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Educação de Jovens e Adultos (EJA)

Prof. Cidimar Andreatta

Fundamentos Históricos da EJA


no Brasil

1
Objetivos

-Refletir sobre as concepções da Educação de Jovens e


Adultos ao longo da História da Educação Brasileira;
- Conhecer o histórico da EJA no Brasil: programas,
elaboração e implantação de política para a EJA;
-Discutir a relação do Estado com a sociedade e seus
reflexos para a educação na modernidade;
- Entender o processo de constituição do direito à educação
no Brasil.

2
História

1 1

5 5

4 4

9 9
3
Cronologia

1549 – 1759  Período Jesuítico – Regimento de Dom João


III:

“conversão dos indígenas pela catequese e pela instrução”

Comandados pelo Padre Manoel de Nóbrega, quinze dias após


a chegada edificaram a primeira escola elementar brasileira, em
Salvador, tendo como mestre o Irmão Vicente Rodrigues,
contando apenas 21 anos.

4
Cronologia

No Brasil os jesuítas se dedicaram à pregação da fé católica e


ao trabalho educativo. Perceberam que não seria possível
converter os índios à fé católica sem que soubessem ler e
escrever.
A obra jesuítica estendeu-se para o sul e, em 1570, vinte e um
anos após a chegada, já era composta por cinco escolas de
instrução elementar (Porto Seguro, Ilhéus, São Vicente,
Espírito Santo e São Paulo de Piratininga) e três colégios (Rio
de Janeiro, Pernambuco e Bahia).

5
Cronologia

Não trouxeram somente a moral, os costumes e a religiosidade


européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Todas
as escolas jesuítas eram regulamentadas por um documento,
escrito por Inácio de Loiola, o Ratio Studiorum.

6
Cronologia

Ratio Studiorum

Documento publicado em 1599 pelo Padre


Aquaviva.

Cuidadoso documento com regras práticas


sobre a ação pedagógica, a organização
administrativa e outros assuntos dirigidos a
toda hierarquia da igreja desde o mais
graduado ao mais simples professor.

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Cronologia

1759 – Expulsão dos jesuítas

(210 anos de reinado absoluto)

No momento da expulsão os jesuítas tinham 25 residências, 36


missões e 17 colégios e seminários, além de seminários
menores e escolas de primeiras letras instaladas em todas as
cidades onde havia casas da Companhia de Jesus. A educação
brasileira, com isso, vivenciou uma grande ruptura histórica
num processo já implantado e consolidado como modelo
educacional de sucesso.

8
Período Pombalino (1760 - 1808)

Se existia algo muito bem estruturado, em termos de educação,


o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos.

Os jesuítas foram expulsos das colônias em função de radicais


diferenças de objetivos com os dos interesses da Corte.

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Período Pombalino (1760 - 1808)

Enquanto os jesuítas preocupavam-se com o proselitismo e o


noviciado, Pombal pensava em reerguer Portugal da
decadência que se encontrava diante de outras potências
européias da época. A educação jesuítica não convinha aos
interesses comerciais emanados por Pombal. Ou seja, se as
escolas da Companhia de Jesus tinham por objetivo servir aos
interesses da fé, Pombal pensou em organizar a escola para
servir aos interesses do Estado.

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Período Pombalino (1760 - 1808)

Criação das aulas régias de Latim, Grego e Retórica.

Cada aula régia era autônoma e isolada, com professor único e


uma não se articulava com as outras.

"subsídio literário" para manutenção dos ensinos primário e


médio. Era uma taxação, (imposto), que incidia sobre a carne
verde, o vinho, o vinagre e a aguardente. Os professores
ficavam longos períodos sem receber vencimentos a espera de
uma solução vinda de Portugal

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Período Pombalino (1760 - 1808)

Os professores geralmente não tinham preparação para a


função, já que eram improvisados e mal pagos. Eram
nomeados por indicação ou sob concordância de bispos e se
tornavam "proprietários" vitalícios de suas aulas régias.

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Período Joanino (1808 – 1821)

Abertura de Academias Militares, Escolas de Direito e


Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico, criação da
Imprensa Régia.

Segundo alguns autores, o Brasil foi finalmente "descoberto" e


a nossa História passou a ter uma complexidade maior.

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Período Imperial (1822 - 1888)

1823 - Tentativa de se suprir a falta de professores institui-se o


Método Lancaster, ou do "ensino mútuo", onde um aluno
treinado (decurião) ensinava um grupo de dez alunos (decúria)
sob a rígida vigilância de um inspetor.

