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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA

CAMPUS I – CENTRO DE EDUCAÇÃO


CURSO
HISTÓRIA
CÓDIGO COMPONENTE CURRICULAR TURMAS
HIS01005 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL 01
PROFESSOR ALUNO

ANSELMO RONSARD CAVALCANTI WEVERTON SANTOS LIMA DE SOUZA

AVALIAÇÃO DA UNIDADE I

Orientações:
– O aluno terá direito de escolher apenas duas questões, entre as três, para desenvolvê-las;
– Cada questão proposta para essa avaliação tem peso de 3,5. Uma vez tendo êxito nas questões escolhidas, o
aluno poderá ter a nota máxima de 7,0. O restante para completar a nota, de peso 3,0, é referente à primeira
atividade colocada no início do nosso componente, na qual vocês já fizeram e entregaram;
– Essa avaliação juntamente com as respostas deverá ser devolvida até o dia 02/10, e até às 22h00;
– Procurem desenvolver as respostas das devidas questões da melhor maneira possível e com um bom
aprofundamento teórico dos textos apresentados durante a unidade, pois isso também será levado em favor no
somatório da nota final.

Questão 01
Por muito tempo, o comportamento e as peculiaridades do mundo antigo eram explicados
recorrendo-se para ações dos deuses, entretanto, por volta do século VII a.C., um número crescente
de filósofos gregos começou a propor que o mundo poderia ser compreendido como resultado de
processos naturais. A partir de 500 a.C. a cultura grega influenciou de tal forma a sociedade
mediterrânea que acabou por constituir um dos mais sólidos fundamentos de toda a civilização
ocidental. Pela ideia da investigação sistemática, da importância dos princípios éticos, políticos e
democráticos, e outros desenvolvimentos culturais, como a escrita e a arte, olhares mais detalhados
sobre essa cultura são necessários para a formação de uma cidadania crítica. À época destas
conquistas significativas, também se evidenciaram as chamadas Cidades-Estado, ou as pólis gregas:

"A cidade-estado era um objeto mais digno de devoção do que os deuses do Olimpo,
feitos à imagem de bárbaros humanos. A personalidade humana, quando
emancipada, sofre se não encontra um objeto mais ou menos digno de sua devoção,
fora de si mesma." (Toynbee, Arnold J. HELENISMO, HISTÓRIA DE UMA
CIVILIZAÇÃO).

Com base nos estudos propostos sobre a temática, explique com argumentações próprias como se
deu a formação dessas cidades independentes durante a Grécia Clássica.
Questão 02
A educação é um modelo pelo qual algumas sociedades buscam transmitir de geração
para geração, alguns valores que são compreendidos como essenciais para a
manutenção de sua cultura. Na Grécia Antiga, a educação era altamente dependente
do gênero. No século V a.C., as maiores mentes da região estavam preocupadas com
as maneiras mais eficazes de criar os filhos. Isócrates, um retórico grego e
contemporâneo de Platão, proclamou corajosamente o que considerava a liderança da
Grécia na educação: "Até agora Atenas deixou o resto da humanidade para trás em
pensamento e expressão para que seus alunos se tornem os professores do mundo." O
ensino elogiado por Isócrates era conhecido como Paideia, termo derivado de paidos,
a palavra grega para criança.

Com base nessas referências e no seu conhecimento, explique como era a educação
dos jovens gregos nas Cidades-Estados, à exemplo de Tebas, Esparta e Atenas,
principalmente do que diz respeito a Paideia em seu tempo e espaço.
RESPOSTAS

