou de alteração da área;
estatutos do transmissário ou cópia autenticada dos estatutos aprovados pela • Realizar as actividades de exploração mineira em conformidade com o Plano
conservatória de registo das entidades legais, em que conste a actividade mineira de Lavra submetido;
no objecto social, incluindo a identificação dos titulares de participações e o • Apresentar o relatório dos trabalhos de exploração mineira; e
respectivo valor de capital social subscrito e eventuais alterações; • Efectuar o pagamento dos impostos devidos.
• Prova de recursos técnicos e financeiros do transmissário para realização das O titular da Concessão Mineira deve submeter, até 30 de Março de cada ano, um
operações mineiras previstas no título mineiro; Programa de Trabalhos e respectivo orçamento a realizar no ano seguinte, bem
como o plano de venda de produtos minerais. As actividades na Concessão
empresarial, Assembleia
Leopoldo Orlando de Amaral
Mineira deverão ter início dentro de 24 meses, mas somente depois de obtido o
DUAT, a Licença Ambiental e a aprovação do plano de indemnização e de
Sócio
Advogado reassentamento.
lamaral@salcaldeira.com
O incumprimento de alguns dos deveres acima listados pode levar a que o
pedido de transmissão não seja autorizado pelo MIREME e o titular seja sanciona-
do por incumprimento dos seus deveres e obrigações.

02 | SAL & Caldeira Advogados, Lda.


NOVA LEGISLAÇÃO PUBLICADA

Decreto nº 46/2016 de 31 de Outubro de 2016 - Aprova o Regulamento de Trabalho Portuário


Rute Nhatave   
Arquivista / Bibliotecaria Decreto nº 49/2016 de 1 de Novembro de 2016 - Aprova o Regulamento de Empreendimentos Turísticos, Restau-
rnhatave@salcaldeira.com ração e Bebidas e Salas de Dança e revoga o Decreto n.º 97/2013, de 31 de Dezembro

Resolução nº 29/2016 de 31 de Outubro de 2016 - Aprova a Política de Emprego

Decreto nº 48/2016 de 1 de Novembro de 2016 - Cria o Instituto Nacional de Emprego

Diploma Ministerial nº 76/2016 de 2 de Novembro de 2016 - Aprova o Código de Conduta do Inspector do


Trabalho

Decreto nº 55/2016 de 28 de Novembro de 2016 - Aprova o Regulamento sobre a Gestão de Bens Culturais
Imóveis

Decreto nº 56/2016 de 28 de Novembro de 2016 - AConcernente a necessidade de se expandir a rede judiciária


no País

OBRIGAÇŌES DECLARATIVAS E CONTRIBUTIVAS


CALENDÁRIO FISCAL 2016 DEZEMBRO
INSS 10 Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de
Sérgio Ussene Arnaldo    
Novembro de 2016.
Assessor Fiscal e
Financeiro IRPS 20 Entrega do imposto retido na fonte de rendimentos de 1ª, 2ª , 3ª , 4 ª e 5ª
sussene@salcaldeira.com categoria bem como as importâncias retidas por aplicação de taxas
liberatórias durante o mês de Novembro 2016.
IRPC 20 Entrega do imposto retido durante o mês de Novembro de 2016.
IS 20 Entregar as importâncias devidas pela emissão de letras e livranças, pela
utilização de créditos em operações financeiras referentes ao mês de
Novembro de 2016.
IPM 30 Entrega do Imposto pela extracção mineira referente ao mês de Novem-
bro de 2016.
IPP 30 Entrega do Imposto referente a produção de petróleo referente ao mês
de Novembro de 2016.
ICE 30 Entrega da Declaração, pelas entidades sujeitas a ICE, relativa a bens
produzidos no País fora de armazém de regime aduaneiro, conjunta-
mente com a entrega do imposto liquidado (nº 2 do artigo 4 do Regula-
IVA 30 Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Novembro
acompanhada do respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

www.salcaldeira.com | 05
FUNDO DE GARANTIA DE DEPÓSITOS (FGD)
LIMITE DA GARANTIA A REEMBOLSAR, CRITÉRIOS E METODOLOGIAS
PARA O CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO ANUAL PERIÓDICA