1824, outorgada (Pedro I) a primeira Constituição Brasileira.

O Art. 179 desta Lei Magna dizia que a "instrução primária é


gratuita para todos os cidadãos..

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Período Imperial (1822 - 1888)

1826 - um Decreto institui quatro graus de instrução:


Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e
Academias.

Em 1827 um projeto de lei propõe a criação de pedagogias em


todas as cidades e vilas, além de prever o exame na seleção de
professores, para nomeação. Propunha ainda a abertura de
escolas para meninas.

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Período Imperial (1822 - 1888)

1835 - Surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói.

Até a Proclamação da República, em 1889 praticamente nada se


fez de concreto pela educação brasileira. O Imperador D. Pedro
II, quando perguntado que profissão escolheria não fosse
Imperador, afirmou que gostaria de ser "mestre-escola". Apesar
de sua afeição pessoal pela tarefa educativa, pouco foi feito, em
sua gestão, para que se criasse, no Brasil, um sistema
educacional.

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Período da primeira República (1889 - 1929)

Reforma Benjamin Constant:


Princípios orientadores:
Liberdade; Laicidade do ensino; Gratuidade da escola
primária.
(princípios estipulados na Constituição brasileira)

Uma das intenções desta Reforma era transformar o ensino em


formador de alunos para os cursos superiores e não apenas
preparador. Outra intenção era substituir a predominância literária
pela científica.

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Período da primeira República (1889 - 1929)

Num período complexo da História do Brasil surge a Reforma


João Luiz Alves que introduz a cadeira de Moral e Cívica com a
intenção de tentar combater os protestos estudantis contra o
governo do presidente Arthur Bernardes.

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Período da primeira República (1889 - 1929)

A década de vinte foi marcada por diversos fatos relevantes no


processo de mudança das características políticas brasileiras.
No que se refere à educação, foram realizadas diversas
reformas de abrangência estadual, como as de Lourenço Filho,
no Ceará em 1923, a de Anísio Teixeira, na Bahia, em 1925, a de
Francisco Campos e Mario Casassanta, em Minas, em 1927, a
de Fernando de Azevedo, no Distrito Federal (Rio de Janeiro),
em 1928 e a de Carneiro Leão, em Pernambuco, em 1928.

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Período da primeira República (1889 - 1929)

1921  Conferência Interestadual no Rio de Janeiro cria escolas


noturnas para adultos com duração de um ano;

Com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, na década de


1930, a ideia e o desejo de uma Educação para Todos
ganharam força, com propostas de diversos educadores
conceituados da época. A partir desse período começaram a
ocorrer mudanças e transformações políticas e econômicas, que
possibilitaram finalmente o início da consolidação do sistema
político de educação (HADDAD; DI PIERRO, 2000).

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Período da segunda República (1930 - 1936)

A Revolução de 30 foi o marco referencial para a entrada do Brasil no


mundo capitalista de produção.
- Acumulação de capital, do período anterior;
- Investimento no mercado interno e na produção industrial;
- A nova realidade brasileira passou a exigir uma mão-de-obra
especializada e para tal era preciso investir na educação;
- Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública;
- Em 1931, o governo provisório sanciona decretos organizando o
ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.
Estes Decretos ficaram conhecidos como "Reforma Francisco
Campos".
21
Período da segunda República (1930 - 1936)

-Em 1932 um grupo de educadores lança à nação o Manifesto dos


Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo e
assinado por outros conceituados educadores da época.
-Em 1934 a nova Constituição (a segunda da República) dispõe, pela
primeira vez, que “a educação é direito de todos, devendo ser
ministrada pela família e pelos Poderes Públicos”.
- Ainda em 1934, por iniciativa do governador Armando Salles Oliveira
(São Paulo), foi criada a Universidade de São Paulo. A primeira a ser
criada e organizada segundo as normas do Estatuto das Universidades
Brasileiras de 1931

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Período do Estado Novo (1937 - 1945)

Nova Constituição de 1937


A orientação político-educacional fica bem explícita em seu
texto sugerindo a preparação de um maior contingente de mão
de-obra para as novas atividades abertas pelo mercado.
Por outro lado propõe que a arte, a ciência e o ensino sejam
livres à iniciativa individual pública e particular, tirando do
Estado o dever da educação.
Mantém ainda a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino
primário Também dispõe como obrigatório o ensino de
trabalhos manuais em todas as escolas normais, primárias e
secundárias.
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Período do Estado Novo (1937 - 1945)

