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Livia boa tarde.

Eu analisei todo o processo, não somente as peças que você me mandou, como todos os
despachos pelo próprio site.

No caso dos autos, em que pese ser ocorrido um erro por parte do patrono (Dr. Livia), ainda
assim, você corrigiu o erro, regularizando o polo ativo da demanda no momento da audiência
de conciliação, conforme consta tal requerimento na própria ata.

O fato de já ter ocorrido a citação, ou seja já ter formado a relação processual triangular
(autor, juiz e réu), isso de nada atrapalha para o andamento e prosseguimento do feito.

Ora, você, ao modificar ou corrigir, o polo ativo da demanda, não modificou pedido ou causa
de pedir, apenas faz uma correção no polo ativo da demanda. O STJ ADMITE a prática até
mesmo da emenda a destempo (STJ, 1º Turma, Resp. 826.613/SP, rel. Min. Teori Albino
Zavascki, j. 18/05/10. Dje. 03/08/10; STJ, 3º Turma, Resp. 871.661/RS, rel. Nancy
Andrighi, j. 17.05.07, DJ 11.06.2007, p.313.)

Nesse sentido deve ser louvável o posicionamento do STJ que entende pela emenda da
inicial após a citação do réu.

E mais. Livia o STJ tem posição no sentido de admitir a emenda da inicial até mesmo após a
apresentação de CONTESTAÇÃO pelo réu, em homenagem ao princípio de economia
processual e da instrumentalidade das formas, desde que não haja alteração da causa de pedir
ou pedido. Vejamos (STJ, 4º Turma,, AgRg no AREsp. 196.345/SP, Rel. Min. Maria
Isabel Gallotti, J. 17.12.2013, DJe. 04.02.2014.) ACESSA ESSE JULGADO, ELE É
FUNDAMENTO EXATO PARA SEU RECURSO DE APALAÇÃO.

Outra questão interessante, tem uma certa divergência no STJ, a 4º Turma admite emenda na
inicial até mesmo após a contestação apresentada nos autos, enquanto que a 3º Turma do STJ
não admite modificações emenda na inicial após a apresentação da contestação do réu (STJ,
3º Turma, EDcl no AgRg no Resp. 1.184.763/MG, Rel. Min. Ricardo Villas Boas Cuevas, j.
15/05/2014, DJe. 22/05/2014). Mas de qualquer forma essa discussão não nos interessa no
caso dos autos, pois a regularização do polo ativo SE DEU ANTES DA APRESENTAÇÃO
DA CONTESTAÇÃO, logo deve ser aproveitado o processo, podendo o réu apresentar
contestação 15 dias após ter conhecimento da correção do polo ativo. O réu não pode alegar
que não sabia ou que não teve tempo de se defender após a correção do polo ativo, até mesmo
pelo fato de que o mesmo teve na íntegra, o seu prazo de 15 dias para apresentar defesa após a
correção do polo ativo, e mais a referida correção em NADA alterou o objeto da lide, a causa
de pedir ou o pedido. Logo, não houve se quer qualquer prejuízo, e se não existiu prejuízo não
existe nulidades, e se não há nulidades, porque não aproveitar o processo em prol dos
princípios da economia processual, celeridade e instrumentalidades das formas.

Quanto ao CONTRADITÓRIO, o mesmo é moldado essencialmente para a proteção das


partes durante a demanda judicial, não tendo nenhum sentido que o seu desrespeito, se não
gerar prejuízo à parte que seria protegida pela sua observância, gere nulidade de atos e até
mesmo o processo como um todo. No caso dos autos, SE O RÉU TOMOU
CONHECIMENTO NA PROPRIA AUDIENCIA DE CONCLIAÇÃO PRÉVIA (no cejusc),
ou seja, o réu, na primeira oportunidade de manifestar nos autos, já tinha tomado
conhecimento sobre a correta regularização do polo ativo da demanda, não existindo prejuízo
ou contrariedade ao contraditório. Em outras palavras, não existiu NUNCA elemento
surpresa, o réu soube da alteração no polo ativo, para regularizar a mesma, e teve a
oportunidade de se defender após a audiência previa de conciliação no CEJUSC, com o prazo
na integra de 15 dias.