QUESTÃO 01:
Durante a Antiguidade, a Grécia era dividida em cidades-Estados. Cada uma
delas, por sua diversidade cultural, tinha autonomia e sua própria forma de governar.
Enquanto Esparta preparava seus jovens para as guerras, mandando-os ainda criança
para o exílio, instruindo-os com táticas militares e treinamento físico; Atenas
incentivava o intelecto e obteve grande destaque no Teatro com o desenvolvimento dos
gêneros tragédia e comédia (representações da vida real como forma de entretenimento
e informação). Atenas destacou-se também na Arquitetura, com construções inovadoras
como o Parthenon, templo em homenagem à deusa Atena; e na Filosofia, com os
pensadores Sócrates, Platão e Aristóteles.
As cidades-estados no Período Clássico foi marcado pelo desenvolvimento dos
modelos políticos de Atenas e Esparta. Em Atenas se instalou a democracia aristocrata,
já Esparta implantou a oligarquia militarista. A democracia ateniense representou um
dos momentos mais emblemáticos da história de Atenas, nas quais haverá uma
participação política mais ativa dos cidadãos, e uma progressiva secularização da
sociedade. Ela foi desenvolvida por meio dos legisladores e políticos Dracon e Sólon e
consolidada por volta de 510 a.C., quando o político aristocrata Clístenes derrota o
tirano Hípias. Sua implementação foi essencial no desenvolvimento das polis gregas, a
qual foi espalhada pelas outras cidades-estados. Cada polis grega definiu sua legislação,
seu calendário, sua moeda, sua própria forma político-administrativa, sua organização
social e seus deuses protetores.
Além disso, ocorria diversas transformações e construções de novas
sensibilidades e saberes. Por isso, considera-se que no período clássico houve um
florescimento do pensamento racional e um desenvolvimento das expressões artísticas.
As cidades-estado gregas estavam intimamente relacionadas com a religiosidade e a
crença nos mitos era parte central da vida social. Acreditar em vários deuses e atribuir-
lhes funções para cada área da vida foi uma prática constante. Entretanto, no período
clássico, áreas como a filosofia, a medicina, a história, a matemática e a astronomia
passaram compor a sociedade grega. Isso não quer dizer que os gregos tenham deixado
de acreditar em seus mitos, em seus heróis ou em seus deuses, mas que a busca por
explicações racionais para a vida cotidiana passou a se fazer também presente. Essa
mudança de papel do pensamento mítico, a redução de seu poder esclarecedor resultam
de um demorado período de transição e de transformação da própria sociedade grega
que torna possível o surgimento do pensamento filosófico-científico no século VI a.C,
com Tales e Pitágoras, um dos primeiros filósofo, que começaram a pensar de forma
mais racional, afastando-se do pensamento mítico. Nesse Período Helenístico, a religião
vai perdendo sua força, e em contrapartida o comércio se eleva, e eleva a economia das
cidades-Estados.
As expressões artísticas também foram potencializadas nessas cidades durante o
Período Clássico. Foi nesta época, por exemplo, que o teatro grego se desenvolveu. O
formato em semicírculo permitia que todos os espectadores tivessem acesso às
encenações que ocorriam no palco que ficava ao centro. As primeiras apresentações não
eram propriamente encenações. Eram homenagens aos deuses que ocorriam durante
períodos de colheita, e que eram feitas a partir de cantos e danças. O teatro encenado a
partir de textos próprios foi desenvolvido justamente no período Clássico, e,
principalmente, a partir da cidade de Atenas. Entrou em cena a dramatização e a
utilização de ferramentas e utensílios de auxílio, como as máscaras, que contavam
histórias a partir de dois gêneros: a tragédia e a comédia.
Portanto, apesar das pólis serem individualistas, quando algum inimigo
estrangeiro ameaçava de certa forma as terras gregas, essas cidades gregas se reuniam
para enfrentar o adversário. Considerada berço da civilização ocidental, a Grécia
Antiga, com suas pólis, deixou um legado cultural que foi a base da cultura do mundo
moderno. A cultura grega influenciou na linguagem, na política, no sistema
educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte e na arquitetura.
QUESTÃO 02:
O conceito que originalmente exprime o ideal educativo grego é o de arete.
Originalmente formulado e explicitado nos poemas homéricos, a arete é aí entendida
como um atributo próprio da nobreza, um conjunto de qualidades físicas, espirituais e
morais tais como a bravura, a coragem, a força, a destreza, a eloquência, a capacidade
de persuasão, numa palavra, a heroicidade. O alargamento do ideal educativo de arete
surgiu nos fins da época arcaica, exprimindo-se então pela palavra kaloskagathia.