“As conquistas do movimento renovador, influenciando a


Constituição de 1934, foram enfraquecidas nessa nova
Constituição de 1937. Marca uma distinção entre o trabalho
intelectual, para as classes mais favorecidas, e o trabalho
manual, enfatizando o ensino profissional para as classes
mais desfavorecidas.” (Romanelli)

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Período do Estado Novo (1937 - 1945)

Em 1942, por iniciativa do Ministro Gustavo Capanema, são


reformados alguns ramos do ensino. Estas Reformas receberam
o nome de Leis Orgânicas do Ensino, e são compostas por
Decretos-lei que criaram o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI e valoriza o ensino profissionalizante.
O ensino ficou composto, neste período, por cinco anos de curso
primário, quatro de curso ginasial e três de colegial, podendo ser
na modalidade clássico ou científico.

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Período da Nova República (1946 - 1963)

A nova Constituição (1946), determina a obrigatoriedade de se


cumprir o ensino primário e dá competência à União para legislar
sobre diretrizes e bases da educação nacional.

Além disso, a nova Constituição fez voltar o preceito de que a


educação é direito de todos, inspirada nos princípios
proclamados no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, nos
primeiros anos da década de 30.

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Período da Nova República (1946 - 1963)

Em 1947 foi implementado o Serviço de Educação de


Adulto – SEA, com o objetivo de coordenar os trabalhos
planejados anualmente no ensino supletivo para
adolescentes e adultos analfabetos (HADDAD; DI PIERRO,
2000).

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Período da Nova República (1946 - 1963)

Depois de 13 anos de acirradas discussões foi promulgada a Lei


4.024, em 20 de dezembro de 1961, sem a pujança do
anteprojeto original, prevalecendo as reivindicações da Igreja
Católica e dos donos de estabelecimentos particulares de ensino
no confronto com os que defendiam o monopólio estatal para a
oferta da educação aos brasileiros.

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Período da Nova República (1946 - 1963)

Em 1950, em Salvador, no Estado da Bahia, Anísio Teixeira


inaugura o Centro Popular de Educação (Centro Educacional
Carneiro Ribeiro), dando início a sua idéia de escola-classe e
escola-parque;
Em 1952, em Fortaleza, Estado do Ceará, o educador Lauro de
Oliveira Lima inicia uma didática baseada nas teorias científicas
de Jean Piaget: o Método Psicogenético.

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Período da Nova República (1946 - 1963)

Em 1953 a educação passa a ser administrada por um


Ministério próprio: o Ministério da Educação e Cultura;
Em 1961 tem inicio uma campanha de alfabetização, cuja
didática, criada pelo pernambucano Paulo Freire, propunha
alfabetizar em 40 horas adultos analfabetos;
Em 1962 é criado o Conselho Federal de Educação, que substitui
o Conselho Nacional de Educação e os Conselhos Estaduais de
Educação e, ainda em 1962 é criado o Plano Nacional de
Educação e o Programa Nacional de Alfabetização, pelo
Ministério da Educação e Cultura, inspirado no Método Paulo
Freire.
30
Período da Nova República (1946 - 1963)

Em 1960 tem início o Movimento de Educação e Cultura Popular


do Recife, sob governo de Miguel Arraes. No ano seguinte o
Movimento se estende à Paraíba e Rio Grande do Norte.
Em 1961 – Tem início Campanha “De Pé no Chão Também se
Aprende a Ler”, em Natal, no governo de Djalma Maranhão. É
Criado o Movimento de Educação de Base da CNBB.
Em 1962 – Paulo Freire sistematiza o método de alfabetização.
UNE - incorpora alfabetização às atividades dos Centros
Populares de Cultura.
Em 1964 – Têm início preparativos do Programa Nacional de
Alfabetização com método Paulo Freire.
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Período do Regime Militar (1964 - 1985)

Com a implantação do regime militar em 1964, houve uma


ruptura na proposta de Freire, e sobreveio um modelo de
formação de mão de obra mais técnica. Com isso, as classes
populares perderam sua força e o Plano Nacional de
Alfabetização foi interrompido, pois o método de Freire não
interessava ao governo militar, que se preocupava, naquele
momento, com a preparação do indivíduo para o mercado de
trabalho (BELUZO; TONIOSSO, 2015).