LIVIA, faça o recurso de APELAÇÃO, observando o prazo legal de 15 dias úteis, lembrando
que seu prazo já está correndo, desde a intimação lá no site. Faça um recurso bem simples e
muito bem fundamentado que o tribunal irá reformar a sentença, devolvendo os autos ao juízo
de origem para reformar a decisão e dar seguimento no feito.

No caso, você terá que pagar as custas recursal, sob pena da apelação não ser conhecida
no tribunal, no momento do juízo de admissibilidade.

Na sua peça de Recurso de Apelação, faça também um pedido de retratação ao juízo de


origem, ou seja ao juiz que prolatou esse sentença. Ele poderá, antes de encaminhar os
autos ao Tribunal de Justiça, se retratar de decisão, ficando o recurso prejudicado. EU,
se fosse você, assim que o recurso subir concluso para o juiz sentenciante, iria ao
gabinete do mesmo, para despachar com ele sobre o pedido de retratação.

O fato de você pensar que, se perder o recurso de apelação, poderá majorar a condenação nas
custas e honorários advocatícios, isso não irá ocorrer.

Tem um julgado abaixo, serve para dar uma ideia antes de você começar a redigir seu recurso.
LEIA TODOS ESSES JULGADOS DO STJ QUE EU CITEI ACIMA, SÃO
FUNDAMENTOS PARA SEU RECURSO.

Inteiro Teor

Número do processo: 1.0701.07.195078-9/001 (1) Acórdão Indexado!


Relator: ALVIMAR DE ÁVILA
Relator do Acórdão: ALVIMAR DE ÁVILA
Data do Julgamento: 27/08/2008
Data da Publicação: 08/09/2008
Inteiro Teor:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - ERRO MATERIAL - RETIFICAÇÃO DO
PÓLO ATIVO DA AÇÃO APÓS A CITAÇÃO DO RÉU - POSSIBILIDADE - AUSÊNCIA
DE PREJUÍZO. Sendo absolutamente visível que se trata de mero erro material, não havend
alteração do pedido ou da causa de pedir, pode o juiz, a pedido da parte ou até mesmo de
ofício, determinar a retificação da inicial, a fim de se corrigir o erro. A retificação do pólo
ativo da demanda, sem modificar ou interferir no desfecho da lide, não acarreta prejuízo ao
réu, que poderá manter os mesmos argumentos de defesa, sem que haja ofensa ao princípio
do devido processo legal.

AGRAVO Nº 1.0701.07.195078-9/001 - COMARCA DE UBERABA - AGRAVANTE (S)


HEBERT SUSUMU OKANO - AGRAVADO (A)(S): KAYANNE OLIVEIRA SILVA E
OUTRO (S), REPDO (S) P/ PAI CARLOS HENRIQUE DA SILVA - RELATOR: EXMO.
SR. DES. ALVIMAR DE ÁVILA
ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 12ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de
Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamento
e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM NEGAR PROVIMENTO AO
RECURSO

Belo Horizonte, 27 de agosto de 2008.

DES. ALVIMAR DE ÁVILA - Relator

NOTAS TAQUIGRÁFICAS

O SR. DES. ALVIMAR DE ÁVILA:

VOTO

Trata-se de agravo de instrumento aviado por Hebert Susumo Okano em face de Kayanne
Oliveira Silva, menor representada por seu pai, e Carlos Henrique da Silva, nos autos da
"ação de indenização por danos morais e lucros cessantes c/c reparação de danos materiais",
contra decisão que deferiu o pedido de retificação formulado pelos recorridos, e determinou
inclusão do nome do Sr. Carlos Henrique da Silva no pólo ativo da ação (f.11-TJ).