empresarial, Assem-
Sheila Tamyris
O Diploma Ministerial nº 61/2016 fixa o limite da garantia a reembolsar pelo Fundo de Garantia de Depósitos em
da Silva     20.000,00 MT (vinte mil meticais) por cada depositante e por cada instituição participante.
Assistente
bleia ssilva@salcaldeira.com O Diploma Ministerial nº 62/2016 estabelece os critérios e metodologias para o cálculo da contribuição anual periódi-
ca a entregar ao Fundo de Garantia de Depósitos pelas instituições de crédito autorizadas a captar depósitos e sujeitas
a supervisão prudencial do Banco de Moçambique, sendo que, tais instituições participantes devem entregar ao FGD,
por crédito em conta, até ao último dia útil do mês de Maio de cada ano, uma contribuição periódica anual, conforme
previsto no número 1 do artigo 12 do Regulamento do FGD.

O valor da contribuição anual de cada instituição participante é calculado através da seguinte fórmula:

empresarial,
C = tc x ∆DEí (t; t – 1) Assembleia
Onde:
C – é a contribuição da instituição de crédito arredondada a duas casas decimais;
í – é a instituição de crédito;
tc – é a taxa de cobertura definida;
∆DEí – é a variação dos valores médios dos saldos mensais dos depósitos elegíveis da instituição de crédito í do
ano t – 1 para o ano t;
t – representa um ano civil;
t – 1 – representa um ano civil anterior ao ano t.

Caso a variação dos depósitos elegíveis tenha sido negativa, o resultado da contribuição periódica deve ser igual a zero.

A taxa de cobertura é a percentagem de protecção calculada sobre o total de depósitos das instituições participantes
é fixada em 3 %, para garantir um nível adequado de segurança do sistema financeiro, tendo em conta o nível de
participação pública.

As instituições participantes são obrigadas a apurar todos os anos o volume médio dos saldos mensais dos depósitos
elegíveis para o cálculo da contribuição anual, de acordo com o artigo 5 do Regulamento do FGD, não considerando
no referido apuramento os depósitos excluídos nos termos do artigo 6 do mesmo regulamento, nomeadamente:

1. As garantias de depósito expresso em moeda estrangeira, os depósitos titulados por pessoas colectivas, bem ainda
os que sendo expressos em moeda nacional e detidas por pessoas singulares, tenham por seus titulares:
a) Membros dos órgãos de direcção, administração, administração ou fiscalização da instituição participante em causa,
chefes-contabilistas ou equiparados ao seu serviço, auditores externos que lhes prestem serviços de auditoria ou
pessoas com estatuto semelhante em outras empresas que com elas se encontrem em relação de domínio ou de
grupo;
b) Cônjuges, parentes ou afins em 1º grau ou terceiro que actuem por conta de depositantes referidos na alínea
anterior.

2. São igualmente excluídos da garantia:


a) Os depósitos que por decisão transitada em julgado, tenham sido declarados perdidos a favor do Estado por prática
de crime;
b) Os depósitos decorrentes de operações em relação às quais tenha sido proferida uma condenação penal transitada
em julgado, por prática de actos de branqueamento de capitais;
c) Os depósitos relativamente aos quais o titular tenha obtido vantagens financeiras de tal forma desalinhadas das
prevalecentes no mercado por condições idênticas, que tenham contribuído para agravarem a situação financeira da
instituição participante.
O volume total de depósitos elegíveis para uma determinada data, e que serve de base para o cálculo da contribuição
anual de cada instituição de crédito, resulta do somatório das seguintes parcelas:
a) Volume total de depósitos existentes, para todos os depósitos inferiores ou iguais ao limite da garantia; e
b) Produto do valor limite da garantia pelo número de depositantes, cuja totalidade dos respectivos depósitos seja
superior ao limite da garantia.

O Banco de Moçambique deve notificar cada instituição participante, por escrito, do montante da respectiva
contribuição anual periódica.

As dúvidas que surgirem na interpretação e aplicação do presente diploma são esclarecidas pelo FGD.

Ambos Diplomas entraram em vigor no dia 21 de Setembro de 2016, data da publicação no Boletim da República.

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