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Período da Nova República (1946 - 1963)

No contexto educacional da década de 60 ocorreu a promulgação


da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n.º
4.024, de 20 de dezembro de 1961, que possibilitou a oferta de
cursos supletivos para aqueles que não tiveram a oportunidade de
concluir os estudos na educação primária. Esses cursos, de
responsabilidade das Unidades da Federação, eram semelhantes
ao ensino formal, com adaptações às condições socioeconômicas
das regiões e às características dos cidadãos. Mesmo com essa
garantia prevista em uma lei nacional, foi difícil aumentar as taxas
de escolarização no País, devido ao alto índice de analfabetos, que
repercutia de forma negativa no desenvolvimento econômico do
Brasil (BRASIL, 1973). 33
Período do Regime Militar (1964 - 1985)

Para erradicar o analfabetismo foi criado em 1967 o Movimento


Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL, aproveitando-se, em sua
didática, do expurgado Método Paulo Freire.

O MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil. Não


conseguiu. E, entre denúncias de corrupção, acabou por ser
extinto e, no seu lugar criou-se a Fundação Educar.

A pesquisa de Arruda (2018) apresenta um estudo histórico acerca do MOBRAL no Brasil, desde
sua implantação até a extinção. A referida pesquisa está disponível para acesso no link:
http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/28607. Acesso em: 03 set. 2019.

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Período do Regime Militar (1964 - 1985)

Dez anos após a promulgação da primeira Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRASIL, 1961), a Lei
n.º 5.692, de 11 de agosto de 1971, considerada por muitos
especialistas como a segunda LDBEN, revogou vários artigos
da lei de 1961 e deu atenção especial ao ensino supletivo.

No final dos anos 70 têm início os Centros de Ensino


Supletivo e atividades de educação de adultos pelo rádio e
TV (Projeto Minerva e Ensino Supletivo via Rádio e TV).
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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

Por meio do Decreto Nacional n.º 91.980, de 25 de novembro de


1985, a Fundação Educar redefiniu os objetivos do MOBRAL,
para ampliar as oportunidades de acesso e retorno à escola pela
população jovem e adulta e erradicar o analfabetismo.

Informações detalhadas acerca de todo o funcionamento da Fundação Educar estão


contidas na pesquisa de Souza Junior (2012), no link:
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5688. Acesso em: 02. Set.
2019.

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

Durante a existência da Fundação Educar, de aproximadamente


cinco anos, a Fundação passou por vários decretos federais de
regulamentação que alteraram seu estatuto. O encerramento de
suas atividades no dia da posse do Presidente Fernando Collor de
Mello colocou fim nas campanhas de alfabetização de adultos no
Brasil (SOUZA JUNIOR, 2012).

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

De acordo com Souza Junior (2012), a Fundação Educar não


atendeu efetivamente a clientela de adultos analfabetos em nosso
país, pois o governo José Sarney demonstrou certo descaso com
a educação de jovens e adultos, quando se esperava que a Nova
República imprimisse mudanças nos rumos da escolarização
jovem e adulta do Brasil, o que não ocorreu efetivamente (SOUZA
JUNIOR, 2012).

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

Um marco para a Educação de Jovens e Adultos na década de 80


foi a promulgação da Constituição Federal em 1988, que passou
a garantir educação para todos como um direito público subjetivo.
No inciso I do artigo 208, percebemos essa garantia de forma
mais específica, quando destaca ser dever do Estado garantir
ensino fundamental obrigatório e gratuito, inclusive para os que a
ele não tiveram acesso na idade própria (BRASIL, 1988).

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

As experiências com vários programas e projetos de alfabetização


de adultos no Brasil até a promulgação da Constituição Federal
mostram o quanto a educação dos adultos demorou a ser
incorporada em uma lei nacional considerada como a lei suprema
de organização de um Estado. Mesmo com essa garantia, as
intenções de priorizar a erradicação do analfabetismo avançaram
muito pouco até o final da década de 1990, pois as matrículas da
EJA nessa época não eram contabilizadas para o financiamento da
educação e das prioridades de governo (ANDREATTA, 2019).

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)

No bojo da nova Constituição, um Projeto de Lei para uma


nova LDB foi encaminhado à Câmara Federal, pelo Deputado
Octávio Elísio, em 1988. No ano seguinte o Deputado Jorge
Hage enviou à Câmara um substitutivo ao Projeto e, em 1992,
o Senador Darcy Ribeiro apresenta um novo Projeto que
acabou por ser aprovado em dezembro de 1996 (Lei
9.394/96), oito anos após o encaminhamento do Deputado
Octávio Elísio.