Mais que honra e glória, pretende-se então alcançar a excelência física e moral. Os
atributos que o homem deve procurar realizar são a beleza e a bondade. Diante disso,
para alcançar este ideal é proposto um programa educativo que implica dois
elementos fundamentais: a ginástica para o desenvolvimento do corpo, e a música
(aliada à leitura e ao canto) para o desenvolvimento da alma. No artigo Ética e
estética na música grega: a educação e o ideal da kalo-kagathía, produzido pelo autor
Fábio Vergara Cerqueira, da Universidade Federal de Pelotas, neste trabalho mostra a
importância da música e ginástica para os gregos. No fim da época arcaica, este
programa educativo completava-se com a gramática. Mas, se até então o objectivo
fundamental da educação era a formação do homem individual como kaloskagathos,
a partir do século V a. C., exige-se algo mais da educação. Para além de formar o
homem, a educação deve ainda formar o cidadão. A antiga educação, baseada na
ginástica, na música e na gramática deixa de ser suficiente. É então que o ideal
educativo grego aparece como Paideia, formação geral que tem por tarefa construir o
homem como homem e como cidadão.
Paideia é um termo do grego antigo, empregado para sintetizar a noção de
educação na sociedade grega clássica. Inicialmente, a palavra (derivada de paidos
(pedós) - criança) significava simplesmente "criação dos meninos", ou seja, referia-se
à educação familiar, os bons modos e princípios morais. Assim, em meio à sociedade
ateniense, "paideia" passa a se referir a um processo de educação no qual os
estudantes eram submetidos a uma programa que procurava atender a todos os
aspectos da vida do homem. Entre as matérias abordadas estavam a geografia,
história natural, gramática, matemática, retórica, filosofia, música e ginástica.
Na Antiguidade, a cidade-estado grega de Esparta era muito voltada para as
atividades militares. Desta forma, a educação recebeu forte influência da área militar.
Extremamente rigorosa, a educação espartana tinha como objetivo principal formar
soldados fortes, valentes e capazes para a guerra. Logo, as atividades físicas eram
muito valorizadas. Por volta dos sete anos de idade, os meninos espartanos eram
levados por suas mães para uma espécie de escola, onde as atividades físicas seriam
trabalhadas. Já na adolescência, entravam em contado com a utilização de armas de
guerra. Os sensos crítico e artístico não eram valorizados em Esparta, pois os jovens
estudantes tinham que aprender a aceitar ordens dos superiores e falar somente o
necessário. As meninas espartanas também tinham uma educação específica. A
educação feminina tinha como objetivo formar boas esposas e mães. Elas também
participavam de atividades desportivas e torneios. A função deste tipo de educação
para as meninas era formar mulheres saudáveis e fortes, para que pudessem,
futuramente, dar a luz a soldados saudáveis e fortes para Esparta.
A cidade-estado grega de Atenas destacou-se nas áreas de artes, teatro,
literatura e outras atividades culturais. Desta forma, a educação ateniense refletiu os
anseios e valores desta sociedade. A educação ateniense tinha como objetivo principal
à formação de indivíduos completos, ou seja, com bom preparo físico, psicológico e
cultural. Por volta dos sete anos de idade, o menino ateniense era orientado por um
pedagogo. Na escola, os jovens estudavam Música, Artes Plásticas, Filosofia,
Literatura, entre outras. As atividades físicas também faziam parte da vida escolar,
pois os atenienses consideravam de grande importância a manutenção da saúde
corporal. Já as meninas de Atenas não frequentavam escolas, pois ficavam aos
cuidados da mãe até o casamento.
Além disso, é importante enfatizar que a educação na Grécia, era umaeducação
aristocrática. havia a exclusão das classes economicamente desfavorecidas e do gênero
feminino, a educação era função da família. No final do século VI a.C., no fim do
período arcaico, surgem formas simples de academias educativas. Porém, o ensino não
se tornou obrigatório e nem democrático, favorecendo as escolas particulares. As
mulheres não tinham voz nessas cidades-estados, eram atreladas a seus maridos,
algumas recorriam a prostituição que tinha na Grécia antiga, muito bem explicado no
artigo “Mulheres em Atenas no século IV: o testemunho do contra Neera, de
Demóstenes”, dos autores Eduarda Tavares Peters e Fábio Vergara Cerqueira. Diante
disso, é perceptível como as figuras femininas tinham apenas minúsculas
representatividade e não tinham os mesmos benefícios, educação e direitos, que os
homens. Infelizmente estes fatos respigam até os dias atuais.

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