Em suas razões, sustenta o agravante que a decisão combatida ordenou a inclusão de um


terceiro no pólo ativo da demanda, contrariando o princípio da estabilização subjetiva da lid
que houve clara ofensa ao artigo 264, do CPC; que a decisão guerreada não atropela apenas
mera formalidade; que só contestou a demanda em face da apelada Kayanne Oliveira, ficand
prejudicado, já que não pôde oferecer defesa em face do novo autor; que não se trata de mer
erro material; que o prejuízo é evidente, sobretudo por não ter apresentado contestação, e ne
exigido provas, considerando a presença do novo autor (f. 02/09-TJ). Juntou documentos de
10/113- TJ.

Os agravados apresentaram contraminuta às 136/202 - TJ, pugnando pelo desprovimento do


recurso.

Parecer da douta Procuradoria Geral de Justiça às f. 208/212, opinando pela manutenção da


decisão guerreada.

Conhece-se do recurso, por estarem presentes os pressupostos de sua admissibilidade.

Verifica-se dos autos que, após a citação do recorrente, mas antes do despacho saneador, o
MM. Juiz a quo deferiu o pedido de retificação da inicial, o qual resultou na inclusão do
nome do Sr. Carlos Henrique da Silva no pólo ativo da ação.

O artigo 264, do Código de Processo Civil assim dispõe:

"Feita a citação é defeso ao autor modificar o pedido ou a causa de pedir, sem o


consentimento do réu, mantendo-se as mesmas partes, salvo as substituições permitidas por
lei."
Referido dispositivo não pode, portanto, ser aplicado no caso dos autos, porquanto a simples
retificação do pólo ativo da ação não configura alteração do pedido ou da causa de pedir, e
muito menos se trata de uma hipótese de substituição processual.

Embora o cabeçalho da exordial mencione como autora da lide apenas o nome de Kayanne
Oliveira Silva, da leitura de todo o seu teor é possível verificar que todos os argumentos e
pedidos formulados levaram em consideração como autores da demanda, tanto a menor,
quanto seu genitor, o que de fato, corrobora com o entendimento de que houve apenas um
erro material, como bem entendeu o juiz primevo.

Extrai-se os seguintes trechos da peça inicial que confirmam o entendimento esposado:

"Por volta das 05:20 horas, foi o autor informado de que sua esposa encontrava-se no Centro
de Tratamento Intensivo CTI e, segundo a enfermeira que procedeu à informação, a paciente
corria risco de morte" (f. 21-TJ) (grifo nosso).

"Como se vê, o cerne da defesa oferecida pelo Dr. Hebert Susumo Okano perante o
CRM/MG nos autos do procedimento administrativo nº 4973/2005, é que a morte da esposa
mãe dos autores se deu (...)" (f. 23 -TJ) (grifo nosso).

"e. A esposa do autor, falecida, contribuía no sustento do grupo família com o valor médio
mensal de dois salários mínimos, auferidos pela fabricação artesanal de acessórios de moda
bijouterias" (f. 38 -TJ) (grifo nosso).

Ora, se tivesse o agravante lido cautelosamente a exordial, verificaria, sem dúvidas, que a
demanda ajuizada possuía dois autores, tanto a menor Kayenne Oliveira Silva, quanto seu p
o Sr. Carlos Henrique da Silva.

Assim, sendo absolutamente visível que se trata de mero erro material, já que sequer houve
alteração do pedido ou da causa de pedir, pode o juiz, a pedido da parte, ou até mesmo de
ofício, determinar a retificação da inicial, a fim de se corrigir o erro, como ocorreu no caso
em tela.

Salienta-se, apenas para esclarecer, que o que ocorreu nos autos foi a retificação do pólo ativ
da demanda e não a sua alteração, ou substituição, como pretende entender o agravante.

Conforme cita o ilustre doutrinador THEOTÔNIO NEGRÃO, em sua obra Código de


Processo Civil e Legislação Processual em vigor, "não importa modificação do pedido, ou d
causa de pedir, o acerto de meros erros materiais, identificáveis à simples leitura da inicial
(RTRFA - 3ª região, 9/119)". (34 ª ed., p. 329).