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Período da Abertura Política (1985 - 2003)

1985 – Primeiro governo civil encerra Mobral e o substitui por


Fundação Educar.
1988 – Constituição consagra direito público subjetivo dos jovens
e adultos ao ensino fundamental gratuito e assume compromisso com
erradicação do analfabetismo.
1990 - Ano Internacional da Alfabetização. Conferência Mundial de
Educação para Todos (Jontiem, Tailândia).
Governo Collor extingue Fundação Educar e cria Programa Nacional
de Alfabetização e Cidadania.
1994 – Após impeachment, governo Itamar Franco elabora Plano
Decenal de Educação e cria Comissão Nacional de Educação
de Adultos (CNEJA).
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Período da Abertura Política (1986 - 2003)
Momento: Educação de Jovens e Adultos
é marginal na reforma educacional

Governo FHC reforma ensino para descentralizar e focalizar


recursos no ensino fundamental de crianças e adolescentes.
Em 1996 - LDB reafirma Constituição. Emenda Constitucional
14 modifica ADCT. Veto do Presidente impede cômputo das
matrículas da EJA no FUNDEF. Governo Federal lança
Alfabetização Solidária e desativa CNEJA. Políticas de
aceleração do fluxo escolar e registro de matrículas como ensino
regular descaracterizam EJA

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Período da Abertura Política (1986 - 2003)
Momento: Educação de Jovens e Adultos
é marginal na reforma educacional

1997 – V Conferência Internacional de Educação de Adultos


aprova Declaração de Hamburgo.
1998 – Governo Federal dá início ao Pronera e Recomeço.
1999 – Movimento dos Fóruns de EJA cresce e dá início à
realização de Encontros Nacionais (ENEJAs).
2000 - Parecer 11 e Resolução 1 do CNE regulamentam EJA.

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Alfabetização e Educação de Jovens e
Adultos voltam à agenda do Governo Federal

2003 – Tem início Década das Nações Unidas para Alfabetização.


Governo Lula cria Secretaria Especial e Ministro Cristovam lança Brasil
Alfabetizado. Recomeço vira Fazendo Escola.

2004 – Ministro Tarso Genro cria SECAD e reúne programas de


alfabetização e educação básica na DEJA, mas outros programas ficam
fora (Pronera, Escola de Fábrica, ProEJA e Pró Jovem).

2006 – Fazendo Escola abrange todo país. FUNDEB é finalmente


votado pelo Congresso. 2009 – EJA é incluída no PNLD e PNAE.

2009 – EJA é incluída no PNLD e PNAE.

45
2004

Criação da Secretaria de Educação Continuada,


Alfabetização e Diversidade (SECADI) - MEC

-“DIVISOR DE ÁGUAS”
(Período de “desobrigação para com a EJA nos governos
anteriores e o início de uma nova fase marcada pela busca de
uma articulação nacional das políticas voltadas para a EJA).

46
2004

Comissão Nacional de Alfabetização e


Educação de Jovens e Adultos - CNAEJA
Inclusão da EJA no FUNDEB

Educação de Jovens e adultos =


1,20 - 2006
0,80 - 2019

47
2010

É importante pontuar que a EJA somente foi considerada oficialmente


como modalidade de ensino da Educação Básica com as Diretrizes
Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (BRASIL,
2010b). Nesse mesmo ano tivemos a aprovação, pelo Conselho
Nacional de Educação, de diretrizes operacionais específicas para
o funcionamento da EJA nos aspectos relativos à duração dos
cursos e à idade mínima para ingresso nos cursos de EJA; à idade
mínima e à certificação nos exames de EJA; e à Educação de Jovens
e Adultos desenvolvida por meio da Educação a Distância (BRASIL,
2010a)

48
Contexto atual

Em um contexto mais atual da educação nacional, presenciamos


outros programas voltados para a escolarização de jovens e adultos,
alguns deles já extintos, como é o caso do Alfabetização Solidária,
criado em 1997, atendendo mais de cinco milhões de estudantes. Outros
programas ainda existem até hoje, como é o caso do Brasil Alfabetizado,
criado em 2003, voltado para a alfabetização de jovens, adultos e idosos,
com o objetivo de promover a universalização do ensino fundamental no
Brasil. O Programa é realizado em parceria com os municípios e os
estados que celebram convênios com o governo federal por meio do
Sistema Brasil Alfabetizado.