Ainda, neste sentido:

"AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE - ILEGITIMIDADE ATIVA - ALTERAÇÃO


SUBJETIVA DA LIDE APÓS A CITAÇÃO - POSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE
PREJUÍZO À DEFESA DA RÉ - INSTRUMENTALIDADE E ECONOMIA
PROCESSUAIS - IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO - INCORRÊNCIA -
POSSE CAUSAL - CONTRATO DE COMODATO - RESILIÇÃO - NÃO-DEVOLUÇÃO
DO IMÓVE - ESBULHO CARACTERIZADO. - Por se tratar de questão de ordem pública
não há óbices a que o juiz reconheça, de ofício, a falta de uma da condições da ação ou que
determine diligências para a correta composição da demanda. - A possibilidade jurídica do
pedido refere-se à ausência de vedação expressa em lei para que se deduza determinada
pretensão em juízo. Inexistindo óbices à formulação do pedido de reintegração de posse,
presente se encontra tal condição da ação. - Pelo que se extrai do art. 264 do CPC, a
estabilização processual após a citação não é absoluta. Inexistindo prejuízo à parte adversa e
sobretudo, com a anuência dela, admite-se a alteração subjetiva do processo, para nele
incluir-se outro autor ou réu, privilegiando-se, assim, os princípios da instrumentalidade e
economia processuais. - Comprovada a resilição do contrato de comodato que fundamentav
a posse da ré, e não devolvido o imóvel após o prazo concedido em notificação extrajudicial
reputa-se caracterizado o esbulho, pelo que se deve manter a sentença que deferiu a tutela
possessória pleiteada." (TJMG - Ap. Cível nº 1.0518.04.070634-4/001, Des. Rel. Elpídio
Donizetti, DJ 05/06/2008).

"civil. AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMENDA à INICIAL. PERFECTIBILIZADA A


CITAÇÃO. ERRO MATERIAL. Permite-se a emenda à inicial após a citação quando para
corrigir erro material em que não importe mudança no pedido ou na causa de pedir. Decisão
Monocrática negando seguimento". (TJRS - AI nº 70010386852, Des. Rel. Marcelo Cezar
Muller, DJ 29/11/2004).

Ademais, ao contrário do que alega o recorrente, a retificação do pólo ativo da demanda não
teve o condão de modificar ou interferir no desfecho da lide, razão pela qual não houve
qualquer prejuízo ao agravante, devendo ser mantida a decisão.

Verifica-se também, pela leitura da contestação apresentada pelo agravante às f. 44/101-TJ,


que os fatos narrados servem de defesa em face de ambos os autores, não havendo que se
cogitar em ofensa ao princípio do devido processo legal.

Modificar a decisão guerreada seria defender o excesso de formalismo no direito processual


em detrimento dos princípios da economia processual, aproveitamento dos atos processuais
da instrumentalidade do processo, os quais contribuem muito para que se atinja a finalidade
do Poder Judiciário.

Sobre este tema, traz-se à baila um trecho do acórdão de relatoria do e. Desembargador


Guilherme Luciano Baeta Nunes, no julgamento do Agravo de Instrumento nº
1.0672.04.131008-3/001:

"A referida emenda, ocorrida após a citação do réu, não teve e não tem o condão de introduz
qualquer modificação no pedido ou da causa de pedir, sequer terá qualquer influência na
decisão da questão de fundo, pelo que, por não acarretar qualquer prejuízo para o agravante,
deve ser mantida.

Ademais, a referida objeção é fruto do mero apego ao excesso de formalismo,


comportamento este extremamente nocivo ao processo civil moderno, que visa otimizar e
dinamizar a entrega da prestação jurisdicional." (TJMG - DJ 29/03/2006).

Logo, inexistindo qualquer prejuízo para o agravante, a decisão que retificou o pólo ativo da
ação, com a conseqüente inclusão do nome do Sr. Carlos Henrique da Silva, deve ser
mantida.

Pelo exposto, nega-se provimento ao recurso, mantendo-se a r. decisão por seus próprios e
jurídicos fundamentos.

Custas recursais pelo agravante.

Votaram de acordo com o (a) Relator (a) os Desembargador (es): SALDANHA DA


FONSECA e DOMINGOS COELHO.

SÚMULA : NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

AGRAVO Nº 1.0701.07.195078-9/001

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