Informações sobre o Programa Brasil Alfabetizado estão disponíveis no


sítio do Ministério da Educação no link: http://portal.mec.gov.br/programa-
brasil-alfabetizado. Acesso em: 03 set. 2019.) 49
Contexto atual

Ainda em funcionamento existem outros programas


considerados suplementares pelo Ministério da Educação, como é
o caso do Programa Nacional de Inclusão de Jovens –
Projovem, que se desmembra em Projovem Urbano; Projovem
Campo – Saberes da Terra; e Projovem Trabalhador. Esses
programas destinam-se aos jovens com idade entre 18 e 29 anos
que saibam ler e escrever, mas que não tenham concluído o ensino
fundamental.

50
Contexto atual

Não podemos deixar de considerar a existência do Programa


Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação
Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos – Proeja,
criado em 2005 com o objetivo de atender à demanda de jovens e
adultos, com a oferta, principalmente pela rede federal de Educação
Profissional e Tecnológica, de educação profissional técnica de nível
médio (ANDREATTA, 2019).

51
Contexto atual

De forma supletiva, em atendimento também à legislação nacional


(BRASIL, 1996), instituiu-se o Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos – Encceja, com o objetivo de
promover a certificação de conclusão do ensino fundamental e médio,
desde que os estudantes possuam a idade mínima obrigatória prevista
na legislação para cada etapa de escolarização. Podem participar do
exame pessoas que vivem no Brasil e no exterior, assim como aquelas
que estejam em privação de liberdade ou cumprindo medidas
socioeducativas (ANDREATTA, 2019).

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Período de Retrocesso na Educação

Em 2 de junho de 2016 temos a exoneração de 23 pessoas,


dentre elas – chefes, coordenadores (as) de áreas, técnicos (as) da
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (SECADI) do Ministério da Educação (MEC).
A preocupação aumenta especialmente com a extinção do
Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos
Direitos Humanos pela Medida Provisória nº 726, de 12 de maio do
presente ano, cujas pastas passam a compor secretarias no
Ministério da Justiça e Cidadania, recém-criado

53
Retrocesso

Podemos dizer que a História da Educação Brasileira tem um


princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável.
Ela é feita em rupturas marcantes, onde em cada período
determinado teve características próprias.
A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas
inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu
muito no que se refere à questão da qualidade.

54
Dificuldades??

As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na


aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios. O
que podemos notar, por dados oferecidos pelo próprio Ministério
da Educação, é que os estudantes não aprendem o que as
escolas se propõem a ensinar. Somente uma avaliação realizada
em 2002 mostrou que 59% dos estudantes que concluíam a 4ª
série do Ensino Fundamental não sabiam ler e escrever.

55
Qualidade na Educação X Interesses Políticos Partidários

PISA

56
57
Evolução de Matrículas na EJA no Brasil

2010: 4.287.234
2012: 3.906.877
2014: 3.592.908
2015: 3.405.900

58
DESCONTINUIDADE da EJA

Nos últimos 60 anos:

- As LDBs brasileiras mascararam a obrigatoriedade do


Estado;

- Desobrigação e o progressivo abandono dos governos

59
Analfabetos no Brasil

- 2016: 12,9 milhões de analfabetos no Brasil - (Pnad);


-8% das pessoas com mais de 15 anos não saber ler nem
escrever (IBGE - 2015);

-Região Nordeste: 16,6% dos analfabetos;


-Região Norte: 9,1%;
-Região Centro-Oeste: 5,7%
-Região Sudeste: 4,3%
-Região Sul: 4,1 %

60
Referências
ARRUDA, A. C. O Mobral e a Educação de Jovens e Adultos: uma
representação ideológica da ditadura militar. 2018. 68f. Monografia
(Licenciatura em Pedagogia) – Faculdade de Educação, Universidade
Federal da Bahia, Salvador, 2018.

ANDREATTA, C. Educação de Jovens e Adultos e Resolução de


Problemas: considerações históricas, teóricas e práticas pedagógicas. In:
DAU, S.; RIBEIRO, S. (Org.). Educação e suas perspectivas na
contemporaneidade. USA: Kindle Direct Plubishing, 2019.

BELUZO, M. F.; TONIOSSO, J. P. O Mobral e a Alfabetização de Adultos:


considerações históricas. Cadernos de Educação: Ensino e Sociedade,
Bebedouro-SP, v. 2, n. 1, p. 196-209, 2015.

BEISIEGEL, C. A educação de jovens e adultos analfabetos no Brasil.


Alfabetização e Cidadania, São Paulo, n. 16, p. 19-27, jul. 2003.
BRASIL. Constituição Federal. Constituição da República Federativa do
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Referências
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SOUZA JUNIOR, M. R. A Fundação Educar e a extinção das
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(Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Políticas
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